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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ANNA KAROLINNE MORAIS E ARAUJO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

ANNA KAROLINNE MORAIS E ARAUJO

PRÁTICAS DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS EM RELAÇÃO AOS HÁBITOS ALIMENTARES DE CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES DA REDE PÚBLICA DE

FORTALEZA-CEARÁ

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ANNA KAROLINNE MORAIS E ARAUJO

PRÁTICAS DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS EM RELAÇÃO AOS HÁBITOS ALIMENTARES DE CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES DA REDE PÚBLICA DE

FORTALEZA-CEARÁ

Monografia apresentada ao

Departamento de Enfermagem da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Mariana Cavalcante Martins

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ANNA KAROLINNE MORAIS E ARAUJO

PRÁTICAS DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS EM RELAÇÃO AOS HÁBITOS ALIMENTARES DE CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES DA REDE PÚBLICA DE

FORTALEZA-CEARÁ

Monografia apresentada ao

Departamento de Enfermagem da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Prof.ª Dr.ª Mariana Cavalcante Martins (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Prof.ª Dr.ª Viviane Mamede Vasconcelos

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Enf.ª Mestranda Sarah Rayssa Cordeiro Sales Pinheiro

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A Deus, meu Aba Pai. Aos meus pais,

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AGRADECIMENTOS

A Deus, meu Aba Pai, meu tudo. Obrigada por tanto amor, graça e misericórdia derramada sobre a minha vida. Obrigada por ter olhado para mim, me elegido em Ti e me destinado à propósitos tão incríveis, onde a Enfermagem foi apenas um deles. Obrigada por se fazer presente em todos os momentos da minha vida e sempre me dar forças para prosseguir. Sem Você essa conquista não seria possível! Obrigada por fazer de mim filha e cuidar de mim em todos os detalhes. Como eu te amo, Paizinho! Minha vida será sempre uma entrega a Ti. Usa-me na Enfermagem conforme a Tua vontade. Eis-me aqui!

Ao meu pai, Paulo César (in memoriam), por sempre ter acreditado em mim e ter se empenhado, dando o seu máximo, para me oferecer o melhor sempre. Obrigada por ter sonhado esse sonho comigo e contribuído para que hoje ele se tornasse real. O senhor tomou esse sonho como se fosse seu, esteve comigo em todos os momentos, inclusive nos mais difíceis, quando ninguém mais acreditou, e dedicou todos os seus dias para que hoje eu estivesse conquistando minha formação. Obrigada por ser meu fiel auxiliador, o senhor escolheu se importar de forma genuína com as minhas coisas. Mesmo quando não esteve mais aqui comigo, pedi forças a Deus para continuar por você. Essa conquista é dedicada a você, eterno papito! Amo você para sempre, sinto muito a sua falta!

À minha mãe, Ediran Morais, por enxergar potencial em mim e dedicar cuidado a minha vida durante todos esses anos. Obrigada por ter sido coluna para mim após o falecimento do meu pai, e ter se esforçado para continuar me mantendo integralmente na faculdade. Obrigada por todas as orações que fizestes por mim. Foram muitos obstáculos, mas a senhora me ajudou a prosseguir. Amo você!

À toda a minha família, que direta ou indiretamente me apoiou e me incentivou a chegar onde cheguei. Agradeço de forma especial às minhas tias Aldereis e Aldenir. Obrigada por tudo!

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ser tão presente, tão atencioso e solícito a me ajudar em tudo. Você estendeu a sua mão em todos os momentos e me afirmou que Deus estava comigo, se permitindo ser usado por Ele para me dar palavras que vinham diretamente do Seu Trono pro meu coração, palavras de consolo, ânimo e de fé. Obrigada por acreditar e investir parte dos seus dias a minhas conquistas. Amo você!

A todos os meus amigos que participaram de momentos tão importantes na minha vida, sendo extensão de Deus nos períodos mais difíceis e compartilhando comigo as estações mais felizes. Aos amigos que a Enfermagem me ofereceu, sou grata por todas as experiências que vivi com vocês. Em especial a Marina, que esteve comigo desde o início da faculdade, dividindo muitos estudos e foi torre forte ao meu lado em frente a pior notícia que eu poderia receber. Nunca me esquecerei do que você fez por mim! Obrigada por tudo! A Monique, por ser minha eterna dupla de faculdade, companheira em muitos setores de hospitais durante essa formação. Espero levar a amizade de vocês além da faculdade!

À minha professora e orientadora Dra. Mariana Cavalcante Martins, por todo o ensino e conhecimento transmitido em amor e por toda paciência que teve comigo. Você foi muito mais que orientadora, insistiu em mim e nessa pesquisa, não me deixou desistir. Obrigada por tornar tudo mais leve e ser o meu maior exemplo de profissional. Obrigada por confiar a mim essa responsabilidade e torcer pelo meu sucesso. Tenho um carinho muito grande pela sua vida!

À Universidade Federal do Ceará e ao corpo docente do Departamento de Enfermagem, por me proporcionar uma excelente formação acadêmica. Obrigada por serem profissionais éticos, que amam a Enfermagem e amam contribuir para a formação profissional e pessoal dos seus alunos. Sinto-me honrada em sair formada em Enfermagem por esta instituição maravilhosa, a qual sempre sonhei fazer parte.

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RESUMO

A formação de hábitos alimentares saudáveis, durante a idade pré-escolar, apresenta grande importância para a saúde da criança, pois contribui para o desenvolvimento e formação de uma rotina alimentar que repercutem no estado nutricional desde a infância a fases futuras. Sabe-se que os pais são principais educadores, inclusive no âmbito da alimentação, influenciando, assim, nos hábitos alimentares infantis. Diante disso, o conhecimento e a compreensão das práticas dos pais ou responsáveis em relação à alimentação infantil são essenciais para o enfermeiro elaborar intervenções que os avaliem e auxiliem nesse processo. Objetivou-se identificar as práticas dos pais ou responsáveis em relação aos hábitos alimentares de crianças pré-escolares estudantes da rede pública de Fortaleza-Ceará. Trata-se de um estudo descritivo, de delineamento transversal, com abordagem quantitativa, realizado de fevereiro a março de 2018, com 196 pais ou responsáveis de crianças, na faixa etária de 2 a 5 anos, de seis Centros de Educação Infantil (CEI). A coleta de dados deu-se por meio da aplicação de dois instrumentos, o de caracterização sociodemográfica e o questionário “Comprehensive Feeding Practices Questionnaire”, versão validada em português, que consiste em um relatório a fim de medir práticas dos pais ou responsáveis sobre alimentação de crianças pré-escolares. Os dados foram tabulados e analisados com auxílio do SPSS, considerado significante p≤0,05. Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará. Como resultados, identificou-se que os pais ou responsáveis analisados eram predominantemente do sexo feminino, com idade entre 26 e 35 anos, nível escolar ensino médio e que possuem algum emprego. Verificou-se que as práticas positivas foram paritárias (50%) para presença e ausência de risco, e as práticas negativas apresentaram predomínio para as práticas sem risco (52%). Evidenciando as questões do instrumento de práticas alimentares, o constructo das práticas positivas que obteve a média mais alta foi o Constructo 01 (Orientação para uma alimentação saudável - 4,08 – DP±= 1,13), e das práticas negativas foi o Constructo 04 (Restrição para saúde - 4,26 – DP±= 1,12). Ao associar as variáveis sociodemográficas com as práticas alimentares positivas, identificou-se que a variável até ensino fundamental e ensino médio apresentou relação estatisticamente significante (p= 0,000; p= 0,037), e, com as práticas negativas, detectou-se que somente a variável idade (maior que 36 anos) foi significante (p=0,002). Conclui-se que, ao se identificar as práticas alimentares dos pais ou responsáveis, foi notório que, à medida que favorecem as práticas alimentares positivas, também favorecem as práticas alimentares negativas, necessitando de uma intervenção mais direcionada diante do perfil identificado, viabilizando a promoção de hábitos alimentares saudáveis.

