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Estratégias de internacionalização de empresas de construção nacionais

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Academic year: 2020

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Renata Daniela Costa Carvalho

Estratégias de internacionalização de

empresas de construção nacionais

Renata Daniela Costa Carvalho

setembro de 2014 UMinho | 201 4 Es tr atégias de inter nacionalização de em pr esas de cons tr ução nacionais

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setembro de 2014

Dissertação de Mestrado

Ciclo de Estudos Integrados Conducentes ao

Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Trabalho efetuado sob a orientação do

Professor Doutor José Manuel Cardoso Teixeira

Renata Daniela Costa Carvalho

Estratégias de internacionalização de

empresas de construção nacionais

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Professor Doutor José Manuel Cardoso Teixeira, por todas as sugestões e contributos bem como pela sua postura de ânimo e boa disposição constante.

Aos representantes das empresas de construção, ISP Construções e Grupo ACA, pela colaboração, interesse e disponibilidade demonstrada na partilha de informação, conhecimento e perspetivas futuras.

A toda a minha família, em especial aos meus pais e irmão pelo apoio incondicional e encorajamento que me deram ao longo de todo o meu percurso de vida. São desde sempre o meu suporte, presentes nos bons e maus momentos, e no fim de tudo vangloriam incessantemente com os meus êxitos.

Um agradecimento especial ao meu marido pela compreensão, paciência e incentivo. Agradeço tudo o que me transmite – força, energia, coragem e amor – que se revelaram suportes imprescindíveis para atingir este propósito.

Aos meus amigos de sempre e aos novos amigos, um manifesto de profundo reconhecimento, pois sem eles todo este percurso seria bem mais difícil. Um agradecimento especial à Stephanie Sousa por todo o apoio, pelas palavras de ânimo e incentivo.

A todos que, direta ou indiretamente, participaram na minha vida e acreditaram em mim o meu sincero obrigado.

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RESUMO

A construção é uma atividade económica de grande importância, quer pelos bens que produz, quer pelas suas ligações a outros setores económicos. No entanto, em Portugal, o setor perdeu a relevância que tinha, devido à conjuntura altamente desfavorável que o país vive, marcada por uma crise do mercado interno, agravada, nos últimos anos do decénio passado, com as consequências da crise financeira internacional. Perante este cenário, algumas empresas de construção nacionais optaram pela internacionalização como estratégia para angariar trabalho e, em alguns casos, para a própria sobrevivência. Mas a entrada em mercados internacionais é uma decisão complexa que deve ser adequadamente preparada e conduzida para que leve a bons resultados e com riscos de insucesso controlados, e não se compadece com decisões voluntaristas que possam ter o efeito contrário ao pretendido.

A internacionalização não é estranha a várias empresas do setor desde longa data; o que é novo é que, no passado recente, esta opção cativou novas empresas, adquiriu novas motivações, e se revestiu de novos contornos que importa analisar.

O objetivo desta dissertação é elaborar um estudo que permita uma abordagem à temática da internacionalização (modelos, estratégias e riscos). A ferramenta utilizada para obtenção de informação necessária foi a realização de entrevistas a duas empresas de construção portuguesas previamente selecionadas. Posto isto, procurou-se responder aos objetivos propostos considerando as respostas das entrevistas como informação complementar e testemunho real face ao conteúdo bibliográfico.

Como resultado foi possível: identificar os motivos que impulsionam as empresas de construção portuguesas a internacionalizar-se e quais as dificuldades sentidas neste processo; apresentar os mercados mais procurados na atualidade e as razões da sua escolha; analisar os riscos associados à internacionalização; identificar quais as principais estratégias adotadas.

Palavras-chave: Internacionalização; Setor da Construção; Mercados Internacionais; Riscos;

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ABSTRACT

Construction is an economic activity of great importance both for the goods produced, and for its connections to other economic sectors. However, in Portugal, the sector has lost its relevance due to highly unfavorable conditions, because of the crisis of the domestic market, exacerbated by the consequences of the international financial crisis in the last years of the past decade. Against this background, some national construction companies opted for internationalization as a strategy to obtain work and, in some cases, for just surviving. But the entry into international markets is a complex decision that must be properly prepared and conducted for bringing about satisfactory results under controlled risks, and is not compatible with proactive decisions that may have the opposite effect to that intended.

Internationalization is not strange to several national construction companies; what is new is that in the recent past, this option has attracted new businesses, acquired new motivations, and got new characteristics that must be analysed.

The objective of this dissertation is to develop a study on the issues of internationalization (models, strategies and risks). The tool used for obtaining information was conducting interviews to two previously selected Portuguese construction companies. The objective of this has been to try to find an answer to the proposed objectives considering the responses of the interviews as complementary information and a real testimony against the literature survey.

As a result it was possible to: identify the reasons that drive Portuguese construction companies to internationalize and the difficulties in this process; present the most popular markets today and the reasons for their selection; analyse the risks associated with internationalization; identify the main strategies adopted.

Keywords: Internationalization; Construction industry; International markets; Risks;

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ... V RESUMO ... VII ABSTRACT ... IX ÍNDICE ... XI ÍNDICE DE FIGURAS ... XV ÍNDICE DE TABELAS ... XVII ÍNDICE DE QUADROS ... XIX NOTAÇÃO E SIMBOLOGIA ... XXI

1. INTRODUÇÃO ... 1

1.1. Apresentação e relevância do tema ... 1

1.2. Objetivos e metodologia ... 2

1.3. Estrutura da dissertação ... 3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 5

2.1. O setor da construção em Portugal ... 5

2.1.1. A internacionalização ... 5

2.2. Grau de internacionalização ... 6

2.3. Evolução da internacionalização em Portugal ... 8

2.4. Localização da atividade internacional ... 11

2.4.1. Volume de negócio internacional português ... 12

2.4.2. Novos contratos em mercados internacionais ... 15

2.4.3. Perspetivas futuras ... 16

2.5. Motivações para a internacionalização ... 18

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2.6.1. Teorias económicas ... 21

2.6.1.1. Teoria do comércio internacional ... 22

2.6.1.2. Teoria da vantagem competitiva... 22

2.6.1.3. Teoria do ciclo de vida do produto ... 24

2.6.1.4. Teoria do custo de transação ... 25

2.6.1.5. Teorias das imperfeições do mercado ... 25

2.6.1.6. Teorias da internalização ... 26

2.6.1.7. Teoria do paradigma eclético de Dunning (paradigma OLI) ... 26

2.6.2. Teorias comportamentais ... 28

2.6.2.1. Teoria das redes industriais ... 28

2.6.2.2. Teoria dos estágios ... 29

2.7. Análise e gestão do risco ... 32

2.7.1. Identificação do risco... 34

2.8. Estratégias de internacionalização ... 38

2.8.1. Fatores de decisão ... 38

2.8.2. Classificação das estratégias de internacionalização ... 39

2.8.2.1. Exportação ... 43 2.8.2.2. Aquisição ... 44 2.8.2.3. Cooperação/Parcerias ... 45 2.8.2.4. Concessão ... 47 3. METODOLOGIA ... 49 3.1. Fases da metodologia ... 49 3.1.1. Revisão bibliográfica ... 50 3.1.2. Estudo de casos ... 51 3.1.3. Conclusão ... 52 3.2. Elaboração da entrevista ... 52 3.2.1. Hipóteses de investigação ... 53

