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Engenharia simultânea (3DCE) como vantagem competitiva para empresas de construção civil em Palmas, TO / Simultaneous engineering (3DCE) as a competitive advantage for civil construction companies in Palmas, TO

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Academic year: 2020

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Engenharia simultânea (3DCE) como vantagem competitiva para empresas de

construção civil em Palmas, TO

Simultaneous engineering (3DCE) as a competitive advantage for civil

construction companies in Palmas, TO

DOI:10.34117/bjdv6n2-120

Recebimento dos originais: 30/12/2019 Aceitação para publicação: 12/02/2020

Adriano Marinho Feitosa

Acadêmico do curso de Engenharia Civil do CEULP/ULBRA E-mail: adriano.marinhof@gmail.com

Ângela Ruriko Sakamoto

Professora dos cursos de Administração de Empresas, Engenharia Civil e de Minas, coordenadora do Núcleo de Empreendedorismo e Inovação (NEI) no CEULP/ULBRA

E-mail: angelars@ceulp.edu.br

RESUMO

A competição e a busca por espaço no mercado da construção civil estão a cada dia mais intensas. Hoje, em meio a um mercado acirrado, despesas originadas por erros, seja de projeto ou por processos construtivos, podem pôr em risco a estabilidade financeira das corporações. Para combater esses transtornos muitas empresas têm buscado utilizar a organização simultânea no desenvolvimento de seus processos. A Engenharia Simultânea, como é conhecida no Brasil – ou 3DCE, acrônimo usado para Three Dimensional Concurrent Engineering – chega com a intenção de integrar todos os setores de desenvolvimento do produto e seus processos, incluindo também as cadeias de suprimentos. Back et al (2015) salientam que a alavancagem do posicionamento estratégico pode representar uma vantagem competitiva empresarial, referindo-se ao bom gerenciamento da Cadeia de Suprimentos como ponto de partida. Neste estudo foi aplicado a Engenharia Simultânea em uma obra de construção civil residencial multifamiliar e analisada a sua importância para a obtenção de vantagem competitiva, identificando os fatores a serem ponderados na análise para tomada de decisão entre produzir (make) e comprar (buy) em obras de construção civil residencial. Assim, foi possível propor diretrizes para auxiliar os profissionais do ramo nessa tomada de decisão.

Palavras-chave: Engenharia Simultânea, 3DCE, Cadeia de Suprimentos, Construção Civil Residencial.

ABCTRACT

Competition and the search for space in the civil construction market are increasingly intense. Today, in the midst of a fierce market, expenses originated by errors, either in the design or construction processes, can jeopardize the financial stability of corporations. To combat these disorders, many companies have sought to use simultaneous organization in the development of their processes. Simultaneous Engineering, as it is known in Brazil - or 3DCE, an acronym used for

Three-Dimensional Concurrent Engineering - arrives with the intention of integrating all sectors of product

development and its processes, including supply chains. Back et al (2015) point out that the leverage of strategic positioning can represent a competitive business advantage, referring to the good management of the Supply Chain as a starting point. In this study, Simultaneous Engineering was applied to a multifamily residential construction work and its importance for obtaining competitive

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advantage was analyzed, identifying the factors to be considered in the analysis for decision making between producing (make) and buying (buy) in residential civil construction works. Thus, it was possible to propose guidelines to assist industry professionals in making this decision.

Key words: Simultaneous Engineering, 3DCE, Supply Chain, Residential Civil Construction.

