DEPARTAMENTO DE MATEM ´
ATICA
PROGRAMA DE P ´
OS-GRADUAC
¸ ˜
AO EM MATEM ´
ATICA
(Mestrado)
VICTOR HUGO GONZALEZ MARTINEZ
Controlabilidade Exata da Equa¸c˜
ao da Onda Com
Potencial
VICTOR HUGO GONZALEZ MARTINEZ
Controlabilidade Exata da Equa¸c˜
ao da Onda Com
Potencial
Disserta¸c˜ao apresentada ao Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em Matem´atica do Departamento de Matem´atica, Centro de Ciˆencias Exatas da Universidade Estadual de Maring´a, como requisito parcial para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Ma-tem´atica.
´
Area de concentra¸c˜ao: An´alise.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Moreira Cavalcanti
Agradecimentos
Agrade¸co primeiramente a Deus, por me conceder muita sa´ude, for¸ca e paciˆencia durante o per´ıdo do mestrado.
As dificuldades encontradas nesse per´ıodo serviram como um guia para o caminho do conhecimento e neste caminho pude encontrar diversas pessoas que me auxiliaram nos momentos em que mais precisei. Agrade¸co a minha fam´ılia pelo apoio dado em todos os momentos, desde os primeiros ensinamentos dados pela minha m˜ae e por meu avˆo at´e as calorosas discuss˜oes com meu Tio Wagner, levarei isso para sempre. Em especial, agrade¸co `a minha namorada, Ju, pela confian¸ca depositada em mim, pelos diversos momentos de alegria que passamos juntos. Agrade¸co aos colegas da P´os-Gradua¸c˜ao pelos diversos momentos que pudemos estudar juntos, os quais sempre renderam frut´ıferas discuss˜oes.
´
E dif´ıcil expressar com poucas palavras a gratid˜ao que tenho ao Professor Dr. Mar-celo, pelas diversas horas dedicadas a orienta¸c˜oes e semin´arios, pela sua paciˆencia, dedica¸c˜ao, disposi¸c˜ao e destreza para contribuir com sua experiˆencia ao longo da minha forma¸c˜ao. Agrade¸co pelas diversas discuss˜oes que tivemos durante o caf´ezinho da tarde, sem as quais, hoje eu n˜ao poderia vislumbrar a beleza e o desenvolvimento da An´alise Matem´atica.
Resumo
Neste trabalho, estudamos a controlabilidade exata pela fronteira e interna da equa¸c˜ao
utt−∆u+q(x)u= 0 em Ω×]0, T[,
onde Ω ´e um dom´ınio limitado com fronteira∂Ω = Γ de classeC2 eq ∈L∞(Ω). Os resultados
s˜ao obtidos utilizando o m´etodo H.U.M. (Hilbert Uniqueness Method), o qual foi introduzido por Jacques Louis Lions.
In this work, we study the exact controllability by the boundary and internal of the equation
utt−∆u+q(x)u= 0 em Ω×]0, T[,
where Ω is a bounded domain with boundary∂Ω = Γ of classC2 eq∈L∞(Ω). The results are
obtained using the H.U.M. (Hilbert Uniqueness Method), which was introduced by Jacques Louis Lions.
Sum ´ario
Introduc˜ao 3
1 Resultados Preliminares 5
1.1 Distribui¸c˜oes e Espa¸cos Funcionais . . . 5
1.2 Os Espa¸cos Lp(Ω) . . . . 7
1.3 Espa¸cos de Sobolev . . . 8
1.4 Topologias Fraca e Fraca ∗ . . . 12
1.5 Espa¸cos Funcionais `a Valores Vetoriais . . . 13
1.6 Tra¸co em L2(0, T;Hm(Ω)) e H−1(0, T;Hm(Ω)) . . . . 16
1.7 Uma Breve Revis˜ao Sobre Semigrupos Lineares . . . 21
2 Controle Exato da Equa¸c˜ao da Onda Com Potencial 27 2.1 Alguns Resultados Sobre Existˆencia e Unicidade da Equa¸c˜ao da Onda com Potencial . . . 28
2.2 Desigualdades Direta e Inversa . . . 41
2.5 O M´etodo H.U.M (Hilbert Uniqueness Method) . . . 88
3 Controlabilidade Exata Interna 100
3.1 O M´etodo H.U.M (Hilbert Uniqueness Method) . . . 101
Referˆencias Bibliogr´aficas 127
Introduc¸ ˜ao
Este trabalho aborda de forma rigorosa o controle exato pela fronteira e interno
da equa¸c˜ao
∂2u
∂t2 −∆u+q(x)u= 0 em Ω×]0, T[, u=v em Γ×]0, T[,
u(0) =u0, ∂u
∂t(0) =u
1 em Ω,
onde Ω ´e um dom´ınio limitado do Rn com fronteira de classe C2 e q ∈ L∞(Ω) uma fun¸c˜ao n˜ao negativa.
Seguimos de perto o roteiro sugerido em [8] para obter os ingredientes necess´arios para realizar a controlabilidade exata pela fronteira. A fim de expor de uma forma clara tais resultados, seguimos tamb´em o roteiro dado em [10], o qual ´e um dos trabalhos precursores na Teoria de Controle.
Ao empregar o m´etodo dos multiplicadores para deduzir a identidade fundamental para obten¸c˜ao das chamadas desigualdades direta e inversa, vemos que algumas restri¸c˜oes s˜ao impostas sobre a fun¸c˜aoq∈L∞(Ω), a saber, ficamos limitados a uma certa ”pequenez”deste termo. Entretanto, pode-se contornar este problema utilizando-se o conceito de Sequˆencias de Riesz, o leitor interessado poder´a consultar [8] para mais detalhes.
o problema de controlabilidade exata pela fronteira ´e resolvido atrav´es de Estimativas de Carleman, para detalhes, o leitor poder´a consultar [17]. Utilizando um pric´ıpio de continua¸c˜ao ´
unica provado em [18], Zuazua provou em [22], a controlabilidade exata interna quando q∈L∞(0, T;L∞(Ω)).
Vejamos como este trabalho est´a organizado. No Cap´ıtulo 1, fixaremos algumas nota¸c˜oes e enunciaremos, sem demonstra¸c˜oes, resultados cl´assicos da Teoria de An´alise Fun-cional e Espa¸cos de Sobolev. Uma aten¸c˜ao especial deve ser dada a Se¸c˜ao 1.6, sob o t´ıtulo ”Tra¸co emL2(0, T;Hm(Ω)) e H−1(0, T;Hm(Ω))”. Nela, s˜ao enunciados diversos resultados,
extra´ıdos pricipalmente de [15], que possibilitam caracterizar de forma genu´ına a derivada normal, ∂u
∂ν, da solu¸c˜ao da equa¸c˜ao utt − ∆u +qu = 0, sujeita a dados u
0 ∈ H1 0(Ω) e
u1 ∈L2(Ω). Tamb´em utilizamos estes resultado para mostrar que a solu¸c˜ao por transposi¸c˜ao ´e genu´ına. Na se¸c˜ao 1.7, fazemos um breve resumo da teoria de Semigrupos Lineares, os quais s˜ao extra´ıdos, em sua maioria, de [2].
No Cap´ıtulo 2, come¸camos formulando o problema de controlabilidade exata pela fronteira. A se¸c˜ao 2.1, como o pr´oprio t´ıtulo j´a diz, ´e dedicada a demonstrar alguns Teoremas de Existˆencia e Unicidade de Solu¸c˜oes para a Equa¸c˜ao da Onda com Potencial, sujeito a dados mais e menos regulares. Em seguida, na se¸c˜ao 2.2 provamos a identidade fundamental para obten¸c˜ao das Desigualdades Direta e Inversa, provando tais desigualdades em seguida. As se¸c˜oes 2.3 e 2.4 s˜ao voltadas ao estudo da Equa¸c˜ao da Onda com Potencial com Condi¸c˜ao de Fronteira N˜ao-Homogˆenea. Nelas, definimos e provamos a existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao por transposi¸c˜ao, bem como regularidade e genuidade. O Cap´ıtulo 2 finaliza com a se¸c˜ao 2.5, na qual ´e provado a controlabilidade exata do problema, pela fronteira.
Cap´ıtulo
1
Resultados Preliminares
Neste cap´ıtulo enunciaremos alguns resultados que ser˜ao usados no desenvolvi-mento do nosso trabalho. No entanto, por serem resultados usuais, omitiremos suas demons-tra¸c˜oes, as quais podem ser encontradas em nossas referˆencias.
1.1
Distribui¸c˜
oes e Espa¸cos Funcionais
No estudo de problemas descritos pelas equa¸c˜oes diferenciais parciais cujos dados iniciais n˜ao s˜ao regulares o suficiente para possu´ırem derivada no sentido cl´assico, faz-se necess´aria a introdu¸c˜ao de um novo conceito de derivada.
