ESTUDIOS DE
HISTORIOGRAFlA LINGUiSTICA
Editado por
TERESA BASTARDIN CANDON MANUEL RIVAS ZANCARRON
Director
JosE MARiA GARciA MARTiN
, M
'DCA
U",,,,,,,d,dPrimm edieiow geptiembre Z(X)9
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o transformaci6n de esta obra s610 puede ser realizada con In uUlorizaci6n de sus Litulares. salvo excepci6n prevista por la ley. Dirljase a CEDRO (Centro Espanol de Derechos Repograficos, www.cedro.org) si necesita fOlocopiar 0 escanear algun fragmento de esLa obra»
A PRIMEIRA GRAMATICA DO PORTUGuES COMO LiNGUA ESTRANGEIRA (LUGDUNI 1672)
I.INTRODU<;AO
GON<;:ALO FERNANDES Universidade de Tras-os-Montes e Alto Douro
Centro de Estudos em Letras
Bento Pereira' e urn cultor das humanidades do seculo XVII portu-gues. Nasceu em Borba, em 1605, e, com apenas quinze anos de ida-de, entra para a Companhia de Jesus, concluindo 0 noviciado em Lis-ooa. Em 1622, come9a os estudos humanisticos no Colegio das Artes IDI Coimbra e, em 1628, termina 0 curso de Filosofia em Evora,
lec-cionando na Universidade de Evora' as disciplinas de Humanidades e Relorica, entre 1628 e 1633. Nesta fase, publica Prosodia in vocabu-larium trilingue Latinum Lusitanum et Castel/anum digesta (Evora, 1634, com licen9a de 1633). A partir deste ano (1633), come9a os
es-teol6gicos, doutorando-se em 1647 e leccionando Teologia sen-Illvel'mente ate 1670. De permeio, publica as Regras Gerays, breves, e
da me/hor Orthografia, com que se podem evitar no escrever da lingua Latina, e Portugueza, para se ajuntar
a
(Lisboa, 1666, licen9a de Dezembro de 1664) e a Ars ~ralnmatlccepro Lingua Lusitana addiscenda (Lugduni, 1672, licen9a 'Para mais detalhes da sua biobibliografia, veja-se, v.g.: Verdelho (1993: 783-184).
'A Universidade de Evora (Universidade do Espfrilo Salllo) foi criada, em 1559, .10 Cardeal D. Henrique e esteve sob as ordens dos jesuitas ate 1759, data em que 0 ,Iarques de Pombal a encerrou e expulsou a Companhia de Jesus de Portugal.
206 A primera gramatica do portugues como LLngua estrange ira
de Julho de 1669). Entre 1670 e 1672, eo revisor geral da de Jesus e Reitor do Seminiirio dos Jesuftas Irlandeses em
Bento Pereira morre em Evora, em 1681.
Bento Pereira nao e, strictu sensu, urn gramatico nem um nem urn lexic6grafo, mas, fundamentalmente, urn homem das urn pedagogo. Procurou sempre, ao logo da sua vida, elaborar
que satisfizessem as necessidades de ensino-aprendizagem, larmente, da lingua portuguesa, uma vez que ainda nao havia, ern tugal, uma disciplina que ensinasse a lingua materna (ou
portuguesa), facto que se veio a verificar apenas urn seculo concretamente em 1770, por Alvara Regio de 30 de Setembro3 bern nao nos parece despiciendo que Bento Pereira tenha vivido
monarquia filipina (ate 1640) e sob as ordens da casa de tlragaM.
3 Alvarti Regio sobre a ordella,iio das classes de wlillidade, de 30 de
de 1770: "EU EL REY Fa<;o saber aos que este Alvar' virem, que em C~:~~~l
Real Meza Censoria me foi presente, que sendo a correc\=3o das linguas hum dos objectos mais attendiveis para a cultura dos P6vQS civilizados, por derem della a clareza, a energia, e a magestade, com que devem estabelecer as
persuadir a verdade da Religiao, e fazer uteis, e agradaveis as Escritos: Sendo contrario a barbaridade das linguas a que manifesta a ignorancia das Na,5es; haveodo meio, que mais possa contribuir para polir, e aperfei<;oar qualquer desterrar delle esta rudez, do que a applica<;iio da Mocidade ao estudo da O",mmllll ea da sua propria Ungua; porque sabendo-a por principios, e nao por mero inslillClll e habito, se costuma a fallar, e escrever com pureza, evitando aquelles erros, tanto desfiguram a nobreza dos pensamentos, e vern a adquirir-se com maior dade, e sem perda de tempo a perfeita intelligencia de oUlras differentes pois que tendo todas principios communs, achar'o nellas os principiantes estudar todos os rudimentos, que levarem sabidos na Materna; de sorle que a do methodo, e espirito de educa<;ao foi capaz de elevar as Iinguas Grega, e ao grao de gosto, e perfei~ao, em que se vlram nos formosos Seculos de f\""ow,. Roma, e que bem testemunham as excelJentes, e inimitaveis Cbras, que delles nos restam: Conformando-me Eu com 0 exemplo destas, e de outras Na~Oes . nadas, e desejando, quanto em Moo he, adiantar a cultura da lingua
Pn'"''''
...