3.2.2. Descrição detalhada da entrevista... 53

4. CASOS DE ESTUDO ... 55

4.1. Construções Irmãos Silva Pinheiro Lda. ... 55

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xiii

4.1.2. Processo de internacionalização da ISP Construções ... 56

4.1.2.1. Motivos para a internacionalização ... 56

4.1.2.2. Dificuldades ... 57

4.1.2.3. Mercados internacionais ... 57

4.1.2.4. Estratégias de internacionalização ... 59

4.1.2.5. Riscos associados ao processo de internacionalização ... 59

4.1.3. Perspetivas futuras ... 65

4.2. Alberto Couto Alves, S.A. ... 66

4.2.1. Breve apresentação ... 66

4.2.2. Processo de internacionalização da ACA ... 67

4.2.2.1. Motivos para a internacionalização ... 67

4.2.2.2. Dificuldades ... 68

4.2.2.3. Mercados internacionais ... 68

4.2.2.4. Estratégias de internacionalização ... 70

4.2.2.5. Riscos associados ao processo de internacionalização ... 71

4.2.3. Perspetivas futuras ... 75

5. CONCLUSÃO ... 76

5.1. Conclusão geral ... 76

5.1.1. Internacionalização: motivações e dificuldades ... 76

5.1.2. Mercados internacionais ... 77

5.1.3. Gestão do risco ... 77

5.1.4. Estratégias de internacionalização ... 78

5.1.5. Sugestões ... 78

5.2. Limitações e trabalhos futuros ... 79

6. BIBLIOGRAFIA ... 81

PRINCIPAIS SITES CONSULTADOS ... 89

ANEXO I – LISTAGEM DAS EMPRESAS SELECIONADAS ... 91

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura da dissertação... 4

Figura 2 – Evolução do volume de negócios da construção nos mercados externos (AECOPS, 2013) ... 9

Figura 3 – Distribuição do volume de negócios por escalão de pessoas ao serviço (AECOPS, 2012) ... 10

Figura 4 – Volume de negócios internacional dos países europeus, em milhões de euros (AECOPS, 2013) ... 12

Figura 5 – Distribuição geográfica do volume de negócios internacional em Portugal (AECOPS, 2013) ... 13

Figura 6 – Evolução da distribuição geográfica do volume de negócios do setor entre 2006 e 2012 (AECOPS, 2013) ... 14

Figura 7 - Evolução da distribuição geográfica dos novos contratos do setor entre 2006 e 2012 ... 15

Figura 8 – Motivações para a internacionalização (adaptação de Lorga et.al, 2001 e Hollensen, 2007) ... 20

Figura 9 – Modelo da competitividade nacional (Porter, 1990) ... 23

Figura 10 – Passos sequenciais de Johansson e Vahlne (1977) ... 30

Figura 11 – Sistema de gestão de risco (adaptado de Han, et al., 2008) ... 34

Figura 12 – Classificação das formas de acesso de acordo com o grau de envolvimento e o grau de controlo das operações (Leersnyder, 1986; Dias, 2007)... 41

Figura 13 – Evolução da decisão do modo de entrada da empresa (Chen, 2005) ... 41

Figura 14 – Classificação das estratégias de internacionalização ... 42

Figura 15 – Metodologia adotada ... 50

Figura 16 – Primeiro logotipo (de 2001 até 2013) ... 55

Figura 17 – Segundo logotipo (a partir de 2013) ... 56

Figura 18 – Riscos políticos associados a França, Córsega, Ilha da Reunião ... 61

Figura 19 – Riscos políticos associados ao Uruguai ... 61

Figura 20 – Riscos associados aos recursos da França, Córsega e Ilha da Reunião ... 62

Figura 21 – Riscos associados aos recursos do Uruguai ... 63

Figura 22 – Riscos associados à envolvente social da França, Córsega e Ilha da Reunião ... 64

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Figura 24 – Riscos políticos ... 72

Figura 25 – Riscos associados aos recursos ... 73

Figura 26 – Riscos Económicos ... 74

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Volume de negócios do setor da construção originados no exterior em 2012

(AECOPS, 2013) ... 9

Tabela 2 - Principais mercados em novos contratos (AECOPS, 2013)... 17

Tabela 3 – Classificação da dimensão das empresas (Jornal Oficial da União Europeia, 2003) ... 52

Tabela 4 – Identificação dos mercados internacionais ... 57

Tabela 5 – Importância dos fatores de seleção do país de destino ... 58

Tabela 6 – Identificação dos mercados internacionais ... 68

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Motivações da internacionalização (Teixeira e Diz, 2005) ... 19

Quadro 2 - Modos de entrada (AICEP, 2013; Teixeira & Diz , 2005) ... 40

Quadro 3 - Riscos políticos do país de destino ... 60

Quadro 4 – Riscos associados aos recursos do país de destino ... 62

Quadro 5 – Riscos Económicos ... 63

Quadro 6 – Riscos associados à envolvente social ... 64

Quadro 7 - Riscos políticos do país de destino ... 71

Quadro 8 – Riscos associados aos recursos do país de destino ... 72

Quadro 9 – Riscos Económicos ... 73

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NOTAÇÃO E SIMBOLOGIA

ACA Alberto Couto Alves

AECOPS Associação de Empresas de Construção de Obras Públicas e Serviços

AICEP Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal

ANEOP Associação Nacional de Empreiteiros e Obras Públicas

BOT Build-Operate-Transfer

EBITDA Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization

EIC European International Constractors

FECICOP Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas ISP Irmãos Silva Pinheiro

NC Novos Contratos

PALOP Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa

PIB Produto Interno Bruto

PME Pequenas e Médias Empresas

UNCTAD United Nations Conference on Trade and Devolopment

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1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo é introduzida e contextualizada a presente dissertação “Estratégias de Internacionalização de Empresas de Construção Nacionais”. Pretende-se apresentar um enquadramento ao presente estudo, os objetivos e uma breve descrição da estrutura da dissertação.

1.1. Apresentação e relevância do tema

O setor da construção tem um importante peso na economia de qualquer país, uma vez que se encontra interligado com os mais diversos setores de atividade. O mesmo acontece em Portugal. Existe um elevado número de empresas que operam neste mercado (micro, médias e grandes empresas) que contribuem em larga escala para o acumular do PIB e na criação de emprego. No entanto, este setor tem sido severamente afetado pela crise nacional e internacional, há alguns anos, afetando significativamente todos os segmentos deste mercado, seja por via das restrições de política orçamental, seja pela fraca liquidez e dimensão do mercado, designadamente face à capacidade instalada.

Embora reconhecida a importância do setor na economia nacional continua-se em terrenos negativos na construção com implicações nas diversas áreas. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), registou-se um comportamento mais favorável no setor da construção, tendo-se verificado uma variação homóloga de -10,0% em junho de 2014, uma evolução que, apesar de ainda negativa, traduz uma ligeira recuperação face à quebra de -11,2% verificada em maio de 2014. Porém, no segundo trimestre de 2014, o número de trabalhadores no setor da construção diminui para os 264,8 mil, menos 24,4 mil do que em igual período de 2013 e menos 13,9 mil do que no primeiro trimestre de 2014 (INE,2014). Com um andamento menos desfavorável no início de 2014, a recuperação do setor permanece demorada.

A globalização da indústria da Construção permitiu a abertura de barreiras internacionais possibilitando novas oportunidades às empresas de construção como alternativa aos mercados internos em crise e saturados. Assim, hoje em dia, a internacionalização tornou-se necessidade imperiosa para as empresas continuarem a trabalhar e a progredir, principalmente para as

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PME. No entanto, a entrada em novos mercados é uma decisão complexa, mas que deve ser assumida nas estratégias de internacionalização de uma empresa.

A internacionalização exige que a empresa reúna competências únicas, que a possibilitem diferenciar-se no mercado alvo. Quando estão em questão PME, com fracos recursos financeiros, esta questão ganha ainda um maior ênfase. Não existindo um modelo único de internacionalização o processo torna-se mais complexo, devendo ser estudadas todas as hipóteses.

