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Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência : estudo de caso

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(1)Efeito de um programa de actividade física no Equilíbrio de uma criança com Multideficiência. Estudo de Caso. José Gonçalves. Porto, 2007.

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(3) Efeito de um programa de actividade física no Equilíbrio de uma criança com Multideficiência Estudo de Caso. Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na área de Reeducação e Reabilitação, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Orientador: Mestre Rui Corredeira Autor: José Gonçalves. Porto, 2007.

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(5) _____________________________________________________________________________FADEUP. AGRADECIMENTOS Ao Mestre Rui Corredeira, pela sua orientação, disponibilidade, ajuda e constante compreensão, contribuindo, deste modo, para o alcançar de uma meta que parecia distante.. A todos os elementos da Equipa da U.I.E., pela sua ajuda e colaboração durante a realização do trabalho.. Aos meus pais, pelo Amor incondicional. Já lhes devia isto!!. Ao Nuno, meu irmão querido, pelo seu apoio e ajuda.. Ao Humberto, pelo seu incentivo e pela Amizade que sempre nos uniu.. À Ana, a minha cara-metade, pelo seu Amor, pela partilha e por aturar as minhas birras nos momentos de ansiedade.. Por fim, à minha aluna, pois sem ela este projecto não seria possível.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. III.

(6) _____________________________________________________________________________FADEUP. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. IV.

(7) _____________________________________________________________________________FADEUP. RESUMO O facto de os seres humanos serem capazes de manter a própria postura vertical não se apresenta uma tarefa fácil. Foi neste pressuposto que incidimos o nosso estudo. Centramo-nos nas três Unidades funcionais de Luria e na interdependência dos factores que a constituem, para assim avaliarmos a sua influência no equilíbrio de uma criança com multideficiência. Este estudo de caso incidiu sobre uma criança de onze anos com multideficiência, portadora de deficiência mental, paralisia cerebral, estrabismo e epilepsia. Utilizamos como instrumento a Bateria Psicomotora de Fonseca (1975). A observação foi feita em dois momentos distintos: i) no início do estudo, com o intuito de conhecer o estado inicial da aluna para assim adequar os objectivos às suas necessidades; e ii) no momento final, para avaliar a evolução dos resultados. Entre estas duas avaliações foram realizadas sessões bissemanais com a duração de cinquenta minutos cada. A análise dos resultados permitiu-nos verificar que a aluna passou de um perfil psicomotor satisfatório com tendência a fraco, para um perfil satisfatório mais adequado, verificando-se melhorias em todos os factores avaliados. Concluiu-se assim, que após a intervenção aplicada, se registou uma melhoria ao nível do Equilíbrio da criança, facto esse que permitiu validar a nossa hipótese.. Palavras-chave: MULTIDEFICIÊNCIA, EQUILÍBRIO, PSICOMOTRICIDADE, BATERIA. PSICOMOTORA. DE. FONSECA. (BPM),. NECESSIDADES. EDUCATIVAS ESPECIAIS.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. V.

(8) _____________________________________________________________________________FADEUP. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. VI.

(9) _____________________________________________________________________________FADEUP. ÍNDICE Agradecimentos. lll. Resumo. V. Índice. Vll. Índices de Quadros. lX. 1. Introdução. 1. 2. Revisão da Literatura. 3. 2.1. Conceito de Necessidades Educativas Especiais (NEE). 3. 2.2. Abordagem aos diferentes tipos de deficiência. 4. 2.2.1. A Multideficiência. 5. 2.2.2. Paralisia Cerebral. 5. 2.2.3. Deficiência Mental. 8. 2.2.4. Estrabismo. 11. 2.2.5. Epilepsia. 12. 2.3. Psicomotricidade. 15. 2.3.1. Conceito. 15. 2.3.2. Objectivos. 16. 2.3.3. Unidades Funcionais do Cérebro. 17. 2.3.4. O Sistema Psicomotor Humano e a relação com as Unidades Funcionais 2.3.5.Equilibrio. 18 20. 3. Objectivos e Hipótese. 21. 3.1. Objectivos do Estudo. 21. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. VII.

(10) _____________________________________________________________________________FADEUP. 3.1.1. Objectivo geral. 21. 3.1.2. Objectivos Específicos. 21. 3.2. Hipótese do Estudo. 22. 4. Material e Métodos. 23. 4.1. Instrumento de Avaliação e Procedimentos de Aplicação. 23. 4.1.1. Estudo de Caso. 23. 4.1.2. Bateria Psicomotora (BPM) –Vítor da Fonseca (1996). 23. 4.1.3. Procedimentos Metodológicos. 25. 4.1.4. Procedimentos Estatísticos. 26. 4.2. Caracterização da Aluna. 27. 4.3. Caracterização do Meio. 29. 4.3.1. Unidade de Intervenção Especializada. 29. 5. Apresentação e Discussão dos Resultados. 31. 5.1. Aplicação da Bateria Psicomotora - 1ª Observação. 32. 5.2. Aplicação da Bateria Psicomotora - 2ª Observação. 34. 5.3. Discussão dos Resultados. 36. 6. Conclusões. 43. 7. Bibliografia. 45. 8. Anexos. l. 8.1. Planos de Aulas 8.2. Termo de consentimento 8.3. Calendário das sessões. _________________________________________________________________________________VIII Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência.

(11) _____________________________________________________________________________FADEUP. ÌNDICE DE QUADROS. Quadro 1:. Etiologia da Paralisia cerebral (Adaptado de Gil Muñoz et al, 1997). 6. Quadro 2:. Níveis de deficiência menta (OMS, 1968). 8. Quadro 3:. Etiologia da deficiência mental (Adaptado de Bautista et al, 1997). 10. Quadro 4:. Características da deficiência Mental (*Quiroga, 1989 e **Sainz e. 11. Mayor, 1989). Quadro 5:. Tipos de estrabismo (Adaptado de manualmerk.net, 2006). 12. Quadro 6:. Classificação das crises epilépticas (Adaptado de ILAE, 1985). 13. Quadro 7:. Medidas a adoptar durante uma crise epiléptica (Nilsen, 1999). 14. Quadro 8:. Sistema neuropsicológico (Adaptado de Fonseca, 2007:114). 19. Quadro 9:. Relação das unidades de Luria com os factores e subfactores da BPM (Adaptado de Fonseca, 1992 in Santos, 2005). 24. Quadro 10:. Relação entre os pontos da BPM e o perfil psicomotor. 26. (Adaptado de Fonseca, 2007:128). Quadro 11:. Cotação de cada prova da BPM (Adaptado de Fonseca, 2007:301). _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 27. IX.

(12) _____________________________________________________________________________FADEUP. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. X.