1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil sempre teve grande importância no desenvolvimento de um país. Segundo Souza et al (2015), este é um setor amplo e suas atividades relacionam-se de forma direta com a economia, pois é uma grande geradora de emprego, renda e tributos. Tendo em vista a grande importância do setor da construção civil, faz-se perceber o seu grande poder de participação no crescimento econômico nacional. Com a crise enfrentada por muitos países, a construção também acabou sendo afetada. Segundo Venturini (2015), a situação atual de escassez de recursos obriga as empresas a realizarem modificações para poderem subsistir. Frente a grandes dificuldades, as empresas foram obrigadas a procurarem alternativas para reduzirem as perdas de seus recursos. A Engenharia Simultânea busca metodologias e instrumentos capazes de permitir à equipe envolvida no processo o acesso compartilhado das informações envolvidas, de modo a processá-las e armazená-las simultaneamente (MARIQUITO, et al. 2016). De acordo com Back et al (2015), a Gestão da Cadeia de Suprimentos apresenta-se como um organizador do fluxo logístico empresarial, entre suas funções salienta-se a alavancagem do posicionamento estratégico, podendo, portanto, apresentar uma vantagem competitiva empresarial. Com o crescimento da disputa no setor da construção civil, as vantagens sobre os concorrentes podem ser alcançadas por meio de uma gestão eficiente da cadeia de suprimento. É necessário, portanto, que haja uma gestão coesa da rede de fornecedores e parceiros envolvidos. As questões de gestão da cadeia de suprimentos abrangem um amplo espectro de atividades da empresa, desde o estratégico através do tático para o nível operacional. Gerir essa cadeia de suprimentos é uma tarefa complexa, pois envolve inúmeros fatores: habilidade de gerir a rede de relacionamentos dentro e fora da empresa; transparência e um fluxo de informações que favoreça a comunicação; e, além dos objetivos em comum é necessário valores compartilhados que permitam uma maior proximidade dos agentes envolvidos (BACK et al, 2015). Hoje as empresas do ramo da construção civil têm cada vez mais buscado terceirizar os seus processos de produção. No atual cenário competitivo vivenciado pelas empresas, todas as estratégias conhecidas valem como diferencial no que tange à redução de custos, visando posicionar-se à frente da concorrência (DOS ANJOS et al, 2018). Mas é preciso cuidado, pois, requer a análise dos fatores envolvidos para se ter uma melhor tomada de decisão e é onde a abordagem da engenharia simultânea pode contribuir para na tomada de decisões assertivas.

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Ellram, Tate e Carter (2008) definem a engenharia simultânea desenvolvimento simultâneo de produtos, processos e cadeias de suprimentos, vide figura 1.

Figura 1 – Elementos do 3DCE.

Fonte: Adaptado de Ellram, Tate e Carter (2008).

Segundo Dos Anjos et al (2018), a decisão de adesão a terceirização, mesmo na expectativa de benefícios diversos, deve ser muito bem avaliada pela administração, que deve conhecer e considerar todos os fatores que venham a impactar na estrutura organizacional da entidade. Terceirizar processos essenciais para o funcionamento de um projeto podem gerar contratempos como: perda de qualidade, baixa confiabilidade e atrasos. Enfim, problemas que podem interferir significativamente no andamento de um empreendimento. Portanto, a decisão deve ser baseada em uma compreensão clara da estratégia de relacionamento com os fornecedores (cadeia de suprimento), da operação (processo) e do produto, inclusive a estrutura de custos.

Na construção civil, a entrega de um produto está diretamente associada ao projeto. Para uma execução eficiente de projeto é necessário que o planejamento seja visto como o princípio fundamental. Segundo Vieira (2014), o planejamento é essencial para que o orçamento do empreendimento seja executado de maneira ordenada, de acordo com prazos, custos pré-estabelecidos e qualidades conforme os projetos elaborados. Para que os resultados esperados sejam alcançados com maestria, o cuidado com o planejamento deve estar presente desde o início da criação de um projeto. De acordo com a 6ª. edição do Guia PMBOK® (2017), projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. Além disso, deve incorporar as práticas ágeis de gerência de projeto, ou seja, os ciclos iterativos curtos e entregáveis que facilitem a melhoria dos processos (PMI, 2017). A natureza temporária dos projetos indica que eles têm um início e um término definidos, com a engenharia simultânea sugere-se que a visão

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sequencial de projetos também seja ajustada, por meio da realização em paralelo de várias “etapas” do processo de desenvolvimento de produto, de forma a reduzir o tempo de projeto e ampliar a integração entre as interfaces de projetos (FABRÍCIO, 2002), vide figura 2. Na prática, a visão do 3DCE deve acompanhar cada ciclo iterativo, ou seja, cada sprint deve ser desenvolvido não só com o foco no produto, mas também observando os processos e os impactos na cadeia.

