• Nenhum resultado encontrado

A interculturalidade na infância

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "A interculturalidade na infância"

Copied!
65
0
0

Texto

(1)

Universidade do Minho

Instituto de Educação

outubro de 2019

A Interculturalidade na infância

Bárbar a Catarina Rodrigues F err eir a A Interculturalidade na infância UMinho|20 19

(2)

Bárbara Catarina Rodrigues Ferreira

outubro de 2019

A Interculturalidade na infância

Universidade do Minho

Instituto de Educação

Trabalho realizado sob a orientação da

Professora Doutora Maria Teresa Jacinto

Sarmento Pereira

Relatório de Estágio

Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo

do Ensino Básico

(3)

ii

DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos. Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.

Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da Universidade do Minho. Licença concedida aos utilizadores deste trabalho

Atribuição-SemDerivações CC BY-ND

(4)

iii Agradecimentos

Acredito que na vida quando se quer, tudo se consegue. O caminho pode ser longo, feito de altos e baixos, mas acreditar é o passo fundamental para o sucesso.

Ao longo deste percurso académico tive a oportunidade de partilhar esta caminhada com aqueles que mais amo. E mesmo aqueles que não se encontram fisicamente presentes, sei que estão de alguma forma sempre a meu lado.

Agradeço à minha orientadora Professora Doutora Teresa Jacinto Sarmento Pereira pelo acompanhamento e dedicação.

À Educadora cooperante e à Professora cooperante por todas as sugestões e ensinamentos, assim como a todas as crianças, por toda a amabilidade e por me ajudarem a crescer profissionalmente. Quero agradecer aos meus grandes amores. À Mulher da minha vida, a minha melhor amiga, a minha Mãe! Obrigada por todo o amor, esforço, dedicação, carinho e apoio. Ao meu irmão, que tanto admiro, obrigada pelo amor, força e coragem que me transmite. Ao meu Pai, que mesmo não estando presente fisicamente, está comigo em todos os momentos da minha vida. Ao meu namorado por todo o amor, apoio e incentivo ao longo deste percurso. Obrigada por me fazerem acreditar. Vocês são o meu orgulho e a razão das minhas conquistas!

Um agradecimento especial ao Eduardo Rodrigues, à minha tia Isabel Rodrigues e ao meu tio José Alberto Pinheiro pela força e por estarem presentes em todos os momentos. Com vocês a meu lado tudo foi mais fácil.

Agradeço a toda a família que esteve sempre a meu lado, pelos incentivos e ajudas, aos meus avós, às minhas queridas tias e aos meus tios, aos meus primos, à minha cunhada, à Sara e aos meus sogros. Obrigada por tudo!

À minha família de quatro patas, por serem fonte de transmissão de alegria e boas energias. Obrigada a ti meu Perry, meu fiel companheiro. Obrigada a vocês, meus patudos Simba, Nala e Aika.

Às amigas que este Mestrado me contemplou, à Juliana e à Cláudia por me acompanharem e ajudarem ao longo deste percurso.

Agradeço a Deus por me amparar e estar sempre junto a mim e aos meus.

(5)

iv

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.

(6)

v

A Interculturalidade na Infância Resumo

O presente relatório, intitulado “A Interculturalidade na Infância”, elaborado no âmbito da unidade curricular da Prática de Ensino Supervisionada do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico, resulta de uma investigação que teve por base o desenvolvimento de um projeto de intervenção pedagógica com um grupo de crianças de Educação Pré-Escolar, com idades compreendidas entre os 3 e 6 anos, e outro grupo do 1º Ciclo do Ensino Básico, nomeadamente uma turma do 4º ano de escolaridade. A implementação do projeto aproxima-se da metodologia de investigação-ação, procurando que todos se assumissem como participantes no processo, e deteve como objetivo primordial a promoção da interculturalidade com crianças, diligenciando assim conhecimentos, valores e competências essenciais para a vida numa sociedade que é cada vez mais multicultural.

Nesta linha, a intervenção pedagógica compreendeu os seguintes objetivos: a) Promover a exploração e conhecimento de países do mundo; b) Promover o conhecimento e respeito por diferentes povos e culturas; c) Consolidar conhecimentos através da articulação das várias áreas do saber. No que concerne aos objetivos de investigação pedagógica, procurou-se: a) Analisar o contributo das atividades propostas na promoção da interculturalidade na infância; b) Compreender de que forma o conhecimento de diferentes países promove atitudes de compreensão e respeito pela diferença; c) Analisar e conhecer os contributos da interdisciplinaridade na abordagem da interculturalidade para as aprendizagens das crianças.

Os dados para análise foram obtidos através da observação direta e dos registos de incidentes críticos, os quais detiverem um papel fundamental ao longo das intervenções realizadas. Os resultados obtidos revelam o papel fundamental da Educação no processo de construção de conhecimento da criança, tendo a maioria dos alunos desenvolvido saberes essenciais sobre os temas abordados.

(7)

vi

Interculturality in Childhood Abstract

This report, entitled “Interculturality in Childhood”, was conducted within the Prática de Ensino Supervisionada course of the Master in Pre-School Education and 1st Cycle of Basic Education and results from an research based on the development of a pedagogical intervention project with a group of pre-school children, aged between 3 and 6 years, and another elementary pre-school group, namely a class of the 4th grade. The implementation of the project was close to the action-research methodology, seeking that everyone assumed themselves as participants in the process, and had as its first goal the promotion of interculturality with children, promoting endeavoring knowledge, values and competences essential for life in a society that it is increasingly multicultural.

In this line, pedagogical intervention comprised the following goals: a) Promote the exploration and knowledge of countries of the world; b) Promote knowledge and respect for different peoples and cultures; c) Consolidate knowledge through the articulation of different areas of learning.

Regarding the objectives of pedagogical research, the following were outlined: a) To analyze the contribution of the proposed activities in promoting interculturality in childhood; b) Understand how knowledge from different countries promotes attitudes of understanding and respect for difference; c) Analyze and to know contributions of interdisciplinarity in the approach of interculturality for children's learning.

Data analysis were obtained through direct observation and critical incident records, which play a key role throughout the interventions. Results obtained reveal the fundamental role of Education in the process of knowledge building of child, having the majority of the students developed essential knowledge about the addressed subjects.

(8)

vii Índice AGRADECIMENTOS ... III RESUMO ...V ABSTRACT ... VI INTRODUÇÃO ... 10

SURGIMENTO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA E DE INVESTIGAÇÃO ... 12

CAPÍTULO I CONTEXTO DE INTERVENÇÃO E INVESTIGAÇÃO ... 13

1.1. Educação Pré-Escolar ... 13

1.1.1. Caracterização do Contexto ... 13

1.1.2. Caracterização do Grupo ... 14

1.2. 1º Ciclo do Ensino Básico ... 14

1.2.1. Caracterização do Contexto ... 14

1.2.2. Caracterização do Grupo ... 15

CAPÍTULO II ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 17

2.1. Cultura e interculturalidade – Uma abordagem aos conceitos ... 17

2.2. A Escola como espaço de Diversidade Cultural ... 20

2.3. Educação Intercultural com crianças ... 22

2.4. A importância da Educação para a Cidadania numa sociedade plural ... 25

2.5. A Interdisciplinaridade no Processo de Aprendizagem ... 27

2.6. Informação nas OCEPE e no Programa do 1º Ciclo sobre a Educação Intercultural ... 28

CAPÍTULO III METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO ... 31

3.1 A Investigação-Ação (I-A) ... 31

3.2. Questão e Objetivos ... 33

3.3. Métodos e instrumentos de recolha de dados ... 33

CAPÍTULO IV DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA ... 35

4.1. Contexto de Educação Pré-Escolar ... 35

(9)

viii

4.1.2. Análise dos Registos de Incidentes Críticos no âmbito das atividades... 37

4.2. Contexto de 1º Ciclo do Ensino Básico ... 44

4.2.1. Surgimento e apresentação do projeto no 1º Ciclo do Ensino Básico ... 44

4.2.2. Descrição e análise das atividades ... 45

CAPÍTULO V CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 56

(10)

ix Índice de figuras

Figura 1. Leitura da história "O ratinho marinheiro", de Luísa Duclas Soares ... 38

