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GRACILIANO RAMOS. Conheça vida e obra de Graciliano Ramos, autor de 'Vidas Secas' e 'Angústia'

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1 GRACILIANO RAMOS

Conheça vida e obra de Graciliano Ramos, autor de 'Vidas Secas' e 'Angústia'

Membro do Modernismo, livros do escritor são alguns dos principais assuntos do ENEM e de outros vestibulares (Foto: Arquivo público do estado de São Paulo)

Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em 27 de outubro de 1892, no município de Quebrangulo, no Alagoas. Filho de comerciantes, ele teve uma vida confortável durante a infância e pôde se dedicar aos estudos. Não por acaso, seu assunto de maior interesse eram as línguas — principalmente a portuguesa.

Ramos começou a escrever cedo e chegou a publicar seu primeiro conto aos 11 anos. Anos depois, ele passaria a produzir textos para periódicos brasileiros, os quais assinava com o pseudônimo Feliciano Olivença devido à sua pouca idade. Na juventude, trabalhou em jornais e publicações literárias. Além disso, fez parte do Exército, ajudou seus pais na loja da família e deu aulas de português.

Anos depois, o rapaz se fixou na cidade de Palmeira dos Índios, a cerca de 136 quilômetros de Maceió. Por lá, se envolveu com política e acabou se tornando o prefeito da cidade, em 1927. Alguns especialistas contam que, por conta de seus dotes literários, Ramos impressionava outros profissionais com seus relatórios bem escritos.

Mas, mesmo com o reconhecimento pelos “belos” documentos redigidos, esse mundo não era para o alagoano. Para ele a política era conturbada, pois envolvia muitos conflitos de interesse e burocracias. Isso fez com que ele renunciasse do cargo dois anos após a posse.

A política, contudo, não desapareceu de sua vida. Até sua morte, em março de 1953, Ramos atuou em diversos outros cargos públicos, principalmente em posições que envolviam assuntos ligados à educação.

Mesmo com todas essas funções, Ramos encontrou tempo para se casar duas vezes, ter oito filhos e, é claro, escrever.

Ele foi um dos principais expoentes da segunda fase do Modernismo e, por seus mais de dez livros publicados, ganhou diversos prêmios e se consagrou um dos maiores autores do Brasil.

Contexto histórico e literário

Na época em que Graciliano Ramos começou a escrever, o país fervilhava com mudanças, tanto no campo da arte, quanto na política e economia. O movimento literário conhecido como Modernismo se consolidava, reforçando a formação de uma identidade artística nacionalista.

O Modernismo foi fundado por grandes nomes da arte brasileira, como Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, durante a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Theatro Municipal de São Paulo. Inicialmente, o movimento focou na ruptura da arte do Brasil com as influências do exterior, principalmente às produções europeias. A ideia dos artistas era o de criar uma identidade brasileira de forma quase ufanista e revolucionária. Quando Ramos começou a publicar suas obras, esse estilo já havia mudado.

Agora, os artistas já haviam amadurecido os ideais do movimento e podiam focar em outros temas, como o regionalismo, a mistura de diversos tipos de arte e a construção de algo totalmente brasileiro. Graciliano Ramos, é claro, se enquadra em todas essas classificações.

Mas, à época, essas ideias nacionalistas não permeavam apenas as artes. A segunda fase do Modernismo durou de 1930

até 1945, período em que ocorreu a Revolução de 1930, que colocou o país sob o comando do gaúcho Getúlio Vargas,

responsável por formular reformas trabalhistas e econômicas para modernizar o Estado brasileiro. Contudo, em 1937 o

presidente aplicou um "autogolpe" que instaurou uma ditadura até 1945 — e rendeu 11 meses de prisão a Ramos.

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Em tempos de política anticomunista ditada por Vargas, as obras e as amizades de Ramos não eram bem vistas. “Ele tinha um lado político velado, mas, que se analisarmos, está muito presente em sua obra”, afirmou Celso Cavicchia, professor de literatura formado em letras pela USP, em entrevista à GALILEU.

Assinatura do autor Graciliano Ramos (Foto: Reprodução)

O especialista ressalta ainda que o partidarismo de Graciliano Ramos é perceptível apenas para quem realmente presta atenção em seus escritos. “Quando você lê as obras, o comunismo está explícito se você quiser entender. Entretanto, para quem não quer, resta apenas a narrativa, que faz pensar 'coitadinho dos pobres e miseráveis' e só isso”, explicou.

Ramos foi preso apenas três anos após a publicação de São Bernardo (1934), que conta a história de amor de um dono de terras com uma mulher de ideias mais humanistas. “Nessa obra temos um capitalista explorando o trabalho do povo.

Quando conto essa história para meus alunos, ele percebe o quanto a obra ainda é atual”, disse Cavicchia.

Depois de passar meses encarcerado pelo governo, Graciliano Ramos foi liberado em 1937. Não muito tempo depois, em 1938, o escritor publicou o livro que talvez seja sua obra mais famosa: Vidas Secas. Confira abaixo um resumo de suas principais obras.

São Bernardo (1934)

Neste livro, o fazendeiro Paulo Honório conta sua história que, como o leitor descobre logo no início, é cheia de reviravoltas.

O narrador logo esclarece que pedira para colegas seus produzirem a obra, mas, como ele não gostou do resultado, resolveu escrever sua própria versão.

Por conta disso, a obra é escrita em linguagem regionalista e coloquial, rica em expressões nordestinas comumente usadas na época. Segundo o narrador, sua infância fora pobre e ele não tivera tempo de estudar, o que contribuiu para a formação de ser caráter prático e direto.

Acompanhamos a vida de Paulo Honório, desde a infância pobre, quando morava na Fazenda São Bernardo, até sua juventude e eventual ascensão econômica, que o leva a comprar a propriedade em que vivera quando criança.

O narrador, então, decide se casar — e é muito sincero em relação a suas razões para tal: agora que acumulou fortuna, precisa de um herdeiro. É assim que ele resolve se casar com Madalena, uma professora da região que já está “ficando para a titia”.

A moça topa o acordo e os dois se casam, passando a viver na fazenda. Por lá, Madalena mostra sua personalidade idealista e amigável, que tende a defender os trabalhadores e as classes mais baixas da população. Sendo controlador como é, as “intromissões” irritam Paulo Honório, que se torna violento e agride Madalena. Além disso, o homem tem acessos de ciúme da mulher — um pouco por tratá-la como propriedade, como faz com suas terras e funcionários.