nestes meus Reinos, e Dominios, para que nelles possa haver Vassal os uleis ao tado: Sou servido ordenar que os Mestres da lingua Latina, quando receberemsuas Classes os Discipulos para Iha ensinarem, os instruam previamente par de seis mezes, se tantos forem necessarios para a instruc~ao dos Alumnos, Grammatica Portugueza, composta por Antonio Jose dos Reis Lobato, e par approvada para 0 uso das ditas Classes, pelo methodo, c1areza, e boa ordem, que he feita. E por quanto me conslou, que nas Escolas de ler, e escrever se praticava ate agora a li~ao dos processos Utigiosos. e senten~as. que s6mente servem de C()tlo sumir 0 tempo, e de costumar a Mocidade ao orgulho, e enleios do Foro: Hei bern abolir para sempre hum abuso tao prejudicial"
Gon~alo Fernandes 207
sofrendo 6bvias influencias de gramaticos espanh6is, especialmente
na sua formayao inicial -Recorde-se que, em 1640, Bento Pereira tinha 35 anos, e os intercfunbios culturais, cientfficos e pedag6gicos entre Espanba e Portugal eram frequentes, para alem de que, como jesufta, tinha acesso a todos os colegios da Companhia de Jesus.
Como jesufta, Bento Pereira seguia as instruyoes da Ratio atque Instillltio Studiorum Societatis lesu4 ou, como ficou conbecida, da
Ratio Studiorum, "promulgada por circular de 8 de Janeiro de 1599" (Torres, 1998: 86), onde se propugnava 0 ensino do Latim pel a gram a-tica do P.e Manuel Alvares, De institutione Grammatica Libri Tres (lisboa, 1572)5, e adoptada em todos os colegios jesuitas. A lingua de transmissao ai defendida era 0 Latim, a nosso ver par tres razoes fun-damentais (Fernandes, 2002: 325-326): 1.') internacionalizayao da sua gramatica, para servir para todos os colegios jesuftas; 2:) 0 Latim era, Dessa altura, uma lingua viva, a lingua franca de comunicayao interna-cional (ponce de Le6n, 2000: XLIV); e 3:) a apologia do uso do La-tim como metalingua para 0 ensino-aprendizagem das ciencias, ern
geral, e do Latim, ern particular.
Na prirneira metade do seculo XVII, esta metodologia iria ser pro-fundamente al terada em Portugal, em virtude especialrnente de as obras de Pedro Sanches (1610), parente de Francisco Sanchez de las Brozas, e de Amaro de Roboredo (1615-1625) terem side redigidas em Portugues e de os seus autares defenderem 0 uso da Ifngua mater-na como metalingua. Este facto motivou que outros gramaticos
escre-vessem as suas obras em Portugues, como, por exemplo, Bartolomeu Rodrigues Chorro (1619), Domingos de Araujo (1627), Frutuoso Pe-reira (1636), Joao Nunes Freire (1644) e Ant6nio Franco (1699) (cf.
Ponce de Le6n, 1996 e 2001).
2. O(s) DESTINATARlO(S) DAARS GRAMMATICIE
o
jesufta seiscentista Bento Pereira, apesar de ter escrito em Portu-gues 0 Florilegio dos modos de Jallar e adagios da lingua portugueza (lisboa, 1655), e as Regras geraes, breves e comprehensivas da mel-• "Ordem e Metodologia dos Estudos da Campanhia de Jesus"
