DEPARTAMENTO
DE
CLINICA
MEDICA
-
EFEITO
DA
IIIPERCAPNIA
AGUDA
SOBRE
O
pH
INTRAMUCOSO
GAST
RICO
Autora: Janete
Eunice Wiltgen
Orientador:
Eliézer
Silva
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
EANTA
CATARINA
CENTRO
DE
CIENCIAS
DA
SAUDE,
DEPARTAMENTO
DE
CLINICA
MEDICA
EJANETE
EUNICE
WI›LTGEN
EFEITO
DA
I-HPERCAPNIA
AGUDA
`
Í
SOBRE
O
pH
INTRAMUCOSO
GASTRICO
TRABALHO
DE
CONCLUSÃO
DO
CURSO DE
GRADUAÇÃO
EM
MEDICINA APRESENTADO
DURANTE
A
JORNADA
DO
INTERNATO
MEDICO, SOB
ORIENTAÇAO
DO
Dr.
ELIEZER
SILVA.
1‹¬LoRIANÓ1>oL1s
-SANTA CATARINA
3.
AGRADECIMENTOS
Meu
agradecimento,em
especial, ao Dr. Eliézer Silva,que sempre
soube transmitircom
muito carisma seu vasto conhecimento, e ao colegaPablo
Moritz,por
tomar o
transcorrer deste trabalho muito mais
ameno.
Aos
colegas eamigos
Joelde
Andrade, Gina
Vieira Velho,Fernando
Osni
Machado, Marcos
Quilante, aomeu
irmãoAdelberto
Vitor Wiltgen, aos funcionáriosda
UTI
do
Hospital Universitário e a todos aqueles que, dealguma
forma possibilitaram arealização deste trabalho.
SUMÁRIO
LISTA
DE
QUADROS
E
FIGURAS
... ..06
LISTA
DE ABREVIATURAS
... .f. ... ..08
RESUMO
... ..§ ... .. 11ABSTRACT
... .. 131-INTRODUÇÃO
... .. IsII-OBJETIVOS
... ..17
111 -ESTADO
DA
ARTE
... .. 19Iv
-MATERIAL
E
MÉTODOS
... ..42
V
-RESULTADOS
...46
VI-
DISCUSSÃO
... ..52
VII-
CONCLUSÕES
...só
VIII -REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ..58
7
LISTA
DE
QUADROS
E
FIGURAS
Quadro
1. Características clínicas, escoreAPACHE
II,pHim
epHi
standard basais edesfecho
dos
pacientes ... ..- ... ..47Quadro
I2.Parâmetros
hemodinâmicos
(PAM,
FC), temperatura
axilar, saturação arterialde
Oz
eparâmetros
respiratórios basais,durante
hipercapnia eno
retorno ànormocapnia
... ..51Quadro
3. Pressão arterial eintramucosa de
COz,
bicarbonato arterial,pH
intramucoso
gástrico,pH
intramucoso
standard epH
arterial basais,durante
hipercapnia eno
retorno ànormocapnia.
Figura
1. Efeitoda
hipercapniaaguda
sobre opHim
epHi
standard ... ..48Figura
2. Efeitoda
hipercapniaaguda
sobreo
pHim
. ... ..49Figura
3. Efeitoda
hipercapniaaguda
sobre opHi
standard ... ..49LISTA
DE ABREVIATURAS
-
AAI
:Abdome
agudo
ínflamatório._-
AAA
:Aneurisma
de
aortaabdominal.
-
AC
:Anidrase
carbônica.-
ACTH
:Hormônio
adrenocorticotrópico.-
ADP
: Difosfatode
adenosina.-
APACHE
:Acute
Physiologyand
Chronic Health
Evaluation.-
ATP
: Trifosfatode
adenosina.'
-
AVE
:Acidente
vascular encefálico.-
BPN
:Broncopneumonia.
-
CDO
:Curva
de
dissociaçãoda
oxi-hemoglobina. -COz
: Dióxidode
carbono.-
DC
:Débito
cardíaco.-
DM
z Diabetes mellitus. _-
DMOS
:Disfunção de
múltiplos órgãos e sistemas. -DOz
: Ofertade
oxigênio-
EAP
:Edema
agudo
pulmonar.
-
FiOz
:Fração
inspiradade
oxigênio.-
FR
:Frequência
respiratória.-
H2
:Receptor
de
histamina 2.-
HCO;
:Bicarbonato
arterial.-
HDA
:cHemorragia
digestiva alta.Í
-
IRA
: Insuficiência respiratória aguda.-
Oz
: Oxigênio.-
PaCOz
: Pressão parcialde
dióxidode
carbono no sangue
arterial -PAM
: Pressão arterial média.-
PEEP
: Pressão positiva expiratória final.-
PVC
: PressãoVenosa
Central.-
RVS
: Resistência vascular sistêmica.` ~
-
SARA
:~Síndrome da
angústia respiratóriaaguda.
-
Sa0z
:Saturação
arterialde
oxigênio.-
SR
:Supra
renal.-
TGI
:Trato
gastrointestinal.-
TRM
:Traumatismo
raqui-medular. -UTI
:Unidade
de
terapia intensiva. -VC
:Volume
corrente.'
-
VM
:Volume
minuto. \~
RESUMO
Objetivos: mensurar os efeitos
da
hipercapniaaguda
sobre opH
intramucoso gástrico; validaro
pH
intramucoso standard.Desenho:
estudo prospectivo, intervencionista, controlado.Local:
Unidade
de Terapia Intensivamédica
e cirúrgicade
um
Hospital-escola.Pacientes: o estudo incluiu 10 pacientes consecutivos sob ventilação mecânica,
que
requeriamsonda naso-gástrica,
sem
evidência de distúrbioshemodinâmicos
eque
nos quaisnão
se encontrounenhuma
contra-indicação de hipercapnia.A
média
etária foi de 50,2 i13,71 anos(variando
de
29
a 77) e amédia
do
scoreAPACHE
II foide
21,1É
6,62 (variandode
11 a 29).Intervenções: pacientes
foram
sedados e ventiladosno
modo
controlado. Hipercapnia foiinduzida durante 45-60 minutos pela diminuição
do volmne
minuto até aPaCOz
aumentar,no
minimo,
40%.
Medidas
e principais resultados: as mensuraçõesdo
pH
intramucoso gástricoforam
feitasatravés
do
tonômetro gástrico antes, durante e após a induçãoda
hipercapnia, apósum
período de equih'brio de
45
minutos para cada medida. Estes valoresforam
substituídosna
equação
de
Henderson-Hasselbalch ena
equaçãodo
phi standard. Controlou-se, a intervalosde
30
minutos, a temperatura, pressão arterial média, fiequência cardíaca e respiratória.O
volume
minuto foi reduzido de 9.93i
3.21 para 5.27i
1.66, aPaCOz
elevou-se (33.89i
6.13para 56.75
i
11.02mmHg),
opH
arterial diminuiu (7.43i
0.06 para 7.244Í
0.08) e aconcentração de bicarbonato arterial se
manteve
inalterada.A
freqüência cardíacaaumentou
(91.96
i
17.73 para 110.71 i- 22.98 bpm), e a pressão arterialmédia pennaneceu
inalterada.A
PCOz
da
solução salinaaumentou
(38.35i
9.37 para 63.87i
10.06 mmI-Ig),o
pHim
diminuiu(38.35
i
9.37 para 63.87i
10.06mmHg)
e opHi
standardpermaneceu
inalterado.Conclusões: Estes dados indicam
que
a hipercapniaaguda produz
alteraçõesno
equilibrioácido-básico sistêmico dificultando a interpretação
do
pH
intramucoso,quando
se usa aequação de Henderson-Hasselbalch.