Neste contexto, pretende-se abordar o fenómeno da internacionalização, nomeadamente as motivações, os modos de entrada adotados pelas empresas de construção portuguesas e, consequentemente os riscos associados a todo o processo de internacionalização.

1.2. Objetivos e metodologia

O objetivo desta dissertação é elaborar um estudo que permita uma abordagem à temática da internacionalização das empresas de construção.

Assim, esta dissertação tem como objetivo geral:

 Analisar as opções de internacionalização das empresas de construção portuguesas e desenvolver estratégias adequadas para o sucesso das mesmas.

E como objetivos específicos:

 Identificar os motivos que levam as empresas de construção a internacionalizar as suas atividades/serviços, bem como os riscos associados;

 Identificar os países de destino das empresas de construção e quais as razões que influenciam a escolha desses mercados;

 Verificar quais as estratégias de internacionalização (modos de entrada) adotadas pelas empresas nacionais de construção e identificar os seus riscos;

 Analisar através de dois casos de estudo as estratégias escolhidas nos processos de internacionalização de empresas nacionais.

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De forma a atingir os objetivos pretendidos, irá adotou-se uma metodologia de investigação que siga os seguintes pontos:

1. Revisão bibliográfica que permita identificar aspetos relevantes como teorias, tendências e as lacunas sobre a internacionalização das empresas de construção;

2. Análise dos mercados internacionais para as empresas de construção; 3. Identificação das motivações para a internacionalização;

4. Identificação dos riscos associados ao processo de internacionalização das empresas de construção;

5. Definir os modos de entrada para os mercados internacionais de construção através da análise bibliográfica e de casos reais portugueses;

6. Estudo de casos de duas empresas portuguesas de construção, que permita perceber e esclarecer o que pensam e como reagem as empresas perante um processo de internacionalização.

A metodologia será apresentada com maior detalhe no capítulo 3.

1.3. Estrutura da dissertação

A estrutura da presente dissertação está dividida em cinco capítulos e em diferentes secções, organizando e estruturando toda a informação de uma forma lógica e coerente (figura 1).

O primeiro capítulo corresponde à introdução onde se pretende apresentar o tema e a sua relevância, os objetivos, a metodologia de investigação a seguir e a estrutura da dissertação.

No segundo capítulo é realizado uma revisão bibliográfica para esclarecer e clarificar conhecimentos relativos à internacionalização das empresas de construção portuguesas, estando esta dividida em três subcapítulos. No primeiro subcapítulo é feita uma contextualização do setor da construção em Portugal, de forma a compreender a evolução da internacionalização no setor, as motivações que levam as empresas portuguesas a internacionalizar-se e as teorias que estão na génese de todo o processo de internacionalização. No segundo subcapítulo é feita uma introdução à análise e gestão do risco e o levantamento dos vários riscos que estão associados à internacionalização das

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empresas, tentando correlacionar com os diferentes modos de entrada. O terceiro subcapítulo tem como objetivo analisar os diferentes modos de entrada.

O terceiro capítulo é composto pela apresentação detalhada da metodologia e a elaboração da entrevista a realizar a duas empresas de construção. Por sua vez, após terem sido realizadas as entrevistas às empresas, segue-se o quarto capítulo com a análise dos respetivos casos de estudo.

Por fim, o quinto capítulo é composto pelas conclusões referentes a toda a investigação e pelas propostas de trabalhos futuros no âmbito do tema em estudo.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo será efetuada uma revisão bibliográfica que aborda diferentes temáticas necessárias para sustentarem esta investigação. Apresenta-se, inicialmente, uma análise do setor da construção em Portugal. Identifica-se a localização da atividade internacional que mais tem contribuído para a internacionalização das empresas de construção, bem como os motivos para a tomada de decisão. Posteriormente serão descritos os diferentes modelos e teorias de internacionalização e a importância da análise e gestão do risco. Por último, apresenta-se as diferentes estratégias (modos de entrada) fundamentais para o êxito de todo o processo de internacionalização.

2.1. O setor da construção em Portugal

O setor da construção civil tem um papel preponderante na economia de qualquer país, direta e indiretamente, devido à sua cadeia de interligações com os mais diversos setores de atividade. Em Portugal, é possível constatar este facto pela influência apreciável que o setor tem vindo a acumular no PIB e na criação de emprego, bem como pelo número de empresas que operam neste mercado (Lino, 2009).

Na década de 1990, o setor da construção crescia exponencialmente, devido às taxas de juro baixas, o que proporcionou o investimento, em infraestruturas e em habitação, por parte do Estado e da sociedade em geral. Isto gerou um sobredimensionamento do setor, que se tornou mais evidente com a sucessiva perda do Rendimento Nacional Disponível, a partir de 1999 (Teixeira, 2012). Inicia-se um período que o setor começa a perder relevância. Efetivamente, a partir de 2001, Portugal viveu uma conjuntura altamente desfavorável, marcada por uma acentuada crise no mercado interno. Em 2008, uma violenta crise financeira global paralisa o sistema de crédito e gera o pânico na economia; a crise internacional surge na pior altura para Portugal, precisamente quando se começavam a sentir os primeiros sinais de recuperação, depois de sete anos de estagnação (ANEOP & Deloitte, 2010).

2.1.1. A internacionalização

Uma crise económica obriga a adoção de soluções de sobrevivência, de novas ideias e abordagens, o que gera um conjunto de desafios às empresas de construção. A estagnação do

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mercado interno e o reconhecimento de que este se tornou insuficiente para a sustentabilidade das empresas portuguesas, estimula estas a internacionalizarem-se de forma a atenuar o impacte da política de austeridade na evolução da economia nacional. A solução para a crise remete para reestruturação do sistema organizacional das empresas visando a procura de novos mercados e a consolidação dos existentes (Ramos, 2012).

“A entrada nos mercados externos tem sido para as empresas portuguesas de construção uma necessidade e uma oportunidade” (AECOPS, 2013). Uma necessidade devido aos fatores intrínsecos da atual conjuntura do país e, uma oportunidade, seja pelo nível de crescimento de alguns mercados, nomeadamente os PALOP, seja pelo ciclo de investimento em infraestruturas nas economias emergentes, especialmente na América Central e do Sul.

O processo de internacionalização por si só é bastante complexo, contudo assume uma dificuldade redobrada no setor da construção, uma vez que implica deslocalização física. Neste sentido, é imprescindível adquirir conhecimento para definir e preparar a estratégia de internacionalização e implementar todo o processo com prudência, minimizando os riscos e objetivando o sucesso.

2.2. Grau de internacionalização

A classificação das empresas, relativamente ao grau de internacionalização, tem sido abordada por vários autores. A literatura sobre internacionalização apresenta vários fatores que influenciam o grau de internacionalização de uma empresa, sendo que as principais variáveis incluem a estratégia, a estrutura e a adequação tecnológica.

De acordo com Buckley, et al. (1977), Stopford, et al. (1982) e Daniels e Bracker (1989), as vendas e receitas externas das empresas são indicadores relevantes dos negócios internacionais, porém não revela qualquer fator relacionado com a empresa e que deve ser contemplado, tais como a sua estrutura, o desempenho e fatores comportamentais (Lima, 2013).

Tendo por base os fatores descritos, Sullivan (1994) nomeou as seguintes seis variáveis para identificar o grau de internacionalização da empresa:

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 Proporção de vendas externas por vendas totais;  Proporção de ativos no exterior por ativos totais;  Lucros no exterior como percentual do total de lucros;

 Número de subsidiárias no exterior como percentual do total de subsidiárias;  Experiência internacional dos gestores;

 Dispersão das operações internacionais.