Figura 2. Construção de um barco em 3D ... 38

Figura 3. Realização de uma dança tradicional Timorense ... 40

Figura 4. Elaboração das bandeiras do Brasil e de Portugal ... 41

Figura 5. Visualização de um vídeo sobre a cultura indiana ... 42

Figura 6. Exploração de elementos da cultura angolana ... 43

Figura 7. Visualização de imagens referentes à cultura de Ceuta ... 47

Figura 8. Trabalhos elaborados pelos alunos referentes à cultura indiana ... 48

Figura 9. Exploração e prova de frutos típicos do Brasil ... 50

Figura 10. Realização do mapa mundo em 3D ... 51

Figura 11. Desenho de uma embarcação ... 51

Figura 12. Desenho de um instrumento de navegação ... 52

Figura 13. Apresentação da música "Sou descobridor" ... 54

(11)

10 Introdução

O presente relatório de estágio surge no âmbito da Unidade Curricular Prática de Ensino Supervisionada, do plano de estudos do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico, do Instituto de Educação da Universidade do Minho. O projeto foi desenvolvido em instituições distintas, o primeiro num Jardim de Infância da rede pública e o segundo num colégio privado, numa turma do 1º Ciclo, ambas situadas no distrito de Braga. A partir da observação foi possível definir o projeto de investigação e intervenção pedagógica. Assim, o trabalho desenvolvido aproxima-se de uma metodologia de investigação-ação, que visa “uma família de metodologias de investigação que incluem acção (ou mudança) e investigação (ou compreensão) ao mesmo tempo, utilizando um processo cíclico ou em espiral, que alterna entre acção e reflexão crítica” (Coutinho et al, 2009, p.360), concretizando assim uma contínua observação, planificação, ação e reflexão.

Atendendo à existência de um mundo globalizado e cada vez mais multicultural, cabe à educação, e particularmente à escola, encontrar estratégias que possibilitem uma harmonia entre os alunos e a sociedade, independentemente da sua cultura ou grupo social. Neste sentido, surge o meu projeto de intervenção, que visa despertar o interesse das crianças/alunos pelo tema da diversidade cultural, bem como promover a interculturalidade, assegurando o conhecimento, aceitação e valorização da mesma, com vista a formar uma sociedade rica em valores como o respeito pelo Outro. Deste modo, tal como afirma Ribeiro et al (s.d., p.5):

Actualmente, a escola constitui-se como uma área de reflexão, por excelência, do pensamento educacional, em que urge a necessidade que se desvincule do seu tradicionalismo de uma “escola de massas” e se aposte em práticas educacionais interculturais e inclusivas. Aliada à criação de um currículo escolar que reflicta políticas educativas que incrementem uma perspectiva dinâmica da diversidade, é necessária a formação dos sujeitos para que estes se sintam preparados para actuar numa sociedade cada vez mais globalizada e multicultural.

As atividades realizadas tiveram em consideração o interesse das crianças/ alunos, pelo que foram proporcionadas atividades em todas as áreas do saber e áreas curriculares, promovendo assim atividades interdisciplinares no decorrer do projeto.

Deste modo, a questão de partida em que se baseia o meu projeto, é: De que forma posso promover a interculturalidade na infância? A par disto considero relevante enfatizar os objetivos de intervenção e os objetivos de investigação pedagógica. Assim, foram definidos os seguintes objetivos de intervenção pedagógica: promover a exploração e conhecimento de países do mundo; promover o conhecimento e respeito por diferentes povos e culturas; consolidar conhecimentos através da

(12)

11

articulação das várias áreas do saber. No que concerne aos objetivos de investigação, são: analisar o contributo das atividades propostas na promoção da interculturalidade na infância; compreender de que forma o conhecimento de diferentes países promove atitudes de compreensão e respeito pela diferença; analisar e conhecer os contributos da interdisciplinaridade nas aprendizagens das crianças.

Nesta linha de pensamento, este relatório de estágio destaca a importância da escola em cooperação com os educadores/ professores proporcionarem experiências enriquecedoras e inovadoras, que permitam a todas as crianças/ alunos uma aprendizagem prazerosa e rica em interações. A escola enquanto espaço de formação, deve harmonizar saberes assentes no conhecimento e respeito pelas caraterísticas de cada um. Deste modo “enquanto espaço emancipador e democrático, a escola tem de dar voz a crianças e famílias de muitos cantos do mundo.” (Sarmento, T., 2009, 51).

O presente relatório de estágio encontra-se estruturado em cinco capítulos.

No capítulo I encontra-se a caracterização do contexto de investigação e intervenção, onde se destaca a caracterização das instituições, do grupo de educação Pré-Escolar e da turma do 1º Ciclo. Os dados recolhidos resultam da observação inicial concretizada em cada contexto, assim como se apoia nos documentos disponibilizados pelas educadora e professora cooperantes. A partir desta observação foi possível atender aos interesses, potencialidades e necessidades das crianças/alunos.

No capítulo II será apresentado o enquadramento teórico que sustenta o projeto de investigação e de intervenção pedagógica.

No capítulo III, proceder-se-á à fundamentação da metodologia de investigação utilizada. Ainda neste âmbito serão apresentados os objetivos e a questão orientadora, assim como os instrumentos de recolha de dados utilizados no decorrer do projeto de investigação.

No capítulo IV, será descrito o desenvolvimento e avaliação da intervenção pedagógica, no qual é realizada uma abordagem ao surgimento do projeto, será apresentado uma amostra das atividades desenvolvidas, assim como será realizada a análise dos resultados obtidos no âmbito das atividades concretizadas.

No capítulo V serão apresentadas as considerações finais e, por fim, as referências bibliográficas.

(13)

12

Surgimento do projeto de intervenção pedagógica e de investigação

Vivemos num mundo em constante mudança, onde a escola é um lugar de encontro de culturas. Neste sentido, enquanto educadores e professores devemos aproximar as famílias da escola, permitindo às crianças uma melhor integração e sucesso educativo.

O grupo onde se realizou o estágio em Educação Pré-Escolar era constituído por crianças de diferentes nacionalidades, duas das quais ingressaram recentemente no nosso país, nomeadamente uma criança de nacionalidade brasileira e outra suíça. Constatei desde logo que, com a entrada destas crianças, o grupo demonstrou-se acolhedor e curioso em conhecer os seus países de origem, os hábitos e costumes dos mesmos. Importa atender e valorizar este interesse do grupo, tendo em consideração a necessidade de integração e valorização dos mesmos, dando a conhecer os seus países e, de igual forma, o país de origem da educadora que é Angola. De igual modo, foi possível constatar um especial interesse das crianças em conhecer a era dos descobrimentos portugueses. Assim, parti do projeto de intervenção “Os descobrimentos portugueses” para dinamizar atividades sobre as quais desenvolvi o meu projeto de investigação – a interculturalidade na infância. De acordo com as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE, 2016), um ambiente educativo com qualidade valoriza e reconhece as diferentes caraterísticas de cada criança:

independentemente da sua nacionalidade, língua materna, cultura, religião, etnia, orientação sexual de membro da família, das suas diferenças a nível cognitivo, motor ou sensorial etc., participam na vida do grupo, sendo a diversidade encarada como um meio privilegiado para enriquecer as experiências e oportunidades de aprendizagem de cada criança.” (p.11).

Assiste-se na sociedade portuguesa a uma pluralidade de culturas nas escolas. Apesar de na escola onde realizei o estágio em 1º Ciclo não existir grande diversidade cultural, este é um tema com o qual os alunos devem familiarizar-se. Neste sentido, relativamente ao estágio em 1º Ciclo, parti de uma das áreas curriculares de interesse dos alunos, nomeadamente o Estudo do Meio, concretizando um projeto de intervenção centrado no tema “A Expansão Marítima Portuguesa”, conteúdo previsto a nível do 4º ano de escolaridade. A partir deste, realizei o meu projeto de intervenção e de investigação que se prende com a promoção da interculturalidade na infância, promovendo atividades centradas na partilha e conhecimento de diversas culturas do mundo.