5 Sobre a De illsrillllione Grammatica Libri Tres de Manuel Alvares. veja-se: Ponce de Le6n (2000 e 2005).
208 A primera gramatica do portugues como Hngua estrangeira
hor orthographia, com que se podem evitar erros no escrever da lin· gua latina e portugueza (Lisboa, 1666), sentiu necessidade de
produ-zir uma gramatica da Lingua portuguesa especialmente para os estran-geiros que quisessem aprender 0 idioma Luso. Por isso, tambem como ALvares, fe-Lo directamente em Latim, a entao lingua de comunica~iio
gLobaL Denominou-a Ars Grammaticee pro Lingua Lusitana addis· cenda Latino Idiomate proponitur, in hoc libello, velut in quadam academiola divisa in quinque classes, instructas subselliis, recto ordi· ne dispertitis, ut ab omnibus tum domesticis, tum exteris Jrequentari possint6 e foi publicada em Lyon, em 1672, exactamente urn seculo
depois da De Institutio Grammatica Libri Tres de Manuel Alvares,
recorde-se que, nesta epoca, Bento Pereira era 0 revisor geral da
Com-panilla de Jesus e 0 Reitor do Serninano dos Jesuitas Irlandeses em
Lisboa, tendo de conviver, por isso, com muitos estrangeiros. Ainda no titulo esta registado que, no final da gramatica, ha urn excurso
sa-bre a ortografia portuguesa: Ac finem ponitur Ortographia, ars reete scribendi, ut sicut prior docet reele loqui, ita posterior doceat reete scribere linguam Lusitanam. In gratiam ltalorum conjugationibus Lusitanis Italee correspondent7
Este facto --de ter escrito a gramatica e, especialmente, a
ortogra-fia portuguesa em Latim- acarretou-lhe, acerrirnas crfticas,
particu-larmente na reforma pombal ina, cerca de urn secuJo depois, por, par
exernplo, de Lufs Antonio de Verney (1747) e de Antonio Jose dos Reis Lobato (1770) (Fonseca, 2006: 160):
E tomara que me dissessem ( ... ) por que razao se haja de carregar a mem6 -ria dos pobres estudantes com uma infinidade de versos latinos, e outras co-isas que nao servem para nada neste mundo. Chega este prejufzo a tal ex-tremo, que 0 P.e Bento Pereira escreveu uma Ortografia Portuguesa em La-tim (Verney, 1949-52[1747]: 141).
6 "A Arte de Oramatica para se aprender a Lingua Portuguesa publica-se no idioma Latino, por este Iivro, assim como em qualquer escoia, dividida em cinco classes, ordenadas pelos graus, distribuIdas peJa ordem correCla, para que possam ser frequentadas por lodos, tanto os nativos como os estrangeiros"
7 "E no fim coloca-se a Oltografia, a arte de escrever correctamente, para que, do mesmo modo que, primeiro, ensine a falar bern, assim tambem, depois. [ensine] a escrever correctamente a lingua portuguesa. Para reconhecimento dos ftaJianos, as conjuga/toes italianas correspondem as Portuguesas"
Gon~alo Fernandes
209
Da Arte do P. Bento Pereira, impressa em Londres [sic] no anno de 1672, podia deixar de fallar por duas razoes: 1.0 Por ser escrita na lingua Latina, por cuja raziio s6 p6de servir para aqueUes, que tiverem cieDcia da dita lin-gua: 2.' Por se achar este Author reprovado por Sua Magestade Fidelissima;
porem como poderao dizer, que a reprovac;llo 56 eahe sabre a Prosodia La-Lina do mesmo Author, e naD sabre a clita Arte, se me faz preciso
mostrar-Ihes, que se esta nao esta reprovada, 0 estao algumas das suas doutrinas, por serem as mesmas, que seguio 0 P.e ManDel Alvares na sua Grammatica La-tina, de que Sua Magestade Fidelissima prohibio 0 uso nas escolas (Lobato, 2000[1770]: 127-128).
Para aJem da referencia ao titulo, na dedicat6ria Ad Mariam semper virginem Dei matrem, Bento Pereira e claro quanto ao publico
prefe-rencial desta obra: "Meus iste liber nuncupatur Ars Grammaticte pro Lusitanorum lingua ab exteris nationibus addiscenda"g (Pereira, 1672: "ad Mariam", a 4 r.). E justifica-o com a propagac;:ao da fe cat6lica entre os povos "biirbaros" e incultos, "ut quicumpque velint Lusitanam linguam addiscere, possin! in omni vastissima Lusitanorum ditione inter barbaras, & incultas nationes Christianas fidei esse
propagatores,,9 (ibidem: "ad lectorem", a 5 r.). Tambem no Prefacio "Ad lectorem", Bento Pereira, para alem da evangelizac;:ao dos infieis,
acrescenta 0 comercio como condic;:ao biisica para 0 uso do Portugues
como lingua de comunicac;:ao e aproximac;:ao entre os povos:
Cum vero in me patrire amor, frigescente relate non frigeat, sed magis ac magis exardescat, hoc potissimum tempore, quo vfdeo Lusitanam, postquam feliciter pugnavit, pace, quam libens concessit, quiescere, habereque commercium cum omni natione qure sub coelo est, et Christiano nomine gloriatur, vehernenter dolui carere Lusitanos ane, qua 8uam Iinguam exteris addiscendam proponant.
