• Nenhum resultado encontrado

IV EREEC Teresina - PI 15 a 17 de agosto de 2018

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "IV EREEC Teresina - PI 15 a 17 de agosto de 2018"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

15 a 17 de agosto de 2018

RESIDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM TERESINA, PIAUÍ

Karina Costa Veloso (karinacostaveloso02@gmail.com) Guilhermina Castro Silva (guilherminacastro@hotmail.com)

Resumo: O descarte dos resíduos da construção civil geram impactos negativos no meio ambiente com o despejo inadequado, principalmente, em terrenos baldios. O referido trabalho teve como objetivo identificar os procedimentos de gerenciamentos dos resíduos de construção civil adotados em Teresina pela gestão municipal, tendo como base a Resolução CONAMA 307/2002 e a Lei 10.305/2010. Para isso, foram realizadas visitas em algumas obras, e coletados dados na SEMDUH e na CTR Teresina. Constatar que as empresas de construção civil, geralmente, não ocorrem à segregação do RCD, ou quando ocorrem são inapropriada, e que poucas empresas reutilizam materiais na obra. Na maioria das empresas não sabem o destino final dos RCD dos canteiros de obras, as mesmas contratam empresas terceirizadas que se responsabilizam pela disposição final. Apesar das leis, os órgãos públicos tem dificuldade em fiscalizar as construtoras como deveria ser gerando impunidade dos geradores. Em Teresina a gestão municipal implantou PRR no intuito de erradicar os lixões, dando uma solução adequada para os pequenos geradores de RCD. Conclui-se que com uma fiscalização mais acirrada, e disponibilização programas de educação ambiental poderia favorecer a sensibilização dos geradores em reaproveitar o RCD. Também a presença de aterros que possam receber esses resíduos auxilia no descarte correto, diminuindo a poluição ambiental.

Palavras-chave: Gerenciamento. Demolição. Educação ambiental.

INTRODUÇÃO

Desde a pré-história a construção civil se faz presente no dia a dia através das diversas formas de pro- porcionar abrigo e proteção. Com o passar dos anos, as habilidades adquiridas pelos homens durante a sua evolução proporcionou a dominação do meio ambiente através das técnicas desenvolvidas para a agricultura, previsão e controle das enchentes dos rios, domesticação de animais, produção de ferramentas e nas formas de casas que constituíram as primeiras cidades.

A partir da Era dos Metais o homem começou a produzir materiais mais resistentes, com isso aumentou a poluição e a degradação ambiental aumentou ao modificar um ambiente natural em um ambiente artificial, como a cidade. Através da intensificação de construções e demolições tem como consequência a geração de resíduos que causa passivo ambiental.

As atividades desenvolvidas na construção civil causam impactos positivos para o desenvolvimento da cidade favorecendo uma melhor qualidade de vida ao homem, mas também consequências com os impactos adversos presentes em cada etapa de uma obra. Em 2002, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONA- MA) publicou a Resolução 302 que trata dos procedimentos dos Resíduos da Construção Civil (RCC). Com a Lei 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos), regulamentou-se a disposição final dos resíduos da construção civil. Essas legislações são necessárias devido ao crescimento na construção no Brasil e a demanda dos materiais crescente, já que o descarte ocorre, na maioria, de forma inadequada.

A Lei 12.305/2010 prioriza o descarte final dos resíduos da construção e a sociedade que tem contato direto ou indiretamente com esses resíduos, por isso deve-se fiscalizar e punir os geradores dos resíduos seja pessoa física ou jurídica (BRASIL, 2010). Com o passar dos anos, a sociedade desenvolveu novos centros ur-

(2)

Os Resíduos da Construção e Demolição (RCD) são produzidos principalmente por pequenos gera- dores, que não se importam com o destino final desses resíduos, muitas vezes depositados em logradouros públicos abandonados, juntamente com outros tipos de materiais. É muito frequente fazer uma reforma e a quantidade de RCD gerada pelos pequenos geradores se torna significativa.

