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Protagonismo dos familiares nas estratégias de inclusão social de crianças e adolescentes com quadros de sofrimento mental

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

ESTELA LUIZA PIZA ESPOSITO

PROTAGONISMO DOS FAMILIARES NAS ESTRATÉGIAS DE INCLUSÃO SOCIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM QUADROS DE

SOFRIMENTO MENTAL

FLORIANÓPOLIS (SC) 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

ESTELA LUIZA PIZA ESPOSITO

PROTAGONISMO DOS FAMILIARES NAS ESTRATÉGIAS DE INCLUSÃO SOCIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM QUADROS DE

SOFRIMENTO MENTAL

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Opção 1- Tecnologia de Concepção do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista.

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Higashi

FLORIANÓPOLIS (SC) 2014

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, pela paciência e apoio que tiveram durante todo o tempo.

Dedico à minha professora e orientadora do curso, Msc. Giovana Dorneles Callegaro Higashi.

Dedico também aos colegas de trabalho do Capsi pela colaboração.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, aos meus familiares a amigas.

Agradeço à gerente do Capsi Cristiana Beatrice Likoropoulos e à

orientadora do curso Profa. Msc. Giovana Higashi.

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1. INTRODUÇÃO... 01 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 2.1 A importância da inclusão social...

05 06 3. MÉTODO... 09 4. RESULTADO E ANÁLISE... 4.1 Plano de ação... 11 13 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 15 6. REFERÊNCIAS... 16 7. APÊNDICES E ANEXOS... 17 RESUMO

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Na era do conhecimento, da tecnologia e de tantas mudanças, já não era sem tempo acontecerem mudanças no âmbito da inclusão social de pessoas portadoras de necessidades especiais. Vem acontecendo gradativamente em todas as instâncias e em diferentes aspectos um comprometimento das políticas públicas voltadas para o foco Inclusão. Este estudo tem o objetivo de atingir pais de crianças e adolescentes de um Capsi, propondo uma reflexão sobre o processo de inclusão e orientação para que sejam os próprios protagonistas desse processo. O estudo desenvolveu-se no próprio Capsi, através de encontros de pais em grupos temáticos para abordar e sensibilizar o protagonismo nas estratégias usadas para a conquista da inclusão de seus filhos. Para que esse processo aconteça de forma natural e integral – saúde, escola, lazer, esporte. Torna-se necessário que os pais estejam orientados, preparados, apoiados e estimulados; levando assim ao objetivo esperado da família, que é um desenvolvimento mais próximo do normal. Considero como um resultado positivo, pela participação ativa dos pais e o interesse em conhecer novos espaços públicos que seus filhos possam integrar e conseguir uma evolução no seu potencial de independência.

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1. INTRODUÇÃO

A inclusão social na saúde mental configura-se como um tema importante e amplo. E especificamente a inclusão de crianças e adolescentes com transtornos de maior gravidade que, muitas vezes, são privados da convivência e circulação social constitui um desafio.

Neste sentido, a inclusão social propicia às pessoas necessitadas, oportunidades de acesso aos serviços, ou seja, tornar possível o processo de que os indivíduos estejam participando do ambiente social, beneficiando a todos sem distinção de raça, cor, credo ou etnia. Entretanto, ainda, deparamos com pessoas que criticam a igualdade de direitos e não aceitam cooperar com aqueles que fogem dos padrões de normalidade estabelecidos pela maioria.

Na minha experiência profissional como enfermeira de um Caps infantil ao longo de 09 anos, trabalhando com crianças e adolescentes acometidos por transtornos mentais graves, fui observando a dura realidade dessa exclusão social. Seja pelas dificuldades inerentes aos quadros patológicos, seja pela ausência de esperança dos seus genitores e de perspectivas no que tange o futuro diante de tantos obstáculos e desafios que permeiam este contexto.

Vale ressaltar que:

... CAPS segundo o Ministério da Saúde: Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou Núcleo de Atenção Psicossocial é um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele é um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida. (Ministério da Saúde – Brasília, 2004).