Est enim perspicuurn in spiritualibus. et temporalibus sperari maximum emolumentum ex facilitate addiscendte nostra: lingute, ut exteri, sive mercatores suis opibus nos distent, et nostris ditentur, sive concionatores pervadant usque ad fines Orbis, seu Lusitani imperii, ubi nationes barbaras veris Evangelii divitiis locupleteneo (ibfdem: "ad lectorem", ii 6 v.).
8 "Este meu livro chama-se Arte de GramMica da lingua dos Portugueses para ser aprendida pelas na~oes estrangeiras"
, "de modo a que lodos aqueles que queiram aprender a lingua Portuguesa, po s-sam sar propagadores da fe Crista em lodo 0 vastfssimo imperio dos Portugueses entre as na90es selvagens e incultas"
10 "Como nao se me esfria 0 allior da patria, embora se arrefe9a a idade, mas mais e rna is se incendeia, sobretudo neste tempo em que vejo que Portugal, depois que lutou venturosamente, esta em paz, que concedeu de born grado, e estabeleceu 0
210 A primera gramatica do portugues como lingua estrangeira
E
claro que esta gramatica se destinava tarnbem aosainda que nao fosse este 0 seu primeiro publico. Bento Pereira quer no titulo da obra ("ut ab omnibus tum domesticis, tum Jrequentari possint"), como ja fizemos referencia, quer no prefacio
lei tor, logo no primeiro paragrafo:
En Candide Lector, qui oHm juvenis nondum attingens trigesimum :rtatlS
annum concinnavi Prosodiam, modo senex tribus jam aonis excedens sexagesimum concinnavi Lusitame lingure Grammaticam, quam tibi, sa exter fueris, addiscendarn, si domesticus, corrigendam offero11 (ibidem:"ad lectorem", ii 6 r.).
Nao
e,
contudo, este 0 seu primeiro destinatario, pois "com eSIapalavra ["domesticus") 0 autar apenas pretendia indicar que, de facIo. ela servia igualmente para os compatriotas que, sabendo imim. quisessem utiiiza-la" (Gomes, 1944: 650).
Esta ideia volta a ser refor"ada na Ultima parte ("c1assis V") da All
Grammaticce quando afuma, por exemplo, que
Nobis in hac Lusitana Grammatica sermo non est de syUabis in ordine ad pangenda carmina, sed solum in ordine ad erudiendos tum domesticos, tum exteros circa quantitatem syUabarum, ut scilicet juxta certas normas de
recta pronunciatione, Doscant Lusitana vocabula apte producere, vel
corripere, quando pronuncient12 (pereira. 1672: 204).
comereio com toda a na~ao que esta sob 0 firmamento, e giorifica com 0 nome de Cristo. d6i-me muito que os portugueses care9am de uma arte com a qual apresen·
tern a sua lingua aos estrangeiros para ser aprendjda.
E, pois, evidente que, quer no espiritual quer no laico, se espera urn maior pro-veito na facilidade de aprender a nossa lingua, para que quer os comereiantes estran· geiros nos enriquec;am com os seus bens e se enrique~am com os nossos, quer os
pregadores vao ate aos confios da terra ou do imperio iusitano, oode as nac;oes bar·
baras se eoriquecem com os bens verdadeiros do Evangelho"
11 "Eis benevolo leitor, aquele que outrora jovem ainda nao atingindo trrnta anos
de idade compus a Pros6dia, somente velho excedendo em tres anos 0 sexagesimo
compus a Gramatica de Lingua Portuguesa. que te ofere90, se fores estrangeiro. para que a aprendas. se nacional, a corrijas"
12 "Nesta Gramatica Portuguesa nao temos 0 discurso acerca das silabas em or·
dem a fazer versos, mas s6 em ordem para os que ensinam, tanto nacionals como
estrangeiros. sobre a quanti dade das silabas. de modo a que. por exemplo. a par de certas normas sobre a correcta pronlineia, saibam produzir correctamente ou adulte· rar os voctibulos Portugueses quando [os] pronunciem"
Gon,alo Fernandes 211
Nesta citac;;lio 0 autor refere que 0 seu objectivo principal nao e
en-sinar a fazer poesia, mas apenas mostrar, tanto aos portugueses como
80S estrangeiros, a quantidade das siJabas, para que as palavras pos-sam ser bern pronunciadas. No entanto, no proJogo "ad lectorem" havia referido que era multo diffcil ensinar estrangeiros a falar bern 0 Ponugues e que qualquer crianc;;a de sete anos de idade detecta os erros da sua Ifngua materna e ri-se deles:
Credo eniro reque difficile dare normas veras loquendi alicui nationi. ac est facile arguere falsitatis Was qure a vera deviant. Nam si peritissimi, etiam
post multum laborem possunt in dandjs narmis errare: imperiti, imo & pueri
septennes passunt Lingure materna'! errores deprehendere, & irriderel3
(ibfdem: "ad lectorem", ii 7 r.).