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ABSTRACT

The promotion of healthy eating habits during the preschool age is essential for the child's health, since it contributes to the development and promotion of a food routine that reflects on a nutritional status from childhood to future phases. It is known that parents are the main educators, including regarding food education, thus influencing children's eating habits. Therefore, knowledge and understanding of the practices of parents or guardians regarding food for children are essential for nurses to elaborate interventions that evaluate and assist them in this process. The objective of this study was to identify the practices of parents or guardians in relation to the eating habits of preschool children students from the public schools of Fortaleza-Ceará. This is a descriptive, cross-sectional study with a quantitative approach, carried out from February to March 2018, with 196 parents or guardians of children aged 2 to 5 years from six Children Education Centers (CEC). Data were collected through the application of two instruments, the socio-demographic characterization and the questionnaire "Comprehensive Feeding Practices Questionnaire", a validated version in Portuguese, which consists of a report to measure the practices of parents or guardians about eating habits of preschool children. Data were tabulated and analyzed using the SPSS, considering significant p≤0.05. This research was approved by the Research Ethics Committee of the Federal University of Ceará. As results, it was identified that the parents or guardians analyzed were predominantly female, with ages between 26 and 35 years, high school level and with some type of employment. It was verified that positive practices were equivalent (50%) for presence and absence of risk, and the negative practices showed a predominance for practices without risk (52%). Regarding the validated instrument, Construct 01 of positive practices obtained the highest mean (Guideline for healthy eating - 4.08 - SD ± 1.13), and, among negative practices, Construct 04 (Restriction for health - 4.26 - SD ± 1.12) was the one with the highest mean. By associating sociodemographic variables with positive eating practices, it was identified that the variable up to basic education and high school showed a statistically significant relationship (p = 0.000; p = 0.037), and, by the association with negative practices, it was detected that only the variable age (greater than 36 years) was significant (p = 0.002). It is concluded that, by identifying the feeding practices of parents or guardians, as they favor positive eating practices, they also favor negative eating practices, which requires a more targeted intervention to enable the promotion of healthy eating habits considering the identified profile.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Localização dos Centros de Educação Infantil, selecionados de acordo com sua Secretaria Executiva Regional.

22

Quadro 2 Quantidade de alunos na faixa etária de 2 a 5 anos de cada Centro de Educação Infantil da sua respectiva Secretaria Executiva Regional.

23

Quadro 3 Quantidade de informantes de cada Centro de Educação Infantil da sua respectiva Secretaria Executiva Regional.

24

Quadro 4 Divisão do instrumento “Perfil das Práticas Alimentares” em constructos e questões abrangentes de acordo com a classificação das práticas.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Distribuição dos participantes da pesquisa, segundo as características sociais e demográficas.

28

Tabela 02 Média e desvio padrão dos constructos e das questões do instrumento “Perfil das Práticas Alimentares”.

29

Tabela 03 Categorização de risco das práticas positivas e das práticas negativas/coercivas, segundo questionário das práticas alimentares.

32

Tabela 04 Associação entre a presença e ausência de risco das práticas alimentares positivas com as variáveis sociodemográficas.

32

Tabela 05 Associação entre a presença e ausência de risco das práticas alimentares negativas/coercivas com as variáveis sociodemográficas.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Norma Técnicas CEI Centro de Educação Infantil

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde SER Secretaria Executiva Regional SME Secretaria Municipal de Educação

SPSS Statistical Package for the Social Sciences SUS Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 15

1.1 Alimentação infantil ... 15

1.2 Hábitos alimentares atuais ... 17

2. OBJETIVOS ... 22

2.1 Objetivo Geral ... 22

2.2 Objetivos Específicos ... 22

3. METODOLOGIA ... 23

3.1 Tipo de Pesquisa ... 23

3.2 Local da pesquisa... 23

3.3 População e Amostra ... 24

3.4 Coleta de Dados ... 25

3.5 Análise Estatística... 27

3.6 Aspectos Éticos e Legais ... 28

4. RESULTADOS ... 29

5. DISCUSSÃO ... 35

5.1 Perfil dos informantes ... 35

5.2 Práticas alimentares ... 36

6. CONCLUSÃO ... 41

REFERÊNCIAS ... 42

APÊNDICES...46

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1. INTRODUÇÃO 1.1 Alimentação infantil

A alimentação adequada e saudável na infância é fundamental, uma vez que práticas alimentares inadequadas podem ocasionar prejuízos imediatos e em longo prazo à saúde da criança, através do aumento da morbi-mortalidade infantil, como também consequências futuras de retardo de crescimento linear e desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (BRASIL, 2013a).

Entretanto, a experiência de uma criança com sabores começa ainda no útero através da habilidade de detectar e aprender associações positivas envolvendo odores e sabores no contato com o líquido amniótico e, futuramente, com a ingestão de leite materno (FIATES; AMBONI; TEIXEIRA, 2006).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo (AME) até os seis meses de vida, sendo o leite materno o único alimento que deve ser oferecido nesse período, pois apresenta balanceamento adequado de nutrientes, além de favorecer inúmeras vantagens imunológicas e psicológicas importantes na diminuição da morbidade e mortalidade infantil (OLIVEIRA; PARREIRA; SILVA, 2014).

O leite materno oferecido de forma exclusiva até esse período é capaz de suprir completamente à demanda nutricional do lactente. Porém, a partir do sexto mês as necessidades nutricionais não são mais atendidas apenas pelo leite materno, fazendo-se necessária a introdução da alimentação complementar (CALDAS et al., 2016).

A alimentação complementar é definida como aquela que é oferecida no período em que a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento nutritivo, sólido ou semissólido, com a finalidade de complementá-lo e não de substituí-lo. Assim, deve prover quantidades suficientes de água, energia, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, através de alimentos seguros, que sejam agradáveis à criança, culturalmente aceitos e economicamente acessíveis (BRASIL, 2015b).

Todavia, quando inserida de forma precoce não apresenta vantagens nutricionais e seu consumo pode levar ao aparecimento de algumas doenças, elevar a incidência da morbimortalidade infantil, além de aumentar as chances do desmame precoce (OLIVEIRA; PARREIRA; SILVA, 2014).

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família e proporciona uma adaptação a uma nova fase de sua vida, na qual lhe serão apresentados novos sabores, aromas, cores e texturas (BRASIL, 2015b).

No Brasil, a nutrição infantil tem acompanhado uma transição nos últimos anos, substituindo o problema de escassez pelo excesso (IBGE, 2010b). Essa transição nutricional evidencia-se pela diminuição contínua dos casos de desnutrição e prevalência crescente da obesidade infantil (GONSALEZ et al., 2017).

Sabe-se, ainda, que nesse processo de mudança nos perfis demográficos e de morbimortalidade, encontram-se dois cenários, o das doenças carenciais e das doenças crônicas não transmissíveis, acarretadas, em grande prevalência, por uma condição típica de excessos alimentares, como a obesidade (FILHO et al., 2008).

Porém, embora haja essa transição do perfil nutricional, verifica-se que ainda há uma prevalência da desnutrição mundial em crianças menores de cinco anos. Observa-se que cerca de 200 milhões apresentam altura insuficiente para a idade (desnutrição crônica), mais de 120 milhões de crianças nos países em desenvolvimento têm peso insuficiente para a idade e aproximadamente 30 milhões têm peso insuficiente para a estatura (UNICEF, 2009).