É necessário que a gestão municipal, baseada legislação brasileira, auxilie, oriente e fiscalize as obras de construção civil para minimizar os resíduos e incentivar na reutilização e reciclagem dos materiais, princi- palmente das construtoras.

Com base no que foi exposto, o objetivo da pesquisa foi identificar os procedimentos de gerenciamen- tos dos resíduos de construção civil adotados em Teresina pela gestão municipal, tendo como base a Resolução CONAMA 307/2002 e a Lei 10.305/2010.

A pesquisa é classificada quanto aos objetivos como descritiva que, segundo Andrade (2001), se obser- va, registra, analisa, classifica e interpreta os fatos sem o pesquisador interfira ou os manipule. Em relação aos procedimentos técnicos, trata-se de uma pesquisa estudo de campo, que deve indicar os critérios de escolha da amostragem, a forma pela que os dados serão coletados e os critérios de análise dos dados obtidos (VENTU- RA, 2002). Para isso, foram coletados dados na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEMDUH), Central de Tratamento de Resíduos Teresina (CTR Teresina), além de visitas in loco nos canteiros de obras que permitiram o acesso, além de registro fotográfico.

1. GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL

No período Neolítico com a fixação do homem em um ambiente surgiram as primeiras comunidades a partir da adaptação das condições do lugar que transformados com construções sem a dimensão da grandiosi- dade do que estava acontecendo. No Egito Antigo, as moradias foram construídas de tijolos e barro, ao redor do rio Nilo e Eufrates, permitindo o desenvolvimento da agricultura, criação de animais, desenvolvimento de técnicas em obras hidráulicas para se prevenirem das enchentes dos rios, como diques, reservatórios e canais de irrigação (NAGALLI, 2014).

Com o passar dos anos, foram desenvolvidas técnicas e tecnologias para intensificar o uso dos recursos naturais e transformá-los em insumos para o desenvolvimento da sociedade. Com isso, foram intensificadas as formas de alterar os ambientes naturais em ambientes culturais com a construção de prédios para moradia, educação e trabalho, pontes, estradas entre outros favorecendo o desenvolvimento nas cidades. Em contrapar- tida, foram produzidos resíduos dessas transformações desde os inertes, volumosos e perigosos que estão cada vez mais presente no ambiente ocasionando passivo ambiental.

A construção civil é uma das grandes vilãs em relação ao impacto ambiental adverso em todas as etapas da obra pelo fato de que tem grande peso na econômica brasileira, correspondendo a 14%. Sendo um dos gran- des consumidores de matérias-primas desde a extração dos materiais até o final da obra onde os resíduos são dispostos (JOHN; AGOPYAN, 2000). Frigo e Silveira (2012) concluem que apesar dos problemas causados pela construção civil, também traz benefícios socioeconômicos, como a geração de empregos diretos e indire- tos, renda, moradia, infraestrutura entre outros.

A construção civil é um grande produtor de resíduos sólidos que causa degradação ambiental se não for disposto de forma correta. Segundo a Resolução CONAMA 307/2002, os resíduos da construção civil são

“provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos [...]”. E, os mesmos “não poderão ser dispostos em aterros de resíduos sólidos urbanos, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d’água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei” (BRASIL. 2002, Art 4º, § 1º).

O descarte incorreto dos RCC é perceptível nas ruas e em terrenos baldios das cidades causando danos ambientais e seus geradores são os responsáveis pelo tratamento e disposição final, acarretando em punições previstas em lei, caso não estejam cumprindo com suas obrigações. No quadro 1 estão relacionadas as princi- pais instrumentos legais que tratam da gestão e gerenciamento de RCC no Brasil.

(3)

Quadro 1. Instrumentos legais e normativos de abrangência nacional

Documento Descrição

Lei Federal nº

6.938/1981 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e apli- cação, e dá outras providências.

Lei Federal nº

9.605/1998 Lei de Crimes Ambientais: dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Lei Federal nº

10.257/2001 Estatuto das Cidades: regulamenta os Artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretri- zes gerais da política urbana e dá outras providências.