Ao fim do romance, Madalena comete suicídio — e o marido fica sozinho. Sua vida, sem os atritos com a esposa, parece inútil. Nem o filho o motiva a continuar lutando pelo que quer. É justamente nesse cenário que Paulo Honório começa a escrever as suas memórias — onde parece admitir sua parcela de culpa pela morte da esposa.

Segundo os especialistas, esse livro de Graciliano Ramos deixa claro os embates entre capitalismo e socialismo, tal como a valorização de ideais mais humanistas. Além disso, o romance é extremamente regionalista e mostra a realidade de uma parcela da população brasileira não tão conhecida.

Dica aos vestibulandos: se atente à figura da coruja. O animal é frequentemente relacionado com a inteligência e com a morte. Não por acaso, sempre que Paulo Honório escuta o pio do animal, sente ímpeto para continuar a escrever suas memórias.

Angústia (1936)

Nesta obra, Luís Silva conta os principais acontecimentos de sua vida, focando principalmente nos que o levaram a cometer uma grande loucura, revelada ao fim da obra. O narrador é um personagem consciente e astuto, que nasceu e cresceu em uma família de classe média.

O livro começa confuso, relatando acontecimentos presentes e lembranças passadas ao mesmo tempo. Isso ocorre porque ele escreve de acordo com seus pensamentos, ou seja, seu fluxo de consciência, que o leva a fazer paralelos entre diversos fatores de sua vida.

Em certo ponto, Luís Silva encontra Marina, uma jovem linda que mora no apartamento ao lado. A proximidade de suas

casas é tal que ele consegue ouvir tudo o que se passa no quarto ao lado, onde ela mora com os pais.

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Logo o narrador conta que ficou noivo da menina e que compartilhou todas as economias com ela, para que pudessem fazer um enxoval. É quando ela gasta todo o dinheiro com roupas que Luís Silva percebe, segundo ele mesmo, o quanto a menina é tosca.

A situação é tolerável, até ele descobrir que Marina tem um caso com outro rapaz do escritório em que ele trabalha.

Quando isso acontece, Luís Silva rompe o compromisso imediatamente e se sente livre. O problema, contudo, é que ele ficou obcecado pelo casal e começou a perseguí-los. Em certo ponto, quando o sujeito já trocou Marina por uma outra moça, Luís Silva resolve cometer uma grande loucura: assassinar o rapaz.

O acontecimento resulta em um fluxo de pensamentos ainda mais confuso, no qual o narrador se sente culpado e apavorado ao mesmo tempo. O livro termina neste frenesi, e, ao que parece nada é bem esclarecido.

Contudo, o que é essencial para o entendimento de Angústia é saber que esse é um romance circular. Ou seja, é lendo o começo da história, logo após terminar a leitura do livro, que o espectador entenderá o que de fato aconteceu.

Dica aos vestibulandos: Luís Silva trabalhava como revisor para um órgão governamental. Por isso, uma de suas principais funções era manipular partes dos textos escritos por jornalistas do local onde trabalhava, evitando fatos prejudiciais ao governo.

Vidas Secas (1938)

Este livro conta a história de “seis viventes”: Fabiano, Sinha Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo, a cachorra Baleia e o papagaio da família. A história começa quando o grupo decide fugir da seca, que assola o sertão nordestino.

Em certo ponto da sua caminhada em busca de uma nova vida, a família se depara com uma casa aparentemente abandonada, a qual resolve ocupar. Entretanto, pouco depois, eles descobrem que o local pertence a um fazendeiro da cidade, e que, para se manterem lá, Fabiano terá de trabalhar para o homem.

O personagem se vê endividado do dia para a noite — e não consegue entender o porquê. Segundo o patrão, tudo o que Fabiano produz deve ser entregue ao superior, como tentativa de abater essa dívida.

Enquanto isso, o tempo passa e o leitor descobre outras facetas de Fabiano. Além de não ter dinheiro para quase nada, o marido de Sinha Vitória é viciado em jogos, e, em determinado momento da história, acaba sendo preso pelo policial da cidade.

Nenhum acontecimento fica muito claro para Fabiano ou para qualquer outro membro da família, pois não tiveram estudos e mal conseguem se comunicar — diálogos são raros no livro. O que o chefe da família tem claro é seu papel na sociedade e a consciência de que suas chances de sucesso são poucas.

Tanto que, em determinado momento, quando Fabiano encontra o policial no meio do sertão, começa a elaborar planos de vingança contra a figura de autoridade. Entretanto, opta por ajudar o homem a encontrar o caminho de casa, pois, segundo ele, o poder do governo é muito maior do que qualquer atitude que ele poderia tomar.

Os outros personagens são sonhadores. Sinha Vitória imagina que seu sucesso na vida virá quando conseguir uma cama decente para dormir. Os filhos sonham com o que querem para o futuro, e até a cachorra Baleia imagina como será sua vida quando encontrar um paraíso cheio de preás que poderá caçar.

O livro humaniza os animais de forma surpreendente. Quando a família decide comer o papagaio, Fabiano ironiza o animal dizendo que ele não sabe nem falar. Entretanto, o que está implícito é que tanto ele quanto os outros membros de sua família também não conseguem se comunicar.

O capítulo mais impactante da obra talvez seja o do sacrifício da cadela Baleia. Após adoecer, a Fabiano opta por matar o animal — que muitas vezes é retratado mais como humano que o próprio dono. Seu nome, é claro, é uma ironia: além de ser muito magra, o cãozinho vive em completa secura.

Nesse livro, Graciliano Ramos apresenta a história dessa família de forma dura e direta, tal como é a vida das personagens.

Além disso, usa as personagens para mostrar não apenas a crueldade do sertão, mas também as opressões do sistema (demonstradas pelo patrão e pelo policial) e a migração dos nordestinos em busca de uma vida melhor, comum na época em que o autor estava escrevendo.

Dica aos vestibulandos: o termo “Sinhá” era usado por escravos e trabalhadores para se referirem às respectivas patroas ou mulheres da alta sociedade. Não por acaso, Vitória é chamada de “Sinha”, sem acento, o que a coloca como uma mulher como qualquer outra, sem nada de especial.

Filme: Vidas Secas, dirigido por Nelson Pereira dos Santos (1963).

Legado

Graciliano Ramos se tornou um dos maiores expoentes da literatura do Brasil. Retratando o Nordeste como ninguém, o autor deu voz a uma parte da população muitas vezes esquecidas — mesmo pelos modernistas da década de 1930.

