O Ora‐pro‐nobis em Sabará: Conhecimentos Tradicionais e Arranjo Produtivo Local
Autores, instituição e nacionalidade.
Maria Regina de Miranda Souza (EPAMIG,Unidade Regional da Zona da Mata – Viçosa - MG- Brasil;mrmirandasouza@gmail.com); Cléverson Silva Ferreira Milagres
(agromilagres@yahoo.com.br); Silvana Rodrigues Cristino (silgag2008@gmail.com) Graduandos em Gestão do Agronegócio - Universidade Federal de Viçosa – UFV – Viçosa -MG
- Brasil; Rafael Gustavo Faria Pereira (rafaelgfp@gmail.com); Rafael Tsuyoshi Hirano (raphaelhirano@hotmail.com), graduandos em Agronomia pela UFV; Paulo Roberto Gomes
Pereira (Professor da UFV; ppereira@gmail.com)
Estratégias para o trabalho em extensão rural Investigação
O Ora‐pro‐nobis em Sabará: Conhecimentos Tradicionais e Arranjo Produtivo Local 1. Origem e Antecedentes
Sabará se localiza a 23 km de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. O município tem área de 302 km². Apresenta um clima ameno e salubre com máxima de 29graus centígrados e mínima de 10 graus centígrados. A topografia é montanhosa e a cidade é cortada pelo Rio Sabará e Rio das Velhas.
A cidade de Sabará propicia diversos tipos de turismo como o turismo histórico, turismo cultural, religioso, de negócios, ecológico e o turismo gastronômico com a característica culinária mineira e respectivos eventos da gastronomia mineira. O turismo rural é compreendido por atividades turísticas promovidas no meio rural, ou seja, relacionadas diretamente com a produção agrícola e pecuária. É promovido através da agregação de valor aos produtos e serviços do campo com o objetivo principal de resgatar e promover o patrimônio natural e cultural da região. (Termo de referência em turismo - SEBRAE, 2010).
O turismo rural em Sabará, ou mais especificamente o agroturismo, por sua vez, se desenvolve associado ao turismo das cidades históricas de Minas Gerais, nas quais se encontram outras cidades como Mariana, Ouro Preto, Tiradentes, São João Del’ Rei, entre outras. Essas cidades têm o ora-pro-nobis como uma planta típica, que existe pela cultura dos escravos que trouxeram as plantas e as cultivavam para consumo próprio. Cada qual tem seu roteiro definido em informativos turísticos.
Segundo a Embrapa, o agroturismo, ou turismo rural, apresenta inúmeras vantagens para a região que o agencia, pois além de promover a agregação de valor aos produtos agropecuários, ajuda na estabilização da economia local, através da geração de empregos em atividades indiretamente ligadas a esta atividade, como comércio de mercadorias, serviços auxiliares, construção civil, entre outras. Além disso, potencializa a abertura de novas oportunidades de negócios diretos, como hospedagem, lazer e instalação de indústrias artesanais para a produção de alimentos regionais típicos.
O ora-pro-nobis (Pereskia aculeata Mill.) é uma planta de uso popular que faz parte da cultura tradicional do meio rural, cidades históricas mineiras, e ocorre normalmente em quintais domésticos, cultivado principalmente em cercas vivas, sua produção é esporádica, na maioria sem fins comerciais. Em Sabará o ora-pro-nobis é produzido com fins comerciais e utilizado em pratos típicos, fator principal deagregação de valor ao produto, estandoassim relacionado ao turismo rural e gastronômico (Pereira et al., 2011).
O turismo gastronômico está relacionado à promoção das mais diversificadas culturas culinárias aliadas aos prazeres de saborear os pratos típicos local de cada região e localidade visitada. CORNER (2004 apud Barczsz; Amaral, 2010) afirma que a “Gastronomia e o Turismo são indissociáveis, pois é impossível pensar em turismo sem prever a alimentação para curta ou longa permanência. Em qualquer destino, o turista precisará da alimentação e assim acabará experimentando a cozinha da localidade”.