A realidade brasileira não é diferente, a desnutrição constitui ainda um grave problema de saúde pública. Acarreta importantes prejuízos na infância, como o atraso no desenvolvimento motor e mental, e complicações na fase adulta (SILVA et al., 2017). A situação é ainda mais grave nas regiões Norte e Nordeste, resultado da desigualdade social e da má distribuição de renda no país (OLIVEIRA et al., 2011).

Portanto, a desnutrição pode ocorrer de forma precoce, ainda na fase intra-uterina, evidenciado pelo baixo peso ao nascer, ou logo após, ainda cedo na infância, devido a múltiplos determinantes, entre eles a interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo e a alimentação complementar inadequada. As características sociais da família são determinantes importantes dessa condição (BRASIL, 2015b).

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Em contrapartida, as doenças crônicas não transmissíveis, acarretadas, em grande parte, por uma condição de excessos alimentares, tem gerado grandes impactos, visto que já alcançou um total de óbitos em 72% no Brasil (BRASIL, 2015c). Os mecanismos desse processo juntamente com seus resultados têm em comum a mudança no modelo de desenvolvimento econômico-social, incluindo mudanças na prática de atividade física, no estilo de vida e no padrão dietético que acompanham a urbanização e a economia (SPINELLI et al., 2013).

Sabe-se também que a obesidade é caracterizada como uma doença multifatorial associada aos fatores psicológicos, metabólicos, genéticos e, principalmente, ambientais. É considerada ainda mais grave na fase da infância, devido às particularidades do desenvolvimento dessa faixa etária, podendo estar associada a doenças como diabetes, hipertensão e dislipidemias. Podendo, ainda, ser responsável por uma baixa autoestima, um rendimento escolar prejudicado e um relacionamento pessoal e social comprometido devido à discriminação da aparência física (RAMOS et al., 2013).

Diante disso, o destaque para o excesso de gordura corporal tem sido considerado pela Organização Mundial da Saúde como um dos problemas mais graves do século XXI relacionado à saúde pública, afetando de forma mais acentuada nos países em desenvolvimento (OMS, 2011).

1.2 Hábitos alimentares atuais

Sabe-se que a formação de hábitos alimentares é um processo dinâmico, influenciada por uma complexa rede de influências genéticas e ambientais, tendo início na infância e sendo desenvolvido ao longo da vida. Esse processo envolve desde a escolha dos alimentos consumidos até as circunstâncias em que ocorre o ato de se alimentar (BRASIL, 2014b).

Em geral, as crianças tendem a rejeitar, de forma precoce, alimentos que não lhe são familiares. Porém, com exposições frequentes, em média de oito a dez exposições, os alimentos novos passam a ser aceitos, podendo ser incorporados à dieta da criança (BRASIL, 2015b).

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infância, bem como contribuindo para o excesso de peso e para a antecipação de doenças crônicas não transmissíveis da fase adulta (HERMAN et al., 2014).

Segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), o consumo de alimentos considerados não saudáveis é alto: 60,8% das crianças menores de dois anos de idade consomem biscoito, bolacha ou bolo, e 32,3% ingerem refrigerante ou suco artificial (IBGE, 2015a).

Outro estudo, realizado em Pelotas – RS mostrou que as crianças apresentaram consumo de verduras e legumes abaixo da recomendação, enquanto os alimentos do grupo dos óleos e gorduras, bem como do grupo dos açúcares, balas, chocolates e salgadinhos, foram consumidos em excesso (LEAL et al., 2015).

Segundo SOUZA et al (2013), o padrão alimentar tem sido marcado pela redução do consumo de alimentos in natura (frutas e verduras) e minimamente processados, além da excessiva utilização de alimentos ultraprocessados, de baixa qualidade nutricional.

Ressalta-se que durante a idade pré-escolar, a rotina alimentar apresenta grande importância, pois contribui para o desenvolvimento, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares que repercutem na saúde e no estado nutricional desde a infância a fases futuras (RAPHAELLI et al., 2017).

Nessa fase as crianças preferem alimentos mais calóricos, pois garantem um grande aporte energético e geram maior saciedade. Sabe-se, porém, que esses alimentos são pobres em nutrientes e fazem parte de hábitos alimentares inadequados (LEAL et al., 2015). Deste modo, o Ministério da Saúde evidenciou em 2014 que um em cada cinco estudantes brasileiros estavam com sobrepeso ou obesidade (BRASIL, 2014a).

Sabe-se que na fase pré-escolar, durante os anos formativos, os pais são os principais educadores e formadores sociais, inclusive no âmbito da alimentação infantil. O perfil alimentar dos pais demonstra estar diretamente relacionado com o peso e consumo de alimentos das crianças (BERGMEIER; SKOUTERIS; HETHERINGTONER, 2015).

Estudo mostra isso, que os hábitos alimentares das crianças são influenciados pelos pais, sendo eles os maiores responsáveis pela introdução alimentar, pela atitude perante o alimento e pelo padrão alimentar, pois as preferências alimentares das crianças são aprendidas a partir de experiências repetidas (LEAL et al., 2015).

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filhos, tornam-se essenciais. Portanto, é importante investir em intervenções que avalie e auxilie os pais, adaptadas às suas necessidades, na formação de hábitos alimentares saudáveis das crianças a fim de obter maior êxito nesse processo e contribuir para a mudança do cenário nutricional atual.

Diante desse cenário, tem-se a necessidade de controle e prevenção desse quadro através de intervenções que devem ser iniciadas ainda na fase pré-escolar e estarem vinculadas às políticas públicas e programas de promoção da saúde, principalmente, na Atenção Primária visto que constitui a estratégia mais efetiva na prevenção, promoção e recuperação da saúde (REIS; VASCONCELOS; BARROS, 2011).

Para alcançar melhores resultados, a atenção precisa estar voltada para as instituições escolares por serem um ambiente propício para se desenvolver e potencializar ações de educação nutricional, contribuindo para o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis e refletindo no ambiente familiar (PONTES et al., 2016).

Sabendo disso, é indispensável a participação do enfermeiro no ambiente escolar, podendo este desenvolver diversas atividades, desde o diagnóstico de situações de risco, propostas de correção e até mesmo atividades que promovam saúde na escola (ROSA et al., 2017).

As iniciativas e diretrizes das políticas públicas universais desenvolvidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são primordiais para êxito nesse processo. Em 2007, as ações de saúde nas escolas ganharam força política com o decreto presidencial nº 6.286 que instituiu o Programa Saúde na Escola (PSE), uma política intersetorial entre o Ministério da Saúde (MS) e o Ministério da Educação (MEC) (BRASIL, 2007).

Essa política tem como objetivo a oferta integral das ações à saúde de estudantes da educação básica pública brasileira, visando o enfrentamento das vulnerabilidades que põem em risco o seu pleno desenvolvimento, tanto no espaço das escolas como nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do SUS (BRASIL, 2008). A sua singularidade consiste em ter sido implementada segundo o modelo brasileiro de atenção primária à saúde, criando vínculos entre a saúde e a educação (FERREIRA et al., 2014).

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Outra política que também foi criada, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) consiste num conjunto de políticas públicas que visam respeitar, proteger e promover os direitos humanos à alimentação adequada e saudável e a atenção nutricional para todas as fases do curso da vida (BRASIL, 2013b).

Esses segmentos estão intrinsicamente correlacionados com a Atenção Primária à Saúde e devem ser abordados pelos profissionais de saúde a fim de compreender o contexto familiar e promover a integralização do cuidado.

No Brasil, a Estratégia Saúde da Família (ESF) é o modelo nacional de atenção primária à saúde, definido pela Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e nela está presente o Programa de Puericultura (BARRETO; NERY; COSTA, 2012).

