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Resumo-- Os consumidores residenciais representam uma

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Resumo-- Os consumidores residenciais representam uma significativa parcela de consumo de energia e contribuem significativamente para a formação da ponta do sistema, inferindo as concessionárias a necessidade de maiores investimentos devido esta concentração de consumo. Neste contexto, a tarifa horária branca surge como uma proposta de induzir o consumidor a mudar seus hábitos de consumo por meio de sinais tarifários diferenciados durante o dia e assim, refletir os reais custos de utilização do sistema. Deste modo, este artigo analisa possíveis cenários de utilização do chuveiro elétrico, carga com maior representatividade para os consumidores residenciais na Região Sul do Brasil, tanto no consumo total de uma residência quanto na ponta do sistema elétrico, principalmente nos períodos de inverno. A análise de cenários evidencia as possíveis dificuldades que os consumidores terão para gerir os hábitos de consumo frente a uma nova modalidade tarifária. No entanto, esta nova modalidade tarifária pode ser fundamental na gestão da demanda e eficiência do sistema elétrico no que diz respeito ao deslocamento de consumo, racionalização de energia e melhoria na qualidade e fornecimento de energia elétrica.

Palavras-chave Tarifa horária, consumidor residencial, Time-of-use, PROCEL INFO.

I. INTRODUÇÃO

Os consumidores finais representam a base de da hierarquia do sistema elétrico de potência, possuindo ainda pouca participação na sua operação e eficiência. No Brasil, esta participação é maior para os consumidores de média tensão, os quais são enquadrados em tarifas diferenciadas de acordo com as horas do dia (horário de ponta e fora ponta), e que consequentemente, imputam ao sistema de distribuição menores custos de expansão devido ao gerenciamento de consumo nestes períodos. No entanto, no mercado de baixa tensão este tipo de estrutura tarifária não é aplicado, resultando em uma ineficiência no uso da infraestrutura do sistema existente devido à concentração de consumo em determinados horários do dia.

Esta concentração de consumo infere para determinadas distribuidoras de energia a necessidade de maiores investimentos para atendimento da alta demanda de energia em determinado período do dia. Neste sentido, visando o aperfeiçoamento da estrutura tarifária brasileira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) criou a tarifa horária chamada branca [1], a qual tem o objetivo principal de

promover a utilização racional da energia elétrica por estes consumidores nos horários de maior carregamento do sistema visando responsabilizar cada consumidor pelo uso de energia no horário típico de ponta e beneficiar o sistema, quanto ao deslocamento de consumo, aumento de confiabilidade e qualidade da energia que é entregue aos consumidores. Com esta nova opção tarifária, o consumidor poderá ter um melhor controle de seu consumo e ter a possibilidade de reduzir os gastos com energia elétrica devido à variação do valor da energia durante o dia e semana, além de contribuir com o sistema com uma possível racionalização de consumo.

Esta nova modalidade tarifária influenciará principalmente na parcela mais representativa do grupo de baixa tensão: os consumidores residenciais. Estes consumidores possuem uma concentração típica de consumo de energia no horário de ponta, potencializado pelos hábitos de utilização do chuveiro elétrico nos períodos de inverno na Região Sul do Brasil. O chuveiro elétrico é um equipamento amplamente utilizado nas residências, devido ao menor custo de instalação comparado aos demais meios de aquecimento da água para o banho. Este equipamento possui grande representatividade tanto no consumo final de uma residência quanto na formação da ponta destes consumidores, podendo ser decisivo no controle de gastos com energia elétrica e indutor de medidas que acarretem a racionalização de consumo de energia.

Neste contexto, dentre as principais contribuições do trabalho estão:

 Estimar e avaliar os possíveis resultados da aplicação de uma tarifa horária de energia, considerando a análise sobre o chuveiro elétrico e dados do Centro de Informação e Eficiência Energética – PROCEL INFO.  Apresentar cenários de utilização do chuveiro elétrico por faixas de consumo, de modo a analisar custos de utilização para um cenário de Bandeira Vermelha;  Listar alternativas e incentivos necessários para que o

consumidor se adapte a nova política tarifária proposta.

