ÂNCORA EDITORA
UMA EXPERIÊNCIA DIVERSIFICADA
FILOMENA MARIA GARCIA PIRES
Relatório de Estágio de
Mestrado em Edição de Texto
MARÇO 2015
Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos requisitos
necessários à obtenção do grau de mestre em Edição de Texto realizado
sob a orientação científica de Fernando Clara.
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer em primeiro lugar às pessoas que mais me
apoiaram e ajudaram ao longo de todo o meu percurso académico, à
minha mãe, às minhas irmãs, ao meu namorado e melhor amiga. Para os
quais, fique bem assente que este agradecimento não é nada, nem nunca
retribuirá de alguma forma aquilo que por mim já fizeram. Para eles
nenhum agradecimento seria o suficiente.
Inês Figueiras, orientadora e amiga, a quem devo a maioria dos
conhecimentos que me foram transmitidos ao longo desta experiência.
Ao meu orientador curricular, o caro Professor Fernando Clara, que cedeu
o seu tempo, disponibilidade e sempre teve uma palavra amiga.
ÂNCORA EDITORA
UMA EXPERIÊNCIA DIVERSIFICADA
FILOMENA MARIA GARCIA PIRES
RESUMO
Relatório do estágio curricular em Edição de Texto, no âmbito da
atribuição do título de mestre, na Âncora Editora.
Ao longo do relatório é possível obter informações sobre: os
processos editoriais, sobre as novas regras de marketing e como se devem
aplicar a uma casa editorial: a importância do Website e outras formas de
comunicação, sucessos e insucessos, dificuldades, capacidades adquiridas.
São identificadas todas as tarefas que me foram atribuídas, assim
como os processos que as constituem.
PALAVRAS-‐CHAVE: Editora; Paginação; Preparação de original;
Uniformização; Revisão; Marketing;
Website
.
ÂNCORA EDITORA
UMA EXPERIENCIA DIVERSIFICADA
FILOMENA MARIA GARCIA PIRES
ABSTRACT
Internship report in Text Editing, as part of the award of a master's
degree in Âncora Editora. Throughout the report you can get information
about: editorial processes, on the new rules of marketing and how it
should apply to a publishing house: the importance of the website and
other forms of communication, successes and failures, difficulties,
acquired capabilities.
All tasks are identified that I have been assigned, as well as the
processes that constitute them.
KEYWORDS:
Publisher; Paging; Document preparation; standardization;
review; marketing; Website.
ÍNDICE
Introdução 1
1. A Editora 4
2. Actividades Desenvolvidas 7
2.1 As Obras 8
2.2 Regras de Normalização 9
2.3 Paginação 11 2.3.1 Preparação do Original 11
2.4 Revisão 16
2.4.1 Primeiras Provas 16
2.4.2 Segundas Provas 17
2.4.3 Ciclo de Provas e Contraprovas; Verificações Finais 17
2.4.4 Ozalides 18
2.5 Níveis de Revisão 19
2.6 Tipos de Revisão 19
3. Website 22
3.1 Ficha Técnica – Uma Ferramenta Indispensável 22
3.2 A Importância de uma Casa Editorial possuir uma Webpage 33
Conclusão 38
Bibliografia 40
ÍNDICE DE IMAGENS E TABELAS
IMAGEM 1 – EXEMPLO DE UMA OZALIDE 18
IMAGEM 2 – FICHA TÉCNICA 23
IMAGEM 3 – FOLHA DE ANTERROSTO 24
IMAGEM 4 – VERSO DO ANTERROSTO 25
IMAGEM 5 – FOLHA DE ROSTO 26
IMAGEM 6 –
PRINTSCREEN
DO
SITE
31
TABELA 1 – LISTA DE LIVROS NO PNL 4
TABELA 2 – LISTA DE COLECÇÕES 6
TABELA 3 – SIMBOLOGIA UTILIZADA 29
INTRODUCÇÃO
O objectivo deste relatório é descrever todo o caminho que percorri ao longo do estágio tentando salientar os seus pontos mais relevantes como, as dificuldades encontradas, actividades realizadas, sucessos, insucessos e conhecimentos adquiridos tanto teóricos como prácticos.
Optei por terminar o meu mestrado de forma mais práctica por várias razões. É uma componente que se divide em dois ramos um mais experimental – o estágio –, e um mas teórico – o relatório –. Provoca evolução tanto a nível pessoal como profissional e aumenta os níveis de confiança nas nossas capacidades.
O estágio foi realizado na Âncora Editora, dirigida pelo Editor Doutor António Baptista Lopes. Teve início no dia 6 de Novembro de 2014 e terminou no dia 29 de Janeiro de 2015.