Dentre outras obras produzidas pelo alagoano, estão Infância e Memórias do Cárcere — este último publicado postumamente e sem o último capítulo, nunca concluído. O escritor morreu em março de 1953 devido a um câncer de pulmão — fora fumante assíduo durante toda a vida.

Enquanto alguns especialistas defendem que a grande consagração de Ramos tenha vindo após sua morte, o trabalho dele já era reconhecido em vida. Recebedor de vários prêmios, o autor conhecia outras figuras importantes da época e chegou a trocar cartas com o pintor Candido Portinari, nas quais os dois debatem o sentido da arte.

Para conhecer mais sobre a história de Graciliano Ramos, vale conferir o documentário O Universo Graciliano, dirigido por Sylvio Back (2014).

https://revistagalileu.globo.com/Vestibular-e-Enem/noticia/2019/10/conheca-vida-e-obra-de-graciliano-ramos-autor-de-vidas-secas-e-

angustia.html

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TAREFA DO DIA SEGUINTE

T01. (UFRS) A década de 30, no Brasil, foi um momento de tomada de consciência da realidade nacional. Na literatura, os mais graves problemas sociais foram retratados objetiva e criticamente por escritores nordestinos; nas artes plás- ticas, depois das grandes mudanças da década de 20, tam- bém a realidade passou a ser tema frequente. Assinale a alternativa que apresenta um escritor e um pintor, respecti- vamente, que abordem essa temática:

a) Erico Verissimo e Heitor dos Prazeres.

b) Graciliano Ramos e Cândido Portinari.

c) Raquel de Queirós e Anita Malfatti.

d) José Américo de Almeida e Iberê Camargo.

e) Dionélio Machado e Cícero Dias.

T02. (EU/BA) "O romancista intuiu admiravelmente a condi- ção sub-humana do caboclo sertanejo, com a sua consciên- cia embotada, a sua inteligência retardada, as suas reações devidas a reflexos condicionados por um sofrimento secu- lar. Desta maneira, ao investigar o sentido de um destino coletivo, ele nos dá realmente a medida do homem telúrico, no seu estado primário, autômata e passivamente indiferen- te, nivelando-se com animais, árvores e objetos."

O trecho acima trata do escritor _____________, mais especificamente de seu romance ____________ cujo protagonista é______________.

a) Graciliano Ramos - São Bernardo - Fabiano

b) José Lins do Rego - menino de Engenho - Paulo Honório c) Graciliano Ramos - Vidas Secas - Fabiano

d) Jorge Amado - Jubiabá - Paulo Honório e) José Lins do Rego - Fogo Morto - Bentinho

T03. (UC/MG) Graciliano Ramos é autor que, no Modernis- mo, faz parte da:

a) fase destruidora, que procura romper com o passado.

b) segunda fase, em que se destaca a ficção regionalista.

c) fase irreverente, que busca motivos no primitivismo.

d) geração de 45, que procura estabelecer uma ordem no caos anterior.

e) década de 60, que transcendentaliza o regionalismo.

T04. (EU/MARINGÁ) "A cachorra espiou o dono descon- fiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto..."

O excerto acima apresenta uma cena da obra:

a) Angústia b) Vidas Secas c) Doidinho d) Dom Casmurro e) Menino do Engenho

T05. (PUCCAMP) O isolamento social e cultura de uma fa- mília de retirantes nordestinos e a tragédia do ciúme, provo- cada por um incontrolável sentimento de posse, são os te- mas centrais de dois grandes romances de Graciliano Ra- mos, respectivamente:

a) Vidas Secas e São Bernardo b) São Bernardo e Vidas Secas c) Caetés e Angústia

d) Angústia e Caetés e) São Bernardo e Angústia

T06. (FUVEST/SP) São obras do mesmo autor de Vidas secas:

a) Jubiabá, Mar morto.

b) Usina, Fogo morto.

c) Angústia, São Bernardo.

d) A bagaceira, Coiteiro.

e) O quinze, Caminho de pedras.

T07. (PUC/RS) "O pequeno sentou-se, acomodou nas per- nas a cachorra, pôs-se a contar-lhe baixinho uma estória.

Tinha o vocabulário quase tão minguado como o do papa- gaio que morrera no tempo da seca."

Em Vidas secas, de Graciliano Ramos, como exemplifica o texto, através das personagens há uma aproximação entre:

a) homem e animal.

b) criança e homem.

c) cão e papagaio.

d) papagaio e criança.

e) natureza e homem.

T08. (F. CARLOS CHAGAS/SP) Graciliano Ramos escre- veu um romance cuja personagem principal, lutando por ri- queza e posição social, deixa-se contaminar pela agressi- vidade que caracteriza o meio social em que vive. Aprofun- dando-se, portanto, na sondagem da personalidade do pro- tagonista, o autor logrou, também, uma visão crítica da so- ciedade que determinou a maneira de ser da personagem.

A obra em questão é:

a) Insônia.

b) Infância.

c) Angústia.

d) Vidas secas.

e) São Bernardo.

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5 T09. (PUCC/SP) O modo típico de um escritor regionalista da década de 30 conceber a personagem pode ser exempli- ficado pela caracterização de:

a) Policarpo Quaresma, "um visionário", patriota ferrenho, nacionalista extremado, que propugna pela instauração do tupi como língua oficial e pela recuperação do folclore na- cional.

b) Aurélia, moça órfão que foi proclamada a "rainha dos as- lões fluminenses", deusa dos bailes, a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.

c) João Romão, que possuía uma "moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de acumular", denunciada imediata- mente por seu físico: "um baixote, socado, cabelos à esco- vinha, a barba sempre por fazer".

d) Paulo Honório, de origem humilde, que se fez rico e poderoso proprietário, em desafio ostensivo aos valores tra- dicionais de uma sociedade rural, patriarcalista e latifun- diária, em resistência às pressões da natureza.

e) Antônio Maciel, o Conselheiro, que, com seus jagunços – produtos inevitáveis de um conjunto de fatores geográ- ficos, raciais e históricos –, defende seu reduto até seu ani- quilamento pelas Forças Armadas.

T10. (MACK-SP) Sobre Graciliano Ramos é incorreto afir- mar que:

a) mostra-se interessado pelo comportamento, atitudes e conduta humana.

b) é o introdutor do ciclo do cacau na literatura brasileira.

c) tem uma visão panorâmica de seus personagens, daí re- sultando a conciliação da psicologia com o regionalismo.

d) sua obra destaca-se pela concisão e sobriedade de es- tilo.

e) reproduz muitas vezes a comunicação dos sertanejos e descreve a vida desolada de seres subumanos e animali- zados.