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2 Entende-se que os Caps, têm a finalidade de prestar atendimento às pessoas com sofrimentos mentais graves, diminuindo e evitando internações psiquiátricas, articulando com a rede de atenção à saúde, Unidade básica, o Nasf (Núcleo de assistência a saúde da família) e outros serviços da rede os cuidados e apoio, favorecendo a reinserção na sociedade.

Isso despertou a preocupação de compreender o que seria um tratamento efetivo no sentido do cuidado e assistência que habilitasse essas crianças e adolescentes para uma vida de melhor qualidade. E com isso senti vontade e interesse em estudar, sobretudo conhecer melhor as políticas públicas na área de saúde mental e estimular o protagonismo dos familiares no desenvolvimento de estratégias de inclusão social. A palavra protagonismo é formada por duas raízes gregas: proto, que significa o primeiro, o principal; agon, que significa luta. Agonistes, por sua vez, significa lutador. Protagonista quer dizer, então, lutador principal, personagem, ator principal. Uma ação é dita protagônica quando, na sua execução, o educando é o ator principal no processo de seu desenvolvimento. Por meio desse tipo de ação, o adolescente adquire e amplia seu repertório interativo, aumentando assim sua capacidade de interferir de forma ativa e construtiva em seu contexto escolar e sociocomunitário (COSTA, 2004: 1).

Neste cenário, crianças e adolescentes com sofrimento mental passam também por privações de autonomia – referente às atividades da vida diária (AVDs) e independência, que acabam levando à exclusão. Muitas vezes os familiares não se habilitam em investir na autonomia de seus filhos por cansaço e praticidade, fazendo por eles as suas próprias atividades (como a dificuldade na retirada de fraldas, sua própria higiene, higiene bucal, vestimenta, alimentar-se sozinho, circulação pela cidade, etc).

A distinção entre “criança” e “adolescente”, como etapas distintas da vida humana, tem importância no Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei N. 8069/90. Em geral, ambos gozam dos mesmos direitos fundamentais, reconhecendo-se sua condição especial de pessoas em desenvolvimento. Para efeitos da lei n.8069/90, a criança é a pessoa até 12 anos de idade incompletos e adolescente aquela entre os 12 e os 18 anos de idade.

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Na esfera de trabalho dos Caps, pode-se mencionar que:

… como estratégia para estimular esse processo ao enfrentar a cultura estigmatizante, ao buscar construir rede social, ao estimular a autonomia do usuário, ao evitar internações e possibilitar outras formas de tratar o sujeito. A presença e a expansão dos Caps são vistas como facilitadoras do processo de inclusão social, diferentemente do modelo de atenção centrado no hospital psiquiátrico. (Salles apud Leão e Barros, 2008, p. 101)

Segundo documentos publicados pelo Ministério da Saúde,

Os Caps têm papel fundamental na organização e assessoria, desenvolvendo estratégias de cuidado no sentido de fortalecer os laços de inclusão social das crianças e adolescentes portadores de sofrimento mental, buscando parcerias para desenvolver ações de saúde pautadas pela integralidade e operando através da intersetorialidade. (Brasil, 2002, 2006, 2007).

Como é possível perceber, a inclusão social é um tema complexo que demanda comprometimento e empenho de todos os envolvidos, sejam professores, profissionais da saúde e familiares.

Como citado acima, é preciso ressaltar a importância dos familiares no cuidado. A família é fundamental, ela deve estar incluída no tratamento, proporcionando os cuidados integrais, suporte e manutenção de socialização ao seu familiar com sofrimento mental. É importante que ela esteja orientada, preparada, apoiada e estimulada a participar de tudo o que desejar para ajudar na recuperação, compartilhando seus problemas e abrindo sua visão para a inclusão social. Ela ocupa papel primordial propiciando tratamento nas áreas necessárias e na ressocialização do doente mental quando ela poderá desenvolver um papel de forma atuante e presente.

