UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR ´
A
CENTRO DE CIˆ
ENCIAS
DEPARTAMENTO DE MATEM ´
ATICA
CURSO DE P ´
OS-GRADUAC
¸ ˜
AO EM MATEM ´
ATICA
MESTRADO EM MATEM ´
ATICA
J
Q
O
GR ´
AFICOS RADIAIS COMPLETOS SOBRE
S
n+1Jobson de Queiroz Oliveira
GR ´
AFICOS RADIAIS COMPLETOS SOBRE
S
n+1Disserta¸c˜ao submetida `a Coordena¸c˜ao do Curso de P´os-Gradua¸c˜ao em Ma-tem´atica, da Universidade Federal do Cear´a, para obten¸c˜ao do grau de Mestre em Matem´atica.
Orientador: Prof. Dr. Abdˆenago Alves de Barros.
Oliveira, Jobson de Queiroz
O47g Gr´aficos Radiais Completos Sobre Sn+1 Jobson de Queiroz Oliveira. - Fortaleza: 2007.
32f. Orientador: Prof. Dr. Abdˆenago Alves de Barros.
3
Agradecimentos
Gostaria de agradecer inicialmente ao professor Abdˆenago Barros por ter aceitado me orientar e pela paciˆencia durante este per´ıodo.
Ao professor Pacelli Bessa, por seus conselhos.
Ao professor Luqu´esio Jorge por mostrar que Matem´atica deve ser um prazer e n˜ao um trabalho.
`
A Andr´ea pela eficiˆencia e paciˆencia.
Aos amigos: Alisson, Carpegiani, C´ıcero, Darlan Gir˜ao, Darlan Portela, Feliciano, Gleydson, Ivy, Jˆanio, Joserlan, Luiza, Michel, Paulo, Ronny, Silvana, Tony.
.
“O rio atinge seus objetivos porque
apren-deu a contornar obst´aculos.”
Resumo
Seja Sn+1 a esfera euclidiana n+1-dimensional e p0 ∈ Sn+1. Dado r > 0, considere o conjunto Sn(r) = {q ∈ Sn+1
; dist (q,p0) = r}. Seja Mn ⊂ Sn+1
gr´afico radial completo sobre Sn(r). Demonstraremos que se Mn tem
Sum´ario
1 Introduc¸˜ao 9
2 Preliminares 12
2.1 Curvaturas . . . 13 2.2 Gradiente, Divergente e Laplaciano . . . 14 2.3 Campos de Jacobi em variedades com curvatura constante . 19 2.4 Imers ˜oes Isom´etricas . . . 20
3 A Primeira F ´ormula Integral de Minkowski 25
3.1 Func¸˜ao Suporte . . . 25 3.2 Laplaciano da Func¸˜ao Suporte . . . 29
4 Gr´aficos Radiais 36
4.1 Gr´aficos Radiais . . . 36
Cap´ıtulo 1
Introduc¸˜ao
O estudo de superf´ıcies compactas com curvatura m´edia constante no espac¸o euclidiano tridimensional foi um dos principais problemas da Ge-ometria Diferencial Cl´assica. Um dos primeiros resultados acerca desse problema, devido a Delanay, diz que toda superf´ıcie de revoluc¸˜ao com-pacta com curvatura m´edia constante ´e uma esfera redonda. Em 1853, Jellet mostrou que toda superf´ıcie estreladaM⊂R3, com curvatura m´edia constante ´e uma esfera redonda. Posteriormente, Hopf mostrou que se uma superf´ıcie Σ ⊂ R3 com curvatura m´edia constante ´e homeomorfa a uma
esfera, ent˜aoΣtamb´em ´e uma esfera redonda. A generalizac¸˜ao das curva-turas m´edia e gaussiana para uma hipersuperf´ıcieMnno espac¸o euclidiano (n+1)-dimensional s˜ao as r-´esimas curvaturas m´ediasHr,r = 1, . . . ,n, que s˜ao definidas pelos r-´esimos polin ˆomios sim´etricos elementares avaliados nas curvaturas principais de Mn. Posteriormente, S ¨uss (1952) mostrou que se uma hipersuperf´ıcie Mn no espac¸o euclidiano ´e compacta,
con-vexa, com Hr constante, para algumr = 1, . . . ,n, ent˜ao Mn ´e uma esfera.
A demonstrac¸˜ao de S ¨uss baseia-se nas f ´ormulas integrais de Minkowski, no entanto, tal demonstrac¸˜ao n˜ao se aplica a hipersuperf´ıcies compactas quaisquer. Alexandrov (1956) mostrou que toda hipersuperf´ıcie compacta mergulhada no espac¸o euclidiano que tem curvatura m´edia constante ´e
CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 10
uma esfera redonda. Ros (1987) estendeu o resultado de Alexandrov mos-trando que a esfera redonda ´e a ´unica hipersuperf´ıcie compacta, mergu-lhada no espac¸o euclidiano com curvatura escalar constante. Em seguida, Ros (1988) estendeu este resultado para qualquer curvatura de ordem su-perior, mostrando que a esfera ´e a ´unica hipersuperf´ıcie compacta mergu-lhada no espac¸o euclidiano comHrconstante. Ap ´os este trabalho, Montiel e Ros (1991) obtiveram um resultado semelhante para o espac¸o hiperb ´olico e para a esfera euclidiana, sendo que, para esta ´ultima, com a hip ´otese adi-cional de a hipersuperf´ıcie estar totalmente contida num hemisf´erio. A hip ´otese de estar totalmente contida num hemisf´erio ´e essencial pois um produto de esferas gera hipersuperf´ıcies da esfera euclidiana com curva-tura m´edia constante. Revisitando o teorema de Jellett, Barros e Sousa (2006) estenderam tal teorema para hipersuperf´ıcies da esfera. Nosso objetivo principal neste trabalho ´e apresentar uma demonstrac¸˜ao desse resultado. Mais precisamente temos o seguinte teorema:
Teorema 1 Seja Mn ⊂ Sn+1
um gr´afico radial completo sobre uma esfera de raio
R contida em Sn+1
. Se Mn tem curvatura m´edia constante n˜ao nula ent˜ao Mn ´e
uma esfera geod´esica.