II. CONTEXTUALIZAÇÃO

O mercado brasileiro de energia elétrica é composto por diferentes tipologias de carga, nas quais se pode destacar o ramo residencial, por representar 60% do grupo tarifário de baixa tensão [2] e por ter um consumo de energia típico em

FIGUEIRÓ, I.C, ABAIDE, A.R, BERNARDON, D.P, SILVEIRA, A.S, RIGODANZO, J.

Universidade Federal de Santa Maria – UFSM Avenida Roraima, 1000 Bairro Camobi, 97105-900 Santa Maria/RS

Aspectos da tarifação horária como ferramenta

de estímulo a eficiência energética no mercado

residencial brasileiro

(2)

horários de maior carregamento do sistema. Estas características devem-se muito aos hábitos de utilização dos aparelhos domésticos, rotina diária de trabalho da população e ao estímulo tarifário dado a esta classe de consumo, que ao contrário dos consumidores de Média Tensão, não possuem diferenciação tarifária durante horários de ponta ou fora ponta.

Este incentivo tarifário dado aos consumidores de média tensão teve origem no final dos anos 70, onde o foco era dado para expansão do sistema elétrico e não para a sua eficiência [3]. Grande parte destas iniciativas não comtemplaram os consumidores de baixa tensão, principalmente os residenciais, ou não foram regulamentadas pelo órgão regulador, no caso da tarifa horária aplicada em projetos pilotos nos anos 90 em algumas concessionárias. [4].

A tarifa horária é uma medida de gerenciamento pelo lado da demanda (GLD), com o objetivo principal de induzir os consumidores a deslocarem seu consumo para horários diferentes ao da ponta por meio de um sinal tarifário mais elevado neste período. As tarifas horárias normalmente são compostas por diferentes tarifas durante o dia, dependendo das características de cada concessionária. Comparada com as tarifas fixas (convencionais) as tarifas horárias disponibilizam ao consumidor a oportunidade de reduzir custos deslocando o seu consumo para horários onde as tarifas são menores [5], refletindo-se em benefícios ao sistema elétrico.

As tarifas horárias são aplicadas em alguns países sob a denominação de time-of-use (TOU). As tarifas TOU variam

de acordo com diferentes períodos do dia, visando refletir situações típicas de fornecimento e demanda de energia em intervalos fixos e que auxiliam as concessionárias quanto a eficiência deste gerenciamento [5]-[6].

No nordeste da Itália, por exemplo, as TOU foram aplicadas aos consumidores residenciais por meio de projetos pilotos na província de Trento no ano de 2010. Os resultados foram eficientes no que diz respeito ao deslocamento de consumo para outros horários do dia, porém houve um aumento de consumo de 13,53% na amostra considerada [7]. A Figura 1 mostra a curva de carga antes e depois da aplicação da TOU na Itália.

Observa-se que com a aplicação da TOU (curva tracejada em preto) houve um deslocamento de consumo, evidenciado pelo deslocamento dos picos em cinza escuros antes registrados com uma tarifa fixa. Nota-se que anteriormente havia um pico em torno das 8h e outro entre 18h e 20h. Logo os consumidores foram motivados a deslocar a sua carga durante esses horários, resultando em um pico maior de consumo à noite, por exemplo. Como consequência, muitas subestações da província apresentaram problemas devidos este aumento no pico da curva. Além disso, nos demais horários do dia, houve um aumento de consumo, representado na Figura 1 pela diferença (cinza claro) entre as duas curvas [7].

No Brasil, a busca pela eficiência foi dada no final dos anos 90, através da aplicação de uma tarifa horária em projetos pilotos de concessionárias em consumidores residenciais.

Estes projetos resultaram em benefícios aos consumidores os quais foram motivados a deslocarem o seu consumo [8]. Mesmo assim os benefícios alcançados não foram suficientes para a regulamentação deste tipo de tarifação, devido principalmente aos custos de implantação de medidores. No entanto, em 2010 este assunto começou a ser discutido em audiências públicas, só que com a denominação de tarifa horária branca.

