Princípios de Governança Corporativa
Prof. Luciel Henrique de Oliveira Prof. Dr. José Roberto Savoia Finanças Corporativas
Governança Corporativa - Conceito
Conjunto de processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e instituições que regulam a maneira como uma empresa é dirigida, administrada ou controlada.
O termo inclui também o estudo sobre as relações entre os stakeholders e os objetivos pelos quais a empresa se orienta.
Principais atores: acionistas, a alta administração e o conselho de administração.
Governança Corporativa - Conceito
Pretende garantir a aderência dos principais atores a códigos de conduta pré-acordados, através de mecanismos que tentam reduzir ou eliminar os conflitos de interesse e as quebras do dever fiduciário.
Ênfase em maximizar valor para os acionistas.
Outros temas em governança corporativa:
como a preocupação com o ponto de vista dos outros stakeholders que não os acionistas;
estudo dos diversos modelos de governança corporativa ao redor do mundo.
Sistema pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas;
Envolve relacionamentos entre os chamados “agentes da governança”, ou seja: acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal;
As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de preservar e aumentar o valor das organizações, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para sua longevidade.
Governança Corporativa: definição
Tem havido um renovado interesse no assunto de governança corporativa devido aos colapsos de grandes corporações dos EUA como a Enron Corporation e Worldcom.
Em 2002, o governo federal dos EUA aprovou a Lei Sarbannes-Oxley, com o propósito de restaurar a confiança do público em geral na governança corporativa.
Governança Corporativa: importância
Transparência
Equidade
Prestação de Contas
Responsabilidade Corporativa
Princípios básicos
Mais que a obrigação de informar, a administração deve cultivar o desejo de disponibilizar informações relevantes e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos;
Ou seja, a comunicação deve contemplar todos os fatores (inclusive intangíveis) que conduzem à criação (ou destruição) de valor.
Transparência
Caracteriza-se pelo tratamento justo de todos os sócios e demais "partes interessadas" . Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são totalmente inaceitáveis.
Eqüidade
Os agentes da Governança (ai incluídos os Conselhos Fiscal e de Administração) devem dar conhecimento e assumir integralmente as consequências dos atos e omissões praticados no exercício dos mandatos
Prestação de Contas (accountability)
Conselheiros e executivos devem zelar pela longevidade das organizações, incorporando considerações de ordem social e ambiental de longo prazo na definição dos negócios e operações (sustentabilidade)
Responsabilidade Corporativa
• Empresa gerenciada por poucos acionistas
controladores, com práticas informais de governança
• Empresa controlada por poucos acionistas ou de capital
pulverizado, com governança formal e acesso a capital para executar suas
estratégias
Modelo emergente Modelo anterior
Profissionalização
• Maior qualidade na discussão estratégica
• Maior eficiência na tomada de decisões
• Melhor relacionamento com o mercado de capitais e órgãos reguladores
• Maior consideração dos interesses dos acionistas minoritários
Evolução do Modelo de Governança Corporativa
Evolução do Modelo de Governança Corporativa
MODELO ANTERIOR
Conselheiros passivos – amigos do Presidente
Acionista controlador com poder absoluto
Minoritários passivos
Concentração do poder acionário
Acumulação de cargos
Presidente do Conselho -Diretor Presidente
MODELO EM TRANSIÇÃO
Conselheiros treinados e maioria de profissionais externos
Investidores institucionais
Minoritários exigentes
Fragmentação da composição acionária
Presidente profissional contratado
Separação das funções
Sucessão
Novos sócios IPO Bovespa
Conselho de Administração
Auditoria Independente
IPO ADR
Início da Profissionalização Start up
Complexidade Crescimento
Acordo de Acionistas Conselho Consultivo
Conselho de Família e Family Office
Gerenciamento de Riscos
“Governança Corporativa é uma jornada”
Abertura de capital depende da estratégia de cada organização
“Conflito de agência” e Governança Corporativa
Boas práticas de Governança Corporativa visam:
Minimizar o conflito de agência
Alinhar interesses
Aperfeiçoar “como decidir” (eficiência e eficácia)