Na sua demonstrac¸˜ao ser´a utilizada a primeira f ´ormula integral de Min-kowski, juntamente com um corol´ario do teorema a seguir, obtido por Sousa (2004).
Teorema 2 Seja M uma variedade riemanniana de dimens˜ao n+1e V um campo
conforme em M. Seja M uma hipersuperf´ıcie de M e η um campo de vetores
unit´ario, normal a M em M. Defina f : M→Rpor
f(p)=hV(p), η(p)ient˜ao
∆f =−nhV,gradHi −(Ric (η)+|Aη|2)f −n(ψH+η[ψ]),
CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 11
segunda forma fundamental de M,ψ ´e o fator de conformidade do campo V e∆ ´e
o Laplaciano de M na m´etrica induzida por M.
Corol´ario 1 Seja x : M → Qn+1
c uma imers˜ao isom´etrica com curvatura m´edia
constante H de uma variedade riemanniana orient´avel M. Considere o campo
tangente V =Scgradρent˜ao
∆f =−|Aη|2f −nHθc,
onde ∆ ´e o Laplaciano em M, η´e normal a imers˜ao, |Aη| ´e a norma da segunda
forma fundamental Aηda imers˜ao,ρ: M→R´e a distˆancia intr´ınseca a um ponto
p0 ∈Mnfixado, Sc =sinρeθc =cosρ.
Finalmente, vamos enunciar a primeira f ´ormula integral de Minkowski que sera ´util na demonstrac¸˜ao do teorema 1:
Teorema 3 (Primeira F ´ormula Integral de Minkowski): Seja Mn uma
va-riedade riemanniana compacta e x:Mn →Qn+1
c uma imers˜ao isom´etrica, ent˜ao
Z
M
HgdA=−
Z
M θcdA,
Cap´ıtulo 2
Preliminares
Neste cap´ıtulo apresentaremos alguns conceitos e resultados b´asicos que ser˜ao utilizados ao longo deste trabalho.
Denotaremos porMn, ou simplesmente M, uma variedade riemanniana de dimens˜ao n. A conex˜ao de M ser´a denotada por ∇ eh, irepresentar´a sua m´etrica. Designaremos por X(M) o conjunto dos campos de vetores
de classe C∞ em M e por D(M) o anel das func¸ ˜oes reais de classe C∞
definidas em M. Se p ∈ M, ent˜ao TpM denotar´a o espac¸o tangente a M em p. Enunciaremos agora um importante teorema, cuja prova pode ser encontrada em do Carmo (1988).
Teorema 4 (Levi-Civita) Seja Mn uma variedade riemanniana. Ent˜ao existe
uma ´unica conex˜ao afim ∇ em M satisfazendo, ∀X,Y,Z ∈ X(M), as seguintes
condic¸˜oes:
a) ∇ ´e livre de torc¸˜ao, isto ´e,∇XY− ∇YX−[X,Y]=0;
b) ∇ ´e compat´ıvel com a m´etrica, isto ´e,
Preliminares 13
2.1
Curvaturas
Nesta secc¸˜ao relembraremos definic¸ ˜oes e propriedades b´asicas a respeito das curvaturas seccional, escalar e de Ricci.
O tensor curvatura R de uma variedade riemanniana Mn ´e uma
cor-respondˆencia que associa a cada par X,Y ∈ X(M) uma aplicac¸˜ao linear
R(X,Y) :X(M)−→X(M) dada por
R(X,Y)Z=∇Y∇XZ− ∇Y∇XZ+∇[X,Y]Z ,
∀Z∈X(M).
Verifica-se que o tensor curvatura satisfaz as seguintes propriedades para quaisquerX,Y,Z,T∈X(M)
a) hR(X,Y)Z,Ti+hR(Y,Z)X,Ti+hR(Z,X)Y,Ti=0 (1aIdentidade de
Bian-chi);
b) hR(X,Y)Z,Ti=−hR(Y,X)Z,Ti; c) hR(X,Y)Z,Ti=−hR(X,Y)T,Zi; d) hR(X,Y)Z,Ti=hR(Z,T)X,Yi.
Lema 1 Sejam M uma variedade riemanniana e p ∈ M. Defina uma aplicac¸˜ao trilinear R′ :TpM×TpM×TpM→TpM por
hR′(X,Y,W),Zi=hX,WihY,Zi − hY,WihX,Zi,∀X,Y,Z,W ∈TpM.
Ent˜ao M tem curvatura seccional constante c se e somente se R=cR′,onde R ´e a
curvatura de M.
Sejaσ⊂TpMum subespac¸o bidimensional do espac¸o tangenteTpMe sejam
x,y ∈ σ dois vetores linearmente independentes. Definimos a curvatura seccionalKdeMempsegundoσpor
K(x,y)= hR(x,y)x,yi
Preliminares 14
onde|x∧ y|2 =hx,xihy,yi − hx,yi2.
Seja X ∈ TpM um vetor unit´ario. Tomemos {z1, . . . ,zn−1,zn = X} uma
base ortonormal deTpM.
A curvatura de Ricci deMna direc¸˜ao deXemp´e definida por
Ricp(X)=
1
n−1
n−1
X
i=1
hR(X,zi)X,zii .
A curvatura escalar deMemp ´e definida como
S(p)= 1
n n
X
j=1
Ricp(zj) .
2.2
Gradiente, Divergente e Laplaciano
Nesta secc¸˜ao ser˜ao provados alguns resultados b´asicos envolvendo o gradiente e o Laplaciano de func¸ ˜oes reais de classeC∞definidos emMe
a divergˆencia de campos de vetores emM.
Seja f ∈ D(M). O gradiente de f ´e o campo de vetores emM, definido pela seguinte condic¸˜ao
hgrad f,Xi=X(f) , ∀X∈X(M) .
Decorre da definic¸˜ao que se f,g∈D(M) ent˜ao: 1. grad (f +g)=grad f +grad g;
2. grad (f.g)= fgrad g+ggrad f.