Segundo Lima et al (2013), a partir da consulta de puericultura, com o acompanhamento da criança saudável, tem-se o objetivo de reduzir os índices de morbimortalidade nessa fase da vida, planejar e avaliar os programas existentes, identificar precocemente os possíveis agravos, implementar ações interventivas e avaliar o seu crescimento e desenvolvimento fisiológico através da avaliação sistemática e periódica das crianças.

Estudo revela a efetividade dessa prática quando bem implementada: em um período de 10 anos, o Brasil obteve queda dos óbitos entre crianças menores de um ano, de 29,7 para 15,6 para cada mil nascidas vivas, um decréscimo de 47,6% na taxa brasileira de mortalidade infantil. O nordeste, apesar de ainda ser a região com o maior indicador, apresentou o decréscimo mais significativo entre as regiões, de 44,7 para 18,5 óbitos (LIMA et al., 2013).

Nesse cenário, o enfermeiro, desempenha importante papel na dimensão educacional, ao conhecer o perfil epidemiológico e considerar o indivíduo em seu ambiente social, atua com uma visão holística e contribui não somente para o trabalho em equipe, mas também para a autonomia profissional durante a consulta de puericultura (ABE; FERRARI, 2008).

De forma que além do exercício da função assistencialista, o enfermeiro deve assumir um papel ativo na gestão dos serviços de saúde e, ainda, adquirir novas competências complementares para utilização de abordagem inovadora no processo de ensino-aprendizagem, podendo assim envolver os sujeitos como atores no processo educativo da promoção de saúde (ROSA et al., 2017).

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pré-escolares, devido ser nessa faixa etária que se estabelece a rotina alimentar. Além de que, maus hábitos alimentares nesse período podem acarretar um agravo e repercutir até a fase adulta, além de fornecer indicadores que possibilitam conhecer as condições de saúde da criança para que o profissional de saúde, em parceria com os pais e a escola, possam implementar estratégias de saúde mais eficazes que auxiliem em um crescimento e desenvolvimento saudável.

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2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral

- Avaliar as práticas dos pais ou responsáveis em relação aos hábitos alimentares de crianças pré-escolares estudantes da rede pública de Fortaleza-Ceará.

2.2 Objetivos Específicos

- Identificar a prática dos pais ou responsáveis, por meio dos constructos, que apresenta maior risco para hábitos alimentares errôneos.

- Descrever a presença ou ausência de risco alimentar baseado nas práticas dos pais ou responsáveis.

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3. METODOLOGIA 3.1 Tipo de Pesquisa

Trata-se de um estudo descritivo, de delineamento transversal. Estudos descritivos têm como finalidade observar, classificar, descrever com exatidão os fatos ou fenômenos de determinada realidade (POLIT; BECK; HUNGLER, 2011).

O estudo transversal consiste, essencialmente, na definição de uma população de interesse, no estudo da população por meio da realização de amostragem de parte dela e a determinação da presença ou ausência do desfecho e da exposição para cada um dos indivíduos estudados. (BASTOS; DUQUIA, 2007).

Na abordagem quantitativa, o investigador identifica variáveis de interesse, desenvolve definições operacionais dessas variáveis e, depois, coleta dados relevantes dos sujeitos. São usados instrumentos formais para coletar as informações que são reunidas de forma quantitativa, isto é, informação numérica que resulta de mensuração formal e que é analisada com procedimentos estatísticos (POLIT; BECK; HUNGLER, 2011).

3.2 Local da pesquisa

A pesquisa foi realizada em seis creches públicas, denominadas de Centros de Educação Infantil (CEI), uma de cada Secretaria Executiva Regional (SER) da Rede Municipal de Fortaleza, Ceará, selecionados mediante sorteio.

Ressalta-se que os Centros de Educação Infantil fazem parte do sistema integrado da Prefeitura e recebem crianças de 1 a 5 anos de idade, contemplam parte do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância).

Os CEI’s selecionados após o sorteio estão inseridos nos seguintes bairros e respectivas SER’s (Quadro 1):

Quadro 1 – Localização dos Centros de Educação Infantil, selecionados de acordo com sua Secretaria Executiva Regional. Fortaleza, CE, Brasil, 2018.

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São Gerardo Boa Vista Dom Lustosa Parangaba Conjunto Esperança

Passaré

Após identificação dos CEI’s fez-se necessário o termo de anuência para autorização da instituição (ANEXO A).

3.3 População e Amostra

A população do estudo foi constituída por todos os pais ou responsáveis de crianças, na faixa etária de 2 a 5 anos, matriculadas nos CEI’s selecionados. Ressalta-se que a faixa etária escolhida ocorreu devido ao instrumento “Comprehensive Feeding Practices Questionnaire” (WARKENTIN; et al, 2016) que será utilizado ter sido validado com essa população.

Para seleção dos informantes utilizou-se os seguintes critérios:

- Inclusão: pais ou responsáveis de crianças de 2 a 5 anos matriculadas na instituição;

- Exclusão: pais ou responsáveis analfabetos e/ou com problemas mentais; pais ou responsáveis de crianças que não comparecerem a escola no período estipulado para coleta de dados devido ao não recebimento do instrumento.

O processo ocorreu nas seguintes etapas: inicialmente, foi obtida a relação dos CEI’s de cada SER e procedemos com o sorteio. Um CEI de cada SER foi sorteado. Em seguida, foi enviada a solicitação, por meio de protocolo na Secretaria Municipal de Educação (SME), do termo de anuência para a realização da pesquisa. Após recebimento da anuência de cada CEI, por intermédio da SME, iniciou-se o contato para agendamento de visita prévia aos CEI’s selecionados, no qual realizou-se a explicação da pesquisa e a necessidade do auxílio dos professores e coordenadores. Cada coordenação dos CEI’s informou o quantitativo de alunos na faixa etária de 2 a 5 de idade, descrita no Quadro 2:

Quadr o 2 – Quantidade de alunos na faixa etária de 2 a 5 anos de cada Centro de Educação Infantil da sua respectiva Secretaria Executiva Regional. Fortaleza, CE, Brasil, 2018.

(25)

(2 a 5 anos)

I 60

II 57

III 66

IV 56

V 52

VI 53

Total da população 364

Após informação do quantitativo da amostra da pesquisa, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, a pesquisadora fez a impressão dos instrumentos da pesquisa auto-administrados com a carta de informação, juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para cada informante e realizou a entrega a cada professor responsável pela turma para distribuição.

Após o prazo estabelecido para devolução, foram agendadas novas visitas aos CEI’s para recebimento dos instrumentos preenchidos, sendo obtido um total de 196 informantes. Sendo a quantidade de informantes por SER descrito no Quadro 3:

Quadro 3 – Quantidade de informantes de cada Centro de Educação Infantil da sua respectiva Secretaria Executiva Regional. Fortaleza, CE, Brasil, 2018.

SER I SER II SER III SER IV SER V SER VI

39 32 31 33 31 30

Ressalta-se que se julgou pertinente escolher um CEI de cada SER para que todas as SER’s fossem assim representadas, porém para efeito de análise dos dados as mesmas não serão comparáveis entre si, farão parte de uma amostra única.

3.4 Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a março de 2018 e para sua realização foram aplicados dois instrumentos:

(26)

demográficos (escolaridade, estado civil, profissão, número de filhos, quantidade de pessoas residindo na casa e renda mensal familiar) (APÊNDICE A)

2. Questionário intitulado de: “Comprehensive Feeding Practices Questionnaire” (WARKENTIN et al., 2016), versão validada em português “Perfil das Práticas Alimentares” para crianças pré-escolares (ANEXO B), sendo autorizada pela pesquisadora o uso do mesmo (ANEXO C). O questionário, um instrumento de relatório para pais ou responsáveis, foi projetado para medir práticas de alimentação de crianças de 2 a 5 anos de idade. Contém 42 itens que compreendem 6 constructos, divididos em práticas positivas e práticas coercitivas/negativas, sendo assim definido pelas autoras (Quadro 4):

Quadro 4 – Divisão do instrumento “Perfil das Práticas Alimentares” em constructos e questões abrangentes de acordo com a classificação das práticas. Fortaleza, CE, Brasil, 2018.

