COERÊNCIA ENTRE O DISCURSO E A PRÁTICA DOS PROFESSORES NA ADOÇÃO DAS METODOLOGIAS DE ENSINO DOS ESPORTES COLETIVOS UTILIZADAS NAS AULAS DE INICIAÇÃO
ESPORTIVA NA CIDADE DE FORTALEZA
Ralciney Barbosa
/UNIFORMónica Pinheiro
/UNIFORCarminda Lamboglia
/ UNIFORPaulo Vicente João
/ UTAD - CIDESDÁgata Aranha
/ UTAD / CIDESDralciney@unifor.br
• Palavras-chave: Metodologia de Ensino, Esportes Coletivos, Iniciação Esportiva.
INTRODUÇÃO
Atualmente, com a globalização, em questão de segundos tem-se aces-
so a diversos conhecimentos pedagógicos acerca de estratégias metodológicas
para ensinar e aprender uma determinada modalidade esportiva. O diferencial
está em conhecê-los a fundo e o contexto em que cada um deles foi criado e
desenvolvido, como adaptá-los a uma realidade específica e ainda, o que está subjacente a realização de tal prática. A partir desse momento o que se questiona é o conhecimento que os profissionais que ensinam esportes possuem em re- lação às metodologias de ensino do esporte e o emprego dessas metodologias em sua área específica de atuação, ou ainda, se o seu discurso condiz com a sua prática, pois a coerência entre o discurso e a prática é o referencial que diferencia os bons dos maus profissionais em qualquer área do conhecimento.
A pedagogia é parte integrante no processo de aprendizagem dos pro- fessores de Educação Física. Falta saber se existe uma relação entre o discur- so e a prática dos professores de iniciação esportiva quanto à utilização das metodologias inovadoras e tradicionais de ensino dos esportes? Neste sentido o objetivo do estudo é verificar a coerência entre o discurso e a prática dos professores na adoção das metodologias de ensino dos esportes coletivos utili- zadas nas aulas de iniciação esportiva na cidade de Fortaleza.
MÉTODOS
A Amostra foi constituída por n=22 Profissionais de Educação Física que atuam na iniciação esportiva na dimensão esporte educacional na Cidade de Fortaleza (ver tabela 1).
Tabela 1- Caracterização da população com relação a sua formação profissional.
Frequência absoluta Frequência relativa (%)
Graduado 13 59,1
Especialista (Pós-graduação) 7 31,8
Mestre 1 4,5
Provisionado 1 4,5
Os Critérios de Inclusão tiveram em atenção os Profissionais de Educa-
ção Física atuantes na iniciação esportiva no segmento esporte educacional,
registrados no Sistema CONFEF/CREF e que manifestaram vontade de parti-
cipar do estudo.
As Variáveis Independentes são a Formação acadêmica, nível de escola- ridade e formação continuada e a Variável dependente Metodologia de ensino adotada pelos professores em suas aulas.
O questionário contemplava 10 questões de caracter fechado, onde se buscou: caracterizar a amostra; Formação e atualização profissional e opção me- todológica.
Para validar esse questionário, foi feita a aplicação de um projeto pi- loto com dez professores. Após essa aplicação, o instrumento foi reavaliado e algumas reformulações foram realizadas. A seguir, foi solicitado a um júri, composto por três professores (Mestres e Doutores) com larga experiência na elaboração e aplicação de instrumentais de coleta de dados em pesquisa cien- tífica na área de Educação Física e Esportes que avaliassem se o instrumento produzia o resultado esperado.
Para verificar a fidedignidade, foi realizada a correlação não paramétri- ca de Spearman, onde cada professor respondeu ao mesmo questionário duas vezes com intervalo de 15 dias entre eles, demonstrando uma associação forte entre as respostas.