(13) _____________________________________________________________________________FADEUP. 1. Introdução. O presente trabalho insere-se no âmbito da disciplina de Seminário do 5º Ano da Opção de Desporto de Reeducação e de Reabilitação da Licenciatura em Desporto e Educação Física da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Até há bem pouco tempo, a participação plena de indivíduos com deficiência no contexto social estava seriamente dificultada. Hoje em dia, todas as pessoas têm igualdade de direitos, sejam eles na Saúde, na Justiça, no Trabalho, na Educação ou em outros domínios. Interessamo-nos particularmente pela área da Educação com os seus diversos sistemas e, entre eles, o caso da Inclusão. A escola é considerada um contexto privilegiado de socialização, daí que todas as pessoas, portadoras ou não de deficiência deveram ter acesso à mesma educação, usufruindo de metodologias, estratégias e práticas que possibilitem o desenvolvimento harmonioso da criança. Neste contexto, os alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE), sejam elas ligeiras ou severas ou ainda com Multideficiência deverão ser incluídos nas classes r egul ar es,“ cont r i bui ndonacor r ecçãodeat i t udesdi scr i mi nat ór i asenacr i ação deumasoci edademai sacol hedor aes ol i dár i a” .( Sant os,2005) . Nestes casos, a questão “ integracionista”da educação deve ser mais consolidada. visto. que,. segundo. Rodrigues. (1997). só. algumas. das. necessidades educativas da criança são especiais, podendo a sua maioria ser facultadas pelos meios habituais da escola, incentivando assim a integração escolar. As crianças com Multideficiência caracterizam-se por possuírem um atraso mental severo ou profundo, com uma ou mais deficiências sensoriais e/ou necessidades de cuidados especiais associados (Orelove e Sobsey in Nunes, 2001: 16). Atentos à problemática da criança com Multideficiência, no âmbito da psicomotricidade, surgiu o presente projecto dando continuidade a um protocolo celebrado entre a Junta de Freguesia de Ramalde e a Faculdade de. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 1.

(14) _____________________________________________________________________________FADEUP. Desporto da Universidade do Porto, através do seu Gabinete de Actividade Física Adaptada. O trabalho consistiu num estudo de caso, realizado na Unidade de Intervenção Especializada (U.I.E.), de uma escola do Ensino Básico do Centro da Área Educativa do Porto (C.E.P.), inserida na Direcção Regional de Educação do Norte (D.R.E.N.). A estrutura do trabalho está organizada nas seguintes cinco etapas: i) revisão da literatura; ii) objectivos e hipóteses; iii) material e métodos; iv) apresentação e discussão dos resultados e v) conclusões.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 2.

(15) _____________________________________________________________________________FADEUP. 2. Revisão da literatura. 2.1. Conceito de Necessidades Educativas Especiais (NEE). “. Há uma necessidade educativa especial quando um problema (físico,. sensorial, intelectual, emocional, social ou qualquer combinação destas problemáticas) afecta a aprendizagem ao ponto de serem necessários acessos especiais ao currículo, ao currículo especial ou modificado, ou a condições de aprendizagem especialmente adaptadas para que o aluno possa receber uma educação apropriada. Tal necessidade educativa pode classificar-se de ligeira a severa e pode ser permanente ou manifestar-se durante uma fase do desenvol vi ment odoal uno. ”( Br ennani nCor r ei a,1997,p. 48). O conceito de NEE surge pela primeira vez referido, no Relatório Warnock em 1978, o qual continha propostas para a integração escolar e social das pessoas com deficiência. Este foi o ponto de partida para outros movimentos de pendor legislativo, de entre eles, o Decreto-Lei 319/91. Segundo o Ministério da Educação (2002), alunos com NEE são aqueles que “ ex i gem r ecur sos ou adapt aç ões es peci ai s no pr oc esso de ensi no e aprendizagem que não são comuns à maioria dos alunos da sua idade, por apresentarem dificuldades ou incapacidade que se reflectem numa ou mais áreas de aprendizagem. Os investigadores caracterizam a pessoa com deficiência em três níveis: deficiência, incapacidade e handicap (desvantagem). Segundo a OMS (1983), Deficiência é toda a perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatómica. Incapacidade é toda a restrição ou ausência (devido a uma deficiência) da capacidade de realizar uma actividade de forma normal ou dentro da margem que se considera normal para um ser humano.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 3.

(16) _____________________________________________________________________________FADEUP. Handicap é uma situação desvantajosa para um determinado indivíduo, consequência de uma deficiência ou incapacidade que limita ou impede o desempenho que é normal no seu caso (em função da idade, sexo e factores sociais e culturais. Segundo Correia (1997), as NEE podem dividir-se em dois grupos: as permanentes e as temporárias, de acordo com o grau da problemática apresentado pela criança. Assim, segundo o mesmo autor, NEE permanentes são aquelas que exigem adaptações generalizadas do currículo, adaptando-o às características do aluno. As adaptações mantêm-se durante grande parte ou todo o percurso do aluno. Neste grupo, encontramos crianças e adolescentes cujas alterações significativas no seu desenvolvimento foram provocadas por problemas orgânicos. NEE temporárias são aquelas que exigem modificação parcial do currículo escolar, adaptando-o às características do aluno num determinado momento do seu desenvolvimento. Geralmente podem manifestar-se como problemas ligeiros de leitura, escrita ou cálculo ou como atrasos menos graves ao nível do desenvolvimento motor, perceptivo, linguístico ou socioemocional.. 2.2. Abordagem aos diferentes tipos de deficiência. Neste capítulo, pretendemos caracterizar a aluna do nosso estudo permitindo-nos assim uma melhor compreensão de algumas das suas dificuldades.. Sendo. uma. criança. com. Multideficiência. poderíamos. simplesmente caracterizá-la como tal mas, atendendo à inter-relação das distintas deficiências, decidimos abordá-las individualmente, partindo das partes para compreender o todo. Assim, iremos classificar a multideficiência, a paralisia cerebral, a deficiência mental, o estrabismo e a epilepsia.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 4.

(17) _____________________________________________________________________________FADEUP. 2.2.1. A Multideficiência. A Multideficiência, segundo Correia (1997,pg. 58) é definida como um conjunto de deficiências numa mesma criança, tal como deficiência mental – cegueira, paralisia cerebral –deficiência mental, etc., causadoras de problemas educativos severos que requerem intervenções específicas, concomitantes com a problemática. No entanto, segundo Nunes (2001), a criança com multideficiência é mais do que uma mera associação de deficiências, pois cada uma possui particularidades próprias. Esta população caracteriza-se pela sua heterogeneidade e diversidade, embora apresente características específicas. Segundo Orelove e Sobey (2000), a criança com multideficiência pode apresentar uma panóplia de necessidades, tendo estas sido agrupadas em três blocos:. necessidades. físicas. e. médicas,. necessidades. educativas. e. necessidades emocionais.. 2.2.2. Paralisia Cerebral. A Paralisia Cerebral foi descrita pela primeira vez em 1843 por um ortopedista inglês, William Little, como uma rigidez espástica. O termo Paralisia Cerebral foi introduzido por Freud, para diferenciá- la da paralisia Infantil, causada pelo vírus da Poliomielite (Coletta et al, 2005). Paralisia Cerebral é uma desordem permanente e não imutável da postura e do movimento, devido a uma disfunção do cérebro antes do seu crescimento e desenvolvimento estarem completos (Cahuzac, M., 1985 cit. Gil Muñoz, 1997) De acordo com Potter (1987) a Paralisia Cerebral é entendida como uma disfunção do foro neurológico que aparece no momento ou imediatamente após o nascimento, não a considerando hereditária nem susceptível de sofrer qualquer evolução. Há portanto, quatro noções adjacentes a estas definições:  É uma desordem permanente, não evolutiva. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 5.