Para Demo a inserção social “exige muito mais do que assistência, sobretudo inserção laboral e supremacia da cidadania” (DEMO, 2002, p 07). Por outro lado, é Castel (2008) quem contribui com um conceito mais abrangente ao relatar que:

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4 (...) o processo de exclusão social pode designar a situação de todos aqueles que se encontram “fora dos circuitos vivos das trocas sociais”. Assim a exclusão social não se restringe apenas à desintegração do mercado de trabalho, mas refere-se também a uma ruptura nos laços sociais e familiares. (Castel apud Leão e Barros, 2008, p. 20).

As ações e estratégias de cuidados desenvolvidas pelos profissionais da saúde mental tem sentido necessidade de serem repensadas e atualizadas, sendo necessário implementar ações e ampliar a qualificação dos trabalhadores nessa área, tendo como diretrizes para as suas intervenções. Ainda, cumpre referir que:

Acolhimento, vínculo, responsabilidade, interdisciplinaridade, integralidade e humanização da atenção, resolutividade para as demandas dos serviços de saúde e o permanente repensar das práticas assistenciais e das relações estabelecidas na equipe com usuários e familiares (OLSHOWSKY et alii, 2005, p.01).

É nessa perspectiva que segue a proposta desse trabalho com o objetivo de contribuir para o protagonismo dos familiares no desenvolvimento de estratégias de inclusão social de crianças e adolescentes com quadros de sofrimento mental de maior gravidade, para que eles sintam-se mais apropriados e empoderados em buscar viabilizar a inserção dos seus filhos aos meios sociais.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Foi vivenciando situações de pessoas com dificuldades de inclusão, no campo da saúde mental, que passei a refletir mais e me propus a estudar o processo de transformação no modelo de atenção psicossocial.

A história da humanidade é marcada por um processo contínuo de criação e recriação de categorização das pessoas. Este processo, por se tratar de atividades humanas, indica de alguma forma intenções. Levando em conta os fatores econômicos, sociais, culturais e históricos, o ser humano constrói sua identidade nas relações que estabelece consigo mesmo e com outros seres, ao mesmo tempo em que transforma a sociedade e por ela é transformado.

A sociedade humana deve ser vista como um todo, incluindo todos os aspectos e dimensões da vida, sejam eles: o econômico, o cultural, o político, o religioso, além daqueles que se encontram, por qualquer razão, excluídos.

Embora no Brasil, a inclusão de modo geral é uma pratica recente, ela vem ganhando espaços gradativamente, com seu foco voltado para uma sociedade para todos, na qual a aceitação das diferenças individuais, a valorização de cada pessoa e a convivência em meio à diversidade humana é um constante aprendizado.

Desde a Reforma Psiquiátrica Brasileira, com a desospitalização, os órgãos públicos vêm realizando um trabalho muito importante que é o aumento considerável no número de serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos (Caps, Ceco, De volta para casa), capacitação das equipes de trabalho, assim como também percebemos como tem crescido a reflexão sobre questões de como se relacionar com pessoas com sofrimento mental. Estes serviços substitutivos contemplam uma atenção direcionada aos usuários considerando as particularidades de cada um. Inserindo nessa transformação na saúde mental, a inclusão social como um dos pontos em destaque.

O vocábulo inclusão neste contexto está ligado por meio de políticas públicas, que além de oficializar, devem viabilizar a inserção dos indivíduos aos meios sociais.

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6 Segundo Pacievitch, Inclusão social é um termo amplo, utilizado em contextos diferentes, em referência a questões sociais variadas. De modo geral, o termo é utilizado ao fazer referência à inserção de pessoas com algum tipo de deficiência às escolas de ensino regular e ao mercado de trabalho, ou ainda a pessoas consideradas excluídas, que não tem as mesmas oportunidades dentro da sociedade, por motivos como: condições socioeconômicas; gênero; raça; falta de acesso a tecnologias (exclusão digital). O processo de inclusão social de pessoas com necessidades especiais tornou-se efetivo a partir da Declaração de Salamanca, em 1994, respaldada pela Convenção de Direitos da Criança (1988) e da Declaração sobre Educação para Todos (1990) (PACIEVITCH, 2013).