Foi ainda utilizada uma ficha de observação contemplava 24 itens re- lacionados ao fazer pedagógico do professor com relação basicamente a dois pontos: organização da estrutura da aula; Métodos de ensino colocados em prática;
Para validar essa ficha de observação, foi feita a aplicação de um projeto piloto com dez professores. Após essa aplicação, o instrumento foi reavaliado e algumas reformulações foram realizadas. De seguida, foi solicitado a um júri, composto por três professores (Mestres e Doutores) com larga experiência na elaboração e aplicação de instrumentais de coleta de dados em pesquisa cien- tífica na área de Educação Física e Esportes que avaliassem se o instrumento produzia o resultado esperado.
Recorreu-se ainda à Estatística Descritiva, Média, desvio padrão e moda
para as variáveis contínuas, frequências absolutas e relativas das respostas da-
das, assim como ao Qui-quadrado de associação. Cruzamento dos dados das
fichas de observação com os questionários aplicados – nível de significância
de p<0,05. Versão SPSS 18.0
for windows. O projeto de pesquisa foi aprovadono dia 31 de março de 2011 pelo Comitê de Ética da Universidade de Forta- leza – UNIFOR, sob o parecer número 0021/2011, sendo registrado com o número11-099.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Em relação ao tempo de formado demonstrado na Figura 1, verificou-se prevalência de profissionais recém-ingresso no mercado de trabalho como for- mados, com tempo de 6 meses de formação. No entanto, a amostra do estudo se mostrou heterogênea no qual foi possível verificar profissionais com forma- ção em Educação Física entre 5 a 396 meses.
72
6
86,4 95,2
5
396
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Mediana Moda Média Desvio Padrão
Mínimo Máximo
Meses
Figura 1 -Tempo de f ormado (em meses).
Figura 1 - Tempo de formado (em meses).
É importante, também, destacar como esses profissionais mantinham
a sua educação continuada (Tabela 2), no que diz respeito a atualização pro-
fissional na área específica do ensino dos esportes. Observou-se que metade
da amostra (50%) promovem sua educação continuada através de cursos de
pequena duração ou longa duração no intervalo entre 1 a 2 anos, atestando as-
sim que se mantém atualizados após a conclusão de sua formação profissional
inicial (graduação ou provisionamento profissional).
Por outro lado, percebeu-se que poucos (4,5%) são os profissionais que não participam e não investem em sua educação continuada em virtude da fal- ta de tempo, o que comprova que existem ainda professores que não investem na sua formação.
Tabela 2 - Frequência absoluta e realativa sobre a atualização profissional na área específica do ensinjo dos esportes.
f %
Cursos de pequena duração (04 a 20 horas) ou longa duração(40 a 120 horas) no espaço máximo de 01 a 02 anos entre eles
11 50,0
Clínicas, workshop, campings no espaço
máximo de 01 a 02 anos entre eles 3 13,6
Leitura de pelo menos dois livros, ou artigos ou periódicos especializados a cada ano
4 18,2
Participação em cursos, clínicas, workshop, campings no espaço maior que dois anos entre eles
3 13,6
Não participa de cursos, clínicas,
workshop, campings por falta de tempo ou outro motivo
1 4,5
profissiona l na á re a e spe cífica do e nsino dos e sporte s.
Segundo Molina Neto (1997), os professores podem ser sujeitos da sua própria formação, e aponta como possibilidade dessa construção, pensar o professor de Educação Física como investigador, possibilitando ao coletivo o acesso a programas de formação em que esses sujeitos construam um conheci- mento que lhes permita investigar autonomamente sua própria prática.
Para Costa e Nascimento (2004), os profissionais que ensinam esportes devem possuir competência e discernimento para a utilização de metodolo- gias específicas para esse fim, havendo ainda a necessidade de iniciativas para sua formação continuada.
Para verificar a prevalência a que tipo de metodologias os professores
foram submetidos em sua formação, verificou-se que grande parte da amostra,
foi submetida a uma metodologia baseada em aulas centradas no ensino das
diversas possibilidades metodológicas de ensino dos esportes (36,4%) e aulas
centradas somente no ensino da tática e dos sistemas de jogo (36,4%), apesar
de se ter verificado que 18,2% da amostra, foram submetidos a aulas centradas
somente no ensino das técnicas das modalidades.
