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Os Fogos na Campanha Militar no Teatro de Operações da Guiné Bissau

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Academic year: 2018

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I NST I T UT O UNI V E R S I T Á R I O M I L I T A R D E PA R T A M E NT O D E E S T UD OS PÓS -G R A D UA DO S

C UR SO D E PR OM O Ç Ã O A OF I C I A L S UPE R I O R 2016/2017

T I G

C A P C A V T I A G O L I M A B A C E L A R E M E L O C A P M A T PE D R O D A S I L V A M ONT E I R O C A P A R T F I L I P E M I G UE L S A NT O S D E O L I V E I R A

C A P I NF A ND R É B O R G E S M A R T I NS C A P INF H UG O L E A ND R O R OD R I G UE S M O NT E I R O ( C oor denador) O S F OG O S NA C A M PA NH A M I L I T A R NO T E A T R O D E

O PE R A Ç Õ E S DA G UI NÉ -B I SS A U ( 1963-1974)

(2)

I NS T I T UT O UNI V E R S I T Á R I O M I L I T A R

D E PA R T A M E NT O D E E S T UD O S P ÓS -G R A D UA D O S

O S F O G OS NA C A M PA NH A M I L I T A R NO T E A T R O D E

O P E R A Ç Õ E S D A G UI NÉ -B I S S A U ( 1963-1974)

C A P C A V T I A G O L I M A B A C E L A R E M E L O

C A P M A T PE D R O D A S I L V A M O NT E I R O

C A P A R T F I L I PE M I G UE L S A NT OS D E O L I V E I R A

C A P I NF A ND R É B O R G E S M A R T I NS

C A P I NF H UG O L E A NDR O R OD R I G UE S M O NT E I R O

( C oor denador )

T rabalho de Investigaçã o de Grupo do C POS-E A /S 2016/2017

(3)

I NS T I T UT O UNI V E R S I T Á R I O M I L I T A R

D E PA R T A M E NT O D E E S T UD O S P ÓS -G R A D UA D O S

O S F O G OS NA C A M PA NH A M I L I T A R NO T E A T R O D E

O P E R A Ç Õ E S D A G UI NÉ -B I S S A U ( 1963-1974)

C A P C A V T I A G O L I M A B A C E L A R E M E L O

C A P M A T PE D R O D A S I L V A M O NT E I R O

C A P A R T F I L I PE M I G UE L S A NT OS D E O L I V E I R A

C A P I NF A ND R É B O R G E S M A R T I NS

C A P I NF H UG O L E A NDR O R OD R I G UE S M O NT E I R O

( C oor denador )

T rabalho de Investigaçã o de Grupo do C POS-E A /S 2016/2017

Orientador: MA J A R T A R T UR ME ND E S R IB E IR O D E SOUSA A L V E S

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Declar açã o de compr omisso A nti Plágio

Nós, declaramos por nossa honra que o documento intitulado OS F OGOS NA C A MPA NHA MIL IT A R NO T E A T R O D E OPE R A Ç Õ E S D A GUINÉ -B IS SA U (1963-1974) corresponde ao resultado da investigaçã o por nós desenvolvida enquanto auditores do C POS- E X 2016/2017 no Instituto Universitário Militar e que é um trabalho original, em que todos os contributos estã o corretamente identificados em citações e nas respetivas referê ncias bibliográficas.

T emos consciê ncia que a utilizaçã o de elementos alheios nã o identificados constitui grave falta ética, moral, legal e disciplinar.

Pedrouços, 03 de julho de 2017

C A P C A V T IA GO L IMA B A C E L A R E ME L O _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

C A P MA T PE D R O DA SIL V A MONT E IR O _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

C A P A R T F IL IPE MIG UE L SA NT OS DE OL IV E IR A _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

C A P INF A NDR É B OR GE S MA R T INS _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

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iv A gr adecimentos

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Índice

Introduçã o… . ... 11

1. E voluçã o estrutural e doutrinária do período em análise ... 15

1.1.C aracterizaçã o Geral do T eatro de Operações da Guiné-B issau ... 17

1.2.F orças empregues na contraguerrilha ... 18

2. Dispositivo operacional envolvido ao longo da C ampanha ... 21

2.1.A rtilharia de C ampanha ... 21

2.1.1.Implantaçã o territorial e organizaçã o da A rtilharia de C ampanha ... 21

2.1.2.E mprego da A rtilharia e dificuldades encontradas ... 22

2.2.Morteiros ... 25

2.2.1.Implantaçã o territorial e organizaçã o dos morteiros ... 25

2.2.2.E mprego dos morteiros e dificuldades encontradas ... 26

2.3.A poio A éreo à s F orças T errestres ... 26

2.3.1.Implantaçã o territorial e organizaçã o da F orça A érea ... 26

2.3.2.E mprego dos meios aéreos e dificuldades encontradas ... 27

3. O emprego dos F ogos nas operações na Guiné-B issau ... 30

3.1.Implementaçã o dos F ogos no T eatro de Operações da Guiné-B issau ... 30

3.2.E voluçã o do emprego dos F ogos no T O e o “estado da arte” no final do conflito .. 30

C onclusões… ... 32

B ibliografia.. ... 35

Índice de A nexos

(7)

vi Índice de F igur as

F igura 1 – Obus 8,8 cm m/946… … … A nx D -1 F igura 2 – Obus 14 cm m/943… … … .A nx D -2 F igura 3 – Peça 11,4 cm m/943… … … ...A nx D -3 F igura 4 – Morteiro M2 60 mm m/952… … … A nx F -1 F igura 5 – Morteirete 60 mm F B P m/68… … … ..A nx F -1 F igura 6 – Morteiro B randt m/931 de 81 mm… … … ..A nx F -2 F igura 7 – Morteiro M2 m/951 de 107 mm… … … .A nx F -3

Índice de T abelas

(8)

R esumo

E ste trabalho de investigaçã o pretende analisar o emprego da funçã o de combate fogos pelo E xército Portuguê s, no período de 1963-1974, no T eatro de Operações da Guiné-B issau, delimitando o estudo ao nível tático e operacional, nas vertentes de fogos indiretos terrestres e A poio A éreo. Pretende-se caracterizar os F ogos na contrassubversã o na G uiné-B issau e a respetiva evoluçã o durante o conflito, de acordo com o que foi a realidade vivida neste T eatro de Operações.

A metodologia seguida baseou-se fundamentalmente em fontes primárias, incluindo estudos de situaçã o, relatórios e planos relativos a operações, complementadas com fontes secundárias relevantes, sustentando o processo de investigaçã o em entrevistas semi-diretivas a veteranos que estiveram presentes no referido T eatro.

C om este trabalho verificou-se a importância que o emprego de fogos assume num conflito de cariz subversivo. D esta forma, foi possível concluir que a forma de atuaçã o implementada pelo E xército Portuguê s no âmbito do apoio de fogos demonstrou ser adequada, face à s limitações existentes, tendo-se verificado a permanente coordenaçã o entre o E xército e F orça A érea que, constantemente adaptada à s mudanças operacionais, potenciou os efeitos alcançados, cuja eficácia acabou por influenciar o combate ao nível tático e operacional.

Palavr as-chave

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viii A bstract

This research intends to analyze the employment of the fires warfighting function by the Portuguese Army, from 1963 to 1974, in the Guinea-Bissau Operations Theater, delimitating the study at the tactical and operational level, to the indirect ground fires and Air Support. It is intended to characterize the F ires in the counter-subversion in G uinea-Bissau and its evolution during the conflict according to what was the reality lived in this Operations T heater.

The methodology followed was primarily based on primary sources, which included situational studies, reports and operations plans, complemented with relevant secondary sources, supporting the research process in semi-directive interviews to veterans who were present at this Theater.

With this work, we verified the importance assumed using fires in a subversive conflict. Thus, it was possible to conclude that the implemented form of action by the Portuguese Army related with fire support proved to be adequate regarding the existing constraints, with permanent coordination between the Army and the Air F orce that, constantly adapted to operational changes, potentiated the effects achieved, whose effectiveness eventually influenced the combat at tactical and operational levels.