2.1. A importância da inclusão social:

Para as crianças e adolescentes com transtorno mental há muito a se ganhar; quanto ao fato de serem respeitadas numa dimensão ampla, ou seja, não só no âmbito sociocultural como também educacional, de modo que suas potencialidades sejam desenvolvidas e respeitadas na sociedade perante sua condição psíquica. Para estas não só a participação em instituições de referência, como também as escolas são os melhores caminhos para eles percorrerem, pois não somente o aluno especial ganha, como o aluno sem deficiência conhece o diferente, passando a respeitá-lo na sua dimensão, se tornando um adulto sem preconceitos. As diferenças se fazem iguais quando um grupo aceita as diferenças dos outros e os respeitam, proporcionando também os mesmos direitos e tendo as mesmas oportunidades.

Não oferecer a devida atenção durante seu processo de desenvolvimento, é contribuir para que estas crianças e adolescentes com transtornos se tornem adultos institucionalizados no futuro, ou seja, segregados da sociedade, sem meios de exercer sua cidadania. Uma grande parcela da população ainda tem que se conscientizar e facilitar a inclusão social, pois é através do povo que isso pode acontecer.

No entanto, o que de fato propõe a inclusão é tornar estas pessoas melhores para enfrentarem as barreiras que os impedem de exercer sua participação na sociedade. Como afirma Battistella,

“A garantia do protagonismo das pessoas com deficiência deve considerar como pontos básicos seu acesso à saúde e à educação de qualidade, a empregabilidade desse público e o acesso às

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oportunidades de lazer, desporto e cultura.” (Battistella, 01/06/2009, Jornal Folha de SP).

Porém, ainda deparamos com pessoas que criticam a igualdade de direitos e não aceitam cooperar com os que fogem dos padrões da normalidade.

Segundo Salles, Barros (2013)

A inclusão social não é apenas uma teoria ou um conceito, mas algo que é vivido e experienciado pelas pessoas. A atitude de vizinhos, familiares ou profissionais que estão em contato com os usuários, de aceitá-los como eles são, acolhendo suas dificuldades e diferenças, é uma atitude de inclusão. A postura das pessoas da rede dos usuários, de se relacionar com a pessoa e não com a doença, facilita a inclusão social, permitindo aos usuários pertencer ao ambiente em que vivem. Esta é a experiência da comunidade de incluir a pessoa com sofrimento mental. [...] O encorajamento das pessoas próximas do usuário pode fazer toda diferença no processo de inclusão social, sendo a família acolhedora um indicador positivo nesse processo (Salles M M.; Barros, S., 2013, p. 709).

Repetidas vezes os genitores acabam se desestimulando por não conseguirem escolas especiais ou salas especiais para seus filhos, tendo que colocá-los em classes regulares ou deixarem de freqüentar por decisão deles. Dentre os casos graves de TGD (transtorno global de desenvolvimento), acompanhamos alguns que ficaram anos sem freqüentar escolas, por não conseguirem chegar a um consenso entre família e o que as escolas têm a oferecer, por não disporem de estrutura para manter esse tipo de aluno dentro da instituição.

Geralmente devido à falta de pessoas qualificadas, falta de auxiliar de sala ou de RH da escola é quando surgem essas dificuldades. Chegam a ocorrer casos de prejuízo para os usuários, como em um adolescente, que já não usava fraldas e por dificuldades de acompanhá-lo por parte da escola a família precisou voltar a colocar as fraldas, levando-o à dependência e formação de assaduras e dermatite. Ele acabou perdendo a vaga nessa escola porque a direção justificou não ter estrutura para que ele continuasse freqüentando. Já se passaram mais de três anos, a mãe foi à delegacia de ensino e secretaria de educação e até hoje ele continua aguardando, sem freqüentar escola e usando fraldas.