No seu decorrer fui acompanhada pela minha orientadora oficial Sofia Travassos Diogo e pela minha orientadora "adoptada" Inês Figueiras. Tornou-‐se minha orientadora porque as suas funções estavam mais relacionadas com o tipo de trabalho
que eu iria realizar, paginação, revisão e Website.
Foi remunerado, o que me deixou contente, com razão, mas tive um pensamento imaturo. Pois não me apercebi da responsabilidade que um estágio remunerado acresce a um comum estágio curricular. Já que estamos realmente a ser pagos pelo nosso trabalho pelo menos que tenha algum valor e que nunca aparente desleixo ou ignorância. Outro ponto menos bom é o aparecimento de tarefas que fogem um pouco da nossa área, ou do nosso gosto, mas que têm se ser cumpridas e não temos forma de fugir delas, pois como em várias situações na vida vamos ter que nos sujeitar para atingir os nossos objectivos e corresponder às expectativas que têm sobre nós. No entanto, trouxe-‐me ainda mais motivação para colocar empenho e dedicação nas tarefas que iria desempenhar.
Os três principais trabalhos que executei foram Ecos do Grande Norte de
Valdemar Aveiro, Que Ensino Superior para o Séc. XXI, na Lusofonia em Portugal? de
Fernando dos Santos Neves e o site.
As duas primeiras tarefas envolveram contactos via telefónica e e-‐mail com autores, assistentes de edição e responsáveis de espaços, o que me trouxe experiência no que toca à comunicação, com outras entidades envolvidas no livro, e conhecimentos gerais sobre o mundo da edição, pois consoante iam surgindo problemas ou modificações nos livros surgiam também questões de variadíssimos tópicos que eram respondidas conforme eram solucionados os problemas.
Independentemente do nível de importância, as últimas tarefas foram indispensáveis para a obtenção de conhecimentos extra, também relacionados com o livro, que num futuro profissional será uma mais valia já os ter.
Em ambas as obras fiz paginação e revisão assim como recolha e simples tratamento de imagens (que lhe iriam ser incluídas).
Para o Website fiz uma recolha exaustiva de informação sobre todos os livros do
catálogo. A página de internet da editora permite a venda/compra de livros, no entanto
essa opção estava indisponível porque não continha qualquer tipo de informação sobre
as obras. No decorrer deste relatório e no âmbito do trabalho que realizei no site
abordarei a importância de uma casa editorial possuir uma página virtual.
A Editora Âncora é uma pequena-‐média empresa que possui distribuição própria. Tive oportunidade de estar algumas semanas no armazém onde se trata de todas as encomendas que são feitas por livrarias de todo o país, devoluções e distribuição para outras entidades. Este trabalho apesar de por vezes se tornar difícil a nível físico trouxe-‐me oportunidade de estar em contacto com todos os livros da
editora e permitiu-‐me fazer a recolha de informação para o site com mais organização
e com menos margem para erros. Deu-‐me uma noção geral dos livros que faziam parte do catálogo assim como de autores, colecções, entre outros.
Em armazém podemos encontrar além dos livros da Âncora editora os livros de:
♦ Bicho do Mato
♦ Editorial Futura
♦ Campo da Comunicação
♦ Museu do Douro
Para os quais também faz distribuição.
A minha presença foi lá necessária em três períodos diferentes devido ao excesso de trabalho. No início do estágio, cerca de uma semana, a meio, cerca de quatro dias, e no final, uma semana e meia.
Para este tipo de tarefa foi necessário saber interpretar uma guia de encomenda – que indica a livraria que efectuou o pedido, a lista de livros pedida e respectivas quantidades – assim como as guias de devoluções – que permitem verificar que livros tinham sido pedidos e quais foram devolvidos.
Tanto as encomendas como as devoluções têm processos iguais, sendo o segundo o inverso do primeiro. Passo a explicar, enquanto que nas encomendas é necessário verificar o pedido, recolher os livros das respectivas estantes, fazer a confirmação de todos os elementos e colocá-‐los no interior da caixa (no seu exterior coloca-‐se a etiqueta para os CTT [que contém a informação do destino] e a guia original). Na caixa, os livros não podem ser arrumados de qualquer forma e é necessário protege-‐los com os materiais disponíveis (no armazém tínhamos à
disposição bublewrap) para não chegarem danificados ao destino.
No caso das devoluções, a empresa CTT faz a entrega. A partir do momento que chegava ao armazém era fundamental confirmar se todos os livros indicados na guia de devolução estavam presentes e colocá-‐los novamente no lugar. Aqueles que surgiam com danos eram imediatamente postos de lado.
As devoluções devem-‐se a livros que cheguem danificados ou às consignações – processo utilizado pela Âncora Editora, com o objectivo de alcançar um maior número de vendas. Consignação consiste na cedência de livros a uma ou mais livrarias por um limitado período de tempo. Quando os livros não são vendidos são devolvidos novamente à editora.
