\uu¶DERLE1sAR1tmu
A NEGAÇÃO
DA
RELAÇÃO
soc1AL
DE PRODUÇÃO
CAPITALJSTA
FLORIANÓPQLIS
2003VANDHMÁHSARTORI
A
NEGAÇÃO
DA
RELAÇÃO
SOCIAL
DE PRODUÇÃO
CAPITALJSTA
Monografia subqietida ao Departamento de Ciêwias Econômicas, na Area de Economia Marxisla, do Oemro
Sócio-Econômico, para a obtenfio de cairga hotüia ma
disciplina
CNM
5420 - Monogmfia, pela UniversidadeFederal de Santa Catarina
Orientador - Prof ldaleto Malveai Aued.
FLORIANÓPOLIS
2003li
uN|vERs|oAoE
FEDERAL DE
SANTA
cATAR|NA
cENTRo
socio-Ecouôivnco
cuRso
DE
cRAouAçÃo
EM
c|ÊNc|As
EcoNô|v||cAs
A
Banca
Examinadora
resolveu atribuir anotagifl
aoacadêmico
Vanderlei Sartorina
disciplina
CNM
5420
-
Monografia pela apresentação deste trabalho.BANCA
EXAMINADORA:
Prof lvezzi
Aued
Presidente
Prpoílwãrcos . Valente
Membro
Prof. Márcio
Moraes
Rutkoski'
Resumo
Nesse
trabalho serão analisadosos elementos
que expressam à negação do
modo
de
produção
capitalista,ou
seja,como
esses elementos
engendram
as condições
paraa
superação
do
sistema vigente.Para
Marx quando
surgeuma
nova
organização social. já esta presente
no seu
germe
os elementos
que
levarãoa sua
negação e geram
condições paraa sua
superação.A
negação
se
evidenciano
processo
de
produção
e
reproduçãoda
sociedade
capitalista.Na
reprodução
surgem duas
características vigentes,essas
são:a
centralizaçãodo
capitale a
cooperação
capitalista. Entretanto parademonstrar
como
esses elementos
contribuem para
a
superação
da
relação socialde
produção
capitalista, iniciaremoscom
uma
exposiçãodo
processo
de
produção
do
capital,ou
seja,como
se
originouesse
modo
de
produção,em
seguida serádemonstrado
o
processo
de
produção
e
reprodução para entimanalisamos
a
centralizaçãodo
capitale a
cooperação
capitalista.suMÁR|o
|N'rRonuçÃo
... _-Capítulo
I-
O
processo
de produção do
capital ... ..Capítulo Ii
-
O
processo
de acumulação de
capital ... __Capítulo III
-
A
centralizaçãocomo
processo
de negação da produção
capitalista ... ..
Capítulo IV
-Tendência
à
queda da
taxade
lucro ... ._Capítuio
V
-
A
cooperação
como
processo
de superação da
relação socëaide
produçao
capitalista ... ..CONSIDERAÇÕES
FINAIS
... _.BIBLIOGRAFIA
... _.1
INTRODUÇAO
Antes
de
tratannosda
produção
capitalista,é
importante analisar algunsmodos
de
produção
pré-capitalistase
observarcomo
o
seu
própriomodo
organizacional levouà
sua
negação.Demonstraremos
sinteticamentecomo
ocorreuo
processo
de negação do
antigo sistema orientale do
sistema escravagista.O
antigo sistema oriental possuíaum
sistema organizacional muito resistenteà
desintegraçãoe ao
desenvolvimentoda
economia.
Segundo
Marx,o
mixo
nivelde
desenvolvimentoeconômico
do
sistema oriental foique
proporcionoua
sua
negação, pois,
somente
devidoa
esse
baixo desenvolvimento,o
capitalismoconseguiu
superar este sistema. _Na
introduçãodo
livrode Marx
sobreas formações
pré-capitalistas, EricHobsbavvm comenta
sobreo
sistema escravagistada
Roma
antiga:Roma
começou
como
uma
comunidade de camponeses,
embora sua
organização fosse urbana.
A
história antigae
uma
históriadas
cidadesbaseadas na propriedade
da
terra e na agricultura [...].Não
se trata,inteiramente,
de
uma
sociedade igualitária, poiso
desenvolvimento tribal,justamente
com
oscasamentos
intergrupaise
as conquistas, iá tendea
produzir grupos
de
parentescos socialmente mais elevadosdo
que
outros,embora
o cidadãoromano
seja, essencialmente,um
proprietáriode
terrasmantendo-sei
a
comuna
com
a reproduçãode
todosos
seusmembros
como
camponeses
auto suficientes, cujotempo
excedente pertenceà
comuna, para atender a fins comunais,
com
a guerra etc [...].A
guerraê
sua
ocupação
principal porque a únicaameaça
à
sua existênciaprovém
de
'
outras
comunidades
que
cobiçam suas terras,e o
único meiode
garantira
terra para todos os cidadãos,na
medidaem
que a populaäo
aumenta,é
ocupa-laà
força [...]. Mas, as próprias tendências guerreirasexpansionistas
de
taiscomunidades
camponesas
devem
levá-lasà
perda das qualidadescamponesas que
constitui sua base- Até certo ponto,a
escravidão, a concentraçãoda
propriedade territoriat, trocas,economia
monetária, conquistas, etc, são compatíveis com, as bases destacomunidade.