Figura 2 – Engenharia Sequencial X Simultânea.

Fonte: Fabricio (2002).

Apesar de muitas empresas estarem buscando melhoria em seus processos, e/ou uma redução de custos por desperdícios e falhas construtivas, percebe-se a necessidade da análise simultânea entre os custos e a gestão da cadeia de suprimentos. Saber gerir estrategicamente os custos de uma empresa e suas parcerias com fornecedores conduz a grandes vantagens no mercado. Com base nisso os envolvidos podem tomar decisões assertivas, definir prioridades, melhorar a estrutura de sua cadeia de suprimentos e aumentar a competitividade no mercado.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo teve por finalidade desenvolver um projeto voltado para a análise de uma obra residencial multifamiliar na cidade de Palmas-TO. Foram realizadas análises para a identificação da implantação da metodologia 3DCE, no processo de execução do empreendimento. Portanto, é uma pesquisa aplicada, via estudo de um empreendimento, acompanhado desde o planejamento até a execução, analisando os aspectos de Engenharia Simultânea nas técnicas construtivas adotadas pela empresa. Também é de cunho qualitativo, com a intenção de alcançar resultados satisfatórios que auxiliem profissionais do ramo da construção civil residencial a refinarem o seu processo de decisão. Para tal, foi realizado um estudo bibliográfico sobre o tema 3DCE no planejamento e execução das

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obras, olhando para os três pilares que a sustentam: Produto, Processo e Suprimento. O trabalho visou identificar os fatores a serem ponderados na análise para tomada de decisão entre produzir e comprar em obras de construção civil residencial, gerando diretrizes para subsidiar estas escolhas. Os parâmetros de análise definidos, tendo como base os objetivos de pesquisa, foram os três pilares da Engenharia Simultânea Tridimensional: Produto, Processo e Cadeia de Suprimentos.

● Produto: uso da estrutura analítica do projeto (EAP) em estudo.

● Processo: envolve a gestão de compras, avaliação de fornecedores, recebimento de materiais, integração e controle de qualidade.

● Cadeia de Suprimentos: Avaliação de fornecedores de produtos e prestadores de serviços.

A intenção do estudo não é buscar uma relação atrelada apenas ao custo, mas de todos fatores que podem interferir significativamente no resultado. A decisão de adesão ao processo de terceirização, mesmo na expectativa de benefícios diversos, deve ser muito bem avaliada pela administração, que deve conhecer e considerar todos os fatores que venham a impactar na estrutura organizacional da entidade (DOS ANJOS et al, 2018). O estudo de caso foi realizado na cidade de Palmas-TO, tendo como objeto de pesquisa uma obra multifamiliar, que se encontrava em fase de construção, possuindo uma área construída total de aproximadamente 23.212,48 m² tendo um total de 484 unidades habitacionais.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Segundo Mariquito et al. (2016) a Engenharia Simultânea busca metodologias e instrumentos capazes de permitir à equipe envolvida no processo o acesso compartilhado das informações envolvidas, de modo a processá-las e armazená-las simultaneamente. Este método conduz os desenvolvedores a considerar todos os elementos do ciclo de vida do projeto, da concepção à entrega aos usuários, e compreende: a qualidade, os custos, a programação e a satisfação das necessidades e requerimentos dos usuários. Tem como linha condutora a execução onde todos os setores da produção trabalhem de forma integrada, fazendo com que os seus recursos sejam melhor aproveitados, diminuindo os riscos de erros no meio de um processo definido. A obra em estudo se trata de um empreendimento da construtora MRV Engenharia. Uma empresa conhecida no mercado nacional e internacional por suas obras habitacionais. Segundo Relatório de Informações Trimestrais da MRV Engenharia e Participações S.A., revisado por KPMG Auditores Independentes (2018), a MRV Engenharia é atualmente a maior empresa da América Latina no setor, com mais de 40.000 unidades habitacionais entregues ao ano, com perspectiva de crescimento.