3.ARS GRAMMAT1CITi PRO LINGUA LUS1TANA ADD1SCENDA
A Ars Grammaticce e uma gramatica normativa e 0 metoda e uru-camente 0 dedutivo e expositivo. Bento Pereira nlio da qualsquer
ex-plica~iies sobre a sua estrutura nem a sua ordena<;ao e raramente faz
men~ao a outros gramaticos e autores, apenas, uma ou outra vez, a Marco Varrao (17714) e 0 P.e Antonio Vellez (18515,18916).0 autor estabelece algumas compara<;6es com outras linguas, quase sempre com 0 Latim, mas tam bern frequentemente com 0 Castelhano e, nas conjuga<;iies verbals, apresenta a tradu<;ao itallana,inexplicavelmente,
13 "Acredito pais que Ii igualmente diffcil dar normas verdadeiras de falar a
al-gurna na,ao, e Ii facil convencer de falsidade aquelas que se afastam da verdade. E
que se as habilfssimos tamblim podem errar, depois de muito trabalho, nas regras dallas: os ignorantes, pel a contrario, e as crian~as com sete anos de idade podem
reconhecer os erros da lfngua materna, e rir-se [deJes]"
14 ''Marcus Yarro Grammaticus antiquus derivationes partitur in voluntarias & oarurales" (ibfdem: 177).
15 "Quamvis apud Latinos genus sit triplex, masculinum, fremininuffi, & DCutrum, sub quibus alia continentur, tamen apud Lusitanos (ut notavit P. Yellez in commen. Artis ad regularn Respicimus fines &c.) genus est duplex, masculinum, & roemininum, sicut in lingua Hebr",a. Cbaldaica, & Africana" (ibidem: 185).
16 "Quamvis in lingua Latina nomina qure significant insulas, provfncias. civitates, naves, & poeses sint generis foeminini cum exceptionibus, quas quas assert P. VeUez in Commen. reguJarum generis, ad regu!. InsuJa foeminea, &c. lamen in lingua Lusitana observabitur sequens regula, quae longe diversa est" (ibidem: 189).
212 A primera gramiitica do portugues como Hngua estrangeira
porque esta completamente apartado do restante da obra, mas anuncia-se no tItulo: "In gratiam Ita/arum conjugationibus Lusitanis ltalll correspondent"
A Ars Grammatica! esta dividida em 5 secyoes ("classes"), cada
uma das quais com urn mirnero variavel de divisoes / "cadeiras" ("subsellia"), ate 11 pagina 230, e dois excertos finais: urn acroama11 moral (231-285) e a Orthographia Lusitana (286-323), acrescida de urn fndice tematico remissivo.
A "Classis I" ("De nominibus, & eorum declinationibus"), consti-tufda por 34 paginas, e dedicada 11 fonetica e
a
morfologia portugue·sas, particularmente sobre 0 alfabeto portugues eo substantivo. Embo-ra mantendo os seis casos das linguas classicas, defende que os n o-mes, substantivos ou adjectivos, nao tern variayao e 0 caso e definido pela preposiyao ou "partfcula" que Ihe antecede:
Nomina Lusitana quam vis in se ipsis nullam habeant diversitatem casuum.
sicut habent pronomina ( ... ) accipiunt tamen quandam veluti extrinsecam
diversitatem casuum a particubs a, 0, ao: as, as, aos: de, da, do dos: & I
propositionibus na, no nas, nos: pera, em, com sem, qure regulariter p onun-tur ante pr::edicta nomina, & absque ulla variatione intrinseca faciunt illa requipollere nominibus Latinorum casus diversos per intrinsecam mutatio-nem habentibus jam in numero singulari. quam in numero plurali 18 (ibidem:
18).
A "Classis I" tern 8 "subsellia" distribufdos da seguinte forma:
Subsellium I
Subsellium II Subsellium ill
Exponuntur literre, ipsarum natura, & pronunciatio.
Qure sit nominis natura, & multiplicitas? De nominibus Lusitanis absolute acceptis:
ipsorumque numero singulari & plurali.
1-5 5-10
10-12
17 Acroama
e
urna Ii,ao para iniciados. Deriva do grego CX¥KpO!CXJ.!U, atOllsignificava urn interludio instrumental de cadcter jovial, geralmente durante IUD refeilao ou uma ocasiao festiva.