Para entendermos tal conceito necessitamos de algumas defini¸c˜oes: 1o) Espa¸co das fun¸c˜oes testes
Dadosα= (α1, α2, . . . , αn)∈Nnex= (x1, x2, . . . , xn)∈Rn, representaremos por
Dα o operador deriva¸c˜ao de ordem α definido por
Dα = ∂
|α|
∂x1α1∂x2α2. . . ∂xnαn
,
onde |α|=
n
X
i=1
αi. Se α= (0,0, . . . ,0), define-se Dαu=u.
Seja Ω um aberto do Rn. Denotaremos por C∞
0 (Ω) o conjunto das fun¸c˜oes ϕ :
suporte compacto, onde suporte ϕ ´e o fecho do conjunto {x ∈ Ω;ϕ(x) 6= 0} em Ω, ou seja, supp(ϕ) ={x∈Ω;ϕ(x)6= 0}Ω.
Dizemos que uma sequˆencia {ϕν} ⊂ C0∞(Ω) converge para zero, e denotamos
ϕν →0, se, e somente se, existe um subconjunto compactoK de Ω, tal que:
i) supp(ϕν)⊂K para todoν ∈N;
ii) Dαϕ
ν →0 uniformemente sobreK para todo α ∈Nn.
Dizemos que uma sequˆencia {ϕν} ⊂ C0∞(Ω) converge para ϕ ∈C0∞(Ω) quando a
sequˆencia{ϕν−ϕ} converge para zero no sentido acima definido.
O espa¸coC∞
0 (Ω), munido desta no¸c˜ao de convergˆencia, ´e denominado espa¸co das
fun¸c˜oes testes, e denotado por D(Ω).
2o) Distribui¸c˜ao sobre um aberto Ω⊂Rn
Definimos como distribui¸c˜ao sobre Ω a toda forma linear e cont´ınua em D(Ω). O conjunto de todas as distribui¸c˜oes sobre Ω ´e um espa¸co vetorial, o qual representa-se por D′
(Ω), chamado espa¸co das distribui¸c˜oes sobre Ω, munido da seguinte no¸c˜ao de convergˆencia: Seja (Tν) uma sucess˜ao emD
′
(Ω) eT ∈ D′(Ω). Diremos queTν →T emD
′
(Ω) se a sequˆencia num´erica{hTν, ϕi}converge para hT, ϕi em R, para todo ϕ ∈ D(Ω).
3o) Denotaremos por L1loc(Ω) o espa¸co das (classes de) fun¸c˜oesu: Ω→K tais que |u|´e integr´avel no sentido de Lebesgue sobre cada compactoK de Ω.
De posse destas defini¸c˜oes estamos aptos a entender este novo conceito de derivada. Sobolev introduziu, em meados de 1936, uma no¸c˜ao global de derivada a qual denominou-se derivada fraca, cuja constru¸c˜ao dar-se-´a a seguir:
Sejam u, v definidas num aberto limitado Ω do Rn, cuja fronteira Γ ´e regular.
Suponhamos que u e v possuam derivadas parciais cont´ınuas em Ω = Ω∪Γ. Se u ou v se anula sobre Γ, obtemos do Lema de Gauss que
Z
Ω
u ∂v ∂xk
dx=−
Z
Ω
v ∂u ∂xk
1.2 Os Espa¸cosLp(Ω) 7
Seja T uma distribui¸c˜ao sobre Ω e α ∈ Nn. A derivada de ordem α de T, no
sentido das distribui¸c˜oes, ´e definida por:
hDαT, ϕi= (−1)|α|hT, Dαϕ
i;∀ϕ∈ D(Ω).
Verifica-se que DαT ´e ainda uma distribui¸c˜ao e que o operador Dα : D′
(Ω) → D′
(Ω), tal que a cadaT associa-se DαT, ´e linear e cont´ınuo.
1.2
Os Espa¸cos
L
p(Ω)
Seja Ω um aberto do Rn. Representaremos por Lp(Ω), 1
≤ p ≤ +∞, o espa¸co vetorial das (classes de) fun¸c˜oes definidas em Ω com valores emK tais que |u|p ´e integr´avel
no sentido de Lebesgue em Ω.
O espa¸co Lp(Ω) munido da norma
kukLp(Ω)=
Z
Ω|
u(x)|pdx
1
p
, para 1≤p <+∞
e
kukL∞ = sup
x∈Ω
ess|u(x)|, para p= +∞, ´e um espa¸co de Banach.
No caso p= 2, L2(Ω) ´e um espa¸co de Hilbert.
Teorema 1.1 (Teorema da Convergˆencia Dominada de Lebesgue) - Seja (uν)ν∈N
uma sequˆencia de fun¸c˜oes integr´aveis num aberto Ω ⊂ Rn, convergente quase sempre para
uma fun¸c˜ao u. Se existir uma fun¸c˜ao u0 ∈ L1(Ω) tal que |uν| ≤ u0 quase sempre, para todo
ν∈N ent˜aou ´e integr´avel e tem-se
Z
Ω
u= lim
ν→∞
Z
Ω
uν.
Proposi¸c˜ao 1.2 (Desigualdade de H¨older) - Sejam u∈Lp(Ω)e v
∈Lq(Ω) com 1
≤p≤ ∞ e 1
p+ 1
q = 1. Ent˜ao uv ∈L
1(Ω) e temos a desigualdade
Z
Ω|
uv| ≤ kukLp(Ω)kvkLq(Ω).
Demonstra¸c˜ao: Ver [14].
Observa¸c˜ao : EmL2(Ω) a Desigualdade de H¨older ´e conhecida como Desigual-dade de Cauchy-Schwarz.
Proposi¸c˜ao 1.3 (Desigualdade de Minkowski) - Se u, v∈Lp(Ω) ent˜ao
ku+vkLp(Ω)≤ kukLp(Ω)+kvkLp(Ω),
onde 1≤p < ∞.
Demonstra¸c˜ao: Ver [14].
Al´em dos resultados acima, temos que:
(i) Lp(Ω) ´e reflexivo para todo 1< p <+∞;
(ii) Lp(Ω) ´e separ´avel para todo 1
≤p <+∞;
(iii) D(Ω) tem imers˜ao cont´ınua e densa em Lp(Ω) para todo 1 ≤p < +∞.
1.3
Espa¸cos de Sobolev
1.3 Espa¸cos de Sobolev 9
O espa¸co Wm,p(Ω) munido da norma
kukm,p =
X
|α|≤m
Z
Ω|
Dαu|pdx
1
p
, para 1≤p < ∞, e
kukm,∞ =
X
|α|≤m
sup
x∈Ω
ess|Dαu(x)|, parap=∞, ´e um espa¸co de Banach.
Representa-se Wm,2(Ω) = Hm(Ω) devido a sua estrutura hilbertiana, ou seja, os
espa¸cosHm(Ω) s˜ao espa¸cos de Hilbert.
Sabemos que C0∞(Ω) ´e denso em Lp(Ω), mas n˜ao ´e verdade que C∞
0 (Ω) ´e denso
em Wm,p(Ω) para m ≥ 1. Motivados por isto definimos o espa¸co Wm,p
0 (Ω) como sendo o
fecho de C0∞(Ω) em Wm,p(Ω), isto ´e,
C∞
0 (Ω)
Wm,p(Ω)
=W0m,p(Ω).
Teorema 1.4 (Desigualdade de Poincar´e): Seja Ω ⊂ Rn aberto e limitado. Suponha
queu∈W01,p(Ω) para algum 1≤p < n. Ent˜ao temos a estimativa
kukLp(Ω) ≤ckDukLq(Ω)
para cada q ∈[1, p∗]. A constante c >0 depende somente de p, q, n e |Ω| e p∗ ´e o conjugado
de Sobolev de p e ´e dado por p∗ = np n−p
Demonstra¸c˜ao: Ver [7].