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Figura 3 – Empreendimento em Estudo de caso.

Fonte: Feitosa (2019).

O empreendimento analisado foi executado em Palmas-TO e adotou como técnica construtiva o sistema de paredes de concreto, que são moldadas in loco, por meio de formas. Os gestores do empreendimento se orgulham da velocidade da execução, sendo quatro apartamentos concretados por dia, com aproximadamente 40m² cada. Mas, para que isso ocorra, a Engenharia Simultânea é posta em prática, ou seja, os setores de controle de qualidade, validação de serviços e fiscalização e suprimentos atuam de forma alinhada. Por se tratar de obra com paredes de concreto armado, o volume de materiais como concreto, aço, elétricos, hidráulicos, entre outros, são elevados. Como há a concretagem de um pavimento por dia – 4 apartamentos e hall de escada, sendo paredes e laje – um erro seja por projeto, planejamento, baixa qualidade de serviços executados ou falta desses materiais podem acabar acarretando muito outros problemas como, a paralisação de 35 homens na montagem de formas, 6 homens na execução de elétrica, 4 homens na armação das paredes de concreto, 5 homens na execução do hidrossanitário, e muitos outros problemas, gerando grandes prejuízos a empresa. Ou seja, 50 pessoas pagas sem realizar suas funções. O ciclo de produção usado para a execução do empreendimento segue um controle de qualidade e processos rigorosos. O planejamento e a elaboração de projetos são atualizados sempre que necessários, evitando falhas no processo e todos os setores estão em constante comunicação. O processo produtivo ocorre da seguinte forma: inicia-se com a montagem das malhas das paredes, posicionando-as de acordo com os projetos estruturais, com malhas ideais para os esforços exigidos pela estrutura e respeitando a seção de aço e

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os reforços de armaduras. Em seguida, é feita a montagem dos equipamentos elétricos, como caixas de passagens, mangueiras, quadros de distribuição, entre outros. Todo esse processo é feito um dia anterior à concretagem. Neste dia é realizado a montagem das formas, e seus acessórios para garantir prumo, nível e esquadro de todas as paredes e lajes como, pinos, cunhas, gravatas, alinhadores, escoras, entre outros. Após a montagem das formas, inclusive da laje, são concluídos serviços de elétrica, sendo colocados pontos de iluminação, esperas para apartamentos superiores, serviços do sistema hidrossanitário, com a instalação de pontos de alimentação e queda d’água e arranques para futuras armações de paredes. Seguindo a execução de todos esses serviços, são vistoriados a qualidade dos mesmos, preenchendo um check list – Ficha de Verificação de Serviço (FVS) – tendo como referência o padrão de qualidade da empresa, baseando-se nas normas regulamentadoras. Quando comparado o sistema utilizado na obra em estudo com os métodos executivos tradicionais, paredes de concreto possuem algumas vantagens como, a velocidade de construção. Utilizando a metodologia convencional em obras semelhantes, o tempo gasto para a execução de um pavimento com 8 apartamentos demoraria aproximadamente 40 dias trabalhados, divididos em estrutura, alvenaria e revestimento argamassado. Tempo precioso no modelo de paredes de concreto, que seriam executados 10 pavimentos de 8 apartamentos. A imagem da figura 4 exibe duas edificações, uma de paredes de concreto (A) que demonstra o diferencial de agilidade da execução do empreendimento e o outro em alvenaria convencional (B), o desempenho é visível quando comparados na prática. Enquanto um já está sendo finalizado a parede de concreto, o sistema convencional ainda se encontra em seu primeiro pavimento, com o serviço de assentamento de alvenaria iniciando altura de andaime e respaldo para começar a execução de formas e armação de laje do pavimento.

Figura 4 – Empreendimento em Estudo de caso.