I "Os nomes portugueses ainda que em si pr6prios nao tenharn nenhuma diva
sidade de casos, como tern os pronomes ( ... ), recebem, contudo, igualmente WI
certa diversidade de casos com as partfculas a, 0, ao: as, as, aos: de, da, do dos: corn as preposicroes na, no nas, nos: pera, ern, com sem, que se colocam normalfllCl te ante as declarados nomes, e sem nenhuma varial1ao intrfnseca fazem-nos equiYl ler aos names dos Latinos que tern casas diferentes por muta~ao intrinseca tanto. numero singular como no numero plural"
-SubselUumIV SubselUum V SubselUum VI Subsellium VII SubselUum
vm
Gon,alo FernandesDe vocibus qure nominis naturam imitantur, qualia sunt Partici ia, Pronomina, & Similia.
Quid sit declinatio: & qualiter se habeat in vecibus
rredictis?
De terminatione nominum substantivorum apud
Lusitanos.
De terminatione nominum adjectivorum apud
Lusitanos.
De nominibus anomalis seu inrequalibus apud Lusitanos & de ipsorum prrenominibus, &
co nominibus. 213 13-17 17-20 20-26 26-29 29-33
A "Classis II" ("De verbis, & eorum conjugationibus") preenche
mais de metade de toda a gramatica (143 paginas) e
e
dedicada 11morfologia das 3 conjugac;:oes dos verbos portugueses. Para Bento
Pereira,
°
verbo "est part orationis, qua: rnodos & tempora habet: Deque in casus declinatur,,19 (ibidem: 34), divide-se em: pessoal e impessoal; activo, passivo e neutro, e tern cinco modos (indicativo, imperativo, optativo, conjuntivo e infinitivo) e, no indicativo, tern 6 tempos, dois supinos, quatro participios e tres gerlindios. Esta "classis" esta dividida em 9 "subsellia'"Subsellium I De verbis Lusitanis in genere: eorum modus, 33-39
temporibus, ac personis.
Subsellium 0 De verba Sou, au Estou 39-52
Subsellium ill Observationes circa verbum Sou, au Estou, tum 52-59
peculiares, tum pertinentes ad reliqua verba.
Subsellium IV De verbis generalibus, & auxiliaribus Ey. has, ha. 59-71
Tenho, tens, tern.
Subsellium V De conjugationibus Lusitanis ad quas omnia verba 71-76
Lusitana reducuntur.
SubselUum VI De verbis primre conjugationis, & ipsorum 76-95
exemplari in voce activa.
SubselUum De verba passivo primre conjugationis, & participiis
YO conjugationis. activis & passivis: ac formationibus eiusdem 95-114 Subsellium De verbis secundre, & tertire conjugationis in activa,
114-171
vm
& passiva.Subsellium IX De verbis ana malis, & ipsorum formationibus. 171-175
" [0 verbo]"e uma parte da ora,ao, que tern modos e tempos: e nao se dedina emcasos"
214 A primera gramlitica do portugues como Hngua estrangeira
A "Classis ill" ("De dictionibus Lusitanis absolute acceptis: & de
illis qure nec sunt nomina, nec verba") e 0 capitulo mais pequeno de
toda a gramatica (apenas 10 paginas) e apresenta as outras "partes
orationis" que nao sao verbos nem nomes: adverbios, preposi~iies,
conjun~6es e interjei<;:6es:
Subsellium I De vocibus Lusitanis absolute acceptis. 175-177 Subsellium II De adverbio quoad naturam & multiplicitatem. 178-181
Subsellium III De prrepositione, conjunctione. interjectione. 181-184 comparatione, & interrogatione.
A "Classis IV" ("De generibus nominum, ac prreteritis verborum")
tern 16 paginas e analisa 0 genero dos nomes em Portugues, no
referente quer 11 sua significa<;:ao quer 11 termina<;:ao do mesmo, e ainda
uma breve reflexao sobre a forma<;:ao dos preteritos em Portugues, por
comparayao com a multiplicidade de form as em Latim:
Subsellium I Prrenotationes generaJes circa genus nominum 185-187
Lusitan., lingu.,.
Subsellium II Qualiter apud Lusitanos dignoscantur genera 188-191 nominum substantivorum ex significatione.
Subsellium III Qualiter apud Lusitanos possint innotescere 191-197 nominum substantivorum genera per terminationem.
Subsellium IV De prreteritis. ac supinis: gerundiis & participiis 197-200 verborum.
Por Ultimo, a "classis V" ("De syntaxi; & syllabis lingua!