Sullivan defendeu que quanto maior for os valores relativos a cada uma das variáveis, maior será o grau de internacionalização (Sullivan, 1994).

O grau de internacionalização pode ainda ser classificado pelo índice de transnacionalidade, adotado pela UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development), e corresponde à média de três outros índices, obtidos pelas seguintes divisões: vendas externas por vendas totais, ativos no exterior por ativos totais e o número de empregados no exterior por total de empregados. Para além de simples e prático, inclui três dimensões essenciais para mensurar o grau de internacionalização (mercados, colaboradores e ativos internacionais), sendo por isso vantajoso (Gonçaves, 2013).

Os autores dos estudos realizados pela ANEOP e Delloite (2010) e pela AECOPS (2013) classificam as empresas com base nos seguintes indicadores:

 Volume de negócios (VN): valor total de vendas de bens e serviços, transmissão de bens e prestação de serviços realizados pelas empresas durante um determinado período, sem inclusão do imposto (Portal das Finanças, 2012).

 Novos contratos (NC): número de contratos realizados nos mercados externos.

De acordo com Lima (2013), ainda podem ser contemplados os seguintes indicadores na classificação das empresas:

 EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization): lucro obtido por uma empresa sem juros, impostos, depreciação e amortização (Think Finance, 2008).

 Resultado liquido: lucro que a empresa possui após deduzir todos os custos (Think Finance, 2008).

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Em suma, são vários os indicadores que permitem classificar as empresas quanto ao seu grau de internacionalização, não existindo uma única abordagem.

2.3. Evolução da internacionalização em Portugal

O setor da Construção Civil nos últimos anos tem sofrido uma profunda transformação, assumindo a internacionalização uma crescente importância para as empresas. Neste sentido têm sido desenvolvidos diversos estudos que apresentam as potencialidades da internacionalização, os riscos, as estratégias e os incentivos.

Segundo o estudo “O Poder da Construção em Portugal – Impactos 2009/2010” realizado pela ANEOP e Deloitte, no universo das 50 maiores empresas do setor da construção, verifica-se que a percentagem de empresas que se internacionalizaram aumentou, no período entre 2000 e 2007, tendo-se observado uma taxa de crescimento anual de 24%. A dimensão das empresas tem uma relação direta com o peso da atividade internacional das mesmas, pois nas empresas com um volume de negócios entre 200 a 400 milhões de euros, o peso da atividade internacional é de 25%, enquanto que nas empresas com um volume de negócios superior a 400 milhões de euros, o peso dos mercados externos é de 44% (ANEOP & Deloitte, 2010). A relevância da atividade internacional no setor da construção tem vindo a crescer de forma sustentada, como concluíram neste estudo, no período de 2000 a 2003, as receitas dos mercados externos apresentaram um crescimento médio anual de cerca de 8% e, entre 2004 e 2007 esse valor atinge os 35% por ano (ANEOP & Deloitte, 2010).

Num outro estudo, realizado pela AECOPS, o autor refere que o volume de negócios das empresas de construção portuguesas no exterior quase triplicou entre 2006 e 2012 (AECOPS, 2013; Lobo, 2013). Este facto pode ser observado na figura 2, que traduz o sucesso da aposta estratégica na internacionalização.

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Figura 2 – Evolução do volume de negócios da construção nos mercados externos (AECOPS, 2013)

De acordo com a mesma fonte a atividade de construção desenvolvida no exterior, ao longo dos últimos sete anos, cresceu a uma taxa média anual de 20%, intensificando-se em 2012, com um valor histórico de 4973 milhões de euros, no que respeita ao volume de negócios do setor da construção (AECOPS,2013; Lobo,2013). Relativamente aos contratos celebrados, foram registados contratos no valor de 4346 milhões de euros que corresponderam a uma quebra de 31% comparativamente a 2011, ano marcado por um pico de novas contratações (tabela 1).

Tabela 1 – Volume de negócios do setor da construção originados no exterior em 2012 (AECOPS, 2013)

Milhões € Variação 2012/2011 Volume de negócios no exterior 4.873 20%

Novos contratos celebrados no exterior 4.346 -31%

É visível a importância da internacionalização para as empresas de construção. Esta tendência é ainda mais marcante nas empresas de maior dimensão, ou seja com mais de 250 pessoas ao serviço (AECOPS, 2012). Através da análise da figura 3, constata-se que em 2006 as empresas com mais de 250 pessoas ao serviço detinham 64% do volume de negócios obtido internacionalmente pelo setor, tendo vindo a aumentar até aos 80% em 2010. Enquanto que as empresas com um menor número de trabalhadores registam diminuições de volume de negócios internacionais.

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Figura 3 – Distribuição do volume de negócios por escalão de pessoas ao serviço (AECOPS, 2012)

Reforçando o enunciado anteriormente, o presidente do concelho de administração do grupo Mota-Engil, Eng.º António Mota, referiu que “a reduzida dimensão da maioria das empresas que compõe o setor da construção têm-se constituído como uma fragilidade na execução de grandes projetos e para fazer face aos desafios da crescente internacionalização das empresas”, salienta ainda que caso a Mota & Companhia não se tivesse fundido com a Engil, hoje seriam apenas mais uma das empresas de média dimensão do mercado nacional. Segundo o Eng.º António Mota, foi esta união que engrandeceu a empresa, facilitando o processo de implementação da sua estratégia de internacionalização, diversificação e competição (ANEOP & Deloitte, 2010).

Segundo um estudo da Comissão Europeia, as fronteiras nacionais ainda são uma barreira para as pequenas e médias empresas (PME) no que respeita à sua internacionalização. Estima--se que apenas um quinto das PME europeias exporta e apenas 3% das PME tem filiais, sucursais ou empresas comuns no estrangeiro. Os principais obstáculos na internacionalização das PME são:

 Falta de recursos e contactos que as poderiam informar sobre a existência de oportunidades de negócio adequadas, de possíveis sócios, práticas comerciais estrangeiras, disposições legislativas e regulamentares, etc.;

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 Falta de conhecimento dos programas de apoio ou confusão criada pela existência de demasiados regimes de apoio que se sobrepõem levam a que as PME fiquem desorientadas no momento de se internacionalizar;

 Constrangimentos financeiros, ou seja as PME não são muito especializadas em questões financeiras e, no caso da internacionalização, estas questões representam mais do que a gestão dos fluxos de caixa ou da garantia do acesso a mais financiamentos. A internacionalização envolve um conjunto de fatores, tais como o risco cambial, dificuldades na concessão de crédito a clientes internacionais, entre outros, e a obtenção destes fundos implica mais custos e dificuldades adicionais, uma vez que estes envolvem maiores riscos.

A internacionalização tornou-se essencial para as PME devido à reduzida dimensão do mercado nacional, agravada pela prolongada crise. Contudo, este passo ainda é bastante difícil, uma vez que estas não dispõem de recursos, informações e contactos necessários para embarcar nos mercados externos. Assim, apesar das inúmeras vantagens que a internacionalização acarreta para as PME, existem dificuldades que tornam o processo arriscado e que pode colocar em risco a sobrevivências destas empresas (Comissão Europeia, 2008).

2.4. Localização da atividade internacional

Os estudos realizados pela AECOPS acerca da atividade internacional do setor da construção baseiam-se na distribuição dos mercados internacionais através da distribuição do volume de negócios internacional e dos novos contratos realizados. O volume de negócios fornece informação do panorama geral da localização dos mercados internacionais, e os novos contratos permitem fazer uma previsão de potenciais mercados, tendo uma visão da situação atual internacional.