SejaX ∈X(M). A divergˆencia deX´e a func¸˜aoDiv X:M−→R, definida por
Preliminares 15
As propriedades abaixo decorrem diretamente da definic¸˜ao. 1. Div(X+Y)=Div X+Div Y;
2. Div(f.X)= f.Div X+hgrad f,Xi ,
para quaisquerX,Y∈X(M) e qualquer f ∈D(M).
Seja f ∈ D(M). O Laplaciano de f ´e o operador ∆ : D(M) −→ D(M) definido por
∆f =Div(grad f).
Usando as propriedades do gradiente e divergente, prova-se facilmente que
1. ∆(f +g)= ∆f + ∆g;
2. ∆(f.g)= f∆g+g∆f +2hgrad f,grad gi, para quaisquer f,g∈D(M).
Proposic¸˜ao 1 Sejam(x1, . . . ,xn)um sistema de coordenadas locais em M e f ∈
D(M). Ent˜ao
grad f =
n
X
i,j=1
gij∂f ∂xj
∂ ∂xi,
onde gij=h∂∂xi,∂∂xjie(gij)´e a inversa da matriz(gij). Prova: Como grad f ∈ X(M) e { ∂
∂x1, . . . ,
∂
∂xn} constitui uma base, podemos
escrever
grad f =
n
X
i=1
ai ∂ ∂xi .
Portanto *
grad f, ∂ ∂xj
+ =
n
X
i=1
ai * ∂ ∂xi, ∂ ∂xj + = n X
i=1
aigij =
n
X
i=1
Preliminares 16
Assim considerando as matrizes F =
hgrad f, ∂ ∂xji
n×1,
A = (ak)n
×1 e G =
(gij)n×n, decorre queF = GA. Ent˜ao sendo G invert´ıvel temosA = G−1F e
com isso um elemento gen´erico de A se escreve como
ai =
n
X
j=1
gijfj ,
onde fj =hgrad f, ∂ ∂xji
= ∂f
∂xj. Portanto
grad f =
n
X
i=1
n X
j=1
gijfj
∂ ∂xi = n X
i,j=1
gij∂f ∂xj
∂ ∂xi.
Proposic¸˜ao 2 Sejam(x1, . . . ,xn)um sistema de coordenadas locais em M e X =
n
P
j=1
aj∂∂xj um campo de vetores em M. Ent˜ao
div X=
n
X
i=1
n X
j=1
ajΓiij+ ∂ai ∂xi ,
ondeΓk
ijs˜ao os s´ımbolos de Christoffel da m´etrica em M. Prova: Por definic¸˜ao,div X=tr[Y7→ ∇YX]. Ent˜ao
∇ ∂ ∂xiX
= ∇ ∂ ∂xi n X
j=1
aj ∂ ∂xj = n X
j=1
∇ ∂ ∂xi
"
aj ∂ ∂xj
#
=
n
X
j=1
"
aj∇ ∂ ∂xi ∂ ∂xj + ∂aj ∂xi ∂ ∂xj # .
Fac¸a∇ ∂ ∂xi
∂ ∂xj
=
n
P
k=1
Γk ij
∂
∂xk, para obter
∇ ∂ ∂xiX
=
n
X
j=1
n X
k=1
ajΓkij ∂ ∂xk + ∂aj ∂xi ∂ ∂xj = n X
k=1
n X
j=1
Preliminares 17
Comodiv X=
n
X
i,l=1
gil
*
∇ ∂ ∂xiX,
∂ ∂xl
+
, temos que
div X=
n
X
i=1
n X
j=1
ajΓiij+ ∂ai ∂xi .
Proposic¸˜ao 3 Sejam(x1, . . . ,xn)um sistema de coordenadas locais em M e X =
n
P
i=1
ai∂∂x
i um campo de vetores em M. Ent˜ao
div X = √1
g n
X
i=1
∂ ∂xi(ai
√
g),
onde g =det(gij).
Prova: Temos, inicialmente, que
Γi ij = 1 2 n X
l=1
"
∂ ∂xigjl+
∂ ∂xj
gli− ∂
∂xlgij
#
gli.
Ent˜ao 2
n
X
ij=1
ajΓiij = n
X
i,j=1
aj n X
l=1
"
∂ ∂xigjl+
∂ ∂xjgli−
∂ ∂xlgij # gli = n X
ij,l=1
aj ∂gjl ∂xi g li+ n X
i,j,l=1
aj ∂gli ∂xj g li − n X
i,j,l=1
aj ∂gij
∂xl g li.
(2.2)
Trocandoiporlna primeira parcela, temos que (2.2) se reduz a
2
n
X
i,j,l=1
ajΓi
ij = n
X
i,j,l=1
aj∂gli ∂xj g
li= n
X
i,j,l=1
ai∂glj ∂xi g
li. (2.3)
Logo, usando (2.3) e a Proposic¸˜ao 2, temos
div X =
n
X
i=1
ai 2 n X
j,l=1
glj∂glj ∂xi + ∂ai ∂xi = n X
i=1
ai 2 n X
j,l=1
Preliminares 18
Usando o fato de que
n
X
j,l=1
gjl∂gjl ∂xi =
1
g ∂g
∂xi, obtemos
div X =
n
X
i=1
" ai 2 1 g ∂g ∂xi + ∂ai ∂xi # = n X
i=1
"
ai
2 1
√g∂ √ g ∂xi + ∂ai ∂xi #
= √1
g n
X
i=1
"
∂ai ∂xi
√
g+ai(
√g)
∂xi
#
= √1
g n
X
i=1
∂(ai√g)
∂xi .
Proposic¸˜ao 4 Sejam(x1, . . . ,xn)um sistema de coordenadas locais em M e f ∈
D(M). Ent˜ao
∆f = √1
g n
X
i,j=1
∂ ∂xi
√
ggij∂f ∂xj
!
.
Prova: Por definic¸˜ao temos que
∆f =Div(grad f) . Assim, pela Proposic¸˜ao 1, temos que
grad f =
n
X
i,j=1
gij∂f ∂xj
∂ ∂xi .
Usando a Proposic¸˜ao 3, obtemos que
∆f = Div(grad f)= √1
g n
X
i=1
∂ ∂xi n X
j=1
gij∂f ∂xj √ g
= √1
g n
X
i,j=1
∂ ∂xi
√
ggij∂f ∂xj
!