Defini¸c˜ao 1.5 Seja Ω um subconjunto aberto e conexo do Rn e consideremos Γa fronteira
de Ω. Dizemos que Γ ´e de classe Cm se para cada x
∈ Γ existem Ux vizinhan¸ca de x no Rn
e um difeomorfismo de classe Cm
ϕx :Ux →Q, (1.3.1)
onde Q={(x′, x
n)∈Rn×R; 0< xi <1, i= 1,2, . . . , n−1 e −1< xn<1}, tal que
ϕx(Ux∩∁ Ω) =Q− =Q∩Rn−, (1.3.3)
e
ϕx(Ux∩Γ) = Σ0 ={(x′, xn)∈Q;xn= 0}. (1.3.4)
Estamos considerando Rn
+ = {(x1, . . . , xn);xn > 0} e Rn− = {(x1, . . . , xn);xn < 0}. Se
Ux e Uy s˜ao vizinhan¸cas cuja interse¸c˜ao ´e n˜ao vazia ent˜ao, existe um difeomorfismo, com
determinante positivo,
J :ϕx(Ux∩Uy)→ϕy(Ux∩Uy), (1.3.5)
tal que
J(ϕx(z)) =ϕy(z), para cada z ∈Ux∩Uy. (1.3.6)
Sendo Ω limitado, sua fronteira Γ ´e um subconjunto compacto doRn e portanto, existir´a um n´umero finito de vizinhan¸cas U1, . . . , Uk e difeomorfismos ϕj :Uj →Q, com j = 1,2, . . . , k,
verificando as condi¸c˜oes (1.3.2)-(1.3.6) acima.
Defini¸c˜ao 1.6 Um subconjuntoΩn˜ao vazio, aberto, conexo e limitado doRn´e dito bem regular
se Γ =∂Ω for de classe C∞.
Proposi¸c˜ao 1.7 Seja Ω⊂Rn um conjunto aberto e limitado de classe C1. Temos:
i) Se u∈H1(Ω)ev ∈W1,+∞(Ω), ent˜ao uv ∈H1(Ω)e ∂
∂xi
(uv) = ∂u ∂xi
v+u∂v ∂xi
emL2(Ω).
ii) Se u∈H1(Ω) ent˜ao u2 ∈W1,1(Ω) e ∂
∂xi
u2 = 2u∂u
∂xi
em L1(Ω).
iii) Se u∈H1
0(Ω) e v ∈W1,+∞(Ω) ent˜ao
Z
Ω
v ∂ ∂xi
(u2)dx=−
Z
Ω
∂v ∂xi
u2dx.
iv) Se Ω´e um aberto gen´erico, u∈H1
0(Ω) e v ∈W1,+∞(Ω), ent˜ao uv ∈H01(Ω) e
∂ ∂xi
(uv) = ∂u ∂xi
v+u∂v ∂xi
em L2(Ω).
1.3 Espa¸cos de Sobolev 11
Teorema 1.8 (Teorema de Rellich Kondrachov): Seja Ω um subconjunto aberto limi-tado do Rn, de classe C1 e 1≤p≤ ∞. Ent˜ao:
Se p < n ent˜ao W1,p(Ω)֒→c Lq(Ω), ∀q∈[1, p∗), onde 1
p∗ =
1 p −
1 n,
Se p=n ent˜ao W1,p(Ω)֒→c Lq(Ω),
∀q∈[1,+∞), Se p > n ent˜ao W1,p(Ω)֒→c C(Ω).
Demonstra¸c˜ao: Ver [4].
Nota¸c˜ao: ֒→c indica imers˜ao compacta.
Lema 1.9 Seja Ω um dom´ınio limitado do Rn com fronteira Γ de classe Cm. Ent˜ao, existe
um campo de vetores h= (hk)1≤k≤n∈[Cm−1(Ω)]n que verifica,
h(x) =ν(x), para cada x∈Γ,
onde ν ´e a normal exterior e m ∈N ´e tal que m≥1.
Demonstra¸c˜ao: Ver [8].
Teorema 1.10 (Teorema de Aubin-Lions) : Sejam B0, B, B1 trˆes espa¸cos de Banach
tais que B0 ֒→c B ֒→B1, onde B0 e B1 s˜ao reflexivos. Definamos
W =
v;v ∈Lp0(0, T;B
0), v′ =
dv dt ∈L
p1(0, T;B
1)
,
onde 1< p0, p1 <∞, e consideremos W munido da norma
kvkLp0(0,T;B
0)+kv
′
kLp1(0,T;B
1),
o que o torna um espa¸co de Banach. Ent˜ao, a imers˜ao de W em Lp0(0, T;B)´e compacta.
Demonstra¸c˜ao: Ver [12].
Lema 1.11 Sejam H e V espa¸cos de Banach, tais que H ֒→ V. Se u ∈ L1(0, T;H) e
u′ ∈L1(0, T;V) ent˜ao u∈C([0, T];V).
1.4
Topologias Fraca e Fraca
∗
Nesta se¸c˜ao enunciaremos resultados importantes acerca das topologias fraca e fraca-∗ que ser˜ao utilizados ao longo de todo o trabalho.
Defini¸c˜ao 1.12 Seja E um espa¸co de Banach. A topologia fraca σ(E, E′) sobre E ´e a
topologia menos fina sobreE que torna cont´ınuas todas as aplica¸c˜oes f ∈E′.
Seja (xn)n∈Numa sequˆencia de E a qual converge parax emE na topologia fraca
σ(E, E′). Utilizamos, neste caso, a seguinte nota¸c˜ao:
xn⇀ xemE.
Proposi¸c˜ao 1.13 Seja (xn)n∈N uma sequˆencia em E, ent˜ao:
(i) xn⇀ x em E se, e somente se, hf, xni → hf, xi, ∀f ∈E′.
(ii) Se xn →x em E, ent˜ao xn ⇀ xem E.
(iii) Se xn⇀ x em E, ent˜ao kxnkE ´e limitada e kxkE ≤liminfkxnkE.
(iv) Se xn⇀ x em E e fn →f em E′, ent˜ao hfn, xni → hf, xi.
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
SejaE um espa¸co de Banach e sejax∈E fixo. Definamos Jx :E′ →R por
hJx, fi=hf, xi.
As aplica¸c˜oes Jx s˜ao lineares e cont´ınuas, portanto Jx ∈E′′, ∀x∈E.
Definamos, agora, J :E →E′′ tal que J(x) =Jx.
Defini¸c˜ao 1.14 A topologia fraca ∗, tamb´em designada por σ(E′, E), ´e a topologia menos
fina sobre E′ que torna cont´ınuas todas as aplica¸c˜oes J
1.5 Espa¸cos Funcionais `a Valores Vetoriais 13
Proposi¸c˜ao 1.15 Seja (fn)n∈N uma sequˆencia em E′, ent˜ao:
(i) fn ⇀∗ f em E′ se, e somente se, hfn, xi → hf, xi, ∀x∈E.
(ii) Se fn→f em E′, ent˜ao fn ⇀ f em E′.
(iii) Se fn ⇀ f em E′, ent˜ao fn ⇀∗ f em E′.
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
Lema 1.16 Sejam E um espa¸co de Banach reflexivo e (xn)n∈N uma sequˆencia limitada em
E, ent˜ao existe uma subsequˆencia (xnk)k∈N de (xn)n∈N e x∈E, tal que
xnk ⇀ xfracamente emE.
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
Lema 1.17 Sejam E um espa¸co de Banach separ´avel e (fn)n∈N uma sequˆencia limitada em
E′, ent˜ao existe uma subsequˆencia (f
nk)k∈N e f ∈E
′, tal que
fnk ⇀
∗ f emE′.
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
1.5
Espa¸cos Funcionais `
a Valores Vetoriais
Nesta se¸c˜ao iremos determinar os espa¸cos em que s˜ao levados em conta as vari´aveis temporal e espacial, o qual ´e necess´ario para dar sentido a problemas de evolu¸c˜ao.
Para cada t ∈ [0, T] fixo, interpretamos a fun¸c˜ao x7→ u(x, t) como um elemento do espa¸co X. Denotaremos este elemento comou(t)∈X com valores no espa¸co X.
O espa¸co Lp(a, b;X), 1
≤ p < +∞, consiste das fun¸c˜oes (classes) mensur´aveis sobre [a, b] com imagem emX, ou seja, as fun¸c˜oes u: (a, b)→X tais que
kukLp(a,b;X):=
Z b
a
ku(t)kpXdt
1
p
<∞.
O espa¸co L∞(a, b;X) consiste das fun¸c˜oes (classes) mensur´aveis sobre [a, b] com
imagem em X, as fun¸c˜oes u: (a, b)→ X limitadas quase sempre em (a, b). A norma neste espa¸co ´e dada por
kukL∞(a,b;X):= supessku(t)kX.
O espa¸co Cm(a, b;X), m = 0,1, . . . , consiste de todas as fun¸c˜oes cont´ınuas u :
[a, b]→X que possuem derivadas cont´ınuas at´e a ordemm sobre [a, b]. A norma ´e dada por
kuk:=
m
X
i=0
max
t∈[a,b]|u (i)(t)
|.
Vejamos algumas propriedades desses espa¸cos, as quais podem ser encontradas em [20].
Proposi¸c˜ao 1.18 Sejam m = 0,1, . . . , e 1≤p < +∞, X e Y espa¸cos de Banach. (a) Cm(a, b;X) ´e um espa¸co de Banach sobre K.