(18) _____________________________________________________________________________FADEUP.  Não é imutável, logo, susceptível de melhoras.  A perturbação predominante é a motora e não mental.  Pode surgir durante todo o período de crescimento cerebral.. 2.2.2.1. ETIOLOGIA As causas da paralisia cerebral são complexas e variadas. Apesar de em muitos casos não se conhecer a sua etiologia, sabe-se que está excluída a sua transmissão com base genética, ou seja, de pais para filhos. Trata-se quase sempre de factores exógenos ao cérebro da criança (Gil Muñoz e al, 1997). Quadro 1. Etiologia da paralisia cerebral (Adaptado de Gil Munõz e al, 1997). 10%. 7% Pré-Natais Perinatais 50%. 33%. Pós-Natais Outros. 1. Causas Pré- Natais –50% das perturbações são devido a uma lesão cerebral adquirida antes do nascimento: - Infecções intra –uterinas (especialmente virais); - Intoxicações (agent est óxi cos,medi cament osos,…) ; - Exposição a radiações; - Toxemias; 2. Causas Perinatais –33% das perturbações são adquiridas no momento do parto: - Hipoxia ou Anóxia; - Prematuridade associada a hemorragia intra-ventricular; - Traumatismos mecânicas de parto; - Placenta prévia; 3. Causas Pós- Natais - 10% das perturbações são adquiridas após o parto: - Incompatibilidade sanguínea entre mãe e feto, causadora de icterícia no recém-nascido; - Encefalite; - Meningite; - Problemas metabólicos; -Traumatismos Crânio encefálicos; - Ingestão de substâncias tóxicas. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 6.

(19) _____________________________________________________________________________FADEUP. Na maioria casos, a inteligência do portador é normal, a não ser que a lesão afecte áreas responsáveis pelo pensamento ou pela memória (Bobath, 1978, cit. Coletta e tal, 2005).. 2.2.2.2. QUADRO CLÍNICO Os sintomas da paralisia cerebral podem oscilar entre sinais quase imperceptíveis e a espasticidade grave. O Quadro clínico da paralisia cerebral engloba três tipos de síndromes:  Tipo Espástico –Caracterizado por paralisia e aumento da tonicidade muscular. A espasticidade indica existência de lesão no sistema piramidal. Mesmo estando em repouso, a hipertonia é permanente. Pode haver um lado do corpo afectado (hémiparésia), os membros inferiores (diplegia) ou os quatro membros (tetraparésia).  Tipo Atetósico –Caracterizado por presença de movimentos irregulares, contínuos, lentos e involuntários. Lesão no sistema extra –piramidal. Os movimentos são do tipo espasmódico e incontrolado. Há uma flutuação na tonicidade postural, variando entre hipertonia e hipotonia.  Tipo Atáxico –Caracterizado por diminuição da tonicidade muscular, perturbação da coordenação e equilíbrio deficiente. Lesão no cerebelo ou nas vias cerebelosas e da sensibilidade profunda.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 7.

(20) _____________________________________________________________________________FADEUP. 2.2.3. Deficiência mental. Segundo a American Association of Menthal Retardation (2002), a deficiência mental caracteriza-se por limitações significativas do funcionamento intelectual e do comportamento adaptativo a nível conceptual, social e prático. A população com deficiência mental é muito heterogénea, pelo que para compreender e trabalhar uma pessoa com esta particularidade é necessário ter presente que todas as suas características não podem ser generalizadas a toda a população (Santos, 2005).. Existem vários graus de deficiência mental, e diferentes correntes que os determinam. Apesar das várias correntes, são as técnicas psicométricas, utilizando o QI (quociente de inteligência), que mais se usam para determinar esse grau. O conceito de QI foi introduzido por Stern, e é o resultado da multiplicação por cem do quociente obtido pela divisão da IM (Idade Mental) pela IC( Idade Cronológica) ( Pacheco e Valência, 1997). QI = IM x 100 IC A Associação Americana para a Deficiência Mental e a OMS propõem cinco níveis para a deficiência mental. Quadro 2. Níveis de deficiência mental ( OMS, 1968). Deficiência Mental. QI. 1. Limite ou borderline. 68-85. 2. Ligeira. 52-68. 3. Média. 26-51. 4. Severa. 20-35. 5. Profunda. <20. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 8.

(21) _____________________________________________________________________________FADEUP. 1. Deficiência limite ou borderline É uma definição que não gera consenso entre os autores sobre se deveria ou não fazer parte desta classificação. Não se poderá dizer que são deficientes mentais, já que os indivíduos manifestam apenas um atraso nas aprendizagens ou algumas dificuldades específicas. Poder-se-iam incluir indivíduos provenientes de ambientes socioculturais desfavorecidos.. 2. Deficiência mental ligeira Neste grupo estão incluídos indivíduos que apresentam um atraso mínimo nas áreas perceptivas e motoras.Grande parte, tal como no grupo anterior, são pessoas com problemas de origem cultural, familiar ou ambiental. É geralmente na escola que são detectadas as suas limitações intelectuais.. 3.Deficiência mental média Os indivíduos deste grupo podem adquirir hábitos de autonomia quer pessoal quer social, embora com maiores dificuldades para os últimos. Apresentam. dificuldades. na. expressão oral e. na. compreensão. dos. convencionalismos sociais. Apresentam um desenvolvimento motor aceitável e podem adquirir conhecimentos básicos que lhes permitem realizar alguns trabalhos.Dificilmente conseguem dominar as técnicas instrumentais de leitura, escrita e cálculo.. 4. Deficiência mental grave Este grupo apresenta um nível de autonomia social e pessoal muito baixo, pelo que necessitam de ajuda ou protecção. Apresentam geralmente problemas psicomotores relevantes. A sua linguagem verbal é muito deficitária. Podem ser treinados em algumas actividades básicas da vida diária.. 5. Deficiência mental profunda Os indivíduos deste grupo são dependentes de terceiros em quase todas as funções e actividades pois os seus handicaps físicos e intelectuais são gravíssimos.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 9.

(22) _____________________________________________________________________________FADEUP. As causas da deficiência mental podem ser muito diversas. A sua classificação pode ser feita da seguinte forma: Quadro 3. Etiologia da deficiência mental (Adaptado de Bautista Pacheco et al, 1997) 1. Metabolopatias 2. Endocrinopatias 3. Síndromes polimalformativos 4. Outras genopatias. A) Genopatias: Alterações genéticas que produzem. Factores Genéticos. 1. Autossómicos específicos 2. Autossómicos não-especificos 3. Gonossómicos. B) Cromossomopatias: Síndromes devidos a anomalias nos cromossomas. Podem ser dos seguintes tipos. A) Factores pré-natais: Actuam antes do nascimento. Podem classificar-se da seguinte forma. 1. Embriopatias (actuam nos 3 primeiros meses de gestação) 2. Fetopatias ( a partir do 3º mês de gestação): - infecções, endocrinometabolopatias, intoxicações, radiações, perturbações psíquicas. Factores Extrínsecos. B) Factores peri-natais e neonatais: Actuam durante o momento do parto ou no recém-nascido. Devemos destacar os seguintes. C) Factores pós-natais: Actuam após o nascimento. 1. Prematuridade 2. Metabolopatias 3. Síndrome do sofrimento cerebral 4. Infecções 5. Incompatibilidade de RH ( entre a mãe e o recém-nascido) 1. Infecções 2. Endocrinopatias 3. Convulsões 4. Intoxicações 5. Traumatismos crânio - encefálicos 6. Factores ambientais. “ Convidado a explicar-se, acrescentou: Minha raça sou eu mesmo. A pessoa é uma humani dadei ndi vi dual .Cadahomem éumar aça,senhorpol i ci a. ” (Mia Couto in Cada Homem é uma raça). A população com deficiência mental, tal como a população em geral, não é por si só uniforme, pois cada indivíduo é um ser com características próprias e diversas, daí que não possamos generalizar as características e as pessoas que as possuem. É o meio e a constituição biológica que vão determinar essas diferenças. Contudo existem algumas características que distinguem os deficientes mentais dos outros. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 10.