K eywords

(10)

L ista de abr eviatur as, siglas e acr ónimos A C

B A C B C aç B F C IOE C C aç C T IG E UA E P F F A A F A P F T GA 7 GA C 7 H IUM MDN NE P NF OT A N PA IGC PC PU QC QD QG QO T O T A T P

A rtilharia de C ampanha

B ateria de A rtilharia de C ampanha B atalhã o de C açadores

B ocas de F ogo

C entro de Instruçã o de Operações E speciais C ompanhia de C açadores

C omando T erritorial Independente da Guiné E stados Unidos da A mérica

E xército Portuguê s F orças A rmadas

F orça A érea Portuguesa F orças T errestres G rupo de A rtilharia Nº 7

G rupo de A rtilharia de C ampanha Nº 7 Hipóteses

Instituto Universitário Militar Ministério da D efesa Nacional Norma de E xecuçã o Permanente Nossas F orças

Organizaçã o do T ratado do A tlântico Norte

Partido A fricano para a Independê ncia da Guiné e C abo-V erde Posto de C omando

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11 I ntr oduçã o

D e 1961 a 1974, Portugal participou, em Á frica, num conflito militar de cariz subversivo contra os movimentos independentistas. A manutençã o dos territórios coloniais, considerava-se essencial para a sobrevivê ncia de Portugal como naçã o independente1. Para tal, foram utilizadas diversas estratégias, salientando-se a estratégia estrutural, que visou a reorganizaçã o do Ministério da Defesa Nacional (MDN), especialmente após 1956, tendo em vista a preparaçã o das F orças A rmadas (F F A A ) para um previsível conflito em Á frica e a estratégia contrassubversiva, na qual se destaca a presença permanente dos fogos indiretos, ambas inseridas numa estratégia global na defesa do império (R odrigues, 1996), que segundo J . Nye (2008), requer a integraçã o e aplicaçã o das componentes diplomacia, comunicaçã o e força.

A nualmente, Portugal mantinha uma média de mais de 100.000 militares em trê s T eatros de Operações (T O) distintos, dos quais, cerca de 15% eram tropas de A poio de C ombate, onde se incluíam as unidades de A rtilharia de C ampanha (A C ) e de morteiros, percentagem que se manteve estável, em termos de quantitativos, no decorrer do conflito (C E C A , 1988; C E C A , 2006).

E ste conflito militar envolveu operações de contrassubversã o em A ngola, a partir de 1961; na Guiné-B issau, após 1963; e em Moçambique, após 1964. C ontudo, foi no T eatro de Operações (T O) da Guiné-B issau que, em percentagem, se registaram as maiores baixas em combate (C E C A , 1988), o que, do ponto de vista operacional, salienta a importância do estudo deste T O. Perante um ambiente operacional favorável aos movimentos subversivos, o E xército Portuguê s (E P) teve que adaptar os meios a empregar, designadamente através da presença do apoio de fogos, cujas potencialidades foram exploradas, tanto pelo E P, como pela guerrilha2.

E mbora existam diversas obras e estudos sobre as operações militares portuguesas no conflito armado em Á frica (1961-1974), neste trabalho pretendemos abordar a temática do apoio de fogos no T O da G uiné-B issau com a profundidade suficiente, que permita contribuir para o conhecimento da aplicaçã o dos fogos num cenário subversivo. A pesar de nã o existir à época o conceito da F unçã o de C ombate F ogos, que comporta as tarefas e sistemas que garantem o emprego de fogos indiretos (terrestres, navais e aéreos) de uma

1

“A Á frica é para nós uma justificaçã o moral e uma rai son d’etre como potê ncia” (C aetano, 1935, p.

218; B arroso, 2012, p. 11).

2

D esignaçã o do E P, em 1963, relativa aos movimentos independentistas que se opunham ao domínio

(12)

forma coletiva e coordenada através do processo de targeting, este conceito foi empregue através dos meios de artilharia, morteiros e aéreos no T O Guiné-B issau.

Neste âmbito, o objeto da investigaçã o é o emprego do sistema de apoio fogos pelo E P na C ampanha Militar no T O da Guiné-B issau, no período de 1963-1974, delimitando o estudo ao nível tático e operacional nas vertentes de A C , Morteiros e A poio A éreo.

T endo em consideraçã o o referido objeto, este estudo comporta como objetivo geral analisar os fogos indiretos e o apoio aéreo na contrassubversã o no T O da Guiné-B issau. T endo como objetivos específicos concetualizar a doutrina referente ao emprego dos fogos, compreender as adaptações feitas para o conflito de natureza subversiva que Portugal enfrentava, analisar os fogos no D ispositivo de F orças presente no T O quanto à tipologia, implantaçã o territorial e dificuldades de emprego, analisar o emprego dos fogos nas operações e avaliar a sua aplicaçã o prática, considerando o preconizado doutrinariamente, e o seu impacto no estado final da C ampanha.

A Questã o C entral (QC ) que orientou a nossa investigaçã o é compreender como foi aplicado funcional e doutrinariamente, o sistema de apoio de fogos no T O da Guiné-B issau de 1963 a 1974?

D a Questã o C entral decorrem as seguintes Questões D erivadas (QD ), complementares à problemática central, que, também, serã o objeto de estudo:

QD 1 – Quais as adaptações doutrinárias introduzidas no sistema de apoio de fogos para fazer face a um previsível conflito de natureza subversiva?

QD 2 – Qual a organizaçã o e implementaçã o dos meios de apoio de fogos projetados para o T O da Guiné-B issau?

QD 3 – De que forma foram empregues os meios de apoio de fogos ao longo da C ampanha?

QD 4 – C omo é que o sistema de apoio de fogos se adaptou à s exigê ncias táticas e operacionais do T O da Guiné-B issau e quais as suas consequê ncias?

F ace à s questões formuladas, equacionámos Hipóteses (H) para a investigaçã o, que nã o sã o mais do que a antecipaçã o de uma relaçã o entre uma resposta provável, com o acervo ou corpo teórico que utilizámos e considerámos, mas hipotéticas, dedutivas e necessariamente provisórias. A ssim, admitimos as seguintes hipóteses de resposta:

(13)

13 H2 – Os meios de apoio de fogos projetados para o T O da Guiné-B issau foram suficientes e adequados à s exigê ncias táticas e operacionais;

H3 – Os meios de apoio de fogos foram empregues de acordo com os conceitos doutrinários do E P em vigor nas décadas de 1960 e 1970 orientados para a guerra subversiva; H4 – O emprego dos fogos influenciou o resultado dos combates ao nível tático e operacional.

A investigaçã o é um processo hierarquizado de “atividades interdependentes” que deve ter em consideraçã o “o que já se fez, o que também se está a fazer e o que, previsivelmente, se fará” (Gonçalves, 2004, p. 35). Uma vez que a presente investigaçã o se enquadra no âmbito da História, concretamente da História Militar, iremos recorrer ao método histórico durante a investigaçã o realizada, visando o envolvimento do estudo, compreensã o e explicaçã o dos acontecimentos relacionados com a implementaçã o dos fogos indiretos e o apoio aéreo no T O da G uiné-B issau, no período em análise, através da pesquisa de fontes principalmente primárias, como documentos de arquivo, legislaçã o, documentos doutrinários, estudos de situaçã o e relatórios, para preencher “os vazios” existentes e verificar a sua influê ncia na organizaçã o militar de hoje (V asquez, 2008).