(14)

13 Capítulo I

Contexto de Intervenção e Investigação

No presente capítulo caraterizam-se os contextos de estágio em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo, ambas situadas no distrito e concelho de Braga. O conhecimento dos ambientes educativos através da observação participante, assim como a leitura de documentos oficiais disponibilizados pelas professoras cooperantes e nos respetivos sites oficiais, possibilitaram-me a concretização da caracterização das instituições, assim como do grupo e da turma.

1.1. Educação Pré-Escolar

1.1.1. Caracterização do Contexto

O Jardim de Infância é um estabelecimento que se enquadra no setor público, situado no distrito e concelho de Braga.

No que respeita aos aspetos geomorfológicos do espaço onde está implantado o jardim de infância, este situa-se numa área rural. A nível de esquipamento social, dispõe de uma sede de junta, um jardim de infância e um ringue.

Relativamente ao Jardim de Infância, onde incide o foco das observações, destacam-se alguns aspetos a considerar. Desde logo, a sua dimensão reduzida, que se reflete no número de crianças. Este é constituído por uma sala de atividades letivas, uma sala de atividades de animação e apoio à família (AAAF) com espaço de refeitório, cozinha equipada e área de atividades que funcionam no horário de componente não letiva, um gabinete de apoio, uma casa de banho grande para as crianças, uma casa de banho de adultos com chuveiro, duas despensas e um hall de acolhimento com roupeiro. No exterior existe um parque infantil com jardim onde as crianças podem brincar.

Na receção, as portas de acesso ao interior das instalações mantêm-se fechadas ao longo do dia, estando as funcionárias ou auxiliar encarregues de receber e encaminhar as crianças e quem as visita.

(15)

14

Durante o ano letivo de 2018/19, o plano estratégico de ação do agrupamento centra-se no projeto “Educar para o Sucesso”, que pretende continuar um trabalho de estreita colaboração com toda a comunidade educativa em parceria com a Junta de Freguesia e outros eventuais parceiros. Deste modo, procurou-se dar continuidade ao projeto à volta da temática das Artes e das Histórias e a ele se junta um elemento de análise, pesquisa e reflexão igualmente abrangente, a Diversidade.

A metodologia utilizada pela educadora assenta numa conceção construtivista do conhecimento, o que prevê a investigação e a resolução de problemas. Desta forma, parte-se de situações concretas e das conceções das crianças, o que permite que estas desenvolvam estratégias que lhes possibilitem ser autónomos e ativos na resolução de problemas. A metodologia propõe ainda uma dinâmica de trabalho cooperativo, estimulando a observação, curiosidade e a atitude dos outros perante a realidade.

1.1.2. Caracterização do Grupo

Este grupo heterogéneo é constituído por 22 crianças, das quais 13 são rapazes e 9 são raparigas, sendo a sua faixa etária entre os três e os seis anos de idade. O grupo dos mais novos (com três anos) têm uma representação de quatro crianças. Desde o início do ano letivo o grupo demonstrou uma boa adaptação ao espaço e uma boa relação com as pessoas que constituem a equipa educativa e com os seus pares.

Na turma há uma criança, de quatro anos, de nacionalidade brasileira e outra, também com quatro anos, de nacionalidade suíça. Quanto à frequência anterior na instituição, sete crianças frequentam pela primeira vez o Jardim de Infância.

De um modo geral é um grupo cooperativo, interessado e participativo, com episódios naturais de alguma falta de atenção, própria da idade.

1.2. 1º Ciclo do Ensino Básico

1.2.1. Caracterização do Contexto

O Colégio onde foi realizado o estágio é uma instituição particular de ensino, situado na cidade de Braga.

O polo do colégio, onde decorreu o estágio, está situado numa zona urbana da cidade com ótimos acessos. O colégio assume como objetivo a promoção de experiências significativas a todos os seus alunos. Com uma oferta educativa plural, disponibiliza aos seus alunos diversas atividades de

(16)

15

complemento curricular, que constituem um dos pilares do projeto educativo do colégio, nomeadamente: inglês, informática, educação física, expressão musical, dança expressiva, instrumento musical e atividades desportivas.

Durante o ano letivo de 2018/19 vigora no colégio o projeto educativo “A essência do Ser Natural(mente)”, o qual pretende desenvolver na formação dos seus alunos a importância de contribuir para um ambiente sustentável. O tema do presente ano intitula-se “O Eco de uma Natureza em apuros”, que pretende trabalhar questões ligadas à proteção da natureza e apresenta como objetivos incutir comportamentos e atitudes positivas e de responsabilidade com o meio ambiente.

Ao longo do ano letivo realizaram-se diversas atividades que permitiram aos alunos a tomada de consciência sobre este tema do projeto educativo, tão importante e presente nos dias de hoje.

1.2.2. Caracterização do Grupo

A turma é constituída por 23 alunos, 13 rapazes e 11 raparigas, com idades compreendidas entre os 9 e os 10 anos. Uma das alunas é de nacionalidade brasileira.

Os alunos são bastante autónomos, empenhados e participativos, com alguns episódios de distração próprios da idade. Demonstram-se sempre curiosos e recetivos à aquisição de novos conhecimentos. De um modo geral a turma apresenta-se muito equilibrada ao nível das aprendizagens, com níveis de avaliação bastante positivos.

Ao nível da relação entre pares destaca-se a união e cooperação. A relação entre os alunos e a professora mostra ser uma relação saudável e de respeito.

Questão e objetivos

O projeto de intervenção e investigação teve a seguinte questão de partida: “De que forma posso promover a vivência e respeito pela interculturalidade na infância?”. A questão surgiu aquando da observação participante em contexto de estágio, tendo em consideração o interesse e necessidades das crianças/ alunos.

De forma a responder à questão foram definidos os objetivos que nortearam o projeto, estando estes divididos por objetivos de intervenção pedagógica e objetivos de investigação.

Objetivos de intervenção pedagógica:

− Promover a exploração e conhecimento de diferentes países.

(17)

16

− Consolidar conhecimentos através da articulação das várias áreas do saber. Objetivos de investigação:

− Analisar o contributo das atividades propostas na promoção da interculturalidade na infância.

− Compreender de que forma o conhecimento de diferentes países promove atitudes de compreensão e respeito pela diferença.

(18)

17 Capítulo II

Enquadramento Teórico

No presente capítulo abordam-se os fundamentos teóricos que sustentam a minha investigação e intervenção pedagógica.

Assiste-se no mundo a uma constante mudança social, ou seja, nos movimentos, comportamentos e relações sociais, resultado de um crescente contacto entre diferentes culturas. As suas implicações e fenómenos associados, leva a que seja necessário em primeiro conhecer os conceitos de cultura e interculturalidade. Nesta linha, assistimos na escola a um ponto de encontro de diferentes culturas e nesse sentido torna-se essencial atender à escola como espaço de diversidade cultural. De igual modo surge a necessidade essencial de atender à educação intercultural com crianças, assim como à importância da cidadania no contexto escolar. Ainda neste sentido atendemos à questão da interdisciplinaridade no processo de aprendizagem.

2.1. Cultura e interculturalidade – Uma abordagem aos conceitos

O conceito de cultura é complexo pois pode remeter para diversos significados ou ser compreendido mediante diferentes perspetivas e aplicado a realidades diversas. O termo tem evoluído ao longo dos tempos e é alvo de debate desde o século XV, altura em que se fortaleceram os contatos entre povos e nações. (Oliveira e Alves, 2015).

Cuche (1999) afirma que foi a partir do século XVIII que surgiu a ideia moderna de cultura, sendo atualmente um tema em destaque e alvo de diversos debates. É através deste que se pretende dar resposta às diferenças existentes entre os povos. De acordo com o autor a primeira definição etnológica de Cultura surge em meados do século XIX pelo antropólogo Edward Tylor, afirmando que:

Cultura e civilização, tomadas em seu sentido etnológico mais vasto, são um conjunto complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade. (Edward Tylor, 1871 cit por Cuche, 1999, p.35).

(19)

18

Uma análise a outros estudos e abordagens permitem-nos compreender a existência de múltiplas conceções de cultura, entre as quais, algumas que nos auxiliam numa melhor perceção do termo, como por exemplo, a apresentada por Pérez Gomez (2004:16, cit por Gabriel, 2007):

o conjunto de significados, expectativas e comportamentos partilhados por um determinado grupo social que facilitam e ordenam, limitam e potenciam os intercâmbios sociais, as produções simbólicas e materiais e as realizações individuais e colectivas dentro de um marco espacial e temporal determinado.