(23) _____________________________________________________________________________FADEUP. Quadro 4. Características da deficiência mental (*Quiroga, 1989 e **Sainz e Mayor, 1989). Físicas* Pessoais* Sociais* Cognitivas**. Falta de equilíbrio; dificuldades de locomoção; dificuldades de coordenação; dificuldades de manipulação Ansiedade; falta de auto controlo; tendência para evitar situações de fracasso mais do que procurar o êxito; possível existência de perturbações da personalidade; fraco controlo interior. Atraso evolutivo em situações de jogo, lazer e actividades sexuais Problemas de memória (activa e semântica); problemas de categorização; dificuldades na resolução de problemas; Défice linguístico; problemas nas relações sociais. 2.2.4. Estrabismo. Podemos caracterizar o estrabismo como o mau alinhamento de um olho, ou seja, a linha de visão não é paralela à do olho oposto e ambos não apontam para o mesmo objecto no mesmo momento.Enquanto um olho fixa em frente, o outro desvia para dentro ou para fora, para cima ou para baixo. Na visão normal, os dois globos oculares movem-se ao mesmo tempo. Assim, o cérebro funde as imagens dos dois olhos e interpreta-as como uma só, permitindo assim uma visão binocular e tridimensional. Se os olhos não ficam correctamente alinhados, o cérebro percepciona duas imagens do mesmo objecto, que são demasiado diferentes para se conseguirem fundir, criando visão dupla –diplopia. O estrabismo afecta cerca de 4% das crianças. Pode ser hereditário e ocorre em ambos os sexos. O cérebro controla os músculos motores oculares, o que pode explicar a prevalência em crianças com paralisia cerebral.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 11.

(24) _____________________________________________________________________________FADEUP. Como já foi referido atrás, existem vários tipos de estrabismo, sendo os mais comuns: Quadro 5. Tipos de estrabismo (Adaptado de manualmerck.net, 2006). Esotropia (convergente): O olho desvia-se para dentro. Exotropia (divergente): O olho desvia-se para fora. Hipertropia: O olho desvia-se para cima. Hipotropia: O olho desvia-se para baixo. As duas formas mais comuns de estrabismo são a esotropia e a exotropia, sendo a primeira a mais frequente nas crianças.. 2.2.5. Epilepsia. A Epilepsia, segundo Pimentel (s.d.), é uma doença que resulta de descargas eléctricas excessivas entre as diferentes células, neurónios, que constituem uma zona do cérebro denominada substância cinzenta. Dessas descargas, resultam as crises que se manifestam por convulsões, visíveis ou não, dos músculos de apenas uma parte ou de todo o corpo. Refere ainda. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 12.

(25) _____________________________________________________________________________FADEUP. Pimentel (s.d) que as crises podem ser constituídas por uma ausência de curta duração. Essa ausência pode provocar automatismos inconscientes, como piscar os olhos, esfregar as mãos, deambular, ou ainda percepção de cheiros estranhos, visão de luzes ou imagens irreais. Este fenómeno ocorre por desequilíbrios entre a actividade excitatória e inibitória dos neurónios ou células nervosas cerebrais (Lima, 2001). De referir que Epiléptico é toda a pessoa que teve mais de uma crise, ou seja, não basta ter um episódio para se considerar a pessoa epiléptica. Normalmente, a epilepsia ocorre nos períodos compreendidos entre a infância e os vinte e cinco anos e também a partir dos sessenta e cinco anos, com maior incidência nos homens (Lima, 2001 e Liga Portuguesa contra a epilepsia - LPE, 2004, cit. Santos, 2005). As convulsões que se iniciam depois dos vinte e cinco anos são, provavelmente, consequência de um traumatismo cerebral, um acidente vascular cerebral, ou outra doença. Quando se consegue saber a origem, designa-se a epilepsia por sintomática. No entanto, são escassos os casos em que se consegue identificar a sua causa. Na sua maioria não se evidencia nenhuma lesão embora se suspeite de uma causa, epilepsia criptogénica, ou se desconhece qualquer explicação, idiopática (LPE, 2006). As crises epilépticas podem ser desencadeadas por inúmeros factores, entre os quais, mudanças súbitas da intensidade luminosa, privação do sono, ingestão alcoólica, febre, ansiedade, cansaço, drogas ilícitas, medicamentos, entre outros. As crises epilépticas podem ser classificadas da seguinte forma, Quadro 6. Classificação das crises epilépticas (Adaptado de ILAE, 1985) Crises generalizadas: A descarga eléctrica envolve os dois hemisférios 1. ◘Cr i sesdeausência ◘Cr i sesdeausência atípica 2. Crises mioclônicas 3. Crises Clônicas 4. Crises tónicas 5. Crises tónicas-clônicas 6. Crises atónicas Crises parciais: A descarga eléctrica envolve uma área limitada do cérebro 1. Crises parciais simples 2. Crises parciais completas 3. Crises parciais secundariamente generalizadas _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 13.

(26) _____________________________________________________________________________FADEUP. Os pacientes com epilepsia sofrem com os comportamentos exibidos pela sociedade, pois muitas vezes as crises inesperadas e imprevisíveis assustam quem não conhece o que é a epilepsia, especialmente em ambientes sociais, como a escola, no caso das crianças. (Cunha, 2002). Cabe ao professor a intervenção pedagógica de, por um lado desmistificar esta doença junto dos alunos, e por outro, possuir conhecimentos para adoptar medidas adequadas numa situação de crise. Assim, no quadro sete enunciam-se algumas medidas que segundo Nielsen (1999) deverão ser seguidas:. Quadro 7. Medidas a adoptar durante uma crise epiléptica (Nielsen, 1999)         . Manter a calma e não tentar reanimar o aluno; Colocar o aluno no chão e pôr algo suave sob a sua cabeça; Virar o aluno de lado, a fim de manter as vias respiratórias desimpedidas; Permitir que o fluido existente na boca possa ser drenado; Remover os objectos duros, com arestas ou quentes, das áreas mais próximas; Não tentar restringir qualquer movimento do aluno; Aliviar a pressão da roupa, desapertando-a; Não dar a beber ou engolir durante a crise; Não forçar a boca do aluno para que se mantenha aberta, nem introduzir nela qualquer objecto;  Não travar a língua do aluno porque ele não a engolirá;  Se o aluno caminha sem destino durante a crise, remover da área quaisquer objectos potencialmente perigosos;. A intervenção pedagógica do professor, desempenha aqui um papel importante, não só na segurança durante a crise, como também na prevenção do aparecimento da mesma. O professor pode e deve, informar o aluno sobre os aspectos desencadeadores de uma crise, fomentando hábitos que ajudem a combatê-las.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 14.