Para melhor alcançarmos os objetivos do presente trabalho, e de acordo com as orientações do Instituto Universitário Militar (IUM), recorremos à metodologia de investigaçã o científica essencialmente do tipo “hipotético-dedutivo”. E sta metodologia, proposta para as ciê ncias sociais por R aymond Quivy e L uc V an C ampenhoudt, parte da reuniã o de um postulado de conceitos e é através do levantamento de hipóteses, destinadas a orientar a recolha da informaçã o, que se chega aos factos que se pretendem demonstrar. A pós enunciarmos a problemática no capítulo, procederemos à análise e explicaçã o da informaçã o recolhida a partir das fontes selecionadas nos capítulos seguintes. O modelo de análise, “figura mais característica” deste método, “composto por conceitos e hipóteses estreitamente articulados entre si” num “quadro coerente”, surge como “o prolongamento natural da problemática, articulando de forma operacional os marcos e as pistas que serã o finalmente retidos para orientar o trabalho de observaçã o e de análise” (Quivy e C ampenhoudt, 2005, p. 150). Seguiremos assim um quadro conceptual de investigaçã o que inclui as sete etapas do método científico em “permanentemente interaçã o”entre si (Quivy e C ampenhoudt, 2005, p. 27 e 28).

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operacional aplicadas, no que respeita aos fogos. C omo método complementar de recolha de informaçã o, efetuámos também entrevistas semi-diretivas, a veteranos que estiveram presentes no T O da G uiné-B issau e que testemunharam os efeitos do emprego dos fogos nas operações militares.

(15)

15 1. E voluçã o estr utur al e doutr inár ia do per íodo em análise

C om a entrada na OT A N, em quatro de abril de 1949, inserida no contexto da guerra fria, Portugal conseguiu uma importante aproximaçã o aos E stados Unidos da A mérica (E UA ) (S alazar, 1949; F elgas, 1966), que garantiu no campo militar, o “indispensável apoio exterior” ao processo de rearmamento e modernizaçã o das F F A A iniciado antes do conflito ultramarino (T eixeira, 1996, p. 705; T avares, 2005, p. 38), numa altura em que o R eino Unido já nã o garantia as “funções tradicionais da aliança”(T elo, 2000a, p. 28). E sta adesã o resultou numa “reestruturaçã o quase completa do E xército portuguê s, tanto ao nível das mentalidades, como dos equipamentos e armamentos, das táticas de guerra, da formaçã o dos quadros, da organizaçã o superior do E xército e das unidades” (MD N, 1999, pp. 197, 210), o desenvolvimento científico e tecnológico foi notório (B randã o, 2012) e foram assumidos compromissos internacionais com reflexo no emprego dos fogos3, que resultaram num conjunto de sucessivas reformas até ao início da guerra em Á frica.

E m 1950 foi criado o MD N, com jurisdiçã o sobre o Ministério do E xército (ME ) (C onselho, 1950) e o Ministério da Marinha ( C onselho, 1959), e em 1953, as unidades operacionais do E P passariam a ser de dois tipos: as “T ipo Portuguê s” (T P) e as “T ipo A mericano” (T A ), com organizaçã o semelhante ao E xército dos E UA , equipadas com material moderno e treinadas para o combate contra as forças soviéticas na E uropa (C E C A , 1988, p. 426). E sta “revoluçã o serena” (T elo, 1999, p. 60) abrangeu todos os escalões hierárquicos, orientados para a entrada ao serviço de novo equipamento militar, entre os quais, os destinados à s funções de combate manobra e apoio de fogos. No caso do material de A C 10,5 e 14 cm, este provinha do R eino Unido e da A lemanha (QG/C MS M, 2002) enquanto os morteiros 60 mm M2 m/952 provinham dos E UA , assim como os de 81 mm e 107 mm, sendo testados nos exercícios anuais em S anta Margarida e, posteriormente, empregues nos T O em Á frica.

O novo conceito de apoio de fogos seria inspirado nos E UA , através da traduçã o e interpretaçã o dos manuais disponibilizados ao E P pelo Military Assistant Advisory Group (MA A G) em Portugal e do envio de oficiais para frequentar cursos nas escolas do E xército norte-americano, que contribuíram significativamente para a elaboraçã o dos regulamentos de campanha e de diversos artigos (S ilva, 1959). A participaçã o nos exercícios de Postos de C omando (PC ) na R epública F ederal da A lemanha, também, contribuiu para aperfeiçoar a

3

D estaca-se o A cordo de A uxílio Mútuo para a D efesa, em cinco de janeiro de 1951, que regulava o

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coordenaçã o dos fogos (S ilva, 1959). C om um quadro de pessoal tecnicamente instruído, as doutrinas e a forma de atuaçã o dos E UA e da OT A N foram adaptadas pelas F F A A portuguesas (C ruzeiro, 2001). A inda em 1953, os Quadros Orgânicos (QO) criados em 1952 para a organizaçã o T A , foram ensaiados nas manobras da “1.ª D ivisã o” do C orpo E xpedicionário Portuguê s (C E P), em S anta Margarida (E leutério, 1999, p. 175), embora sem os resultados pretendidos (C ruzeiro, 2001), pelo que seriam reformulados em 1954, e postos em prática nas manobras de 1955 da agora designada 3.ª D ivisã o.

No início de 1958 foram aprovados os D L n.º 41 559 e 41 577, que alteraram a organizaçã o militar nos territórios ultramarinos, com o aumento dos efetivos e das comissões de serviço para trê s anos, a dispersã o de forças e a frequê ncia dos cursos de contraguerrilha no estrangeiro, designadamente em E spanha, F rança e B élgica, por um número reduzido de oficias portugueses, em virtude da falta de apoio dos E UA (T elo, 2000b). E m janeiro de 1959, já com o General B otelho Moniz como Ministro da D efesa, a prioridade do “esforço militar passou da E uropa para o Ultramar” (C arneiro, 2000, p. 86), tornando-se oficial em agosto de 1959, com a aprovaçã o de um memorando elaborado pelo C onselho Superior de Defesa Nacional (T elo, 2000b) . E sta reorientaçã o do esforço militar culminou na aprovaçã o da nova Organizaçã o Geral do ME pelo D L n.º 42 564, de 07 de outubro de 1959, que proporcionaria as estruturas “base para a futura expansã o” e conduçã o das operações militares em Á frica de 1961 a 1974 (A rriaga, 1987, pp. 14, 44), intensificando-se no verã o de 1959, o envio de oficiais ao estrangeiro para recolher experiê ncias de operações contrassubversivas, particularmente na A rgélia (F ernandes, 1995).

(17)

17 C ontudo, embora a artilharia tivesse “de actuar quase sempre por pequenas fracções (… ), os seus “fogos potentes” (… ) e o consequente “efeito psicológico”, justificavam o seu emprego” (E ME , 1963, pp. 13-17, C ap III, 1ªParte e pp. 18, C ap III, 2ªParte), inspirado na experiê ncia francesa4. No caso dos fogos de apoio aéreo, a “doutrina foi adaptada do conflito da A rgélia”, mas a F orça A érea Portuguesa (F A P) acabaria por desenvolver um conj unto de Normas de E xecuçã o Permanente (NE P), e passaria a i ntroduzir treinos de adaptaçã o ministrados pelos militares rendidos no T O, que procuravam passar toda a experiê ncia acumulada aos novos militares de uma forma teórico-prática (Moura, et al., 2016, pp. A nx B -4, A nx B -5).