Para Tavares (2016:16) “é a cultura que nos une e que nos separa, é a cultura, enquanto ponto de encontro das relações interpessoais, que nos permite conviver e compartilhar saberes nos diferentes ambientes (entre eles, o educativo)”. Neste sentido podemos asseverar a existência de diferentes culturas, distintas umas das outras pelo tempo, espaço e meio social, podendo ser entendidas como “um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas individuais e sociais, aprendidas geracionalmente” (Cunha, 2014, p.12).

Ao longo dos últimos anos assistimos a uma crescente e significativa mudança no mundo e na sociedade em geral. A globalização tem permitido o contacto direto entre pessoas oriundas de diferentes territórios e o consequente encontro de etnias, raças, religiões, entre outros. De acordo com Ramos a cultura “implica um processo permanente de construção e reconstrução, o qual, dados os crescentes movimentos migratórios atuais e contactos interculturais, têm tornado este processo extremamente dinâmico e interativo” (2011, p.189).

Esta elucidação requer que seja compreendido o conceito de “Interculturalidade”, que surge no início da expansão da Europa. O interesse pelo tema da diversidade cultural pelos cientistas sociais tem início “a partir do processo de descolonização ocorrido na África, América Latina e Ásia” (Vasconcelos, s.d.). Surge assim um elevado número de emigrantes vindos das ex-colônias para o continente europeu, o que provoca o eminente contacto entre diferentes culturas. Para o autor o termo é “usado para indicar um conjunto de propostas de convivência democrática entre diferentes culturas, buscando a integração entre elas sem anular sua diversidade” (p.1).

Atendendo à realidade atual, constatamos um acentuado crescimento de encontro de culturas decorrente da globalização e, nesse sentido, torna-se essencial a abordagem ao tema, que intrinsecamente nos remete para o conhecimento, aceitação, valorização e respeito pela riqueza da diversidade cultural, “tornando as identidades mais abertas, plurais e híbridas” (Ramos, 2011, p.189). O conceito de interculturalidade vai além do conhecimento de culturas, uma vez que existe uma interação entre estas (Neto, 2016, pg.46). Além disso, pressupõe uma inter-relação entre os

(20)

19

diferentes grupos culturais da sociedade. Neste seguimento Farinha (2014:24) recita o conceito como uma:

ação integradora capaz de suscitar comportamentos e atitudes comprometidas com princípios orientados para o respeito ao outro, às diferenças, à diversidade cultural, que caracteriza todo o processo de ensino/aprendizagem de línguas, seja ele de línguas ou de qualquer outro conteúdo escolar. É o esforço para a promoção da interação, da integração e cooperação entre os indivíduos de diferentes mundos culturais. É o esforço para se partilhar as experiências, antigas e novas, de modo a construir novos significados. (Santos, 2004, p. 154 citado por Walesko, 2006, p.26.)

Nesta linha de pensamento é possível entender a interculturalidade como um conceito amplo, que nos remete para uma construção do conhecimento do Outro, para a convivência, aceitação e respeito. Nesta perspetiva, num mundo cada vez mais plural, importa atender à valorização deste conceito como meio de promover uma sociedade inclusiva, num processo dinâmico de comunicação e aprendizagem entre culturas (Araújo & Ramos, s.d, p.5).

A interculturalidade pressupõe deste modo “a promoção de encontros interculturais para o benefício de todos os indivíduos e para a valorização da diversidade, o que irá conduzir ao desenvolvimento de atitudes de tolerância, da capacidade de resolução de conflitos e à coesão social” (Bekemans, 2013 cit por Santos, 2015, p.27), assumindo desta forma uma harmonia nas inter-relações. Assim, devemos caminhar no sentido de potenciar o diálogo intercultural, atingindo “objetivos como o respeito pelos direitos humanos, o fortalecimento da democracia e o combate de estereótipos e preconceitos”, podendo deste modo ser “evitada a fragmentação das sociedades e auxiliando na integração e na promoção da coesão social” (Santos, 2015, p.32).

Podemos afirmar que todo o contexto que envolve o conceito de interculturalidade permite-nos um enriquecimento mútuo e compreende um mundo assente em valores essenciais como o respeito pelo Outro, livre de conflitos e estereótipos, onde se respeitam os costumes e as vivências de cada um e que “envolve uma reflexão sobre a forma de respeitar a diversidade individual, social e cultural, de conciliar o universal e o particular, o global e o local, de adaptação à complexidade estrutural de uma sociedade e à sua conflitualidade” (Ramos, 2011, p.194).

A perspetiva intercultural pressupõe uma sociedade com políticas igualitárias para todos os cidadãos, democrática e humana, que visa um mundo mais justo, onde o diálogo é primordial e capaz de promover a comunicação e uma aprendizagem mútua entre as diferentes culturas do mundo. Segundo Catherine Walsh (2001, p. 10-11), citada por Candau (2008, p.52), a interculturalidade é:

(21)

20

[...] um processo dinâmico e permanente de relação, comunicação e aprendizagem entre culturas em condições de respeito, legitimidade mútua, simetria e igualdade. Um intercâmbio que se constrói entre pessoas, conhecimentos, saberes e práticas culturalmente diferentes, buscando desenvolver um novo sentido entre elas na sua diferença. Um espaço de negociação e de tradução onde as desigualdades sociais, econômicas e políticas, e as relações e os conflitos de poder da sociedade não são mantidos ocultos e sim reconhecidos e confrontados. Uma tarefa social e política que interpela o conjunto da sociedade, que parte de práticas e ações sociais concretas e conscientes e tenta criar modos de responsabilidade e solidariedade. Uma meta a alcançar.

Desta forma, o contacto entre diferentes culturas permite que haja um conhecimento e reconhecimento recíproco das suas caraterísticas, visando atitudes e valores assentes no respeito e igualdade na sociedade.

2.2. A Escola como espaço de Diversidade Cultural

Ao longo dos últimos anos deparamo-nos com um acentuado crescimento populacional em Portugal, resultado de constantes migrações, as quais proporcionam um aumento do número de crianças de diversas nacionalidades a frequentar as escolas do país. Esta diversidade cultural permite o diálogo entre diferentes culturas e o consequente conhecimento de grupos distintos entre si, não só no que respeita à cultura, mas também às crenças e costumes de cada um.

A realidade vivida nas escolas, local que emerge como um espaço de encontro de diferentes grupos culturais, origina a que, cada vez mais, haja preocupações ao nível do currículo em desenvolver um processo educativo que procura atender a todos, independentemente da sua cultura, religião ou etnia e, também, uma crescente preocupação em formar cidadãos conscientes de si e do Outro, reconhecendo respeitando-se nas suas diferenças. Nesta linha de pensamento importa referir que a diversidade cultural sempre existiu na sociedade, no entanto:

nas escolas o que vai mudando ao longo do tempo é a necessidade da abertura das salas de aula para as diferenças entre alunos e famílias, incluindo e valorizando as mesmas no seu processo educativo, promovendo assim a identidade cultural de cada ser humano (Ramalho, 2015, p.30).

A heterogeneidade social e cultural presente nas escolas deve ser valorizada por toda a comunidade escolar, garantido a inclusão e igualdade de oportunidades, respeitando as tradições e identidade cultural de cada um. De acordo com Rodrigues (2013), “a escola deve responder, no contexto

(22)

21

do seu tempo, ao desenvolvimento dos seus destinatários que são os alunos, de acordo com o processo de educação ao longo da vida e tendo em conta a sua plena inserção na sociedade” (p.14). Assim, devem ser promovidas estratégias educativas e práticas pedagógicas que auxiliem as crianças no seu processo de inclusão e aprendizagem.

A escola deve estar preparada para atender ao desafio da existência de diferenças culturais, sendo que, tal como afirma Rodrigues (2013, p.14):

As salas de aula precisam estar abertas e dispostas a quebrar os paradigmas de superioridade ou de inferioridade de algum grupo sobre o outro. Ensinando aos alunos a respeitar essas diferenças, mas não somente para o aluno ser tolerante com outra cultura, ele precisa entender que todos têm os mesmos direitos e que são iguais, cada grupo tem sua cultura, e isso não significa que a cultura de um grupo é melhor do que a de outro.