Não tenho conta da quantidade de encomendas que terei aviado no total das três semanas, pois foram realmente muitas. Relativamente às devoluções tenho noção de um número mais certo, terão sido cerca de 400.
Nos últimos dias de estágio, como terminei as tarefas que me foram pedidas mais cedo do que previsto, organizei e arrumei, por iniciativa própria, quase todas as secções/estantes do armazém.
1. A EDITORA
A sede da Âncora Editora encontra-‐se na Avenida Infante Santo, nº 52, Lisboa. Foi fundada pelo Doutor António Baptista Lopes juntamente com os colaboradores do seu antigo trabalho na Editorial Notícias – a Directora de Produção e o Consultor Editorial – em Outubro de 1988. Através dos contactos obtidos durante os anos de trabalho na área da comunicação a editora angariou, assim, os primeiros clientes.
Hoje, possui quatro colaboradores para além dos dois sócios Virgínia Caldeira e Arlindo Barreiros, Sofia Travassos Diogo, Inês Figueiras, Catarina Ferreira, Victor Andrade que desempenham tarefas de assistente editorial, edição, design, contabilidade, administração do armazém e trabalho de armazém.
O objectivo da editora é promover o gosto pela leitura, tanto pelo entretenimento como pelo conhecimento. Desde 2007 que alguns dos seus livros
fazem parte do plano nacional de leitura1, alguns são:
TABELA 1
É uma casa editorial que pretende divulgar obras de qualidade de autores portugueses, como Joaquim Letria, A. M. Galopim de Carvalho, João Caupers, Ernesto Rodrigues, António Manuel Monteiro, entre outros consideradíssimos autores, para lhe dar «reconhecimento pela importância que a literatura portuguesa tem conquistado no
panorama cultural nacional e estrangeiro.»2
Para atingir um maior número de leitores a editora criou um site, em 2010, e
envia pedidos de divulgação para diferentes órgãos de comunicação.
1 http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/escolas/livrostexto.php?idLivrosAreas=35 2 informação retirada de www.ancoraeditora.pt a 1 de Março.
Jogos De Todo o Mundo Quem não Adivinha Burro é!
Histórias de Natal: Contadas em Verso
A Mulher que Venceu Don Juan
João de Deus -‐ A Magia das Letras (BD)
Os Lusíadas em Banda Desenhada
Pêro da Covilhã e a Misteriosa Viagem
Conversas com os Reis de Portugal
Stória dua lhéngua i dun pobo (Mirandés) (Col. Banda zenhada)
«A criação desta página de internet é testemunho da vontade que esta jovem editora tem de se aproximar do leitor e de, navegando entre letras, com dinamismo e
empenho divulgar o livro enquanto parte integrante da formação humana.» 3
O envio dos pedidos é feito conforme o interesse da obra, do autor, ou do tema para cada órgão. Apresento a seguir uma lista de alguns que cooperam com a editora:
♦ + Alentejo
♦ Jornal de Letras
♦ Diário de Notícias
♦ Agência Lusa
♦ Público
♦ TVI -‐ Marcelo Rebelo de Sousa
♦ Viana Social, Cultural
♦ As Artes entre as Letras
♦ Portas e Trovadores
♦ Programas Televisivos (da manhã e da tarde como: Tardes da Júlia,
Portugal no Coração)
No caso dos programas televisivos os eventos podem desenrolar-‐se de forma diferente. Em vez de ser a editora a enviar a sugestão do livro são os próprios programas que a contactam para terem acesso ao autor e a alguns exemplares do livro para apresentar no programa, isto se o autor for conhecido ou esteja a provocar furor.
O meu trabalho de divulgação consistiu no envio de e-‐mails para a seguinte
entidade Leonel de Brito. Havendo já habituação a esta rotina por ambas as partes bastava colocar no conteúdo da mensagem, além das formalidades da boa educação,
autor, prefácio e sinopse. Algumas das obras que divulguei foram Património Imaterial
do Douro VOL. III e Meia dúzia de contos Tão alegres como tontos, cujos exemplos do pedido se encontram nos anexos.
Cerca de cinco, seis anos atrás a Âncora Editora não tinha distribuição própria, o que prova que tem evoluído e conseguido vincar no mercado. Tal como já referi anteriormente, possui um armazém de distribuição que se localiza na Rua João Ludovice, perto do mercado de Benfica. É lá que se trata de todas as encomendas pedidas por todas as livrarias do país, das devoluções e de algumas distribuições para outras entidades colaboradoras. Para a impressão de livros, a Editora Âncora tem como colaboradora a gráfica Multitipo -‐ Artes Gráficas, Lda.