(27) _____________________________________________________________________________FADEUP. 2.3.Psicomotricidade 2.3.1. Conceito. As palavras nunca surgem por acaso mas a data do seu aparecimento na língua, nem sempre coincide com a do surgimento da noção à qual nos referimos mais tarde. Foi desta forma que o conceito primitivo de Psicomotricidade surgiu, apresentando. contornos. que. parecem. divergir. das. concepções. hoje. defendidas. A evolução deste conceito está directamente relacionada com o progresso da significação do corpo, ao longo da civilização humana (Fonseca, 1992). Actualmente,. considera-se Wallon. como. o. grande. pioneiro. da. Psicomotricidade vista como campo científico. Em 1925, este autor inicia uma das obras mais relevantes no campo do desenvolvimento psicológico da criança (Fonseca, 2007). Não devemos tentar uma definição de Psicomotricidade sem antes a comparar com outro conceito, clinicamente distinto, a Motricidade. Embora estes conceitos se confundam, o primeiro encontra-se relacionado com o défice, essencialmente, de ordem motora e neurológica. Já a Psicomotricidade, distingue-se por abordar múltiplas informações, tais como as motoras, neurológicas, perceptivas, linguísticas, cognitivas, entre outras (Santos, 2005 cit Bergés, 1985). A definição de Psicomotricidade é, contudo, entendida como imprecisa, multidimensional e pouco objectiva, pelo que o seu objecto de estudo não pode resumir-se“ num conheci ment ot ãoegocênt r i co”( Sant os,2005: 31eFonseca, 2001) Para Fonseca (2001), a Psicomotricidade enfoca-se, preferencialmente, nos processos e não tanto nos produtos da motricidade, ou seja, o corpo e a motricidade são abordados como unidade e totalidade do ser. A Psicomotricidade justifica a sua existência no dualismo psicomotor, psique e mente (Resende e tal, 2003), que se observava quando qualquer. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 15.

(28) _____________________________________________________________________________FADEUP. mudança induzida psicologicamente, se repercutia no aspecto corporal dos pacientes e vice-versa. Wallon afirmava que o pensamento nasce da acção para voltar a ele e Piaget sustentava que mediante a actividade corporal, a criança pensa, aprende, cria e enfrenta os problemas (Barruezo, 1995). Desta forma, a Psicomotricidade não se fundamenta só na visão unitária do ser humano, corporal por natureza, mas crê também ter encontrado a função que liga os elementos, que se pensavam separados do indivíduo humano, o corpo e o espírito, o biológico e o psicológico (Barruezo, 1995). Vários autores descreveram-na e conceituaram-na, como foram os casos de Vayer (1986) e Le Boulch (cit Santos, 2005), como uma acção pedagógica e psicológica que existe para normalizar e potenciar o desenvolvimento da criança. Muniáin (1997) define-a como uma disciplina educativa, reeducativa e terapêutica, concebida como diálogo, que considera o ser humano como uma unidade psicossomática, actuando sobre a sua totalidade através do corpo e do movimento, com o fim de contribuir para o seu desenvolvimento integral.. 2.3.2. Objectivos. Um trabalho baseado nos parâmetros da Psicomotricidade permite que se atinjam alguns objectivos de ordem motora, sensorial, perceptiva ou cognitiva. Barruezo (1995) apoia esta concepção e considera que o enfoque da psicomotricidade passa pelo desenvolvimento das capacidades motoras, expressivas e criativas, a partir do corpo. Assim, este centra a sua actividade e investigação sobre o movimento e o acto, incluindo tudo o que de si deriva, sejam disfunções, patologias, estimulações, aprendizagens, entre outras. Segundo vários autores, como Lièvre e Staes (1992), Nuñez e Vidal (1994) e Rezende e al (2003), o objectivo da Psicomotricidade é aumentar, de forma flexível e harmoniosa, a capacidade de interacção do sujeito com o meio que o rodeia. A Psicomotricidade, para além do desenvolvimento intelectual, está também associada ao desenvolvimento social e afectivo, devido à relação. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 16.

(29) _____________________________________________________________________________FADEUP. existente entre estes factores e a motricidade (Rezende, 2003 cit Meur e Staes, 1989). Santos (2005) apresenta um conjunto de objectivos, enunciados por Bagatini (2002), passíveis de serem atingidos através da Psicomotricidade. São eles: i) promover a integração social e escolar; ii) favorecer as aprendizagens do foro escolar; iii) desenvolver uma formação de base que possibilita à criança uma melhor preparação na aprendizagem de futuras capacidades e iv) normalizar ou aperfeiçoar, de forma gradual, o comportamento geral da criança at r av ésda “ consci ênc i a do pr ópr i o cor po,domí ni odo equi l í br i o,controle da inibição voluntária e da responsabilidade, controle e eficácia das diversas coordenações globais e segmentaria, organização do esquema corporal e or i ent aç ão do es paço ( …)par a uma mel horadapt ação ao mundo ex t er i or ” (pág.33).. 2.3.3. Unidades Funcionais do Cérebro. Para Luria, o cérebro humano é composto por unidades funcionais básicas, possuindo cada uma delas, uma função particular, dentro do todo, constituindo a actividade mental humana nas suas variadas formas (Fonseca, 2007). Podem-se distinguir três unidades fundamentais, cuja participação é necessária a qualquer tipo de actividade mental, quer no movimento voluntário e na elaboração práxica e psicomotora, quer na produção falada e escrita (Fonseca, 2007). Cada unidade funcional apresenta uma estrutura hierárquica que consiste em três zonas corticais, que se inter-relacionam, verticalmente, umas sobre as outras. A primeira apresenta uma estrutura de projecção, recebendo e emitindo os impulsos nervosos para a periferia. Regula o tónus cortical e a função de vigilância (atenção), fundamental para receber e integrar informação intra e extra corporal. A segunda possui uma estrutura de projecção - associação, cujas funções fundamentais são a recepção, análise e armazenamento da informação, essencial para todo e qualquer processo cognitivo. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 17.

(30) _____________________________________________________________________________FADEUP. A terceira apresenta um processo de sobreposição. Organiza as formas mais complexas de actividade (actividade consciente). É a que apresenta o mais alto nível de organização neurológica. Este sistema complexo, só funciona quando todas as unidades funcionais mantêm um trabalho conjunto e sinérgico, de forma a conseguirem estabelecer entre si relações dinâmicas com o objectivo de atingir uma completa organização (Fonseca, 1992, 1996, 2007). Como tal, as três unidades funcionais não trabalham isoladamente. Não é possível encarar a percepção ou a memória como sendo unicamente organizadas na segunda unidade, nem a organização da motricidade somente na terceira unidade (Fonseca, 2007). O primeiro (sistema do cérebro) mantém o tónus necessário do córtex (e do corpo); o segundo recebe e processa a informação entrada; o terceiro actua como mecanismo de programação e de verificação para assegurar a natureza intencional do comportamento. Fonseca (2007) conclui que as três unidades trabalham em conjunto, sendo que a mudança ou organização de cada uma interfere na mudança ou organização das outras, reforçando a ideia de que cada unidade tem o seu papel específico mas actuando de forma cooperativa.. 2.3.4. O Sistema Psicomotor Humano (SPMH) e a relação com as Unidades Funcionais. Segundo Fonseca (2007), o SPMH pode ser descrito como um sistema total, composto por vários factores psicomotores, como são o caso da tonicidade, equilibração, lateralização, noção do corpo, estruturação espáciotemporal, praxia global e praxia fina. O SPMH possui ainda as propriedades de interdependência, Hierarquia, entre outras. Os factores psicomotores interrelacionam- se e afectam-se mutuamente. Contém níveis de organização e complexidade crescente. Como vemos, o SPMH e as unidades funcionais estão em estreita relação, visto as unidades integrarem em si os sete factores psicomotores. A primeira unidade compreende a tonicidade e a equilibração; a segunda a lateralização, a noção do corpo e a estruturação espácio- temporal; a terceira _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 18.