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8 Temos realizado vários projetos de inclusão social com nossos usuários, e que vem sendo bastante aceito e efetivo para os adolescentes com sofrimento mental. Como exemplo: Projeto ampliando horizontes, que tem como objetivo a sociabilização, a interação e a descoberta do desconhecido; as saídas com os adolescentes são para diversos locais culturais, como praças, parques, shoppings, SESC, museus, mercados, residências dos próprios usuários, etc. Projeto participação de outros serviços: agendamos com outros serviços e passamos um período do dia com eles acompanhando as atividades realizadas para que sirvam de interação e de modelo para os nossos usuários. Visitas à instituições, e passeios a locais culturais como Museu da Casa Brasileira, Instituto Butantã, Sesc Pompéia, Museu do futebol, Pelezão, Parque Vila Lobos, Parque da Água Branca, todos com pic- nic incluso, etc. As atividades são previamente programadas pela nossa instituição, com a participação dos familiares ou responsáveis. Têm dado certo e surtido bons resultados.

3. MÉTODO

Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório. O presente estudo realizou encontros temáticos com grupos de familiares de crianças e adolescentes com quadros de sofrimento mental do Capsi, com o objetivo de sensibilizar, ampliar seu protagonismo nas estratégias de inclusão social.

Para o desenvolvimento e maior apropriação da temática escolhida e elaboração da revisão de literatura, foi realizada uma busca em banco de dados do trabalho, busca de informatizados, como a Biblioteca Virtual em Saúde (Bireme), a Biblioteca Virtual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, literaturas impressas, e trabalhos publicados. Essa busca foi realizada dessa forma pela facilidade de acesso aos acervos e pelo pouco tempo que eu tinha para a confecção do trabalho. As palavras chave: Inclusão social, inclusão escolar e protagonismo.

O estudo foi realizado em um Capsi, em trabalho de campo, localizado na cidade de São Paulo, onde são atendidos crianças e adolescentes com quadros de sofrimento mental, por equipe multidisciplinar, composta de psiquiatra, psicólogas, enfermeira, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, assistente social, auxiliares de enfermagem e administrativo. O horário de funcionamento do serviço é das 7:00 hrs às 18:00 hrs de segunda-feira á sexta-feira e a proposta de trabalho é: absorção da demanda do

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território que chegam por procura espontânea, por encaminhamentos das UBSs e de outros equipamentos de saúde, dos abrigos, das escolas, dos conselhos tutelares, dos juizados de menores, etc.

Os usuários são acolhidos de forma humanizada; em casos de crise e situações que coloquem em risco a sua vida e de outras pessoas, caso necessário, serão absorvidos de imediato em convivência pela equipe. Ou será agendado retorno de acolhimento para os casos que não está claro, ou agendado para uma avaliação interdisciplinar para melhor conhecê-lo, discutir em equipe, realizar um PTS (projeto terapêutico singular), e decidir junto com a equipe, qual ação terapêutica o usuário recém chegado poderá se beneficiar: dos grupos terapêuticos, das oficinas de atividades diversas, de convivência diária ou em dias estipulados pela equipe, visitas domiciliares, visitas nas instituições e fazer redes intersetoriais.

Foi elaborado um questionário para aplicação junto aos pais sobre a inclusão dos seus filhos na vida da comunidade, durante os encontros temáticos com grupos de familiares de crianças e adolescentes com quadros de sofrimento mental. Participaram do encontro: uma enfermeira, uma psicóloga e uma assistente social. Sendo que cada encontro teve duração de uma hora e dez minutos.

O primeiro encontro foi desenvolvido da seguinte maneira: apresentação da proposta, aplicação do questionário e discussão do tema I- Inclusão social, e sua importância. Nesse encontro os pais mostraram-se bastante colaborativos e interessados. Durante o segundo encontro aconteceu a discussão sobre o tema II- Política de direitos, incluindo os recursos disponíveis no território, identificados pelos próprios familiares. E ressaltar a importância do protagonismo dos familiares.