Produtos tradicionais podem constituir elementos de criação de novidades, que adequadamente inseridas em contextos locais, podem contribuir para criar nossos segmentos de mercado, e para desenvolvimento das localidades. O desenvolvimento de produtoscom atributos de novidade, tem-se intensificado como uma forma primordial para o desenvolvimento dos negócios. De acordo com Schneider e Gazolla (2011), as novidades são inovações que se contradizem com o paradigma da modernização agrícola.
existentes, uma nova prática, uma nova atividade que pode modificar o meio sóciotécnico onde ocorre, inicialmente no nível micro, como no nível meso, trazendo melhoriasnas rotinas existentes. É necessário algum tempo para que uma novidade se expresse como tal, que seja gerada no âmbito do nicho, para isso e materializem seu potencial, e para tal requer,contexto e organização favoráveis (PLOEG at al., 2004 citado por Marques (2008) e oportunos.
2. Características da experiência
A cadeia de produção do turismo (Figura 1) apresenta uma estrutura composta por diversos setores responsáveis pelo encadeamento de diversas operações ao longo de seu processo produtivo. Segundo o SEBRAE essa cadeia pode ser entendida, de acordo com a Figura 1, a partir da estruturação de: Setores Líderes (aqueles que viabilizam a experiência do turista, orientando sobre como chegar ao destino, o que comer, onde se hospedar, etc.); Serviços Relacionados (Transportes, fornecimento de alimentação, serviços de comunicação e informática, etc.); Indústrias Relacionadas (Alimentação e bebidas, têxtil, Higiene e limpeza, etc.); e Atividades de Apoio (relacionadas à infraestrutura, capacitação e crédito).
Figura 1 – Cadeia Produtiva do Turismo
Fonte: SEBRAE, 2010.
O estabelecimento da estrutura de uma cadeia de produção está ligado à lógica de encadeamento das operações ao longo do processo de produção que se estabelece desde jusante a montante e varia de acordo com o tipo de produto e processos produtivos específicos. Portanto, o estudo de cadeias agroindustriais se insere no contexto do agribusiness, conceito definido pelos autores Davis e Goldberg como “a soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição de produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles”. (Davis e Goldberg, 1957 apud Batalha et al 2007, p. 5).
3. Análise do processo realizado 3.1. Metodologia
Para elaboração e análise desse trabalho utilizou-se como base teórica a Perspectiva Multinível (PMN), além da observação participativa no Distrito de Pompéu – Sabará Minas Gerais durante o Festival do Ora-pro-nobis em 2010 edurante o IV Salão de Turismo em 2012. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, com o Secretário de Turismo e de Desenvolvimento Econômico de Sabará, agricultores familiares, proprietários de pontos de venda e restaurantes de Sabará, além de comerciantes de Belo Horizonte, entre 2009 e 2012. Foram utilizados para identificação dos níveis meso e macro e das cadeias produtivas nesses níveis documentos editados por instituições que fomentam o turismo, como Secretaria Estadual de Turismo de MG, SEBRAE
A agricultura tem passado por um processo de pequenas e grandes mudanças na tecnologia de produção, o que evidencia uma histórica formulação de novidades (Marques, 2008). Nessa trajetória, produtos agrícolas são inseridos em contextos de mercados locais (nichos), ou regionais (regime), de acordo com o nível tecnológico e de organização da produção e do mercado estabelecidos. Para isso torna-se necessário analisar a cadeia de produção como um todo, identificando os seus níveis de organização e dessa forma, propor medidas para suprir as possíveis rupturas nas cadeias produtivas, que melhorem o seu funcionamento e lhe deem a sustentabilidade necessária.