(31) _____________________________________________________________________________FADEUP. integra as praxias global e fina (Fonseca, 2007), como se pode observar no quadro seguinte: Quadro 8. Sistema Neuropsicológico (Adaptado de Fonseca, 2007:114) Unidade funcional. Factores. Sistemas. Psicomotores 1ª Unidade Regulação tónica de alerta e dos estados mentais: Atenção. Sono. Selecção da informação. Regulação e activação. Vigilância- tonicidade. Facilitação- inibição. Modulação neurotónica. Integração intersensorial. 2ª Unidade Recepção, análise e armazenamento da informação: Recepção e análise e síntese sensorial. Organização espacial e temporal. Simbolização esquemática. Descodificação e codificação. Processamento. Armazenamento. Integração perceptiva dos proprioceptores e dos telereceptores. Elaboração gnósica. 3ª Unidade Programação, Regulação e verificação da actividade: Intenções. Planificação motora. Elaboração práxica. Execução. Correcção. Sequencialização das operações cognitivas.. Tonicidade. Substractos anatómicos. Formação reticular. Sistemas vestibulares e proprioceptivos. Medula. Tronco cerebral. Cerebelo. Estruturas subtalâmicas e Talâmicas. Áreas associativas corticais (secundárias e terciárias). Centro associativo posterior.. Córtex cerebral. Hemisfério esquerdo e direito. Lobo parietal (tactiloquinestésico). Lobo occipital (visual). Lobo temporal (auditivo).. Sistema piramidal ideocinético. Áreas pré- frontais (áreas 6 e 8). Centro associativo anterior.. Córtex motor. Córtex pré- (psico) motor. Lobos frontais.. Equilibração. Lateralização.. Noção do corpo.. Estruturação espacio- temporal.. Práxia global.. Práxia fina.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 19.

(32) _____________________________________________________________________________FADEUP. 2.3.5. O Equilíbrio. Achamos pertinente desenvolver o tema do Equilíbrio, visto estar directamente ligado aos nossos objectivos e ser um ponto fulcral do nosso trabalho. Na Biomecânica, várias concepções são atribuídas ao conceito de estado de equilíbrio de um corpo. O Equilíbrio é um aspecto da educação do esquema corporal, já que condiciona as actividades do sujeito frente ao mundo exterior (Vayer, 1986) O Equilíbrio é uma capacidade de neutralizar forças que poderiam perturbar o seu estado, o que requer coordenação e controlo. Embora o equilíbrio seja entendido, muitas vezes, como o equivalente à estabilidade de um corpo, esta apenas significa a quantidade de resistência que um indivíduo coloca ao distúrbio do seu próprio equilíbrio (Carr, 1998). Winter (1995) define equilíbrio como um termo genérico, que descreve a dinâmica da postura corporal para evitar quedas. Apesar da aparente simplicidade da tarefa, o controlo da postura é um grande desafio para o corpo humano. Este deve ser capaz de regular o Equilíbrio em situações instáveis e, por outro lado, ser suficientemente versátil para permitir o início rápido do movimento (Duarte, 2001). Assim sendo, o ser humano é um sistema instável, a não ser que o sistema de controlo postural esteja continuamente a agir (Winter, 1995).. Podemos considerar dois tipos de Equilíbrio: i) equilíbrio estático e; ii) equilíbrio dinâmico. Assim, definimos Equilíbrio estático como a capacidade do indivíduo manter o corpo. numa posição determinada, sem. qualquer tipo. de. deslocamento. O mais comum dos equilíbrios estáticos é o postural através do qual, o indivíduo tenta manter uma determinada postura (Delgado, 1991). Para autores, como Negrine (1987) e Delgado (1991), o equilíbrio estático é definido como a capacidade de manter a postura sobre uma base. Quanto menor a base de sustentação mais difícil será a tarefa a realizar. Consideramos Equilíbrio dinâmico, aquele que é conseguido com o corpo em movimento, determinando sucessivas alterações da base de _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 20.

(33) _____________________________________________________________________________FADEUP. sustentação (Negrine, 1987). Os problemas apresentados neste tipo de equilíbrio são mais complexos do que no equilíbrio estático, pois o sujeito está condicionado às forças externas que actuam sobre ele (Delgado, 1991). Os órgãos do ouvido, da visão, do tacto e os órgãos cinestésicos assumem uma importância relevante na manutenção do equilíbrio, seja ele estático ou dinâmico.. 3.OBJECTIVOS E HIPÓTESES 3.1. Objectivos do Estudo. 3.1.1. Objectivo geral. Desenvolver um trabalho de Actividade física, com ênfase psicomotora, utilizando actividades que visem minorar as dificuldades e potenciar as qualidades de locomoção da criança com Necessidades Educativas Especiais.. 3.1.2. Objectivos Específicos.  Promover o desenvolvimento da motricidade global da criança  Promover o aumento dos níveis de força dos M.I.  Avaliar o efeito do programa de Actividade Física na postura e no Equilíbrio da criança.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 21.

(34) _____________________________________________________________________________FADEUP. 3.2. Hipótese do Estudo. A criança com Multideficiência, ao ser submetida a um Programa de Actividade Física Geral, evidencia uma melhoria no Equilíbrio, quer estático quer dinâmico.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 22.

(35) _____________________________________________________________________________FADEUP. 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Instrumento de avaliação e procedimentos de aplicação 4.1.1. Estudo de caso. Após definirmos os objectivos do nosso trabalho, procurámos um instrumento de observação que nos permitisse avaliar o perfil psicomotor da nossa amostra e a partir daí, desenvolver um programa que ajudasse a reduzir as suas carências psicomotoras. Optamos assim, por um Estudo de caso. Estudo de caso é uma tarefa que tem por objectivo a tentativa de aprofundar o nível de compreensão de um momento que está a ser vivido por um “ or gani smo humano”( Bel as,1998) . Dito de outra forma, pretendemos referenciar o maior número de dados que nos permitissem compreender o comportamento de um determinado indivíduo. Todavia, como Refere Yin (1989), para atingir os objectivos do estudo de caso, devemos organizá-lo em três fases: a primeira, Revisão da literatura, que compreende a preparação e a selecção dos dados para iniciar o estudo em causa; a segunda consiste no desenvolvimento do estudo, descrevendo e relatando as orientações e decisões aplicadas; por último, a terceira fase, em que se finaliza e se retiram as conclusões sobre o estudo de caso.. 4.1.2. Bateria psicomotora (BPM) –Vítor da Fonseca (1996). Para a avaliação do nosso estudo utilizámos a Bateria psicomotora de Fonseca (1975), não apenas pela simplicidade do material a utilizar, bem como ainda pelo facto de se tratar de uma bateria largamente experimentada. Esta permite a construção de um perfil psicomotor das crianças observadas, possibilitando assim, o desenvolvimento de um programa personalizado e adequado às suas necessidades.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 23.