(b) Lp(a, b;X), 1≤p <+∞ e L∞(a, b;X), s˜ao espa¸cos de Banach sobre K.
(c) O conjunto de todas as fun¸c˜oes escada ´e denso em Lp(a, b;X).
(d) C(a, b;X) ´e denso em Lp(a, b;X) e a imers˜ao C(a, b;X)֒
→Lp(a, b;X) ´e cont´ınua.
(e) Se X ´e um espa¸co de Hilbert com produto escalar(·,·)X, ent˜ao L2(a, b;X)´e tamb´em um
espa¸co de Hilbert com produto escalar
(u, v)L2(a,b;X) :=
Z b
a
(u(t), v(t))Xdt.
(f )Lp(a, b;X)´e separ´avel, se X for separ´avel e 1≤p < +∞.
1.5 Espa¸cos Funcionais `a Valores Vetoriais 15
Lembremos que seU eV s˜ao dois espa¸cos vetoriais topol´ogicos, temos queL(U, V) denota o espa¸co das fun¸c˜oes lineares e cont´ınuas de U em V.
Seguindo a nota¸c˜ao de [11], o espa¸co das distribui¸c˜oes sobre (a, b) com imagem em X, ser´a denotado por
D′(a, b;X).
Logo, D′(a, b;X) = L(D(a, b);X), ou seja, ´e o conjunto de todas as aplica¸c˜oes
lineares e limitadas deD(a, b) emX. Temos a seguinte no¸c˜ao de convergˆencia emD′(a, b;X).
Seja S ∈ D′(a, b;X), logo S :D(a, b) 7→ X ´e linear e se θµ → θ em D(a, b) ent˜ao hS, θµi →
hS, θi em X. Diremos queSν → S em D′(a, b;X) se hSν, θi → hS, θi em X, para todo θ ∈
D(a, b). Cada elemento desse conjunto ´e uma distribui¸c˜ao sobre (a, b) com valores no espa¸co de Banach X.
A derivada dS
dt para S ∈ D
′(a, b;X), ´e definida com um ´unico elemento deste
espa¸co a qual satisfaz
dS
dt, ϕ
=−
S,dϕ dt
∀ϕ∈ D(a, b).
A fun¸c˜ao S7→ dS
dt ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua de D
′(a, b;X) sobre ele mesmo.
Agora, sef ∈L2(a, b;X), definimos ˜f ∈ D′(a, b;X) por
hf , ϕ˜ i=
Z b a
f(t)ϕ(t)dt ∀ϕ ∈ D(a, b)
a fun¸c˜ao f 7→ f˜de L2(a, b;X) → D′(a, b;X) ´e linear e cont´ınua, e ainda ´e injetora e desta
forma identificamos ˜f com f e obtemos
L2(a, b;X)֒→ D′(a, b;X).
O espa¸co L1loc(a, b;X) ´e o espa¸co das fun¸c˜oesu tal que para todo compacto K ⊂ (a, b),uχK pertence `a L
1(a, b;X), onde χ
1.6
Tra¸co em
L
2(0
, T
;
H
m(Ω))
e
H
−1(0
, T
;
H
m(Ω))
O objetivo desta se¸c˜ao ´e o de apresentar alguns Teoremas de Tra¸co ”n˜ao usuais”e resultados t´ecnicos que ser˜ao de grande utilidade no decorrer da resolu¸c˜ao do problema considerado.
No que segue, X representar´a um espa¸co de Hilbert munido do produto interno (·,·)X. Definimos,
H1(0, T;X) = {u;u∈L2(0, T, X) e u′ ∈L2(0, T;X)}, (1.6.1) que munido do produto interno
(u, v)H1(0,T;X) =
Z T 0
(u(t), v(t))Xdt+
Z T 0
(u′(t), v′(t))Xdt,∀u, v ∈H1(0, T;X), (1.6.2)
´e um espa¸co de Hilbert.
A derivada u′ ´e entendida como a derivada de u no sentido das distribui¸c˜oes
vetoriaisD′(0, T;X). Observemos que seu∈H1(0, T;X), existe uma fun¸c˜aou∈C0(0, T;X)
tal que u=u q.s. em ]0, T[ e
u(t)−u(0) =
Z T 0
u′(ξ)dξ. (1.6.3)
Nesse sentido, diremos queu∈C0(0, T;X).
Sendo D(0, T;X) um e.v.t. localmente convexo, constitu´ıdo das fun¸c˜oes ϕ ∈ C0∞(0, T;, X), munido da topologia do limite indutivo, definimos
H01(0, T;X) = D(0, T;X)H
1(0,T;X)
, (1.6.4)
que pode ainda ser caracterizado por
H01(0, T;X) ={u∈H1(0, T;X);u(0) =u(T) = 0}. (1.6.5) N˜ao ´e dif´ıcil constatar, em virtude de (1.6.3) e da caracteriza¸c˜ao dada em (1.6.4), que em H01(0, T;X) as topologias de kukH1(0,T;X) e ku′kL2(0,T;X) s˜ao equivalentes, o que nos permite
considerar em H01(0, T;X) a seguinte topologia, equivalente `a dada em (1.6.2)
1.6 Tra¸co emL2(0, T;Hm(Ω)) e H−1(0, T;Hm(Ω)) 17
Identificando-se o espa¸co L2(0, T;X) com o seu dual via Teorema de Repre-senta¸c˜ao de Riesz, temos a seguinte cadeia
D(0, T;X)֒→H01(0, T;X)֒→L2(0, T;X)֒→H−1(0, T;X)֒→ D′(0, T;X), (1.6.7)
onde ”֒→”designa a imers˜ao cont´ınua e densa de um espa¸co no seguinte e H−1(0, T;X) designa o dual topol´ogico de H01(0, T;X).
Proposi¸c˜ao 1.19 Seja u ∈L2(0, T;X). Ent˜ao existe um ´unico f ∈H−1(0, T;X) que veri-fica
hf, θξi= (hu′, θi, ξ)X, ∀θ∈ D(0, T), ∀ξ∈X.
Isso nos permite identificar u′ com f. Al´em disso, a aplica¸c˜ao
u7→u′, (1.6.8)
´e linear e cont´ınua.
Demonstra¸c˜ao: Ver [15]. ´
E conhecido a existˆencia de uma aplica¸c˜ao tra¸co
γ :Hm(Ω) →
mY−1 j=0
Hm−j−12(Γ), (1.6.9)
linear, cont´ınua, sobrejetora, com n´ucleoHm
0 (Ω) e que admite uma inversa `a direita tamb´em
linear e cont´ınua.
Definamos a aplica¸c˜ao γ : L2(0, T;Hm(Ω))
→ L20, T;Qm−1
j=0 Hm−j−
1 2(Γ)
u 7→ γu, (1.6.10)
dada por (γu)(t) = γ(u(t)), onde γ(u(t)) ´e a aplica¸c˜ao γ dada em (1.6.9) aplicada em u(t) ∈ Hm(Ω). Denotamos as aplica¸c˜oes (1.6.9) e (1.6.10) com o mesmo s´ımbolo para n˜ao
sobrejetora, com n´ucleoL2(0, T;Hm
0 (Ω)), que admite uma inversa `a direitaτlinear e cont´ınua,
isto ´e,
τ :L2 0, T;
mY−1 j=0
Hm−j−12(Γ)
!
7→L2(0, T;Hm(Ω)), γ(τ(η)) = η. (1.6.11)
De forma an´aloga podemos definir
e
γ : H01(0, T;Hm(Ω)) → H1 0
0, T;Qmj=0−1Hm−j−12(Γ)
u 7→ eγu, (1.6.12)
dada por (eγu)(t) = γ(u(t)) e que tem as mesmas propriedades da aplica¸c˜ao (1.6.10).
Proposi¸c˜ao 1.20 Seja u∈L2(0, T;Hm(Ω)) com u′ ∈L2(0, T;Hm(Ω)), ent˜ao γu′ = (γu)′.
Demonstra¸c˜ao: Ver [15].
Seja K = L2(0, T;Hm(Ω)) × L2(0, T;Hm(Ω)) e M o subespa¸co fechado de K
constitu´ıdo dos vetores{α, β} tais que
(α, v)L2(0,T;Hm(Ω))+ (β, v′)L2(0,T;Hm(Ω))= 0,
para todov ∈H01(0, T;Hm(Ω)). Ent˜ao, a aplica¸c˜ao
H−1(0, T;Hm(Ω))
→ M⊥
f 7→ {φ0f, ψf0} (1.6.13)
onde {φ0f, ψ0f} ∈ Ef ´e tal que kfk = k{φ0f, ψf0}k e Ef = {{φf, ψf} ∈ K; (φf, v) + (ψf, v′)
=hf, vi;∀v ∈H01(Ω)}, isto ´e, o conjunto dos{φf, ψf} ∈ Ktais quef =φf−ψf′. A aplica¸c˜ao
definida em (1.6.13) ´e uma isometria linear sobrejetora.