A perspectiva Multinível (PMN) é proposta por Marques (2008) para a análise de processos de desenvolvimento rural a partir da criatividade dos agricultores familiares na produção de novidades, tendo em vista realidades em que os processos de transformação e de desenvolvimento associado são mais heterogêneos, e que não se enquadra na análise de inovações e desenvolvimento padrões ou lineares (SCHNEIDER E GAZOLLA). Busca acompreensão de mudanças sóciotécnicas a partir de uma abordagem interdisciplinar.
Nessa abordagem, as mudanças tecnológicas ocorrem pela inter-relação de processos em três diferentes níveis, sendo eles, nicho (micro), regime (meso) e paisagem (macro). O nicho, caracterizado como o nível local das inovações é frequentemente mencionado como um espaço protegido de onde surgem as inovações mesmo que essas não sejam notadas ou aceitas nos demais níveis (Marques, 2008). Enquanto o nicho compreende o lugar de onde ocorrem as inovações a partir da criatividade e da quebra das rotinas sociais, técnicas, econômicas e políticas que regem as sociedade, o regime significa esse conjunto de regras estabelecidas por essas, como apresenta o autor, formas de concepção partilhadas por uma comunidadeque estabelecem rotinas de comportamento e ação. Relaciona-se ao ambiente externoe refere-se também a produtos estabilizados e tecnologias amplamente aceitas inclusive no âmbito do uso de insumos e produtos, que tende a se perpetuar inclusive dentro do próprio nicho. (Marques, 2008).,Os regimes estão presentes no campo tecnológico, científico, de mercado, sócio cultural e político. Ambos, regime e nicho são campos organizacionais, o primeiro mais estável, o segundo eminentemente em transformação. Já a paisagem compreende o cenário conjuntural, que interferem nesses níveis, e se refere, por exemplo, ao crescimento econômico mundial, aos problemas ambientais, à política e mercado externos (GEELS, 2002).
Este estudo foi elaborado por intermédio da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG, denominado “Resgate e avaliação do potencial de produção de espécies tradicionais apropriadas à agricultura familiar”, Projeto CAG 03671-10 financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais.
3.2. Problemas da Pesquisa:
sob diversas formas chefiando variados pratos típicos em restaurantes se tornando um dos principais atrativos gastronômicos locais.
No entanto, verifica-se que durante as épocas correntes de maior visitação de turistas, ocorre uma alta demanda que acaba por não ser completamente atendida devido à falta de abastecimento do produto nos estabelecimentos locais, ocorridas principalmente à baixa produção que por sua vez, não acompanha o aumento da demanda.
Segundo Pereira et al (2011), por fazer parte de uma cultura tradicional do meio rural, o cultivo do ora-pro-nobis em Sabará ocorre normalmente em quintais domésticos sendo cultivado principalmente em cercas vivas, sendo sua produção esporádica e na maioria das vezes, sem fins comerciais. A produção comercial do ora-pro-nobis em Sabará é realizada por um número pequeno de famílias. A hortaliça é cultivada na maioria por moradores locais que além de cultivar a hortaliça em pequena quantidade a promovem de forma precária no próprio quintal e em locais marginais do terreno como encostas, beira de cercas e próximas às ruas e não fazendo nenhum tipo de adubação ou irrigação.
Dada a importância do ora-pro-nobis como novidade turística para a região e os limitadores de sua produção para o atendimento da crescente demanda, justifica-se a relevância desse trabalho para identificar elementos que fazem parte do conjunto de uma estrutura organizacional na qual a atividade turística se insere. A identificação desses elementos permitirá criar estratégias que dêem sustentabilidade ao papel do ora-pro-nobis ocupa como atrativo da culinária mineira e como elemento gerador de novidade nos diferentes níveis estabelecidos por Marques (2008).