Assim, este subcapítulo será abordado em duas secções distintas, de forma a caracterizar os mercados internacionais das empresas de construção portuguesas segundo o volume de negócios e os novos contratos realizados.

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2.4.1. Volume de negócio internacional português

A internacionalização das empresas está no primeiro plano das atenções da Construção, pela importância que passou a ter na globalidade da atividade do setor e por ser uma via que continua a ser ponderada por muitas empresas tanto portuguesas como europeias (AECOPS, 2012).

Segundo o estudo realizado pela EIC (European International Constractors,2012), o volume de negócios das empresas de construção europeias com atividade internacional aumentou 10,9% entre 2010 e 2011, atingindo os 156,4 mil milhões de euros, sendo o valor mais alto desde 1980. Em termos globais, as estatísticas apontam para a estabilização do volume de negócios realizado nas regiões na América do Norte, África e Médio Oriente, o crescimento do mercado europeu e, ainda, uma evolução favorável no mercado da Ásia, Austrália e América Central e do Sul. Do universo em estudo, França é o país com maior atividade internacional da Europa, seguindo-se a Alemanha e a Áustria. Relativamente a Portugal, encontra-se na décima posição dos países europeus mais internacionalizados, representando 2,6% do volume de negócios internacional das empresas de construção europeias. Estes dados são visíveis na figura 4 (AECOPS, 2013).

Figura 4 – Volume de negócios internacional dos países europeus, em milhões de euros (AECOPS, 2013)

Em termos de localização dos mercados internacionais, Portugal está entre os países europeus com maior percentagem de volume de negócios obtido fora da Europa. Portugal e Alemanha são os países com maior percentagem de trabalhos executados fora do continente europeu, com 84,4% e 85,4%, respetivamente (AECOPS, 2013).

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Para as empresas portuguesas em 2012, o principal mercado externo continua a ser África, com um volume de negócios de 74%. Portugal é o segundo país europeu com maior presença no mercado da construção africana, com uma cota de 23% do total da faturação das empresas europeias nesse mercado (Lobo, 2013). A segunda maior percentagem de volume de negócios foi obtida na Europa com apenas 13%, seguindo-se a América Central e do Sul com cerca de 10%. O mercado Norte-Americano representa 2,5% do volume de negócios internacional. Relativamente aos mercados do Médio Oriente observou-se, face a 2011, uma subida considerável do volume de negócios, com maior expressão no Qatar, como se pode verificar no gráfico da figura 5 (Banco de Portugal, 2012). Portugal, quando comparado com os restantes países europeus foi considerado o país que apresenta menos diversificação de mercados externos fora da Europa (AECOPS, 2013).

Figura 5 – Distribuição geográfica do volume de negócios internacional em Portugal (AECOPS, 2013)

A prevalência das nossas empresas no continente Africano prende-se com a proximidade cultural, a língua oficial portuguesa e a qualificação empobrecida, o que permite um acesso facilitado em termos de comunicação e de oportunidades de negócio (ANEOP & Deloitte, 2010).

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Figura 6 – Evolução da distribuição geográfica do volume de negócios do setor entre 2006 e 2012 (AECOPS, 2013)

Por análise da figura 6, constata-se que desde de 2006 se assiste a um aumento do peso relativo dos mercados africanos. A partir de 2009, evidenciam-se duas tendências: acentua-se a presença de empresas portuguesas na América Central e do Sul e assiste-se à redução progressiva da atividade no mercado europeu.

O continente Africano apresenta uma evolução crescente do seu peso relativo, que sobe de 55% em 2006 para 74% em 2012. A atividade neste mercado tem aumentado significativamente ao longo dos anos, o que é traduzido pelo acréscimo do volume de negócios obtido no conjunto deste mercado, onde se destacam, Angola, Moçambique, Malawi, Argélia, Cabo Verde e Gana (FECICOP, 2010; AECOPS, 2013; Lobo, 2013).

A América Central e do Sul beneficiam de um panorama evolutivo, passando a representar 10% do volume de negócios internacional, em 2012, ou seja 476,5 milhões de euros, o que significa que este peso relativo triplicou face a 2006. No interior deste mercado destaca-se o Peru, com um volume de negócios de 265 milhões de euros (AECOPS, 2013).

Por outro lado, a evolução do volume de negócios internacional da América do Norte apresenta uma diminuição significativa, passando de 12% em 2006 para 3% em 2012 (AECOPS, 2013). O nível de desenvolvimento elevado e a existência de grandes empresas de

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construção nos países pertencentes a esta região dificulta a entrada das empresas estrangeiras (ANEOP e Deloitte, 2010).

A Europa é o continente que tem vindo a perder a sua representatividade no conjunto dos mercados internacionais para as empresas portuguesas, verificando-se uma quebra no seu volume de negócios de 30% em 2006 para 13% em 2012. Contudo, apesar da perda relativa, em termos absolutos a evolução é positiva, apresentando um aumento do volume de negócios de 4% face a 2011, ou seja passando de 642,5 para 668,2 milhões de euros, tendo sido a Polónia e a Espanha os países que mais contribuíram para este aumento (Barros, 2011; AECOPS, 2013).

2.4.2. Novos contratos em mercados internacionais

Segundo o estudo realizado pela AECOPS, os novos contratos internacionais realizados pelas empresas portuguesas de construção, em termos de distribuição geográfica, têm como principal mercado externo África. Esta região sofreu uma diminuição de novos contratos, passando de 79% em 2009 para 58% em 2012 (figura 7). Contudo, nos novos contratos continua a sentir-se uma dicotomia quanto à distribuição geográfica da atividade, permanecendo a concentração em Angola, de seguida Moçambique, Argélia e Malawi (AECOPS, 2013).

Figura 7 - Evolução da distribuição geográfica dos novos contratos do setor entre 2006 e 2012 (AECOPS, 2013)

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A América do Norte representa 2% dos novos contratos firmados nos EUA, o que significa um crescimento comparativamente com o ano de 2009 (AECOPS, 2013).

A alteração mais significativa no que respeita à atividade das empresas portuguesas de construção fora de Portugal, traduzida em termos de celebração de novos contratos, ocorre na América Central e do Sul, que tem vindo a ganhar importância desde 2010, com um aumento considerável em 2012, passando a representar 33% dos contratos celebrados internacionalmente, com maior relevo na Venezuela, no México, no Brasil e no Peru (AECOPS, 2013).

A Europa tem vindo a reduzir a sua representatividade no conjunto dos mercados internacionais, verificando-se em 2012 uma quebra de 50% face a 2011. Deste modo, o mercado europeu foi responsável pela maior quebra de novas contratações verificadas em 2012 comparativamente a 2011. Contudo, é de salientar, que no conjunto da União Europeia, a Polónia assume uma grande importância pois concentra a maior parte dos novos contratos, tomando a segunda posição Espanha (AECOPS, 2013).

Relativamente ao Médio Oriente verifica-se que desde 2006 a sua representatividade em termos de novos contratos é praticamente inexistente, contudo comparativamente com o ano de 2009 surgem novos contratos, o que é um indicador de alguns ganhos, embora represente apenas 1%. O Médio Oriente surge, ainda, como a zona geográfica de menor importância relativa na atuação das empresas portuguesas de construção, com valores muito aquém dos restantes mercados (AECOPS, 2013).

2.4.3. Perspetivas futuras

O comportamento da adjudicação dos novos contratos em 2012 evidência a importância, no futuro, de mercados como a Angola, Venezuela, México, Argélia e Peru (tabela 2).