,
Preliminares 19
Seja f ∈D(M). Definimos o Hessiano de f em p∈ Mcomo o operador linearHess f :TpM−→TpM, dado por
(Hess f)Y=∇Ygrad f , ∀Y∈TpM .
Podemos considerarHess f como um tensor tal que para cada par de camposX,Y∈ X(M), temos
(Hess f)(X,Y)=h(Hess f)(X),Yi.
2.3
Campos de Jacobi em variedades com
curva-tura constante
SejaMnuma variedade riemanniana ep∈ Mne sejaγ: [0,a]→ Mn
uma geod´esica deMn. Um campo de vetores Jao longo deγ ´e um campo
de Jacobi se vale:
D2J
dt2 +R(γ
′(t),J(t))γ′(t)=0,∀t∈[0,a]
Tome agora Mvariedade riemanniana com curvatura seccional constante
c,γ : [0,a] → Mgeod´esica normalizada emMe Jum campo de Jacobi ao longo deγ, normal aγ′.
Segue do lema 1 da sec¸˜ao 2.1 e do fato de|γ′|=1 queR(γ′,J)γ′ =cJ. De fato, para todo campoTao longo deγtemos
hR(γ′,J)γ′,Ti=c{hγ′, γ′ihJ,Ti − hγ′,TihJ, γ′i}=chJ,Ti. DondeR(γ′,J)γ′ =cJ.
Temos ent˜ao que a equac¸˜ao de Jacobi se escreve
D2J
Preliminares 20
Sejaω(t) um campo paralelo ao longo deγcomhγ′(t), ω(t)i=0 e|ω(t)|=1. Temos que o campo J(t) dado por
J(t)=
tω(t), se c=0 sin(√ct)
√
c ω(t), se c>0
sinh(√−ct)
√
−c ω(t), se c<0
´e soluc¸˜ao da equac¸˜ao de Jacobi, com condic¸ ˜oes as iniciaisJ(0)=0 e J′(0)=
ω(0). Portanto, os campos de Jacobi numa variedade riemanniana com curvatura seccional constante s˜ao da forma J(t) acima.
2.4
Imers ˜oes Isom´etricas
Considere (Mn,g) e (Mm,g) variedades riemannianas. Uma aplicac¸˜ao
diferenci´avel x : M −→ M ´e uma imers˜ao sedxp : TpM −→ Tx(p)M for
in-jetiva∀p ∈ M. Se, al´em disso,xfor um homeomorfismo sobre x(M), com
x(M) munido com a topologia induzida porM, diz-se quex´e ummergulho. Quandox∗g= g, ou seja, a m´etrica em M ´e opull-back, viaxda m´etrica em
M, dizemos quex ´eimers˜ao isom´etrica. Por simplicidade, denotaremos ge
gporh, i. Assimx∗g=gsignifica que
hz,wip =hdxp(z),dxp(w)ix(p) .
As conex ˜oes riemannianas de M eMser˜ao denotados por∇e∇, respecti-vamente. Considerandox: M−→Muma imers˜ao isom´etrica temos quex
´e localmente um mergulho, ou seja,∀p∈M, existe uma vizinhanc¸aU⊂M
Preliminares 21
e cada vetor tangente υ ∈ TpMcomdxp(υ) ∈ Tx(p)M. Desse modo temos a
decomposic¸˜ao
TpM=TpM⊕(TpM)⊥
em cada pontop ∈ M, j´a que ´e poss´ıvel estender campos de vetores defi-nidos numa vizinhanc¸a Udex(p) emM. Nesse mesmo contexto prova-se que ∇ = ∇⊤, isto ´e,∇XY = (∇
XY)⊤, ondeX,Y ∈ X(M) eX,Ys˜ao extens ˜oes
de X,Y, respectivamente aX(M).
ConsiderandoX,Y∈X(U) eX,Yextens ˜oes de X,Y aX(x(U)) temos que
a aplicac¸˜aoAη : X(U)×X(U)−→X(U)⊥, dada por
α(X,Y)=∇
XY− ∇XY,
´e bilinear e sim´etrica, onde X(U)⊥ ´e o conjunto dos campos de vetores
normais a x(U) ≈ U. Assim, dado η ∈ (TpM)⊥, definimos uma forma
bilinear e sim´etricaHη : TpM×TpM−→Rpor
Hη(X,Y)=hα(X,Y), ηi. A forma quadr´aticaIIη, definida emTpMpor
IIη(X)=Hη(X,X),
´e denominada segunda forma fundamental da imers˜ao x segundo o vetor normalη. `A formaHη podemos associar um operador linear auto-adjunto
Aη : TpM−→TpM, satisfazendo
hAη(X),Yi=Hη(X,Y) .
Por abuso de linguagem tamb´em designaremosAη porsegunda forma
fun-damentalda imers˜aoxsegundo o vetor normalη.
Assim, ´e f´acil provar que, sep∈ M,X ∈TpMeη∈(TpM)⊥, ent˜ao
Preliminares 22
ondeη ´e uma extens˜ao local deηnormal `a M. A f ´ormula de Gauss ´e um resultado fundamental no estudo das imers ˜oes e pode ser encontrada em do Carmo (1988), que estabelece o seguinte:
Teorema 5 (Equac¸˜ao de Gauss) : Sejam p ∈ M, X,Y vetores ortonormais de TpM. Ent˜ao
K(X,Y)−K(X,Y)=hα(X,X), α(Y,Y)i − |α(X,Y)|2 ,
onde K(X,Y)e K(X,Y)denotam, respectivamente, as curvaturas seccionais de M e M com relac¸˜ao ao plano gerado por X e Y.
Agora consideremos uma imers˜ao x : Mn −→ Mn+1. Sejam p ∈ M, η ∈ (TpM)⊥ e {e
1, . . . ,en} uma base ortonormal de TpM para a qual Aη ´e diagonal. Por simplicidade denotaremos Aη por A, j´a que a codimens˜ao da imers˜ao ´e um. TemosA(ei) =kiei, os auto-valores k′
iss˜ao as curvaturas
principais de M emp. Ent˜ao
H(ei,ei)=ki .