Resolução nº

307/2002 Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos RCC.

Resolução nº

348/2004 Altera a Resolução Conama nº 307/2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos.

Lei Federal nº

11.445/2007 Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nº 6.766/1979, nº 8.036/1990, nº 8.666/1993 e nº 8.987/1995; revoga a Lei nº 6.528/1978; e dá outras providências.

Lei Federal nº

12.305/2010 Institui a PNRS, altera a Lei nº 9.605/1998; e dá outras providências.

Decreto nº 7.404/2010

Regulamenta a Lei nº 12.305/2010, que institui a PNRS, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos sistemas de logística reversa, e dá outras providências.

Fonte: Fernandez (2012) adaptado pelos autores.

O principal marco na gestão dos RCC é a Resolução CONAMA nº 307/2002 que trata sobre a respon- sabilidades dos municípios em implementarem seus planos de gerenciamento integrado de RCC, junto com os critérios e os procedimentos para o manejo adequado destes resíduos. A legislação federal serve de base para que as legislações estaduais e municipais tratem na sua esfera dos RCC (FERNANDEZ, 2012).

Segundo Nogueira e Capaz (2014), os RCC podem ser classificados em A (resíduos reutilizáveis ou re- cicláveis como agregados), B (resíduos recicláveis para outras destinações), C (não há tecnologias desenvolvi- das ou aplicações economicamente viáveis que permitam a reciclagem/recuperação dos resíduos) e D (resíduos perigosos oriundos do processo de construção). Poder fazer a classificação correta dos resíduos é primordial para poder buscar formas de reaproveitamentos dos mesmos na própria construção ou em outras destinações ambientalmente correta.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2010) apenas 9,7% dos municípios brasi- leiros possuem alguma forma de processamento dos RCC. E, de acordo com os dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2016, foram coletaram cerca de 45,1 mi- lhões de toneladas de RCD nos municípios, havendo uma diminuição de 0,08% em relação a 2015 (ABREL- PE, 2016).

A gestão de RCC está relacionada com políticas públicas, leis e regulamentos que demarcam e direcio- nam a atuação dos agentes do setor da construção civil. Em relação ao gerenciamento de RCC, os geradores devem implementar ações e operações cotidianas, como a segregação, destinação ou disposição dos resíduos ainda no canteiro de obra (NAGALLI, 2014). Para isso, é necessário que os engenheiros conheçam as legisla- ções e elaborem o Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) como objetivo de pro- ceder o manejo e, consequentemente, a destinação ou disposição ambientalmente adequada dos resíduos de acordo com as normas técnicas.

De acordo com Miotto (2013), há vários os motivos que justificam a geração excessiva de RCC, como:

a baixa qualificação da mão de obra, técnica construtiva de pouca tecnologia que não emprega princípios de racionalização, falhas nos métodos de transporte dos materiais nos canteiros de obras, excesso de produção de materiais e de embalagens, entre outros. Marques Neto (2009) ressalta que as principais dificuldades para

(4)

mão de obra para as atividades de gestão e, resistência por parte da empresa em implantar os dispositivos de acondicionamento em todos os pavimentos.

Nos próprios canteiros de obras deve-se fazer a segregação dos RCC, evitando o desperdício de material que podem servir na terraplanagem, pavimentação de vias e rodovias, entre outras. Esses materiais poderiam ser aproveitados com uma coleta correta, a onde poderia ser usada em construção de estradas, as escavações pode- riam ser utilizadas para preenchimento de aterro em outras obras, as madeiras e materiais cerâmicos poderiam ser usados para arte. Tantas maneiras de aproveitamento e coleta correta para diminuir o seu impacto causado.

Para que o gerenciamento de RCC seja eficiente, é necessário que os colaboradores sejam capacitados para a execução de determinadas práticas na obra e compreender que é fundamental a colaboração de todos os envolvidos na obra. Através da Educação Ambiental podem-se sensibilizar os atores conforme sejam forneci- das informações de como sua atuação tem influência sobre o meio ambiente, por meio de palestras, capacita- ções, treinamentos e outras abordagens educativas que facilitem o ajuste do comportamento das pessoas aos objetivos propostos (FRIGO, SILVEIRA, 2012).

