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Quím. Nova vol.22 número3

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Academic year: 2018

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462 QUÍMICA NOVA, 22(3) (1999) A Editoria da Química Nova recebeu, em março, do Prof.

Robson M. Matos, UFMG, carta solicitando a divulgação do texto que reproduzimos a seguir.

COMO MEDIR A PRODUTIVIDADE EM PESQUISA?

Este talvez seja um tema muito polêmico e de grande inte-resse de todos. Vimos assistindo a cada dia à diminuição dos recursos destinados à pesquisa no Brasil, seja por parte do Governo Federal ou dos Governos Estaduais. Em razão disto, a cobrança pela produtividade de nós pesquisadores aumenta consideravelmente, o que de fato é desejável. Temos sim que receber cobranças e aumentarmos nossa produção. Espera-se de nós, depois de anos de investimento, que enriqueçamos nossa ciência através da orientação de alunos de iniciação ciêntífica, mestrado e doutorado, que elaboremos artigos cien-tíficos e patentes e que, acima de tudo, tenhamos capacidade para contribuir com o avanço tecnológico do nosso país. Mas, para tanto, é necessário que tenhamos um parâmetro justo e coerente para medir esta produtividade.

Para isto, uma questão é primordial: "O que queremos, qualidade ou quantidade?". Sem uma reflexão em cima deste tema fica difícil qualquer avanço. Alguém de imediato respon-derá: "Queremos quantidade e qualidade!" Esta sem dúvida é minha resposta. Porém, a olhos vistos, o CNPq anda privile-giando muito mais a quantidade, em detrimento da qualidade. Isto, no entanto, parece-me um caminho tortuoso. Sentirei, assim, encorajado a publicar artigos científicos às vezes in-completos em periódicos obscuros, que poderão jamais ser li-dos ou ainda discorrer sobre assuntos diversos que não reque-rem trabalhos experimentais de custo elevado e demorado, fu-gindo por completo da minha área de especialização, simples-mente para atingir metas numéricas ditadas pelo CNPq.

Acredito porém que nenhuma das duas possibilidades seja saída honrosa para qualquer um de nós que lutamos pelo avan-ço científico brasileiro. É preciso pois, que iniciemos uma aná-lise mais criteriosa e demorada de cada cientista, quando os mesmos submetem projetos às nossa agências financiadoras, no intuito de premiarmos mais a qualidade sem esquecermos muito da quantidade. Pode-se criar pontuações que levem em conta sempre a qualidade. Não podemos admitir que uma orien-tação de disserorien-tação de mestrado com um artigo publicado em periódico nacional ou internacional com referee valha o mesmo que uma que sequer teve um artigo aceito para publicação. Não podemos também aceitar que artigo em educação (ou qualquer

CARTA AO EDITOR

outro assunto distinto da sua área de interesse principal) redi-gido por um químico experimental valha o mesmo que um artigo de trabalho de laboratório, de quando da análise de um projeto de pesquisa na área experimental. É também inaceitá-vel que artigos de nossa autoria citados por vários autores te-nham o mesmo peso de artigos que jamais foram citados por outro autor. Vale mais um artigo citado por 10 que 10 artigos jamais citados! Ou não? A citação bibliográfica é talvez a fer-ramenta mais importante para se medir a qualidade de nossa produção científica. Ela indica a aceitação de nosso trabalho.

Certo é que vários arranjos podem ser feitos, tais como: "Você me cita que lhe citarei". No entanto temos que confiar na honestidade de cada um. Afinal, sempre procuramos a ho-nestidade e raras foram as ocasiões em que um cientista de-monstrou falta dela. Ainda somos uma classe confiável e pre-cisamos zelar por isto. Muitos diriam que tal idéia é esdrúxula, dada a grande complexidade da tarefa a ser realizada pelos órgãos de fomento. Desculpem, mas não acredito! Acho até uma tarefa simples e que passa inclusive a dar mais valor àque-les que têm a obrigação de elaborar um parecer "ad hoc". Hoje temos a internet a nos ajudar. A submissão de projetos e pare-ceres "ad hoc" do PADCT são todos realizados via internet. Temos acesso fácil, rápido e barato ao Institute for Scientific Information Citation Databases (http:\\webofscience.fapesp.br), onde tudo, ou quase tudo em termos de informação sobre arti-gos científicos pode ser obtido.

É possível descobrir se um determinado artigo encontra-se indexado ou não e até quantas vezes este mesmo artigo foi citado, seja ele indexado ou não e até por quem este artigo foi citado. E isto tudo em minutos, sem sequer deixar o seu gabinete. Assim, os consultores "ad hoc" teriam a função de fazer a análise do mérito científico do projeto, como de pra-xe, e enviar junto com este um relatório do ISI sobre o coor-denador do projeto, destacando os pontos positivos e/ou ne-gativos da produção deste pesquisador. Aí sim, estaremos premiando a qualidade antes da quantidade, financiando a boa pesquisa em busca da quantidade com qualidade em um futu-ro cada vez mais próximo. Convido a todos para refletir so-bre o tema e quem sabe lutarmos para implantá-lo em so-breve me todos os níveis.

Referências

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