CONFLITO PRINCIPAL AGENTE
Outorga “procuração” Recebe “procuração”
1 Sócios (controle pulverizado)
Administradores
2 Minoritários (controle definido)
Controlador
3 Credores Empresa
Exemplos de expropriação
transferência de recursos (venda de ativos, preços de transferência) e resultados entre empresas (tunneling);
Gastos pessoais excessivos (salários, benefícios);
Empreendimento de projetos devido ao gosto pessoal;
Designação de membros da família para posições gerenciais (sem qualificação adequada);
Crescimento excessivo;
Diversificação excessiva;
Resistência à liquidação ou fusão desvantajosa para os gestores;
Resistência à substituição;
As melhores práticas
de Governança Corporativa
Gestão
CEO
Apoio
Comercial Operações
Conselho
Comitês C. Auditoria
Administradores
CEO Auditoria
Externa
Sócios
Diretor Diretores
Auditoria Interna
Conselho
Monitoramento da Gestão
Gestores Auditoria
Externa
Sócios
Auditoria Interna
Conselho
Apoio à Gestão
Gestores Auditoria
Externa
Sócios
Auditoria Interna
Estratégia
Talentos
Estrutura de capital
Riscos
Conselho Fiscal
Auditoria Externa
Sócios
Auditoria Interna
Conselho Fiscal Conselho
Gestores
Monitoramento da Administração
Auditoria Externa
Sócios
Auditoria Interna
Conselho Fiscal Conselho
Gestores
Auditoria Externa
Auditoria Interna
Conselho Fiscal Conselho
Gestores
Prestação de contas aos sócios
Sócios
Transparência - Eqüidade - Prestação de Contas -
Sócios Conselho de Administração Gestão Auditoria
Práticas
Pilares da Governança
Corporativa
Princípios Básicos
Princípios, pilares e práticas
Conselho Fiscal
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6
No Brasil, não são incomuns operações envolvendo partes relacionadas, havendo, portanto, latente “conflito de interesses” entre companhias abertas e controladores.
A atuação diligente de conselheiros ou de “minoritários ativistas” tem grande potencial de agregar valor, em termos de preço e qualidade, agregando valor para o negócio.
Nesses casos, o exercício do direito de voto por parte dos controladores viola as boas práticas de Governança Corporativa e pode causar perdas significativas para os acionistas minoritários.
Casos de Ativismo e atuação nos Conselhos
Caso 1 - Aquisições empresas do mesmo grupo
Caso 2 - Contrato TSA (telecom)
Casos
O grupo controlador, visando maior alinhamento de interesses, propôs à sociedade realizar duas aquisições de empresas (X e Y).
No Conselho de Administração (CA) da sociedade, os conselheiros representantes dos controladores se declararam conflitados e, portanto, os administradores da empresa passaram a tratar o assunto apenas com os conselheiros eleitos por minoritários (FP) e sem conflito de interesses no âmbito do assunto em análise.
Caso 1: Aquisições de empresas do mesmo grupo
Caso Empresa X (distribuição)
Diretores apresentaram avaliação realizada por banco contratado pela companhia;
Conselheiros representando os minoritários
criticaram avaliação e acertaram com os executivos a adoção de premissas mais conservadoras para
prêmio de risco soberano;
Novas premissas se basearam em cenários
elaborados por consultor independente de “notório saber”;
Resultado Final: Preço de compra foi reduzido em
Caso 1: Aquisições de empresas do mesmo grupo
Caso Empresa Y (geração)
Problema similar - primeira análise apresentada pelo banco foi considerada superavaliada pelos Fundos de Pensão envolvidos no processo.
Minoritários contrataram avaliação independente.
Principais discordâncias das premissas utilizadas:
1) fator X (aumento fator redução apropriação pela empresa do ganho de produtividade);
2) crescimento do consumo de energia na região da empresa;
• Resultado Final - Preço de compra reduzido em R$ 67
Caso 1: Aquisições de empresas do mesmo grupo
Caso 2: Contrato TSA (telecom)
Tentativa do acionista majoritário de encaminhar, para aprovação da AGE, contrato de prestação de serviços e transferência de tecnologia (TSA) tal como previsto no Edital de Privatização;
Devido às características do acordo de acionistas, o envio da proposta à AGE deveria ser previamente aprovado pelos signatários do acordo.
Equipe técnica dos Fundos de Pensão (minoritários no bloco de controle) avaliou detalhadamente as características desse tipo de contrato, tais como:
países em que se permite esta prática;
taxas praticadas;
remuneração associada à receita versus remuneração associada ao EBITDA e comportamento do preço da ação em bolsa.