III. NOVA MODALIDADE TARIFÁRIA HORÁRIA BRANCA

A nova modalidade tarifária foi proposta com o intuito de estimular o gerenciamento de energia pelos consumidores nos horários de maior carregamento do sistema, fazendo com que ocorra um deslocamento de energia para horários de menor utilização da rede da concessionária. Desta forma, o sistema sairá beneficiado quanto ao aumento da eficiência e os consumidores quanto a possibilidade de redução em suas faturas. Esta modalidade será opcional para todas as faixas de consumo, sendo que a tarifa convencional continuará vigente [9]. Esta tarifa ainda abrangerá consumidores comerciais, industriais e de áreas rurais, todos pertencentes ao grupo de baixa tensão, exceto para iluminação pública e subclasse de baixa renda.

Aprovada em 2011 pela Resolução nº 464 e reajustada em 2012 após audiências públicas visando um melhor enquadramento das tipologias de carga existentes [9], esta modalidade ainda espera uma definição da regulamentação dos sistemas de medição para consumidores do Grupo B, assim como um plano nacional de implantação de medidores eletrônicos, base para concretização de uma modalidade horária. A modalidade tarifária branca possui três postos tarifários de energia: posto de ponta, fora de ponta e intermediário. A Figura 2 mostra os postos tarifários da tarifa branca de uma concessionária da Região Sul do Brasil [12] em comparação com a tarifa convencional hoje aplicada, onde as cores em vermelho, amarelo e verde identificam os

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

R$/k

Wh

Horas do dia

Postos tarifários da modalidade branca

Fora Ponta - R$ 0,2729/kWh Intermediário - R$0,37639/kWh

Ponta - R$0,6521/kWh Convencional - R$ 0,3369/kWh

Fig. 1. Curva de carga considerando a aplicação de TOU e tarifa fixa de energia na Itália. Fonte: adaptado de [7]

Horas do dia

C

o

n

s

u

m

o

M

é

d

io

(

kW

h

)

Curva de carga considerando a aplicação das TOU

TOU 2º ano do Projeto - Piloto

(3)

horário de ponta, intermediário e fora ponta, respectivamente. A faixa em preto representa a tarifa convencional aplicada.

De maneira geral, os consumidores que optarem por essa modalidade terão uma tarifa mais barata, na maioria das horas do dia; outra mais cara, no horário em que o consumo de energia atinge o pico máximo, no início da noite; e a terceira, intermediária, será entre esses dois horários. Nos finais de semana e feriados, a tarifa mais barata será empregada para todas as horas do dia.

IV. AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS DE CONSUMO DE CONSUMIDORES RESIDENCIAIS

A nova modalidade tarifária branca permitirá ao consumidor, através da medição inteligente ou eletrônica, gerenciar a sua conta da energia, mudando seus hábitos de consumo e consequentemente, alterar o perfil de carga. A caracterização das cargas residenciais torna-se importante pelo fato de se ter maior conhecimento sobre os hábitos de consumo de consumidores e direcionar medidas que o auxiliem a uma maior eficiência do uso do sistema de distribuição, assim como na utilização de seus equipamentos. A Tabela 1 mostra a participação média quanto o consumo final, assim como a participação individual dos equipamentos na ponta do sistema elétrico.

TABELA I.CARACTERÍSTICAS DE UTILIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS MAIS

SIGNIFICATIVOS NO CONSUMO RESIDENCIAL BRASILEIRO.FONTE:[2]-[11].

Equipamentos

Percentual de participação no

consumo final

Percentual de composição na ponta

Chuveiro 24% 43%

Iluminação 14% 17%

Geladeira/Freezer 27% 14%

Televisor 9% 13%

Ar condicionado 20% 7%

Som 3% 2%

Ferro 3% 2%

Observa-se que o chuveiro elétrico contribui com 43% para a formação da ponta instantânea do sistema de baixa tensão, sendo que é o responsável por 24% do consumo final do consumidor residencial. Este meio de aquecimento representa

quase uma totalidade nos domicílios brasileiros, já que possui um baixo custo de instalação inicial comparado a outros sistemas de aquecimento da água para banho. A região sul do Brasil é a que possui maior representatividade do chuveiro elétrico na ponta em relação aos outros equipamentos e demais regiões. A Figura 3 mostra curva de carga média dos equipamentos para esta região. Nota-se que o chuveiro apresenta dois picos de consumo durante o dia: um pico pela manhã; caracterizado pelo banho antes da saída para a jornada de trabalho e um pico entre as 17 e 21 horas, associado a chegada dos trabalhadores em suas residências.