T11. (UNITAU/SP) O estilo conciso, a linguagem sóbria, a técnica da interiorização e a análise psicológica caracte- rizam-no, principalmente em sua obra Angústia. Trata-se de:

a) Jorge Amado.

b) Erico Verissimo.

c) Graciliano Ramos.

d) José Lins do Rego.

e) Clarice Lispector.

T12. (F.C. CHAGAS/SP) O narrador, que também é perso- nagem, conta sua história: foi trabalhador braçal da fazenda de que se tornou proprietário, por meios lícitos e ilícitos.

Casou-se porque "sentia desejo de preparar um herdeiro para as terras". No final, reconheceu que "estragara" sua vida e a de seus dependentes, por força da "profissão" que adotara. Esses dados identificam:

a) Fabiano.

b) Brás Cubas.

c) Coronel José Paulino.

d) Paulo Honório.

e) Bentinho.

T13. (UNIFOR/CE) "É perfeita a adequação da técnica lite- rária à realidade expressa. Fabiano, sua mulher, seus filhos rodam num âmbito exíguo, sem saída nem variedade. Daí a construção por fragmentos, quadros quase destacados, onde os fatos se arranjam sem se integrarem, sugerindo um mundo que não se compreende, e se capta apenas por manifestações isoladas."

O texto acima analisa a relação entre a estrutura narrativa e o tema tratado em:

a) Vidas secas, Graciliano Ramos.

b) Sagarana, Guimarães Rosa.

c) Laços de família, Clarice Lispector.

d) Menino de engenho, José Lins do Rego.

e) A vida real, Fernando Sabino.

T14. (FUVEST/SP) Costuma-se reconhecer que a obtenção de verossimilhança (capacidade de tornar a ficção seme- lhante à verdade) é a principal dificuldade artística inerente à composição de São Bernardo. Essa dificuldade decorre principalmente:

a) da mistura de narrativa psicológica, individual, com inten- ções doutrinárias, políticas e sociais.

b) da junção do estilo seco, econômico, com o caráter épico, eloquente, dos fatos narrados.

c) do caráter inverossímil da acumulação de capital na zona árida do Nordeste.

d) da incompatibilidade de base entre o narrador-persona- gem e Madalena, que torna difícil crer em seu casamento.

e) da distância que há entre a brutalidade do narrador-per- sonagem e a sofisticação da narrativa.

T15. (PUC/PR) Graciliano Ramos, cujos livros chegaram à publicação a partir de 1933, distingue-se no quadro amplo da literatura que a partir do Modernismo foi produzida. É marca de sua modernidade, que se constitui de maneira peculiar e distinta:

a) a elevação da caatinga a espaço mítico de transcendên- cia e superação do real.

b) a exaltação da cultura popular baiana.

c) a procura rousseauniana do ideal na simplicidade cam- pestre, na vida rústica, mas gratificante do sertanejo.

d) a reconstituição saudosista do passado, sufocados o es- pírito crítico e o impulso para a reavaliação.

e) a via do despojamento, que o faz recusar o pitoresco, isentando-o de fraquezas populistas.

T16. (FUVEST/2017) Se pudesse mudar-se, gritaria bem al- to que o roubavam. Aparentemente resignado, sentia um ó- dio imenso a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a campina seca, o patrão, os soldados e os agentes da prefei- tura. Tudo na verdade era contra ele. Estava acostumado, tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. Não havia paciência que suportasse tanta coisa.

– Um dia um homem faz besteira e se desgraça.

Graciliano Ramos, Vidas secas.

Tendo em vista as causas que a provocam, a revolta que

vem à consciência de Fabiano, apresentada no texto como

ainda contida e genérica, encontrará foco e uma expressão

coletiva militante e organizada, em época posterior à publi-

cação de Vidas secas, no movimento

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a) carismático de Juazeiro do Norte, orientado pelo Padre Cícero Romão Batista.

b) das Ligas Camponesas, sob a liderança de Francisco Julião.

c) do Cangaço, quando chefiado por Virgulino Ferreira da Silva (Lampião).

d) messiânico de Canudos, conduzido por Antônio Conse- lheiro.

e) da Coluna Prestes, encabeçado por Luís Carlos Prestes.

T17. (ESPM/2017) A respeito da obra São Bernardo, de Graciliano Ramos, o crítico literário e professor João Luiz Lafetá afirma: “Todo valor se transforma — ilusoriamente — em valor-de-troca. E toda relação humana se transforma — destruidoramente — numa relação entre coisas, entre pos- suído e possuidor. Tal é a relação estabelecida entre Paulo Honório e o mundo. Seu desenvolvido sentimento de pro- priedade leva-o a considerar todos que o cercam como coisas que se manipulam à vontade e se possui.”

A seguir leia trechos extraídos da obra em questão:

I. “Bichos. As criaturas que me serviram durante anos eram bichos. Havia bichos domésticos, como o Padilha, bichos do mato, como Casimiro Lopes, e muitos bichos para o ser- viço do campo, bois mansos.”

II. “Fiz coisas boas que me trouxeram prejuízo; fiz coisas ruins que me deram lucro. E como sempre tive a intenção de possuir as terras de S. Bernardo, considerei legítimas as ações que me levaram a obtê-las.”

III. “Com efeito, se me escapa o retrato moral de minha mulher, para que serve esta narrativa? Para nada, mas sou forçado a escrever.”

O(s) trecho(s) de “São Bernardo” que exemplifica(m) a aná- lise do crítico literário é (são):

a) I e II;

b) II e III;

c) I e III;

d) Somente I;

e) Somente II.

T18. (ENEM) No romance Vidas Secas, de Graciliano Ra- mos, o vaqueiro

Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário.

Eis parte da cena:

Não se conformou; devia haver engano. (…) Com certeza havia um erro no papel do

branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os es- tribos. Passar a vida inteira

assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada!

Estava direito aquilo?

Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria? O patrão zangou-se, repeliu a

insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar ser- viço noutra fazenda. Aí Fabiano

baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não.

Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.

No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de

regionalismo e de coloquialismo no vocabulário.

Pertence à variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho:

a) “Não se conformou: devia haver engano”

b) “a Fabiano perdeu os estribos”

c) “Passar a vida inteira assim no toco”

d) “entregando o que era dele de mão beijada!”

e) “Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou”

T19. (UFLA) Considere as afirmativas abaixo em relação ao romance São Bernardo, de Graciliano Ramos e, a se- guir, marque a alternativa CORRETA.