Paraf ∈H−1(0, T;Hm(Ω)) definimos eγf na forma:
heγf, wi=
Z T 0
(γφ0f, w)Qm−1
j=0 H
m−j−1
2(Γ)dt+
Z T 0
(γψf0, w′)Qm−1
j=0 H
m−j−1
2(Γ)dt, (1.6.14)
para todow∈H010, T;Qj=0m−1Hm−j−1 2(Γ)
, que ´e linear e cont´ınua. Assim, temos estabelecido uma aplica¸c˜ao
e
γ : H−1(0, T;Hm(Ω)) → H−10, T;Qm−1
j=0 Hm−j−
1 2(Γ)
f 7→ eγf, (1.6.15)
1.6 Tra¸co emL2(0, T;Hm(Ω)) e H−1(0, T;Hm(Ω)) 19
Proposi¸c˜ao 1.21 Se u∈L2(0, T;Hm(Ω)) ent˜ao,
γu|
H1 0(0,T;
Qm−1
j=0 H
m−j−1
2(Γ)) =eγu.
Demonstra¸c˜ao: Ver [15].
Proposi¸c˜ao 1.22 Se u∈L2(0, T;Hm(Ω)) ent˜ao,
e
γu′ = (γu)′.
Demonstra¸c˜ao: Ver [15].
Teorema 1.23 A aplica¸c˜ao tra¸co (1.6.15) ´e sobrejetora, seu n´ucleo ´e H−1(0, T;Hm 0 (Ω)) e
admite uma inversa `a direita τe: H−1(0, T;Qmj=0−1Hm−j−12(Γ)) → H−1(0, T;Hm(Ω)) linear e
cont´ınua.
Demonstra¸c˜ao: Ver [15].
Teorema 1.24 Sejam 1 ≤ p < n e q = npn−−pp ent˜ao, existe uma ´unica aplica¸c˜ao linear cont´ınua γe0 :W1,p(Ω)→Lp(Γ) tal que γe0 =u
Γ para cada u∈C
∞(Ω). Al´em disso, ´e v´alida
a f´ormula de Gauss, a saber,
Z
Ω
u∂v ∂xi
dx=−
Z
Ω
∂u ∂xi
vdx+
Z
Γ
uγ0vνidΓ,∀v ∈W1,p(Ω). (1.6.16)
Demonstra¸c˜ao: Ver [9].
Teorema 1.25 Sejap≥nent˜ao, para todoq≥1existe uma ´unica aplica¸c˜ao linear cont´ınua,
e
γ0 :W1,p(Ω)→Lq(Γ), tal que eγ0u=
Γ para toda u∈C
∞(Ω).
Lema 1.26 Seja Ω⊂ Rn aberto limitado de classe C2 e consideremos ϕ
∈H2(Ω)∩H01(Ω). Ent˜ao
γ0
∂ϕ ∂xi
=νiγ1(ϕ),
ondeγ0 :H1(Ω)→H
1
2(Γ)eγ1 :H2(Ω) →H 1
2(Γ)s˜ao as aplica¸c˜oes tra¸co e tra¸co da derivada normal usuais.
Demonstra¸c˜ao: Ver [15].
Seja Ω aberto limitado de classeC1 e consideremos
γ0 :H1(Ω)→H
1
2(Γ) e eγ0 :W1,1(Ω)→L1(Γ)
onde γ0 ´e a aplica¸c˜ao tra¸co usual e eγ0 ´e a aplica¸c˜ao tra¸co aludida no Teorema 1.24. Ora, do
fato que
γ0ϕ=eγ0ϕ, para cada ϕ ∈C1(Ω),
e ainda comoH1(Ω) ⊂W1,1(Ω) eC1(Ω) ´e denso emH1(Ω) resulta que as aplica¸c˜oes coincidem em H1(Ω). Al´em disso,
e
γ0(uv) =eγ0uγe0v, para cada u, v ∈H1(Ω).
Em particular,
e
γ0(u2) = (eγ0u)2 = (γ0u)2, para cada u∈H1(Ω). (1.6.17)
Do exposto acima, temos o seguinte resultado
Corol´ario 1.27 Seja Ω ⊂ Rn aberto limitado de classe C2 e consideremos ϕ ∈ H1 0(Ω)∩
H2(Ω). Ent˜ao,
e
γ0(|∇ϕ|2) = (γ1(ϕ))2 em Γ.
1.7 Uma Breve Revis˜ao Sobre Semigrupos Lineares 21
1.7
Uma Breve Revis˜
ao Sobre Semigrupos Lineares
Relembraremos alguns conceitos e resultados provenientes da teoria geral de se-migrupos lineares. Iniciaremos com v´arias defini¸c˜oes gerais e, em seguida, enunciaremos os resultados que nos interessam ao longo desta disserta¸c˜ao. Nesta se¸c˜ao, (X,|| · ||X) sempre
mencionar´a um espa¸co de Banach, (H,|| · ||H,(·,·)H) um espa¸co de Hilbert e (L(X, X),|| · ||)
o espa¸co dos operadores lineares e cont´ınuos emX.Mais detalhes podem ser encontrados em [6], [13], [16] e [21].
Defini¸c˜ao 1.28 Um operador linear n˜ao limitado em X ´e um par (D, A), onde D ´e um subespa¸co de X e A ´e uma aplica¸c˜ao linear D → X. Se sup{kAxk;x ∈ D e kxk ≤ 1} < +∞, dizemos que A ´e limitado. Se sup{kAxk;x ∈D e kxk ≤1}= +∞, dizemos que A ´e ilimitado.
Defini¸c˜ao 1.29 Seja (D, A) um operador linear n˜ao limitado em X. O dom´ınioD(A)de A
´e o conjunto
D(A) =D,
a imagem R(A) de A ´e o conjunto
R(A) =A(D)
e o gr´afico G(A) de A ´e o conjunto
G(A) ={(x, f)∈X×X;x∈D e f =Ax}.
Observa¸c˜ao 1.30 Quando n˜ao houver risco de confus˜ao, um operador linear n˜ao limitado em X ser´a chamado operador linear emX ou somente operador de X.
kx+λAxk ≥ kxk,
para cada x∈D(A) e cada λ >0.
Defini¸c˜ao 1.32 Um operador Aem X ´e m-acretivo se as seguintes propriedades s˜ao v´alidas:
i) A ´e acretivo;
ii) para cada λ >0 e cada f ∈X, existe x∈D(A) tal que x+λAx =f.
Lema 1.33 Se A ´e um operador m-acretivo em X, ent˜ao para cada λ > 0 e cada f ∈ X, existe uma ´unica solu¸c˜ao, da equa¸c˜ao
x+λAx=f.
Demonstra¸c˜ao: Ver [2].
Proposi¸c˜ao 1.34 Se A ´e um operador acretivo em X, ent˜ao as seguintes propriedades s˜ao equivalentes:
i) A ´e m-acretivo;
ii) existe λ0 > 0 tal que, para cada f ∈ X, existe uma solu¸c˜ao x ∈ D(A) da equa¸c˜ao
x+λ0Ax =f.
Demonstra¸c˜ao: Ver [2].
Observa¸c˜ao 1.35 SejaAum operador acretivo emX. A fim de verificar queA´e m-acretivo temos, em princ´ıpio, que resolver a equa¸c˜ao x+λAx=f, para cada f ∈X e todo λ >0. A Proposi¸c˜ao 1.34 nos diz que devemos resolver a equa¸c˜ao para cadaf ∈X e algum λ >0.
1.7 Uma Breve Revis˜ao Sobre Semigrupos Lineares 23
Lema 1.36 Se A ´e um operador linear em H as seguintes propriedades s˜ao equivalentes:
i) A ´e acretivo;
ii) (Ax, x)≥0, para cada x∈D(A).
Demonstra¸c˜ao: Ver [2].
Corol´ario 1.37 Se A ´e um operador m-acretivo em H, ent˜ao D(A)´e denso em X.
Demonstra¸c˜ao: Ver [2]
Antes de prosseguirmos, recordemos a defini¸c˜ao do operador adjunto.
Seja X um espa¸co de Banach e A : D(A) ⊂ X → X um operador linear. Definindo-se
D(A∗) = {u∗ ∈X′; existe v∗ ∈X′ que verifica hu∗, Aui=hv∗, ui para cada u∈D(A)}.