1.1. C ar acter izaçã o G er al do T eatr o de O per ações da G uiné-B issau

O território da Guiné-B issau apresentava caraterísticas que influenciaram o desenvolvimento da estratégia subversiva contra a autoridade portuguesa, destacamos as que influenciaram diretamente o emprego do sistema de apoio de fogos: (1) grande densidade populacional, cerca de 15 habitantes por quilómetro quadrado em 1960, com exceçã o da zona Sul, concentrados sobretudo nos centros urbanos e na faixa litoral (C E C A , 1989b), estando distribuídos por diversos grupos étnicos com tradições belicistas5. E ste fator, associado, ao “modo portuguê s de fazer a guerra”, caracterizado por J ohn C ann (2005, pp. 34, 205), implicava a reduçã o da aplicaçã o maciça do poder de fogo da guerra convencional, que além de “demasiado dispendioso e desadequado”, aumentava o perigo para as populações, aproximando-as da subversã o (C ann, 2005, p. 72); (2) amplitude diária das marés, que submergiam 22% do território na maré alta, com efeitos negativos na mobilidade das forças, nã o apenas no litoral, mas muito para o interior ao longo dos cursos de água. Na estaçã o das chuvas, quaisquer movimentos de viaturas fora da rede estradal era impraticável, e a própria rede estradal, escassa e de qualidade muito reduzida, limitava igualmente o transporte e emprego de armamento pesado, onde se inclui a artilharia ( C E C A , 1989a; E ME , 1963); (3) densa rede fluvial, com poucas pontes para a transpor, que obrigava a que se percorressem enormes distâncias via terrestre entre pontos relativamente próximos (C ann, 2005, p. 25 e 26); (4) predominância de terrenos densamente arborizados, que impunham uma reduzida mobilidade e visibilidade limitada. D ada a dificuldade em encontrar pontos de

4

“V emos a F rança reorganizar as suas doutrinas, as suas forças, no sentido de constituir pequenos

núcleos altamente móveis e bem apoiados pelas F orças A éreas”, sobretudo no respeitante ao “apoi o de fogos”

(F erreira, s.d., p. 367) .

5

S egundo Á lvares de A l mada ( 1841, p. 53) “E stes negros sã o mui guerreiros. C ontinuamente andam

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referê ncia para localizar com exatidã o as F orças ou estimar distâncias, tornava-se difícil o emprego das armas pesadas de apoio de fogos e a observaçã o aérea, sobrepondo-se o emprego do armamento ligeiro. Os terrenos montanhosos existentes na parte leste, na regiã o do B oé, além de reduzirem os efeitos dos fogos, pelas dificuldades de observaçã o, condicionavam também as comunicações e restringiam a mobilidade, limitando a colaçã o das posições de apoio da artilharia à s proximidades das vias de comunicaçã o existentes; (6) território pequeno, com uma área total de 36.544 quilómetros quadrados, mas com extensa fronteira terrestre, que permitia rápidas incursões da guerrilha e fuga para os estados vizinhos que a apoiavam ( C E C A , 1988). E sta fronteira com cerca de 680 quilómetros, dos quais 300 quilómetros eram partilhados com o Senegal, a norte, e 380 quilómetros a este e sul com a R epública da Guiné, permitiu a circulaçã o e “execuçã o de fogos de artilharia do PA IGC a partir do seu território” (Gabinete de E studos da E scola de F uzileiros, 1971, p. 8).

A o nível das telecomunicações, existia ligaçã o rádio e telefónica de B issau com as sedes dos concelhos, das circunscrições e dos postos administrativos e destes entre si, garantindo a comunicaçã o dos principais meios civis e militares (C E C A , 1989a). E sta ligaçã o era, contudo, considerada pouco segura6, pelo que a D elegaçã o do Serviço de T ransmissões, em B issau, passaria a ter a responsabilidade das ligações fixas do C omando T erritorial Independente da Guiné (C T IG ), complementada com a montagem de extensas redes de feixes (T ransmissões, 2011), essencial na conduçã o dos fogos terrestres e apoio aéreo durante a guerra, ao possibilitar o apoio oportuno e eficaz (A parício, 2017) .

E m relaçã o à F A P, o seu apoio assentava “no aeroporto de B issau e restantes aeródromos espalhados pelo território”, que embora fossem maioritariamente de terra batida, possibilitavam o apoio aéreo dos helicópteros (C E C A , 1989b, p. 36).

D este modo, podemos afirmar que embora existissem constrangimentos ao emprego do sistema de apoio de fogos terrestre e de apoio aéreo, havia margem de atuaçã o, que apesar de essencial, exigia íntima coordenaçã o entre as F F A A , autoridades civis e populaçã o para que a subversã o nã o encontrasse campo fértil ao desenvolvimento da sua atividade.

1.2. F or ças empr egues na contr aguer r ilha

O ambiente operacional do T O da G uiné-B issau, que incluía a infiltraçã o dos movimentos subversivos a partir dos países fronteiriços e a existê ncia de populaçã o a proteger e controlar em todo o território, levou à dispersã o de forças pelo T O. E sta dispersã o,

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No caso do T O de A ngola, “acreditava-se que muitas das emboscadas sofridas” resultaram da

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19 coerente com os princípios da contrassubversã o iria exigir uma reorientaçã o do emprego de fogos convencional para tarefas de apoio adaptadas aos procedimentos táticos de PU, com implementaçã o do conceito de forças de quadricula e intervençã o, onde a utilizaçã o de fogos como fator psicológico de moralizaçã o das forças apoiadas e de desmoralizaçã o dos guerrilheiros, estava também prevista doutrinariamente (E ME , 1961). Segundo O E xército na Guerra Subversiva, a A rtilharia poderia ser doutrinariamente empregue em: (1) D efesa de pontos sensíveis e proteçã o de itinerários (E ME , 1966); (2) Patrulhamentos, coordenando os fogos de morteiros, A rtilharia ou da F A P com a progressã o das unidades (E ME , 1966); (3) Nomadizaçã o, uma das mais eficazes formas de contraguerrilha, embora a necessidade do fator surpresa privilegiasse os meios de apoio aéreo para ataque ao solo (E ME , 1966); (4) Golpes de mã o e emboscadas, para isolar a zona e impedir a retirada ou reforço do inimigo, exigindo uma estreita ligaçã o com a força de manobra; (5) Interdiçã o de fronteira, nos possíveis locais de infiltraçã o, acionada pelas unidades de quadrícula com uma fronteira no seu setor; (6) L impeza de zonas, recorrendo à “batida” ou “cerco”, através de objetivos de flagelaçã o, à frente das unidades de batida, para obrigar os rebeldes a revelarem-se, ou de fogos de interdiçã o nos pontos de passagem em cercos descontínuos, permitindo poupar recursos humanos e canalizá-los para a operaçã o ofensiva dentro da área delimitada. Na realidade, a A rtilharia era posicionada no perímetro da área a limpar, com preparaçã o do terreno e recorrendo a meios rádio, “o único processo de transmissã o possível no terreno da guerrilha”, que servia para coordenar com a F A P ações de observaçã o, ou com observadores avançados junto da Infantaria (E ME , 1961, p. 35).

D e referir que “todas as unidades” deveriam “dispor de meios para poder efetuar as ligações terra-ar (apoio e abastecimento) e com a A rtilharia” (E ME , 1961, p. 42).

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garantir ao C T IG (… ) o urgente fornecimento do material de A rtilharia para instruçã o” num total de 13 B ocas de F ogo (B F ) 10,5 cm, sete B F de 14 cm e trê s B F de 11,4 cm, bem como 30 B F , 10,5 cm e nove B F 14 cm ou 11,4 cm “ainda necessárias para completar o dispositivo de apoio de fogo de artilharia no T O” (C omando-C hefe das F orças A rmadas da Guiné, 1969, pp. 25, 26).

C onstata-se a frequente referê ncia ao consumo de munições de artilharia e a necessidade de maior quantidade de armamento deste tipo nos diversos calibres, o que demonstra a versatilidade com que os meios de artilharia podiam ser empregues, nã o se limitando a um único calibre.