Segundo Silva et al. (2015), as práticas educacionais devem ser aplicadas durante todo o processo de construção favorecendo uma maior prevenção de falhas do gerenciamento dos RCC, além do ganho social, já que o conhecimento adquirido pode ser aplicável no dia a dia das pessoas.

2. GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM TERESINA

Farias (2010) realizou uma pesquisa com 45 construtoras em Teresina e diagnosticou que 51% das construtoras contratam uma empresa especializada para a remoção do entulho de suas obras, 26% removem o entulho em transporte próprio e 23% com pessoal não cadastrado, como transportadores de entulho. As em- presas especializadas e autorizadas para dispor os RCD devem ter o controle da chegada ao aterro adequado, por isso é importante que se evite que moradores ou empresas através de ações informativas e educativas que despejem os resíduos em locais inadequados causando poluição ambiental. Mas segundo Mesquita (2012), essas empresas não iriam acabar a geração de entulhos, mas seria amenizada a geração de impacto no meio ambiente.

Em Teresina é muito comum às pessoas solicitar os trabalhos dos carroceiros para disporem os RCD, por ser mais barato do que contratar uma empresa qualificada para pegar os RCD e depositá-los em locais apro- priados. Segundo Farias (2014) em Minas Gerais, a prefeitura em parceria com a Universidade Federal de Mi- nas Gerais (UFMG) cadastrou 400 carroceiros, que foram orientados e treinados para cuidar corretamente do meio ambiente e de seus animais. Esse avanço com os carroceiros não teve o intuito de diminuir a produção de RCD, mas de diminuir a deposição em locais inapropriados.

Segundo dados da pesquisa de Silva e Silva (2010), em Teresina não há nenhum controle dos RCD, como também não há um plano de gestão e gerenciamento do município exigido pela resolução CONAMA 307/2002. Os autores concluem que no Estado do Piauí apenas três empresas possuem plano de gestão e ge- renciamento de RCD.

Segundo Teresina (2013), a cidade não possuiu uma legislação específica para os RCC, seja a separa- ção por pequeno, médio e grande geradores, como também não recolhia e nem oferecia local adequado para sua disposição desse resíduo. Em Teresina, a SEMDUH é responsável pela organização e prestação direta ou indireta dos serviços relacionados aos resíduos sólidos urbanos em Teresina, e através da Portaria 5/2014 proi- biu a disposição no aterro municipal de RCC classes A, B, C e D, previsto na resolução CONAMA 307/2002 (TERESINA, 2014c).

A Resolução 307/2002 instrui um plano onde o município tem o papel de fiscalizar o descarte e dispo- sição dos RCC. Com a instituição da PNRS ficou estipulado que em agosto de 2014, os municípios brasileiros deveriam eliminar todos os “lixões”, com base nisso a gestão municipal de Teresina realizou um levantamento e identificou 101 “lixões” na cidade (Figura 1).

Com base na localização dos “lixões”, a gestão municipal adotou como forma de acabar com as áreas de transbordos a implantação inicial de 19 Pontos de Recebimento de Resíduos (PRRs), que são pontos de co- letas em contêineres com capacidade de 40 m3, onde não é permitindo o depósito de resíduo domiciliar, en- tulhos de obras, material orgânico, vísceras e penas, resíduos industriais e hospitalares (CARVALHO NETO, 2015; TERESINA, 2014b).

(5)

Figura 1. Mapa com as áreas de transbordo em Teresina

(6)

Inicialmente, foi realizada a remoção dos resíduos de todos os pontos de transbordo que posteriormente foram sinalizados (Figura 2), e são fiscalizados pelas equipes das Superintendências de Desenvolvimento Ur- bano (SDU). Os carroceiros e caminhoneiros utilizam os PRR para depositar entre outros materiais os entulhos de construção e demolição (TERESINA, 2014a).