O primeiro livro a ser editado na Âncora foi Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos de Luís Francisco Rebello. Tem especial significado não só por ter sido a primeira obra editada mas também por ter dado início a um leque de diversificadas colecções, tais como:
TABELA 2
Cada coleção possui as suas próprias caraterísticas, para além do género de leitura que define.
Os livros que fazem parte da Holograma têm sempre medidas de 23x15 cm, retirando algumas excepções, enquanto que a coleçcão de Banda Desenhada só inclui livros de capa dura de medidas 30x21 cm. Outros exemplos são a coleção Ágora onde encontramos obras de contracapa limpa, a Arca de Histórias que é conhecida pelos formatos quadrados e capa dura, entre outros casos.
Assim cada nova obra tem de respeitar as características da colecção em que vai ser inserida. Esta metodologia facilita-‐nos o trabalho quando precisamos de saber determinados pormenores como posição de cabeçalhos, se possui badana e contrabadana ou não, texto da contracapa, tamanho e tipo de letra, tipo de índice, tipo de rodapé, formato da entrada de capítulo, etc.
Jurídica Estudos e
Documentos Ponto e vírgula Universos
Brincar e Aprender Espiritualidades Sopas de Pedra CEI
Obras de Bento da Cruz
Lendas de
Portugal Novos Mares
Outros Títulos Obras de Vitor da
Fonseca
Dicionários e Companhia
Alimentação
Saudável Ágora
Obras de Agostinho da Silva
Caminhos da
História Prémios Literários Limiares
Raízes Arca de Histórias Guerra Colonial Saúde
Pessoas Holograma Temas Desporto
Roteiros Espiral 150
2. ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS
«Faço um trabalho muito específico, que exige conhecimentos particulares e o domínio de uma série de referentes, um trabalho por vezes mecânico, pouco de criação ou invenção. É um prazer enorme ver um livro chegar à fase de objecto acabado, depois do cuidado que se põe na sua elaboração para fazer
com que chegue em condições ao leitor.»4
4
2.1 AS OBRAS
A primeira tarefa que me foi atribuída na sede foi a paginação e revisão da obra Ecos do Grande Norte – Recordações da Pesca do Bacalhau de Valdemar Aveiro e após
esta Que Ensino Superior Para o Séc. XXI, em Portugal e no Espaço Lusófono? de
Fernando dos Santos Neves.
Com o objectivo de os leitores do meu relatório poderem formar uma ideia geral sobre as obras e respectivos conteúdos tomei a liberdade de introduzir aqui as suas sinopses.
«As suculentas “estórias” incluídas no livro decorrem em territórios distintos. Umas são passadas a bordo, na cabeça e na alma dos homens que pescavam e penavam no Grande Norte; outras inspiram-‐se em episódios sombrios passados em Ílhavo, terra de muitos silêncios e segredos que faziam uma comunidade fracturada e estratificada por ausências e rigores próprios de quem anda ao mar. Com o desassombro e rectidão que caracterizam o autor, o livro sugere que a nostalgia dos homens do mar e o seu incansável desfio de histórias vividas a bordo são expressões
fecundas de uma ânsia libertadora que só no mar se consuma.»5
«Com esta obra, Fernando dos Santos Neves convida à reflexão, analisando o Ensino Superior como a «alfabetização – instrução – educação universal, obrigatória e gratuita do nosso tempo» e o «motor essencial do desenvolvimento humano das sociedades», expõe os seus pontos de vista sobre a «Declaração de Bolonha» e o Espaço Europeu de Ensino Superior, abre caminhos de discussão sobre o Espaço
Lusófono do Ensino Superior e aborda a experiência da Universidade Lusófona.»6
A revisão linguística em papel, de ambas as obras, foi realizada por uma
colaboradora externa à empresa. O original foi-‐me entregue já em Microsoft Word
pronto para inserir no programa CS 5.5 (utilizado ao longo do estágio para paginação) e proceder à sua normalização.
5 Sinopse de Ecos do Grande Norte – Recordações da pesca do bacalhau por Inês Figueiras
6 Sinopse de Que Ensino Superior Para o Séc. XXI, em Portugal e no Espaço Lusófono? por Inês Figueiras
2.2 REGRAS DE NORMALIZAÇÃO
Antes de passar à paginação propriamente dita, é necessário normalizar o texto. Alguns exemplos que fazem parte deste processo e aos quais tive atenção durante o desenvolver do meu trabalho, em ambas as obras, foram:
⇒ Pesquisa de duplos espaços. "Ctrl + F" – Atalho que utilizava para fazer a
pesquisa de daquilo que desejava, neste caso, duplos espaços;
⇒ Pesquisa de espaços antes ou depois de pontuação. A procura deste tipo de
espaços teve de ser feita "manualmente" pois não temos essa opção no Find/Change. Uma forma de não passarem despercebidos é nunca deixar de os procurar durante a paginação;
⇒ Normalização de numerais ordinais e cardinais. Relativamente a este aspecto
reparei que um dos erros mais frequentes é o esquecimento do ponto a seguir ao número, por exemplo: 1ª edição – correctamente será 1.ª edição;
⇒ Substituição de hífen por travessão ou semi-‐travessão. Segundo Inês Figueiras,
cuja uma das funções desempenhadas na empresa é paginar, este erro surge
frequentemente em originais em formato Word feitos pelos próprios autores.