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No processo de execução de paredes de concreto, o controle de concretagem é feito de maneira cuidadosa, como testes de Slump, para obter uma melhor trabalhabilidade do concreto, evitando o aparecimento de brocas por deficiência na percolação do concreto. São coletados 10 corpos de provas para cada caminhão, duas amostras para cada idade – os rompimentos são realizados com 12h, 3 dias, 7 dias, 14 dias e 28 dias – devendo assegurar uma resistência mínima de 3 Mpa nas primeiras 12 horas, para que possa ser feita a desforma. O setor de qualidade, juntamente com o laboratório de concreto controlam diariamente o concreto utilizado, fazendo a sua rastreabilidade em paredes e lajes, moldagem dos corpos de prova, gerando por meio de relatórios as curvas de concretos, e outros documentos encaminhados para a aprovação para dar prosseguimento à próxima concretagem. Como exposto, a obra em estudo possui uma velocidade de execução muito maior que obras que se utilizam de técnicas construtivas convencionais. Mas, os cuidados tomados devem ser maiores, para que a qualidade e segurança do empreendimento não sejam afetadas. Desenvolver bons relacionamentos na cadeia de suprimento podem se transformar em grandes estratégias para a empresa. Segundo Krainer et al (2018), a gestão do relacionamento interorganizacional assume papel-chave dentro da cadeia de suprimentos da construção civil. Dentre as estratégias dessa gestão destaca-se a construção de parcerias. Uma relação forte e de confiabilidade com fornecedores torna-se possível a obtenção de custos mais competitivos, maior qualidade de materiais, redução do tempo para produção e entrega. Na obra em que foi realizado o estudo pode ser percebido algumas deficiências na gestão do relacionamento com o fornecedor, seja de materiais ou de mão de obra. Por se tratar de uma empresa que está em sua primeira obra na cidade esse relacionamento se torna mais complicado, pois a primeira busca sempre será visando preço ou infraestrutura que atenda a demanda requerida pela obra. A redução de custos não é derivada apenas do respaldo legal dos contratos ou de fornecedores com menores preços, mas é consequência da visão da obra como um todo para identificar necessidades que podem ser transformadas em vantagens para a empresa. O 3DCE e a visão dos processos do PMBOK complementam a visão técnica do engenheiro civil, permitindo perceber durante a execução da obra que geram vantagens. Uma ação que merece destaque foi: com o volume diário de concreto para as paredes, eram perdidos quase 1m³ de concreto todos os dias, referentes ao cocho e mangote da bomba lança de concreto. Para evitar esse desperdício e diminuir a quantidade de resíduos, foram compradas formas de ladrilhos tipo Piso Copacabana 49x49 e iniciado a produção de blocos intertravados, que após prontos foram utilizados nas calçadas internas de passeio de pedestres. O custo de especialização da mão de obra (MAO) e a legislação trabalhista levam cada vez mais as empresas optarem pela terceirização dos serviços que não oferecem vantagens competitivas.

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Opção cada vez mais adotada como alternativa para vencer a crise no setor da construção e crescer em meio a um mercado tão acirrado.

Dos Anjos et al (2018) ratificam que no atual cenário competitivo vivenciado pelas empresas, todas as estratégias conhecidas valem como diferencial no que tange à redução de custos, visando posicionar-se à frente da concorrência. Mas é preciso cuidado, pois há que se analisar outros fatos que impactam os custos, prazos e a qualidade. Alguns processos complexos e intrincados são elementos críticos de rentabilidade de uma empresa e, portanto, seriam os candidatos errados para terceirização. Para realizar as análises e identificar as atividades que serão produzidas ou terceirizadas deve-se primeiramente conhecer todos os serviços dos itens do desenvolvimento do produto. O processo de análise para tomada de decisão do Make ou Buy não pode ser visto como um passo a passo para se seguir, mas deve ser pensado caso a caso, para ajustar da melhor forma ao projeto que está sendo executado. Para realizar a análise de tomada de decisão foi desenvolvido um fluxo de análise, descrevendo desde a estrutura do projeto até a escolha final entre produzir (Make) ou comprar (Buy), verificando o uso do 3DCE em suas respectivas etapas de uma obra de construção civil residencial. Para descrever o estudo da análise realizou-se apenas análise para o serviço de execução de paredes de concreto, vide figura 5, mas podendo ser feito para todas as atividades presentes por EAP no desenvolvimento do produto.