Com a aplicação de uma tarifa horária, esta carga poderá representar um custo maior de utilização para o consumidor já que no seu horário de maior utilização uma tarifa mais cara será aplicada. Logo, por sua grande contribuição na ponta e por representar uma parcela considerável no fatura final do consumidor, serão avaliados hábitos de utilização do chuveiro elétrico através do Sistema de Informações de Posses de Eletrodomésticos e Hábitos de Uso de Aparelhos Elétricos – SINPHA. O SINPHA fornece indicadores sobre hábitos de consumo e utilização de equipamentos oriundos de pesquisas realizadas pelo Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética – PROCEL INFO, no ano de 2005 no segmento residencial de baixa tensão [11].

A. Hábitos de utilização do chuveiro elétrico na região sul

do Brasil

Para avaliação dos hábitos de utilização do chuveiro elétrico, levaram-se em conta os seguintes indicadores: tempo médio de banho, quantidade de chuveiros por potência, frequência de uso e redução na ponta incentivada. Através destes dados, obtêm-se informações quanto a energia utilizada para cada banho, para cada faixa de consumo e uma provável mudança de comportamento do consumidor com aplicação de uma tarifa mais elevada no horário de ponta do sistema.

O tempo médio de banho é definido como a duração dos banhos nos domicílios dos clientes residenciais. Para as faixas de consumo consideradas, todas apresentaram tempo médio

Fig. 3. Curva de carga de consumidores residenciais para a região sul do Brasil. Fonte: [11].

Convencional

Fig. 2. Postos tarifários da modalidade branca em comparação a convencional. Fonte: [10]-[12].

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

R$/k

Wh

Horas do dia

Postos tarifários da modalidade branca

Fora Ponta - R$ 0,2729/kWh Intermediário - R$0,37639/kWh

(4)

inferior a 10 minutos [11]. A quantidade de chuveiros elétricos por potência é definida como a potência de chuveiros elétricos mais utilizados nos domicílios dos clientes residenciais. O valor mais representativo foi de 4,4 kW para todas as faixas de consumo[11]. A frequência de uso, definida como a utilização dos chuveiros ao longo do dia por domicílio ou o número de banhos, apresentaram as quantidades mostradas na Tabela II. Ressalta-se que foram considerados os valores mais representativos de cada faixa de consumo.

TABELA II.FREQUÊNCIA MÉDIA DE UTILIZAÇÃO DO CHUVEIRO ELÉTRICO POR

DOMICÍLIO.FONTE:[11]

Faixas de consumo (kWh)

0 - 50

51 - 100

101 - 200

201 - 300

301 - 500 >500

Quantidade de

banhos 2 4 6 6 6 8

A redução na ponta incentivada, definida como o percentual de clientes residenciais que utilizariam o chuveiro elétrico em horário de ponta, mesmo com uma tarifa mais alta nesse período [11] apresentou as quantidades mostradas na Tabela III.

TABELA III.PERCENTUAL DE CLIENTES RESIDENCIAIS QUE CONTINUARIA A

UTILIZAR O CHUVEIRO ELÉTRICO NO HORÁRIO DE PONTA MESMO QUE FOSSE

APLICADA UMA TARIFA MAIS ALTA NESTE PERÍODO.FONTE:[11]

Faixa de consumo (kWh)

0-50 51-100 101-200 201-300 301-500 >500

Sim (%) 22,91 30,11 42,17 32,29 55,56 46,16 Não (%) 77,09 69,89 57,83 67,71 44,44 53,84