´
E bem sabido que se D(A) ´e denso em X ent˜ao, cada u∗ corresponde um ´unico v∗, o que nos permite definir o adjunto de A pondo-se
A∗ : D(A∗)⊂X′ → X′
u∗ 7→ v∗
Observe que A∗ ´e claramente linear.
Observa¸c˜ao 1.38 Se A ´e m-acretivo em H ent˜ao, D(A)´e denso em H e portanto, A∗ est´a bem definido.
Defini¸c˜ao 1.39 Um operadorAem X com dom´ınio denso ´e dito sim´etrico (respectivamente, anti-sim´etrico) se G(A) ⊂ G(A∗) (respectivamente, G(A) ⊂ G(−A∗)). Um operador A em
Lema 1.40 Se A ´e um operador m-acretivo em H, as seguintes propriedades s˜ao equivalen-tes:
i) A ´e anti-adjunto;
ii) (Ax, x) = 0, para cada x∈D(A); iii) −A ´e m-acretivo.
Demonstra¸c˜ao: Ver [2].
Defini¸c˜ao 1.41 Uma fam´ılia {S(t)}t≥0 de operadores lineares e limitados definida sobre um espa¸co de Banach X ´e chamada de semigrupo de classe C0 quando
(i) S(0) =I :X →X (Operador Identidade em X);
(ii) S(t+s) = S(t)S(s), para cada t, s ≥0;
(iii) a aplica¸c˜ao t7→S(t)x ´e cont´ınua em [0,+∞)→X, para cada x∈X.
Defini¸c˜ao 1.42 Um operador A ´e chamado de gerador infinitesimal de um semigrupo
{S(t)}t≥0 quando A ´e definido como
D(A) =
x∈X lim
t→0+
S(t)x−x
t existe
e para cada x∈D(A) temos
Ax= lim
t→0+
S(t)x−x
t .
As vezes, diz-se tamb´em que o semigrupo S(t)´e gerado por A .
Defini¸c˜ao 1.43 Um semigrupo {S(t)}t≥0 ´e chamado de uniformemente limitado se existe uma constante M ≥1 tal que
||S(t)|| ≤M, ∀ t≥0.
1.7 Uma Breve Revis˜ao Sobre Semigrupos Lineares 25
Defini¸c˜ao 1.45 Uma fam´ılia {S(t)}t∈R de operadores lineares e limitados definida sobre um
espa¸co de Banach X ´e chamada de grupo de operadores lineares limitados ou (grupo de isometrias) quando
(i) S(0) =I :X →X (Operador Identidade em X);
(ii) S(t+s) = S(t)S(s), para cada t, s ∈R;
(iii) a aplica¸c˜ao t7→S(t)x ´e cont´ınua em R→X, para cada x∈X; (iv) kS(t)xk=kxk, para cada t∈R e para cada x∈X.
Observa¸c˜ao 1.46 De forma an´aloga, define-se o gerador infinitesimal de um grupo de iso-metrias. ´E f´acil ver que se −A ´e o gerador infinitesimal de um grupo de isometrias, ent˜ao,
a restri¸c˜ao de −A a R+ ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo de contra¸c˜oes.
Teorema 1.47 (Stone) Um operador linear A de um espa¸co de Hilbert H ´e o gerador infinitesimal de um grupo de isometrias se, e somente se, A∗ =−A.
Demonstra¸c˜ao: Ver [2].
Como ´e bem conhecido, a teoria geral de semigrupos nos permite estudar proble-mas de valor inicial para equa¸c˜oes de evolu¸c˜ao abstratas do tipo
( ∂u
∂t(t) +Au(t) = 0 t≥0, u(0) =x,
(1.7.18)
onde A ´e um operador linear com dom´ınio D(A) ⊂ X, sendo X um espa¸co de Banach (ou Hilbert).
Teorema 1.48 Seja −A o gerador infinitesimal de um semigrupo {S(t)}t≥0 de classe C0.
Ent˜ao, para cada x∈D(A), u(t) =S(t)x ´e a ´unica solu¸c˜ao do problema
( ∂u
∂t(t) +Au(t) = 0 para cada t ∈R
+,
u(0) =x.
Demonstra¸c˜ao: Ver [2].
Teorema 1.49 Seja−Ao gerador infinitesimal de um grupo de isometrias{S(t)}t∈R. Ent˜ao,
para cada x∈D(A), u(t) = S(t)x ´e a ´unica solu¸c˜ao do problema
( ∂u
∂t(t) +Au(t) = 0 para cada t∈R, u(0) = x.
Al´em disso, u∈C(R;D(A))∩C1(R;X).
Demonstra¸c˜ao: Ver [2].
Teorema 1.50 Seja −A o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0, T > 0,
x∈D(A), f ∈L1(0, T;D(A)) e seja u: [0, T]→X definida por
u(t) = S(t)x+
Z t 0
S(t−s)f(s)ds, (1.7.19)
onde (S(t))t≥0 ´e o semigrupo gerado por A. Ent˜ao, u∈C(0, T;D(A))∩W1,1(0, T;X) e ´e a
´
unica solu¸c˜ao do problema
∂u
∂t(t) +Au(t) = f(t), para quase todo t∈[0, T], u(0) = x.
(1.7.20)
Demonstra¸c˜ao: Ver [2]
Teorema 1.51 Seja −A o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0, T > 0,
f ∈C(0, T;D(A))e seja udefinido como em (1.7.19). Ent˜ao,u∈C(0, T;D(A)) e ´e a ´unica solu¸c˜ao do problema
∂u
∂t(t) +Au(t) = f(t), para todo t∈[0, T], u(0) = x.
(1.7.21)
Al´em disso, u∈C(0, T;D(A))∩C1(0, T;X).
Cap´ıtulo
2
Controle Exato da Equac¸ ˜ao da Onda
Com Potencial
No decorrer deste Cap´ıtulo, todos os espa¸cos envolvidos ser˜ao sobre o corpo dos n´umero reais. Seja Ω um subconjunto aberto, limitado e conexo do Rn, com fronteira Γ, T >0 um n´umero arbitr´ario, por´em fixado e Q o cilindro Ω×]0, T[ cuja fronteira lateral Σ ´e dada por Γ×]0, T[. EmQ, consideremos a equa¸c˜ao da onda com potencial com condi¸c˜ao de fronteira n˜ao homogˆenea do tipo Dirichlet
∂2y
∂t2 −∆y+q(x)y= 0 em Q, y =v em Σ,
y(x,0) = y0(x),
∂y
∂t(x,0) = y1(x) em Ω,
(2.0.1)
onde {y0, y1} s˜ao dados iniciais, q ∈ L∞(Ω) ´e uma fun¸c˜ao n˜ao negativa e v ´e a vari´avel de
controle, isto ´e, atuamos sobre o sistema (2.0.1) atrav´es da fronteira Σ.
O problema de controlabilidade exata para o sistema (2.0.1) consiste do seguinte ”Encontrar T0 > 0 e um espa¸co de Hilbert H, convenientes, de modo que para
todo{y0, y1} ∈H exista um controlev tal que a solu¸c˜ao y de (2.0.1) satisfa¸ca a condi¸c˜ao
y(x, T) = ∂y
para algumT > T0”. Se isso ´e poss´ıvel, dizemos que o sistema ´e exatamente controlado a
par-tir do instanteT0.
Do exposto acima formulamos o problema de controlabilidade exata no caso em quev age sobre todo o bordo Σ. Uma quest˜ao essencial ´e a controlabilidade exata do sistema sob a a¸c˜ao de um controle atuando em uma parte do bordo, isto porque ´e interessante a controlabilidade exata de sistema com um m´ınimo de a¸c˜ao sobre sua fronteira. Consideremos, ent˜ao, uma parte aberta e n˜ao vazia Σ0 = Γ0×]0, T[ de Σ e o novo sistema em quest˜ao
∂2y
∂t2 −∆y+q(x)y= 0 em Q,
y =
v em Σ0
, 0 em Σ\Σ0
y(x,0) = y0(x),
∂y
∂t(x,0) = y1(x) em Ω.
(2.0.3)
Analogamente, o problema ´e o seguinte
”EncontrarT0 >0 e um espa¸co de HilbertHde modo que para todo par{y0, y1} ∈
H exista um controle v definido sobre Σ0 tal que se y ´e solu¸c˜ao de (2.0.3) ent˜ao as seguintes
condi¸c˜oes s˜ao satisfeitas,
y(x, T) = ∂y
∂t(x, T) = 0, para algumT > T0”.
Utilizaremos na resolu¸c˜ao do problema acima um m´etodo desenvolvido por J. L. Lions denominado H.U.M (Hilbert Uniqueness Method) .