Nesta linha de pensamento, acreditamos que a diversidade de culturas existentes num determinado grupo de crianças auxiliará a troca de experiências e o crescimento de cada uma, adquirindo valores e competências no sentido de aceitar e valorizar as diferenças de cada grupo. Neste sentido, os professores devem estar predispostos a concretizar práticas que permitam proporcionar às crianças a convivência harmoniosa em sociedade.

Em suma, o contexto escolar possui o papel determinante de estabelecer boas relações e inter-relações, estabelecendo a integração das comunidades imigrantes. Deste modo, de acordo com Macedo (2019:33):

À escola cabe, assim, uma parte importante, mesmo fundamental, em todo o processo de educação. Cabe-lhe, entre outras coisas, saber respeitar a diferença. Saber acolhê-la, saber promover a auto-imagem, a auto-estima e a auto-confiança de cada um dos seus alunos. Cabe-lhe lutar contra o preconceito e a discriminação. Cabe-lhe tornar realidade as tão frequentes referências à igualdade de oportunidades dos discursos e dos documentos oficiais, sem esquecer que essa igualdade não se pode reduzir a uma igualdade no direito de acesso ao sistema educativo (Pereira, 2004, p. 92).

Neste sentido, a escola sendo um meio principal de encontro de diferentes culturas, assume um papel determinante na sociedade no sentido em que através desta é possível promover e preparar os alunos para conviver com a multiculturalidade.

(23)

22 2.3. Educação Intercultural com crianças

Num mundo em constante crescimento, a educação possuí impacto em todas as áreas da vida, tornando-se crucial formar cidadãos conhecedores de si mesmos, ativos e profissionais, com valores e competências essenciais. Neste sentido a escola possui o meio elementar para a aprendizagem, sendo a educação um direito fundamental no desenvolvimento e crescimento de cada um. O Estado, como órgão soberano, representa segundo Cury (2007), o poder maior, e é através deste que a igualdade de condições e acessos deve ser garantida. O autor destaca a necessidade de o Estado intervir nos casos de desigualdade social, colaborando com as famílias e a sociedade e, assim, aponta a igualdade como “o pressuposto fundamental do direito à educação” (p.487).

No mundo atual deparamo-nos com um crescente encontro de culturas entre a sociedade, constatando-se que “os crescentes movimentos migratórios atuais e contactos interculturais, têm tornado este processo extremamente dinâmico e interativo.” (Ramos, 2011, p.189). Nesta linha, assistimos na escola a um encontro de múltiplas culturas, sendo atualmente um espaço de interação cultural. Os Educadores/Professores em colaboração com a escola e o contexto educativo devem promover a integração de diferentes grupos sociais, permitindo a comunicação entre todos os envolventes. Neste sentido é possível promover “a integração social, a educação, o desenvolvimento e a comunicação entre os diversos grupos e indivíduos que coabitam no mesmo espaço, assim como a comunicação e a cooperação transnacional.” (Ramos, 2011, p.189).

Vivemos numa sociedade heterogénea, onde a escola como espaço de aprendizagem deve dinamizar estratégias que facilitem a comunicação entre as crianças, de modo a não permitir que haja espaço para a criação de estereótipos e/ ou discriminação. Torna-se essencial atender ao conhecimento e à promoção de valores essenciais como o respeito e aceitação de outras culturas, assim como garantir o acesso à educação. Tal como afirma Ribeiro et al (s.d., pg.1):

a sociedade delega na escola o papel primordial da educação e que esta reflecte o desenvolvimento da sociedade que apela a uma Educação Intercultural e inclusiva, para que todos os alunos, independentemente das suas necessidades e especificidades, tenham direito a uma educação efectiva e valorativa.

Neste sentido, a escola enquanto espaço de desenvolvimento e de formação deve garantir que sejam adotadas medidas que contemplem a mudança, enfatizando estratégias e práticas capazes de responder à diversidade. Assim, “enquanto espaço emancipador e democrático, a escola tem de dar voz a crianças e famílias de muitos cantos do mundo.” (Sarmento et al: 2009, 51). As crianças devem ser

(24)

23

aprendizes de competências culturais para que possam reconhecer e promover atitudes positivas perante o Outro, “quer dizer, desenvolver competências e atitudes que lhes permitam interagir e viver em sociedades, marcadamente multiculturais e os capacitem para lidar com a “diferença”.” (Borges e Silva, s.d., pg.1).

A Educação intercultural contempla um encontro e interação entre diferentes culturas, e assim esta pode ser vista “como um percurso agido em que a criação de igualdade de oportunidades supõe o conhecimento/reconhecimento de cada cultura, garantindo, através de uma interação crescente, o seu enriquecimento mútuo.” (Cortesão e Pacheco, 1991, p.34).

A colaboração entre os agentes educativos é fundamental para que se proceda de facto à prática de um ensino voltado para a integração de novas crianças oriundas de diversos países do mundo e que, ao mesmo tempo, propicie um contexto significativo para que as crianças “de cá” as acolham e valorizem. Assim, “a superação das “fronteiras culturais” rumo a uma autêntica “interculturalidade” na educação é um desafio que exige uma visão abrangente da comunidade escolar, bem como da totalidade da conjuntura social da qual esta faz parte” (Peroza et al, 2013, p.478).

Nesta linha de pensamento é fundamental a educação intercultural no sistema educativo, o que torna possível a igualdade de oportunidades para todas as crianças. Deste modo, é necessário que a educação aposte numa prática pedagógica intercultural, de formação para a diversidade, que contemple o diálogo e o debate de ideias. O professor deve “estar sensível para observar, para ouvir e para investigar os alunos com quem se trabalha; deve investigar para agir enquanto mediador do processo de ensino-aprendizagem”. Deste modo a criança sentirá que o professor a valoriza e atende às suas experiências, “sem estabelecer desigualdades nem hierarquias” (Vieira, 1999, p.152).

A Direção Geral da Educação (DGE) entende que a educação intercultural:

pretende promover o reconhecimento e a valorização da diversidade como oportunidade e como fonte de aprendizagem para todos, no respeito pela multiculturalidade das sociedades atuais, bem como desenvolver a capacidade de comunicar e incentivar a interação social, criadora de identidades e de sentido de pertença comum à humanidade. (DGE, Educação para a Cidadania – Linhas Orientadoras, 2013, p.5)

Nesta perspetiva, a escola e os educadores/professores devem procurar adotar uma atitude construtiva face a esta realidade, desenvolvendo para e com as crianças práticas que permitam aprendizagens motivantes e significativas acerca do conhecimento do mundo, assim como “o desenvolvimento de processos educativos, metodologias e instrumentos pedagógicos suficientemente

(25)

24

capazes de abarcar a complexidade das relações humanas estabelecidas entre indivíduos e culturas diferentes; e a reinvenção do papel e do processo de formação de educadores” (Coppete, et al, 2012, p.249).

Nesta linha de pensamento, importa proporcionar às crianças atividades que permitam o contacto com culturas, hábitos e caraterísticas de diferentes países, promovendo assim o conhecimento e respeito pelos mesmos. A Direção Geral da Educação (DGE) estabeleceu em 2012, com revisão em novembro de 2013, a Educação Intercultural como uma linha orientadora da Educação para a Cidadania, referindo que “a escola constitui um importante contexto para a aprendizagem e o exercício da cidadania e nela se refletem preocupações transversais à sociedade”. Neste sentido os educadores/professores devem procurar adotar métodos de ensino e estratégias que promovam o reconhecimento e valorização da diversidade, como a implementação de projetos educativos interculturais, os quais constituem uma oportunidade de aprendizagem pedagógica.

O professor/educador deverá estar preparado para promover contextos interculturais na sua prática pedagógica, proporcionando saberes e valores que valorizem as diferentes formas de pensar e agir das crianças e que seja “capaz de desenvolver formas alternativas de pedagogia que privilegiem a luta pela inclusão” (Moreira,2001, p.12). Ao mesmo tempo o currículo deve estar preparado para que se “acolham as diferenças identitárias que marcam os indivíduos e os grupos sociais” (Moreira, 2001, p.12).