4. Resultados e Discussão
No nível micro, relacionado aos nichos de produção identificou-se que o ora-pro-nobis estabeleceu-se como um produto que funcionou como um atrativo turístico dentro do segmento do turismo gastronômico, um segmento que tem expressão nacional. Tornou-se atrativo a guia de outro produto já estabelecido, o Festival da Jabuticaba. O interesse despertado pelo prato apreciado do ora-pro-nobis com marreco, durante a visita de amigos a casa de uma moradora local e de um morador, proprietários do Sítio Moinho D’Água e do Sítio JP, criou-se o Festival de Ora-pro-nobis, em 1992 que se estendeu e ampliou em anos seguintes contado com o apoio da Prefeitura e das secretarias da Cultura e do Turismo.
No nível meso, o Ministério do Turismo, no cumprimento de metas estabelecidas no Plano Nacional de Turismo, vem atuando em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), com o objetivo de promover o desenvolvimento do turismo nacional.
Algumas regiões, para incentivar e promover mais o turismo investem na elaboração e lançamento de roteiros gastronômicos para que os turistas possam viajar, conhecer a cultura, a história e as tradições em volta da comida (SEGALA, 2003 apud Barczsz; Amaral, 2010).
Por Circuito Turístico entende-se como o “conjunto de recursos e/ou atrativos turísticos distribuídos em um espaço geográfico determinado (região turística) que deem identidade peculiar e diferenciados ao local. A existência de circuitos turísticos conduz a formatação de produtos turísticos atrativos e de roteiros”. (Termo de referência em turismo - SEBRAE, 2010).
A cidade de Sabará apresenta seus principais atrativos culturais por meio de roteiros turísticos com a listagem de monumentos e construções históricas e demais regiões atrativas para os visitantes. Alguns dos principais roteiros apresentados pela cidade histórica são os roteiros D. Pedro II, Roteiro Borba Gato e Roteiro Getúlio Vargas.
Figura 2 - Circuito turístico do ouro.
Fonte: Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais.
Nessas cidades que compreendem o circuito do ouro, encontram-se difundidos monumentos históricos do estado mineiro como esculturas de Aleijadinho, pinturas de Mestre Athayde, exuberantes obras barrocas, valiosos museus, sítios arqueológicos, além dos segredos da nossa história e cultura, ditos nos versos dos poetas e representado nas manifestações culturais (Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais).
Algumas regiões, para incentivar e promover mais o turismo investem na elaboração e lançamento de roteiros gastronômicos para que os turistas possam viajar, conhecer a cultura, a história e as tradições em volta da comida (SEGALA, 2003 apud Barczsz; Amaral, 2010).
Além do turismo gastronômico, o ora-pro-nobis pode ser identificado também no contexto do turismo rural ou agroturismo. Ou seja, a utilização do ora-pro-nobis, além de constituir um elemento de identidade que funciona como atrativo, constitui também um elemento de oferta de serviços, à medida que é utilizado pelos restaurantes do município. À medida que esses elementos se estabelecem passam a criar um processo de variação de demanda por esses serviços, inclusive aqueles relacionados com a produção agrícola, à medida que os proprietários de restaurantes e os próprios turistas.demandam o produto , in natura e processado, colhido e picado.
Em Sabará, o turismo rural é uma atividade muito bem desenvolvida, tendo em vista o aproveitamento de produtos agrícolas que são normalmente processados, agregando valor, e gerando uma receita extra ao agricultor familiar. Tais processos ocorrem com o ora-pro-nobis agregando valor ao produto in natura através das vendas em sacos plásticos ou através da preparação de receitas em restaurantes, onde o ora-pro-nobis é a principal novidade do prato.
O turismo de Sabará está relacionado a diversos fatores necessários para o bom funcionamento dos Setores Líderes. Alguns eventos realizados, como o Festival do Ora-pro-nobis e da Jabuticaba, proporcionam o funcionamento dos demais setores inferiores: Serviços Relacionados, Indústrias Relacionadas e as Atividades de Apoio,sendo que todos são essenciais para a interação dos turistas com o evento.