O
pH
intramucoso standard é provavelmente, neste caso,uma
melhor
expressão das consequências das alteraçõesda
PCOz
arterial sobre o leito tecidual.Considerando esta prernissa, a hipercapnia
aguda não
teve efeito sobre a perfusão esplâncnica. Palavras-chave:pH
intramucoso;mucosa
gástrica; hipercapnia; tonometria.Objective: to measure the effects
of
acute hypercapniaon
the gastric intramucosalpH;
tovalidate the standardized gastric intramucosal
pH.
Design: prospective, interventional, controlled study.
Setting: medical/surgical intensive care unit
of an
university hospital.'
Patients: the study included 10 consecutive patients under mechanical ventilation,
who
required nasogastric suctioning, without evidence
of
hemodynamic
distubancesand
inwhich
no
contraindications to permissive hypercapniawas
found.The
mean
ageof
the patientswas
50.2
i
13.71yrs (range29
to 77) and themean
admission acute physiologyand
chronic healthevaluation
(APACHE)
II scorewas
21.1i
6.62 points (range 11 to 29).Interventionsz Patients
were
sedated and ventilated in the controlledmode.
Hypercapniawas
induced over a 45-60 minute period
by
decreasing minutevolume
untilPaCO2
increased in40%
at least.Measurements
and
main
results: Gastric intramucosalpH
measurements
were
made
by
gastric tonometry before, during and afier the induction
of
hypercapnia, afteran
equilibrationtime
of 45
minutes for each measurement.The
valueswere
substituted in theHenderson-
Hasselbalch and in the standardized intramucosal
pH
equation. Temperature,mean
systemicarterial preassure, heart and respiratory rate
were
detemrinated every30
minutes.Minute
ventilation
was
reducedfrom
9.93i
3.21 to 5.27 i- 1.66,PaCO2
increased (33.89i
6.13 to 56.75i
11.02mmHg),
arterialpH
decreased (7.43i
0.06 to 7.24i
0.08) and the arterialbicarbonate concentration
was
unchanged.The
heart rate increased (91 .96i
17.73 ot 110.71i
22.98- beats/min) and
mean
systemic arterial pressure remained unchanged. SalinePCO2
increased (38.35
i
9.37 to 63.87i
10.06mmHg), pHim
decreased (7.3li
0.15 to 7.12i
0.11)
and
pHi
standard remained unchanged. _Conclusions: These data indicate that acute hypercaprria produces a systemic acid-base
balance disturbance that have confounding effects
on
themeasurement of
intramucosalpH
when
one
use the Henderson-Hasselbach equation. Standardized intramucosalpH
is probably,in this case, a better expression
of
th consequencesof
the changes in arterialPCO2
in the tissuebed. According to this hypothesis, the splanchnic perfusion
was
not alteredby
the acutehypercapnia.
H
1 -
INTRoDUgÃo
Tonometria
gástrica é amensuração
indiretado
pH
intramucoso gástrico (pHim) dascamadas
superficiaisda
mucosa
do
trato gastrointestinal, através deum
balão de siliconepermeável ao dióxido
de
carbono, situadona
extremidadede
uma
sonda nasogástrica. Dentre as formas de monitoraçãoda
oxigenação tecidual, opHim
parece hoje deslocar as atençõesdas medidas
de
oxigenação global,como
as variáveishemodinâmicas
e os cálculos de oferta econsumo
de oxigênio arterial, para a monitoração regional,em
questão,do
tratogastrointestinal.
Ào
contrário das primeiras,que
não
detectam variações regionaisde
oxigenação, a
medida do
pH
intramucoso gástrico refleteo
balanço ácido-básico tecidualem
uma
das primeiras regiõesdo
corpo a desenvolver disóxiano choque
(l,2).A
tonometria provê, portanto,um
método pouco
invasivo e muito sensívelna
detemiinação precoce
do
risco de desenvolvimento de injúria esplâncnica e suasconsequências,
como
translocação bacteriana (3), sepse (4) e disfunção. de múltiplos órgãos(5).
Tem-se
demonstradotambém
a possibilidade de proteger muitos pacientes destasdesordens e melhorar sua sobrevida através de ações terapêuticas precoces
que incrementem
a oxigenação sistêmica direcionadaspelopHim
(6). ,A
hípercapnia permissiva éuma
modalidade de ventilação mecânica, na qual se utilizabaixos valores de volume' minuto, induzindo hipoventilação alveolar e consequentemente
aumentando
os níveisda PaCOz,
limitando destafomia
a pressão nas vias aéreas.Em
pacientessob ventilação mecânica, a hípercapnia permissiva é
uma
estratégia de manuseioonde
aprioridade é a prevenção
da
hiperinsuflaçãopulmonar
severaou
a limitação determinada pelamesma
em
detrimentoda
ventilação alveolar nomial. Existem ainda controvérsias sobre os efeitos diretosda
hípercapnia sobre afimção
digestiva (produçãode
ácido gástrico) e aII -
OBJETIVOS
Mensurar
0 efeitoda
hipercapniaaguda
sobre 0pH
intramucoso gástrico; validaro
pH
III»-
ESTADO-DA
ARTE
pH
intramucoso
gástrico'. Tonometria. refere.-se àz
mensuração
da. pressão. parcial de.um
gás, sendo agastrointestinal utilizada para
medir
a
pressão parcial deCOz
da
mucosa
deste órgão (PiCOz).Esta medida,
quando
usadaem
conjuntocom
oHCO3
arterial, servecomo
uma
estimativaindireta
do
pH
intramucoso (pHim)do
intestino (8).Sabe-se desde 1964, com. Bergofsky (9),
que
o fluido dentro deuma
vísceraoca
pode
ser usado para estimar as tensões gasosas dos tecidos circundantes. Esta noção foi expandida
por outros investigadores durante os 18 anos subsequentes (8),
com
Fiddian-Green et al (10)fazendo
o
maior avanço metodológico dentroda
proposta deque
a tonometria poderia ser usada para estimaro
pHiin gastrointestinal.Sua
suposição chave foi que concentraçõesde
HCO;
no
tecido e sangue arterial são suficientemente similares paraque
a última pudesserepresentar
o
valor intramucosona
equação de Henderson-Hasselbalch, juntocom
a PiCOz.Na
prática clínica, amedida do
PCOz
luminal (PiCOz) é facilitada pelo uso deum
tonômetro,uma
sonda nasogástricamodificada
com
um
balão de silicone, permeável somente a gases,atado à sua extremidade distal (8).