A educação possui o papel fundamental neste processo de aquisição de conhecimentos e é através desta que as nossas crianças podem adquirir as competências necessárias para conviver em harmonia e aceitação. Segundo o Relatório Mundial da UNESCO, “em sociedades multiculturais cada vez mais complexas, a educação deve auxiliar-nos a adquirir as competências interculturais que nos permitam conviver com as nossas diferenças culturais e não apesar delas” (p.15). Assim, a educação possui o papel determinante na promoção do progresso da diversidade cultural, pelo que é essencial assegurar a educação “pela e para a diversidade” (RMDU, pg.15). Neste sentido, deve ser garantido o direito à educação a todos os grupos sociais, assegurando a transmissão de valores e de conhecimentos, assim como a aquisição de competências sociais, comportamentais e interculturais.

Nesta linha de pensamento, o Relatório da Comissão Mundial sobre a Educação para o Século XXI, apresenta quatro pilares para a educação ao longo da vida, os quais são “aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser” (pg.31). Atendendo aos pilares supramencionados, torna-se crucial atender à diversidade cultural como aspeto fulcral na educação.

(26)

25

2.4. A importância da Educação para a Cidadania numa sociedade plural

Vivemos num mundo em constante mudança, constatando-se na sociedade diferenças a nível político, económico, social e cultural, o que leva a que a educação para a cidadania assuma grande relevância no sistema educativo português. As diferenças existentes fazem-nos muitas vezes confrontar com a questão da prática de Cidadania, na medida em que devemos valorizar e reconhecer a diversidade. Na sala de aula constatamos cada vez mais a existência de grupos sociais e culturais distintos, devendo assim ser garantida a igualdade de direitos e oportunidades a todas as crianças. As preocupações com as questões de cidadania levam a que os educadores/professores assumam a importância da educação de cada um como “sujeito cultural, comunicador e educador” e também “para a prática pedagógica enquanto campo de novas aprendizagens e de desenvolvimento de competências” (Barca, 2008, p.242).

A escola detém o papel de garantir o direito à educação e de transmitir conhecimentos e valores a todos os cidadãos, sendo assim capazes de proporcionar um mundo mais justo e compreensivo. De acordo com o documento Linhas Orientadoras da Educação para a Cidadania, da Direção Geral de Educação, “a cidadania traduz-se numa atitude e num comportamento, num modo de estar em sociedade que tem como referência os direitos humanos, nomeadamente os valores da igualdade, da democracia e da justiça social” (p.1). Ainda neste sentido, Oliveira (s.d., p.1459) refere-se a Cidadania como um “modo de estar e de saber viver em sociedade, o que implica o reconhecimento e a aceitação da diferença e do Outro”. Neste âmbito, torna-se fundamental refletir acerca da importância de educar para a Cidadania desde a infância, uma vez que a escola possui a tarefa de “fortalecimento do conhecer, do fazer e do conviver com civismo”, sendo que “a socialização e a personalização tornam-se condições básicas e fundamentais de uma afirmação em cidadania” (Barca, 2008, p.242).

Os educadores/professores como mediadores da ação educativa devem compreender a necessidade de caminhar no sentido de promover conhecimentos e competências que auxiliem na construção de cidadãos conhecedores dos seus direitos e deveres perante a sociedade, fomentando nas crianças valores fundamentais que envolvem a “formação de pessoas responsáveis, autónomas, solidárias, que conhecem e exercem os seus direitos e deveres em diálogo e no respeito pelos outros, com espírito democrático, pluralista, crítico e criativo”. (DGE, Linhas Orientadoras da Educação para a Cidadania, 2013, p.1). Neste sentido, compete à escola o importante papel de proporcionar momentos de partilha, de diálogo e de reflexão, que “deve possibilitar o desenvolvimento de conhecimentos e competências que permitam a adaptação a um mundo em mudança” (Oliveira, s.d., p.1457). Nesta linha de pensamento, compreendemos o papel primordial da Educação na formação de cidadãos com

(27)

26

responsabilidades pessoais e sociais, concedendo os conhecimentos necessários para saber viver em grupos sociais diversos, visando o respeito pela pluralidade de culturas e fomentando a sua consciência como membro da sociedade.

A partir das experiências educativas proporcionadas na comunidade escolar, a criança adquire competências para saber viver numa sociedade multicultural e, ainda, aprende a reconhecer e a valorizar as diferenças de cada um. Tal com afirma Vasconcelos (2007:111) “a escola fornece um horizonte mais amplo no qual a criança ou o jovem inscrevem as suas vidas. Daí a importância de uma educação da responsabilidade e do compromisso e, decorrentemente, a necessidade de compromisso social”. A educação para a cidadania pressupõe que a escola seja um espaço de respeito pela diversidade, onde se promove a interculturalidade e se valoriza a diferença.

O Referencial Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória (2017) atende à necessidade de proporcionar às crianças atividades que promovam a prática e desenvolvimento de valores como os de cidadania e participação, enunciando os seguintes aspetos:

demonstrar respeito pela diversidade humana e cultura e agir de acordo com os princípios dos direitos humanos; negociar a solução de conflitos em prol da solidariedade e da sustentabilidade ecológica; ser interventivo, tomando a iniciativa e sendo empreendedor (p.17).

Neste sentido, a escola como agente da aprendizagem assume a responsabilidade de oprimir preconceitos e estereótipos. De acordo com o documento Guião de Educação, Género e Cidadania do Pré-Escolar, “uma cidadania ativa numa sociedade cada vez mais plural implica a aceitação do valor da igualdade dos direitos e dos deveres para todos e todas, implica um compromisso genuíno com a sociedade na sua diversidade, o respeito crítico pelas culturas, crenças, religiões etc.” (2015, p.8).

A Lei Quadro da Educação Pré-Escolar (2016) estabelece como princípio geral que a educação Pré-Escolar é a “a primeira etapa da educação básica no processo da educação ao longo da vida, sendo complementar da acção educativa da família, favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário.” (p.670). Assim, a escola em colaboração com a família, constituem os principais alicerces na construção de uma sociedade rica em valores, formando e educando as crianças para viver em comunidade.

Nesta perspetiva, educadores e professores devem adotar práticas de ensino que promovam uma educação dinâmica, diálogos e experiências capazes de integrar todas as crianças/alunos no contexto em que vivemos. Desta forma, “estamos desafiados também a reconhecer e valorizar as diferenças culturais, os diversos saberes e práticas, e a afirmar sua relação com o direito à educação de

(28)

27

todos.” (Candau, 2012, p.246). Assim, a valorização da educação para cidadania não se limita à sua dimensão social, ela envolve tanto “a sociabilidade tanto como a solidariedade, a tolerância tanto com a aceitação do Outro, o pluralismo tanto como a diversidade cultural, a procura de soluções pacíficas para os problemas tanto como a mudança, o conhecimento tanto como a cultura” (Barca, 2008, p.242). 2.5. A Interdisciplinaridade no Processo de Aprendizagem

A interdisciplinaridade é uma prática pedagógica cada vez mais presente nas escolas e colocada em prática pelos educadores e professores com o objetivo de tornar as aprendizagens das crianças/alunos mais significativas. No entanto, é uma prática fortemente discutível e que envolve aspetos relacionados com a gestão de cada escola. Tal como afirma Cardoso et al (s.d.), “é necessária um maior entendimento sobre o trabalho na perspectiva interdisciplinar, para que este se realize de forma mais harmônica e facilitadora do processo educacional” (p.2).

A interdisciplinaridade, apesar de não possuir uma definição única, ela é vista como uma prática que inter-relaciona as áreas curriculares através de conceitos e competências construídos na base das aprendizagens estipuladas para cada uma das áreas, respeitando o tempo e os conhecimentos prévios do grupo/turma. De acordo com Santos (2010:8):

trabalhar a interdisciplinaridade é trabalhar nas mais diferentes áreas do conhecimento para distinguir os pontos que os unem e que os diferenciam cada disciplina e desse modo se detectar onde se poderá estabelecer as conexões possíveis e reunir novas produções do conhecimentos, pesquisas, possibilidades de trocas de experiências e interação entre as diferentes áreas do saber.