Portanto a equac¸˜ao de Gauss se escreve como
K(ei,ej)−K(ei,ej)=kikj,∀i, j .
Em particular, se a curvaturaKdeMfor constante e igual ac, obtemos
K(ei,ej)=c+kikj.
Lema 2 Seja x : Mn → Sn+1
uma imers˜ao isom´etrica ent˜ao |A|2 ≥ nH2 e vale a
igualdade se e somente se M ´e umb´ılica.
Prova: Considere os vetores v1 = (k1,k2, . . . ,kn),v2 = (1,1, . . . ,1) ∈ Rn,
Preliminares 23
vale a igualdade se e somente sev1 =kv2,comk∈R.Donde obtemos
1
n(k1+k2+. . .+kn)
2
≤k12+k2
2+. . .+k2n.
Mas|A|2 =k2 1+k
2
2+. . .+k 2
nenH2 =n(n1
Pn
j=1kj)2= 1n(k1+k2+. . .+kn)2donde
segue o resultado. Se vale a igualdade ent˜aokj =k, ∀j= 1, . . . ,nisto ´e,M ´e umb´ılica.
Lema 3 Na esfera euclidianaSn+1vale a seguinte relac¸˜ao
Hessρ(X,Y)= cosρ
senρ[hX,Yi −XρYρ],
onde ρ ´e a distˆancia intr´ınseca a um ponto p0 ∈ Sn+1 fixado e senρ ´e soluc¸˜ao da
equac¸˜ao y′′+y=0com condic¸˜oes iniciais y(0)=0e y′(0)=1.
Prova: Seja p0 ∈ Sn+1 fixado e considere a func¸˜ao ρ : Sn+1 → R dada por
ρ = distSn+1(p,p0) ent˜ao temos queρ =θondeθ ´e o ˆangulo formado pelos
vetorespep0, portanto
cosρ= hp,p0i
|p||p0|
=hp,p0i. Dado um campo de vetoresXemSn+1
temos
Xcosρ =−senρXρ. Por outro lado,
Xcosρ=Xhp,p0i=hX,p0i. DondehX,p0i=−senρXρ.
Preliminares 24
emSn+1, obtemos
YXcosρ = Y(−senρXρ)
= −senρYXρ−cosρYρXρ.
Mas
YhX,p0i=h∇YX,p0i=h∇YX+α(X,Y),p0i,
onde∇´e a conex˜ao doRn+1eα(X,Y) a segunda forma fundamental deSn+1 vista como hipersuperf´ıcie deRn+1.
Na esferaSn+1
sabemos queα(X,Y)=−hX,Yipda´ı temos
−senρYXρ−cosρYρXρ=h∇YX− hX,Yiip,p0i, isto ´e,
−senρYXρ−cosρXρYρ=h∇YX,p
0i − hX,Yicosρ.
Note queh∇YX,p0i=∇YXhp,p0i=∇YXcosρ=−senρ∇YXρ.
Substituindo na express˜ao acima, obtemos
−senρYXρ−cosρXρYρ=−senρ∇YXρ− hX,Yicosρ. Donde
cosρ[hX,Yi −XρYρ]=−senρ∇YXρ+senρYXρ. ComoHessρ(X,Y)=XYρ− ∇XYρ =h∇Xgradρ,Yi,vem que
−senρ∇YXρ+senρYXρ=senρHessρ(X,Y). Logo,
Hessρ(X,Y)= cosρ
senρ[hX,Yi −XρYρ],
como quer´ıamos demonstrar.
Cap´ıtulo 3
A Primeira F ´ormula Integral de
Minkowski
3.1
Func¸˜ao Suporte
No que segueQn+1
c denotar´a uma variedade riemanniana (n+1)-dimensional,
completa, simplesmente conexa com curvatura seccional constantec. Seja x : Mn → Rn+1
uma imers˜ao isom´etrica e tome p0 ∈ Rn+1, defina
χ : Mn → Rn+1
por χ(p) = p − p0 onde aqui fazemos a identificac¸˜ao
x(M)≈M.
Definag: Mn→Ra func¸˜ao suporte da imers˜aoχpor g(p)=hχ(p),N(p)i,
onde N ´e o vetor unit´ario normal a M em p e h,i ´e o produto interno can ˆonico doRn+1.
Desejamos agora estender as noc¸ ˜oes de vetor posic¸˜ao e func¸˜ao suporte para variedades com curvatura seccional constante n˜ao-nula. Para isso utilizaremos a noc¸˜ao de campos de Jacobi em variedades com curvatura constante.
A Primeira F ´ormula Integral de Minkowski 26
Sejamγ: (−ǫ, ǫ)→Qn+1
c uma geod´esica normalizada tal queγ(0)=p0,E(t)
campo paralelo ao longo deγcomhγ′(t),E(t)i=0,|E(t)|=1 eJ(t)=Sc(t)E(t) o campo de Jacobi normal ao longo de γ que se anula em t = 0. Fixado
p0 ∈Qnc+1considere a func¸˜aoρ: Qn
+1
c →Rdada porρ(p)=dist (p,p0) onde
dist ´e a distˆancia intr´ınseca de Qn+1
c e denote por gradρ o gradiente da
func¸˜aoρemQn+1
c .
Sec=0 temos, fixandop0 =(a1, . . . ,an+1)
ρ(p)=dist (p,p0)=kp−p0k= p(x1−a1)2+. . .+(xn+1−an+1)2.
Comoc=0 ent˜ao gradρ=(∂ρ ∂x1, . . . ,
∂ρ
∂xn+1) onde ∂ρ
∂xj =
1
2kp−p0k
−122(xj−aj)= (pj−aj)
kp−p0k
1 2
= pj−aj
ρ(p) .
Logo
gradρ(p)=(p1−a1
ρ(p) , . . . ,
pn+1−an+1
ρ(p) )=
χ(p)
ρ(p):χ(p)=ρ(p)gradρ(p).
Por analogia com o caso c = 0 definiremos o campo de vetores χ como
χ(p)= Sc(ρ(p))gradρ(p). Este campo ´e chamado de vetor posic¸˜ao com ori-gemp0.