Figura 2. Implantação do PRR e placa de sinalização e informação, zona Sul de Teresina

Fonte: Ascom (2015).

Segundo dados de Teresina (2016), foram implantados mais 16 PRR para ampliar a cobertura e extinção das áreas de deposição irregular, totalizando 35 PRR em Teresina, distribuídos em todas as zonas de Teresina, sendo 9 (nove) na zona Centro/Norte, 11 (onze) na zona Leste, 9 (nove) na zona Sul e 6 (seis) na zona Sudeste.

Nos últimos anos Teresina vem crescendo e a construção de edificações tornando-se comum, gerando grande produção dos RCD é depositada em aterro, mas nem todos tem esse controle de chegar até o aterro e muitas vezes são lançados em locais inapropriados, ou mesmo no caso de resíduos de demolições são usados para aterrar outras edificações, ou mesmo jogados, na beira de encosta de rio. Em Teresina as empresas coleto- ras de RCD são prestadoras de serviço de pequeno a médio porte, utilizam de equipamentos especifico como caminhão poli articulado e caçamba estacionária (SILVA; SILVA, 2010).

Segundo informações da administradora da CTR de Teresina cerca de 160 a 190 toneladas de RCD é a media mensal que é disposto no local (Figura 3). A empresa cobra R$ 30,00 por tonelada, sendo que para po- der depositar o material deve-se fazer um contrato entre as partes, onde somente será recebido RCD classifi- cado como 2B.

Figura 3. Entrada, balança e célula de despejo do RCD na CTR Teresina

Fonte: CTR Teresina (2018).

(7)

Segundo Mesquita (2012, p. 60) “[...] a fonte de geração, ou seja, nos próprios canteiros de obras, que somadas às ações de adequar a destinação desses resíduos, podem contribuir significativamente para a redução do impacto da atividade construtiva no meio ambiente.” Ou seja, a redução e reutilização de alguns resíduos na própria obra diminuiria o impacto causado pelos mesmos no meio ambiente.

Os resíduos da construção e demolição são produzidos principalmente por pequenos geradores, onde não se importam com o destino final desses resíduos, muitas vezes depositados em logradouros públicos aban- donados, juntamente com outros tipos de materiais. O descontrole de pequenas obras se torna até mais prejudi- cial ao ambiente, porque é muito frequente fazer uma reforma e por qualquer que seja a menor quantidade de resíduos da construção e demolição (RCD) são depositados em qualquer lugar, sem controle.

Segundo Farias (2010) a redução e a correta gestão dos RCC são fundamentais para que se possa real- mente pensar em sustentabilidade ambiental na construção civil e assegurar a qualidade da vida urbana e de seus habitantes. Quando se fala em sustentabilidade na construção relaciona-se às edificações que reaprovei- tam água, uso de energia renovável, implantação da coleta seletiva, reuso de água entre outros. Também é im- portante saber da procedência da extração dos materiais, pois não adianta construir se os próprios materiais não vieram de uma coleta correta, ou mesmo se o descarte será feito incorretamente.

As leis que tratam da poluição ao meio ambiente servem para punir as empresas, municípios ou pessoas físicas que não cumpram a lei. Na Figura 4, percebe-se a quantidade de resíduos que são produzidos durante a demolição e/ou construção de obras.

Figura 4. RCC gerados no Loteamento Aldebaran Ville (a), canteiro de obra no Bairro Uruguai (b) e no can- teiro de obra no Singular Teresina

Fonte: Thiago Barbosa (2018), Lucas Rubem (2018), Karina Veloso (2018).