2.1
Alguns Resultados Sobre Existˆ
encia e Unicidade da
Equa¸c˜
ao da Onda com Potencial
2.1 Alguns Resultados Sobre Existˆencia e Unicidade da Equa¸c˜ao da Onda com Potencial 29
por Γ×]0, T[. Nesta se¸c˜ao, estaremos vamos mostrar a existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao do
problema
∂2u
∂t2 −∆u+q(x)u=f em Q, u= 0 em Σ,
u(0) =u0,∂u
∂t(0) =u
1 em Ω.
(2.1.1)
Defini¸c˜ao 2.1 A energia associada a equa¸c˜ao (2.1.1) ´e definida por
E(t) = 1 2
Z
Ω|∇
u(x, t)|2+q(x)|u(x, t)|2+|ut(x, t)|2dx, t∈R. (2.1.2)
Lema 2.2 Seja Ωum dom´ınio limitado de classe C2 e q∈L∞(Ω) uma fun¸c˜ao n˜ao negativa. A aplica¸c˜ao
((·,·)) : H01(Ω)×H01(Ω) −→ R
(u, v) 7→ (∇u,∇v)L2(Ω)+ (√qu,√qv)L2(Ω) define um produto interno em H01(Ω). Al´em disso, a norma k · kV = ((·,·))
1
2 ´e equivalente `a
usual em H01(Ω).
Demonstra¸c˜ao: Para cada u, v, w ∈ H01(Ω) e α, β ∈ R, as seguintes condi¸c˜oes s˜ao facil-mente verificadas
i) ((αu+βv, w)) =α((u, w)) +β((v, w)), ii) ((u, αv+βw)) =α((u, v)) +β((v, w)), iii) ((u, u))≥0,
iv) u= 0 ⇔((u, u)) = 0.
Isto prova que ((·,·)) : H1
0(Ω)×H01(Ω) → R define um produto interno sobre H01(Ω). Pela
desigualdade de Poincar´e,
Z
Ω|∇
u(x)|2dx ≤
Z
Ω|∇
u(x)|2+|pq(x)u(x)|2dx≤(1 +Ckqk∞)
Z
Ω|∇
o que prova a equivalˆencias das normas
kukH1 0(Ω) =
Z
Ω|∇
u(x)|2dx
1 2
e kukV =
Z
Ω|∇
u(x)|2+|pq(x)u(x)|2dx
1 2
.
Lema 2.3 Seja Ω um dom´ınio limitado de classe C2. Para cada f ∈ H−1(Ω) existe uma ´
unica solu¸c˜ao,u∈H01(Ω), da equa¸c˜ao
−∆u+q(x)u=f em H−1(Ω), (2.1.3)
onde q∈L∞(Ω) ´e uma fun¸c˜ao n˜ao negativa. Al´em disso,
kfkH−1(Ω) =kukV. (2.1.4)
Demonstra¸c˜ao: Defina a(·,·) : H1
0(Ω)×H01(Ω) −→ R
(u, v) 7→ (∇u,∇v)L2(Ω)+ (√qu,√qv)L2(Ω)
Note que a(·,·) ´e bilinear. Temos tamb´em que a(·,·) ´e cont´ınua, pois
|a(u, v)|=|((u, v))| ≤ kukVkvkV, para cada u, v ∈H01(Ω).
Por fim,
|a(u, u)|=kuk2V para cada u∈H01(Ω), o que mostra quea(·,·) ´e coerciva.
Pelo Teorema de Lax-Milgram, para cada f ∈ H−1(Ω), existe uma ´unica u ∈ H01(Ω), tal que
a(u, v) = hf, viH−1(Ω)H1
0(Ω), para cada v ∈H
1 0(Ω).
Donde,
Z
Ω∇
u(x)∇v(x) +pq(x)u(x)pq(x)v(x)dx=hf, vi, para cada v ∈ D(Ω). (2.1.5) Portanto,
2.1 Alguns Resultados Sobre Existˆencia e Unicidade da Equa¸c˜ao da Onda com Potencial 31
Comof ∈H−1(Ω) e qu∈L2(Ω), temos que−∆u∈H−1(Ω), o que implica que
−∆u+qu=f em H−1(Ω).
Segue de (2.1.5) que
|hf, vi| ≤ kukVkvkV, para cada v ∈H01(Ω),
o que nos diz que
kfkH−1(Ω) ≤ kukV. (2.1.6)
Tomandov =u em (2.1.5), temos
kuk2V ≤ kfkH−1(Ω)kukV.
Ent˜ao, para u6= 0, tem-se
kukV ≤ kfkH−1(Ω). (2.1.7)
Para o caso u = 0, isto ´e trivial. Combinando (2.1.6) e (2.1.7), obtemos que kukV =
kfkH−1(Ω).
Observa¸c˜ao 2.4 Algumas aplica¸c˜oes simples do Lema 2.3:
i) Segue do Lema 2.3 que o operador −∆ +qI define uma isometria de H01 em H−1(Ω). ii) Segue de (2.1.4) que podemos definir um produto interno em H−1(Ω) dado por
(u, v)H−1(Ω) = (((−∆ +qI)−1u,(−∆ +qI)−1v)).
SejaH=H01(Ω)×L2(Ω). Defina o operador A em H por
D(A) = H01(Ω)∩H2(Ω)×H01(Ω),
A(u, v) = (−v,−∆u+qu), para cada (u, v)∈D(A). (2.1.8)
Demonstra¸c˜ao: Seja U ∈D(A) e escrevaU = (u, v). Ent˜ao, pelo Teorema de Green (AU, U)H = ((−v,−∆u+qu),(u, v))H1
0(Ω)×L2(Ω)
= ((−v, u))H01(Ω)+ (−∆u+qu, v)L2(Ω)
= −
Z
Ω∇
v· ∇u+√qv√qudx
+
Z
Ω
(−∆u+qu)vdx =
Z
Ω
(∆uv−quv)dx
Z
Ω
(−∆u+qu)vdx = 0.
Logo, A´e acretivo.
Vamos verificar agora queA ´e m-acretivo. DadoF = (f, g)∈ H, a equa¸c˜ao
U +AU =F, ´e equivalente a
(u, v) + (−v,−∆u+qu) = (f, g). Ou ainda,
u−v =f em H01(Ω),
−∆u+v+qu =g em L2(Ω). (2.1.9) O sistema (2.1.9) ´e equivalente a
−∆u+ (1 +q)u=f+g,
v =u−f. (2.1.10)
Pelo Lema 2.3, existe uma ´unicau∈H01(Ω) resolvendo a primeira equa¸c˜ao de (2.1.10). Como f+g ∈L2(Ω), vem que
−∆u=f+g−(1 +q)u∈L2(Ω)
e, assim,u∈H2(Ω). Agora, v dada pela segunda equa¸c˜ao de (2.1.10) pertence aH01(Ω). Do Lema 1.40, segue queA ´e anti-adjunto.
SejaX =L2(Ω)×H−1(Ω). Defina o operador B em X por
D(B) = H01(Ω)×L2(Ω),
B(u, v) = (−v,−∆u+qu), para cada (u, v)∈D(B). (2.1.11)
2.1 Alguns Resultados Sobre Existˆencia e Unicidade da Equa¸c˜ao da Onda com Potencial 33
Demonstra¸c˜ao: SejaU = (u, v)∈D(B). Sejaw∈H01(Ω) a ´unica solu¸c˜ao de−∆w+qw=v em H−1(Ω) dada pelo Lema 2.3. Ent˜ao,
(BU, U)X = ((−v,−∆u+qu),(u, v))X
= (−v, u)L2(Ω)+ (−∆u+qu, v)H−1(Ω)
= (−v, u)L2(Ω)+ ((u,(−∆ +Iq)−1v))
= (−v, u)L2(Ω)+ ((u, w))
= (−v, u)L2(Ω)+
Z
Ω∇
u· ∇w+√qu√qwdx = (−v, u)L2(Ω)+h−∆w+qw, uiH−1(Ω),H1
0(Ω)
= (−v, u)L2(Ω)+hv, uiH−1
(Ω),H1 0(Ω)
= 0.
Vamos verificar agora queB ´e m-acretivo. DadoF = (f, g)∈X, a equa¸c˜ao
U +BU =F,
´e equivalente a
(u, v) + (−v,−∆u+qu) = (f, g). Ou ainda,
u−v =f,
−∆u+v+qu=g. (2.1.12)
O sistema (2.1.12) ´e equivalente a
−∆u+ (1 +q)u=f+g,
v =u−f. (2.1.13)
Pelo Lema 2.3, existe uma ´unica u ∈ H1
0(Ω) satisfazendo a primeira equa¸c˜ao de (2.1.13).
Agora,v dada pela segunda equa¸c˜ao de (2.1.13) pertence aL2(Ω). Do Lema 1.40, segue que
B´e anti-adjunto.