A realização dos encontros teve a participação de 08 (oito) pais, em dias diferentes entre o I e o II encontros.

4. RESULTADO E ANÁLISE

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10 O presente capítulo trata da descrição dos dados e discussão dos resultados, coletados a partir da pesquisa documental e questionário aplicado aos pais de crianças e adolescentes do Capsi. O número de entrevistados foram 08 (oito) pais, sendo: 07 mães e 01 pai. A abertura do diálogo ocorreu a partir da seguinte questão: O que é inclusão social?

Foram realizados encontros temáticos com grupos de familiares de crianças e adolescentes com quadros de sofrimento mental do Capsi, com o objetivo de sensibilizar seu protagonismo nas estratégias de inclusão social com a participação de 08 (oito) pais.

No primeiro encontro os pais mostraram-se colaborativos e interessados; conforme distribuía os questionários (anexo 1), observamos que uns estavam tranqüilos, porém outros pareciam preocupados em responder as questões. Uma participante não conseguiu responder todas as questões, dizendo que não sabia. E um pai presente, como é analfabeto, solicitou que escrevêssemos as suas respostas. Após o término do questionário apareceram dúvidas, então foi iniciada a explicação do tema inclusão e sua importância.

No segundo encontro a participação foi menos entusiasmada. Não trouxeram muitas colaborações em relação aos recursos disponíveis e estiveram mais voltados a fazerem perguntas e ouvirem as falas da equipe sobre os seus direitos, os recursos e o protagonismo das famílias. Foi focado a importância do atendimento global dos filhos e seus familiares, na rede de atenção à saúde pelos dispositivos existentes e que muitas vezes são desconhecidos por eles.

Categorização dos usuários: Pela faixa etária, dividem-se em: 0 – 10 anos = 04

11 - 19 anos = 04

Pelo gênero os usuários dividem-se em: Gênero feminino = 01

Gênero masculino = 07

Como se trata de uma entrevista sobre a inclusão social as respostas foram padronizadas por categorias de: inclusão na saúde, inclusão na escola e inclusão em

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outros espaços.Como é vista a inclusão social para as crianças e adolescentes do Capsi, pelos pais que responderam ao questionário (anexo l), aplicado nos grupos temáticos. Conclui-se que é vista como deficitária e não efetiva como se propõe, pois em quase todas as respostas as queixas foram referentes à falta de serviços especializados, de profissionais especializados, de vagas nas escolas, de classes especiais e do preconceito ainda fortemente presente na sociedade. Mediante essas respostas forma-se a tabela abaixo de acordo com as sugestões dadas pelos pais.

FREQUÊNCIA %

Aumentar serviços especializados p/ crianças especiais.

04 50%

Facilitar o acesso aos serviços de saúde para crianças especiais

04 50%

Aumentar o número de vagas nas escolas para crianças especiais.

01 12,5%

Aumentar as salas especiais nas escolas.

01 12,5%

Aumentar o número de profissionais qualificados nas escolas.

02 25%

Escolas sem preconceitos, discriminação e mais respeito.

03 37,5%

Aumentar o investimento na alfabetização.

01 12,5%

Não tem experiências, não sabe. 01 12,5% Há outros locais que acham que a

criança é agressiva.

01 12,5%

Dar o mesmo tratamento para todos, não ser tratado com indiferença.

03 37,5%

Dificuldade de caminhar. 01 12,5% Há locais que dão apoio, se

solidarizam.

02 25%

Com essa tabulação concluí-se que os pais têm sentido mais dificuldades na inclusão escolar para os seus filhos, depois vem inclusão na sociedade e também em cursos profissionalizantes para os adolescentes. É a partir do conhecimento e entendimento do tema que se acredita poder contribuir para a implementação de ações que visam a inclusão social.