Nota-se na Tabela III, que grande parte das faixas de consumo possui uma boa aceitação quanto a utilização do chuveiro em horário fora de ponta, exceto para a faixa de 301 a 500 kWh. Também se observa que quanto maior o nível de consumo, menor a predisposição em mudar o hábito de utilização do chuveiro. Esta aceitação parcial mostra que a aplicação de uma tarifa horária poderá induzir alguns consumidores a deslocar o seu consumo, efetuando o gerenciamento de seus hábitos e promovendo uma utilização mais racional do sistema elétrico, trazendo inúmeros benefícios, como aumento de confiabilidade, segurança e qualidade da energia. Com a aplicação de uma tarifa horária, os consumidores podem auferir ganhos com a economia nas faturas, assim como, as concessionárias terão uma redução na expansão de suas redes [4]. Assim, como as bandeiras tarifárias exprimem os custos de geração de energia, a tarifa horaria reproduz aos consumidores os custos de utilização do sistema em cada período do dia, podendo ser um mecanismo para racionalização de consumo de energia.

V. AVALIAÇÃO DE CENÁRIOS DE UTILIZAÇÃO DO CHUVEIRO ELÉTRICO EM FUNÇÃO DA TARIFA HORÁRIA

O impacto econômico desta nova modalidade tarifária sobre o consumidor ainda é desconhecido, já que os consumidores responderão de maneiras diferentes aos sinais preços devidos a vários fatores, inclusive econômicos.

Diante disso, para análise dos efeitos de aplicação, considerou-se a identificação dos cenários possíveis de utilização do chuveiro elétrico considerando postos tarifários da tarifa branca. Esta identificação torna-se importante, pois fornecerá ao consumidor uma maior possibilidade de planejar seus gastos com energia elétrica, além de saber em quais horários e quais hábitos lhe trazem mais benefícios.

Desta forma, foram elaborados para cada faixa de consumo, cenários de utilização do chuveiro elétrico, considerando o número de banhos, postos tarifários e a bandeira tarifária vermelha. Os cenários foram criados escalonando-se o número de banhos de cada faixa de consumo de acordo com os três postos tarifários da tarifa branca. Esta distribuição é similar aos hábitos de banho de uma família durante o dia, por exemplo, podendo alocar o horário do banho de três formas possíveis: em horário de ponta, intermediário ou fora ponta. Dessa maneira, esta família teria três cenários para escolha do banho. Esta responsabilidade de escolha do melhor horário de banho deverá aumentar à medida que é apresentado ao consumidor uma tarifa com maior custo no horário de maior utilização desta carga típica. Na Tabela IV é mostrado o número de cenários possíveis para cada faixa de consumo.

TABELA IV.CENÁRIOS POSSÍVEIS DE UTILIZAÇÃO DO CHUVEIRO ELÉTRICO

PARA CADA FAIXA DE CONSUMO (KWH).

Faixas de consumo

0 - 50

51 - 100

101 - 200

201 - 300

301 - 500 >500 Quantidade

de cenários 6 15 28 28 28 45

De modo a exemplificar a obtenção destes cenários a Tabela V traz os cenários para a faixa de 0 a 50 kWh.

TABELA V.CENÁRIOS POSSÍVEIS DE UTILIZAÇÃO DO CHUVEIRO ELÉTRICO

PARA CADA FAIXA DE CONSUMO.

Cenários -1- -2- -3- -4- -5- -6-

Ponta 2 1 1

Intermediário 2 1 1

Fora Ponta 2 1 1

Observa-se então que o número de banhos da faixa de consumo foi escalonado entre os três períodos. Por exemplo, no primeiro cenário, que é comum a muitas famílias, os dois banhos são tomadas em horário de ponta. Observa-se no último cenário, outro caso onde os moradores tomam um banho pela manhã e outro pela noite, por exemplo. Este último caso assemelha-se com a curva típica destes consumidores, mostrado anteriormente na Figura 4, com dois picos durante o dia. Para as faixas acima de 200 kWh o número de cenários torna-se maior, mostrando a variedade de cenários existentes e as prováveis dificuldades que terão caso escolham migrar para a tarifa branca.

VI. AVALIAÇÃO DE CUSTOS DE CADA CENÁRIO DE UTILIZAÇÃO DO CHUVEIRO ELÉTRICO.

(5)

fornecem a energia (kWh) gasta em cada período. A tarifa utilizada foi de uma concessionária do sul do país, mostrada na Tabela VI no período de bandeira vermelha.