O
leito vascular esplâncnico normalmentecomporta
30%
do volume
sanguíneo total erecebe 'A
do
DC.
Desta última quantia, aproximadamente75%
é distribuido para os intestinosdelgado e grosso (40 e
20 ml min*
l00g`1, respectivamente). Expressadosem
termos de Lmidade de peso, estes níveis são 10 vezes maioresdo
que recebe o músculo esquelético,mas
somentemetade do
que recebeo
coração e o cérebro (5). V,A
21
Quatro regiões anatomicamente distintas
compõem
a vasculatura intestinal (ll): 1)arteríolas e metarteríolas,
que
definem
perfiisão dentrodo
TGI' e são responsáveis pelaautoregulação
do
fluxo
sanguíneoem
pressões de perfusão entre80
e 160mmHg.
As
arteríolas
no
leito vascular mesentérico são desproporcionahnente sensíveis aos efeitosde
angiotensina II e
sem
dúvida outros vasoconstrictoresendógenos
liberados durante falênciacirculatória. 2) esfincteres pré capilares,
que
controlam onúmero
de capilares perfundidos. 3)capilares, através dos quais a troca de nutrientes e gases ocorre. H4) vênulas e veias pós-
capilares,
que
sequestram a maior partedo volume
sanguíneo contido dentro do leito vascularesplâncníco.
A
venoconstricção esplâncnicapode
transferir quantias substanciais de sangue para dentroda
circulação sistêmica,com
pequena
ou
nenhuma mudança
na
resistência vascularperiférica total (12).
O
,fluxo sanguíneo ao intestino não éhomogêneo
atravésda
parede intestinal.O
fluxo
sanguíneo
mucoso
médio
é 2 a4
vezes maiorque
ofluxo
muscular, expressado por unidadede
peso de tecido.
Uma
das razões para esta distribuição desigual é ademanda
aumentada
deOz
eoutros nutrientes pelo vilo intestinal
que
é responsável por muitas funções absortivas esecretórias (5).
O
fornecimento arterial para cada vilo consiste de 1ou
2 vasos não ramificadosem
andamento na
sua parte central. Pertoda
extremidadedo
vilo estes vasos arborizamem
uma
densa rede de capilares,um
arranjoque
promove
0mecanismo
de troca de contra-corrente de
Oz
de arteríolas para vênulas ao longoda
estruturado
vilo.Em
consequência disto,tensão de
Oz no
ápicedo
vilo é muito mais baixado que
aquelano
sangue arterial (13).A
arteríola nutriente
do
vilo ramificade
seu vaso deorigem
em
ângulo reto.Em
consequência, oseritrócitos não são uniformemente distribuídos ao longo
da
microvasculatura,mas
sim,agrupados
no
centrodo
fluxo. Estas ramificaçõesem
ângulo reto são associadascom
um
fenômeno que
é denominado' “plasma skimming”,ou
seja, “plasma roçando” (14). Estefenômeno
tende a diminuir o hematócrito efetivodo
fornecimento sanguíneo ao vilo, dessemodo
reduzindo a entrega deOz
àmucosa
e tornando-a, especiahnente, vulnerável à hipóxiademanda
Oz
mucosa;fluxo
sanguíneo nãohomogêneo
atravésda
parede intestinal; shunt de
Oz
de arteríolas para vênulas pelomecanismo de
troca de contracorrente; arteríola nutriente
do
vilo ramificandoem
ângulo reto,toma
amucosa
intestinalparticulannente vulnerável às alterações
na
perfusão e oxigenação.A
tonometria gástricaou
intestinal
tem
sido propostacomo
um
índice relativamente não invasivoda adequação do
metabolismo aeróbico
na
mucosa
intestinal,fomecendo
um
sinal precoceda
oxigenação tecidual inadequada (5,l6). -A
medida do
pHim
na
camada
superficialda
mucosa
é obtida indiretamente pelamedida da
PCOz
no lúmen
intestinalcom
um
balão de silicone situadona
extremidadedo
tonômetro e a concentração de
HCOz
no
sangue arterial, aplicando-se estes dois valoresna
equação de Henderson-Hasselbalch:
pHim
=
6.1+
logHCO3
/PiCOz
x 0.03ATP
-)
H+
+
ADP
HH+
+
HCO3
->
H2CO3
-)
CO2
'Í'Hzo
MUCOS3
Vl
^COz
Lúmen
intestinalH
COz
Balãodo
tonômetroA
medida
é baseadana
suposiçãoque
aPCOz
nascamadas
mais superficiais damucosa
estáem
equilíbriocom
aquelano
conteúdo luminalcom
quem
estáem
contato, ena
premissaque
a concentração deHCO;
no
tecido é amesma
quanto aquela sendo entreguea
ele pelo sanguearterial e
que
o
pK
no
fluido tecidual é omesmo
que
aqueleno
plasma (16,l7).Antonsson
etal (18)
demonstraram
uma
boa
correlação entre opHim
medido
diretamenteno
espaçosubmucoso
com
uma
microsondano
espaço intersticial e pI-limmedido
indiretamente pela23
Tem-se
dito .que a premissado
HCO;
é inválidaem
estadosde
baixofluxo
eespecialmente de
nenhum
fluxo, eque
a dissociação entremedidas
diretas e indiretas nestascircunstâncias é causada por
um
decréscimono
HCO;
tecidual abaixo daquele presenteno
sangue arterial (17).
Ao
contrário, nestas circunstânciasem
que o
COz
é incapaz de serremovido
pelo sanguedo
leito tecidual disóxico, a possibilidade deque
oHCOz
tecidual sejareduzido é mais limitada, pelo aciunulo de
CO;
, devido a lei de ação das massas (19).O
HCO;
arterial diminui
quando
o sangue venoso,com
suaPCOz
elevada gerada pelotamponamento
de ácido metabólico
em
leitos teciduais disóxicos, entrana
circulação pulmonar,na
qual oCOz
pode
escapar.O
HCO;
tecidual diminui, então,como
resultadodo
efeito dilucionalda
entradado
HCO;
arterial diminuído equilibrandocom
oHCO3
no
fluido intersticial. Istonão
ocorreem
estado de
nenhum
fluxo. Então, a severidadeda
acidose intramucosapode
ser superestimadaem
um
estado denenhum
fluxo,mas
isso não deveconfimdir
a interpretaçãoda
medida,na
prática clínica,
porque
amedida do
pI-Iim é obviamente anonnal nestas circunstâncias (19).A
premissado
HCO;
parece ser válidaem
todos as circunstâncias examinadas nos estudos devalidação de
Antonsson
et al (16,18).O
equilíbrio entre oHCO;
arterial e intersticial ocorremuito rapidamente, possivelmente dentro de segundos,
em
leitos capilares perfundidos dentroda
mucosa, não importando seHCO;
arterial émudado
por eventos patofisiológicos,ou
infiisões intravenosas de
HCO;
(18). Entretanto, é sensato retardar amedida do
pHim (um
atraso de
poucos
minutos deve ser suficiente) por ocasião deuma
mudança
súbitano
HCO;
arterial
como
a induzida por infusão intravenosa deHCO;
(16).A
secreção ácida deve serinibida para que a premissa de
que
oHCO3
intersticial é omesmo
quanto aqueleno
sanguearterial seja válida.