E como plano de ação e estratégia para as famílias serem os protagonistas na inclusão de seus filhos, localizamos a necessidade de mais encontros e a participação

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12 efetiva dos pais em atividades externas, as quais são programadas pelas equipes da rede de atenção à saúde.

4.1. Plano de ação:

 Ampliar a oferta de ações e serviços especializados para o atendimento as crianças com necessidades especiais;

 Facilitar e promover o acesso aos serviços de saúde para crianças especiais, bem como fortalecer a inclusão dos;

 Aumentar o número de vagas nas escolas para crianças especiais;  Aumentar as salas especiais nas escolas;

 Aumentar o número de profissionais qualificados nas escolas;

 Promover atividades educativas para reduzir o preconceito, a discriminação e fortalecer o respeito;

Ofertar ações de cuidado e dispor de tratamento para todos, de forma igualitária, não tratar com indiferença dos pacientes e familiares;

 Propor estratégias educativas como palestras, oficinas para as famílias serem os protagonistas na inclusão de seus filhos na sociedade.

A intenção é usar as visitas, os passeios, o projeto ampliando horizontes, e outros projetos, como uma ferramenta para a promoção da inclusão social; possibilitando assim o acesso aos serviços abertos e bens culturais para uma faixa da população que está socialmente excluída. Esperamos que essa população alcance o objetivo que para eles é estar inserido na sociedade, isto é tão importante como se fosse uma locomotiva que os alavancasse para cima tomando assim o curso da vida a ser seguido.

Na minha avaliação, os objetivos propostos foram alcançados, porém com o tempo é que poderemos reavaliar se todas as idéias de trabalhos e projetos a serem executados serão concretizados, de forma efetiva, com qualidade, visibilidade e segurança para todos os envolvidos neste cenário.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o que foi proposto no projeto desenvolvido no Capsi, o objetivo inicial do trabalho foi alcançado e a metodologia escolhida adequada, para promover a aproximação e a sensibilização dos familiares voltando-os para o protagonismo na inclusão social de seus filhos.

As dificuldades encontradas durante a realização do projeto foram de modo geral superadas, a partir do estudo sobre o tema, empenho e colaboração dos pais que aceitaram participar do projeto nos encontros temáticos.

O tema inclusão social é uma grande preocupação sempre que me deparo com usuários com quadros graves que passam fases na vida sofrendo exclusão social.

Como sugestões e propostas derivadas da experiência com os resultados obtidos para o protagonismo dos familiares, conclui-se que o avanço e a consolidação da inclusão social se dá com o conhecimento, informação, interesse, disposição, força de vontade e participação efetiva de usuários e familiares nos espaços que em geral estão abertos à toda sociedade. Os familiares são peças chaves para que isso aconteça principalmente nos casos de crianças e adolescentes com quadros de comprometimento mental.

A limitação das pessoas não diminui seus direitos: são cidadãos e fazem parte da sociedade como qualquer outro. É neste momento que a sociedade deve se preparar para lidar com a diversidade humana. Todas as pessoas devem ser respeitadas, não importa o sexo, a idade, as origens étnicas, a opção sexual ou as deficiências. Uma sociedade aberta a todos, que estimula a participação de cada um e aprecie as diferentes experiências humanas e reconhece o potencial de todo cidadão é denominada sociedade inclusiva.

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PACIEVITCH, T. Processo de Inclusão Social. Redatora do site <www.InfoEscola.com> Acesso em: 14 de março de 2014.

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7. APÊNDICES E ANEXOS

QUESTIONÁRIO

1- O que é inclusão social?

2- Qual a importância que você dá para a inclusão social no desenvolvimento de seu filho(a)?

3- Qual é a sua experiência em relação à inclusão: a) na saúde –

b) na escola –

c) em outros espaços –

4- Quais as dificuldades que você encontra para inclusão social de seu filho (a)? 5- Como você acha que pode contribuir para a inclusão social de seu filho (a)?

Referências

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