I. A distância que há entre a brutalidade do narrador-perso- nagem e a sofisticação da narrativa dificulta a verossimi- lhança da composição da obra.

II. A obra narra a ascensão de Paulo Honório, proprietário da fazenda São Bernardo, cujo único objetivo é lucrar com tudo e todos, vendo-os como objetos.

III. Nesta obra, o autor faz o balanço trágico da vida de um homem que se desumaniza para viver, abordando a proble- mática da coisificação dos indivíduos.

IV. Abandonado pela esposa, Madalena, Paulo Honório

“despe-se” de seu orgulho e tenta uma reconciliação, já que vive momentos de angústia e solidão.

a) Apenas as afirmações I e II estão corretas.

b) Apenas as afirmações II, III e IV estão corretas.

c) Apenas as afirmações I, II e III estão corretas.

d) Apenas as afirmações I e IV estão corretas.

e) Apenas as afirmações II e III estão corretas

Texto para as questões 20 e 21.

(...) procurei adivinhar o que se passa na alma duma cachorra. Será que há mesmo alma em cachorro? Não me importo. O meu bicho morre desejando acordar num mundo cheio de preás. Exatamente o que todos nós desejamos. A diferença é que eu quero que eles apareçam antes do sono, e padre Zé Leite pretende que eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos somos como a minha cachorra Baleia e esperamos preás. (...)

Carta de Graciliano Ramos a sua esposa

(...) Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisa- va vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana de- viam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas.

Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinha Vitória guardava o cachimbo.

(...)Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

Graciliano Ramos, Vidas secas.

T20. (FUVEST) A comparação entre os fragmentos, respec- tivamente, da Carta e de Vidas secas, permite afirmar que a) “será que há mesmo” e “acordaria feliz” sugerem dúvida.

b) “procurei adivinhar” e “precisava vigiar” significam neces- sidade.

c) “no fundo todos somos” e “andar pelas ribanceiras” indi- cam lugar.

d) “ padre Zé Leite pretende” e “Baleia queria dormir” indi- cam intencionalidade.

e) “todos nós desejamos” e “dormiam na esteira” indicam

possibilidade.

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7 T21. (FUVEST) As declarações de Graciliano Ramos na Carta e o excerto do romance permitem afirmar que a per- sonagem Baleia, em Vidas secas, representa

a) o conformismo dos sertanejos.

b) os anseios comunitários de justiça social.

c) os desejos incompatíveis com os de Fabiano.

d) a crença em uma vida sobrenatural e) o desdém por um mundo melhor.

T22. (ESPM) Fragmento 1:

Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou, procurando as palavras de seu Tomás da Bolandeira:

− Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer. Enfim, contanto, etc.

É conforme.

...

(...) Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito?

Fragmento 2:

(...) Ele nunca tinha ouvido falar em inferno. Estranhando a linguagem de Sinha Terta, pediu informações. Sinha Vitória, distraída, aludiu vagamente a certo lugar ruim demais, e como o filho exigisse uma descrição, encolheu os ombros.

...

(...) Não obteve resposta, voltou à cozinha, foi pendurar-se a saia da mãe: − Como é?

Sinha Vitória falou em espetos quentes e fogueiras.

− A senhora viu?

Aí Sinha Vitória se zangou, achou-o insolente e aplicou-lhe um cocorote.

O menino saiu indignado com a injustiça (...).

Os fragmentos são de Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

No fragmento 1, Fabiano foi preso pelo soldado amarelo e, no 2, o menino mais velho é castigado por querer satisfazer uma curiosidade. A partir dos excertos, pode-se dizer que a obra aborda a questão da linguagem como:

a) privilégio de uma elite social que a usa como forma de manter um status dentro da comunidade na qual está inse- rida.

b) representação da cultura oficial e um anseio da popu- lação mais carente, ávida de um instrumento de defesa.

c) instrumento de poder e repressão, uma vez que quem não a possui é vítima da violência física e psicológica.

d) manipulação de conceitos abstratos, permitindo a quem domina a linguagem alterar o significado dos paradigmas.

e) forma de justificativa à agressão, já que quem detém o conhecimento considera o ignorante um ser inferior.

Trecho para as questões 23 e 24:

“Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida.

Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. (...) E andavam para o Sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. (...) Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinha Vitória e os dois meninos.”

(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. São Paulo: Martins, 27. ed., s/d, p.

172)

T23. (PUC/CAMPINAS) Nessas frases finais do romance Vidas secas,

a) a família de migrantes anima-se ao ter notícias de que uma vida melhor já lhes estava reservada.

b) como que voltando ao ponto inicial da narrativa, a família põe-se em marcha, tocada pela seca.

c) o temor silencioso que assalta Fabiano e sua família é o de se manterem presos à terra desconhecida.

d) o narrador faz ver ao leitor quão atípica se tornou a situação daquela família de nordestinos.

e) como que insinuando a impossibilidade de Fabiano al- cançar seu destino, o narrador se vale do futuro do pretérito.

TT24. (PUC/CAMPINAS) Publicado em 1938, o romance Vidas secas tem como contexto histórico e literário

a) a consagração do movimento modernista, notadamente quanto à nova forma narrativa que nele se preconizava.

um conjunto de textos ficcionais, os quais se restringiam à análise de caracteres e à investigação psicológica.

b) uma sucessão de movimentos locais libertários, provoca- dos sobretudo pelo descontentamento com a República.

c) consagração do naturalismo científico, no qual a docu- mentação histórica dava base à narrativa ficcional.

d) um conjunto de obras ficcionais pelo qual se revelavam aspectos socioeconômicos de regiões brasileiras.

T25. (UFVJM) O livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, se esforça para revelar a desumanização promovida pela seca nos personagens. Dessa forma, com relação aos per- sonagens da obra, é correto afirmar que

a) Fabiano, o pai, oscila entre a condição de homem e a de animal.

b) Sinhá Vitória, a mãe, acompanha a condição de seu marido.

c) o filho Menino mais Novo se identifica com a mãe.

d) o filho Menino mais Velho se identifica com o pai.

T26. (UEMA) Vidas Secas, de Graciliano Ramos, obra da segunda fase do Modernismo brasileiro, conta a saga de uma família de retirantes, marcada por uma ostensiva exclusão social.

Texto III [...]

Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, al- guém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:

- Você é um bicho, Fabiano. Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho capaz de vencer dificul- dades.

Chegara naquela situação medonha – e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha.

- Um bicho, Fabiano.