TABELA VI.TARIFAS DE APLICAÇÃO BRANCA E CONVENCIONAL.FONTE:[12]

Modalidade (R$/kWh) Ponta Intermediário (R$/kWh) Fora ponta (R$/kWh)

Branca (Tb) 0,68,32 0,3860 0,3141

Convencional (TRcv) 0,3679 0,3679 0,3679

Os custos de utilização do chuveiro para cada posto são obtidos pelas seguintes equações:

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎= 𝐸𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎× 𝑇𝐵𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 (1)

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑚𝑒𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜= 𝐸𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑚𝑒𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜× 𝑇𝐵𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑚𝑒𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜 (2)

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝐹𝑜𝑟𝑎 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎= 𝐸𝐹𝑜𝑟𝑎 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎× 𝑇𝐵𝐹𝑜𝑟𝑎 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 (3)

onde Eponta, Eintermediário e EFora Ponta, representam a energia gasta

em cada posto tarifário, dado em kWh, obtido pelas Equações (4), (5) e (6).

𝐸𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎= 𝑁𝑏× 𝑇𝑏× 𝑃 (4)

𝐸𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑚𝑒𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜= 𝑁𝑏× 𝑇𝑏× 𝑃 (5)

𝐸𝐹𝑜𝑟𝑎 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎= 𝑁𝑏× 𝑇𝑏× 𝑃 (6)

onde Nb, Tb e P, representam o número de banhos no posto

considerado, o tempo de banho em minutos e a potência dos chuveiros em Watt. Para as variáveis Tb e P foram adotadas

as constantes 10 e 4,4, respectivamente, que correspondem ao tempo médio de banho e potência do chuveiro, conforme mostrado anteriormente. O número de banhos varia de acordo com a faixa de consumo.

O custo total de cada cenário, considerando a aplicação da tarifa branca, é obtido por meio da soma das Equações (4), (5) e (6). A Equação (7) mostra o cálculo do custo de utilização do chuveiro elétrico para cada cenário em análise, dado em R$.

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑇𝐵= 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎+ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑚.+ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝐹𝑜𝑟𝑎 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 (7)

Como não há uma diferenciação horária de consumo para a tarifa convencional, apenas é considerada o valor da tarifa (TRcv) multiplicada pela energia utilizada durante o dia,

obtendo o custo total com a tarifa convencional (Custocv)

conforme mostra a Equação (8).

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝐶𝑣= 𝐸𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙× 𝑇𝑅𝑐𝑣 (8)

onde ETotal, refere-se ao número total de banhos durante o dia,

multiplicado pelas variáveis Tb e P. Finalizando o cálculo,

com base nas Equações (7) e (8), é realizada a análise da relação de custo (Rc) para cada cenário de utilização do chuveiro, de acordo com a Equação (9).

𝑅𝑐 (%) = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑇𝐵

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝐶𝑉

⁄ (x 100) (9)

Esta relação mostra o quanto a tarifa branca é menor ou maior que a tarifa convencional.

VII.ANÁLISE DE RESULTADOS

A Tabela VII mostra de forma simplificada o número de cenários que obtiveram redução no custo de utilização do chuveiro elétrico ou acréscimo com base na Equação 9.

TABELA VII. CENÁRIOS POSSÍVEIS DE ACRÉSCIMO OU REDUÇÃO NO

PERCENTUAL DE CUSTO COM A APLICAÇÃO DA TARIFA BRANCA.

Faixas de consumo (kWh)

0 - 50

51 - 100

101 - 200

201 - 300

301 - 500 >500 Cenários c/

redução 2 3 4 4 4 7

Cenários c/

acréscimo 4 12 24 24 24 38

Observa-se na Tabela VII o número reduzido de cenários que podem oferecer certo benefício para o consumidor. De modo a exemplificar a Tabela VII a Figura 4 mostra a relação de custo entre as tarifas convencionais e branca para a faixa de 0 a 50 kWh. Percebe-se que, para a faixa de 0 a 50 kWh, apenas 2 cenários de utilização do chuveiro elétrico representam economia para o consumidor. Sendo eles, o cenário 2, onde têm-se 2 banhos no horário fora ponta, e o cenário 4, com 1 banho no horário fora ponta e 1 banho no horário intermediário. Estes cenários trariam benefício ao sistema, caso a mudança de banhos ocorresse do cenário 1, por exemplo, para os cenários 2 ou 4, caso contrário, apenas contribuiriam para redução em suas faturas e não para a eficiência do sistema.