Isto por duas razões, alguns têm idades mais avançadas não possuindo o conhecimento de quando devem ser usados os diferentes tipos de travessões e/ou por não saberem o atalho do semi-‐travassão – que por norma é "Ctrl + –" que se encontra por cima dos números num teclado de um computador de mesa ou "Alt + Shift + -‐" num computador portátil – usando simplesmente o hífen e deixando essa tarefa para o paginador;
⇒ Procura de aspas – verificar se abrem e fecham sempre. Na Âncora Editora são
utilizados os três tipos de aspas, as vírgulas simples, as duplas ou dobradas e as aspas portuguesas: '';"";«». Para citações são utilizadas preferencialmente «». Em casos de citações dentro de citações a ordem de aparecimento será: «»; ""; ''.
⇒ Substituição de três pontos por reticências. Esta correção teve de ser feita em
quase todos os casos em que havia intenção de usar reticências;
⇒ Pontuação nas citações e no fecho de parêntesis;
⇒ Procura de parêntesis e uniformização;
⇒ Verificação da correspondência entre chamadas de notas e respectivas notas.
⇒ Normalização de formatações – palavras em versalete, itálicos e redondos,
caixas altas e caixas baixas, notas de rodapé, citações.
Recordo-‐me de ter passado o texto de Ecos do Grande Norte a "pente fino" para
encontrar os nomes dos navios (que tinham de estar em itálico). Lista que na altura não tinha em minha posse e só depois obti. No entanto, ainda teve utilidade para confirmar se todos os nomes tinham sido encontrados.
Que Ensino Superior Para o Séc. XXI, em Portugal e no Espaço Lusófono? trouxe
algumas problemáticas a nível do uso de itálicos, bold, sublinhados e até mesmo caixas
de cor que tinham sido colocadas em alguns parágrafos. Como por exemplo:
Apesar de não ter feito uma intervenção linguística formal no texto encontrei
e corrigi alguns casos como incoerências nos tempos verbais.
Apesar de não ter feito uma intervenção linguística formal no texto encontrei e corrigi alguns casos como incoerências nos tempos verbais.
Apesar de não ter feito uma intervenção linguística formal no texto encontrei e corrigi alguns casos como incoerências nos tempos verbais.
O objectivo do autor era salientar o texto, mas já estava tanta quantidade destacada que no final acabava por não se conseguir evidenciar nada. Além disso, o texto tornava-‐se numa mancha gráfica pesada e de difícil leitura. Isto levou a algumas negociações com a assistente editorial do autor (pois era com ela que eram tratadas todas as questões relativas ao livro). No entanto, decisões sobre o livro apenas as transmitia pois eram tomadas pelo próprio autor.
Com um pouco de persistência, conseguimos chegar a um consenso e assim as caixas sombreadas foram eliminadas, o itálico passou a ser utilizado para destaque, títulos de obras e supostos afins. Foram selecionadas novamente as partes de texto em
que se justificava o uso de bold.
2.3 PAGINAÇÃO
A primeira grande dificuldade com que me deparei foi relembrar-‐me de todos os aspectos que é necessário ter em conta na paginação de um texto. Este não é um simples processo de colocação de números nas respectivas páginas.
«Tirando o conteúdo, que é sempre fundamental, um livro com qualidade tem que justificar ser um livro. E para isso tem de ter uma boa fonte, um tipo de letra agradável e eficaz, com um bom olho de letra, boa acuidade visual, com uma largura de coluna que permita boa higiene de leitura e fácil memorização, com uma boa entrelinha, um cabeçalho e numeração eficazes, com legendas legíveis, com cores escolhidas na função correcta, com brancos bem calculados, com bom papel, durável e que não fira a vista, ou seja, com uma forma adaptada à função. Uma pessoa quando
compra um livro é para lê-‐lo , não é para andar com uma lupa a fazer tentativas.»7
2.3.1 Preparação do Original
Para a preparação de ambos os originais mantive contacto com outras entidades responsáveis pelas obras e com autores, – Valdemar Aveiro, tanto por via
telefónica como por via e-‐mail, e Nilva Martinho, assistente de edição de Fernando dos
Santos Neves, idem –, pois existem aspectos relativos ao livro que são sempre decididos por/com o autor.