Lusitanre"), com apenas 31 paginas, apresenta um breve excurso sobre
analise sintactica, porque, segundo Bento Pereira, "(syntaximl apud
Lusitanos esse brevissimam, & facillimam ex contraria ratione,,20
(ibidem: 200) e
hrec tam pauca cornplectuntur universam syntaxim Lusitanre lingure. quam proinde summa facilitate, & absque errons periculo nationes exterae
possunt addiscere, simuJque intelligere quantum in hac parte lingua nostra excedat Latinam, in qua innumerabilium prreceptorum, & exceptionum
20 ..• "[a sintaxe] ~ para os portugueses. pela razao contraria, muito breve. e muiro
Gom,alo Fernandes 215
vastitas obruit tyrones, torquel studiosos, & etiam peritissimos quosque exponit errandi periculo" (ibidem: 203),
embora, para 0 autor, esta nao seja urna qualidade intrfnseca do Portugues, por compara~ao com 0 Latim, mas de todas as linguas vulgares: "Scio laudem hanc non esse nostra: lingua: peculiarem, sed communem omnibus fere linguis, qua: vulgares sunt, & jam in toto orbe percrebuere,,22 (ibidem).
Subsellium I
Subsellium II Subsellium III
Subsellium IV
Subsellium V
Se sin taxi, seu compositione orationis apud
Lusitanos.
De syllabarum lingu", Lusitanre quantitate quoad enultirnas.
Expositio penultimarum qme sunt ante vocales. De quantitate ultirnarum, qure sunt vocaJes literre, qujbus terrninantur voces Lusitame.
De quantitate ultimarum syllabarum, qure desinunt in
literam consonantem. 200-204 204-217 218-220 220-222 222-230
Entre as paginas 231 e 285, a Ars Grammaticae tern urn conjunto de frases bilingues, ou acroamas morais, em Portugues e Latim, sobre
as virtudes e os vicios, para a aquisi~ao de vocabulario, tanto por es-trangeiros como por portugueses: Acroamata Moralia, Lusitanicolati-na de virtubis, & vitiis: pro acquirenda pia, atque uberi copia Lusi-tame linguae, tum ab exteris, tum a domesticii3 Este excurso tern, na nossa 6ptica, dois objectivos essenciais: aquisi~ao de vocabulario e a
fonna~ao moral e religiosa dos leitores. Esta era, efectivamente, a
primeira preocupa~ao da Companhia de Jesus, consagrada na Ratio
Studiorum. 0 aluno jesuita, antes de estudar 0 trivium (Gramatica,
Ret6rica e Dialectica), devia dedicar-se dois anos
a
forma~ao da sua " "Estas tao poucas [palavras] abrangem toda a sintaxe da lingua portuguesa,que, em consequencia, podem aprender as nac;6es estrangeiras. com a m~xima facilidade e sem perigo de erro, e, ao mesmo tempo, compreender quanto nesta parte a nossa lingua excede a Latina, em que a vastidao dos inumer6.veis preceitos, e excep~oes aniqujia os aprend.izes, atormenta os estudiosos, e tambem expoe todos os inteiigentissimos ao perigo de errar"
22 "Sei que este elogio nlio
e
particulara
nossa Ifngua, mas comum a quase todas as IInguas, que sao vulgares e jc1. se espalharam em todo 0 mundo"23 "Acroamas Morais, Portugueses-Latinos sobre as virtudes e os vfcios: para
ad-quirir eloquencia piedosa e fecunda de lingua Portuguesa, tanto pelos estrangeiros
216 A primera gramatica do portugues como lfngua estrangeira
alma e aos exercicios espirituais. Por isso, em bora tal nunca seja
mado, e possive1 que a Ars Grammaticae de Bento Pereira
como publico-a1vo os a1unos estrangeiros dos colegios dos espalhados pelo mundo e em Portugal, em especial os do Senninario:
dos Jesuitas Irlandeses, de que Bento Pereira era 0 reitor.
Por ultimo, Bento Pereira apresenta um tratado sobre a ort()gralii
portuguesa em Latim. Ao contrario da crftica de Verney ant.eri,ornlenti
citada, trata-se de uma tradu,<ao da primeira e da terceira partes
Regras Gerays Breves, & comprehensivas da melhor ortografia
boa, 1666), isto e, das regras comuns
a
ortografia portuguesa e(pp. 286-298) e das regras que sao especfficas da lingua portuguesa
(pp. 298-323) e nao de uma obra original primeiramente escrila em
Latim, como se pode comprovar pel as grelbas seguintes comparalivas:
Primeym Parte das regras commuas tf Ungua Latina, & Portuguew.
Regra Para a divisam das difoes, &
6. syllabas 110 filii da rogra. (9)
Regra das
dic-7. Regra
8.
Para Llsarmos de ponto final, Regra
de sinal interrogalivQ, & ad-9.
mirarivo, & de parentesis. (16)
TmclIltus Prior d. regulis
communes lingutl! LusitanIR,
Regula VI.
usu
punctum & virguiam, & duo
VI reete utamur PWiClO
Regula jinali, signo interrogativo, &.