Outro diagnóstico que pode ser efetuado diz sobre o efeito do deslocamento de um banho de um posto tarifário para outro posto, a fim de analisar a variação no custo total. Este

Fig. 4. Comparação entre os custos de utilização do chuveiro elétrico para as modadlidade branca e convencional para as faixa considerada.

85,69 -14,64

4,92 -4,86

45,30 35,52

-20,00 0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 1

2 3 4 5 6

CustoTB/CustoCV(%) Cenários de

utilização do chuveiro

elétrico

(6)

diagnóstico é realizado em primeira instância considerando os cenários 1, 6 e 4, nessa ordem, para a faixa de consumo de 0 a 50 kWh. A tabela 8 demonstra a redução de custo para cada cenário.

TABELA VIII–VARIAÇÃO DO CUSTO PARA ADESÃO DA TARIFA

BRANCA POR CENÁRIO.

Cenário Ponta Interm. ponta Fora Custo TB Variação

1 2 1 0%

6 1 1 0,73 -27%

4 1 1 0,51 -30,13%

Observa-se que um consumidor que mantêm dois banhos no horário de ponta possui um custo unitário. Ao deslocar um banho para o horário intermediário há uma redução de 27% para os mesmos 2 banhos no custo de utilização do chuveiro. Na Tabela 9 é mostrado o oposto, onde o consumidor parte de um cenário favorável de 2 banhos no horário fora ponta, entretanto evidenciando o impacto na fatura mensal para cada possível cenário adotado durante o mês.

TABELA IX–VARIAÇÃO DO CUSTO PARA A FATURA MENSAL

Cenário Ponta Interm. Ponta Fora mensal Fatura Variação

2 2 13,81 0%

4 1 1 14,97 8,39%

5 1 1 20,92 39,75%

Nota-se que se o consumidor mantiver um comportamento semelhante ao cenário 2 terá uma fatura mensal de R$13,81. Optando pelo cenário 5, este consumidor poderia auferir ganhos de 39,75% em sua fatura, apenas com a utilização do chuveiro elétrico. Estes ganhos poderão ser maiores caso o consumidor desconheça os aumentos considerando demais equipamentos domésticos.

VIII. CONCLUSÃO

A aplicação da tarifa horária branca torna-se uma importante ferramenta na busca pela racionalização de consumo de energia por parte dos consumidores residenciais. Esta nova modalidade tarifária pode fornecer ao consumidor uma maneira de melhor gerenciar seus hábitos de consumo, reduzindo custos com energia elétrica e trazendo benefícios ao sistema da distribuidora como a melhoria da qualidade e fornecimento de energia.

Por meio da análise da utilização do chuveiro elétrico, equipamento com grande representatividade em uma residência em termos de consumo, verificou-se que o consumidor poderá encontrar dificuldades em se adaptar a este novo modelo devido principalmente ao grande número de cenários possíveis e nem todos apresentarem custo-benefício atrativo pela modulação de consumo requerida.

Quanto a adesão, ela se dará de forma positiva por meio de campanhas de conscientização evidenciando os potenciais benefícios da aplicação. Logo, tanto a agência reguladora quanto a distribuidora terão papel fundamental na migração destes consumidores para esta nova modalidade tarifária. Por fim, espera-se que a medida que novos avanços regulatórios ocorram, tanto em aspectos tarifários como comerciais, esta

modalidade torne-se uma medida capaz de iniciar uma busca pela eficiência energética no contexto atual do setor elétrico.

AGRADECIMENTOS

Este artigo contou com o apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, para o qual deve-se o nosso agradecimento.

REFERÊNCIAS

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Disponível:http://www.procelinfo.com.br. Acesso 19 Set. 2012]. [12] ANEEL, “Resolução Homologatória Nº1296 - Homologa revisão

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Fig. 3. Curva de carga de consumidores residenciais para a região sul do  Brasil. Fonte: [11]
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