Classificação

das práticas Constructo Questões

POSITIVAS

Constructo 1 - Orientação para uma Alimentação Saudável: Descreve a facilitação dos pais para um ambiente de alimentação saudável, incluindo o ensino, o exemplo e a educação da criança com envolvimento na ingestão de alimentos.

1-16

Constructo 2 - Monitoramento: Captura o grau que os pais monitoram e controlam a criança quanto ao consumo de alimentos não saudáveis.

17-20

NEGATIVAS/ COERCITIVAS

Constructo 3 - Restrição para Controle de Peso: Avalia quanto um pai restringe a ingestão de comida do filho a fim de limitar o ganho de peso.

21-27 Constructo 4 - Restrição para Saúde: Fator que

também mede o quanto um pai restringe a ingestão de alimentos da criança, mas com o foco em uma alimentação saudável, em vez de peso corporal.

28-32

Constructo 5 - Regulação da Emoção/Comida como Recompensa: Determina quanto um pai usa comida como recompensa pelo comportamento desejado em seu filho ou para regular as suas emoções.

33-38

Constructo 6 - Pressão: Investiga quanto um pai

pressiona a criança a comer. 39-42

(27)

confirmatória (AFC), bem como correlações entre os fatores e com a percepção da responsabilidade dos pais pela alimentação e preocupações sobre o estado de peso da criança (excesso e baixo peso).

Esses instrumentos, após aprovação do Comité de Ética da Pesquisa e anuência das escolas selecionadas, foram colocados nas pastas individuais dos alunos, com uma Carta-convite de breve explicação da pesquisa, no qual informou além dos objetivos da pesquisa, que os instrumentos deveriam ser devolvidos em um prazo máximo de 10 dias (APÊNDICE B), bem como o TCLE devidamente assinado (APÊNDICE C).

3.5 Análise Estatística

Para análise dos dados, os autores da escala orientam que se estabeleça um ponto de corte, (Percentil 50), sendo utilizado o mesmo ponto de corte na presente pesquisa, sendo assim classificado:

- Práticas positivas: O menor uso (Percentil≤82pontos) das praticas positivas (Constructo 1 - Orientação para uma alimentação saudável e Constructo 2 - Monitoramento) é considerado como práticas de risco e um maior uso (Percentil≥83pontos) é considerado como práticas sem risco;

- Práticas negativas/coercitivas: O maior uso (Percentil≥78) das práticas negativas/coercivas (Constructo 3 ao 6 – Restrição para Controle de Peso; Restrição para Saúde; Regulação da Emoção/Comida como Recompensa; Pressão) é considerado como práticas de risco e o menor uso (Percentil≤77) é considerado como práticas sem risco.

Após analise e categorização da presença e ausência de risco, os dados foram digitados no programa Excell 2010 (Microsoft Office) e exportadas para o programa StatisticalPackage for the Social Sciences (SPSS, Chicago, Estados Unidos), versão 20, para às análises.

(28)

p≤0,05. Posteriormente, foram discutidos e comparados de acordo com a literatura pertinente ao tema.

3.6 Aspectos Éticos e Legais

(29)

4. RESULTADOS

O perfil sociodemográfico dos pais ou responsáveis analisados (Tabela 01) aponta que os participantes predominantes são pai/mãe (92,3%), com idade entre 26 e 35 anos (47,4%) (Média 31,43 – DP: 8,49), com predominância do sexo feminino (95,4%). Quanto à escolaridade, em sua maioria (56,6%) possuem ensino médio, predominando o estado civil solteiro (59,2%) e que possuem algum emprego (54,1%). Quanto à quantidade de pessoas que moram na mesma residência, 4 a 5 pessoas (53,1%) predominou e com somente uma criança menor de 10 anos (58,7%). O valor da renda mensal familiar foi igual a um salário mínimo ou mais (67,3%).

Tabela 01. Distribuição dos participantes da pesquisa, segundo as características sociais e demográficas. Fortaleza, CE, Brasil, 2018.

Características N %

Informante

Pai/Mãe 181 92,5

Avô(ó) 12 6

Tio(a)/Irmão(ã) 3 1,5

Sexo Feminino Masculino 187 9 95,4 4,6 Idade

18 – 25 anos 53 27

26 – 35 anos Acima de 36 anos

93 50

47,5 25,5 Escolaridade

Até ensino fundamental 60 30,6

Ensino médio 111 56,6

Ensino superior 25 12,8

Estado civil

Casado(a) 80 40,8

Solteiro(a) 116 59,2

Profissão

Empregado 106 54,1

Desempregado 90 45,9

Pessoas que moram na residência

1-3 pessoas 69 35,2

4-5 pessoas 104 53,1

Acima de 6 pessoas 23 11,7

(30)

*Salário mínimo vigente: R$ 954,00

Em relação às questões do instrumento “Perfil das Práticas Alimentares”, verificou-se que em relação à média de cada questão (Tabela 02), que vale no máximo 5,0, pode-se observar que as práticas positivas (Q1 a Q20) obtiveram uma média superior a 3,0 em todas as questões, sendo este um fator positivo. O constructo que obteve a maior média foi o Constructo 01 – Orientação para uma alimentação saudável (4,08 – DP±= 1,13).

Porém, as questões que envolvem as práticas negativas/coercitivas (Q21 a Q42) em quase sua totalidade, estiveram acima da média (2,5), com exceção à questão 27 (2,33). Deste modo, esses dados são analisados como um fator negativo, pois à medida que se tem mais práticas negativas, maior é o risco para a prática de hábitos alimentares errôneos, prevalecendo o Constructo 4 – Restrição para saúde (4,26 – DP±= 1,12).

Tabela 02. Média e desvio padrão dos constructos e das questões do instrumento “Perfil das Práticas Alimentares”. Fortaleza, CE, Brasil, 2018.

1 criança 115 58,7

2 crianças 55 28,1

3 a 5 crianças 26 13,3

Renda mensal familiar

Menor que 1 salário mínimo* 64 32,7

Igual a 1 salário mínimo ou mais 132 67,3

Questões do instrumento “Perfil das Práticas

Alimentares” Média Desvio padrão

(DP)

Constructo 01 – Orientação para uma alimentação saudável 4,08 1,13 1.Você estimula seu(sua) filho(a) a comer alimentos saudáveis

antes dos não saudáveis? 3,96 1,11

2. Eu estimulo meu(minha) filho(a) a experimentar novos alimentos.

4,38 1,04

3. Eu falo para meu(minha) filho(a) que alimentos saudáveis são saborosos.

4. Eu estimulo meu(minha) filho(a) a comer alimentos variados.

4,60

4,58

0,83

0,80 5. A maioria dos alimentos que mantenho em casa é saudável. 4,12 1,01 6. Em cada refeição servida em casa, uma variedade de alimentos

saudáveis está disponível para meu(minha) filho(a). 4,13 1,19 7. Eu envolvo meu(minha) filho(a) no planejamento das refeições

da família.

8. Eu permito que meu(minha) filho(a) ajude na preparação das refeições da família.

4,07

3,11

1,23

1,42

(31)

alimentos.