Regra 10, Regra J. Regra 4. Regra 12. 00n9alo Fernandes
De mltros sinays importantes
ao bom escrever, (19)
com
distin-Para escrevermos as palavras,
que sem juntamente Latinas, &
Portuguezas, & as que sao
Latinas aportuguezadas. (31)
Para escrever as names no
plural. (35)
Para os diplOllgoS. (39)
Para a dobrar das letras, ou
Para conhecermos as
aeeen-tos, & viraccemos, & usarmos delles. (57)
se usar das letras, i, u,
quando sam vogays, & quando
Regula X, Regula I. Regula II. Regula m. Regula VII. Regula VIII. Regula IX. Regula X. Regula Xl. Regula XII. 217
Pro aUis sigllis valde
caft-ducentibus ad reelam
scriptionem, (296)
Fundamentalis, seu jaciens
!ulldamentum reliquis. (298)
in
scribell-Pro scribendis vocibus. qUa?
simul Latinte & Lusitana! sunL: illis eriam qUa! Latin's
accepttl! LusitanD idiamat;
con/orowntur, vulgo dicimus Pro scribendi Lusi/anis
nominibus in lzumero plurali.
dicinws
Pro USLI harum lirerarwn ij.
UV, qut1mam sim vocales:
Pro convenienti usu
218 A primera gramarica do ponugues como lingua estrangeira
(320)
Regra Para se usaI' do 'r. que rem Regula Pro usu huius literre " qua:
13. plica por bayxo. (76) XIl1. infra habet plica",. (321) Regra Quando se usard das vozes, Regula Pro ltsLl, & scriplione harilln
14. per, por, pelo, polo. (78) XIV vocum per, por, pelot polo.
(322)
4. CONCLUSAO
Havia mais de 135 anos que a gramatica portuguesa come~ara as seus primeiros passos, com a Grammatica da lingoagem portugueza de Femao de Oliveira (Lisboa, 1536) e a Grammatica da lingua
por-tugueza de Joao de Barros (Lisboa, 1540), algumas obras sobre a
or-tografia do Portugues, como as Regras que ensinam a mane ira de
es-crever e a orthographia da lingua portuguesa de Pe(djro de
Magalh-aes Ga.ndavo (Lisboa, 1574) e a Orthographia da Lingoa Portuguesa
de Duarte Nunes de Leao (Lis boa, 1576), de cariz historico, como a
Origem da Lingoa portuguesa de Duarte Nunes de Leao (Lisboa,
1606), e gramaticas latinas, como a De Institutione Grammatico Libr;
Tres de Manuel Alvares (Lisboa, 1572) e 0 Methodo Grammatical
para todas as linguas de Amaro de Roboredo (Lisboa, 1619), em que,
por exemplo, se entabulam algumas aniilises contrastivas entre 0
Par-tugues e 0 Latim, mas nao temos conhecimento da existencia de
qual-quer outra gramatica portuguesa especial mente vocacionada para a
ensino desta lingua para estrangeiros.
A Ars Grammaticte pro Lingua Lusitona addiscenda Latino
idio-mate proponitur (Lugduni, 1672) de Bento e uma obra sistemica
bas-tante completa, expositi va, abrange todas as partes tradicionais da gramatica (fonetica, morfologia e sintaxe) e ainda tern urn excurso bilingue (Portugues-Latim) com frases que poderiam ser empregues, para alem da forma«ao moral dos jovens, para exercfcios de tradu~iio (ou retroversao), e ainda a primeira e a terceira parte das Regros
ge-raes, breves e comprehensivas da me/hor orthographia (Lisboa,
1666), para facilitar e uniformizar a ortografia de ambas as lfnguas,
mas particularmente do Portugues.
Os jesuftas tinham colegios em todo 0 mundo e, por isso, sentiam
necessidade de uma obra que pudessem ensinar a lingua de Camoes a
co-Gon,a1o Fernandes 219
mercio com os portugueses e a evangeliza9ao dos povos "barbaros"
Foram fundamentalrnente estes dois rnotivos que levaram 0 alentejano
Bento Pereira a escrever aquela que consideramos a prirneira grarnati-ca de Portugues como lingua estrangeira, precisamente cern anos de-pois da De lnstitutione Grammatica Libri Tres (Lisboa, 1572) do
tam-bern jesufta Manuel Alvares, obviamente na lingua franca da epoca: 0 Latirn,
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220
A primera gramatica do portugues como lingua estrangeiraposterior doceat reele scribere linguam Lusitanam. In gratiam ltalarum
conjugationibus Lusiranis Italre correspondent, Ludguni, Sumptibus
Laurentii AniSSOD.
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