A programação oficial do VII Festival do Ora-Pro-Nobisrealizado em 2012 contou com a participação dasseguintes representações locais:
• Comissão da Festa de Santo Antonio do Pompeu. • E.M Rosalina Alves Nogueira.
• Pompeu Futebol Clube.
• Moinho D'Água. • Alambique Jotapê.
A produção do ora-pro-nobis foi incrementada pelos próprios produtores que iniciaram o Festival do ora-pro-nobis. Os restaurantes foram melhor estruturados para oferecer os pratos durante o festival e nos sábados e domingos. Nesses restaurantes que se localizam nas propriedades desses produtores, foram estabelecidas novas áreas de produção e o escalonamento da colheita, para garantir a demanda, sobretudo durante os festivais. Ocasionalmente, moradores locais também disponibilizam o ora-pro-nobis para abastecer parte da demanda.
Em 2009 o festival contou com a programação com shows de bandas locais e com palestras técnicas para produtores da planta desde então o evento vem sendo aprimorado e já nos anos de 2011 e 2012 o evento incorporou a participação dos chefs de cozinha, com a elaboração de pratos requintados da gastronomia, no “Cozinha - Show”. Foram realizadas oficinas de capacitação em gastronomia e palestras técnicas para os produtores do ora-pro-nobis, o que fortalece a gastronomia de Sabará. Setores da educação também participam do festival, com a divulgação e venda de produtos à base do ora-pro-nobis, como sorvetes, licores, entre outros, utilizando a farinha elaborada das folhas do ora-pro-nobis, além de salgados e doces. Os estudantes do curso técnico de agroecologia ofereceram mudas para os visitantes.
Em termos de infraestrutura para recepção dos turistas, Sabará conta com 4 hotéis e duas pousadas, oito restaurantes que oferecem comidas típicas. Dezoito eventos entre festas,festivais, carnaval e Semana Santa e Folia de reis. Entre os eventos, destacam-se, o Festival do ora-pro-nobis, o Festival da cachaça e o festival da jabuticaba, e as Festas Religiosas que fazem parte do segmento do turismo religioso e do roteiro turístico das cidades históricas e integram o Calendário Oficial de Eventos do Município.
De acordo com a pesquisa realizada pela Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais, a gastronomia se encontra entre os quatro principais itens mencionados pelos turistas quando se fala em Minas Gerais.Nos estados de Minas, São Paulo e países estrangeiros, a gastronomia ficou em segundo lugar na escolha dos turistas, enquanto os estados do RJ, ES e BA ficaram na primeira posição na avaliação dos turistas.
No campo da ciência, tecnologia e inovação, são primordiais os avanços nos setores tradicionais como a agricultura e agroindústria para agregação de valor à cadeia, bem como o apoio às micro e pequenas empresas inovadoras. Outras inovações técnicas relacionadas à gastronomia e produção do ora-pro-nobis,como aperfeiçoamento da atividade é a existência de escola técnica de formação profissional de estudantes de ensino médio de Gastronomia e Agroecologia, em Sabará. Os estudantes desenvolvem com seus professores projetos de criação de novos pratos, novas formas de uso e de cultivo de ora-pro-nobis.
Essa é uma estratégia que além de estabelecer ainda mais o ora-pro-nobis como atrativo, serve para suprir a carência do produto. O Secretário do desenvolvimento socioeconômico relatou que estão sendo criados pratos que utilizam o ora-pro-nobis em menor quantidade que o típico ora-pro-nobis com frango ou com costelinha de porco, como salgados e outras iguarias.
Em termos de formação prática e de envolvimento dos estudantes com o uso do ora-pro-nobis na culinária, os estudantes de gastronomia da escola técnica realizam estágios junto às cozinheiras e cozinheiros dos restaurantes
Outras estratégias também devem ser objeto de atenção especial para o alcance dos objetivos estratégicos, estratégias estabelecida como política pública estadual pela SETUR – Secretaria de Turismo. São elas:
• Apoiar a divulgação e comercialização de novos destinos turísticos no estado. • Implantar pólos de turismo em unidades de conservação ambiental, sob a modalidade de parcerias com o setor privado. Aperfeiçoar a gestão dos parques estaduais e nacionais.