«ARTIGO 15º – Limites à Utilização
1 – Nos casos dos artigo 13º8 e 14º9, quando o direito de autor pertence ao criador
intelectual, a obra apenas pode ser utilizada para os fins previstos na respectiva
7 in Martins, Jorge, Profissões do Livro: editores e gráficos, críticos e livreiros, 2005, Verbo, pág. 323 8
ARTIGO 13º Obra subsidiada
Aquele que subsidie ou financie por qualquer forma, total ou parcialmente, a preparação, conclusão, divulgação de uma obra não adquire, por esse facto, sobre esta, salvo convenção escrita em contrário, qualquer dos poderes incluídos no direito de autor.
9
ARTIGO 14º Determinação da titularidade em casos excepcionais
1–Sem prejuízo do disposto no artigo 174º, a titularidade do direito de autor relativo a obra feita por encomenda ou por conta de outrem, quer em cumprimento de dever funcional quer de contrato de trabalho, determina-‐se de harmonia com o que tiver sido convencionado.
2–Na falta de convenção, presume-‐se que a titularidade do direito de autor relativo a obra feita por conta de outrem pertence ao seu criador intelectual.
3–A circunstância de o nome do criador da obra não vir mencionado nesta ou não figurar no local destinado para o efeito segundo o uso universal, constitui presunção de que o direito de autor fica a pertencer à entidade por conta de quem a obra é feita.
convenção; 2 – A faculdade de introduzir modificações na obra depende do acordo expresso do seu criador e só pode exercer-‐se nos termos convencionados. 3 – O criador intelectual não pode fazer utilização da obra que prejudique a obtenção dos fins para
que foi produzida. »10
Os meus primeiros passos na preparação do original consistiram em:
→ Definir o tipo de letra assim como o corpo, que confirmei junto da minha
orientadora (informação outrora transmitida por ambos os autores);
→ Ter atenção à indentação do parágrafo – «Espaço em branco com que abre a
primeira linha de um parágrafo vulgar»11 –, verificar que é sempre a mesma;
Ambas as obras incluíam um esboço do índice onde estavam presentes todos os títulos e subtítulos por ordem de aparecimento ao longo da obra, o que me facilitou o trabalho relativamente à definição das respectivas divisões da obra como , as páginas principais, aberturas e cortinas.
→ Definição e uniformização dos níveis de titulação. Relativamente a este ponto
a obra de Fernando dos Santos Neves foi a única que trouxe algumas dificuldades. Como se trata de um tipo de texto mais académico continha muitos títulos e subtítulos que variavam tanto na posição como no tamanho;
→ Eliminação de conteúdo do original que o editor ou autor decidiram não
inserir;
→ Acrescento de conteúdos não inseridos no original;
Normalmente, deveriam efectuar-‐se aqui e apenas aqui os dois últimos pontos apresentados. Após o processo de paginação estar completo acrescentar e retirar excertos de texto pode obrigar a uma nova paginação.
Ecos do Grande Norte é um livro que faz parte da colecção Recordações da Pesca do Bacalhau constituída, agora, por 4 livros. Sendo os três restantes 80 Graus Norte, Histórias Desconhecidas dos Grandes Trabalhadores do Mar, e Murmúrios do Vento. Estes contos baseados em experiências pessoais do autor e seus companheiros náuticos têm cerca de 200 páginas cada um.
que lhe estava confiada; b) Quando da obra vierem a fazer-‐se utilizações ou a retirar vantagens senão incluídas nem previstas na fixação da remuneração ajustada.
10 https://ciist.ist.utl.pt/docs_da/codigo_direito_autor_republicado.pdf
No final da paginação da obra, foi enviado um exemplar ao autor, como é costume na Âncora Editora, com o objectivo de lhe dar oportunidade de comunicar a sua opinião antes de se avançar para primeiras provas.
Estava tudo dentro dos conformes na opinião do Capitão Valdemar Aveiro só havia um pequeno senão, o número de páginas não coincidia ao das restantes obras. Esta tinha apenas cerca de 100 páginas. Como o tamanho de letra escolhido inicialmente tinha sido 11pt a solução encontrada foi aumentar para 12pt pois não criava uma mancha de texto desagradável (demasiado solto) e preenchia as 200 páginas como pretendido.
Que Ensino Superior Para o Séc. XXI, em Portugal e no Espaço Lusófono? trouxe mais complicações. Devido ao facto de ter um aspecto semelhante à estrutura de trabalho académico, como já tinha referido, havia sempre conteúdos que o autor achava que devia colocar ou retirar.