A
secreção de ácido e geração associada deuma
maré
alcalinapode
serinibida por
um
antagonista de receptoresHz
(20,21).A
premissada
PCOz
parece ter fundamento sólido.A
barreira difusional entreo
lúmen
e ascamadas
superficiasda
mucosa
é excepcionalmente pequena.Além
disso, oCOz
equilibra- se extremamente rápido atrávesde
membranas
celulares de tecidosque
contém
grandesquantidades de anidrase carbônica ,
como
amucosa
gástrica (19). Considera-se, então,que
aPCOz
no lúmen do estômago
estejaem
equilíbriocom
aPCOz
dascamadas
mais superficiaisda
mucosa,mesmo
durante alterações rápidas (16). zambos;
aumentada;da
mucosa;
entre hidrólise deATP
e ressíntese deATP
pela fosforilação oxidativa; acidose lácticaou
a presença deacidose arterial (16).
ø Retrodifusão:
A
medida
tonométricada
PCOz
da
mucosa
apoia-sena
premissa deque
existe equihbrio entre
PCOz
luminal e mucosa. Esta suposiçãoé
aceitável para o cólon, jejunoe fleo,
mas
pode
não manter-se para oduodeno, que
secretaHCO;
pancreático,ou
para oestômago que
é exposto a ácido gástrico eCOz
gerado pelotamponamento do
ácido gástricopelo
HCO;
pancreático.A
barreiramucosa
previne a retrodifusãoda
maioriados
íonsIf
liberados pelas células parietais. Entretanto, alguns deles retrodifundem-se para dentro
da
mucosa,
onde
sãotamponados
peloHCOQ,
resultandona
geração deCOz
eaumentos na
PiCOz
,mas
isso é insignificante.A
retrodifusão deCOz,
gerada pelotamponamento
de ácidogástrico pelo
HCO;
pancreáticoou
uma
fonteexógena
deHCO;
pode
ser causa de acidoseintramucosa (l0,20).
A
PCOz
aumenta
àmedida que
a quantia de ácido entrandono
duodeno
aumenta
(16). Inibindo-se a secreção ácidacom
um
antagonistade
receptoresH2
elimina-se acontribuição
da
retrodifusão parao
decréscimono
pHim. Istotambém
previne a geraçãode
uma
onda
alcalina, necessária para assegurar a validadeda
premissa deque
o
HCO;
intersticialé
o
mesmo
daqueleno
sangue arterial (21). Antiácidos, por gerarCOz
,não
devem
ser usados,enquanto se
mede
opHim
gástrico.Do
mesmo modo
alimentação por sonda nasogástrica,por
aumentar a retrodifusão de ácido eCO;
pela estimulaçãoda
secreção ácida etamponamento
associado pelo
HCO;
pancreático, deve ser suspensa até90
minutos antesda
aferiçãodo
pHim
(8,l6).
O
usode
bloqueadorde
receptoresH2
tem
sidorecomendado
para reduziro
errona
medida do
pHim
com
tonômetro,tomando
a reprodutilidadeda
medida
excelente (21)..Entretanto,
num
estudo recente, concluiu-seque
o uso rotineiro de antagonistade
receptoresH2
não
é necessário.A
resolução final desta questão espera pornovos
estudos (22).o Perfusão prejudicada:
Tem
sido proposto que,como
urna consequênciada remoção
deCO;
tecidual prejudicada pela circulação,
PCOz
tecidualpode
aumentarna
ausência de disóxiatecidual. Portanto, o argmnento segue
afirmando que aumentos na
PCOz
mucosa
refletesimplesmente clearance
de
CO;
prejudicado, ao invésdo
tamponamento de
íonsIF
produzidos anaerobicamente (23). Isto
pode
ser a causa durante a parada cardíaca,porque
estoques de
Oz
sãoconsumidos
eCOz
é produzidomas
não removido
dos tecidos. Entretanto,25
diagnóstico, é relativamente rara
em
pacientes gravemente enfennos (24). Falando contra esseargumento,
um
significanteaumento no
consumo
deOz
esplâncnico ocorre na sepse epode
contribuir para o risco de hipóxía visceral,mesmo
que fluxo
sanguíneo seja maiorque o
normal (25). Portanto, ofluxo
sanguíneo éum
determinantedo
pHim
basicamentena
medida
em
que
ele se relacionacom
a adequaçãoda
oferta deOz
e oxigenação tecidual, ao invésde
como
ele se relacionacom
aremoção
deCOz
e exalação pelospulmões
(16).o Acidose láctica:
A
,produção de ácido láctico' pela glicólise anaeróbicanão
é,como
comumente
suposto, a causada
acidose tecidual presenteem
estados disóxicos (26).A
dissociação
do
ácido lácticoem
lactato e íonsH'
ocorre somentequando o
pH
émenor
que
6.0
ou o
pK
é 3.9.Na
variação depH
encontrada nos pacientes gravemente enfermos, tem-seconsiderado
que
os íonsÉ
liberados pela dissociação de ácido láctico não seacumulam
enem
são depletados (27). r
- Fosforilação oxidativa e hidrólise de
ATP:
A
principal fonte de ácidoem
tecidosem
normóxia
éo
COz
gerado pela fosforilação oxidativa (equilibrado pela exalação deCO;
pelospulmões) e principalmente os prótons gerados pela hidrólise de
ATP,
liberando energia para manter a integridade fimcional e estrutural dos tecidos.Apenas
0,1%
destaenonne
carga ácida.fixa
de íonsEF
é excretada pelos rins.Os
99,9%
remanescentes são exatamente equilibradospelos prótons
consumidos na
ressíntesedo
ATP
pela fosforilação oxidativa, e a reoxidação decoenzimas e citocromos reduzidos. Portanto,
em
normóxia, a única fontede
ácido éo
ácidovolátil
(HzCO3)
produzido pela fosforilação oxidativa.A
principal fonte de ácidoem
estadosdisóxicos é
o
ácidofixo
(prótons I-F) liberado durante a hidrólise deATP
e nãoconsumido na
ressíntese de
ATP
pela fosforilação oxidativa. Glicólise aeróbica e geração associada de COz,pela fosforilação oxidativa, diminui a
medida que
a disponibilidade deOz
relativo ademanda,
diminui
em
estados disóxicos. Portanto, o decréscimono
pH
tecidual,em
estados severamentedisóxicos, é exclusivamente causado pelo
aumento da
PCOz
induzida pelotamponamento de
prótons liberados pela hidrólise de fosfatos orgânicos
não
revertida.Quando
a oferta deOz
éinsuficiente para a ressíntese
do
ATP
necessário para satisfazer ademanda
energéticado
tecido, a taxa
de
hidrólisedo
ATP
excede a taxade
síntese eo
pHim
diminuiem
proporcãoao
um
PCOz
(28), estudandoo
efeitoda
hipercapniaaguda
em
seis cães, concluíramque
um
pHim
anormal diantede
uma
altaPaCOz
nãopode
sertomado
como
evidência de hipoperfusãomucosa
intestinal.Um
pHim
baixonum
pacientecom
acidose metabólica devido a falência renalnão
necessariamente significa hipóxia
mucosa
intestinal. Similarmente,um
pHim
nomaal
num
paciente
com
alcalose sistêmicanão
necessariamente significanormóxia
tecidual (29).É
concluidoque
pHim
em
um
paciente deUTI,
com
Lunadada
concentração deHCO3
tecidual, é determinado pela
PCOz
atingida apóstamponamento da
carga de ácido metabólicoliberada para dentro
do
tecidoem
estados de normóxia, disóxia e anóxia, independentementeda
taxa defluxo no
tempo.Como
já visto, ofluxo
sanguíneo éum
detemiinantedo
pHim
principalmente
na medida
em
que
relaciona-secom
a adequaçãoda
ofertade Oz
e oxigenaçãotecidual, e não de
como
ele se relacionacom
aremoção
deCOz.
