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AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO DE LEITE E COMPORTAMENTO ANIMAL DE BOVINOS SUBMETIDOS A DIFERENTE HIGIENIZAÇÃO DO BEBEDOURO

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AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO DE LEITE E COMPORTAMENTO ANIMAL DE BOVINOS SUBMETIDOS A DIFERENTE HIGIENIZAÇÃO DO BEBEDOURO

JANARA CUSTÓDIO DOS SANTOS ¹ MARGARETI MEDEIROS2

CLEYBER JOSÉ DA TRINDADE DE FÁTIMA2 CAROLINA MOTA CARVALHO²

1Graduadanda em Medicina Veterinária do UNICEPLAC, Gama-DF.

²Professor do Curso de Medicina Veterinária do UNICEPLAC, Gama-DF. E-mail para correspondência: carolina.carvalho@uniceplac.edu.br

RESUMO

Devido à importância, crescimento e rendimento que a atividade pecuária leiteira tem agregado nas últimas décadas para o país e para o melhoramento e aperfeiçoamento dessa produção, estudos e experimentos são desenvolvidos para que se tenham animais produtivos em situações de conforto e bem-estar, com isso trazendo um acréscimo monetário ao produto final. O presente trabalho foi realizado em uma fazenda no Município de Luziânia – GO, com animais leiteiros da raça Girolando de variada composição racial, nos meses de fevereiro e março. Teve como objetivo avaliar se a temperatura do ambiente e o tempo de ingestão de água dos indivíduos com o bebedouro sujo e bebedouro limpo alterariam tempo de consumo hídrico, produção láctea e o comportamento desses animais. Para essa avalição usou-se a metodologia de dois estilos de etograma, Focal e Scan. O experimento contou com trinta e seis animais no método scan, e cinco no focal. Na análise de dados do método scan não houve alteração no tempo de consumo de água dos animais por ser um n baixo e assim não gerou diferença estatística, além da adaptabilidade e alta tolerância ao calor, não entrando na condição de estresse térmico desses animais. Na avaliação de dados do método focal houve uma diferença de 8,10% no consumo de água após a limpeza do bebedouro, com uma de aumento médio de 8,3 litros de leite. Com a não manutenção da limpeza do bebedouro houve uma queda de 12% na produção de leite. Com base nos dados obtidos conclui-se que a qualidade da água ofertada a bovinos leiteiros influencia diretamente na sua produção láctea. Ressaltando a importância da limpeza dos bebedouros de água que será fornecida aos ruminantes devido a sua importância na produção animal e reflexo direto nos ganhos econômicos.

Palavras-chave: produção animal, estresse térmico, etograma. 1. INTRODUÇÃO

A pecuária leiteira é uma atividade econômica disseminada por todo o país. Observa-se variação no manejo e nos tipos de sistemas de produção de região para região. É uma atividade econômica que gera emprego, renda, e tributos para o país (LOPES et al., 2007). Nas últimas décadas, a produção mundial de leite teve aumento de mais de 50%, chegando a valores significativos. Estima-se que aproximadamente 150 milhões de famílias estão de algum modo

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relacionado com a pecuária leiteira, sendo sua grande maioria pequenos produtores (JUNG e JÚNIOR, 2016).

Além da importância na economia, também é importante na geração de empregos, já que o ramo do agronegócio é responsável por ocupar 40% do trabalho no meio rural. O aumento da demanda final do produto em 1 milhão de reais gera 195 empregos permanentes. Em análises retrospectivas, a produção de leite em 25 anos aumentou 150%. Essa alta geração de emprego nesse ramo tem impacto maior que outros grandes setores, como por exemplo, o automobilismo, construção civil entre outros (CARVALHO et al., 2002).

O leite está na lista dos seis produtos mais importantes na agropecuária brasileira, sendo responsável por gerar renda e empregos para a população. O Brasil se encontra na posição de 5° maior produtor mundial de leite, e vem crescendo cerca de 4% anualmente, representando crescimento maior do que os apresentados por países que ocupam os primeiros lugares. O Sul do País vem revelando aumento na sua produção média, mas não sendo o suficiente ainda para desbancar as regiões tradicionais de alta produtividade como, por exemplo, São Paulo e Minas Gerais (acima de 25.000 kg/dia) (CARVALHO et al., 2002).

Por anos a região de maior produtividade leiteira era a região Sudeste, entretanto, com o passar dos anos e a ingressão de outras regiões, ela foi perdendo seu posto de maior produção, dando espaço para a região Norte, Centro-Oeste e Sul. O Nordeste manteve sua contribuição regular, sendo responsável por média 13% da produção (MAIA et al., 2013).