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Tabela 2 - Principais mercados em novos contratos (AECOPS, 2013)

Países Novos Contratos

(milhões de euros) Peso no total

Angola 1664 38%

Venezuela 595 14%

México 308 7%

Argélia 303 7%

Peru 269 6%

A quebra dos novos contratos na Europa e a subida da América Central e do Sul confirmam a tendência de redireccionamento e diversificação dos mercados (AECOPS, 2013). A evolução da distribuição geográfica da atividade exercida fora de Portugal demonstra que, na internacionalização das empresas portuguesas de construção, o fator deteção de oportunidades de negócio sobrepõe-se a fatores culturais, históricos, proximidade geográfica e linguísticos, na escolha dos mercados para onde as empresas se deslocalizam (AECOPS, 2012).

Tendo por base os dados referidos nas secções anteriores, estima-se que a perda relativa dos mercados europeus venha a acentuar-se, avaliando pela diminuição da percentagem dos novos contratos celebrados e pela variação negativa dos valores contratados face a 2006, no contexto do clima recessivo instalado na Europa. Assim, perspetiva-se que o setor da construção direcione-se para outros continentes, nomeadamente para a América Central e do Sul, com maior predominância na Venezuela, México, Peru e Brasil. “O contexto de afirmação económica dos países do Sul em termos de consumo e de produção, com a emergência de novos consumidores dotados de maior poder de compra, a crescente necessidade de infraestruturas e a resposta ao desafio da sustentabilidade desencadearão futuras oportunidades ao setor.” (AECOPS, 2013; Portal das PME, 2014).

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2.5. Motivações para a internacionalização

A internacionalização das empresas não é um fenómeno recente, contudo na última década tomou uma dimensão significativa, sendo o motivo mais frequente o acesso a novos e maiores mercados, a fim de alcançar o crescimento (Masum & Fernandez, 2008).

Teixeira e Diz (2005) defendem que as empresas se internacionalizam pelos seguintes motivos:

 Acesso a recursos mais baratos ou de maior confiança;

Acesso a competências - ou seja, aquisição de conhecimentos e de know-how, que permitirá às empresas tornarem-se mais competitivas;

 Maior retorno de investimento;

 Aumento da quota de mercado – ou seja, a empresa ao internacionalizar-se poderá ser uma fonte de economias, contribuindo para o aumento dos lucros;

 Fuga à tributação, ou contingentação de importação;

 Manutenção ou reforço da rede de relações – ocorre quando as empresas fornecedoras no país de origem acompanham o seu cliente para o país de destino;

 Resposta a movimentos dos concorrentes.

Simões, em 1997, citado por Teixeira e Diz (2005) agrupa as motivações para a internacionalização das empresas (quadro 1).

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Quadro 1 – Motivações da internacionalização (Teixeira e Diz, 2005)

Motivações para a internacionalização

Endógenas

 Crescimento da empresa

 Aproveitamento da capacidade produtiva  Obtenção de economias

 Exploração de competências, tecnologia  Diversificação dos riscos

Características dos mercados

 Limitações do mercado interno

 Perceção do dinamismo do mercado externo

Relacionais  Resposta a concorrentes

 Acompanhamento dos clientes

Acesso a recursos no exterior

 Custos de produção mais baixos  Acesso a conhecimentos tecnológicos

Incentivos governamentais

 Apoios dos governos tanto no país de origem como no de destino

Root (1987) argumenta que são várias as razões que influenciam as empresas a internacionalizar-se, nomeadamente o mercado interno estagnado e, em contrapartida verificarem-se elevadas taxas de crescimento no mercado externo; a procura de maiores volumes de vendas e, consequentemente a obtenção de maiores lucros (Root, 1987).

Por sua vez, outros autores como Lorga et al. (2001), Hollensen (2011) e Czinkota et al. (2007), dividem os motivos da internacionalização em dois grupos – motivações pró-ativas e motivações reativas. As motivações pró-ativas representam os estímulos para modificar a estratégia da empresa, enquanto que as motivações reativas surgem como resposta às mudanças no ambiente através da mudança de atividade ao longo do tempo (Lorga et.al, 2001; Czinkota et al., 2007; Hollensen, 2011).

As motivações para a internacionalização, de acordo com as diferentes perspetivas, podem ser agrupadas em dois grupos que se relacionam (figura 8).

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Figura 8 – Motivações para a internacionalização (adaptação de Lorga et.al, 2001 e Hollensen, 2007)

Em suma, são diversas as propostas dos autores quanto às motivações para a internacionalização, estando estas relacionadas com fatores internos e/ou externos à empresa.

No entanto nem tudo é vantajoso quando uma empresa inicia o processo de internacionalização. Existem desvantagens como em todos os processos, nomeadamente as que resultam das diferenças políticas, económicas e culturais, de menor possibilidade de controlo, e que geram riscos para as empresas. De forma a minimizar os riscos é necessário adotar um bom modelo para, assim, adotar a melhor estratégia de internacionalização.

2.6. Modelos de internacionalização

O processo de internacionalização é conceituado por várias teorias que elucidam motivações diferentes para a realização de negócios internacionais. A escolha do modo de entrada num mercado internacional é uma das decisões mais importantes no processo de internacionalização de uma empresa, pois este condiciona o grau de controlo sobre a atividade internacional e o grau de compromisso que a empresa assume (Anderson e Gatignon, 1986; Sánchez, 2004). Motivações Pró-ativas  Estratégia de crescimento  Nova oportunidade de negócio  Benefícios fiscais  Competência técnica ou produto único Motivações Reativas  Internacionalização por “arrastamento”  Imperativos particulares do negócio

 Mercado interno estagnado  Excesso de capacidade produtiva

 Extensão das vendas

 Proximidade geográfica, cultural e/ou linguística  Redução de custos e/ou aproveitamento de economias de escala  Redução do risco  Apoios governamentais  Aproveitamento da imagem do país

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Relativamente aos modelos de internacionalização é importante referir que não existe uma única teoria que explique o processo de internacionalização das empresas, contudo verifica-se uma certa convergência relacionada com a consciencialização e gestão de recursos próprios no sentido da mais correta aplicação do investimento internacional para a maior criação de valor. A bibliografia nesta área é vasta, no entanto são apontadas limitações. Salienta-se, o facto de que grande parte destes modelos foram desenvolvidos tendo por base a internacionalização de grandes empresas e, como atualmente, as PME ganharam grande protagonismo, conclui-se que não existe um modelo teórico que explique os processos de internacionalização em curso.

Segundo Viana e Hortinha (2005) “as diversas teorias podem ser agrupadas em quatro grandes tipos de abordagem: as que assentam em estádios de internacionalização evolutivos; as que analisam a internacionalização do ponto de vista do investimento, dos custos de transação e da localização; as que abordam a internacionalização do ponto de vista das redes (…) e, por último, as que interpretam a internacionalização do ponto de vista das opções estratégicas das empresas com vista a melhorarem a competitividade e maximizarem a sua eficiência” (Viana e Hortinha, 2005).

Outros autores como Schott (2004) e Fontagné et al. (2008) agrupam as teorias, em teorias económicas e teorias comportamentais, tendo na sua base a análise da dinâmica interna das empresas e dos mercados.

2.6.1. Teorias económicas

As teorias económicas procuram explicar o processo de internacionalização através do foco nas características do mercado, do produto e das vantagens competitivas que a empresa detém. Com base na literatura serão abordadas as seguintes teorias económicas:

 Teoria do comércio internacional;  Teoria da vantagem competitiva;  Teoria do ciclo de vida do produto;  Teoria do custo de transação;  Teoria da localização;

 Teoria das imperfeições do mercado;  Teoria da internalização;

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22  Teoria do paradigma eclético de Dunning.

2.6.1.1. Teoria do comércio internacional

A teoria do comércio internacional foi desenvolvida por Eli Heckscher, em 1919, e Bertil Ohlin, em 1933.

