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RESISTÊNCIA À MANCHA PÚRPURA NA CULTIVAR DE CEBOLA BOTUCATU-150

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Academic year: 2021

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RESISTÊNCIA À MANCHA PÚRPURA NA CULTIVAR DE CEBOLA BOTUCATU-150

Fábio Augusto Manetti¹,²; Renata Rodrigues Silva¹,²; Juliana Iassia Gimenez¹; Ricardo Lima dos Santos¹,³; Norberto da Silva¹

¹Faculdade de Ciências Agronômicas, Unesp – Botucatu, Departamento de Agricultura e Melhoramento Vegetal.

C.P. 237, 18610-307, Botucatu – SP; ²Bolsista CAPES; ³Bolsista CNPq; e-mail: fmanetti@fca.unesp.br;

rrs@fca.unesp.br; julianaiassia@gmail.com; rycardolim@gmail.com; secdamv@fca.unesp.br.

RESUMO

Uma das limitações para a produção de cebola no Brasil está relacionada com a alta incidência de doenças fúngicas foliares que impedem, na maioria das cultivares, a manifestação do potencial genotípico para a produção de bulbos de qualidade comercial.

A mancha púrpura causada pelo fungo Alternaria porri é considerada uma das mais destrutivas doenças da cebola. Afeta principalmente a parte aérea das plantas reduzindo sensivelmente a produção e a qualidade dos bulbos. Objetivando avaliar a incidência da mancha púrpura dentro de uma população de meios irmãos de ‘Botucatu-150’, realizou-se, na semeadura de inverno, um experimento com 51 tratamentos compostos por 50 progênies de meios irmãos e a cultivar Roxa-do-barreiro – utilizada como testemunha à resistência dispostos em delineamento de blocos casualizados com 3 repetições. A avaliação procedeu-se visualmente em 10 plantas da fileira central do canteiro, atribuindo-se uma nota de 1 a 6, de acordo com a severidade da doença sendo que a infestação do fungo deu-se de forma natural no experimento. Entre as 50 progênies de meios irmãos avaliadas, 100 % destas apresentaram médias de notas que não diferiram da testemunha ‘Roxa-do-barreiro’, sendo consideradas resistentes à mancha púrpura. Estes dados indicam que a cv.

Botucatu-150 caracteriza-se como homozigota quanto à resistência a Mancha Púrpura.

PALAVRAS-CHAVE: Allium cepa, Alternaria porri, resistência, melhoramento

ABSTRACT

Resistence to onion purple blotch in Botucatu-150

One of the limitations for the production of onion in Brazil is related to the high incidence of fungal leaf diseases that prevent, in most cultivars, the expression of genotypic potential for the production of bulbs of commercial quality. The purple stain caused by the fungus Alternaria porri is considered one of the most destructive disease of onion. Affects mainly the shoots of plants reduces significantly the production and quality of bulbs. To evaluate the incidence of purple spot within a population of means of brothers’ Botucatu-150 ‘was held in the sowing of winter, an experiment with 51 treatments consisting of 50 progenies of cultivar means brothers and Roxa-of-Barreiro - used as a witness to the strength arranged in a randomized block design with 3 replications.

The assessment was made visually on 10 plants of the central sector of the site, giving it a note from 1 to 6, according to the severity of the disease and the infestation of the fungus took place in a natural way in the experiment.

(2)

Among the 50 progenies of siblings means assessed, 100% showed averages of these notes did not differ from the witness’ Roxa-of- Barreiro, ‘is considered resistant to purple blotch. These data indicate that cv. Botucatu-

150 is characterized as homozygous for resistance to Spot Purple.

KEYWORDS: Allium cepa, Alternaria porri, resistence, breeding

INTRODUÇÃO

No Brasil, a cebola (Allium cepa L.) é a terceira hortaliça de maior importância econômica, com produção aproximada de 1 milhão de toneladas/ano (Costa et al., 2002). No panorama internacional, o Brasil posiciona-se no 12º lugar em produção, sendo a Região Sul a principal produtora (62,2%), seguida da Região Sudeste (25,2%) e da Região Nordeste (12,3%) (Resende et al., 2002).

A Mancha Púrpura é uma das principais doenças da cebola em locais de clima quente – 25 a 30ºC e úmido. É causada, normalmente, por Alternaria porri (Ellis) Cif., mas também pode ser causada por Stemphylium vesicarium. Os dois fungos também infectam alho, cebolinha e alho porró. O principal sintoma da doença se manifesta nas folhas que inicialmente apresentam pequenas pontuações brancas e de formato irregular (Reis et al., 2004). Lavouras muito atacadas podem sofrer drástica redução do tamanho dos bulbos e, consequentemente, redução na produção. Quando as lesões são localizadas no pendão floral, estas podem provocar sua quebra.