10. Ao me alimentar de maneira saudável, eu dou exemplo de

alimentação saudável. 4,47 1,06

11. Eu tento comer alimentos saudáveis na frente do(a) meu(minha) filho(a), mesmo que estes não sejam os meus favoritos.

12. Eu tento mostrar entusiasmo sobre o consumo de alimentos saudáveis.

4,04

4,43

1,29

1,01 13. Eu mostro ao(a) meu(minha) filho(a) o quanto eu gosto de

consumir alimentos saudáveis. 4,41 1,01

14. Eu converso com meu(minha) filho(a) sobre a importância de

comer alimentos saudáveis. 4,39 1,05

15. Eu converso com meu(minha) filho(a) sobre o valor

nutricional dos alimentos. 3,84 1,27

16. Eu falo para meu(minha) filho(a) o que comer e o que não

comer sem dar explicações. 3,15 1,48

Constructo 02 – Monitoramento 3,76 1,08

17. Com que frequência você monitora os doces (bala, sorvete,

bolo, doce de padaria) que seu(sua) filho(a) come? 3,95 0,97 18. Com que frequência você monitora os salgadinhos (batatas

chips, Doritos®, Cheetos®) que seu(sua) filho(a) come? 3,81 1,06 19. Com que frequência você monitora os alimentos ricos em

gordura que seu(sua) filho(a) come? 3,65 1,08

20. Com que frequência você monitora as bebidas açucaradas (refrigerante, refresco em pó) que seu(sua) filho(a) bebe?

3,65 1,22

Constructo 03 - Restrição para Controle de Peso 2,84 1,50

21. Eu incentivo meu(minha) filho(a) a comer menos para que

ele(a) não fique gordo(a). 2,83 1,55

22.Nas refeições, eu dou ao(a) meu(minha) filho(a) pequenas

porções para controlar seu peso. 2,80 1,55

23.Em uma refeição, se meu(minha) filho(a) come mais do que o

normal, eu tento restringir sua alimentação na próxima refeição. 3,02 1,53 24.Eu restrinjo os alimentos que meu(minha) filho(a) come que

podem deixá-lo(a) gordo(a). 3,19 1,50

25.Existem certos alimentos que meu(minha) filho(a) não deve

comer porque o(a) farão ficar gordo(a). 2,94 1,46

26. Eu não permito que meu(minha) filho(a) coma entre as

refeições porque eu não quero que ele(a) fique gordo(a). 2,77 1,50 27. Frequentemente eu coloco meu(minha) filho(a) em uma dieta

para controlar seu peso. 2,33 1,43

Constructo 04 – Restrição para Saúde 4,26 1,12

28. Se eu não orientasse ou controlasse a alimentação do(a) meu(minha) filho(a), ele(a) comeria seus alimentos favoritos em excesso.

4,10 1,23

29.Se eu não orientasse ou controlasse a alimentação do(a)

(32)

Em continuidade, como se atribuiu o Percentil 50 como ponto de corte, na tabela 03 observa-se quanto à presença ou ausência de risco nas práticas alimentares positivas e negativas/ coercitivas. Nota-se que as práticas positivas (Constructos 1 e 2) foram paritárias (50%) para presença e ausência de risco.

Quanto às práticas negativas (Constructos 3 a 6) apresentaram predomínio para as práticas sem risco (52%). Assim, ao mesmo tempo em que as famílias estimulam hábitos alimentares positivos, também praticam hábitos alimentares negativos considerados de risco, na mesma proporção.

30.Eu tenho que me certificar de que meu(minha) filho(a) não

coma seus alimentos favoritos em excesso. 4,23 1,12

31.Eu tenho que me certificar de que meu(minha) filho(a) não

coma doces (bala, sorvete, bolo, doce de padaria) em excesso. 4,42 1,03 32. Eu tenho que me certificar de que meu(minha) filho(a) não

coma em excesso alimentos ricos em gordura. 4,37 1,01

Constructo 05 - Regulação da Emoção/Comida como

Recompensa 3,98 1,2

33.Quando seu(sua) filho(a) fica inquieto(a), a primeira coisa que

você faz é dar a ele(a) algo para comer ou beber? 3,73 1,16 34.Você dá algo para seu(sua) filho(a) comer ou beber caso

ele(a) esteja entediado(a), mesmo que você ache que ele(a) não está com fome?

4,28 0,98

35.Você dá algo para seu(sua) filho(a) comer ou beber caso ele(a) esteja chateado(a), mesmo que você ache que ele(a) não está com fome?

4,37 0,96

36.Como recompensa por um bom comportamento, eu ofereço doces (bala, sorvete, bolo, doce de padaria) ao(a) meu(minha) filho(a).

3,55 1,44

37.Eu ofereço ao(a) meu(minha) filho(a) seu alimento favorito

em troca de um bom comportamento. 3,58 1,55

38.Eu falo para meu(minha) filho(a) que alimentos saudáveis são

saborosos. 4,42 1,11

Constructo 06 – Pressão 2,96 1,49

39.Meu(minha) filho(a) deve sempre comer toda a comida do seu

prato. 2,60 1,50

40. Se meu(minha) filho(a) diz “Não estou com fome”, eu tento

fazer com que ele(a) coma mesmo assim. 2,96 1,45

41.Se meu(minha) filho(a) comer apenas uma pequena porção de

comida, eu tento fazer com que ele(a) coma mais. 2,95 1,54 42.Quando meu(minha) filho(a) diz que terminou de comer, eu

tento fazer com que ele(a) coma mais (uma, duas, etc)

(33)

Tabela 03. Categorização de risco das práticas positivas e das práticas negativas/coercivas, segundo instrumento “Perfil das Práticas Alimentares”. Fortaleza, CE, Brasil, 2018.

Ademais, ao realizar o cruzamento das variáveis sociodemográficas com a variável independente de práticas alimentares positivas, práticas com risco ou sem risco, identificou-se que as variáveis escolaridade até ensino fundamental (p = 0,000 / OR: 6,33) e ensino médio (p= 0,037 / OR: 2,79) apresentaram relação, estatisticamente significante, com as práticas alimentares. De forma que, a variável até ensino fundamental apresentou uma razão de chance de 6,33 de apresentarem risco na prática alimentar da criança.

Tabela 04. Associação entre a presença e ausência de risco das práticas alimentares positivas com as variáveis sociodemográficas. Fortaleza, CE, Brasil, 2018.

Legenda: * OR (odds ratio); ** IC (Intervalo de Confiança 95%); *** p = X2 (qui-quadrado). Práticas Alimentares Praticas com

risco Praticas sem risco

Práticas Positivas 98 (50%) 98 (50%)

Práticas Negativas/Coercivas 94 (48%) 102 (52%)

Variáveis Com risco Sem risco OR* (IC 95%)** p*** Idade

> 36 anos 22 (44%) 28 (56%) 0,47 (0,21 – 1,04) 0,063 26-35 anos 43 (46,2%) 50 (53,8%) 0,52 (0,26 – 1,03) 0,062

18-25 anos 33 (62,3%) 20 (37,7%) 1 -

Escolaridade Até ensino

fundamental 40 (66,7%) 20 (33,3%) 6,33 (2,18 – 18,3) 0,000 Ensino médio 52 (46,8%) 59 (53,2%) 2,79 (1,03 – 7,51) 0,037

Superior 6 (24%) 19 (76%) 1 -

Pessoas na residência

> 6 pessoas 13 (56,5%) 10 (43,5%) 1,59 (0,61 – 4,12) 0,335 4-5 pessoas 54 (51,9%) 50 (48,1%) 1,32 (0,71 – 2,43) 0,367

1-3 pessoas 31 (44,9%) 38 (55,1%) 1 -

Profissão 0,390

Desempregado 48 (53,3%) 42 (46,7%) 1,28 (0,72 – 2,24)

Empregado 50 (47,2%) 56 (52,8%) 1

Renda 0,068

(34)

A tabela 05 evidencia que ao cruzar as variáveis sóciodemográficas com as práticas alimentares negativas/coercitivas (Constructos 3 ao 6), detectou-se que somente a variável idade (maior que 36 anos) (p=0,002 / OR: 3,56) apresentou relação com as práticas alimentares, sendo estatisticamente significante, no qual observa-se uma razão de chance de 3,56 de apresentar risco na prática alimentar da criança.