Seja Mn uma variedade riemanniana orient´avel e x : Mn → Qn+1
c uma
imers˜ao isom´etrica. Como estamos identificandoMn ≈x(Mn) ent˜ao
pode-mos definir, para todopemMn, o vetorN(p), normal aMn≈x(Mn) emx(p).
Novamente por analogia com o casoc=0, definimos a func¸˜aog: Mn→R por:
A Primeira F ´ormula Integral de Minkowski 27
onde χ(p) = Sc(ρ)gradρ ´e o vetor posic¸˜ao com origem p0 ∈ Mn eh,i ´e o
produto interno dado pela m´etricahdeQnc+1.
A func¸˜ao gdefinida acima ´e chamada de func¸˜ao suporte da imers˜aox. Uma interpretac¸˜ao geom´etrica para a func¸˜ao gno casoc = 0 ´e que|g(p)| ´e a distˆancia dep0 ao hiperplano tangente ax(M) emx(p).
De fato, note que sec=0 ent˜ao temosx: Mn→Rn+1
da´ı
|g(p)| = |hχ(p),N(p)i| = |hχ(p),N(p)i|
|N(p)|2 |N(p)|
= |Projχ(p)
N (p)|
= dist (p0,TpM),
ou seja,|g(p)| ´e a distˆancia dep0ao hiperplano tangente aχ(M) emχ(p).
No casoc >0 podemos assumir, sem perda de generalidade, queQn+1
c ´e a
esfera de raio √1
cnoR n+2
. Neste caso,|g(p)|´e igual a distˆancia euclidiana do pontop0ao hiperplano que cont´em a hipersuperf´ıcie totalmente geod´esica
tangente aχ(M) emχ(p).
Inicialmente, note que podemos escrever
p0 =cos (
√
cρ(p))p− sin( √
cρ(p))
√
c gradρ.
De fato, sejamp,p0 ∈S√1
c ⊂
Rn+2
ent˜ao
p0 =ap+b
gradρ
|gradρ|,hp,p0i=
1
c cosθ,
ondeh,i ´e o produto interno can ˆonico doRn+2.Logo 1
ccosθ=hp,p0i=a
1
c +bhp,gradρi
e
1
c =hp0,p0i=a
21
c +2abhp,
gradρ
|gradρ|i+b
2
hgradρ |gradρ|,
gradρ
A Primeira F ´ormula Integral de Minkowski 28
Sendohp,gradρi=0 ent˜ao segue que
a=cosθ=cos(√cρ(p))
b2= 1
c(1−cos
2θ)= 1
csin
2θ
Dondeb =−√1
csin (
√
cρ(p)).Logo
p0 =cos (
√
cρ(p))p− sin ( √
cρ(p))
√
c gradρ,
da´ı
hp,N(p)i = hcos (√cρ(p))p− sin (
√
cρ(p))
√
c gradρ,N(p)i
= cos (√cρ(p))hp,N(p)i − sin (
√
cρ(p))
√
c hgradρ,N(p)i
= sin(
√
cρ(p))
√
c hgradρ,N(p)i.
Portanto
hp0,N(p)i = −
sin (√cρ(p))
√
c hgradρ,N(p)i
= −hχ(p),N(p)i = −g(p).
E ent˜ao |g(p)| = | − g(p)| = |hp
0,N(p)i| que ´e a distˆancia euclidiana de p0
ao hiperplano gerado por N(p) que cont´em a hipersuperf´ıcie totalmente geod´esica tangente aχ(M) emχ(p).
Definic¸˜ao 1 Uma subvariedade M ⊂ Qn+1
c ´e dita totalmente geod´esica se para
todo v ∈ TM, γv, geod´esica de Qn+1
c que passa por p e tem vetor velocidade v em
p est´a totalmente contida em M ou, equivalentemente, se toda geod´esica de M ´e
goed´esica de Qn+1
A Primeira F ´ormula Integral de Minkowski 29
3.2
Laplaciano da Func¸˜ao Suporte
Definic¸˜ao 2 Sejaω∈ Tr(M), isto ´e, ω´e um r-tensor covariante e V ∈X(M). A derivada de Lie deωcom respeito a V, denotada por LVω´e definida por:
(LV)ω(X1, . . . ,Xr)=V[ω(X1, . . . ,Xr)−Prj=1ω(X1, . . . ,[V,Xj], . . . ,Xr).
Exemplo 1 Seω´e a m´etricah,ide M ent˜ao:
LVω(X,Y) = V[hX,Yi]− hX,[V,Y]i − h[V,X],Yi
= h∇VX,Yi+h∇VY,Xi − hX,[V,Y]i − h[V,X],Yi = h∇VX−[V,X]i+h∇VY−[V,Y],Xi
= h∇XV,Yi+h∇YV,Xi,
onde na ´ultima igualdade usamos o fato de∇ser sim´etrica.
Definic¸˜ao 3 Seja V ∈X(M), dizemos que V ´e conforme se existeψ∈ C∞(M)tal
que LVh,i=2ψh,i.
O pr ´oximo teorema, provado inicialmente em Sousa (2003) ser´a um dos ingrediantes principais na demosntrac¸˜ao do nosso principal resultado.
Teorema 6 Seja M uma variedade riemanniana de dimens˜ao n+1e V um campo
conforme em M. Seja M uma hipersuperf´ıcie de M e η um campo de vetores
unit´ario, normal a M em M. Defina f : M→Rpor
f(p)=hV(p), η(p)ient˜ao
∆f =−nhV,gradHi −(Ric (η)+|Aη|2)f −n(ψH+η[ψ]),
A Primeira F ´ormula Integral de Minkowski 30
Corol´ario 2 Seja x : M → Qn+1
c uma imers˜ao isom´etrica com curvatura m´edia
constante H de uma variedade riemanniana orient´avel M. Considere o campo
tangente V =Scgradρent˜ao
∆f =−|Aη|2f −nHθc,
onde ∆ ´e o Laplaciano em M, η´e normal a imers˜ao, |Aη| ´e a norma da segunda
forma fundamental Aηda imers˜ao,ρ: M→R´e a distˆancia intr´ınseca a um ponto
p0 ∈Mnfixado, Sc =sinρeθc =cosρ.