[...]

Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto,

passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de

mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o

expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera seus

préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo

aflito. O jeito que tinha era ficar. E o patrão aceitara-o, en-

tregara-lhe as marcas de ferro.

(8)

Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Apa- recera como um bicho, mas criara raízes, estava plantado.

Olhou as quipás, os mandacarus e os xiquexiques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as baraúnas. Ele, a sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia estavam agarrados à terra.

[...]

Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia!

[...]

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 127 ed. Rio de Janeiro: Record, 2015.

Com marcas temporais adequadas, o narrador usa o recur- so do flashback para

a) fazer digressões do narrador, fora do contexto das personagens.

b) fazer valer momentos memoráveis da vida de uma das personagens.

c) focar o cenário onde se passa a história narrada.

d) dar maior dinamismo à fala das personagens.

e) evitar recorrências na tessitura narrativa.

T27. (UEMA) No livro Vidas Secas, tanto as dificuldades de interlocução de Fabiano como o silêncio que lhe é caracte- rístico, relacionam-se à condição subalterna que a persona- gem vivencia em seu meio social. Essa relação é evidencia- da no seguinte fragmento:

a) “Às vezes dizia uma coisa sem intenção de ofender, entendiam outra, e lá vinham questões. Perigoso entrar na bodega. O único vivente que o compreendia era a mulher.

Nem precisava falar: bastavam gestos.”

b) “Fabiano também não sabia falar. Às vezes largava no- mes arrevesados, por embromação. Via perfeitamente que tudo era besteira. Não podia arrumar o que tinha no interior.

Se pudesse... Ah! Se pudesse, atacaria os soldados amarelos que espancam as criaturas inofensivas.”

c) “Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros.”

d) “Vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia.”

e) “Era como se Fabiano tivesse esfolado um animal. A barba ruiva e emaranhada estava invisível, os olhos azula- dos e imóveis fixavam-se nos tições, fala dura e rouca em- trecortava-se de silêncios.”

T28. (UFRGS) Leia os trechos abaixo, retirados respectiva- mente do segundo e do penúltimo capítulos de Vidas Se- cas, de Graciliano Ramos.

– Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.

Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com cer- teza iam admirar-se ouvindo-o falar sozinho. E, pensando bem, ele não era um homem; era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha olhos azuis e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia- se na presença de brancos e julgavase cabra. (Capítulo II).

Cabra ordinário, mofino, encolhera-se e ensinara o cami- nho. Esfregou a testa suada e enrugada. Para que recordar a vergonha? Pobre dele. Estava tão decidido que ele viveria sempre assim? Cabra safado, mole. Se não fosse tão fraco, teria entrado no cangaço e feito misérias. Depois levaria um tiro de emboscada ou envelheceria na cadeia, cumprindo sentença, mas isto não era melhor que acabar-se numa bei- ra de caminho, assando no calor, a mulher e os filhos aca- bando-se também. Devia ter furado o pescoço do amarelo com faca de ponta, devagar. Talvez estivesse preso e respeitado, um homem respeitado, um homem. Assim co- mo estava, ninguém podia respeitá-lo. Não era homem, não era nada. Aguentava zinco no lombo e não se vingava.

(Capítulo XII).

Assinale a alternativa CORRETA sobre os trechos acima.

a) No segundo trecho, Fabiano revela o projeto de virar cangaceiro para ser respeitado como um homem.

b) No primeiro trecho, Fabiano revela vergonha de se afirmar como homem, por ser apenas um cabra ocupado em guardar as coisas dos outros.

c) No primeiro e no segundo trechos, a sensação de não ser homem permanece, apesar de Fabiano ter furado o pescoço do soldado amarelo.

d) Em ambos os trechos, Fabiano revive a vergonha de ter dito que era homem para o soldado amarelo.

e) Na presença dos meninos, Fabiano luta para superar a vergonha de ser cabra e de se afirmar como homem.

T29. (UFRR) TEXTO

“As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os feri- mentos. As alpercatas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros como cascos, gretavam- se e sangravam. Num cotovelo do caminho avistou um can- to de cerca, encheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar força.”

“Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subi- ram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam sombra. Sinhá Vitória acomodou os filhos, que arriaram como trouxas, cobriu-os com molambos. O menino mais velho, passada a vertigem que o derrubara, encolhido sobre folhas secas, a cabeça encostada a uma raiz, ador- mecia, acordava. E quando abria os olhos, distinguia vaga- mente um monte próximo, algumas pedras, um carro de bois. A cachorra Baleia foi enroscarse junto dele.”

“Estavam no pátio de uma fazenda sem vida. O curral de- serto, o chiqueiro das cabras arruinado e também deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono.

Certamente o gado se finara e os moradores tinham fugido.”

Vidas Secas. Graciliano Ramos.

A partir da leitura dos excertos da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, mostrados no texto, podemos observar:

a) Uma linguagem bruta que se sobrepõe a qualquer valor sentimental entre os personagens da narrativa.

b) Um processo de migração em busca das necessidades

básicas de sobrevivência, ao mesmo tempo em que revela

(9)

9 a expressão de relações humanas prejudicadas pela aridez do ambiente, atenuada pela presença de Baleia.

c) A perspectiva de um narrador em primeira pessoa que revela suas próprias experiências diante da secura do am- biente e da necessidade de migrar.

d) A seca do Nordeste apresentada numa perspectiva de sofrimento, a partir da visão de Fabiano, que revela os per- calços do caminho em busca de alimento e de abrigo.

e) A secura do ambiente e a aridez da vida, destacando o otimismo de Fabiano diante das dificuldades.

T30.(ENEM)

Texto I

"Agora Fabiano conseguia arranjar as idéias. O que o segu- rava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a ar- rastá-los? Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo."

(Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 23.ª ed., 1969, p. 75.)

Texto II

Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelec- tualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples de- mais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente com- plexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não envol- vimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes.

(Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, n.° 2, 2001, p. 254.)

No texto II, verifica-se que o autor utiliza

a) linguagem predominantemente formal para problema- tizar, na composição de Vidas Secas, a relação entre o escritor e o personagem popular.

b) linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a lin- guagem formal, dirige-se diretamente ao leitor.

c) linguagem coloquial para narrar coerentemente uma história que apresenta o roceiro pobre de forma pitoresca.

d) linguagem formal com recursos retóricos próprios do texto literário em prosa para analisar determinado momento da literatura brasileira.

e) linguagem regionalista para transmitir informações sobre literatura, valendo-se de coloquialismo para facilitar o em- tendimento do texto.