Nesta perspetiva, os educadores/professores como agentes do processo de ensino-aprendizagem, devem ser capazes de mediar os seus alunos nas suas aprendizagens, encaminhando a construção dos conhecimentos. Como afirma Cavalcante, Pinho & Andrade (2015:223),

o professor interdisciplinar, portanto, está aberto ao diálogo, busca novos desafios, é humilde diante da limitação do próprio saber, é comprometido (com as pessoas e com os projetos) e, enfim, busca a melhor forma possível para a compreensão do mundo e da vida.

Ao articular as diferentes áreas do conhecimento, os alunos podem trabalhar em grupo, adquirindo uma maior autonomia e cooperação no trabalho a ser realizado, permitindo assim a integração e partilha de saberes e o fortalecimento do trabalho em equipa, que requer um constante diálogo, “pois a interdisciplinaridade é realizada quando há um diálogo entre os conteúdos e não

(29)

28

simplesmente uma junção das disciplinas” (Cardoso et al, p.3). Assim, esta prática pode tornar as aprendizagens mais significativas e, ainda, incitar o espírito crítico e a união do grupo/turma. Neste sentido, Xavier e Soares (s.d.) afirmam que “a interdisciplinaridade tem por principal objetivo contribuir para que tenhamos um processo de ensino-aprendizagem mais unificado, permitindo o desenvolvimento do indivíduo na sua plenitude” (p.9).

A criança/aluno terá a oportunidade de realizar as suas próprias aprendizagens, realizando distintas atividades ou trabalhos de modo interdisciplinar, através de vários meios, como leituras e pesquisas. Este processo de aprendizagem tornar-se-á simples de concretizar uma vez empregue no quotidiano da sala de aula. Segundo Lopes et al (2012:19), através da interdisciplinaridade é possível um melhor entendimento das diferentes áreas do saber, uma vez que existe uma ligação entre si. Ainda o mesmo autor afirma que “a interdisciplinaridade na escola vem complementar as disciplinas, criando no conceito de conhecimento uma visão de totalidade, onde os alunos possam perceber que o mundo onde estão inseridos é composto de vários fatores, que a soma de todos forma uma complexidade” (p.10).

Nesta perspetiva, desde a infância, as crianças/alunos devem ter a oportunidade de concretizar uma formação que lhes proporcione o desenvolvimento de capacidades e competências que permitam a perceção e resolução de problemas com que se deparam no dia-a-dia (Avila et al, 2017:11).

2.6. Informação nas OCEPE e no Programa do 1º Ciclo sobre a Educação Intercultural

No que respeita à educação Escolar, as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE, 2016), que tal como o nome indica, pretende orientar a ação educativa tendo em vista o desenvolvimento das crianças nas diferentes áreas do saber, revelam, ao longo do documento, a importância de o educador desenvolver e transmitir valores e atitudes assentes numa relação de respeito e de igualdade de oportunidades a todas as crianças. A constante inter-relação entre culturas a que assistimos na escola, possibilita um processo educativo que facilita o conhecimento recíproco dos hábitos, costumes e crenças da diversidade cultural. Tal como refere o documento:

O desenvolvimento e aprendizagem da criança ocorrem num contexto de interação social, em que a criança desempenha um papel dinâmico. Desde o nascimento, as crianças são detentoras de um enorme potencial de energia, de uma curiosidade natural para compreender e dar sentido ao mundo que as rodeia, sendo competentes nas relações e interações com os outros e abertas ao que é novo e diferente (OCEPE, 2016, p.10).

(30)

29

Assim, verificamos a importância da interação social enquanto meio potencializador da descoberta, conhecimento, relacionamento e interação com o Outro, fomentando na criança um espírito de valorização de si e do próximo. Ainda segundo o documento supracitado, a Área da Formação Pessoal e Social integra dois componentes de aprendizagem assentes na relação com o Outro, nomeadamente a “Construção da identidade e da autonomia”, a qual pretende estimular as relações entre os pares, apoiando “as relações e interações no grupo, para que todas as crianças se sintam aceites e as suas diferenças consideradas como contributos para enriquecer o grupo e não como fonte de discriminação ou exclusão” e ainda “ valorizar a cultura de cada criança e da sua família” (2016, p.38). No que respeita à componente “Convivência democrática e cidadania”, esta comtempla um trabalho orientado para a aceitação e respeito pela diferença nas suas diferentes perspetivas (género, social, física, cognitiva, religiosa e étnica). Assim, de acordo com o documento, esta é uma “forma de educação intercultural em que as diferentes maneiras de ser e de saber contribuem para o enriquecimento da vida do grupo, para dar sentido à aquisição de novos saberes e à compreensão de diferentes culturas” (2016, p.44).

Neste sentido, o educador deve promover estratégias que permitam o relacionamento entre as crianças, valorizando as diferenças de cada um. O educador, ao mediar a ação das crianças na construção deste conhecimento, está a preparar indivíduos capazes de viverem em comunidade numa sociedade cada vez mais plural, conscientes dos seus direitos e deveres, no conhecimento e reconhecimento da diferença cultural.

Ainda segundo as OCEPE, a Área do Conhecimento do Mundo, nomeadamente no que respeita ao “Conhecimento do mundo social”, orienta o educador para uma abordagem que promova na criança a descoberta de si e do outro, concretamente do seio do meio social e cultural, assim como “as características físicas, culturais e sociais, da comunidade, tanto em termos mais restritos (rua, bairro, localidade), como em termos mais alargados (outras zonas do país, outros países)” (id, p.91). A construção destes saberes permitirá à criança conhecer a sua própria cultura e a do Outro, descobrir elementos característicos dessa, como as tradições, os hábitos e costumes, e desta forma contribuir para “o desenvolvimento de atitudes de respeito e compreensão face à diversidade” (id, p.92).

De modo a dar continuidade ao tema em análise, a DGE1 prevê um currículo específico que

integra a Educação para a Cidadania. Dentro desta existe um conjunto de Linhas Orientadoras que envolvem diferentes dimensões da educação para a cidadania, entre as quais a educação intercultural. Os temas são transversais para toda a escolaridade, na medida em que prevê que a sua abordagem seja realizada desde a educação Pré-Escolar até ao ensino secundário. De acordo com o documento, esta

(31)

30

abordagem ao tema pode ser concretizada através da realização de diversas atividades e integrada nas várias disciplinas com o objetivo de atender à valorização da diversidade cultural, fomentando nas crianças/alunos o conhecimento, interação e respeito pelas sociedades.

No que concerne ao documento Organização Curricular e Programas do 1º Ciclo do Ensino Básico, a disciplina de Estudo do Meio, nos seus Princípios Orientadores, incita a uma preocupação diretamente relacionada com o conhecimento da sociedade, nomeadamente no que respeita aos objetivos gerais, apontando o seguinte objetivo: “Reconhecer e valorizar o seu património histórico e cultural e desenvolver o respeito por outros povos e culturas, rejeitando qualquer tipo de discriminação”. As Aprendizagens Essenciais2 em articulação com o Perfil dos Alunos3, documentos

orientadores emanados pelo Ministério da Educação, apresentam na componente de Cidadania e Desenvolvimento, para os 1º, 2º e 3º ciclos, vários domínios a desenvolver, estes distribuídos por três grupos, dos quais destaco o primeiro, na qual se enquadra a Interculturalidade como obrigatória em todos os níveis e ciclos de escolaridade. Importa de igual modo atender às Aprendizagens essenciais de Estudo do Meio do 4º ano de escolaridade, que referem que ao longo do 1º Ciclo deve existir um trabalho orientado para que o aluno possa “Valorizar a sua identidade e raízes, respeitando o território e o seu ordenamento, outros povos e outras culturas, reconhecendo a diversidade como fonte de aprendizagem para todos” (2018, p.2). Assim, o professor deve ser capaz de dinamizar estratégias que articulem a Interculturalidade com as diferentes áreas disciplinares.

O referencial Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória, homologado pelo Despacho n.º 6478/2017, 26 de julho, aponta de igual modo aspetos diretamente relacionados à promoção da interculturalidade. Nomeadamente, refere que o aluno à saída da escolaridade obrigatória, tenha uma Visão capaz, “que valorize o respeito pela dignidade humana, pelo exercício da cidadania plena, pela solidariedade para com os outros, pela diversidade cultural e pelo debate democrático” e ainda, “que rejeite todas as formas de discriminação e de exclusão social” (p.15).