Prova: Para usar o teorema acima devemos mostrar que o campoVdado por V = Scgradρ ´e conforme, ou seja, devemos mostrar que existe uma func¸˜aoψ∈ C∞(M) tal queLVh,i(X,Y)=2ψhX,Yi,∀X,Y ∈X(M).
Sabemos queLV(X,Y)=h∇XV,Yi+h∇YV,Xie sendoSc =Sc(ρ) ent˜ao
∇XScgradρ = Sc∇Xgradρ+X(Sc)gradρ = Sc∇Xgradρ+θc(Xρ)gradρ. Logo
LVh,i(X,Y) = h∇XScgradρ,Yi+h∇YScgradρ,Xi
= Sch∇Xgradρ,Yi+2θchgradρ,Xihgradρ,Yi+Sch∇Ygradρ,Xi = Sch∇Xgradρ,Yi+2θcX(ρ)Y(ρ)+Sch∇Ygradρ,Xi.
Mas
h∇Xgradρ,Yi= θc
Sc[hX,Yi −XρYρ].
Da´ı
LVh,i(X,Y) = Sc{θc
Sc[hX,Yi −X(ρ)Y(ρ)]+ θc
Sc[hX,Yi −X(ρ)Y(ρ)]}+2θcX(ρ)Y(ρ)
A Primeira F ´ormula Integral de Minkowski 31
LogoV =Scgradρ ´e conforme. Pelo teorema acima temos que
∆f = −f(Ricp(η)+|Aη|2)−nhgradH,Vi −n(ψH+η[ψ]) Sendo gradH=0 eV=Scgradρconforme vem que
∆f = −(Ricp(η)+|Aη|2)f −n(ψH+η[ψ]) = −(Ricp(η)+|Aη|2)f −n(ψH+η[ψ]). Note queη[S′
c(ρ)]=S′′c(ρ)hgradρ, ηi.ComoS′′c +cSc =0 e f =hScgradρ, ηi
obtemosη[S′
c(ρ)]=−c f.
Portanton(η[S′
c(ρ)])=−cn f.
Mas Ricp(η)=Pnj=1hR(η,ej)η,eji, onde{e1, . . . ,en}´e base ortonormal deTpM.
Da´ı
Ricp(η)= n
X
j=1
hR(η,ej)η,eji=
n
X
j=1
c=nc
donde
Ricp(η)f =nc f.
Temos ent˜ao que
∆f =−|Aη|2f −nHθc.
Teorema 7 (Primeira F ´ormula Integral de Minkowski): Seja Mn uma
va-riedade riemanniana compacta e x:Mn →Qn+1
c uma imers˜ao isom´etrica. Ent˜ao
Z
M
HgdA=−
Z
M θcdA,
onde H´e a curvatura m´edia da imers˜ao.
Prova: SejaXo vetor posic¸˜ao com origem emp0 ∈Me{E1, . . . ,En}
A Primeira F ´ormula Integral de Minkowski 32
as componentes tangente e normal do vetorX.
Note quehX⊥,Eji=0,∀j, da´ı, sendo∇a conex˜ao riemanniana deQn
+1
c vem
que
0=EjhX⊥,Eji=h∇E
jX⊥,Eji+h∇EjEj,X⊥i, isto ´e,
h∇EjX⊥,Eji = −h∇EjEj,X⊥i
= −h(∇E
jEj)
⊤+(∇E
jEj) ⊥,X⊥i
= −h(∇E
jEj) ⊥,X⊥i
= −h(∇E
jEj)⊥,Xi.
Sabemos queDivM(X)=tr(Y(p)7→ ∇YX(p)).Logo
DivM(X⊤) =
n
X
j=1
h∇EjX ⊤,Eji
=
n
X
j=1
h∇Ej(X−X⊥),Eji
=
n
X
j=1
h∇EjX,Eji −
n
X
j=1
h∇EjX ⊥,Eji
=
n
X
j=1
h∇EjX,Eji+
n
X
j=1
h(∇EjEj)⊥,Xi.
Afirmac¸˜ao: Pn
j=1h∇EjX,Eji=nθc,ondeX=Sc(ρ)gradρ.
Prova: Inicialmente, note que
∇EjSc(ρ)gradρ = Sc(ρ)∇Ejgradρ+Ej(Sc(ρ))gradρ
= Sc(ρ)∇E
jgradρ+S′c(ρ)hgradρ,Ejigradρ.
h∇EjSc(ρ)gradρ,Eji = hSc(ρ)∇Ejgradρ+S′c(ρ)hgradρ,Ejigradρ,Eji
= Sc(ρ)h∇E
jgradρ,Eji+θchgradρ,Eji
A Primeira F ´ormula Integral de Minkowski 33
Temos ent˜ao que
n
X
j=1
h∇EjX,Eji =
n
X
j=1
h∇EjSc(ρ)gradρ,Eji
=
n
X
j=1
{Sc(ρ)h∇Ejgradρ,Eji+θc(ρ)hgradρ,Eji
2
}
= Sc(ρ)
n
X
j=1
h∇Ejgradρ,Eji+θc(ρ)
n
X
j=1
hgradρ,Eji2.
Usando que
h∇Vgradρ,Wi= θc
Sc(hV,Wi −VρWρ),∀V,W∈ X(Q n+1
c ),
obtemos em particular
h∇Ejgradρ,Eji=
θc
Sc(1− hgradρ,Eji
2).
Portanto
n
X
j=1
h∇EjX,Eji = Sc(ρ)
n
X
j=1
h∇Ejgradρ,Eji+θc(ρ)
n
X
j=1
hgradρ,Eji2
= Sc(ρ)
n
X
j=1
(θc
Sc(1− hgradρ,Eji
2)+θc(ρ)
n
X
j=1
hgradρ,Eji2
= Sc(ρ)
n
X
j=1
θc Sc
A Primeira F ´ormula Integral de Minkowski 34
Note quehPn
j=1(∇EjEj)⊥, ηi=nHpois
H = 1
ntr(Aη(Ej))
= 1
n n
X
j=1
hAη(Ej),Eji
= 1
n n
X
j=1
hB(Ej,Ej), ηi
= 1
n n
X
j=1
h(∇EjEj) ⊥, ηi
= h1
n n
X
j=1
(∇EjEj)⊥, ηi.