MICRO - REVISÃO 1

T31. (FUVEST) Leia o trecho para responder ao teste.

"Fizeram alto. E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali na incerteza de que aquilo fosse realmente mudança.

Retardara-se e repreendera os meninos, que se adianta- vam, aconselhara-os a poupar forças. A verdade é que não queria afastar-se da fazenda. A viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela. Preparara-a lentamente, adiara- a, tornara a prepará-la, e só se resolvera a partir quando estava definitivamente perdido. Podia continuar a viver num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se. Era o que Fabiano dizia, pensando em coisas alheias: o chiqueiro e o curral, que precisavam conserto, o cavalo de fábrica, bom compa- nheiro, a égua alazã, as catingueiras, as panelas de losna, as pedras da cozinha, a cama de varas. E os pés dele esmoreciam, as alpercatas calavam-se na escuridão. Seria necessário largar tudo? As alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos." (Vidas secas, Graciliano Ramos)

Assinale a alternativa incorreta:

a) O trecho pode ser compreendido como suspensão tem- porária da dinâmica narrativa, apresentando uma cena

"congelada", que permite focalizar a dimensão psicológica da personagem.

b) Pertencendo ao último capítulo da obra, o trecho faz referência tanto às conquistas recentes de Fabiano, quanto à desilusão do personagem ao perceber que todo seu esforço fora em vão.

c) A resistência de Fabiano em abandonar a fazenda deve- se à sua incapacidade de articular logicamente o pensa- mento e, portanto, de perceber a gradual mas inevitável chegada da seca.

d) A expressão "coisas alheias" reforça a crítica, presente em toda obra, à marginalização social por meio da exclusão econômica.

e) As referências a "enterro" e "cemitério" radicalizam a caracterização das "vidas secas" do sertão nordestino, uma vez que limitam as perspectivas do sertanejo pobre à luta contra a morte.

T32. (FUVEST) Um escritor classificou Vidas secas como

“romance desmontável”, tendo em vista sua composição descontínua, feita de episódios relativamente indepen- dentes e seqüências parcialmente truncadas.

Essas características da composição do livro:

a) constituem um traço de estilo típico dos romances de Graciliano Ramos e do Regionalismo nordestino.

b) indicam que ele pertence à fase inicial de Graciliano Ramos, quando este ainda seguia os ditames do primeiro momento do Modernismo.

c) diminuem o seu alcance expressivo, na medida em que dificultam uma visão adequada da realidade sertaneja.

d) revelam, nele, a influência da prosa seca e lacônica de Euclides da Cunha, em Os sertões.

e) relacionam-se à visão limitada e fragmentária que as

próprias personagens têm do mundo.

(10)

T33. (PUC/SP) O mulungu do bebedouro cobria-se de arri- bações. Mau sinal, provavelmente o sertão ia pegar fogo.

Vinham em bandos, arranchavam-se nas árvores da beira do rio, descansavam, bebiam e, como em redor não havia comida, seguiam viagem para o Sul. O casal agoniado so- nhava desgraças. O sol chupava os poços, e aquelas exco- mungadas levavam o resto da água, queriam matar o gado.

(…) Alguns dias antes estava sossegado, preparando láte- gos, consertando cercas. De repente, um risco no céu, ou- tros riscos, milhares de riscos juntos, nuvens, o medonho rumor de asas a anunciar destruição. Ele já andava meio desconfiado vendo as fontes minguarem. E olhava com desgosto a brancura das manhãs longas e a vermelhidão sinistra das tardes. (…)

O trecho acima é de Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos. Dele, é incorreto afirmar-se que:

a) prenuncia nova seca e relata a luta incessante que os animais e o homem travam na constante defesa da sobre- vivência.

b) marca-se por fatalismo exagerado, em expressão como

“o sertão ia pegar fogo”, que impede a manifestação poética da linguagem.

c) atinge um estado de poesia, ao pintar com imagens visuais, em jogo forte de cores, o quadro da penúria da se- ca.

d) explora a gradação, como recurso estilístico, para anun- ciar a passagem das aves a caminho do Sul.

e) confirma, no deslocamento das aves, a desconfiança iminente da tragédia, indiciada pela “brancura das manhãs longas e a vermelhidão sinistra das tardes”.

T34. (UFLA) Sobre a obra Vidas Secas, de Graciliano Ra- mos, todas as alternativas estão corretas, EXCETO:

a) O romance focaliza uma família de retirantes, que vive numa espécie de mudez introspectiva, em precárias com- dições físicas e num degradante estado de condição hu- mana.

b) O relato dos fatos e a análise psicológica dos persona- gens articulam-se com grande coesão ao longo da obra, colocando o narrador como decifrador dos comportamentos animalescos dos personagens.

c) O ambiente seco e retorcido da caatinga é como um personagem presente em todos os momentos, agindo de forma contínua sobre os seres vivos.

d) A narrativa faz-se em capítulos curtos, quase totalmente independentes e sem ligação cronológica e o narrador é incisivo, direto, coerente com a realidade que fixou.

e) O narrador preocupa-se exclusivamente com a tragédia natural (a seca) e a descrição do espaço não é minuciosa;

pelo contrário, revela o espírito de síntese do autor.

MICRO - REVISÃO 2

T35. (UEL) O texto abaixo apresenta uma passagem do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, em que Fa- biano é focalizado em um momento de preocupação com sua situação econômica. Escrito em 1938, esta obra insere- se num momento em que a literatura brasileira centrava seus temas em questões de natureza social.

"Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa. Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco."

(In: RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 55. ed. Rio de Janeiro: Record, 1991.)

Sobre este trecho do romance, somente está INCORRETO o que se afirma na alternativa:

a) Este trecho resume a situação de permanente pobreza de Fabiano e revela-se como uma crítica à economia bra- sileira e às relações de trabalho que vigoravam no sertão nordestino no momento em que a obra foi criada. Isso pode ser confirmado pelas orações: "... Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes....

b) A oração: "Se pudesse economizar durante alguns me- ses, levantaria a cabeça" tanto pode ser o discurso do nar- rador que revela o pensamento de Fabiano, quanto pode ser o próprio pensamento dessa personagem. Esse modo de narrar também ocorre com as demais personagens do romance.

c) A oração: "... Resmungava, rezingava, numa aflição, tem- tando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco" indica a voz do narrador em terceira pessoa, ao mostrar o estado de agonia em que se encontra a personagem.

d) A expressão “Forjara planos”, típica da linguagem culta, é seguida no texto por um provérbio popular: “quem é do chão não se trepa”. Essa mudança de registro lingüístico é reveladora do método narrativo de Vidas secas, que subor- dina a voz das classes populares à da elite.

e) O texto tem início com a esperança de Fabiano de um- danças em sua situação econômica; a seguir, passa a focalizar a realidade de pobreza em que a personagem se encontra, e finaliza com sua revolta e angústia diante da condição de empregado, sempre em dívida com o patrão.