Pode-se perceber que os canteiros de obras não existem a preocupação com a segregação do RCC, in- viabilizando o aproveitamento dos materiais e favorecendo o descarte de maneira correta. Há caixas para se- paração dos resíduos, mas os resíduos reutilizados são colocados em contêiner, que podem ser utilizados como

(8)

Fica evidente a necessidade de um plano de gerenciamento de RCD pelas construtoras, pois não basta apenas fazer a disposição correta desses materiais, seria necessário que as empresas da construção civil pudes- sem investir na reciclagem desse material, diminuindo o material que seria descartado no aterro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção civil está presente de várias formas transformando os espaços urbanos e rurais através do desenvolvimento e da tecnologia. Como resultado dessas transformações há a geração de resíduos que impac- tam o ambiente de forma negativa como a poluição e degradação.

Apesar de existirem legislações que esclareçam sobre a importância dos geradores de RCD em reutili- zar, reciclar ou dispor esses materiais de forma correta, observa-se que ainda é pouca a participação de empre- sas que apliquem as normas das legislações. A gestão municipal de Teresina buscou se adequar às legislações relacionadas aos RCD acabando com os lixões e implantando os PRRs, mas ainda há descarte em áreas proibi- das, como terrenos baldios. Percebe-se que esse tipo de ação ocorre principalmente pelos pequenos geradores que durante as reformas ou pequenas obras utilizam as áreas públicas para o descarte incorreto. Já parte dos grandes geradores contratam empresas que utilizam a CTR Teresina para despejar os RCD.

É necessário que os gestores públicos junto com as construtoras trabalhem em conjunto para mudar o panorama de descarte dos RCD em Teresina, para isso é necessário à implantação de ações educativas que es- clareçam sobre a importância da reciclagem ou do descarte correto desses materiais, além das empresas elabo- rarem os Plano de Gerenciamento de RCD e uma fiscalização mais presente pela gestão municipal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS - ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015. São Paulo: Abrelpe, 2016.

ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2001.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução 307, de 5 de julho de 2002, estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.

______. Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em 01 set. 2017.

CARVALHO NETO, D. Ecoponto madeireiro de Teresina: uma solução viável. 2015. 38 f. Trabalho de Con- clusão de Curso (Tecnologia em Gestão Ambiental) – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí. Teresina, 2015.

FARIAS, I. P. Resíduos sólidos na construção civil: a realidade nos canteiros de obra na cidade de Teresi- na - PI. 2010. 156 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade Estadual Paulista. Rio Claro, 2010.

______. Proposta de modelo de gestão de resíduos da construção civil para a zona Leste da cidade de Teresi- na. 2014. 229 f. Tese (Doutorado em Geografia) Universidade Estadual Paulista. Rio Claro, 2014.

FERNANDEZ, J. A. B. Diagnóstico dos Resíduos Sólidos da Construção Civil: Relatório de Pesquisa. Brasí- lia: Ipea, 2012.

FRIGO, J. P; SILVEIRA, D. S. Educação ambiental e construção civil: práticas de gestão de resíduos em Foz do Iguaçu-PR. Revista Monografias ambientais, v. 9, n. 9, p. 1938-1952, 2012.

(9)

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

JOHN, V. M.; AGOPYAN, V. Reciclagem de resíduos na construção civil. In: SEMINÁRIO DE RECICLA- GEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES. Anais... São Paulo, 2000, p. 1-13. Disponível em: <ht- tps://www.researchgate.net/profile/V_Agopyan/publication/>. Acesso em: 7 out. 2017.

MARQUES NETO, J. da C. Estudo da gestão municipal dos resíduos de construção na bacia hidrográfica do Turvo Grande (UGRHI-15). 2009, 669 f.Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.

MESQUITA, A. S. G. Análise da geração de resíduos sólidos da construção civil em Teresina. Teresina, 2012.

MIOTTO; J. L. Princípios para o projeto e produção das construções sustentáveis. 1. ed. Ponta Grossa: UE- PG/NUTEAD, 2013.

NAGALLI, A. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil. São Paulo: Oficina de Textos, 2014.

NOGUEIRA, L. A. H.; CAPAZ, R. S. Ciências ambientais para engenharia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

SILVA, O. H. da et al. Etapas do gerenciamento de resíduos da construção civil. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, Ed. Especial GIAU-UEM, Maringá, v. 19, p. 39-48, 2015. Disponível em:

<https://periodicos.ufsm.br/reget/article/view/20558/pdf>. Acesso em: 21 maio 2018.

