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A Origem do Ballet Clássico parte I. Antes do Surgimento do Ballet Clássico

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Academic year: 2022

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A Origem do Ballet Clássico – parte I

Antes do Surgimento do Ballet Clássico

Antes do Ballet Clássico surgir da forma que conhecemos atualmente, outras formas de expressão dançada surgiram e serviram de base para o desenvolvimento do Ballet.

Durante a Idade Média, período em que o feudalismo europeu era forte e a Igreja Católica proibia a dança por considerá-la como pecado, a dança era permitida em poucos eventos, usada como forma de diversão e comemoração para os nobres no interior de seus palácios.

Neste contexto de riqueza, poder e feudalismo, surge, no século XIV, o

“Momo”, uma espécie de dança espetáculo realizada pelos próprios nobres, reis e príncipes. O “Momo” passou a ser espetáculo quando passou a ser apresentado como atração principal ou entremeio durante os banquetes oferecidos pelos reis e nobres europeus.

No “Momo” os participantes estavam sempre disfarçados usando máscaras e fantasias. Além disso eram usados elementos cênicos e cenários a fim de caracterizarem melhor a história encenada.

O “Momo” era quase exclusividade masculina, mas em algumas apresentações algumas mulheres da corte faziam uma dança em coro que já anunciava o início do Corpo de Baile do Ballet Clássico

Bem estabelecidos nas cortes do século XV, o Momo já apresentava elementos que comporiam o ballet de corte que se desenvolveria em seguida, durante o Renascimento.

Os elementos do Momo eram muitos: dançarinos (entre eles geralmente a nobreza), cantores, músicos, fantasias, figurinos, carros

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alegóricos e efeitos de maquinaria, servindo como efeitos especiais durante a encenação.

Mas apesar de tantos elementos, ainda faltava algo vital para o espetáculo de dança como o conhecemos hoje: a ação dramática coordenada e a diversidade nas danças, o que só foi introduzido no ballet clássico aos poucos, a partir do Renascimento.

O Renascimento e o Surgimento do Ballet Clássico – O Ballet de Corte

O Renascimento foi a expressão do movimento humanista nas letras, nas artes, na filosofia e na ciência que se deu devido à invenção da imprensa, a chegada dos bizantinos à Itália e às novas ideias acerca do antropocentrismo, que contestava o poder do Papa e da Igreja Católica. O foco do Renascimento foi a Itália, por sua grande expressividade no comércio e no desenvolvimento das artes e das ciências.

Com o Renascimento as cortes aristocráticas buscavam oferecer uma imagem à altura de suas riquezas, de modo a impor respeito e admiração. Para isso os nobres cercavam-se de riquezas e de luxos, ostentação e conforto, de modo que cada corte mantinha com certa frequência bailes e banquetes que, por vezes, duravam vários dias.

Nestas festas a música e a dança se faziam presentes como forma de ascensão social e de bajulação política.

Os grandes acontecimentos sociais, como casamentos, nascimentos e vitórias militares, eram celebrados com grande pompa, permitindo aos cortesãos serem ao mesmo tempo expectadores e participantes da glória do soberano.

Aos poucos os bailes nas cortes, ou a Dança de Corte, foram se tornando objeto de competição entre os nobres de diversas cidades, que se esforçavam para oferecer a melhor festa e a melhor coreografia.

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A Dança de Corte representava uma nova etapa da história da dança, por se apresentar de forma erudita, codificada e coreografada, de modo que os participantes, os bailarinos, precisavam conhecer o código e a etiqueta da dança e ensaiar o que seria apresentado nos bailes.

A etiqueta do Ballet de Corte tratava de um minucioso cerimonial que regia a vida em sociedade, sempre pautada pela hierarquia e pelo poder. As roupas, a forma de tratamento, a linguagem utilizada e até mesmo a distribuição no espaço eram determinados pela lei e pelos costumes da época. A lógica dessa sociedade hierarquizada era a etiqueta, de modo que cada pessoa e cada classe social conheciam o seu lugar, tanto na sociedade quanto no Ballet de Corte.