LogonHη=Pn
j=1(∇EjEj)⊥.Temos ent˜ao que
DivM(X⊤) =
n
X
j=1
h∇EjX,Eji+
n
X
j=1
h(∇EjEj)⊥,Xi
= nθc+h
n
X
j=1
(∇EjEj) ⊥,Xi
= nθc+hnHη,Xi = nθc+nHg.
Integrando sobreMnobtemos
Z
M
DivM(X⊤)dA=
Z
M
n(θc+Hg)dA.
Pelo Teorema da Divergˆencia Z
M
Div(X⊤)dA= Z
∂M
hX⊤,NidA=0, poisM ´e compacta sem bordo. Da´ı
0= Z
M
DivM(X⊤)dA= Z
M
A Primeira F ´ormula Integral de Minkowski 35
Logo,
Z
M
(θc+Hg)dA=0, ou seja
Z
M
HgdA=−
Z
M θcdA.
Cap´ıtulo 4
Gr´aficos Radiais
4.1
Gr´aficos Radiais
SejaMn ⊂Rn+1
um gr´afico radial sobreSn(r) e considereX: U ⊂Rn→
Sn(r) parametrizac¸˜ao deSn(r) eY :U ⊂Rn→Mnparametrizac¸˜ao deMn. Se
σ(u1, . . . ,un) =|Y(u1, . . . ,un)|> 0 ent˜aoY = σX. Considere agora a func¸˜ao
f : Mn → R definida por f(Y) = hY,NYi, onde NY ´e um campo unit´ario
normal `aMn.
Observe queYj = ∂Y
∂uj
=σXj+σjX.Da´ı
hσX,(σX1+σ1X)∧. . .∧(σXn+σnX)
|Y1∧. . .∧Yn| i
=hσX,(σX1)∧. . .∧(σXn)
|Y1∧. . .∧Yn| i
.
Portanto
f(Y) = hσX, Y1∧. . .∧Yn
|Y1∧. . .∧Yn|i
= |X1∧. . .∧Xn|
|Y1∧. . .∧Yn|
σn+1hX,NXi
= −|X1∧. . .∧Xn|
|Y1∧. . .∧Yn|
σn+11
rhX,Xi
= −|X1∧. . .∧Xn|
|Y1∧. . .∧Yn|
σn+11 r <0.
Gr´aficos Radiais 37
Aqui tomamosNX=−1
rXo campo unit´ario, normal `aS
n(r) de modo que a
curvatura m´ediaHSn(r)seja estritamente positiva.
Sejamp0 ∈ Sn+1 er >0 e tome o conjunto Sn(r) = {q ∈ Sn+1; dist (q,po) = r}.
Seja ent˜ao Mn ⊂ Sn+1
gr´afico radial sobre Sn(r). Supondo Mn ⊂ Sn+1 − [p0,−p0], considere a projec¸˜ao estereogr´aficaP : Sn+1−[p0] → Rn+1 eVSn+1
o campo vetor posic¸˜ao com basep0emSn+1. Ent˜ao temos o seguinte lema:
Lema 4 Nas condic¸˜oes acima, a func¸˜ao f :Mn →R, definida por f(p)=hVSn+1(p),NY(p)i,
tem sinal bem definido.
Prova: SejamX,Yparametrizac¸ ˜oes deSn(r) eMn respectivamente. Ent˜ao
P(X) ´e uma esfera emRn+1eP(Y) ´e gr´afico sobreP(X). ComoP ´e aplicac¸˜ao conforme ent˜ao existeeφ ∈ D(Mn) tal que
hdPqV,dPqWi=e2φhV,Wi,∀V,W ∈TqMn,
ou seja,dPqpreserva o ˆangulo entre os vetoresVeW, logo, existem func¸ ˜oes g1,g2: P(Y)→Rcont´ınuas, ambas positivas ou ambas negativas tais que
dPq(VSn+1)= g1VRn+1
e
dPq(NY)= g2NP(Y).
Da´ı
e2φhV
Sn+1,NYi = hdPq(VSn+1),dPq(NY)i = hg1VRn+1,g2NP(Y)i > 0(ou < 0).
Comoe2φ >0 segue que a func¸˜ao f tem sinal bem-definido.
Gr´aficos Radiais 38
Teorema 8 Seja Mn ⊂ Sn+1
um gr´afico radial completo sobre o conjuntoSn(r)
definido acima. Se Mn tem curvatura m´edia constante n˜ao nula H ent˜ao Mn ´e
uma hipersuperf´ıcie totalmente umb´ılica.
Prova: Pelo Corol´ario 1, do cap´ıtulo 3, considerando f = hVSn+1(p),NY(p)i
temos que
∆f =−|Aη|2f −nHθc,
ondeAη ´e a segunda forma fundamental deMn. Da´ı, integrando sobreM obtemos
Z
M
∆f dA= Z
M
|Aη|2f dA=− Z
M
nHθcdA.
Pelo Teorema da Divergˆencia temos Z
M
∆f dA =0. Logo
Z
M
|Aη|2f dA =− Z
M
nHθcdA.
Da Primeira F ´ormula Integral de Minkowski vem que Z
M
H f dA=− Z
M θcdA.
Multiplicando ambas pornHe usando queH ´e constante n˜ao nula temos Z
M
nH2f dA=− Z
M
nHθcdA=
Z
M
|Aη|2f dA.
Note agora que, como o sinal da func¸˜ao f ´e bem definido segue que, supondo f n˜ao negativa, temos, pelo Lema 2, que|Aη|2f ≥nH2f.
isto implica queRM|Aη|2f dA ≥ R
MnH
Gr´aficos Radiais 39
Como vale a igualdade entre essas integrais ent˜ao Z
M
(|Aη|2f −nH2f)dA=0.
Conseq ¨uentemante, pelo Lema 2 do cap´ıtulo 2 vem queM ´e umb´ılica.