Em 1817, David Ricardo desenvolveu uma teoria denominada de teoria das vantagens comparativas, que defendia que havia vantagem na especialização da produção de cada país em função dos seus recursos naturais ou do seu avanço tecnológico, pois assim poderia produzir mais um determinado produto e trocá-lo por produtos mais escassos no país (Appleyard e Field, 1995; Teixeira e Diz, 2005). Mais tarde, Eli Heckscher e Bertil Ohlin apresentam uma explicação diferente da teoria das vantagens comparativas aferindo a explicação da existência do comércio internacional com base nas diferenças de preços relativos dos bens dos diversos países, sendo que os diferenciais nos preços resultariam de condições de oferta e condições da procura diversas (Appleyard e Field, 1995).

Esta teoria, atendendo ao seu enquadramento histórico, é tida como um marco a partir do qual se começou a verificar uma certa proliferação de estudos relacionados com a internacionalização de empresas.

2.6.1.2. Teoria da vantagem competitiva

A teoria da vantagem competitiva foi desenvolvida por Michael Porter. Este defende que a estratégia preconizada pela organização pode determinar e impulsionar o seu sucesso competitivo. A empresa detém e fomenta um conjunto de características que lhe permite oferecer aos seus clientes mais-valias superiores às dos seus concorrentes. Por conseguinte, a competitividade de um país depende da produtividade das suas empresas, da sua capacidade de melhorar e inovar continuamente a sua estratégia ao longo do tempo (Porter, 1990). Assim, Porter propõe o modelo da competitividade nacional que permite avaliar a competitividade de um país através da análise da competitividade de todas as empresas e indústrias (figura 9) (Teixeira e Diz, 2005; Porter, 1990).

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Figura 9 – Modelo da competitividade nacional (Porter, 1990)

De acordo com o modelo de Porter são quatro os fatores que influenciam a constituição de vantagens competitivas das nações:

Fatores de produção como mão-de-obra qualificada, infraestruturas, capital, território, necessários à competição de qualquer indústria (Teixeira e Diz, 2005);  Condições de procura, ou seja é da responsabilidade das indústrias localizarem a

fonte de vantagem competitiva não nos fatores básicos mas nos de inovação, onde o país não herda, mas gera setores sofisticados, como recursos qualificados ou tecnologia científica. A natureza da procura interna de um produto ou serviço é extremamente importante, pois a exigência de clientes locais pressionam a empresa a inovar e a ser mais competitiva, podendo ser este vértice capaz de forçar as empresas a responderem a desafios internacionais (Porter, 1990; Teixeira e Diz, 2005; Moraes et al., 2008).

Industrias relacionadas e de suporte, estão relacionadas ao conceito de cadeia de valor das empresas. A presença de fornecedores internos dotados de competitividade internacional afeta o desempenho da empresa por estar inserida numa corrente de maior atividades e com elos entre empresas (Porter, 1990).

Estratégia, estrutura e rivalidade empresarial, demonstra as condições como as empresas são criadas, organizadas e geridas e a natureza da competitividade interna

Governo Acaso

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(Moraes et al., 2008). Segundo Porter “a eficiência estática é muito menos importante do que a melhoria dinâmica” (Porter, 1990).

Os quatro fatores determinantes da teoria de Porter devem ser encarados como um sistema de reforço mútuo, pois a interação entre eles cria forças motrizes capazes de direcionar as empresas para o caminho da inovação. A ação do governo e do “acaso” influenciam a evolução e a participação de cada um dos elementos do modelo.

Porter na sua teoria inclui os fatores de produção básicos, as alterações das diferenças em tecnologias, o fator qualidade e métodos de concorrência, sendo a sua grande limitação residir no facto de ser uma estratégia de internacionalização baseada nos custos.

2.6.1.3. Teoria do ciclo de vida do produto

Raymond Vernon defende a teoria do ciclo de vida do produto como uma das explicações do crescimento da internacionalização dos negócios e das formas de concorrência a nível internacional (Vernon, 1966; Melin, 1992).

O modelo descreve as relações entre o ciclo de vida do produto, o comércio internacional e o investimento (Teixeira e Diz, 2005). Para Vernon um produto passa por quatro etapas sucessivas: introdução, crescimento, amadurecimento e declínio. “Na primeira etapa pode registar-se exportações em pequena escala para outros países; durante a segunda pode produzir-se uma deslocalização parcial ou total da fabricação para países estrangeiros, sempre que o custo de transporte ou as barreiras aduaneiras sejam suficientemente elevados para justificar a descentralização da produção. Uma característica dominante da terceira etapa é a transladação da fabricação para países em vias de desenvolvimento para obter certas vantagens nos custos. Na última fase a procura cresce nos países em desenvolvimento, que é onde se fabrica maioritariamente o produto e a partir de onde se exporta para os países desenvolvidos” (Vernon, 1966; Melin, 1992; Sánchez e Camacho, 2006).

Algumas críticas têm sido apontadas a este modelo nomeadamente:

 O extraordinário desenvolvimento das comunicações torna mais fácil, mais barato e mais rápido o acesso à tecnologia, o que permite reduzir ou anular o faseamento no desenvolvimento e comercialização do produto nos diferentes países, pondo assim em

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causa as estratégias de “deslocalização” das indústrias dos países mais desenvolvidos para os menos desenvolvidos (Teixeira e Diz, 2005). No entanto, Vernon admitiu, que tendo em conta que as multinacionais têm empresas subsidiárias em países menos desenvolvidos o produto poderia ser fabricado nessas instalações em vez de nos países mais desenvolvidos (Appleyard e Field, 1995);

 Este modelo não contempla a existência bidirecional dos fluxos de investimento direto estrangeiro (Melin, 1992; Sánchez e Camacho, 2006);

 É uma estratégia de internacionalização baseada nos custos, sem contemplar a diferenciação, o que nem sempre resulta em vantagem competitiva (Melin, 1992; Teixeira e Diz, 2005).

2.6.1.4. Teoria do custo de transação

Segundo alguns autores (Buckley, 1988; Alonso, 1994 e Durán, 2001), a teoria do custo de transação surge para sustentar a opção do modo de entrada por investimento direto, em vez de exportação ou modos contratuais, ou seja de acordo com esta teoria a decisão da internacionalização passa pela aprovação da racionalidade económica nos seus diversos aspetos (produtividade, rentabilidade, lucros, riscos vs retorno) (Buckley, 1988; Sánchez e Camacho, 2006).

Esta abordagem tem como base de análise a transação e o objetivo seria minimizar os custos de transação associados a cada alternativa que se apresentasse (Sánchez e Camacho, 2006).

2.6.1.5. Teorias das imperfeições do mercado

Kindleberger (1969), Caves (1971) e Hymer (1976) defendem na teoria das imperfeições do mercado que a motivação para as empresas se internacionalizarem resulta de deterem pontos fortes no mercado interno que visam explorar e rentabilizar em mercados externos, cujas imperfeições poderão ser:

 Imperfeições nos mercados de bens (marcas, diferenciação do produto, etc.);

 Imperfeições nos mercados de fatores (capacidades exclusivas de obtenção de recursos, tecnologia, entre outros);

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 Imperfeição na concorrência devido às políticas governamentais que visam atrair o investimento.

No que respeita a limitações, é uma teoria baseada apenas na análise do investimento direto no estrangeiro, não considerando outro tipo de acordos de mercado.

2.6.1.6. Teorias da internalização

A teoria da internalização foi desenvolvida por Buckley e Casson (1976) e Rugman (1979) defendendo que os benefícios da internalização dependem da capacidade da empresa em evitar as imperfeições nos mercados externos, ou seja estas empresas detêm um conjunto de competências denominadas de “fatores específicos” que lhes garantem superioridade face à concorrência (Buckley e Casson, 1976; Rugman, 1979).