Figura 5 – Análise: tomada de decisão.

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Seguindo o fluxograma de decisão Make ou Buy, vide figura 6, para as EAPs que compõe o caminho crítico do projeto recomenda-se os seguintes passos para obter uma decisão assertiva sobre o deve ser produzido ou terceirizado pelos gestores do projeto:

Figura 6 – Fluxograma de decisão Make ou Buy.

Fonte: Feitosa (2019).

1. O primeiro passo é verificar o contexto do caminho crítico, investigando os impactos e as competências centrais para a entrega do produto.

2. Uma análise da MAO própria e do espaço físico disponível para executar a atividade, certifique-se se há necessidade de recursos especializados e se é possível disponibilizar espaço no canteiro de obra para a execução da atividade. Os gestores precisam se questionar se é possível encontrar dentre os funcionários da empresa pessoas que possam desenvolver tal função ou se são profissionais de fácil contratação. É necessário ter uma visão voltada para a disponibilidade de recursos humanos e espaço físico no canteiro.

3. Caso a atividade que se planeja executar não faça parte do caminho crítico da EAP, os responsáveis pelo projeto precisarão fazer uma análise sobre os fatores conhecidos como, trinômio sagrado da gestão de projetos: custo, prazo e qualidade. Se algum deles gera impactos negativos, se não considerados na hora de decidir entre Make ou Buy, é necessário, por meio de uma análise rigorosa do planejamento e controle da obra, gerar um parecer o mais preciso possível dos seus impactos.

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4. Uma vez que se tenha MAO disponível para executar as atividades desejadas, mas requeira especialização para desenvolver tal função, é preciso qualificar esses funcionários. Mas, deve-se ser analisado por aqueles que administram o projeto se é possível obter vantagens com esse desenvolvimento. É preciso verificar se por meio de treinamentos contínuos e valorização dos funcionários se obterá retorno, como: melhora na qualidade, aumento da produtividade ou redução de custos.

5. Ao verificar que não há disponibilidade de MAO para realizar tais funções, há exigência de controle tecnológico ou gastos com capacitação não tem o retorno almejado, ou quando é percebido que as atividades a serem realizadas não impactam o produto, a orientação é a terceirização (Buy). Mas, para se tomar tal decisão é necessário primeiro selecionar criteriosamente os fornecedores e desenvolver o relacionamento entre ambas as partes, para que problemas sejam evitados.

O estudo evidenciou que há três fatores que podem influenciar significativamente no chamado trinômio sagrado do projeto: especialização da MAO, fornecedores e tecnologias. A organização ao direcionar esforços para desenvolver estes fatores chaves cria vantagens competitivas que o diferencia no mercado.

Portanto, a capacitação e valorização de funcionários, com treinamentos contínuos e ações que promovam o bem estar dos funcionários são investimento para assegurar a obtenção de retornos. Com empresas cada vez mais próxima de seus colaboradores é possível perceber pessoas que se destacam no comprometimento, qualidade do serviço e criatividade para inovar. Estes talentos devem ser retidos e desenvolvidos. A relação entre empresa e fornecedor deve ser monitorada e se possível fortalecer e aumentar a colaboração para competir no mercado. Quando o fornecedor entende quais os desejos daqueles que os contratam, conseguem fornecer produtos com maior qualidade, em prazos que atendam a demanda exigida pelo comprador e custos mais justos, pois sabem exatamente quais os recursos necessários para a produção. Mas, para que consiga atingir o companheirismo esperado, é preciso estreitar o relacionamento com os fornecedores, fazendo com que eles se sintam parte do processo, não apenas fornecedores de matéria prima. Outro fator chave que deve continuar sendo desenvolvido é a utilização intensiva de tecnologias, tanto para controle de projeto como de novos métodos construtivos. Por meio dessa combinação entre homem e máquina será possível visualizar com maior clareza e agilidade, possíveis erros que devam ser corrigidos, ou até mesmo identificar pontos que possam melhor aproveitar os recursos existentes. A engenharia simultânea nos mostra que é possível construir com agilidade, desde que haja cuidado redobrado nas três dimensões e controles superiores aos tradicionais, possibilitando agilidade e ações assertivas.