Neste contexto, as coreografias, que eram interpretadas pelos próprios nobres, passaram por uma codificação e por uma métrica tão específica que se tornou essencial o surgimento da figura do Mestre de Dança.

Os Mestres de Dança eram pessoas muito instruídas que faziam parte do meio imediato dos príncipes e dos nobres. Conheciam diferentes línguas e eram estudiosos de música e de poesia, tocavam diversos instrumentos, compunham os Ballets de Corte e ensinavam os passos de dança aos nobres.

Entre as funções dos Mestre de Dança estavam não apenas as atribuições acerca dos Ballets, de modo que exerciam até mesmo funções cerimoniais e diplomáticas, de acordo com a confiança que os nobres depositavam neles.

Entre as funções dos Mestres de Dança podemos destacar:

 Ensinar os passos e as danças aos cortesãos

 Compor as músicas usadas em cada Ballet de Corte

 Compor as coreografias e todo o enredo do Ballet de Corte, encomendado de acordo com cada ocasião

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 Ser parte ativa do espetáculo, apresentando-se como solista nas partes de maior dificuldade técnica

 Escrever os Tratados de Dança, que eram os códigos, as regras, os passos e os enredos de cada Ballet de Corte

 Exercer a diplomacia quando delegações de outras cortes visitavam o palácio de seu tutor

 Exercer funções cerimonias em casamentos e batizados na ausência ou impedimento de seu tutor

O Ballet de Corte tomou tal proporção na cena cultural europeia renascentista que a dança acompanhava todas as manifestações essenciais da Corte dos séculos XVI e XVII. Dessa forma, devido à importância que a dança passou a ter, os próprios reis, príncipes e nobres passaram a se dedicar ao estudo da dança. Com isso a nobreza como um todo, almejando a ascensão social, também passou a se dedicar à arte da dança. Quanto mais importante a posição social do cortesão, mais refinada e apurada deveria ser a sua dança, e maior o seu destaque na ordem do Ballet de Corte.

Entre as principais características dos Ballet de Corte podemos citar:

 A ação dramática acontecia de forma contínua, sem interrupções

 Os prólogos, usados no início do ballet, eram homenagens aos soberanos e patrocinadores dos ballets

 O canto e a dança poderiam ser apresentados alternados ou simultaneamente

 A poesia era criada para acompanhar o espetáculo e declamada em momento separado da dança

 Os cenários eram fixos e também móveis, contando com intrincados mecanismos para fazê-los funcionarem

 Havia diversas “entreés” com diversas finalidades, entre elas apresentar os nobres, o que acontecia nem sempre de forma conectada com a história do ballet

 A maioria das danças usadas no Ballet de Corte eram repertórios dos bailes da nobreza

 O elenco dos Ballets era composto pelos próprios cortesãos

 O uso de danças geométricas de solo era repleto de simbolismos

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Uma das figuras mais importantes para o desenvolvimento do ballet clássico foi o Rei Luis XIV, o Rei Sol.

“Luis XIV transformou toda a sua existência num espetáculo teatral. Os seus súditos eram, na verdade, o seu público. Para o rei e para a sua corte, a Arte e a Vida eram realmente uma e a mesma coisa e, dadas as circunstâncias, não é de admirar que o ballet fosse tão necessário neste ambiente artificial. No seu formalismo, o ballet assume a ‘apoteose da estrutura social’, o triunfo da ordem” (WOSNIAK, 2010, P.86)

O Rei Luis XIV foi responsável pelo início da profissionalização do Ballet Clássico com a criação da Academia Real de Dança em 1661. A partir de então a dança gradualmente passou a ser desenvolvida por bailarinos profissionais e começou a se separar do teatro e da encenação teatral.

“A Academia Real de Dança foi a forma de o rei expressar a sua vontade de imobilizar o movimento da dança em regras, cujo objetivo era fornece-lhes um rótulo oficial de beleza formal. Com isso a dança passou a um estágio mais formal e rigoroso, em que segundo Bourcier “o gesto (passou a ter) mais importância que a emoção que o produz. Há ruptura entre interioridade e exterioridade, o que explica o fato de a dança clássica ser um repertório de gestos sem significado próprio.” (Bourcier, 1987, p112 - 113)

Com o desenvolvimento do ballet como uma arte à parte da encenação e dos bailes da corte, e com a consequente profissionalização dos bailarinos, surgiu a necessidade de se codificar a técnica do ballet clássico. Essa necessidade foi suprida pelo trabalho dos mestres de dança que se ocuparam em catalogar e classificar toda a dança clássica. Entre estes mestres se destacou Charles-Louis- Pierre de Beauchamps.