Na
determinação deuma
acidose intramucosa real, é necessário considerar o balanço ácido básico sistêmico
em
adição àretrodifusão e à adequação
da
oxigenação tecidual (16).Na
maioria dos pacientes cuja secreção ácida é inibida porum
antagonistade
receptores
H2
e cujopH
arterial é nomial, opHim
real por si fornece amedida
da
severidadeda
acidose disóxica presentena
mucosa
(16).Na
mucosa
adequadamente
oxigenada,o
pHim
real é igual ao
pH
arterial e a diferença entre opH
arterial epHim
ou
PaCOz
eP¡COz
é zero.Em
disóxia, aP¡COz aumenta
acima daquela presente no' sangue arterial, eo
pHim
realdecresce abaixo daquele
no
sangue arterial, e a diferença entrepH
arterial epHim ou
entre aPaCOz
eP¡COz aumenta
(16).O
pH
arterial diminuina
acidose respiratória eaumenta na
alcalose respiratória. Contanto
que
a perfusãodo
tecido é mantida, asmudanças na
PaCOz
devem
ser refletidasno
leito tecidual, e0 componente
disóxico deve ainda ser a diferença entrepH
arterial epHim ou
PaCOz
e P¡COz. Assim, opHim
realpode
ser determinadoindependentemente
do
HCOz
(16).No
cenário de acidose respiratória, acidose intramucosa,caracterizando estado disóxico, é definida
como
um
gradientede
pH
arterial-intramucoso2
27
O
grau de disóxia presente pode, alternativamente, ser expressadocomo
pHi
standard,uma
medida que
elimina a influência dos distúrbiosno
balanço ácido-básico sistêmico,fornecendo
uma
medida
mais específicado
grau de hidrólise deATP
não revertida (16).pHi
standard=
7,40 - logP¡COz
/PaCOz
O
pHi
standard é omesmo
quanto opHim
realna
maioria dos pacientes cujopH
arterial énormal (7,40),
mas
diferedo
pHim
realquando
pH
arterial é anomial por causa deum
distúrbio sistêmicono
balanço ácido-básico (l6).Takala et al (31),
comparando
4 diferentes analisadores» de gases arteriais, verificaramque a
PCOz
salina (P¡COz) éuma
importante fonte de errona
avaliaçãodo
pHim
gástrico.O
erro é importante e depende tantodo
tipo de analisador quantodo
nível verdadeiroda
P¡COz.A
comparação
direta de valorespHim
obtidos de diferentes analisadores não é válida, pelavariabilidade entre analisadores. Para discrepâncias de medida, todas as
medidas
devem
ser feitasno
mesmo
analisador de gás sanguíneo. Vistoque
a reprodutibilidadeda
medida da P¡COz
éboa
para a maioria dos analisadores, a faixa de erro é aceitável paraavaliação clínica de
mudanças no
pHim
gástrico,quando
omesmo
analisador é usado.As
linhas guias
do
fabricantedo
tonômetrodevem
ser intimamente aprendidas, afim
de evitar medidas incorretas.O
analisadorNova
pareceu inaceitável paramedida do P¡COz de
amostrassalinas não
tamponadas
(31).O
valor absoluto separando valores normais de anormaisdo
pHim
não
tem
sidodefinitivamente estabelecido (29). Fiddian-Green et al encontraram a
média de
registros triplosdo
pHim
gástriconum
grupo de47
voluntários'com
doença
cardíaca conhecida serde
7,38com
um
desvio padrão de 0,03 (4,32).A
maioria dos estudos peri-operatóriosinformam
tertomado
um
pHim
demenos
que 7,32como
evidência de acidose intramucosa, isto é, 2 desviospadrões abaixo
da média do
grupo relatado acima (32,33). Entretanto, a maioria dos estudosem
pacientes deUTI
citam 7,35como
o limite inferior de normalidade (6,34,35,36). Valoresde
pHim
menores que
7,30 são definitivamente anomiais, ao passo queuma
zona
cinzentaOz (VOz)
Em
DOz,
VOz
dependênciada
oferta de Oz, indicando oxigenação tecidual inadequada e metabolismo celular prejudicado, e, se não corrigida, levando a acidose e morte celular final.
O
mecanismo
pelo qual aDOz
écomprometida
(hipóxia / isquemia) determina o nível deDOz
em
que oVOz
toma-se
dependente
do
fomecirnento (3 8).A
manutenção do
VOz
pelo intestino delgado é determinadapela sua capacidade de regular o
fluxo
sanguíneo, via arteríolas (diminuindo a resistência) epela sua capacidade de regular a extração de Oz, via esfincteres pré-capilares (aumentar a
extração de
Oz
é o primeiro e predominantemecanismo
compensatório para manter a VOz).A
vasodilatação arteriolar metabólica local é oposta por vasoconstricção
humoral
e neuralreflexa,
na
redistribuição sanguínea para órgãos nobres (39).O
intestinopode
toleraramplos
graus de hipoxemia
sem
um
decréscimono
VOz
mas
é lirnitadoem
sua capacidade deresponder ao
fluxo
sanguíneo diminuído (38).O
valor críticode
DOz
abaixodo
qualo
VOz
decresce, tende a ocorrer
em
um
nível mais altono
intestino (40).Também
na
sepse,o
pontocrítico
em
que
a dependênciada
oferta é induzida por isquemia, ocorrenum
patamar mais altode oferta de
Oz
(41).A
relação entreDOz,
VOz
epH
intramucosotem
sido delineadano
intestino caninoinervado, intacto, pelo uso
do
princípioda
tonometria (38). Este estudodemonstrou
que,em
isquemia
ou
hipóxia, amedida
não invasivado
pHim, pelo princípioda
tonometria, éuma
função lineardo VOz. Sempre que
oVOz
torna-se dependenteda DOz,
a oxigenação tecidualéinadequada, metabolismo anaeróbico cresce, e a formação de íons
PP
leva auma
queda no
pHim
(3 8). Portanto,um
decréscimono
pHim
sugere que a oxigenação tecidual é' inadequadaeque a deterioração celular progressiva e morte celular são iminentes (3 7).