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21 2. Dispositivo oper acional envolvido ao longo da C ampanha

2.1. A r tilhar ia de C ampanha

2.1.1. Implantaçã o territorial e organizaçã o da A rtilharia de C ampanha

E m um de janeiro de 1961, a única unidade de A C existente no território era a B ateria de A rtilharia de C ampanha (B A C ). “E ra uma subunidade de guarniçã o normal, com existê ncia anterior a 01J an61 e foi constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local, estando enquadrada nas forças do C T IG entã o existentes” (C E C A , 2002, p. 658). A carta de situaçã o de 23 de dezembro de 1964, refere que a B A C presente na Guiné-B issau tinha o seu comando e um pelotã o de A C , a duas B F , localizados em B issau e mais cinco pelotões destacados, sem mencionar o número de obuses por pelotã o (C E C A , 1989b) . D ois anos mais tarde, os meios de A C foram reforçados, totalizando 12 pelotões, um pelotã o em B issau e 11 destacados: trê s destes pelotões, localizados no batalhã o de C atió constituídos com o material 11,4 cm (C E C A , 1989b). E m um de abril de 1967, a B A C adota outra designaçã o, passando a B ateria de A rtilharia de C ampanha N.º 1 (B A C 1) (C E C A , 2002).

E m setembro de 1968, regista-se o aumento do número de pelotões de A C presentes no território: trê s pelotões de 8,8 cm, seis pelotões de 10,5 cm, trê s pelotões de 11,4 cm e dois pelotões de 14 cm, totalizando 14 pelotões (C E C A , 1989b). O número de pelotões continuou a aumentar e em agosto de 1969 existiam 20 pelotões no T O, sendo trê s de 8,8 cm, oito de 10,5 cm, trê s de 11,4 cm e seis de 14 cm (C E C A , 1989b).

E m um julho de 1970, a B A C 1 é extinta e é criado o G rupo de A rtilharia de C ampanha N.º 7 (G A C 7) (C E C A , 2002), que recebe 114 B F , divididas por 27 pelotões, 16 de material 10,5 cm, dois de material 11,4 cm e nove de material 14 cm ( C E C A , 2002). E m 14 de novembro de 1970, o G A C 7 passa a designar-se Grupo de A rtilharia N.º 7 (G A 7) (C E C A , 2002).

A constante necessidade do aumento dos meios de A C no T O mostra-se evidenciada na “acta da reuniã o de C omando de 15MA I73”, designadamente no “A nexo “B ”, ao referir-se que: “(… ) considera-se essencial: (...) A ssegurar uma melhor cobertura de A rtilharia do T O compensando as dificuldades de apoio aéreo e dotar o GA 7 com possibilidades de comando sobre os seus pelotões destacados, para o que se tornam necessários:

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- 10 pelotões de A rtilharia (material de 14 cm e respectivos quadros).” (Oliveira e F erreira, 2015, p. 140). E stes documento menciona ainda, que face à “intençã o do In de instalar-se fortemente no B OÉ , já em via de concretizaçã o (...) C omo apoio de fogos, tornar-se-ia necessário ainda o reforço com 1 C omando de B ataria de A rtilharia e 3 pelotões de A rtilharia (14 cm)” (Oliveira e F erreira, 2015, p. 141). Por fim, no “A nexo “C ”da referida acta elecam-se, também, como necessárias, as seguintes “Unidades de A rtilharia:

- B ataria de C omd Svc (Grupo de A rt) - 8 C mds de B ataria de A rtilharia

- 13 Pel de A rt 14 cm...” (Oliveira e F erreira, 2015, p. 145).

O emprego da A C permitiu aumentar o potencial de fogo das nossas forças (NF ), uma vez que as C ompanhia de C açadores (C C aç) nã o possuíam “o potencial instantâneo de fogo necessário ao combate de encontro, actuando sistematicamente numa inferioridade relativa de potencial. Somente o apoio aéreo e, sempre que possível, de artilharia permitem em muitos casos resolver situações críticas...” (Oliveira e F erreira, 2015, p. 145). No seu parágrafo 4.b.(8) é entã o referido que “Para def guarnições e apoio de fogos” eram necessários 160 obuses e “Para reparaçã o e dep” quatro obuses, perfazendo 164 contra 133 obuses que, de acordo com este documento, existiam no T O divididos pelos seguintes modelos: “7 cal 8,8; 67 cal 10,5; 50 cal 14; 9 cal 11,4” (Oliveira e F erreira, 2015, p. 149). O número de pelotões existentes no T O continuou a aumentar, embora em menor número do que os identificados na reuniã o de C omando de 15 de maio de 1973 e, em sete de abril de 1974, o G A 7 tinha na sua dependê ncia 34 pelotões de A C (C E C A , 1989b). O GA 7 foi desativado em dois de setembro de 1974 e extinto posteriormente (C E C A , 2002).

E m relaçã o à localizaçã o da A C , esta foi influenciada pela capacidade das armas atuarem nas linhas de infiltraçã o do In, para defesa contra os ataques que eram realizados aos aquartelamentos fronteiriços e “para prolongar as acções de fogo sobre as áreas de refúgio tradicionais do Morés, T iligi, C aboiana, Quínara, T ombali e C ubucaré, entre outras.” (C E C A , 2002, p. 659).

2.1.2. E mprego da A rtilharia e dificuldades encontradas

Segundo o Major Pereira da C osta em 1963, nã o havia ainda doutrina estabelecida sobre a atuaçã o da A C na guerra subversiva, existindo “A penas generalidades (… ) sobre tal matéria nos regulamentos nacionais e estrangeiros” (C osta, 1963, pp. 213, 214).

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23 forças em operações, a interdiçã o de itinerários, a flagelaçã o de zonas suspeitas, a “contrabataria” e a neutralizaçã o de instalações do inimigo (C osta, 1979). No que se refere à defesa imediata do próprio estacionamento, os pelotões de A C estabeleciam posições no aquartelamento da respetiva unidade de quadrícula, “competindo-lhe colaborar, pela vigilância e com as bocas de fogo, na sua defesa imediata...” (C osta, 1979, p. 222). O apoio imediato a estacionamentos atacados consistia em “tiros preparados, desencadeados a pedido” e terá sido o tipo de açã o mais proveitosa. C ontudo, a “pouca confiança na precisã o dos tiros de apoio levava a planear as concentrações com distâncias de segurança maiores que o conveniente”. (C osta, 1979, p. 223). O apoio imediato a forças em operações nã o teve a utilizaçã o pretendida devido à “falta de referê ncias no terreno para a localizaçã o topográfica da força em operações”, o que dificultou os pedidos de apoio e influenciou a precisã o dos tiros da A C (C osta, 1979, p. 223). A interdiçã o de itinerários foi pouco eficaz, sendo que os seus efeitos “seriam essencialmente de carácter psicológico” (C osta, 1979, p. 224). A flagelaçã o de zonas suspeitas terá sido uma das ações mais executadas pelas unidades de A C “com elevado consumo de munições e quase nulo rendimento[...]. Havia um B atalhã o que, todas as noites a hora variável, desencadeava uma curta flagelaçã o um pouco ao acaso...” (C osta, 1979, p. 224). A contrabateria realizava-se quando os aquartelamentos eram batidos por fogo inimigo feito “com morteiros 82mm e foguetões de 122mm” (C osta, 1979, p. 225). Por fim, a neutralizaçã o de instalações do inimigo estava bastante condicionada, nã o obstante, “foi possível realizar algumas ações com ê xito” (C osta, 1979, p. 225).

O principal problema do emprego da A C devia-se aos “reduzidos efetivos das formações empregadas (… ) e na fluidez que caracteriza a sua forma de atuaçã o” (C osta, 1963, pp. 213, 214). A s limitações do emprego da A C na guerra subversiva provinham, também, das características do terreno, da deficiente base topográfica, dos processos de atuaçã o dos guerrilheiros e da necessidade que as unidades de A C tinham de ser incluídas nos A grupamentos de forças de combate próximo, devido à segurança e descentralizaçã o que caracteriza este tipo de operações (C osta, 1963).