A infestação da doença em lavouras comerciais é responsável pela quase totalidade das aplicações e gastos com fungicidas (Barreto, 1998). Atualmente, as pulverizações são realizadas preventivamente ou mesmo após a constatação da doença e, em geral, são repetidas semanalmente, independente das condições climáticas (Ferreira & Barreto, 2001).

Com isso, há um gasto excessivo com produtos fitossanitários que vem a aumentar o custo de produção da lavoura, além da liberação desnecessária de resíduos tóxicos que podem vir a causar danos ao meio ambiente e comprometer a saúde dos consumidores.

Desta forma, o uso de materiais que possuem resistência genética, torna-se a alternativa mais barata e ecológica em áreas onde a doença causa problemas aos cebolicultores, sendo imprescindível o desenvolvimento de novos materiais com essa característica.

A cebola Roxa do Barreiro é uma fonte de resistência e a herança desta resistência, com base no cruzamento Baia x Barreiro, é de natureza poligênica e aditiva (Silveira, 1971). A geração F

l

entre esta cebola Roxa do Barreiro e as cebolas do tipo Baia, apesar de apresentar bom nível de resistência, tem bulbos roxos e a cor ideal para o mercado das Baias, que é o tipo preferido no mercado de São Paulo, é a amarela (Cardoso et al., 1995).

Desde 1988 a Faculdade de Ciências Agronômicas, campus de Botucatu da Unesp vem desenvolvendo um programa de melhoramento visando obter linhagens, a exemplo da cebola argentina, bulbos com características de escamas (pele) mais espessa, múltiplas, de boa retenção e coloração amarela bronzeada além da resistência à mancha púrpura, sendo liberada, no ano de 2005, uma população denominada ‘Botucatu-150’.

Este material depois de submetido a 8 ciclos de seleção massal e de meios irmãos pode, ainda, apresentar alguma variabilidade para algumas características.

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Com isso, realizou-se este trabalho objetivando avaliar a incidência da mancha púrpura dentro de uma população de meios irmãos de ‘Botucatu-150’.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental São Manuel, localizada no município de São Manuel, SP pertencente à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP – Campus de Botucatu, situada a uma altitude de 786 m, longitude 48º34’W e latitude de 22º46’S.

Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados completos, com 51 tratamentos e três repetições. Os tratamentos corresponderam a 50 progênies de meios irmãos de Botucatu-150 e a cultivar comercial Roxa-do-barreiro, sendo cada parcela composta por três fileiras de aproximadamente 12 plantas, permitindo um “stand” inicial de 36 plantas por parcela experimental de 1 m².

O preparo do solo e os tratos culturais realizados durante o ciclo da cultura corresponderam aos recomendados e normalmente utilizados para essa cultura. De acordo com as necessidades da cultura, utilizou-se o sistema de irrigação por aspersão convencional.

Realizou-se a semeadura de inverno em 20/05/2008 na densidade de 5g de sementes por m² de canteiros, adubados com 150g da formulação 4-14-8 por m². Aos 60 dias, as mudas foram transplantadas para os canteiros definitivos, previamente adubados com 100g da fórmula 8-28-16.

A infestação do fungo deu-se de forma natural no experimento, principalmente no final do ciclo da cultura, quando a incidência de chuvas na região aumentou.

A avaliação foi realizada aos 22 dias do mês de outubro de 2008, tendo-se atribuído a dez plantas da fileira central do canteiro, notas variando de 1 a 6, seguindo-se a escala de notas proposta por Ferreira & Barreto (2001): 1 - ausência total de sintomas; 2 - folhas com

“flecks” (pontuações brancas); 3 - folhas com “flecks” e com uma lesão de mancha púrpura; 4 - folhas com mais de uma lesão de mancha púrpura; 5 - folhas com mais de uma lesão de mancha púrpura e início de seca das pontas; 6 - folhas com seca na maioria da sua extensão.

A nota média obtida em cada uma das progênies foi comparada, pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade, com a nota média da cultivar testemunha para resistência à doença – Pira Roxa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância das cinquenta progênies de meios irmãos e a testemunha para a característica avaliada, seu quadrados médio, coeficiente de variação experimental e significância pelo teste de F, encontra-se na Tabela 1.