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4 CONCLUSÃO

A Engenharia Simultânea na construção civil permite às pessoas envolvidas considerarem, desde o início, todos os elementos do ciclo de vida do produto de forma sistêmica (PEDRINI, 2012). Com o intuito de facilitar o planejamento dos projetos, buscando um melhor controle das atividades a serem realizadas, surge a necessidade de se analisar os projetos com um olhar mais profundo as etapas de um empreendimento. Um dos questionamentos presentes no estudo realizado era a importância do uso da metodologia 3DCE nos processos construtivos das empresas como vantagem competitiva. Foi verificado a sua importância para o estudo de caso, constatando que a falta dessa comunicação simultânea pode acabar acarretando muitos problemas para a empresa. Apesar de ser uma obra que possui uma técnica construtiva diferente das empresas concorrentes no mercado local, a importância do 3DCE é reconhecido fator de competitividade. Também se conclui que para adotá-la é necessário maturidade em gerenciar projetos. De acordo com Felix e Gomes (2019), no setor de suprimentos da construção civil, a negociação torna-se função estratégica para garantia do sucesso da construtora.

A busca de bons resultados, por meio do gerenciamento dos processos, se faz necessário que todas as engrenagens desse mecanismo funcionem de forma plena. Segundo Mariquito et al (2016), o foco da engenharia simultânea é oferecer a otimização do processo de desenvolvimento e produção do produto, porém a implementação dessa metodologia pode tornar-se um desafio para as empresas, visto que envolve infraestrutura, habilidades, capacidades, ferramentas e uma equipe de colaboradores capacitados para atuar nesse modelo de desenvolvimento de projetos.

A interoperabilidade dos processos faz com que todas etapas do projeto sejam planejadas, trazendo consequências positivas à empresa, principalmente a redução dos riscos de falhas, prejuízos, atrasos e perda de qualidade. A decisão entre o Make ou Buy deve ser feita com base em estratégias bem elaboradas, para que os recursos aplicados no processo de execução do produto não sejam perdidos por falhas ou problemas. Meios para corrigir a estratégia e os critérios de tomada de decisão podem se tornar a chave para o sucesso ou fracasso nas escolhas das empresas. Mas para que todo o processo de desenvolvimento da escolha entre comprar ou produzir seja feito é necessário que todas as partes interessadas no projeto, estejam em perfeita sintonia. O processo de decisão é tomado no setor de produção, mas os gestores e interessados precisam desenvolver estratégias para que as análises sejam feitas, buscando melhores benefícios ao projeto em sua totalidade. O setor de produção terá grandes dificuldades para inovar se aqueles que planejam ou seus stakeholders continuam no passado. Mas para que o sistema continue avançando é necessário feedback entre todos os setores, mesmo após a execução para que sempre haja melhorias no processo. Não há como afirmar que um modelo é melhor ou pior, porém o 3DCE exige um controle muito mais rigoroso no seu processo.

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Devem ser analisados todos os parâmetros para se tomar uma melhor decisão. Por fim, se enfatiza que a prática da engenharia simultânea, 3DCE, é uma abordagem que facilita o alinhamento de processo, produto e cadeia de fornecimento. O que facilita a escolha e implantação de novas tecnologias e, portanto, pode ser tema de outros projetos de pesquisa. Pois, a indústria 4.0 vem impactando fortemente o setor da construção civil.

REFERÊNCIAS

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Figura 1 – Elementos do 3DCE.
Figura 2 – Engenharia Sequencial X Simultânea.
Figura 3 – Empreendimento em Estudo de caso.
Figura 4 – Empreendimento em Estudo de caso.
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