Ressaltando também, o valor nutritivo que o leite possui, já que é um alimento considerado nobre e natural. Esses adjetivos foram dados por sua composição rica em proteína, gordura, carboidrato, minerais, e devido ao fato de que alguns mamíferos a imunização de seus recém-nascidos são feitos por meio do consumo de leite (MÜLLER, 2002). O leite, também é uma importante fonte de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), assim como em vitaminas hidrossolúveis (B1, B2, B6, B12, ácido pantotênico e niacina).

No Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal – RIISPOA “leite é o produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. Assim, fatores como: espécie, raça, indivíduo, idade da vaca, estágio da lactação, alimentação, estações do ano, estado de saúde da vaca, dentre outros, afetam a composição do leite” (BRASIL, 2017). Para o produto ser

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considerado leite, este deve apresentar as características físico-químicas que são estabelecidas pelo RIISPOA. A adoção das normativas e dos padrões estabelecidos por esse decreto haverá a possibilidade de se obter produto final seguro (BRASIL, 2017).

Hoje no Brasil e no mundo existe uma grande expectativa e preocupação em relação ao bem-estar animal. O bem-estar animal começou a se tornar um importante parâmetro em meados da década de 1960, tendo iniciativa com o livro “Animal Machines” (HARRISON, 1964), com isso, um leque de oportunidades e estudos se abriu para esse ramo. Quanto mais o bem-estar é estudado mais a sociedade passa a ter consciência e conhecimento, exigindo cada vez mais uma produção humanitária. E com isso, produtos advindos de sistemas que atendem ao bem-estar tem maior valor agregado (BOND et al., 2012).

Até os dias atuais o conceito de bem-estar não está muito bem definido devido à complexidade do assunto e a divergência entre os profissionais e atuantes da área. Para Hughes (1982), o bem-estar corresponde a um estado onde o animal está em harmonia com a natureza ou com o seu ambiente. Já para Broom (1986), o bem-estar é definido como o estado do animal frente às suas tentativas de se adaptar ao ambiente em que se encontra, podendo ser subdivido em alguns níveis de acordo com a capacidade do indivíduo de se moldar à aquela divergência ou obstáculo, exigindo mais ou menos de seus esforços e obstáculos. Ou seja, se um indivíduo precisa de muito para se readaptar aquela condição, considera-se que está em um grau baixo de bem-estar ou um bem-estar pobre. É considerado que situações que possam ser prejudiciais aos animais tem fatores extrínsecos que estão além da capacidade do animal para lidar com aquilo, como por exemplo pisos abrasivos que sem o correto manejo levarão a problemas de cascos; também podendo ser intrínsecos como os sentimentos de frustração, tédio entre outros (MANTECA et al, 2013).

Com isso, Broom e Johnson (1993) apresentaram três pontos a respeito: I) o bem-estar é algo particular do animal, não algo que o homem possa fornecer; II) o bem-estar pode variar entre bom e ruim; III) o bem-estar pode ser medido cientificamente. Para saber de forma cientifica essa medição do bem-estar, foi necessário o desenvolvimento de técnicas diagnosticas, sendo elas a condição fisiológica, comportamental e condição ambiental. A forma fisiológica de avaliação tem alto grau de importância pois permite quase de imediato notar o nível de bem-estar que o animal se encontra. Alguns estudos avaliaram frequência cardíaca e

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respiratória de bovinos leiteiros, outros a quantidade de cortisol encontrado nas fezes dos animais submetidos a situações de stress, usando a fisiologia como parâmetro e tendo assim resultados instantâneos a respeito do conforto; tendo apenas o seu lado negativo de não ser totalmente acessível e de fácil coleta e manejo a campo (BOND et al., 2012).

No quesito bem-estar satisfatório (bom) ou pobre (ruim), também há métodos de avaliação. Para o pobre observa-se em dois aspectos: o indivíduo e se ele foi capaz de lidar com o ambiente e o esforço envolvido e dimensão da tentativa para se adaptar. Comportamentos anormais excessivos, falta de resposta e inatividade também são indicadores de bem-estar pobre. Lembrando sempre de observar separadamente cada animal, pois se sinais de desconforto começam a ser notados devem ser trabalhados especificadamente (BROOM, 1986).