Verificara-se pelo teste de F a 5% de probabilidade, diferença significativa para a média de notas da severidade da doença nas dez plantas avaliadas (Tabela 1).

Entre as 50 progênies de meios irmãos avaliadas, 100 % destas apresentaram médias de notas que não diferiram da testemunha ‘Roxa-do-barreiro’ (Tabela 2), sendo consideradas resistentes à mancha púrpura.

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Estes dados indicam que, por ser o parental feminino deste ciclo, a cv. Botucatu-150 caracteriza-se como homozigota quanto à resistência a Mancha Púrpura.

Enquanto a testemunha utilizada neste trabalho – cultivar Roxa-do-barreiro apresenta coloração arroxeada, ‘Botucatu-150’ apresenta coloração de bulbos amarelados. Cardoso et al. (1995), visando determinar a herança de coloração de cebola a partir do cruzamento de bulbos brancos com resistência a Colletotrichum gloeosporioides (Mal de 7 voltas) segregantes da população Roxa-do-Barreiro com bulbos amarelos de linhagens endogâmicas obtidas das variedades Super Precoce e Pira Ouro, concluíram que é possível obter-se cultivares com resistência a C. gloeosporioides independentemente da cor dos bulbos, mostrando que estas 2 características não devem estar ligadas (bulbos roxos e resistência).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à CAPES e CNPq pela concessão de bolsas de estudo aos alunos de pós-graduação e a FEPAF pelo financiamento da pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, M. Doenças da cebola. Jaboticabal, 1998. 8p (Apostila)

CARDOSO, A.I.I.; DELLA VECCHIA, P.T.; FARIA, L.P. Herança de coloração de bulbos em cebola (Allium cepa l.) com resistência a Colletotrichum gloeosporioides. Scientia Agricola, Piracicaba, vol. 52, n. 2, p.384-386. mai/ago 1995.

FERREIRA, M.R.; BARRETO, M. Desenvolvimento de um sistema de previsão de mancha púrpura (Alternaria porri) em cebola (Allium cepa L.). Summa Phytopathologica, vol. 27, n. 3, p. 313-317. 2001.

Tabela 1. Análise de variância das médias de notas de severidade de Mancha Púrpura em 50 progênies de meios irmãos de Botucatu-150 e na testemunha ‘Roxa-do-barreiro’ [Analysis of variance between grade average attributed to purple blotch in fifty Botucatu-150 half sib lineages and to control `Roxa-do-barreiro’]. FCA/Unesp, Botucatu, SP, 2009.

F. V. G. L. Q. M.

Tratamento 50 0,097*

Bloco 2 0,376

Erro 100 0,044

Total 152 -

CV (%) - 10,09

Média geral - 4,35

*Significativo ao nível de 5% de probabilidade.

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Tabela 2. Médias de notas de severidade de Mancha Púrpura em 50 progênies de meios irmãos de Botucatu- 150 e na testemunha ‘Roxa-do-barreiro’ [Grade average attributed to purple blotch symptoms in fifty Botucatu- 150 half sib lineages and to control `Roxa-do-barreiro’]. FCA/Unesp, Botucatu, SP, 2009.

Tratamento Nota média(1) Tratamento Nota média(1)

Roxa-do-barreiro 1,63 a

08-10 4,77a 08-35 3,97 a

08-11 4,13 a 08-36 3,90 a

08-12 4,10 a 08-37 4,47 a

08-13 5,13 a 08-38 5,33 a

08-14 4,47 a 08-39 4,33 a

08-15 4,67 a 08-40 3,53 a

08-16 3,97 a 08-41 4,41 a

08-17 4,87 a 08-42 5,23 a

08-18 3,83 a 08-43 3,83 a

08-19 3,90 a 08-44 5,70 a

08-20 4,80 a 08-45 4,00 a

08-21 5,00 a 08-46 3,67 a

08-22 4,03 a 08-47 4,27 a

08-23 4,90 a 08-48 4,93 a

08-24 3,66 a 08-49 4,27 a

08-25 4,23 a 08-50 3,60 a

08-26 5,47 a 08-51 5,17 a

08-27 5,00 a 08-52 4,07 a

08-28 3,53 a 08-53 3,63 a

08-29 4,92 a 08-54 4,40 a

08-30 4,03 a 08-55 4,00 a

08-31 4,93 a 08-56 3,73 a

08-32 4,60 a 08-57 4,43 a

08-33 5,32 a 08-58 4,77 a

08-34 3,84 a 08-59 4,43 a

(1) = Dados não transformados. Análise estatística com dados transformados em vx. Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

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