• Promover a proteção do patrimônio cultural de Minas Gerais incluindo: desenvolvimento de mecanismos de divulgação, a garantia da qualidade das vias de acesso ao circuito do patrimônio histórico e cultural, a melhoria da qualidade de acondicionamento e guarda dos objetos de arte e o aperfeiçoamento da infraestrutura local.
• Dotar Minas Gerais de uma moderna e inovadora rede de produção, exibição, circulação e formação cultural e artística nas cidades-pólo.
• Estimular a iniciativa privada e grupos organizados da sociedade para atuação em parceria com o Estado em projetos de interesse público, nas áreas de cultura, turismo e esporte.
• Transformar o ativo intangível da cultura mineira (a história, os saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, as tradições e os costumes, dentre outros) em negócios geradores de trabalho.
• Estimular o empreendedorismo e o intercâmbio cultural com foco na projeção nacional e internacional da cultura produzida em Minas Gerais.
• Estimular a prática dos esportes de alto rendimento.
• Fomentar festivais integrados de cultura, turismo e gastronomia no interior de Minas.
5. Conclusão
O Festival do ora-pro-nobis como atrativo turístico permitiu fortalecer o turismo de Sabará. No entanto, o desenvolvimento do turismo a partir de um único atrativo não é o suficiente para dar sustentabilidade à atividade. Á medida que cresce uma demanda em torno do ora-pro-nobis, cresce também a demanda dos serviços relacionados a ele indiretamente, e diretamente tais como restaurantes, oferta do produto in natura. Ou seja, em torno desse atrativo se estabelece uma cadeia de produção, que se não for suprida em seus diferentes elos, pode reduzir a eficiência da atividade.
Ainda que o ora-pro-nobis tenha estabelecido um nicho de produção no nível local como turismo rural ou agroturismo, esse nível está relacionado com níveis mais abrangentes no âmbito do turismo gastronômico, que tem uma dimensão mundial. Portanto como atrativo as regras e normas estabelecidas no nível do regime devem ser seguidas para que esse se sustente dentro do próprio nicho. Ou seja, mesmo que a produção permaneça local e o festival permaneça localizado, ele se comunica com outros segmentos da cadeia e da própria indústria do turismo e tem de se adequar a essas estruturas.
De fato, as políticas públicas para o desenvolvimento do setor de turismo são elaboradas em diferentes esferas de governo municipal, regional, estadual, nacional e internacional. Nesse sentido, planejamento e intervenções são implementadas por diferentes órgãos, possibilitando, muitas vezes, um conjunto diferente de resultados, o que depende dos atores sociais do nicho estarem dispostos a se adequar às regras estabelecidas pelo regime e a responder a mudanças conjunturais, no nível da paisagem.
que pode ser entendida como a criação de condições sócio-institucionais que favoreçam a construção de novas institucionalidades, identidades e compromissos sociais.
Houve um aperfeiçoamento técnico e organizacional crescente na produção do ora-pro-nobis e na gastronomia local durante os últimos anos, que permitiu e ainda sustenta o aumento da procura pelo Destino Turístico de Sabará.
No setor turístico, numa perspectiva mais ampla, o que se requer é um desenvolvimento equilibrado do potencial para satisfazer as exigências dos visitantes e atender às necessidades da população local, que passou a se manter dessa atividade. Para dar sustento ao atrativo, e ao turismo como um todo, é necessário realizar o planejamento das ações na cadeia do turismo, bem como responder às exigências do regime e das mudanças conjunturais, como é o caso da Copa do Mundo em 2014, que inclusive é uma das metas do programa estruturador do governo de Minas Gerais para o turismo.
6 - Referências Bibliográficas
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