A
avaliação convencionalda
adequação da oxigenação tecidual pelamedida
dasvariáveis
hemodinâmicas
(Pressão Sanguínea, Débito Urinário,PVC,
PCP
eDC),
cálculoda
oferta de
Oz
(DOz),consumo
deOz (VOz)
e taxa de extração de Oz, juntocom
marcadoresdo
metabolismo anaeróbico
(pH
arterial, déficit de base, concentração de lactato arterial,POz
epH
venoso misto) não fornece informação fidedigna sobre a adequaçãoda
oxigenação tecidualem
pacientesque
estão, por todos os critérios clínicos convencionais,adequadamente
29
hemodinâmicas
não são suficientemente sensíveis para retratar acomplexa
interação entre anecessidade e
o fomecimento de
energiaem
todos os órgãosdo
corpo (24).A
maioria dasvariáveis cardiovasculares são normais
em
pacientesque
subsequentementemorrem
(29).As
variáveis cardiovascularescomumente
medidas e,mesmo
aPVC
e aPCP,
somentetomam-se
anormais,
quando o
grau de hipovolemia é marcante.A
medida de
urnaPVC
ou
mesmo
PCP
normais não excluirá hipovolemia a
menos
que
a resposta ao desafio líquido seja considerada.A
resposta imediata auma
reduçãodo volume
circulante, é a redistribuiçãodo
sangue,evoluindo
do
leito esplâncnico,em
favor de órgãos mais vitais (43,44).Em
choque
séptico e traumático,DMOS
é associadacom
um
estado persistentede
choque compensado
em
que
hipotensão e oligúria são corrigidas,mas
perfusão inadequadapersiste nos órgãos esplâncnicos, especiahnente
no
revestimentomucoso
do
intestino. Esteestado parciahnente ressuscitado, está associado
com
altas taxas de morbidade e mortalidade(42).
Aproximadamente 50
a60%
dos pacientes submetidos à cirurgia maior e80%
dos
pacientes de
UTI
(6,32,34,35) estãoem
choque compensado
e portanto incompletamenteressuscitados.
Um
método
ótimo de avaliaçãoda
oxigenação tecidual é a aferição de marcadoresdo
metabolismo anaeróbicocomo
a razãoADP/ATP,
produção de lactatoou
pH
no
tecido de interesse (45).O
único monitor clínico disponível atuahnente quepode
fornecertal infomração é o tonômetro.
O
pHim tem
demonstrado serum
monitor sensível eminimamente
invasivoda
adequaçãoda
ofertade Oz
ao leito esplâncnico, áreaque
éparticularmente vuhierável ao
DC
inadequado e cuja viabilidadepode
ser críticana
evoluçãoda
DMOS
(l,2).`
Shoemaker
et al (46)têm
demonstradouma
importante redução namorbidade
emortalidade pós-operatória
em
pacientes de alto risco sendo submetidos à cirurgiade
grandeporte, pelo uso de níveis supranormais
de
índice cardíaco eDOz_
como
objetivos terapêuticos. Neste estudo,a
maioria dos pacientes alcançou seus objetivos supranomiaissomente
com
administração de fluídos.
A
hipótese central, nesta “terapia objetivo dirigida”, éque
a hipóxiatecidual encoberta desenvolverá
no
decorrerda
cirurgia seDOz
não -for aumentada, satisfazendo ademanda
crescente .Apesar
dos bons resultados desta terapia, ela requeremprego
peri-operatório de cateter arterial pulmonar,que
por simesmo,
elevao
riscode
um
DOz/VOz
da
oferta de Oz. Entretanto,a
fimção
DO;/VOz
linear éum
achadocomum
em
pacientesgravemente enfennos,
tomando-se
dificil avaliar a importância metabólicado aumento da
DOz
nestes pacientes, visto
que
esta relação carece deum
VO;
platô para ajudar a definir a transiçãodo
metabolismo aeróbico para anaeróbio (35).Além
disso, os objetivos dessa terapiacentram-se sobre a quantidade de
Oz
ejetado dentroda
aorta pelo coração, ao invés.da
subsequente distribuição de Oz.
Como
consequência, 0 intestino e figado, quetem
aumentos
substanciais
em
suas taxas metabólicasem
estados sépticos,podem
ser inadequadamenteperfundidos após ressuscitação (29,35,36,48).
As
variáveis derivadasdo Oz
são indicadoresdo
grau de hipermetabolismo
do
paciente e nãorefletem
o estado de oxigenação tecidual (48).Portanto, alcançar e/ou manter índices nomiais de oxigenação tecidual,
como
pHim,
épreferível ao uso arbitrário
de
objetivos hemodinârnicos defendido nesta terapia.Se
ospacientes apresentam
um
pHim
normal, então a oferta deOz
é adequada, independentementedo
valor absoluto (48).Estudos
têm
demonstrado não haveruma
relação entre aDOz
e opHim
(35,36,48).A
pobre correlação entre o
DO;
e opHim
pode
ser explicada porDO;
representaruma
medida
global de fornecimento de Oz, enquanto níveis baixos depHim
refletem
Luna taxaaumentada
de metabolismo anaeróbiconum
tecido específico (35).Os
pacientes mais severamente doentes provavelmentepossuem
um
maior grau de hipermetabolismo(embora
somente parciahnentecompensado)
e por issotem
níveis maiores deDOz
eVO;
(35,48).Num
estudo realizado por Gutierrez et al (35),em
que
pHim
foicomparado
com
índices sistêmicos
de
oxigenação tecidual, somentepH
venoso misto e principahnentepHim
foram
capazes de separar sobreviventes dos não sobreviventes,num
grupo de22
pacientesgravemente enfermos.
Num
grupo de30
pacientes cirúrgicos e clínicos,Marik
(48) obteveresultados similares.
O
pHim,pH
venoso misto e arterialforam
significamente mais baixosnaqueles pacientes
que
desenvolveramDMOS
e naquelesque
morreram, eVOz
eDO;
mais31
Outro estudo (36),
onde
pHim
e variáveis hemodinâmicas, metabólicas e de transportede
Oz foram
medidasna
admissão àUTI
eem
12 e24
horas após,em
83 pacientesnecessitando
de
cateterizaçãoda
artéria puhnonar,houveram
diferenças significantes entresobreviventes e não sobreviventes
na média do
pHim
na
admissão àUTI
eem
24
horas.Somente
pHim
em
24
horas independentemente previu resultado,porque
distinguiu aquelespacientes
que
responderambem
à ressuscitação.O
pHim
foi significantemente correlacionadocom
pH
arterial e déficit de base.Também
houve
uma
correlação significantecom
níveis delactato
em
não sobreviventes,mas
nãoem
sobreviventes.De
particular importânciaforam
assignificativas diferenças
na
FC
ePAM
entre sobreviventes e não sobreviventes,que
foram
mais preditivas de resultadoque
qualquer outra medida, exceto o pHim. Portanto,o
valor dos sinaisvitais
pemianece
inalterado.O
pHim
correlaciona-se muitobem
e inversamentecom
lactato venoso sistêmicoquando
ele é anormahnente elevado.Em
muitas circunstâncias, entretanto, lactato sanguíneo énormal
enquando o
pHim
é baixo enenhuma
correlaçãopode
ser demonstrada entre as duas variáveis. Lactato sanguíneopode
ser dissociadoda
adequaçãoda
oxigenação tecidualna
reperfusão
do
intestino isquêmico. Nestas circunstâncias, lactato sanguíneoamnenta
devidotecido disóxico reperfundido enquanto
pHim
aiunenta devido à melhorana
oxigenação tecidual(2).