Neste sentido, há um conjunto de documentos orientadores incentivadores para que o educador/ professor assuma e valorize a importância da promoção da interculturalidade ao longo do percurso escolar da criança/ aluno, e deste modo permitir que sejam cidadãos conhecedores e com valores essenciais para uma vida democrática, inclusiva e aberta ao Outro.

2 https://www.dge.mec.pt/aprendizagens-essenciais

(32)

31 Capítulo III

Metodologia de Investigação

Neste Capítulo será identificada a metodologia utilizada durante a concretização do projeto de intervenção e investigação, a qual se aproxima à metodologia de investigação-ação. De igual modo serão apresentados a questão de partida e os objetivos que sustentam o projeto, assim como as estratégias e instrumentos utilizados para a recolha de dados.

3.1 A Investigação-Ação (I-A)

O projeto de intervenção e investigação pedagógica apresentado tem por base uma aproximação à metodologia de investigação-ação, a qual visa a melhoria da prática nos diversos campos da ação de uma forma colaborativa e através da reflexão sustentada teoricamente sobre a prática desenvolvida, permitindo assim ao educador/ professor uma exploração e desenvolvimento consistente da sua prática profissional.

A metodologia de investigação-ação apresenta-se como um processo complexo, não existindo assim uma única definição pelos autores que a estudam/ investigam, sendo que Bodgan & Biklen (1994:292) a referem como “a investigação-ação consiste na recolha de informações sistemáticas com o objetivo de promover mudanças sociais”. Os autores supracitados referem ainda que “o investigador se envolve activamente na causa da investigação” (p.293).

Distinta dos pressupostos da metodologia convencional, articula a teoria e a prática. Importa referir que a investigação ação se carateriza por ser um “processo de aprendizagem contínua com vista à resolução dos problemas que emergem na sala de aula” (Máximo-Esteves, 2008, p.38), consistindo um processo dinâmico, interativo e sujeito a constantes alterações.

Esta metodologia de investigação educativa tem vindo a ser cada vez mais utilizada pelos profissionais de educação pelo seu caráter reflexivo e dinâmico, tal como refere Coutinho el al (2009:257), é uma perspetiva teórica “caraterizada por um maior dinamismo na forma de encarar a

(33)

32

realidade, maior interactividade social, maior proximidade do real pela predominância da praxis, da participação, e da reflexão crítica, e intencionalidade transformadora”. Neste sentido, ao ser utilizada, invoca mudanças nas práticas educacionais, que pretendem a melhoria destas e da qualidade das aprendizagens das crianças/ alunos.

Assente num processo cíclico, que se desenvolve tendo em vista o contributo para o aperfeiçoamento da ação do professor e da qualidade das aprendizagens das crianças/ alunos, o processo desenvolve-se mediante diferentes operações que, de acordo com a autora supracitada, Máximo-Esteves (2008:83), são as seguintes:

• Planear com flexibilidade – o professor reflete e avalia a sua ação, observa os alunos e avalia a sua prática de modo a tomar decisões e a formular as suas primeiras questões.

• Agir – realização de pesquisas e observação do modo de aprender dos alunos, que permitem desenvolver e aperfeiçoar as questões iniciais.

• Refletir – análise crítica às práticas do investigador, utilizando diversos instrumentos de registo e análise dos dados observados.

• Avaliar/validar – avaliação e conclusão das decisões.

• Dialogar – partilha de “pontos de vista”, interpretações e colaboração entre os colegas.

Nesta perspetiva, a I-A é um processo assente na cooperação e na comunicação critica, onde, de acordo com Coutinho et al, os “participantes analisam as suas próprias práticas educativas de uma forma sistemática e aprofundada, usando técnicas de investigação” (p.360). Para Oliveira et al (2004:112), o conceito de I-A “põe a tónica no acto físico de investigar e examinar, no envolvimento dinâmico e único do actor/autor no acto de investigação e a palavra ação remete-nos para um movimento feito ou uma decisão tomada intencionalmente”. Deste modo, a ação e a reflexão possuem o papel primordial desta metodologia.

Assente na valorização da criança/aluno e nas necessidades de cada um, permite que este desenvolva e adquira competências e melhorias nas suas aprendizagens através dos processos que compõem a metodologia, nomeadamente, planificar, atuar, refletir, avaliar e dialogar.

Em seguida indico novamente a questão e objetivos, já indicados no Capítulo I, de forma a facilitar a compreensão do estudo desenvolvido.

(34)

33 3.2. Questão e Objetivos

O projeto de intervenção e investigação teve a seguinte questão de partida: “De que forma posso promover a vivência e respeito pela interculturalidade na infância?”. A questão surgiu aquando da observação participante em contexto de estágio, tendo em consideração o interesse e necessidades das crianças/ alunos.

De forma a responder à questão foram definidos os objetivos que nortearam o projeto, estando estes divididos por objetivos de intervenção pedagógica e objetivos de investigação.

Objetivos de intervenção pedagógica:

− Promover a exploração e conhecimento de diferentes países.

− Promover o conhecimento e respeito por diferentes povos e culturas. − Consolidar conhecimentos através da articulação das várias áreas do saber.

Objetivos de investigação:

− Analisar o contributo das atividades propostas na promoção da interculturalidade na infância.

− Compreender de que forma o conhecimento de diferentes países promove atitudes de compreensão e respeito pela diferença.

− Analisar e conhecer os contributos da interdisciplinaridade nas aprendizagens das crianças. 3.3. Métodos e instrumentos de recolha de dados

Os instrumentos metodológicos para análise e recolha de dados utilizados durante a realização do projeto foram a observação direta, os registos fotográficos e os registos de incidentes críticos, os quais me permitiram dar resposta aos objetivos de investigação deste projeto. A utilização destes instrumentos de recolha de dados foram entendidos como os mais apropriados a serem utilizados, uma vez considerados os contextos educativos onde se realizaram os estágios assim como a metodologia utilizada durante a investigação. Todos os dados recolhidos foram registados e analisados, o que permitiu retirar conclusões significativas acerca dos mesmos. Para Bogdan & Biklen (1994, p.205), a análise dos dados é:

um processo de busca e organização sistemático” e “envolve o trabalho com os dados, a sua organização, divisão em unidades manipuláveis, síntese, procura de padrões, descoberta dos aspectos importantes e do que deve ser aprendido e a decisão sobre o que vai ser transmitido aos outros.

Imagem

Figura 1. Leitura da história "O ratinho marinheiro", de Luísa Duclas Soares
Figura 3. Realização de uma dança tradicional Timorense
Figura 4. Elaboração das bandeiras do Brasil e de Portugal
Figura 5. Visualização de um vídeo sobre a cultura indiana
+7

Referências

Documentos relacionados

Como es más que evidente, el hecho de que no se exija una formación específica en Artes y Cultura Visual, sumado al escaso protagonismo que esta disciplina tiene en la

Se inicia con un encuadramiento histórico de las relaciones culturales de la Viena del siglo XVII con lo español, dedicando especial atención a la producción editorial en español

We performed a moderator analysis with the following variables as moderators of transfer effects on STM, WM and reasoning at posttest and follow-up (aim 3): 1) type of

Licenciado em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2008), Hugo Miguel Crespo tem-se debruçado tanto sobre a Cultura Material do Renascimento, como

No filme Kodak®, a DBV permaneceu constante em todos os grupos (Figura 3), porém, em relação ao contraste, o gru- po controle sofreu diferença significante quando comparado aos

Conhecer as percepções dos licenciandos, analisá-las a partir dos FAD possibilita condições para o trabalho mais significativo nos espaços de formação no sentido de

A área utilizada como referência para o levantamento de dados para o plantio e soqueira, foi uma gleba de 320 hectares de cana-de-açúcar na fazenda Conchita Cue, localizada

XX, Fronteira do Caos e CEPESE, Porto, 2010, p.. Em suma, as relações entre Portugal e o Brasil sofreram algumas vicissitudes, desde que aquela antiga colónia se tornou