Esta teoria tem como principais características:

 Analisar outra forma de corrigir as falhas em matérias-primas, produção e distribuição para além do investimento direto no estrangeiro (Rugman, 1979);

 A empresa internalizará as operações até ao momento em que os custos de transação dessas operações sejam mais elevados dos que os que derivam da sua integração organizativa (McDougall et al., 1994);

 A empresa cresce internalizando mercados até ao ponto em que os benefícios da internalização compensem os custos (McDougall et al., 1994).

No que concerne a limitações, a teoria da internalização está limitada na aplicação a grandes empresas e ao investimento em mercados externos; a internacionalização é avaliada de forma estática sendo esquecidos aspetos como a forma de colaboração interempresariais (Dias, 2007).

2.6.1.7. Teoria do paradigma eclético de Dunning (paradigma OLI)

A teoria do paradigma eclético ou paradigma OLI é uma abordagem de Dunning (1995, 1998, 2000) que contempla diversas teorias (teoria das imperfeições do mercado, teoria da internalização, teoria do ciclo de vida do produto e a teoria do comércio internacional), uma

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vez que considera que nenhuma delas, por si só, é suficiente para analisar o processo de internacionalização.

Esta teoria foca a análise do investimento direto no estrangeiro e define que deverão ser respeitadas três condições – paradigma de O.L.I. - Ownership; Location; Internalization. De acordo com Dunning, a decisão da empresa de entrar em um mercado estrangeiro e a escolha da forma de entrada dependem de suas vantagens específicas face à concorrência, as vantagens de localização que respeitam os benefícios decorrentes da exploração da empresa no estrangeiro e as vantagens de internalização, ou seja vantagens de integrar as transações no interior das empresas (Andersen, 1993; Dunning 1995, 1998, 2000).

À luz das alterações políticas e tecnológicas dos anos 90, Dunning propôs a reconfiguração do paradigma OLI. Este inclui no conceito de vantagem de propriedade os custos e benefícios que resultam das relações e transações inter-firmas (alianças); considerou novas variáveis de localização (capacidade de acumulação de conhecimentos) alargou o conceito de vantagem de internalização com outros objetivos dinâmicos como a procura de ativos estratégicos e a procura de eficiência. Dunning concluiu existir uma relação entre o nível de desenvolvimento do país e a sua posição em termos de investimento internacional bem como uma relação biunívoca entre ambos os fatores e os fluxos de investimento estrangeiro, numa interação dinâmica (Dunning, 2000; Dias, 2007).

Esta teoria possui um valor explicativo muito forte para as empresas globais. Através da identificação das vantagens em termos de internacionalização da empresa e para uma determinada zona, é possível determinar o modo de penetração mais adequado para a empresa em questão. No entanto, este modelo é criticado por redundância no que refere à distinção que realiza entre vantagens de propriedade ou específicas da empresa e as derivadas da internalização, por autores como Buckley, 1988; Piggott y Cook, 1993 (Sánchez e Camacho, 2006). Para Anderson (1997), o recurso a diversos critérios de decisão (risco, retorno, controlo e recursos) faz com que a decisão do modo de entrada seja complexo. Para além disso Alonso (1994), afirma que “esta teoria é predominantemente estática e não explica a natureza das inter-relações nem as decisões estratégicas que as empresas se vêem obrigadas a adotar quando mudam as condições do meio envolvente” (Sánchez e Camacho, 2006). Por fim, é de salientar, que este modelo foca as empresas multinacionais, não abrangendo as PME (Dias, 2007).

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2.6.2. Teorias comportamentais

As teorias comportamentais focam a sua análise na evolução das empresas por estádios, bem como a sua reação com o exterior e com os outros agentes de mercado (Andersen, 1993). Assim, as teorias comportamentais são as seguintes:

 Teoria das Redes Industriais;  Teoria dos Estágios.

2.6.2.1. Teoria das redes industriais

A teoria das redes industriais foi desenvolvida por Johanson e Mattsson (1988), que defendem que uma empresa é dependente de recursos controlados por outras empresas e, para ter acesso a esses recursos estas estabelecem, desenvolvem e mantêm relações negociais duradouras entre empresas, de forma a proporcionar benefícios mútuos (Johanson e Mattsson, 1988, 1992; Johanson e Vahlne, 2003; Ojala, 2009).

A vantagem competitiva de uma empresa é medida pelos seus recursos e/ou pela sua capacidade de mobilizar e coordenar recursos de fornecedores, clientes e concorrentes, ou seja a posição de uma empresa na rede é que determina as suas oportunidades e constrangimentos bem como as suas estratégias (Teixeira e Diz, 2005; Dias, 2007). De acordo com Sharma (1993) a rede compreende a troca de recursos entre os seus membros. Assim sendo, as firmas vão utilizar a rede para desenvolver relações que lhes permita aceder a recursos e vender os seus produtos e serviços (Johanson e Mattsson, 1988).

As redes potenciam vantagens competitivas e atenuam os custos e os riscos. Segundo Bachmann (1999), pertencer a uma rede permite flexibilidade mútua, o uso de um conjunto de conhecimentos técnicos e económicos e a partilha de custos e riscos.

O funcionamento da rede conduz a que, perante a expansão internacional de alguns dos seus elementos, os restantes sejam atraídos para se internacionalizar. As relações em rede facultam oportunidade e motivação para a internacionalização, transformando-se em pontes para os mercados externos (Johanson e Mattsson, 1988; Johanson e Vahlne, 2003; Ojala, 2009).

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 A possibilidade de existência de conflitos de interesse;

 Não apresenta a explicação de qual o impacto no modo de entrada num determinado país quando a empresa pertence a uma rede (Ojala, 2009);

 Não contempla o conceito de “distância psicológica” (Johanson e Mattsson, 1988; Johanson e Vahlne, 2003);

 Não explica a internacionalização das empresas que não estão em redes.

2.6.2.2. Teoria dos estágios

Esta teoria surge para colmatar as lacunas das pesquisas da internacionalização, apenas nas grandes empresas e em grandes investimentos internacionais.

Segundo Melin (1992), o processo de internacionalização é visto como um processo gradual que se desenvolve em estágios. Neste seguimento, apresentam-se duas escolas de pensamento:

 Modelo Uppsala (Johanson e Wiedersheim-Paul,1975; Johansson e Vahlne, 1977);  Modelos baseados na inovação (Cavusgil, 1980).

O modelo de internacionalização Uppsala foi desenvolvido na década de 70, por Johanson e Wiedersheim-Paul e Johanson e Vahlne, que defendem a internacionalização de uma empresa como um processo gradual de aprendizagem em que a empresa investe recursos e adquire conhecimentos sobre determinado mercado externo de forma incremental (Melin, 1992; Andersen, 1993; Armario, et al., 2008).

Segundo Johanson e Wiedersheim-Paul (1975), as empresas ao internacionalizar-se seguem uma sequência de passos. Johansson e Vahlne (1977) estabelecem quatro diferentes modos de entrar no mercado internacional, onde cada etapa representa graus mais elevados de envolvimento e compromisso (figura 10).

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Figura 1 – Estrutura da dissertação
Figura 2 – Evolução do volume de negócios da construção nos mercados externos (AECOPS,  2013)
Figura 3 – Distribuição do volume de negócios por escalão de pessoas ao serviço (AECOPS,  2012)
Figura 4 – Volume de negócios internacional dos países europeus, em milhões de euros  (AECOPS, 2013)
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Referências

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