O
pHim
correlaciona-secom
índices de oxigenação tecidual e balanço ácido-básicosistêmicos (lactato sanguíneo,
pH
arterial, déficit de base,HCO3,
pH
venoso misto)somente
quando
eles são grosseiramente anormais epode
ser dissociado delesna
reperfusãodos
leitosteciduais disóxicos (2,l6).
Friedman
et al (49)demonstraram
que concentrações de lactato epHim
são indicadoresprognósticos confiáveis
na
sepse severa, e suacombinação
melhora a avaliação prognósticanestes pacientes, minimizando os problemas relacionados às duas técnicas de monitorização.
Demonstraram
também
que
ambos
são melhores indicadores prognósticosque
variáveisderivadas
do
Oz, eque
PCOz
intramucoso parece seruma
variável mais específicaque pHim,
-pH
Vantagens Desvantagens
Lactato sanguíneo Impressão fisiológica (metabolismo
anaeróbíco).
Boa relação entre lactato e resultado em estudos clínicos.
Determinações fáceis de uma pequena
amostra de sangue.
pHim Fornece avaliação de hipóxia/isquemia
regional.
Mucosa intestinal é particularmente sensível
à isquemia.
L
Mucosa intestinal é particularmente de risco
para isquemia.
Boa relação entre pHim e resultado em estudos clínicos.
Produção de lactato aumentada pode refletir
glicólise aumentada na ausência de hipóxia celular (razão lactato/piruvato normal). `
Endotoxina pode aumentar a produção de lactato
pela inibição da enzima piruvato desidrogenase.
Clearance prejudicado (por exemplo na disfunção
hepática) pode prolongar hiperlactemia. ,_
Fenômeno “washout” (“desabamento por
inundação”) durante tratamento?
Concentraçãos aumentadas durante hemofiltração
(tampão exógeno).
i
Nenhuma informação sobre fluxo sanguíneo
regional (hipóxia regional).
`
Incerteza sobre o significado real da variável.
Necessidade de antagonistas de receptores H2?
Premissa que concentrações de HCO; arterial e
íntramucoso são idênticos.
Tubo nasogástrico
nem
sempre é necessário, ealgumas vezes é contraindicado.
Procedimento relativamente incômodo.
Material relativamente caro. lnfluência da nutrição?
Em
contraposição à maioria dos estudos utilizando a tonometriado TGI, Uusaro
eTakala (50), observaram a falta
de
melhorano
pHim
gástrico apesar deaumentos
acentuadosno fluxo
sanguíneo eDOz
esplâncnico induzido por dopexamina, concluindoque
pHim
apóscirurgia cardíaca não reflete
mudanças no fluxo
sanguíneo eDO;
esplâncnico, sugerindodistribuição de;
fluxo
sanguíneo inadequadaou
heterogênea dentroda
região esplâncnica nesta condição.33
Um
pH
intramucoso gástrico baixona
admissão àUTI
parece ser preditivo demortalidade. Doglio et al (34)
mediram
opHim
gástriconum
grupo heterogêneode 80
pacientes
na
ocasiãoda
admissão àUTI,
enovamente
12 horas mais tarde.O
grupo admitidocom
um
pHim
baixo teve maior mortalidadeem
UTI
(65.4% x 43.6%,
p<0.04).Os
pacientescom
pHim
persistentemente baixo 12 horas após a admissão àUTI
tiveram a mais alta taxa demortalidade (8 7%),
comparada
com
uma
taxade
mortalidadede somente
26.8%
no grupo
com
pHim
normal desde a admissão (p<0.00l).A
prevalência de sepsis foi maiorno grupo
com
pHim
baixo à admissão (59.2%)que
naquelescom
pHim
normal (26.4%).Os
gruposcom
pHim
baixo e normal, aindaque
tendo escoresAPACHE
II similares, tiveram diferentes taxasde mortalidade. Este achado sugere que mortalidade
pode
ser mais intimamente relacionadacom
o desenvolvimento de hipóxia tecidual local, refletida pela acidosemucosa
gástrica, ao invésdo
estado fisiológico globalcomo
determinado pelo sistemaAPACHE
II. Este estudo foirepetido por
Maynard
et al (36)que
encontraram notável concordância nos resultados.Num
estudo prospectivo, randomizado, multicêntrico sobre a eficácia da terapiapHim
dirigida, Gutierrez e colegas (6) estudaram
260
pacientes admitidos àUTI
com
escoresAPACHE
II de 15 a 25'.O
grupo controle foi tratado de acordocom
as práticascomuns
da
UTI,
enquantoo
grupo protocolo recebeu,em
adição, tratamento para aumentarDO2
sistêmica
sempre que
pHim
decresceu abaixo de 7.35,ou
para maisque
0.10 unidadesda
medida
anterior.A
intervenção protocolo consistiu de tratamentocomum
de hipotensão,hipóxia, anemia, febre, entre outros, se presentes, seguido pela infusão de fluídos e
o
inotrópico dobutamina. Eles encontraram
que
em
pacientes admitidoscom
um
pHim menor
que
7.35, a sobrevivência hospitalar foi similar nos grupos controle e protocolo(37%
X 36%),
ao passo
que
naqueles admitidoscom
pHi
normalcom
posterior queda, a sobrevivênciahospitalar foi significantemente maior
no
grupo protocolo(58%
x
42%,
p<0.0l), assimcomo
sobrevivência
em
UTI (72%
x 47%,
p<0.001).Os
autores concluíramque
a ressuscitaçãopHim
guiadapode
melhorar o resultadona
subpopulação de pacientes admitidos àUTI
com
um
pHim
nomial,podendo
ser ineficaz apósum
longo período de acidose mucosa,como
pode
ter acontecido
com
os pacientes admitidoscom
phim
baixo. Esta é a primeira vezque melhora
no
resultado deUTI
tem
sido demonstrada pela aplicação oportuna deuma
técnica demonitorização. _
com
complicações e custos pós-operatórios aumentados, assimcomo
morbidade e mortalidadeaurnentadas.