Teorema 2.7 Sejam u0 ∈ H1
negativa. Ent˜ao o problema
∂2u
∂t2 −∆u+q(x)u= 0 em Ω×R, u= 0 em Γ×R,
u(0) =u0,∂u
∂t(0) =u
1 em Ω,
admite uma ´unica solu¸c˜ao u na classe
C(R;H1
0(Ω)∩H2(Ω))∩C1(R;H01(Ω))∩C2(R;L2(Ω)). (2.1.14)
Al´em disso, para cada t∈R, a seguinte identidade ´e verificada
E(t) = E(0), para cada t ∈R. (2.1.15)
Demonstra¸c˜ao: Seja H=H1
0(Ω)×L2(Ω). Defina o operador A em H por
D(A) =H1
0(Ω)∩H2(Ω)×H01(Ω),
A(u, v) = (−v,−∆u+qu), para cada (u, v)∈D(A).
Pela Proposi¸c˜ao 2.5 A ´e anti-adjunto. Pelo Teorema de Stone, −A ´e o gerador infinitesimal de um grupo de isometrias {S(t)}t∈R.
Pelo Teorema 1.49, para cada U0 = (u0, u1) ∈ D(A), existe uma ´unica fun¸c˜ao
U(·) = S(·)U0 :R→ H, solu¸c˜ao do problema
( ∂U
∂t(t) +AU(t) = 0 para cada t∈R, U(0) =U0.
Al´em disso, U ∈C(R;D(A))∩C1(R;H). Pondo, U(t) = (u(t), v(t)), temos ∂U
∂t (t) +AU(t) =
∂u ∂t(t),
∂v ∂t(t)
+ (−v(t),−∆u(t) +qu(t)) = 0. (2.1.16)
De (2.1.16), conclu´ımos quev = ∂u ∂t e
∂2u
∂t2(t)−∆u(t) +qu(t) = 0, para cada t∈R.
ComoU ∈C(R;D(A))∩C1(R;H), vem que
2.1 Alguns Resultados Sobre Existˆencia e Unicidade da Equa¸c˜ao da Onda com Potencial 35
Donde conclu´ımos que, u∈C(R;H1
0(Ω)∩H2(Ω))∩C1(R;H01(Ω))∩C2(R;L2(Ω)).
Comou∈C1(R;H1
0(Ω)) segue queγu(t) = 0, para cadat ∈R, ondeγ :H1(Ω)→
H12(Γ) ´e a aplica¸c˜ao tra¸co usual.
Considerando sobre H01(Ω) a norma induzida pelo produto interno ((·,·)) e uti-lizando o fato que −A ´e o gerador infinitesimal de um grupo de isometrias, dado t ∈ R, temos
kS(t)U0kH01(Ω)×L2(Ω) = kU0kH1
0(Ω)×L2(Ω),
k(u(t), ut(t))kH1
0(Ω)×L2(Ω) = k(u
0, u1)
kH1
0(Ω)×L2(Ω),
k(u(t), ut(t))k2H1
0(Ω)×L2(Ω) = k(u
0, u1)
k2H1
0(Ω)×L2(Ω),
ku(t)k2H1
0 +kut(t)k
2
L2(Ω = ku0k2H1 0 +ku
1
k2L2(Ω,
Z
Ω|∇
u(x, t)|2+q(x)|u(x)|2+|ut(x, t)|2dx =
Z
Ω|∇
u0(x)|2+q(x)|u0(x)|2 +|u1(x)|2dx, 1
2
Z
Ω|∇
u(x, t)|2+q(x)|u(x)|2+|ut(x, t)|2dx =
1 2
Z
Ω|∇
u0(x)|2+q(x)|u0(x)|2+|u1(x)|2dx, E(t) = E(0),
como quer´ıamos demonstrar.
Teorema 2.8 Sejam u0 ∈ H1
0(Ω), u1 ∈ L2(Ω) e q ∈ L∞(Ω) uma fun¸c˜ao n˜ao negativa. O
problema
∂2u
∂t2 −∆u+q(x)u= 0 em Ω×R, u= 0 em Γ×R,
u(0) =u0,∂u
∂t(0) =u
1 em Ω,
admite uma ´unica solu¸c˜ao u na classe
C(R;H1
0(Ω))∩C1(R;L2(Ω))∩C2(R;H−1(Ω)). (2.1.17)
Al´em disso, para cada t∈R, a seguinte identidade ´e verificada,
Demonstra¸c˜ao: Seja X =L2(Ω)×H−1(Ω). Defina o operador B em X por
D(B) =H1
0(Ω)×L2(Ω),
B(u, v) = (−v,−∆u+qu), para cada (u, v)∈D(B).
Pela Proposi¸c˜ao 2.5 B ´e anti-adjunto. Pelo Teorema de Stone, −B ´e o gerador infinitesimal de um grupo de isometrias {S(t)}t∈R.
Pelo Teorema 1.49, para cada U0 = (u0, u1) ∈ D(B), existe uma ´unica fun¸c˜ao
U(·) = S(·)U0 :R→ H, solu¸c˜ao do problema
( ∂U
∂t(t) +BU(t) = 0 para cada t∈R, U(0) =U0.
Al´em disso, U ∈C(R;D(B))∩C1(R;X). Pondo, U(t) = (u(t), v(t)), temos ∂U
∂t (t) +BU(t) =
∂u ∂t(t),
∂v ∂t(t)
+ (−v(t),−∆u(t) +qu(t)) = 0. (2.1.19)
De (2.1.19), conclu´ımos quev = ∂u ∂t e
∂2u
∂t2(t)−∆u(t) +qu(t) = 0, para cada t∈R.
ComoU ∈C(R;D(B))∩C1(R;X), vem que
(u, ut)∈C(R;H01(Ω)×L2(Ω))∩C1(R;L2(Ω)×H−1(Ω)).
Donde conclu´ımos que,
u∈C(R;H1
0(Ω))∩C1(R;L2(Ω))∩C2(R;H−1(Ω)).
Comou∈C(R;H1
0(Ω)) segue queγu(t) = 0, para cada t∈R, onde γ :H1(Ω)→
H12(Γ) ´e a aplica¸c˜ao tra¸co usual.
Para verificar a identidade (2.1.18), notemos inicialmente que kS(t)U0kH1
0(Ω)×L2(Ω) = kS(t)U0kL2(Ω)×H
−1(Ω)+kBS(t)U0kL2(Ω)×H−1(Ω)
= kS(t)U0kL2(Ω)×H−1(Ω)+kS(t)BU0kL2(Ω)×H−1(Ω)
= kU0kL2(Ω)×H−1(Ω)+kBU0kL2(Ω)×H−1(Ω)
2.1 Alguns Resultados Sobre Existˆencia e Unicidade da Equa¸c˜ao da Onda com Potencial 37
onde, nas igualdades acima, utilizamos o fato que−B´e o gerador infinitesimal de um grupo de isometrias. Munindo H1
0(Ω) da norma induzida pelo produto interno ((·,·)), segue a
identidade desejada em (2.1.18).
Teorema 2.9 Sejam T > 0, u0 ∈ H01(Ω) ∩ H2(Ω), u1 ∈ H1
0(Ω), f ∈ L1(0, T;H01(Ω)) e
q∈L∞(Ω) uma fun¸c˜ao n˜ao negativa. O problema
∂2u
∂t2 −∆u+q(x)u=f em Ω×]0, T[, u= 0 em Γ×]0, T[,
u(0) =u0,∂u
∂t(0) =u
1 em Ω,
(2.1.20)
admite uma ´unica solu¸c˜ao u na classe
C(0, T;H01(Ω)∩H2(Ω))∩C1(0, T;H01(Ω)) e utt ∈L1(0, T;L2(Ω)). (2.1.21)
Al´em disso, para cada t∈R, as seguintes desigualdades s˜ao verificadas
E(t) ≤ 2(E(0) +kfk2L1(0,T;L2(Ω))), (2.1.22)
ES(t) ≤ 2(ES(0) +
kfk2L1(0,T;H1
0(Ω))), (2.1.23)
onde ES(t) = 1 2
Z
Ω|
∆u(x, t)|2+|∇ut(x, t)|2+|
p
q(x)ut(x, t)|2dx.
Demonstra¸c˜ao: O problema (2.1.20) pode ser reescrito como
( ∂U
∂t(t) +AU(t) =g(t) para quase todo t∈]0, T[, U(0) =U0,
(2.1.24)
onde A:D(A)→ H=H1
0(Ω)×L2(Ω) ´e o operador definido por
D(A) = H1
0(Ω)∩H2(Ω)×H01(Ω),
A(u, v) = (−v,−∆u+qu), para cada (u, v)∈D(A) e
g : [0, T] −→ H1
0(Ω)∩H2(Ω)×H01(Ω)