Tabela 05. Associação entre a presença e ausência de risco das práticas alimentares negativas/coercivas com as variáveis sociodemográficas. Fortaleza, CE, Brasil, 2018. (N=196)

Legenda: *OR (odds ratio); ** IC (Intervalo de Confiança 95%); *** p= X2 (qui-quadrado).

Variáveis Com risco Sem risco OR* (IC 95%)** p*** Idade

> 36 anos 34 (68%) 16 (32%) 3,56 (1,55 – 7,90) 0,002 26-35 anos 40 (43%) 53 (57%) 1,24 (0,62 2,48) 0,533

18-25 anos 20 (37,7%) 33 (62,3%) 1 -

Escolaridade Até ensino

fundamental 29 (48,3%) 31 (51,7%) 1,19 (0,46 – 3,04) 0,715 Ensino médio 54 (48,6%) 57 (51,4%) 1,20 (0,50 – 2,88) 0,674

Superior 11 (44%) 14 (56%) 1 -

Pessoas na residência

> 6 pessoas 8 (34,8%) 15 (65,2%) 0,65 (0,24 – 1,74) 0,394 4-5 pessoas 55 (32,9%) 49 (47,1%) 1,37 (0,74 – 2,53) 0,305

1-3 pessoas 31 (44,9%) 38 (55,1%) 1 -

Profissão 0,963

Desempregado 43 (47,8%) 47 (52,2%) 0,98 (0,56 – 1,73)

Empregado 51 (48,1%) 55 (51,9%) 1

Renda 0,926

(35)

5. DISCUSSÃO

5.1 Perfil dos informantes

Diante dos dados sociodemográficos, no perfil dos pais ou responsáveis de crianças pré-escolares das escolas públicas, verificou-se que há uma predominância do sexo feminino, existindo ainda, socialmente, a figura da mulher como prioritária no papel de responsabilidade com o cuidado da alimentação infantil corroborando com a pesquisa de Momm; Höfelmann (2014) que 83,2% dos informantes também eram mulheres.

Quanto à média de idade dos pais ou responsáveis estudados foi de 31,43 anos, assemelhando-se a média de idade dos informantes do estudo de Souza (2013), realizado com o mesmo instrumento “Comprehensive feeding practices questionnaire”, que foi de 29 anos. Houve equivalência com o estudo da autora com relação ao número de filhos, onde em ambos, ocorreu a prevalência de apenas uma criança por família, retratando o cenário de decréscimo da taxa de fecundidade das famílias brasileiras. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE, 2010a; 2013), para 2016 a taxa de fecundidade de mulheres no Brasil é de 1,69, sendo na região Nordeste de 1,93, o que está condizente com o número de filhos apresentado pelos informantes abordados na presente pesquisa.

O grau de instrução da pesquisa vai de encontro com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), na qual apresenta que mais da metade da população de 25 anos ou mais de idade estava concentrada nos níveis de instrução até o ensino fundamental completo ou equivalente (52,0%), 26,4% tinham o ensino médio completo, e 13,5% possuíam o superior completo (IBGE, 2015b), porém na Região Nordeste a média de tempo de estudo foi de apenas 6,7 anos de estudo, sendo a menor média.

As condições socioeconômicas das famílias determinam, em grande parte, a alimentação consumida pela criança. Segundo Leal et al. (2015) em seu estudo, verificou-se a relação da renda familiar com os componentes da alimentação infantil, onde crianças provenientes de famílias com renda entre um e 2,99 salários mínimos obtiveram melhores hábitos alimentares quando comparadas com aquelas cuja renda familiar era menor ou igual a um salário mínimo.

(36)

Nordeste, segundo apresentado pela PNAD, onde a renda média foi de R$ 796, menor que um salário mínimo (IBGE, 2015b).

Entretanto, é importante destacar o índice de desemprego, quase metade dos informantes, podendo influenciar nos grupos alimentares ofertados nas refeições das crianças, através da não biodisponibilidade de todos os micronutrientes necessários na dieta e comprometer o desenvolvimento da criança, condizendo com o cenário de outras pesquisas encontradas como a de Prates, Pereira e Pinho (2016) que todas as mães apresentavam baixo nível socioeconômico, onde era necessário o auxílio do governo, através de programas, para promoção da alimentação saudável por meio da fortificação da dieta com micronutrientes.

Ademais, o número médio de pessoas vivendo no mesmo domicílio esteve entre 4 ou 5 indivíduos, tal fato pode contribuir para uma maior dificuldade na adesão à práticas alimentares sem risco para as crianças, haja vista que quanto maior o número de indivíduos no domicílio, principalmente, associado à baixa renda, pode comprometer a aquisição de insumos alimentícios saudáveis (SCHUCH et al., 2013).

Em contrapartida, em países em desenvolvimento como o Brasil, foi evidenciado no estudo de Maranhão et al (2017) que a situação de escassez de recursos no grupo de menor renda pode contribuir para uma aceitação mais ampliada dos alimentos que chegam à mesa, minimizando a ocorrência de dificuldades alimentares em crianças pré-escolares do Nordeste (RN).

5.2 Práticas alimentares

Em relação às práticas alimentares dos pais ou responsáveis têm-se uma forma de percepção de como esses influenciam no desenvolvimento infantil. Para além da influência na ingestão alimentar, essas práticas estão relacionadas com os padrões de refeições familiares (ROCHINHA; SOUSA, 2012). Segundo este autor, práticas realizadas por pais referentes à alimentação infantil, como a restrição de alimentos, a pressão para a ingestão de determinados alimentos e a oferta de alimentos como recompensa têm sido apontadas como potenciais determinantes do peso das crianças. Tais práticas estão contempladas como negativas no instrumento da atual pesquisa.

(37)

alarmante, pois deveriam preconizar apenas as práticas positivas visto que hábitos alimentares errôneos perpassam por toda a vida.

Em relação ao Constructo 1, Orientação para uma alimentação saudável, que consiste num ambiente de alimentação saudável proporcionado pelos pais ou responsáveis às crianças, incluindo o ensino e o exemplo, foi considerada a prática com maior média dentre as positivas (4,08), porém sabe-se que o nível de conhecimento de muitas famílias sobre hábitos alimentares saudáveis não está atrelada diretamente ao seu ensino e sua prática. Outro estudo evidenciou, ao avaliarem a associação de práticas alimentares e o conhecimento nutricional, que hábitos alimentares errôneos, incluindo índices de obesidade, estavam associados ao maior nível de conhecimento de pais sobre alimentação infantil. (VENÂNCIO; TEIXEIRA; SILVA, 2013)

O monitoramento e o controle dos pais quanto ao consumo de alimentos não saudáveis pelas crianças foi considerado alto nessa pesquisa, através do Constructo 2, contudo sabe-se que o consumo de alimentos como doces, açúcares, salgadinhos e ricos em gorduras ainda é bastante prevalente na população infantil atual. Conforme Leal et al., (2015), em sua pesquisa realizada com crianças pré-escolares de 2 a 5 anos, os alimentos mais consumidos, por 99,6% das crianças, foram os pertencentes ao grupo dos doces, açúcares e salgadinhos. Os alimentos do grupo de óleos e gorduras também foram consumidos além do recomendado, por 74,3% das crianças, sendo ainda mais alarmante o consumo de alimentos com gordura saturada.