A
perfusãomucosa
intestinal deve ser mantidano
período operatório paraalcançar normalidade
na
admissão àUTI
(33).O
pHim
identifica pacientesde
risco paracomplicações após cirurgias cardíacas (3.2); prediz mortalidade
em
pacientes sépticos (34,36,48); é preditivodo
sucessodo
desmame
em
pacientesmecanicamente
ventilados (51).Também
tem
sido demonstradoque
0pHim
gástricotem
valor preditivo para sangramento maciço por úlceras de estresseem
pacientes deUTI
(30).Não
há
tratamento específico para acidosemucosa
gástrica.Uma
reavaliação completada
condiçãodo
paciente é indicada, incluindoum
exame
clínico rigoroso emedida de
parâmetros hemodinâmicos.
A
implicação éque
a oxigenaçãoou
perfusão esplâncnica declinacomo
resultadoda
hipovolemia, hipotensão e/ou hipóxia (8,24). Observar a presençade
septicemia, suficiênciado
DC
e hemoglobina, volume.Se
estes parâmetros estão corretosou
a correção terapêutica foi feita epHim
persiste baixo (<que
7.35, valor escolhido para assegurarque
pI-lim foi mantidobem
dentro dos lirnites normais), deve-se iniciar inotrópicos (6).Se
deixado
sem
tratar, istopode
progredir para instabilidade'hemodinâmica
sistêmica eDMOS
(8,24).
O
intestino é digno de atenção especial,porque
injúriamucosa
intestinal é considerada por muitos investigadores o “motor” deDMOS,
a causa maiscomum
de morte
em
UTI
atuahnente (5). ~
'
Aos
objetivos convencionais de ressuscitação,ou
seja,A
(airway) para via aérea,B
(breathing) para respiração e
C
(circulation) para circulação, recomenda-se objetivosadicionais,
que
incluemD
(delivery) para aumentar oferta deOz
a níveis que satisfaçam ademanda
metabólica para todos os tecidosdo
corpo, especialmente aquelesda
circulação esplâncnica, eE
(extratíon) para garantir extração e utilização deOz
pelos tecidos.É
propostoque
objetivoE
deveria ser restaurar opHim
gástrico à normalidade. ObjetivoD
também
é alcançadoquando
opHim
é restaurado à normalidade porque amucosa
estáadequadamente
oxigenada nestas circunstâncias.
Um
pHim
gástrico nomialpode
ser usadocomo
o
“end-point” para as metasD
e E.O
objetivoF
refere-se a necessidades futuras por objetivos endereçados a35
prevenção
da
injúria de reperfusão pela liberação de" radicais livres de Oz, translocação detoxinas bacterianas, liberação de mediadores tóxicos (4-2).
Os
mineiros de carvãocostumavam
levar consigoum
canário dentro deuma
gaiolaquando
iam
para dentro das minas. Eles. sabiamque
o canário e muito sensívelaomonóxido.
decarbono e, portanto, enquanto ele estava
bem,
elesestavam
seguros.Quando
orcanário morria,eles
iam
em
direção à superficie.É
simplesmente possívelque
do
ponto de vistade
oxigenação tecidual,o
TGI
possa ser o canário'do
corpo,um:bom,;
não caro, 'e relativamentenão
invasivo aviso precoce»do
perigo prestes a acontecer (52).Hipercapnia
PermissivaO~ papel convencional
da
ventilação mecânicana
maioria das formasde
falência respiratória foi normalizaros
gases arteriais, tendo frequentementecomo
resultado alta. pressãode
vias aéreas.O
reconhecimento-que, ventilação mecânica convencional, pode-causar injúriapulmonar
e contribuir paraDMOS'
tem
levado. à reavaliação das práticas e.dos
objetivosconvencionais (53).
Hipercapnia pemiissiva
ou
hipoventilação mecânica controlada éuma
'estratégia parao
manejo de
pacientes requerendo ventilaçãomecânica
numa
tentativa de evitar superdistensãoalveolar regional e limitar injúria
pulmonar
ventilador-induzida (7,54).É
uma
técnicaque
considera
o
volume pulmonar
reduzido disponível para aeração *alveolarcom uma
heterogeneidade mecânica extrema
do
pulmão,como
ocorrena
SARA
(55), pneumopatias, infecciosas (56), obstrução severa aofluxo
aéreo (57), eque
enfatiza'o
*controlede
pressãoalveolar ao invés
da
PaCOz
(54). Nestas circunstâncias,no
inícioda
inspiração,uma
pequena
fração
do
pulmão
é relativamente nomial, enquanto algumas áreas nãopodem.
ser recrutáveisdevido à consolidação
do
parênquimaou
à
obstrução completa das vias aéreas.Outras,em
oposição,
contém
alvéolos colapsadosmas
recrutáveis,ou
abertosmas
superinsuflados;pode
haver
comprometimento do
esvaziamento alveolar devido à obstrução parcial das vias aéreasdo
uma
(58), e run
aumento
adicional.no volume
expiratório de áreascom
constantes detempo
mecânico longas, devidoao
tempo
expiratório» insuficiente (57). Isto leva ao .prejuízohemodinâmico
e àmá
distribuição severa .da razão ventilação/perfusão,com uma
potencialmudança
da
perfusão para áreas pobremente ventiladas;amnenta
consideravelmenteos
riscos de barotrauma puhnonar. Hiperinsuflaçãocom
pressão transpuhnonar estáticaem
excesso .de30 mmHg.pode'agravar
ou
mesmo
causar injúria capilar eepitelial alveolar (59,60).Hipercapnia
pemiissivatem
sido aplicadaem
pacientescom
injúria pulmonar. aguda, obstrução severa aofluxo
aéreo e para ajudarno
desmame~ede~ventilação-mecânica (61).As
consequências finaisda
acidose respiratória sobre a funçãode
qualquer osórgão resulta de
uma
complexa
interação entre os efeitos locaisdo
COz
sobre concentraçãode
prótons e efeitosmediados pela ativação
do
sistema simpatoadrenérgico (62).Como
CO;
difunde-se livremente através das.membranas
celulares,um
aumento
no
PCOz
extracelular diminuirá opH
intracelular (7).Por
causada
abundância dee' anidrasecarbônica
(AC) no
citosol, acidose intracelularpode
ocorrer rapidamente(COz
+
HzO
+
AC-›HzCO3-›HCO3 +
É)
(63).A
acidose intracelular é 'responsável pela maioriados
efeitosda hipercapnia a nível celular.
Os
efeitos celulares em- qualquerdada
PCOz
dependem
da
eficácia de
mecanismos
de regulaçãodo
pH
intracelular (7).A
variação normal- parao
pH
citosólico- de células de- mamíferos é» geralmente 6.9- a 7.2(64).
As
flutuaçõesno
pH
intracelular são limitadas por 3 tipos demecanismos
compensatórios: 1)
tamponamento
fisico-químico, principalmente por-zproteínas e fosfatos(64), 2)
modificações no
metabolismo celular,em
particularum
fluxo
glicolítico reduzido,levando a'
uma
geração reduzida de prótons (64).O
fluxo
glicolíticooreduzido' écompensado
por um-
aumento na
deaminação oxidativa.O
estado energético é notavehnente preservado (65), e 3)modificações na
troca iônicatransmembrana (mecanismo
mais importante,ocorrendo extrusão de-~ íons