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E m 1971, o Major A lves de Sousa reforça como principais obstáculos à atuaçã o da A C “a fluidez do In e a rapidez como atua”, “as dificuldades que o terreno oferece quanto ao deslocamento do material, à observaçã o e ainda à dificuldade da organizaçã o topográfica por falta de cartas e pontos geodésicos” (Sousa, 1971, p. 527). Segundo o mesmo autor, a doutrina entã o existente previa “o emprego da A rtilharia em Pelotões isolados de 2 ou 3 b.f. podendo, entretanto, chegar a atuar ao nível de B ateria de B F ”, tal como ocorreu na Guiné -B issau, em que a A C atuou “na maioria das vezes em Pelotões sendo empenhada no escalã o B ateria quando se pretende uma maior concentraçã o de fogos” (S ousa, 1971, p. 528) . Dada a fragmentaçã o da bateria em pelotões e, nã o tendo estes os meios técnicos adequados para atuar de forma isolada, verificou-se que a A C foi empregue “sem as necessárias condições de tecnicismo e estruturas próprias da arma – isto é, uma artilharia com meios de fogos dispersos, sem um comando técnico adequado – numa guerra que as exige no mais alto grau.” (Sousa, 1971, pp. 528, 529). O autor conclui que se por um lado a dispersã o dos meios de apoio de fogos permitia uma maior cobertura do T O, o que apenas foi possível com o emprego de Pelotões de A rtilharia destacados, por outro lado, a necessidade de fogos rápidos e precisos, nã o era “compatível com a estrutura dos Pelotões de A rtilharia a actuar isoladamente.” (Sousa, 1971, pp. 529, 530).

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25 2.2. M or teir os

2.2.1. Implantaçã o territorial e organizaçã o dos morteiros

Na Guiné-B issau o dispositivo operacional era preenchido essencialmente por unidades tipo caçadores, dispondo cada sede de comando de Z ona de A çã o de um pelotã o de morteiros médios (C E C A , 1989b). C omparando os B atalhões de C açadores (B C aç) com os batalhões de infantaria, os primeiros “apresentavam-se mais aligeirados organicamente e em matéria de armamento e de efetivos. E m vez de cinco companhias, um B C aç dispunha apenas de quatro: uma C ompanhia de C omando e Serviços (C C S) e trê s companhias de caçadores” (A fonso e Gomes, 2000, p. 97). E sta reorganizaçã o resultou da integraçã o da companhia de apoio de combate nas C C aç, que passaram a ter quatro pelotões de idê ntico potencial de combate, com um terço do armamento pesado da companhia de apoio de combate (A fonso e G omes, 2000). E stas C C aç dispunham organicamente de trê s morteiros de 60mm, sendo que, com esta reorganizaçã o passariam a ter mais dois morteiros de 81mm. Os quantitativos de morteiros no T O da G uiné-B issau evoluíram de acordo com o número de unidades de manobra no T O. A partir de 1961, “o dispositivo militar foi sendo continuamente reforçado pelo envio pela Metrópole de unidades, incluindo pelotões de caçadores, pelotões de morteiros...” (C E C A , 2002, p. 13). A carta de situaçã o do T O da Guiné-B issau, a oito de agosto de 1962, refere a presença de cinco pelotões de morteiros médios, estando quatro atribuídos aos batalhões “com sedes em B issau, T ite, B afatá e B ula” (C E C A , 1989b, p. 61) e o restante na reserva do QG/C T IG em B issau. E m 23 de dezembro de 1964, “consequê ncia nã o só do acréscimo de efetivos, mas também de um melhor conhecimento da situaçã o do In” (C E C A , 1989b, p. 69), passou a haver oito pelotões de morteiros médios, tendo aumentado para dez no ano seguinte, número que se manteve até ao final do conflito.

Quanto aos morteiros de 60 mm existentes nas companhias, na razã o de trê s armas por companhia, verificou-se um aumento significativo. O seu número era de nove armas em 1961, passando para cerca de 225 armas no final do conflito (A nexo E ), estando naturalmente relacionado com o aumento de companhias no T O. S egundo o C oronel J osé A parício7 (2017, p. 5), o tipo de fogos indiretos mais utilizado formam os “morteiros (existentes nas companhias), principalmente por estarem mais disseminados e permitiam maior flexibilidade”.

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2.2.2. E mprego dos morteiros e dificuldades encontradas

No T O da Guiné-B issau foram amplamente utilizados o Morteiro L igeiro M2 60 mm m/952 e o Morteiro Médio B randt M/931 de 81mm (A nexo F ). O morteiro de 60 mm foi empregue principalmente “no apoio imediato às tropas portuguesas” sendo transportados “sem tripé nem prato-base, baseando-se a pontaria na experiê ncia do apontador” (A fonso e Gomes, 2000, p. 236). E sta adaptaçã o levou ao desenvolvimento do morteirete de 60 mm, contendo apenas tubo e bandoleira com marcas de referê ncia para apoiar a pontaria ( A fonso e Gomes, 2000). Por seu turno, os morteiros de maiores calibres “foram essencialmente empregues em flagelações e reacções aos ataques a aquartelamentos” (A fonso e Gomes, 2000, p. 363).

A s dificuldades de emprego dos morteiros como meio de apoio de fogos no T O da Guiné-B issau, estavam já antevistas no “G uia para o E mprego Táctico da Pequenas Unidades na C ontra G uerrilha” de 1961, onde se refere que as “operações em terreno extremamente difícil impedem frequentemente que recebam o apoio normal de artilharia, blindados, morteiros e metralhadoras pesadas” (E ME , 1961, p. 32) pois, muitas vezes, as unidades, para aumentar a mobilidade, tinham de operar apenas com armamento ligeiro. No mesmo manual é mencionado que a vegetaçã o limita bastante o campo de tiro, dificultando a observaçã o, o que originou a “F alta de apoio das armas pesadas e muitas vezes também dos morteiros” (E ME , 1961, p. 107).

A juntar aos aspetos já referidos, é sabido que “o emprego eficaz dos morteiros (aliás também da artilharia) pressupõe um bom suporte cartográfico e a observaçã o do tiro” (A fonso e Gomes, 2000, p. 362), no entanto, no decorrer da guerra colonial, “nenhum destes desideratos foi plenamente atingido, pelo que o apoio próximo das tropas nã o foi eficientemente conseguido” (A fonso e Gomes, 2000, pp. 362, 263).

E m 1973, após o General Spínola se ter referido à situaçã o do armamento atribuído à s forças portuguesas, principalmente à s armas de apoio, como tendo atingido um ponto crítico, foi decidido empregar os morteiros pesados de 120 mm.

2.3. A poio A ér eo à s F or ças T er r estr es

2.3.1. Implantaçã o territorial e organizaçã o da F orça A érea

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27 D e acordo com B acelar (2000, p. 114), na Z ona A érea da Guiné e C abo V erde, as infraestruturas que a F A P possuía para apoiar as unidades terrestres eram: (1) “B ase A érea nº 12 (até 1965 denominada por A eródromo B ase nº 2), em B issalanca, B issau; (2) Os A eródromos de Manobra de B afatá, T ite e B ubaque; (3) O A eródromo de T rânsito nº 1, na ilha do Sal, em C abo V erde”. E ra a partir da B ase A érea nº 12 que a F A P operava, atuando em todo o território da Guiné-B issau através dos aeródromos de manobra (F erreira, 2009).

E m julho de 1961, após os ataques no norte da Guiné-B issau, Portugal enviaria as primeiras aeronaves, constituídas por um destacamento de caças F -86F e aviões de ataque ligeiro T -6, ficando estacionadas no A eródromo B ase nº 2 (Matos, 2015).

E m 1963, no eclodir do conflito, a F A P reforçou os meios localizados no A eródromo B ase nº 2, dispondo de sete caças F -86F , oito caças de ataque ligeiro T -6, quatro aviões de transporte ligeiro (D .5 e D O-27) e dois aviões de transporte médio C -47 (F raga, 2004).