Via e-‐mail recebia quase dia sim, dia não novas instruções ou documentos em
PDF com novas modificações. Foi uma "pequena batalha" até à impressão final, até lá fiz várias repaginações. Uma das consequências que este tipo de excepções pode trazer é algumas das modificações pedidas não o serem.
Um dos documentos PDF que foi enviado ficou perdido. E por serem tantos e com aspectos semelhantes não foi dada conta, por nenhum membro da equipa, de que faltava aquele especificamente. Consequentemente as modificações não foram feitas, o que levou a um pedido de adiamento das ozalides.
Outros aspectos aos quais prestei atenção na preparação do original foram:
→ Adaptação da ficha técnica;
→ Formatação das notas de rodapé;
→ Inserção de legendas de imagens/fotografias/ilustrações/figuras.
Ecos do Grande Norte contém um caderno de 16 páginas com cerca de 32 imagens que selecionei juntamente com o autor. Para o tratamento das imagens usei o Photoshop onde, redimensionei e adaptei os níveis de Black & White (opção que
encontramos no programa). Frequentemente, os editores optam por fazer impressão
de imagens a preto e branco porque não é tão dispendioso, caso da Âncora Editora e
maioria das pequenas médias empresas.
Depois de estarem prontas, passei as fotografias para um novo documento em indesign e adicionei as legendas, antes criadas por mim e pelo Capitão Valdemar Aveiro através de contacto telefónico (o autor tem agora 81 anos, pelo que as suas capacidades em lidar com novas tecnologias não são muito avançadas, facilitando ao autor que a maioria da conversação, que todo este processo necessita, fosse por este meio).
Para o envio das imagens para a gráfica, visto que iriam ser impressas em papel
de fotografia/couché, criei um novo documento em Indesing onde as coloquei, pois
têm um processo de impressão diferente do resto do miolo.
A segunda obra na qual trabalhei, continha muitas imagens de documentos digitalizados já há algum tempo, cuja qualidade não era a melhor. Não podendo fazer qualquer tipo de tratamento às digitalizações fiz um pedido de novas digitalizações com esperança de que fossem feitas com maior cuidado de forma a obter mais definição.
Os documentos necessários encontravam-‐se no arquivo da Faculdade Lusófona aos quais a assistente editorial do autor teve acesso e fez novas digitalizações, resultando num excelente trabalho.
Uma das dificuldades com que me deparei quando recebi as imagens foi colocá-‐ las no respectivo lugar. Uma vez que a única ferramenta que tinha para me guiar era o documento que me tinha chegado primeiramente às mãos e até agora muitas alterações tinham sido feitas, sendo a correspondência de páginas inútil.
→ Normalização e formatação da bibliografia. Apenas trabalhei este ponto na
obra de Fernando dos Santos Neves, não me trouxe dificuldades acrescidas.
→ Formatação do índice. Para determinar o aspecto do índice utilizei, para
ambas as obras, os modelos de índice dos livros dos respectivos autores, de forma a seguir o estilo de cada colecção.
2.4 REVISÃO
«Os trabalhos de produzir-‐escrever-‐rever textos são indispensáveis, por todos os motivos, mas também pela vulnerabilidade da escrita digitalizada (facilmente blocos
inteiros se transformam ou desaparecem), pelo uso comum de software estrangeiro
(não compatível, p. ex., com as regras de translineação portuguesa), pelo actual descuido dos autores na apresentação dos originais(...), pelo desaparecimento dos
antigos e sucessivos filtros ou "copistas".»12
Depositando empenho nas operações transactas esta tarefa torna-‐se mais leve e mais eficaz.
É responsabilidade do revisor, nesta fase, ter já transmitido de forma clara e coerente ao autor ou assistente editorial do mesmo os critérios editoriais, tipográficos e linguísticos utilizados ao longo da obra. E em troca, espera ter recebido boas instruções da parte do autor/assistente para a paginação.
«Na edição, é evidente um novo mercado de trabalho: a maior parte deste
colaboradores não vem cá, o autor ou tradutor manda os textos por e-‐mail, pelo
mesmo sistema vai e volta do revisor e é submetido ao cliente, podendo este marcar as
correções e devolver. »13
2.4.1 Primeiras provas
Para as primeiras provas é necessário ter em nossa posse uma cópia do original tanto em papel como em formato digital (facilita a detecção de situações recorrentes).