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A Beauchamps é atribuída a definição das cinco posições básicas dos pés no ballet clássico. Diz-se que é atribuído, pois este professor não deixou nada escrito ou publicado no que se refere ao ensino do ballet clássico. Beauchamps trabalhou a partir dos passos de dança de corte, atribuindo-lhes uma beleza formal, uma regra, a partir da qual levava o movimento ao máximo de seu desenvolvimento, tornando-o ao mesmo tempo um movimento natural e forçosamente artificial.

A dança começou a ser apresentada em palcos elevados, da forma como é conhecida atualmente, e a plateia passou a assistir o ballet de frente, e não mais por todos os lados, como nos palácios. Dessa foram era necessário que o bailarino ficasse de frente para o público, mesmo quando se deslocava de um lado para o outro no palco. A solução encontrada para este problema foi o trabalho em “en déhors”, ou seja, o trabalho com as coxas, os joelhos e os pés para fora, como conhecemos até hoje. Além disso, a mudança de perspectiva de visão da plateia em relação aos bailarinos propiciou o desenvolvimento da verticalização da dança, por meio de passos de elevação e saltos diversos.

Com a profissionalização do ballet as mulheres começaram a participar das apresentações de dança, o que era, até então, exclusividade masculina. Mas, para que as mulheres pudessem dançar os difíceis passos do ballet clássico, foi preciso uma mudança em sua indumentária e o gradativo encurtamento de suas saias, a fim de permitir a elas uma maior mobilidade e visibilidade para seus passos de dança.

Com o desenvolvimento da Academia Real de Dança e o profissionalismo, o ballet clássico passou a apresentar as seguintes características:

 A virtuosidade como consequência natural da forma em detrimento do conteúdo

 O virtuosismo técnico em função da profissionalização dos bailarinos

 A regularidade e a repetição dos temas e movimentos, além da excessividade da beleza formal que enrijece o corpo, a técnica e a própria dança

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 A verticalização da dança

 A participação feminina na dança clássica

Com o desenvolvimento da técnica do ballet clássico, foi necessária a criação de uma forma de anotar o que o bailarino deveria fazer em cada momento do ballet. Surgiu assim a notação coreográfica para a dança, que descrevia criteriosamente os movimentos e os passos de dança, codificando os termos, e o desenho espacial, tornando o ensino do ballet clássico muito mais fácil e uniformizado, possibilitando um trabalho mais rigoroso e virtuoso.

Apesar do virtuosismo e do exibicionismo que a dança já apresentava neste período, as vestimentas ainda eram as do cotidiano, o que atrapalhava em muito a execução dos movimentos. As mulheres usavam vestidos compridos e pesados, perucas, crinolinas para armar os vestidos, meias e sapatos de saltos que dificultavam o equilíbrio e o desenvolvimento dos movimentos. Os homens não ficavam para trás, usavam enormes perucas, chapéus, máscaras e sapatos de saltos, de modo que seus movimentos perdiam em muito em questão de liberdade e de expressividade.

Na próxima aula estudaremos mais sobre o surgimento e a história do Ballet Clássico a partir das Reformas de Noverre, que revolucionou o ballet clássico, transformando-o de maneira a permitir que a expressividade e a narratividade ganhassem, novamente, maior destaque, tirando o ballet clássico do engessamento que o ballet de corte o havia inserido.

Referências Bibliográficas

Bourcier, Paul. História da dança no Ocidente. Tradução de Marina Appenzeller. 2ª edição –São Paulo. Editora Martins Fontes, 2001.

Rengel, Lenira. Pequena viagem pelo mundo da dança. Lenira Rengel, Rosana van Langendonck. São Paulo. Editora Moderna, 2006.

Wosniak, Cristiane. História da Dança. Curitiba, 2010.

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