Caso 2: Contrato TSA (telecom)
- Resultado Final:
1) por duas vezes os Fundos de Pensão (FP), em reunião prévia, vetaram o envio da proposta à AGE;
2) a análise da experiência comparada permitiu observar que esse tipo de contrato só havia sido praticado em privatizações do setor de telecom em países não desenvolvidos (América Latina, Europa Oriental, Ásia) e com tarifa modal inferior àquela em pauta;
3) a proposta era muito desfavorável à companhia, já que estava muito baseada em percentual (2%) da receita e não do resultado da empresa;
Resultado: a economia para as companhias, pelo não pagamento de TSA, foi de cerca de R$ 20 milhões ao ano,
Caso 2: Contrato TSA (telecom)
Principais características da boa governança
1.
Participação
2.
Estado de direito
3.
Transparência
4.
Responsabilidade
5.
Orientação por consenso
6.
Igualdade e inclusividade
7.
Efetividade e eficiência
8.
Prestação de conta (accountability)
Significa que homens e mulheres devem participar igualmente das atividades de governo.
A participação deve contemplar a possibilidade de participação direta ou participação indireta através de instituições ou representantes legítimos.
A participação implica a existência de liberdade de expressão e liberdade de associação de um lado, e uma sociedade civil organizada de outro lado.
Apesar de parecer utópico, é perfeitamente possível desde que:
1- Existam leis claras e específicas que garantam os termos propostos;
2- Exista iniciativas do Estado visando a sustentação dos termos.
Participação
•A boa governança requer uma estrutura legal justa que se aplica a todos os cidadãos do Estado independentemente de sua riqueza financeira, de seu poder político, de sua classe social, de sua profissão, de sua raça e de seu sexo.
•A boa governança deve garantir total proteção dos direitos humanos, pertençam as pessoas a maiorias ou a minorias sociais, sexuais, religiosas ou étnicas.
•A boa governança deve garantir que o poder judiciário seja independente do poder executivo e do poder legislativo.
•A boa governança deve garantir que as forças policiais sejam imparciais e incorruptíveis.
Estado de Direito
Transparência
Mais do que "a obrigação de informar", a administração deve cultivar o "desejo de informar", sabendo que da boa comunicação interna e externa, particularmente quando espontânea, franca e rápida, resulta um clima de confiança, tanto internamente, quanto nas relações da empresa com terceiros.
A comunicação não deve restringir-se ao desempenho econômico- financeiro, mas deve contemplar também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação empresarial e que conduzem à criação de valor.
No Brasil existe a Lei de Responsabilidade Fiscal, que induz o gestor público à transparência de seus atos.
Essa transparência pode ser melhorada, significativamente, com instrumentos como a Demonstração do Resultado Econômico e o balanço social.
Responsabilidade
As instituições governamentais e a forma com que elas procedem são desenhadas para servir os membros da sociedade como um todo e não apenas pessoas privilegiadas.
Os processos das instituições governamentais são desenhados para responder as demandas dos cidadãos dentro de um período de tempo razoável.
Decisões orientadas para um Consenso
As decisões são tomadas levando-se em conta que os diferentes grupos da sociedade necessitam mediar seus diferentes interesses.
O objetivo da boa governança na busca de consenso nas relações sociais deve ser a obtenção de uma concordância sobre qual é o melhor caminho para a sociedade como um todo.
As decisões também devem ser tomadas levando em conta a forma como tal caminho pode ser trilhado.
Essa forma de obter decisões requer uma perspectiva de longo prazo para que ocorra um desenvolvimento humano sustentável.
Essa perspectiva também é necessária para conseguir atingir os objetivos desse desenvolvimento.
Igualdade e inclusividade
A boa governança deve assegurar igualdade de todos os grupos perante os objetivos da sociedade.
O caminho proposto pelo governante deve buscar promover o desenvolvimento econômico de todos os grupos sociais.
As decisões devem assegurar que todos os membros da sociedade sintam que façam parte dela e não se sintam excluídos em seu caminho para o futuro.
Esta abordagem requer que todos os grupos, especialmente os mais vulneráveis, tenham oportunidade de manter e melhorar seu bem –estar.
Efetividade e eficiência
A boa governança deve garantir que os processos e instituições governamentais devem produzir resultados que vão ao encontro das necessidades da sociedade ao mesmo tempo em que fazem o melhor uso possível dos recursos à sua disposição.
Isso também implica que os recursos naturais sejam usados sustentavelmente e que o ambiente seja protegido
Suporte à auditoria fiscalizadora
As instituições governamentais, as instituições do setor privado e as organizações da sociedade civil deveriam ser fiscalizáveis pelas pessoas da sociedade e por seus apoiadores institucionais.
De forma geral, elas devem ser fiscalizáveis por todas aquelas pessoas que serão afetadas por suas decisões, atos e atividades.
www.ibgc.org.br
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