(36) _____________________________________________________________________________FADEUP. A BPM é um dispositivo diferente das escalas de desenvolvimento motor. Trata-se de um instrumento, baseado num conjunto de tarefas, que permite detectar défices funcionais em termos psicomotores, cobrindo a integração sensorial e perceptiva que se relaciona com o potencial de aprendizagem da criança (Fonseca, 2007). Quadro 9. Relação entre as unidades de Luria com os factores e subfactores da BPM. 3ª Unidade de Luria. 2ª Unidade de Luria. 1ª Unidade de Luria. (Adaptado de Fonseca, 1992 in Santos, 2005) Tonicidade Função integrada do sistema nervoso, no qual as articulações são fixas pelos músculos em determinadas posições, preparando a actividade postural e cinética.. Tónus de suporte:  Extensibilidade  Passividade  Paratonia. Tónus de acção:  Diadococinésia  Sincinésias. Equilíbrio Condição básica de organização psicomotora que reúne um conjunto de aptidões estáticas e dinâmicas necessárias para adquirir um correcto e apropriado ajuntamento à força gravitacional.  Imobilidade  Equilíbrio dinâmico  Equilíbrio estático Lateralidade “ É o pr edomí ni of unc i onalde um l ado do cor po humano sobr e o out r o,det er mi nado pel a supr emaci aqueum hemi s f ér i ocer ebr al ex er cesobr eoout r o”( I r i ar t e,1990ci t .Mendes,2001: 38) Telereceptores: Proprioceptores:  Visão e audição  Mão e pé Noção do corpo “ I magem docor pohumanoehumani z ado,i magem adqui r i da,el abor aeor gani z adanocér ebr odo i ndi v í duopormei odas uaapr endi z agem medi at i z ada. ”( Fonsec a,1992:212)  Sentido cinestésico  Imitação de gestos  Reconhecimento d- e  Desenho do corpo  Auto- imagem Estruturação Espaço- Temporal “ Emer gedamot r i c i dade,dar el aç ãocom osobj ec t osl ocal i z adosnoespaço,dapos i çãor el at i v a queocupaocor po( …) . ”( Fonsec a,1992: 216)  Organização  Representação topográfica  Estruturação dinâmica  Estruturação rítmica Praxia Global “ Si st emasdemov i ment oscoor denadosem f unç ãodeum r esul t adoedeumai nt anção”( Pi aget , 1975 cit Fonseca, 1992:240)  Coordenação óculo- manual  Dismetria  Coordenação óculo- pedal Praxia Fina “ Aqui s i ç ãosuper i orquer equeraconj unçãodospr ogr amasdeacç ão( …)edef unç õesi ner ent esa um ór gãoespeci al i z adonaex pl or ação,mani pul açãoepr eensãodosobj ec t os”( Fonseca,1992)  Coordenação dinâmica manual  Velocidade- precisão  Tamborilar. A BPM é composta por sete factores e tem como principais objectivos relacionar e justificar os vários factores e sub factores psicomotores com as. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 24.

(37) _____________________________________________________________________________FADEUP. três unidades funcionais do cérebro, segundo o modelo Luriano (ver quadro nº9).. 4.1.3. Procedimentos metodológicos. Como referido anteriormente, este estudo tornou-se possível graças a um protocolo entre a Junta de Freguesia de Ramalde e o gabinete de Actividade Física Adaptada da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Para a aprovação desta iniciativa foram solicitadas as devidas autorizações aos órgãos competentes da Faculdade, da Junta de Freguesia e da Escola, bem como aos docentes responsáveis pela Unidade de Intervenção Especializada (U.I.E) e por fim, mas não menos importante, aos encarregados de Educação da aluna. O nosso trabalho constituiu-se como a continuação de uma iniciativa que teve o seu início no ano lectivo de 2003/2004, revelando-se de grande importância, visto possuirmos um conjunto de metodologias e resultados anteriormente apurados, que foram de grande utilidade aquando da realização da nossa intervenção, permitindo, com mais facilidade, o conhecimento das capacidades. e. perfis. do. comportamento. motor. da. aluna. com. que. desenvolvemos o nosso trabalho. A nossa intervenção decorreu no ano lectivo de 2006/2007, mais precisamente entre os meses de Dezembro e Maio, desenvolvendo-se em sessões bissemanais de cinquenta minutos cada. A forma de observação e avaliação realizou-se através da aplicação da Bateria Psicomotora de Vítor da Fonseca (1975). Realizamos dois momentos de avaliação. O primeiro teve lugar no início da nossa intervenção, tendo o segundo ocorrido no final da mesma. A forma de execução dos diversos testes apresentou-se sempre contextualizada com as sessões, na medida em que os exercícios foram sempre direccionados para o que se pretendia avaliar. As sessões de avaliação foram registadas em imagem, usando-se para esse fim uma câmara de fotografia e vídeo Cyber-shot. De referir que foi pedida _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 25.

(38) _____________________________________________________________________________FADEUP. autorização para a captação de imagens aos responsáveis da U.I.E., a qual foi aceite com o comprometimento das imagens terem como fim único a análise destas e não a sua divulgação. As sessões realizaram-se dentro da sala da U.I.E., no corredor adjacente a esta, no átrio de entrada e no exterior da Escola. Tivemos o cuidado de criar as melhores condições possíveis para a realização das sessões, cumprindo um conjunto de rotinas que favorecessem as condições mais adequadas de prática por parte da aluna.. 4.1.4. Procedimentos Estatísticos. As cotações aplicadas no nosso estudo obedecem a critérios estabelecidos por Fonseca na sua Bateria (1996). O resultado total da BPM é obtido contando nos quatro parâmetros já apresentados todos os sub factores, sendo a cotação média de cada factor arredondada. Essa cotação foi transferida para uma primeira página de registo, onde se encontra o perfil psicomotor (ver pág.32). Desta forma, a cotação máxima da prova poderá atingir os 28 pontos (4x7factores), a mínima de sete pontos (1x7pontos) e a média de 14pontos. Com base nessas pontuações, pode construir-se uma escala que aponta para os seguintes valores (Fonseca, 2007). Quadro 10. Escala –Relação entre os pontos da BPM e o Perfil Psicomotor (Adaptado de Fonseca, 2007:128) Pontos da BPM. Tipo de perfil Psicomotor. Dificuldades de aprendizagem. 27-28. Superior. ___________. 22-26. Bom. ___________. 14-21. Normal. ___________. 9-13. Dispráxico. Ligeiras (específicas). 7-8. Deficitário. Significativas (moderadas ou Severas). Através. desta. pontuação,. Fonseca. (1996) constrói as. escalas. apresentadas nos quadros nº10 e nº11. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 26.