Para as observações do comportamento e bem-estar dos indivíduos, há alguns métodos. O etograma é um método de listar unidades comportamentais de alguma espécie, acompanhado de suas respectivas ações. Com essas observações facilmente definiremos um padrão de comportamento, postura e de movimentos corporais. Depois de repetidas observações realizadas em estudos, possibilita tomadas de decisão sobre que posturas e movimentos constituiriam as unidades básicas do comportamento. Para o registro desse comportamento têm-se disponíveis alguns recursos como filmagens, descrição verbal e planilha de registro. Sendo essa última a mais utilizada, pois os itens comportamentais são transcritos em uma planilha de papel e, à medida que ocorrem, são registrados (YAMAMOTO E VOLPATO, 2007).

Para a realização dessas análises, deve-se escolher o método de amostragem dos dados. Dentro as opções existentes desses métodos, a amostragem do animal focal consiste em escolher um indivíduo dentre o agrupamento de forma aleatória (ou não), o qual servirá de foco da análise por um determinado tempo. Sendo registrado sua atividade de forma individual. Um método de avaliação aonde consegue abranger todo o agrupamento e sua atividade é a forma de amostragem por escaneamento. Consiste em determinar um número de intervalos regulares de tempo dentro de um período, ao final de cada intervalo as atividades comportamentais do grupo à vista são instantaneamente registradas (O‟DROBINAK; WOODS, 2002).

Além da observação do comportamento e ambiente físico que o animal se encontra para mensurar bem-estar, a questão climática influência de forma direta e de grande peso no conforto

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desses animais. Bovinos leiteiros que passam por estresse térmico diminui a capacidade produtiva e reprodutiva, pois o acionamento de termorreguladores afeta diretamente esses dois aspectos. Assim como classifica-se bem-estar, há classificação para estresse térmico: brando, intermediário e severo. Deve-se ficar atento para saber distinguir queda de produção e reprodução por fatores climáticos de diversos fatores (RODRIGUES et al., 2010).

Por isso dentro da cadeia produtiva leiteira destaca-se o uso de manejo e instalações que busquem sempre a temperatura mais agradável a esses animais. É comprovado que animais que passam por melhorias nos ambientes, como ventiladores, aspersores, chuveiro em sala de espera entre outros, tem uma resposta positiva dentro da produção, reprodução e bem-estar pois os indivíduos se encontram em termo neutralidade (NÄÄS; ARCARO, 2001; SILVA et al., 2002).

Esse experimento tem como objetivo avaliar se a higienização dos bebedouros e a temperatura do ambiente influenciam no tempo de ingestão hídrica dos animais refletindo no quesito comportamento animal e estresse térmico, e se esses parâmetros repercutem na produção láctea desses animais.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado em uma fazenda comercial na cidade de Luziânia, localizada na região leste do Estado de Goiás, durante os meses de fevereiro e março de 2019. Foram utilizadas um total de 36 vacas da raça Girolando de variada composições genéticas e curvas de lactação divididas em três lotes de acordo com a média de produção. O primeiro lote conta com um total de dez animais com média de 20 kg/dia. O segundo lote com seis animais de média 13 kg/dia e o terceiro lote com quinze animais média 21 kg/dia. Esses animais foram observados por etograma no método scan por 40 minutos no período da manhã e tarde pós ordenha, avaliando de 10 em 10 minutos a atividade de forma individual de cada animal (ócio, água, ruminar, comida) durante 4 semanas no bebedouro sujo (Figura 1) e 4 semanas no bebedouro limpo (Figura 2). Sendo as observações feitas uma vez na semana, em um período de 4h00 da manhã às 19h00 da noite. Os dois primeiros lotes retornavam para um piquete onde era servido o concentrado pós ordenha, e o terceiro lote voltava para um pasto, pois recebia o concentrado antes da ordenha. A partir desses animais, foram selecionados mais cinco animais, sendo três animais com média para alta produção, e dois deles sendo média para baixa

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produção. O etograma desses indivíduos foi realizado pelo método focal, sendo cronometrado o tempo de cada ação, no mesmo período que os animais do método scan.

Essas observações foram realizadas por duas avaliadoras, sendo cada uma responsável por um método (Scan e Focal). Para avaliar os parâmetros de temperatura foi usado um termômetro para avicultura já que sua precisão era mais exata. Os bebedouros foram higienizados tirando toda a água que havia nele e esfregando-o com vassouras e escovas até retirar toda a sujidade, logo após era enchido novamente com água limpa pelo sistema de bomba do próprio bebedouro.

Figura 1: Bebedouro de água antes da limpeza

Fonte: Do autor, 2019.

Figura 2. Bebedouro de água após a limpeza

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na avaliação de dados do método scan por ser um n baixo e por não ter diferença na ingestão hídrica dos animais com o cocho limpo ou sujo, não foi possível gerar gráficos ou tabelas, pois estatisticamente (P > 0,05) não houve alteração do tempo de consumo. Possivelmente se o n aumentasse haveria diferenças estatísticas, pois visualmente notou-se variações no tempo de ingestão de água dos animais.