O estudo de Leal et al., (2015) vai de encontro também dos valores encontrados no Constructo 4 (Restrição para Saúde), no tocante das questões 31 e 32, pois apesar de sua prática ser considerada negativa pela atual pesquisa, devido ao grau de restrição de alimentos à criança visando uma alimentação saudável, ainda é bastante realizada (média acima de 4). Entretanto, o cenário de consumo desses alimentos, mesmo com o comportamento de restrição, ainda foi evidenciado, pelos demais estudos, em excesso pelas crianças. (SILVA et al., 2014)

(38)

alimentar e essa vai motivá-los a comer, os alimentos utilizados para obter a recompensa tornam-se os preferidos.

Um exemplo desse cenário são as questões 36 e 37 do instrumento utilizado na atual pesquisa que tratam de recompensa alimentar diante a um bom comportamento da criança, obtiveram média de 3,55 e 3,58, respectivamente, corroborando a presença dessa prática. Portanto, a utilização destas práticas acaba produzindo efeitos adversos nas preferências de alguns alimentos.

Quanto ao Constructo 6 – Pressão foi evidenciado uma média ainda alta (2,96), pois considerando ser um fator negativo para alimentação infantil, sua prática não deveria está tão presente nos lares dessas famílias. Sabe-se ainda que a pressão para comer é definida como a situação em que pais, cuidadores, familiares, pedem ou obrigam a criança a ingerir mais alimentos contra a sua vontade.

Muitos pais possuem uma maior preocupação com relação à quantidade de alimento ingerido do que com o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis. Segundo estudos, níveis elevados de pressão para comer alimentos saudáveis associam-se a uma menor ingestão de frutas e vegetais e a uma ingestão mais elevada de gordura (FISHER, 2002; LEE; BIRCH, 2002 apud ROCHINHA; SOUSA, 2012).

Em relação à categorização de risco das práticas alimentares percebeu-se, diante do ponto de corte estabelecido, que metade dos informantes enquadra-se como realizadores de práticas com risco para alimentação infantil e metade para práticas sem risco. Outro estudo constatou também que mais da metade (52,6%) das crianças possuíam hábitos alimentares inadequados. (MOMM; HOFELMANN, 2014)

Sabe-se que a presença dessas práticas alimentares inadequadas tem iniciado ainda cedo na alimentação infantil, ainda no período de introdução alimentar, ocorrendo a introdução precoce de alimentos, como o leite de vaca integral, uso de alimentos com consistência inapropriada, além de baixa quantidade de micronutrientes, oferta insuficiente de frutas, verduras e legumes, erros no preparo e armazenamento dos alimentos e oferta de alimentos industrializados ricos em carboidratos, lipídeos e sal, sendo consumidos com frequência pelas famílias (SILVA; COSTA; GIUGLIANE, 2016).

(39)

no mínimo, duas vezes até os 2 anos de idade para todos os percentuais, além do consumo excessivo de produtos industrializados, como os embutidos com alto teor de sódio e açúcar.

Para tanto, quando essas práticas com risco e sem risco alimentar associam-se às variáveis socioeconômicas pode-associam-se obassociam-servar que a escolaridade das famílias influencia nos hábitos alimentares, pois os informantes que possuem somente o ensino fundamental (p 0,000) possuem 6,33 mais chances de realizarem práticas alimentares com risco para a criança, quando analisado os constructos positivo, devido a escolaridade determinar o acesso à informação adequada, além da capacidade de compra de alimentos mais saudáveis corroborando com os autores Molina et al. (2010) que evidenciou associação da baixa escolaridade das mães com hábitos alimentares inadequados e que mães com mais anos de estudo têm maior possibilidade de discernir entre o que é considerado de fato alimento saudável ou não, tendo em vista a prática da indústria alimentícia em utilizar maciçamente a publicidade direta de seus produtos em todos os meios de comunicação. O estudo de Schuch et al. (2013) também condiz com o retrato encontrado, verificou-se que os filhos de mães com ensino superior tinham menores prevalências de excesso de peso.

Ainda em relação à associação com a escolaridade, outra pesquisa também destaca que quanto maior a escolaridade, maior a percepção dos familiares acerca do desenvolvimento infantil e menos conflituosas as relações com os filhos, o que gera práticas menos negligenciais e punitivas. A baixa renda e a baixa escolaridade evidenciou uma maior vulnerabilidade das famílias a não adotar um cuidado mais responsivo constatando que a educação e a condição de saúde da mãe são essenciais no processo de cuidado (SILVA; COSTA; GIUGLIANE, 2016). Ressalta-se que apesar da renda não ter apresentado relevância estatística (p=0,065) apresentou uma razão de chance de 1,75 para práticas com risco, assim como a maioria das demais variáveis que apresentaram razão de chance maior que 1.

(40)

Diante desse contexto, a educação em saúde realizada pelo enfermeiro é indispensável para a mudança desse cenário, devido às crescentes evidências da importância de se evitar essas práticas errôneas para a formação de hábitos alimentares saudáveis e, consequentemente, prevenção contra doenças crônicas não transmissíveis. Sua atuação precisa estar direcionada principalmente na área da Atenção Primária, através da consulta de puericultura, onde é possível identificar precocemente os possíveis agravos e implementar intervenções para diminuí-los além de proporcionar um ambiente de educação à pais em relação a alimentação infantil e avaliar o desenvolvimento da criança (LIMA et al., 2013).

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6. CONCLUSÃO

Diante do consolidado dos dados encontrados, conclui-se que a pesquisa permitiu identificar o perfil das práticas alimentares dos pais ou responsáveis de crianças pré-escolares, no qual foi notório que à medida que favorecem as práticas alimentares positivas, também favorecem as práticas alimentares negativas, sendo, portanto, um fator preocupante devido aos hábitos alimentares formados durante a infância repercutirem em toda a vida adulta.

Ressalta-se que o constructo que obteve maior média, Restrição para saúde (4,26), representa o quanto os pais ou responsáveis precisam restringir o uso de alimentos prejudiciais à saúde, considerados inadequados, como balas, sorvetes e salgadinhos, diante da predileção dos filhos por esses alimentos, mostrando que a criança é exposta a esses tipos de alimentos de forma cada vez mais precoce, necessitando que os pais ou responsáveis fiquem sempre monitorando para evitar o seu consumo. Destaca-se ainda, a atuação da baixa escolaridade e idade maior que 36 anos como fatores influenciadores para a prática de risco alimentar.

Como limitação do estudo, aponta-se o fato de que houve a perca de muitos questionários pela falta de devolutiva, devido serem questionários auto-administrados e depender da cobrança da instituição escolar para a entrega. Destacando ainda o fato de a pesquisa ter sido realizada com uma amostra de apenas um CEI de cada SER, reduzindo, assim, o tamanho da amostra.

Este estudo trará avanços para a enfermagem e áreas afins, visto que possibilitou um olhar mais detalhado em relação às práticas alimentares positivas e negativas realizadas pelos pais ou responsáveis de crianças pré-escolares, contribuindo significativamente no preenchimento de lacunas devido estudos anteriores, que contemplam questionários de alimentação infantil, verificarem somente a frequência alimentar.

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Tabela  01 Distribuição  dos  participantes  da  pesquisa,  segundo  as  características  sociais  e demográficas.
Tabela  01.  Distribuição  dos  participantes  da  pesquisa,  segundo  as  características  sociais  e demográficas
Tabela  02.  Média  e  desvio  padrão  dos  constructos  e  das  questões  do  instrumento  “Perfil  das Práticas  Alimentares ”
Tabela  04.  Associação  entre  a  presença  e  ausência  de  risco  das  práticas  alimentares  positivas  com as variáveis  sociodemográficas
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