CONCLUSÕES
Um trabalho dessa natureza traz uma perspectiva positiva com rela- ção ao processo ensino – aprendizagem dos esportes na iniciação esportiva, entretanto, coloca em xeque a forma e a maneira como os professores desen- volvem sua prática. Pensamos que as conclusões aqui descritas, serão analisa- das de duas formas distintas:
•
Apreço em função da preocupação de como são realizadas as práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas de esportes, clubes e colégios;
•
Indignação de profissionais da área em verem estampadas nesse traba- lho conclusões que de alguma forma vão expor à comunidade que pro- fessores com titulação acadêmica não conseguem perceber a evolução pela qual passa o ensino dos esportes na iniciação.
•
Com relação ao período passado nos cursos de formação superior, de uma forma geral, esse parece não ser suficiente para modificar a prática dos professores, havendo notadamente uma incoerência entre a forma- ção e a prática profissional numa perspectiva inovadora.
•
Por outro lado, parece haver coerência entre aqueles que tiveram uma formação acadêmica numa perspectiva mais tradicional e sua atuação profissional.
•
Mesmo a pesquisa apontando que a maioria dos professores realizam sua formação continuada num espaço máximo entre 1 ou 2 anos, essa parece não ser suficiente para alterar sua prática profissional.
REFERÊNCIAS
COSTA, L. C. A., & NASCIMENTO, J. V. O ensino da técnica e da tática: Novas abor- dagens metodológicas. Revista da Educação Física. Maringá, 15(2), 49-56, 2004.
MOLINA Neto, V. Formação profissional em educação física. In: Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas: Setembro. Vol 19,(1), 1997.
PROGRAMA ENCAMINHAR:
AÇÃO CIDADÃ – PEAC
Denize P. de Azevedo Freitas
/ UEFS / DINTER / UFSC / UESCMarina Tavares de Oliveira
/ UEFS denizefreitas0505@gmail.com• Palavras-chave: Educação Física, Esporte, Ciclos de Formação.
INTRODUÇÃO
O Programa Encaminhar: Ação Cidadã (PEAC) é um programa transdisciplinar de pesquisa e extensão aprovado pela PROEX (PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO EDITAL 01/2011) da Universidade Estadual de Feira de San- tana-UEFS que envolve o ensino/aprendizado de saberes necessários para for- mação humana, educacional e esportiva, oportunizados através da intervenção pedagógica de estagiários e profissionais das áreas de saúde e educação do curso de Educação Física da Universidade Estadual de Feira de Santana.
O programa busca promover igualdade e integração social, bem como
noções de cidadania através da pratica desportiva de futebol/futsal, handebol,
vôlei e demais modalidades esportivas, utilizando-se de uma metodologia
contemporânea que integra os conhecimentos teóricos à pratica, alterando
de forma direta e eficiente o comportamento dos envolvidos e promovendo a
aprendizagem dos elementos esportivos.
O programa tem como objetivo implantar Escolas de Formação Espor- tiva para crianças de 9 a 14 anos de idade, concordando com Paes (2001) quan- do este afirma que o esporte pode oportunizar ao aluno o exercício de sua ci- dadania, no qual o lazer é fundamental para uma boa qualidade de vida. Além de implantar ciclos de formação na área de Educação Física Esporte e Lazer buscando nesse sentido contribuir na capacitação de profissionais e estagiários que atuam nestas áreas.
O PEAC atende aos Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Físi- ca (1998) que apontam para a temática esportiva em questão, afirmando que de- mocratizar humanizar e diversificar a prática pedagógica da área, busca ampliar a visão da Educação Física (EF) de um viés biológico, para um que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos o que pode contribuir para a emancipação, convivência e participação consideradas atributos funda- mentais para o desenvolvimento humano através do ensino de esportes.