Na avaliação de atividades exercidas pelos animais nas temperaturas mais quente (36,4ºC) do dia e a mais amena (20,3ºC) do período total do experimento, não houve alteração de comportamento, os animais mantinham uma ingestão contínua de sólidos. Já analisando e comparando os dados entre os lotes, notou-se que o terceiro lote que era o único que voltava para o pasto (Panicum maximum (cv. Mombaça)) imediatamente pós ordenha, teve o menor tempo de consumo de água de todos os lotes. Isso pode se dar pelo fato de ococho ficar distante de onde os animais pastavam, já que nos outros dois lotes o cocho de água ficava dentro do piquete onde as vacas permaneciam por média de 40 – 45 minutos pós ordenha, sendo de mais fácil acesso.

Com os dados da observação comportamental dos animais, pelo método focal, houve um aumento de tempo na ingestão hídrica após lavagem do bebedouro, tendo também um aumento da produção láctea desses animais em 8,10% sendo uma média de aumento de 8 litros de leite.

Para Vieira (2003) animais que possuem uma tolerância ao calor são animais mais adaptados ao ambiente que se encontram, e isso varia de acordo com a espécie e raça. E os indivíduos que possuem a característica elevada dessa tolerância, são animais que tem uma melhor resposta termorregulatória, e isso facilita o equilíbrio homeotérmico, e completando essa linha de raciocínio, para Silva (2000) o animal tolerante ao calor é aquele que possui a capacidade de manter a temperatura corpórea sob temperatura ambiente elevada, apresentando ainda os processos fisiológicos e produtivos normais. Com essas definições e os dados apresentados frente a não diferença de ingestão de água dos animais do etograma método scan do experimento com a limpeza do cocho, pode-se dizer que são animais tolerantes ao calor, que possuem alta adaptabilidade ao clima e temperatura, por isso não entram na condição de estresse térmico. Pois de acordo com Rossarolla (2007), vacas em lactação que passam por estresse

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térmico diminuem pastejo e o exercício, preferindo pastar à noite e buscando sombra e ingestão de água durante o dia. Apresentando também aumento da frequência respiratória, redução na ingestão de alimentos e aumento na ingestão de água. Como não houve nenhuma das alterações citadas que caracterizam o estresse térmico desses animais, e principalmente não houve aumento de ingestão de água e mudança alimentar isso sugere a adaptabilidade e alta tolerância ao calor desses indivíduos.

Como no comparativo de atividade exercida no dia mais quente e mais frio do experimento não houve alteração de comportamento dos animais, afirma-se que são animais que possuem uma zona de conforto térmico mais amplo e uma adaptabilidade termorregulatória maior, corroborando Silanikove (2000) observou que a termorregulação refere-se especificamente à capacidade do animal de manter a temperatura corporal estável, sendo uma adaptação que permite aos animais minimizar problemas provenientes da variação de temperatura ambiente, e por isso, não alteram o estado, parâmetros e atividades com as modificações de temperatura.

O terceiro lote dos animais do experimento era mantido a pasto após a ordenha, sendo feito o etograma método Scan nesse local. Os cochos de água nesse piquete ficavam em média 500 metros de distância de onde os animais pastavam. Sendo esse mesmo lote o que ingeriu o menor tempo de água e em muitos dias, não houve observação de ingesta durante o período do experimento. Tavares e Benedetti (2010) afirmaram que a distância da fonte de água interfere na ingestão hídrica dos bovinos e que o dimensionamento e localização correta dos bebedouros atenderão as necessidades dos bovinos criados a pasto. Sendo assim, esse lote possui baixo consumo hídrico e esse fato pode ser devido à má localização e dimensionamento do cocho.

Com os resultados das vacas do etograma método focal, percebeu-se um aumento na produção de leite desses animas (Gráfico 1), chegando a uma mudança de 8,10% após a lavagem do cocho. Esses mesmos animais, em sua grande maioria, são de alta produção, e para Perissinotto (2005) a elevada ingestão de água desses animais pode se dar pelo fato dos seus altos níveis produtivos. De acordo com Degaspari e Piekarski (1998) bovinos em lactação necessitam de um aumento na ingestão de água diária, de acordo com a produção, sendo necessários 4 a 5 L de água para cada litro de leite a ser produzido.

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Gráfico 1. Produção média em litros de leite das vacas no etograma focal.

Fonte: Do autor, 2019.