Algumas preocupações tipográficas e gráficas tidas em conta neste processo são, os frontispícios – pois contêm sempre elementos diferentes das páginas do miolo –, a ficha técnica, o índice – que tem de ser uma preocupação constante do revisor, pois é um elemento onde passam facilmente gralhas –, páginas iniciais – dedicatória, agradecimentos e prefácio –, verificar se os capítulos iniciam sempre em página ímpar, aperfeiçoar a hifenização e a translineação, as partículas penduradas, linhas viúvas, elementos perdidos em final ou início de página e as folhas divisórias – «Aquela que
serve para demarcar as diferentes partes da obra»14 – que têm o propósito de criar
organização no livro através da separação de conteúdos com temas diferentes, possuem, portanto, uma função estética. Estas contam para o número total de páginas do livro mas não são numeradas e por vezes passam despercebidas. É necessária a
12 Martins, Jorge, Profissões do Livro: editores e gráficos, críticos e livreiros, 2005, Verbo, pág. 314. 13 in Martins, Jorge, Profissões do Livro: editores e gráficos, críticos e livreiros, 2005, Verbo, pág. 316. 14 Faria, Maria e Pericão, Graça, Dicionário do Livro: da escrita ao livro electrónico, 2008, Almedina.
eliminação da numeração destas páginas, após paginar, pois o programa não faz a sua selecção.
A nível linguístico deve-‐se ter em conta as construções frásicas, assim como a concordância. Para se poder afirmar que a obra possui uma linguagem coerente e clara pressupõe-‐se que tenha sido feita uma leitura completa da obra.
Quando senti confiança no trabalho que tinha em mãos enviei em formato PDF um exemplar, paginado, ao autor. É seu direito poder efectuar pequenas emendas, antes de se avançar para uma segunda revisão, desde que não comprometa a qualidade da obra.
2.4.2 Segundas provas
Quando realizamos segundas provas é essencial fazer uma comparação de emendas face a primeiras provas confirmando se foram introduzidas correctamente e envia-‐se novamente a obra.
É aconselhado, nesta altura, realizar uma leitura mais fluída do miolo para detectar erros de normalização tipográfica e linguística, assim como substituição de termos – sempre com o consenso do editor e do autor –, de forma a melhorar e facilitar a leitura do livro ao leitor.
Por vezes são realizadas mais provas caso se justifique emendas nas segundas e seja necessário efectuar umas terceiras.
2.4.3 Ciclo de Provas e Contraprovas; Verificações Finais
O ciclo de provas e contraprovas consiste na verificação do trabalho que o paginador vai desenvolvendo no livro até completar a sua tarefa. Esta verificação consiste na deslocação frequente do revisor ao posto do paginador avaliando o seu trabalho no próprio ecrã do seu computador. Este processo acontece para prevenir que o paginador deixe escapar emendas ou as introduza incorrectamente. No entanto, este cenário é raramente practicado, só o sendo em grandes editoras com departamentos de produção próprios.
de prestar constantemente justificações sobre o trabalho que estava a desenvolver, à minha orientadora e editor.
2.4.4 Ozalides
Ozalide é o nome que se dá à primeira impressão do livro. O seu objectivo é perceber, por exemplo, se os cadernos estão organizados correctamente. Para isso, cada caderno possui uma marca com cores e posições diferentes das dos restantes, construindo uma linha na diagonal quando colocados correctamente.
Imagem 1– Exemplo de uma ozalide15
A impressão de segundas ozalides acresce consequências a nível de cumprimentos de prazos, e de custos.
O adiamento da impressão poderá provocar uma cadeia de eventos desastrosos como, o cancelamento e adiamento da apresentação do livro que por consequência altera o local da apresentação, comunicação social, convidados, acrescendo novos custos e preocupações.
Este tipo de percalços também contribui para a construção de uma má imagem da editora.
2.5 NÍVEIS DE REVISÃO
Um bom revisor deverá ter a capacidade de perceber em que ponto do ciclo de edição um original se encontra quando este lhe é entregue, assim como que tipo de modificações ainda lhe são necessárias.
Ao original poderão ser feitos dois tipos de abordagem, mais restritiva ou mais extensiva.
A abordagem restritiva implica emendas do género tipográfico e linguístico. Enquanto que uma abordagem mais extensiva, tal como o próprio nome dá a entender, consiste numa extensão da primeira onde é realizada uma busca mais rigorosa de casos literários ou uma adequação de conteúdos e ou linguagem.
O local de venda do livro, a faixa etária e a cultura são alguns dos pontos que podem justificar pô-‐la em práctica.
Concluímos assim, que não existe um limite definido entre ambas sendo a segunda, de certa forma, um prolongamento da primeira.
2.6 TIPOS DE REVISÃO
A revisão é um processo que vai ao encontro de várias subáreas. Pode se dizer, então, que existem diferentes tipos de revisão, conforme o contexto onde ela é utilizada. De seguida vou apresentar aqueles que mais foram discutidos durante o meu estágio.
Revisão de Normalização
Exige ser feita em formato digital. Destina-‐se a efectuar correções em problemas recorrentes, cujos devem ser corrigidos, sempre, segundo as convenções da editora. Citações, aspas, parênteses são alguns tipos de casos aqui revistos.