A pesar das aeronaves existentes, o General V enâncio Deslandes, Secretário-Geral da Defesa Nacional, no seu relatório de 27 de maio de 1963 sobre a situaçã o na Guiné-B issau, considerou “imprescindível a aquisiçã o de helicópteros, fundamentais na luta anti-guerilha” (Matos, 2015, p. 946). E m setembro de 1963, chegaram à Guiné-B issau trê s helicópteros Alouette II provenientes do T O de A ngola8, por se considerar indispensável o apoio às F orças T errestres (F T ). Porém, face à s limitações que possuíam, utilizaram-se exclusivamente “em missões de observaçã o, ligaçã o e evacuaçã o de feridos” (Matos, 2015, p. 947). Só nos finais de 1965, é que os helicópteros Alouette III chegaram ao T O da G uiné-B issau, o que permitiu a execuçã o de operações de heliassalto e helitransporte, aumentando “a mobilidade em combate e a exploraçã o da surpresa” (A fonso e G omes, 2000, p. 183).

2.3.2. E mprego dos meios aéreos e dificuldades encontradas

D a diversidade de missões táticas que a F A P realizou, as que apoiavam diretamente as F T na execuçã o das suas operações foram, de acordo com A niceto A fonso e C arlos de Matos Gomes (2000, p. 177): Missões de ataque em apoio, realizadas por aviões caças-bombardeiros e por helicópteros armados denominados por heli-canhões (helicópteros equipados com o canhã o MG -151 de 20mm, nomeados “L obo Mau”); Missões de transporte de assalto, em operações de helitransporte e heliassalto; Missões de transporte de evacuaçã o sanitária.

D e todos os meios aéreos empregues na G uiné-B issau (A nexo G), foram os helicópteros que mais contribuíram para o apoio às F T , sobretudo os Alouette III, pois

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permitiram “aumentar a pressã o sob os guerrilheiros forçando-os ao combate, reduzir a exposiçã o dos militares às emboscadas e reduzir o tempo de resposta”. Os heli-canhões eram “frequentemente utilizados na escolta à s colunas militares em progressã o e durante as ações de embarque e desembarque de militares nas zonas de combate.” T odavia, estas aeronaves só tinham capacidade de transportar cinco militares, “eram lentas e voavam a baixa altitude, tornando-os vulneráveis ao fogo das armas ligeiras” (C osta, 2013, pp. 75-76).

Quanto à utilizaçã o dos aviões no apoio de fogo às F T , este era feito através de caças e caças-bombardeiros, destacando-se os caças T -6, F -86F e o F IA T G-91, e o bombardeiro P2V -5 (C osta, 2013, p. 75). Segundo L uís A lves de F raga (2014, p. 77), “o T -6 era um aviã o de treino básico, carregado com bombas ou foguetes”, o F IA T G-91 veio substituir o F -86F que, por imposiçã o dos E UA , foi retirado dos T O em Á frica, sendo estes aviões de reaçã o, enquanto “o P2V -5 era um aviã o de luta antissubmarina que foi adaptado ao bombardeamento na luta de guerrilha”.

Os meios aéreos que a F A P dispunha no início da guerra, em 1961, mostravam-se desadequados à s necessidades operacionais “numa altura em que o helicóptero fazia a sua apariçã o, num ambiente em que o apoio aéreo eficaz e oportuno seria fundamental, (… ) servindo-se de uma rede incipiente de pistas de aviaçã o, quase todas em terra batida.” (B acelar, 2000, p. 142).

Segundo Manuel C osta (2013, pp. 98-99), uma das principais dificuldades operacionais da F A P, foram as operações militares conjuntas, pouco desenvol vidas entre as F F A A portuguesas e “a falta de comunicaçã o e coordenaçã o entre os meios aéreos e terrestres”. Para ultrapassar estas dificuldades “foram feitos esforços no sentido de melhorar a rede de comunicaçã o nos territórios; dotar as forças terrestres e aéreas com meios de comunicaçã o compatíveis; e desenvolver procedimentos estandardizados”.

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29 E m março de 1973, face ao aparecimento dos mísseis S A -7 Strella9 na posse dos guerrilheiros, a F A P deixou de possuir a supremacia aérea que até entã o detinha. Nos meses de março e abril, várias aeronaves foram abatidas tendo “perdido a vida quatro pilotos o que, embora possa parecer um número baixo, correspondia a cerca de dez por cento dos pilotos na Guiné”. Por forma a minimizar as perdas e continuar a apoiar as F T , “a F A P definiu um conjunto de ações e procedimentos anti-míssil a adotar”, entre as quais se destacam, “o estabelecimento de altitudes mínimas de operaçã o”, a interdiçã o das missões de reconhecimento dos D O-27 junto da fronteira, a supressã o das missões de ataque dos T -6G “e os F IA T G -91 passaram a ter procedimentos de operaçã o diferentes.” (C osta, 2013, pp. 84-85) .

A pesar das dificuldades, pode afirmar-se que a F A P foi essencial na Guiné-B issau, “através de um conjunto de ações que permitiram assegurar a permanê ncia das forças terrestres no terreno e assim aumentar a pressã o sobre os nacionalistas, reduzindo-lhes a liberdade de açã o”. Para além disso, “a proteçã o aérea e o apoio de fogo da F A P, proporcionou à s forças terrestres a vantagem da terceira dimensã o” (C osta, 2013, p. 99).

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Míssil ligeiro e portátil, de origem soviética que atuava através da deteçã o das fontes de calor das

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3. O empr ego dos F ogos nas oper ações na G uiné-B issau

3.1. I mplementaçã o dos F ogos no T eatr o de O per ações da G uiné-B issau

O emprego do apoio de fogos no T O da Guiné-B issau, embora se revestisse de algumas dificuldades, foi elevado e fulcral para o desenrolar de muitas operações. C omo refere o C oronel J osé A parício (2017), as operações de grande envergadura dispunham de apoio de fogos, havendo, normalmente, bombardeamentos de artilharia sobre o objetivo durante a noite anterior e bombardeamentos aéreos imediatamente antes do lançamento do ataque.

Na Ordem de Operações da Operaçã o T ridente, operaçã o combinada de forças do E xército, Marinha e F A P, estava definido como uma das missões “A poiar pelo fogo, sobre objectivos definidos que se revelem ao seu alcance” (C F T , 1964, p. 2). F oram empenhados um pelotã o de artilharia de 8,8 cm, um pelotã o de morteiros de 81 mm e os morteiros que faziam parte da orgânica das trê s companhias de cavalaria, trê s destacamentos de fuzileiros especiais e uma C C aç. F oram ainda utilizados, aviões F -86, T -6, D O-27, A uster, helicópteros, P2V 5 e C -47 (D akota), num total de 781 aeronaves, representando 1.105 horas de voo. F oram largadas 356 bombas e 719 foguetes pela F A P (F raga, 2014) assim como gastas 1.200 granadas de artilharia e 550 de morteiro (A fonso e Gomes, 2000).

A Operaçã o A metista R eal iniciou-se com um ataque aéreo com aviões F iat G-91, tendo, ainda, sido utilizadas 195 granadas de morteiro (A fonso e G omes, 2000). Outros exemplos sã o a Operaçã o C iclone II, na qual a zona do C afal foi bombardeada por uma parelha de F iat G-91 e a utilizaçã o do heli-canhã o foi considerada fulcral na fase de planeamento (V az, 2003). S egundo o C oronel Mira V az (2003, p. 18) O “apoio aéreo constituía uma peça essencial da engrenagem de contra-subversã o, podendo afirmar-se que, até ao início de 1973, Portugal gozou de supremacia aérea absoluta”.

Os meios de apoio de fogos foram também utilizados em operações de menor dimensã o, tendo os morteiros um papel importante na flagelaçã o dos objetivos imediatamente antes do assalto, enquanto a F A P apoiava em zonas mais desprotegidas (F raga, 2014). E stes meios eram utilizados numa base diária na defesa efetiva dos ataques aos aquartelamentos e como forma de dissuasã o (A parício, 2017).

3.2. E voluçã o do empr ego dos F ogos no T O e o “estado da ar te” no final do conflito

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31 humanos e materiais, j á o apoio de fogos possibilitado pelos meios aéreos, teve que adaptar as suas formas de atuaçã o à atividade dos guerrilheiros, principalmente após o surgimento do míssil terra-ar Strella em 1973.