(39) _____________________________________________________________________________FADEUP. Quadro 11. Escala –Cotação de cada prova da BPM (Adaptado de Fonseca, 2007:301) Cotação/ Nível práxico 4 - Hiperpraxia 3 - Eupraxia 2 - Dispraxia 1- Apraxia. Nível de Realização Realização perfeita, precisa, melódica e com facilidades de controlo Realização completa, adequada e controlada (bom, disfunções indiscerníveis). Realização fraca, com dificuldades de controlo (fraco, insatisfatório) e sinais desviantes. Ausência de respostas; realização imperfeita incompleta (muito fraco e fraco); disfunções evidentes e óbvias.. 4.2. Caracterização da Aluna A aluna frequentava uma Unidade de Intervenção Especializada inserida numa escola do Ensino Básico do Centro da Área Educativa do Porto, incluída na Direcção Regional de Educação do Norte. As informações recolhidas resultaram da leitura do dossier individual da aluna, tais como o Plano Educativo individual (PEI) e a sua ficha de caracterização, elaborados pelas docentes da escola e aprovados pelo Núcleo de Orientação Educativa e Educação Especial do departamento de Educação Básica do Ministério da Educação. Para além destes, tivemos em conta os trabalhos de âmbito monográfico dos professores da aluna em anos anteriores. A amostra foi constituída por uma aluna multideficiente de 10 anos de idade, manifestando como características mais evidentes a deficiência mental, epilepsia, atraso motor e o estrabismo. A respeito da sua história clínica, ainda dentro do útero, apresentou hemorragias causadas pelo relaxamento da placenta, tendo nascido de cesariana às 38 semanas com o peso de 3,500 Kg. Iniciou, nos primeiros dias de vida, uma epilepsia de difícil controlo, tendo ficado internada 3 meses no hospital, com recurso a uma medicação rigorosa.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 27.

(40) _____________________________________________________________________________FADEUP. Em 1998 a aluna ingressou numa creche de uma escola regular onde permaneceu até 2003, altura em que transitou para a escola que actualmente frequenta. A aluna é apoiada pelo Centro de Paralisia Cerebral do Porto. No ano transacto, beneficiou de duas sessões de terapia da fala, deixando posteriormente, e sem qualquer explicação, de usufruir das referidas sessões, ficando o Centro de Paralisia de contactar os pais para marcar, mais tarde, outra sessão. De uma forma global o PE elaborado para a aluna foi eficaz, reflectindose no seu desenvolvimento. A postura inicial de isolamento e a não tolerância ao toque foram desaparecendo, dando lugar a uma postura afável, da qual resulta um cumprimento através de um beijo e um abraço a todos os seus conhecidos. Numa primeira fase, a aluna necessitava de apoio para adquirir uma posição bípede. Nos últimos anos, a aluna tem registado grandes progressos, tendo passado a conseguir assumir a posição bípede e a realização da marcha sem apoio. Apesar disso, a marcha efectuava-se de forma arrastada. Relativamente à tonicidade, a aluna apresentava um grau normalizado, embora se verificassem alguns movimentos fragmentados e dissemelhantes. No que concerne ao equilíbrio, verificavam-se algumas limitações no equilíbrio dinâmico, do qual resultava uma marcha com movimentos pouco precisos, ou seja, pouco harmoniosa.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 28.

(41) _____________________________________________________________________________FADEUP. 4.3. Caracterização do meio 4.3.1. Unidade de Intervenção Especializada (U.I.E.). A U.I.E. é uma sala situada na escola onde decorreu o nosso estudo. É uma sala ampla, com aproximadamente 50m². A parede exterior é composta por janelas com cortinas. Tem vista para o pátio de entrada da escola. No lado oposto, encontra-se a porta que dá acesso ao corredor interior do edifício. Nessa parede, encontra-se uma mesa com dois computadores e está ladeada por dois armários, onde se arrumam dossiers e outro material. No centro da sala encontra-se uma mesa quadrada com cadeiras. A sala tem um quadro, um lavatório e está decorada à sua volta com pinturas e desenhos coloridos. Tem ainda, suspensos no tecto figuras e desenhos de variados motivos. Em relação a materiais móveis, esta possui uma grande variedade de colchões, Bolas Suíças (de variados tamanhos), uma piscina de bolas, várias almofadas e um balão musical de cristal. Possui ainda materiais mais pequenos,comol i v r os,puz z l es ,um gr av adordec d’ s,bonec oseout r os. Em relação ao pessoal docente, este é composto por três educadoras, uma estagiária e uma auxiliar. A U.I.E. tem a seu cargo seis alunos com NEE, incluindo a aluna do nosso estudo.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 29.

(42) _____________________________________________________________________________FADEUP. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 30.

(43) _____________________________________________________________________________FADEUP. 5. Apresentação e Discussão dos Resultados No presente capítulo apresentamos e discutimos os resultados obtidos após a aplicação do programa de intervenção por nós proposto. Como tal, e com o fim de verificar as progressões da aluna, realizamos duas observações: uma no início e outra no final da nossa intervenção. Tendo em vista o objectivo do nosso trabalho, seleccionamos para avaliação apenas alguns factores da Bateria Psicomotora. Os factores avaliados foram: a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, a noção do corpo e a práxia global. Não foram avaliados os factores estruturação espácio- temporal e a práxia fina. A razão da não inclusão destes factores prendeu-se com o facto de: - as tarefas do factor estruturação espacio- temporal exigirem da aluna o entendimento de ordens simples e complexas, além da aquisição de noções numéricas e matemáticas, factores que não estavam, em nosso entender, presentes na nossa aluna; - não tínhamos como objectivo avaliar a motricidade fina da aluna, pois não consideramos relevante para o caso. Desta forma, e visto que retirámos dois factores de avaliação, optámos por realizar uma análise individual da média dos factores.. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 31.

(44) _____________________________________________________________________________FADEUP. 5.1. Aplicação da Bateria Psicomotora - Vítor da Fonseca, 2007 1ª Observação Perfil 3. Tonicidade. 2. 2ª Unidade. Lateralidade. Praxia Global. 1. X. Equilíbrio. 3ª Unidade. 3ª Unidade. 4. X X. Noção do Corpo. X X. Escala de Pontuação: 1. Realização imperfeita, incompleta (fraco) –Perfil apráxico 2. Realização com dificuldades de controlo (satisfatório) –Perfil dispráxico 3. Realização controlada e adequada (bom) –Perfil eupráxico 4. Realização perfeita, económica, harmoniosa (excelente) –Perfil hiperpráxico. 1ª Unidade de Luria 1.1 –Tonicidade Hipotonicidade: Não Extensibilidade: Membros Inferiores ………. Membros Superiores ……. . . Passi vi dade………………………………………. Paratonia: Membros Inferiores ………. Membros Superiores ……. . . Diadococinésias: Mãodi r ei t a………………… Mão esquerda ……………. Sincinésias: Bocai s……………………… Cont r al at er ai s……………. . .. Hipertonicidade: Não 4 4 4. 3 3. 2 2. 3. 2. 1 1 1. 4 4. 3 3. 2 2. 1 1. 4 4. 3 3. 2 2. 1 1. 4 4. 3. 2. 3. 2. 1 1. _________________________________________________________________________________ Efeito de um programa de actividade física no equilíbrio de uma criança com multideficiência. 32.

Referências

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