Esse aumento no tempo de ingesta (Gráfico 2) também se dá pelo fato da limpeza do bebedouro e com isso, oferecimento de água de qualidade, percebe-se a necessidade da higienização dos bebedouros para bovinos, pois além de ajudar na produção seja de carne ou leite, a limitação de consumo hídrico reduz o desempenho animal, mais rápido e drástico do que qualquer outra deficiência de nutrientes, afirma Boyles et al., (1988). Além disso, animais que ingerem água de boa qualidade melhoram a qualidade da fermentação e metabolismo do rúmen, mantem o fluxo do alimento no trato digestivo, favorecem a boa digestão e absorção de nutrientes, mantem o volume normal do sangue e suprem as demandas dos tecidos corporais de acordo com Adams e Sharpe, (1995). Lardner et al., (2005) afirmou que melhorar a qualidade da água bebida por bovinos aumenta a ingestão hídrica e nutrientes, por consequência, resulta em aumento no ganho de peso e performance animal, que no caso desse experimento, reflete na produção de leite dos indivíduos.

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Gráfico 2. Média do consumo de água em minutos das vacas no etograma focal com o cocho sujo e cocho limpo.

Fonte: Do autor, 2019.

O gráfico 3 demonstra o aumento da produção animal quando ofertado água de boa qualidade, de fácil acesso e limpa para os animais, confirmando e comprovando os que os estudiosos afirmam.

Gráfico 3. Média do mês da produção leiteira em litros das vacas no etograma focal com o cocho sujo e cocho limpo

Fonte: Do autor, 2019

Na tabela 1 observa-se o aumento de temo de ingestão que os animais do experimento tiveram na ingestão de água após a limpeza do bebedouro, tendo alguns animais um aumento

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de consumo considerável. Também se notou a diferença de produção em litros dos animais do método focal em relação à média de leite produzida, tendo uma grande variação pós limpeza e uma mesma mudança após a falta de manutenção e higiene dos bebedouros, tendo uma redução na produção. Sendo uma tabela demonstrando os resultados de forma geral de todo o experimento.

Em sua composição o leite possui em média 86 a 88% de água, e essa água passa para o leite para manter o equilíbrio osmótico dele com o sangue, sendo que as concentrações de lactose e alguns íons mantêm se relativamente constantes, determinando o volume produzido, assegura Corrêa et al., (2002). Diante dessas informações, percebe-se o porquê dos animais terem aumentado a produção de leite após o maior consumo de água, levou a uma maior concentração de água no organismo, de circulação na glândula mamária de nutrientes e líquidos, levando a um aumento da produção desses animais.

Tabela 1. Dados do experimento no etograma do método focal

Vaca

Tempo de consumo Aumento

do tempo (em %)

Produção (em litros) Variação da produção (%)

Bebedouro sujo

Bebedouro

limpo Jan Fev Mar Abr

Jan / Fev Fev / Mar Mar / Abr 16 0 7,14 - 20 17,2 20 18,7 -14,00% 16,28% -6,50% 152 2 7,27 263,50% 20,4 22,2 23,4 19 8,82% 5,41% -18,80% 231 4 4,3 7,50% 27 25,4 27 26,6 -5,93% 6,30% -1,48% 324 10,09 10 -0,89% 27 26,2 27,2 20 -2,96% 3,82% -26,47% 357 9 16,03 78,11% 24,2 24,2 26,3 24,3 0,00% 8,68% -7,60% Total 25,09 45,14 79,91% 118,6 115,2 123,9 108,6 Fonte: Do autor, 2019 5. CONCLUSÕES

Com os resultados obtidos através desse experimento, conclui-se que a higienização dos bebedouros influencia no tempo de ingestão de água dos bovinos, e com esse aumento no tempo houve uma repercussão positiva na produção de leite dos indivíduos. Sendo a temperatura um parâmetro que não interferiu no resultado do aumento de tempo do consumo hídrico. A associação dos dois fatores, higienização dos bebedouros e temperatura ambiente não alteram comportamento animal, porém a higienização de modo individual, sim.

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Ressalta-se a importância do fornecimento de água de boa qualidade e limpa para ruminantes para um funcionamento normal de órgãos vitais, demandas teciduais e devido seu grande benefício para a produção e desempenho desses animais, sendo uma simples higienização de modo fácil e sem custo benefício o suficiente para trazer tais resultados.

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Figura 2. Bebedouro de água após a limpeza
Gráfico 1. Produção média em litros de leite das vacas no etograma focal.
Gráfico 2. Média do consumo de água em minutos das vacas no etograma focal com o cocho sujo e cocho limpo
Tabela 1. Dados do experimento no etograma do método focal

Referências

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