E m 1964, o C apitã o Machado da Silva (1964, p. 311) considerou que a organizaçã o que melhor se adaptava ao conflito subversivo era “a bateria dos Q.O. convencionais reforçada” com equipas de T opografia, Observaçã o A vançada e T ransmissões. C ontudo, a A C foi utilizada essencialmente como Pelotões de A C independentes, sediados junto dos C omandos dos A grupamentos. R efere, ainda, que tinham de ser planeados fogos adaptados ao tipo de conflito, podendo incluir “missões de tiro: contra-morteiro, destruiçã o e neutralizaçã o, fogos defensivos, flagelaçã o e interdiçã o, reconhecimento pelo fogo, flushing (batida), barragem de itinerários, deceçã o, iluminaçã o, localizaçã o pelo tiro, granadas especiais químicas (E UA ) e agentes biológicos (E UA )” (Silva, 1964, pp. 314 - 318). O C oronel Mira V az (2003, p. 17) refere que “a artilharia raramente foi utilizada nos moldes clássicos”, sendo empregue principalmente no apoio aos assaltos e defesa dos aquartelamentos. A pesar das dificuldades, o C apitã o Machado da S ilva reafirma a importância da A C neste tipo de conflito, concluindo que “sejam quais forem as dificuldades encontradas, o A rtilheiro pode sempre cumprir a sua missã o, isto é, colocar as suas granadas onde, quando e como necessitarem as Unidades A poiadas.” (Silva, 1964, p. 326).

No que se refere aos morteiros as adaptações realizadas, permitiram que cada C C aç dispusesse de dois morteiros de 81 mm, para além dos trê s morteiros de 60 mm, bastante utilizados na defesa de aquartelamentos isolados (A parício, 2017).

A utilizaçã o dos meios aéreos de apoio de fogos gozou de uma grande liberdade durante grande parte do conflito. No entanto, após o surgimento dos mísseis Strella a “situaçã o tornara-se tã o grave (… ) que o C omando C hefe das F orças A rmadas na Guiné se viu obrigado a difundir, em 29 de Maio de 1973, (… ) a D irectiva n.º 20/73” (V az, 2003, p. 62), que estabeleceu novas condições para a execuçã o do apoio aéreo. E stas novas condições prendiam-se, essencialmente, com o aumento das distâncias de segurança de atuaçã o dos meios aéreos, o que afetava a capacidade de reconhecimento visual do piloto e consequentemente a eficácia do apoio às F T (V az, 2003).

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C onclusões

Na elaboraçã o deste trabalho, utilizámos uma abordagem metodológica qualitativa, iniciando-se por uma pesquisa bibliográfica e documental, visando analisar documentos doutrinários produzidos para o tipo de operaçã o que o E P encontrou no T O da Guiné-B issau. F ocámos a nossa investigaçã o no emprego da A C , morteiros e meios aéreos ofensivos de apoio à s operações das F T . C omplementámos e validámos esta análise com entrevistas efetuadas a veteranos que estiveram presentes no T O em análise.

A funçã o de combate fogos esteve presente de forma abrangente no T O da Guiné -B issau, tendo-se adaptado os conceitos doutrinários e as formas de atuaçã o à s exigê ncias operacionais, inseridos na estratégia contrassubversiva conduzida pelas F F A A . D a análise documental e das entrevistas efetuadas concluímos que a adesã o de Portugal à OT A N em 1949, levou a uma reestruturaçã o abrangente do E P, tendo os sistemas de apoio de fogos sido modernizados e testados em exercícios anuais, de grande envergadura, com base na doutrina norte-americana. A partir de 1959 houve uma reorientaçã o do esforço militar, para os territórios portugueses em Á frica, onde se previa uma guerra de cariz subversiva. A ssim, respondendo à QD 1, podemos concluir que os conhecimentos adquiridos em conflitos de índole subversivo, no estrangeiro, originaram a criaçã o do C IOE , em 1960, e a publicaçã o de doutrina específica como é o caso dos manuais “G uia para o E mprego T áctico de Pequenas Unidades na C ontra Guerrilha” de 1961, “O E xército na Guerra Subversiva” de 1963 e 1966, diversos artigos em revistas militares e, no caso da F A P, a criaçã o de NE P, que traduziram todo um novo conhecimento e formas de atuaçã o para as F F A A . No que se refere especificamente aos fogos, a doutrina foi devidamente adaptada à s características do T O. Surgiu o conceito de forças de quadrícula, que levou à reorganizaçã o das unidades de A C para poderem ser atribuídas a estas forças em A /D a fim de garantir o apoio de fogos adequado. Mais tarde, desenvolveu-se o conceito de forças de intervençã o, que tinham na sua organizaçã o subunidades de A C e morteiros e planeavam o emprego de meios de apoio aéreo nas operações a realizar. E ste conjunto de referê ncias doutrinárias, definia ainda que tipologia de fogos de A C , morteiros e de meios aéreos deveriam ser utilizados no apoio às forças no terreno, pelo que podemos inferir que antes do início do conflito em Á frica e nos primeiros anos do mesmo, foram introduzidas adaptações doutrinárias nos sistemas de apoio de fogos, para fazer face a um conflito de natureza subversiva.

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33 C ontudo, a A C foi empregue essencialmente ao nível de pelotã o integrado numa unidade de quadrícula, pois permitia uma maior dispersã o dos meios pelo T O e consequentemente, maior rapidez na resposta à s necessidades de apoio de fogos aos baixos escalões. Os morteiros, sofreram uma adaptaçã o no que se refere à sua articulaçã o com as unidades de manobra. Os B C aç foram rearticulados, e os meios da C ompanhia de A poio foram distribuídos pelas C C aç, recebendo dois morteiros de 81 mm cada uma. F icou, assim, patente a necessidade de reorientar o emprego de fogos convencional para tarefas de apoio, adaptadas aos procedimentos táticos de PU. Por outro lado, e devido ao reduzido tamanho do T O em análise, os meios aéreos estavam na sua maioria em B issau, sendo possível em pouco mais de 30 minutos estar em qualquer parte do T O.

Quanto à QD 3, após o início do conflito na G uiné-B issau, verificaram-se diversas características do T O que dificultaram a utilizaçã o dos fogos, a A C foi a mais afetada, pelo que se procurou estabelecer as áreas de atuaçã o onde a A C poderia contribuir de forma significativa, nomeadamente, no apoio à s unidades de quadrícula, apoio a ações de recuperaçã o de regiões, ações de flagelaçã o e apoio no ataque a pontos fortes, tendo um papel essencial nas operações de maior envergadura. Os morteiros, por outro lado, foram largamente utilizados, pois era o meio de maior disponibilidade nas unidades de mais baixo escalã o, sendo empregues, essencialmente, no apoio imediato, na defesa dos aquartelamentos e nas flagelações. Pelas dificuldades do terreno, foi desenvolvido o morteirete de 60 mm que, por ser mais leve, era facilmente transportado pelos militares. Os meios aéreos foram essenciais no apoio às F T , tendo sido utilizados em apoio, através do bombardeamento aéreo e do heli-canhã o, mantendo uma pressã o contínua sobre o In e dificultando a sua capacidade de atuaçã o. O emprego destes meios influenciou o resultado dos combates ao nível tático e operacional, principalmente até ao surgimento dos mísseis Strella.

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consequê ncias no período pós-guerra, onde se verificaram dificuldades em readaptar novamente os fogos segundo a doutrina convencional.

A pesar de todas as dificuldades ao nível dos recursos materiais disponíveis, a utilizaçã o dos meios de apoio de fogos indiretos e de apoio aéreo, integrantes da funçã o de combate fogos da atual doutrina, assumiram um papel fundamental no desenrolar da guerra, tendo influenciado de forma decisiva o resultado dos combates ao nível tático e operacional no T O da Guiné-B issau.

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35 B ibliogr afia

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