T36. Na década de 30 do século passado, pode-se afirmar que o Modernismo, em sua segunda fase, foi:

a) um momento que viu esgotado seus ideais, cuja prosa possuía um caráter conservador.

b) um momento em que não houve nenhum aproveitamento das conquistas da geração anterior, especialmente as for- mas, e maior adensamento dos temas.

c) um momento que possuiu uma prosa regionalista, carac- terizada por uma temática do mundo urbano por meio de uma análise psicológica das personagens.

d) um momento em que se buscou somente traços pecu- liares de nossa realidade, uso de uma linguagem mais pró- xima à fala brasileira.

e) um momento que teve a influência das ideias socialistas.

(11)

11 T37. Relacione as colunas de acordo com os tipos de prosa modernista da segunda fase desse movimento literário:

a) ( ) Prosa regionalista b) ( ) Prosa urbana c) ( ) Prosa intimista

I. Cultivada desde o Romantismo, essa prosa focalizava o homem da cidade e seus conflitos sociais, aprofundando a relação entre ser humano e meio e ser humano e socie- dade.

II. Essa prosa é uma das inovações propostas pela Geração de 30. A influência da psicanálise de Freud despertava o desejo por temas que investigavam e sondavam o mundo interior, os motivos individuais de cada um e suas origens.

III. Tendência com raízes no Romantismo e adotada por vá- rios escritores naturalistas e pré-modernistas, renasceu com força total na segunda fase do Modernismo brasileiro, trazendo inovações tanto na temática quanto na linguagem.

O ciclo nordestino é um dos principais da prosa dessa ge- ração. São abordados inúmeros problemas, como a misé- ria, a seca, as relações do homem com o povo, com o poder e com o poderosos, a hostilidade, etc.

MICRO - REVISÃO 3

T38. (ENEM [INEP] 2009) No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação histórica, composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que publicou o título geral de Literatura do Norte.

Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as características locais.

CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios.

São Paulo: Ática, 2003.

Com relação à valorização, no romance regionalista brasi- leiro, do homem e da paisagem de determinadas regiões nacionais, sabe-se que:

a) o romance do Sul do Brasil caracteriza-se pela temática essencialmente urbana, colocando em relevo a formação do homem por meio da mescla de características locais e dos aspectos culturais trazidos de fora pela imigração europeia.

b) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a temática da urbanização das cidades brasileiras e das relações conflituosas entre as raças.

c) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo temário local, expres- sando a vida do homem em face da natureza agreste, e assume frequentemente o ponto de vista dos menos favo- recidos.

d) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a formação do homem brasileiro, o sincretismo religioso, as raízes africanas e indígenas que caracterizam o nosso povo.

e) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemática do homem urbano em confronto com a modernização do país promo- vida pelo Estado Novo.

T39. (CESPE/2017)

Texto:

O nosso Modernismo importa, essencialmente, na liberta- ção de uma série de recalques históricos, sociais, étnicos, que são trazidos triunfalmente à tona da consciência literária. Esse sentimento de triunfo, que assinala o fim da posição de inferioridade no diálogo secular com Portugal e já nem o leva mais em conta, define a originalidade própria do Modernismo na dialética do geral e do particular.

Na nossa cultura há uma ambiguidade fundamental: a de sermos um povo latino, de herança cultural europeia, mas etnicamente mestiço, situado no trópico, influenciado por culturas primitivas, ameríndias e africanas. Essa ambigui- dade deu sempre às afirmações particularistas um tom de constrangimento, que geralmente se resolvia pela ideali- zação.

O Modernismo rompe com esse estado de coisas. As nos- sas deficiências, supostas ou reais, são reinterpretadas co- mo superioridades, através das vanguardas. A filosofia cós- mica e superficial, que alguns adotaram certo momento nas pegadas de Graça Aranha, atribui um significado cons- trutivo, heroico, ao cadinho de raças e culturas localizado numa natureza áspera. O mulato e o negro são defi- nitivamente incorporados como temas de estudo, inspi- ração, exemplo. O primitivismo é agora fonte de beleza e não mais empecilho à elaboração da cultura. Isso, na literatura, na pintura, na música, nas ciências do homem.

Antonio Candido. Literatura e cultura de 1900 a 1945. In: Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2006, p. 126-7 (com adaptações)

De acordo com o texto, o Modernismo renova a estética literária brasileira porque:

a) acentua a crítica às deficiências nacionais.

b) valoriza esteticamente elementos anteriormente rebai- xados.

c) produz uma estética desvinculada da realidade brasileira.

d) idealiza a natureza brasileira e os seus habitantes.

e) rebaixa criticamente grupos sociais marginalizados.

T40. Segunda Fase do Modernismo: (FCC-BA) Do período literário que se inicia em 1928 ao período imediatamente anterior, podemos dizer que:

a) a década de 30 é continuação natural do Movimento de 22, acrescentando-lhe tom anárquico e a atitude aventu- reira.

b) o segundo momento do Modernismo abandonou a ati- tude destruidora, buscando uma recomposição de valores e a configuração de nova ordem estética.

c) a década de 20 representa uma desagregação das ideias e dos temas tradicionais; e a de 30 destrói as formas orto- doxas de expressão.

d) as propostas literárias da década de 20 só se veriam postas em prática no decênio seguinte.

e) o segundo momento do Modernismo assumiu como ar-

mas de combate o deboche, a piada, o escândalo e a

agitação.

(12)

GABARITO - DIA SEGUINTE T01: B

T02: C T03: B T04: B T05: A T06: C T07: A T08: E T09: D T10: B T11: C T12: D T13: A T14: E T15: A T16: B T17: A T18: A T19: C T20: D T21: B T22: C T23: B T24: E T25: A T26: B T27: B T28: B T29: B T30: A

GABARITO - MICRO – REVISÃO 1 T31 C

T32 E T33 B T34 E

GABARITO - MICRO – REVISÃO 2 T35: D

T36: E

T37:

a) III b) I c) II

GABARITO - MICRO – REVISÃO 3 T38 C

T39 B

T40 B

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