MÉTODO
O PEAC tem como objetivo a implantação de escolas sócio educativas de esportes e o período utilizado para viabilização e implementação do pro- grama apresentado teve início no I Ciclo de Formação Esportiva realizado em 02 e 03 de abril de 2013. Esse primeiro ciclo contou com uma conferência de abertura com a temática “Esporte e Projetos Sociais” e com diversas oficinas práticas como de primeiros socorros e atividades esportivas como vôlei, han- debol, esportes paralimpicos, entre outros. O evento foi organizado pelos bol- sistas e professores do programa.
Neste evento foi aplicado um questionário que buscava investigar os im- pactos da realização deste evento e do programa. Posteriormente, serão reali- zados mais dois ciclos de seminários formativos, com o objetivo de socializar e avaliar os saberes produzidos no programa e das experiências docentes da rede pública de ensino.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da ação do I Ciclo foram obtidos através de questio-
nário estruturado cujas respostas obedeciam a escala likert de 0 a 10 onde
0= Insatisfeito, 2= Pouco satisfeito, 5= Razoavelmente Satisfeito, 8= Bastante
Satisfeito, 10= Totalmente Satisfeito entregues durante o I Ciclo de Formação.
Participaram do estudo 25 indivíduos de ambos os sexos, professores da rede básica de ensino, todos inscritos no evento e os resultados foram analisados estatisticamente.
Sobre a organização geral 48% dos sujeitos responderam totalmente sa- tisfatório, 37% bastante satisfatório, 8% razoavelmente satisfatório e 7% foram branco/nulo.
Quanto ao nível de integração e participação do grupo 36% responde- ram totalmente satisfatório, 52% bastante satisfatório e 12% razoavelmente satisfatório.
O grau de assimilação dos conteúdos foi expresso em 36% totalmente satisfatório, 52% bastante satisfatório e 12% razoavelmente satisfatório.
Quanto à adequação do conteúdo a pratica do seu trabalho 56% total- mente satisfatório 40% bastante satisfatório 4%% razoavelmente satisfatório.
Sobre a duração e carga horária do evento 24% responderam totalmen- te satisfatório, 40% bastante satisfatório, 28% razoavelmente satisfatório e 8%
responderam pouco satisfatório.
As temáticas oferecidas foram avaliadas em 60% totalmente satisfatório, 32% bastante satisfatório, 4% razoavelmente satisfatório e 4% foram branco/nulo.
Sobre o Ciclo de uma maneira geral 60% dos sujeitos confirmaram total- mente satisfatório, 36% bastante satisfatório e 4% razoavelmente satisfatório.
Pode-se perceber que iniciativas como o PEAC contribuem significa- tivamente na formação continuada dos professores de Educação Física que atuam na rede básica de ensino. Entretanto, os resultados apontam para ne- cessidade de ampliar a carga horária dos Ciclos de Formação, bem como rea- lização sistemática e constante com temas variados. Quanto à adequação do conteúdo a pratica do trabalho no cotidiano, percebe-se que deve haver uma análise mais cuidadosa do conteúdo que seja mais relevante para os sujeitos envolvidos no programa.
CONCLUSÃO
Com os Ciclos de Formação Continuada em Educação Física, Esporte e
Lazer, a intenção é qualificar as ações dos profissionais de Educação Física nas
escolas, clubes esportivos e programas sociais.
Espera-se que com as ações do programa, o público atendido, pos- sa apresentar avanços significativos em sua formação humana e que possam compartilhar estes saberes em suas comunidades, ampliando assim o impacto social do programa através do esporte.
REFERÊNCIAS
PAES, R. R. Educação Física escolar: o esporte como conteúdo pedagógico do ensino fundamental. Canoas: Ed. ULBRA, 2001. p 65.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Educação física / Secretaria de Educa- ção Fundamental. Brasília, DF :MEC/SEF, 1998.