SILVA, L. C. S.; SILVA, C. E. Diagnóstico dos resíduos da construção civil em Teresina - PI. In: SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTIFICA, 19. 2010, Anais... Teresina, 2010, p. 1-3.

TERESINA. Plano Municipal de Saneamento Básico de Teresina. DRZ Geotecnologia e Consultoria (Org.).

Teresina: SEMDUH, 2013.

______. SEMDUH - Projeto Erradicação de Lixões. Prefeitura lança projeto para erradicar lixões: para não haver reincidência, a Prefeitura vai fiscalizar as áreas proibidas através de placas de sinalização e outros meios de sensibilização. 14 fev. 2014a. Disponível em: <http://www.portalpmt.teresina.pi.gov.br/noticia/Prefeitura- -lanca-projeto-para-erradicar-lixoes/2173>. Acesso em: 20 maio 2018.

______.SEMDUH - Lixo. Prefeitura inicia projeto de erradicação de lixões: ação prevê a disposição correta do lixo jogado nas vias públicas. 08 abr.2014b. Disponível em: <http://www.portalpmt.teresina.pi.gov.br/noti- cia/Prefeitura-inicia-projeto-de-erradicacao-de-lixoes/2611>. Acesso em: 20 maio 2018.

______. Potaria Semduh nº 5 de 8 de agosto de 2014, disciplina o uso do Aterro Municipal e o ressarcimento do valor despendido pela PMT quanto ao tratamento e disposição dos resíduos gerados por particulares. 2014c.

Disponível em: <https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=273648>. Acesso: 02 set. 2017.

______. SEMDUH - DESENVOLVIMENTO. Programa Lixo Zero têm 35º Ponto de Recebimento de Resí- duos instalado em Teresina: no projeto piloto foram instalados 19 PRRs em toda a cidade. 18 out. 2016. Dis- ponível em: <http://www.portalpmt.teresina.pi.gov.br/noticia/Programa-Lixo-Zero-tem-35o-Ponto-de-Rece- bimento-de-Residuos-instalado-em-Teresina/12725>. Acesso em: 20 maio 2018.

VARGAS, Milton. História da engenharia de fundações no Brasil. In: HACHICH; FALCONI; SAES; FRO- TA; CARVALHO; NIYAMA (Eds). Fundações: teoria e prática. 2 ed. São Paulo: Pini, 1998. p. 34-50.

Referências

Documentos relacionados

Para o desenvolvimento do estudo em questão, foi definido que o objetivo do mesmo se limita em veri- ficar o comportamento da resistência à compressão do concreto com o emprego

Com base na simulação feita, conclui-se que a reutilização das águas pluviais para fins não potáveis, quando dimensionado o sistema de captação, coleta e reservação, observando

Moldou-se oito corpos de prova, sendo cinco com fibra óptica polimérica e três corpos de prova sem fi- bra, os quais, após a cura, passaram por teste de resistência á compressão

A adição de péro- las de Poliestireno Expandido (EPS), proposta por este trabalho, tem por objetivo não apenas reduzir o peso em elementos, através do uso deste material de menor

Além disso, seguindo os princípios de dimensão humana de Jan Gehl – cidades vivas, seguras, susten- táveis e saudáveis – e cidades como local de encontro, foi elaborado e aplicado

Minas Gerais, nas cidades de Ouro Preto e Caeté; Ceará, entre Icó e Crato e Quixeramobim; Paraíba, na Serra de São João e Vila dos Patos. Porém essas jazidas tinham pouco

Através dos estudos foi possível atingir o objetivo geral da pesquisa, analisando o quão importante são as infraestruturas de saneamento básico para a população, meio ambiente

Com o objetivo de conhecer os tipos de solo em municípios que circundam a cidade de Sobral, sede da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), foram analisadas 36 amostras e