Além
deste ponto, conduzirãoao
seu colapsoe
deverão tomar a evoluçãoda
sociedade ou dos indivíduos impossivel [...].Mesmo
antes
do
desenvolvimentode
uma
economia
escravista, portanto, antiga fomiade
organizãção social estava rigidamente limitada, corno indicao
fatodo
desenvolvimentoda
produtividade não sere não
poder seruma
2
O
feudalismo difere significativamenteda
escravidão, pois,o
servo,ao
contrário
do
escravo,é
um
produtor independente. Retirandoo
senhor,ou
suserano,do
quadro
da
servidão, ioque
restae
uma
economia baseada na pequena
producao
de
mercadorias.Já se os
escravos foremseparados das
plantações,nao
restaránenhuma
forma econômica:
`z
[...j pois, sob condições
de
servidãoo
servo produznão apenas
excedentede
trabalhode que
seu senhor,de
uma
formaou de
outra,se
apropria,mas
poderá,também,
acumularum
lucro para simesmo.
Pois, por variasrazões,
em
sistemaseconomicamente
primitivose
sem
desenvolvimento,como
o
feudalismo, háuma
tendência paraque o
excedentepermaneça
invariável,
como
uma
grandeza convencionale
“o usoda
forçade
trabatho(do servo)
de
modo
algum seresume
à agricultura,mas
šndui manufaturas domesticas rurais.Há
ai, a possibilidadede
uma
certa evoluçãoeconômica[...]
(MARX,
1986: 43). çUm
dos
principais agentesde
desintegraçãodo
feudalismo erao
crescimentodo
comércio, principalmente entreo
campo
feudale
as
cidadesque
se desenvolviam
à
sua
margem.
Para
Marx,[___]
a
conjunçãode
trêsfenômenos
é necessária para explicaro
desenvolvimento
do
capitalismo a partirdo
feudalismo: primeiro (-..),uma
estrutura social agrária
que
possibilite a libertação dos camponeses,num
certomomento;
segundo, o desenvolvimentodos
ofícios urbanosgeradores
da
produçãode
mercadoriasespecialda,
independente, não»agrícola, sob a estrutura gremial; e, terceiro,
a
acumulaçãode
riquezamonetária derivada
do
comércioe da
usura.(MARX;
1986: 46)O
processo
de
negação,segundo
Karl Marx, surgedo
própriomodo
de
organização
da
sociedade,sendo
assim,a
seção
irá tratardo
mm
de
produção
do
capital.Objetivo
Geral
Este trabalho visa
a
demonstrar
como
a
teoriade Marx
aindase
faz presente'
3
políticos
e
sociais. E,fazendo
um
recortenessa
teoria,é que e
esse
trabaihose
direcionouna demonstração
de
como
os elementos
da
própria relaçãode
produção
wpitalista
levam
à
sua
negação.Objetivos Específicos "
Demonstra:
i1.
como
a
centralização induza negação da
relação socialde
produção
capitalista e;2.
como
a
cooperação produz
uma
base
paraa superação
dessa
relação.Metodologia
_ .
Este trabalho
se
realizou atravésda
formação
de
um
corpus
que se
compõe
das
principais obrasde
Karl Marx, tendocomo
base
O
capital,as
quais foram relidas paraque se
pudesse
encontraros elementos
de negação da
relação socialde
produção
capitalistaa
fim
de
demonstrar
o
processode
negação.4
Capitulo l
-
O
processo
de produção
do
capital,Para
entendermos
o
processo
de negação da
produção
capitalistaé
necessáriocompreendermos o
processode
produção
do
capita! e,para
isso,começaremos
com
a
análiseda
mercadoriae
do
seu
desenvolvimento paraa
fomia
dinheiro até
demonstrarmos
a
transformaçãodo
dinheiroem
capitale
desteem
produção
de
mais-vatia.A
mercadoria,fomra
elementarda
riquezana sociedade
capitalista, possuivalor-de-uso
e
valor (valor-de-troca).O
valor-de-usoé
a
materialidade,ou
seia,a
forma.que a
mercadoria possui, por exemplo,o
valor-de-usode
uma
cadeiraé a
possibilidadede
alguém poder
sentar-se nela.O
valor-de-trocase
revelana
troca entre valor~de-usode
espécies diferentes,nas mais
diversas proporções.No
progƒsso
de
troca entrex
quantidadeda
mercadoriaA
e
y
quantidadeda
mercadoria B,essas
mercadoriasse
igualam,mas
essa
igualdadesó
pode
existirse
eiaspossuírem
uma
substanciaem
comum.
Excluindo
o
valor-de-usodas
mercadorias,o
que
restaé apenas a sua
propriedade
como
produtodo
trabalho.Ao
se
retirar ovalor-de-usoda
mermdoria,
também
se
eliminao
caráter útildo
trabalho,ou
seja,não
existemais
distinção entreas
diferentes espéciesde
trabalhoe
todosos
trabalhosse
reduzem a
uma
úniw
propriedade,
que
é o
trabalhohumano
abstrato'.Uma
mercadoriasó
possui valorou
valor-de¡trocaporque
nela está materializado trabalhohumano
abstratoe o
que
determina
a
quantidadede
valordessa
mercadoriaé a
quantidadede
trabalho1
/
¡
Trabalho humano abstrmo é o dispêndio da força humana de trabalho no sentido fisiológico, ou seja, dispêndio
de força muscular e mental; e essa característica é comum a todos os individuos. Dessa maneira, todos os
5
O
socialmente necessário* para produzi-la.
Por
exemplo,se
três produtoresde
cadeirafazem
uma
cadeira,o
primeiroem
6,o
segundo
em
7e o
terceiroem
8
horas,o
tempo de
trabalho socialmente necessário parase
produziruma
cadeiraé
7
horas, poisesse
é o tempo médio
para produzi-la.Uma
coisapode
ser produtodo
trabalhosem
ser mercadoria,quando
o
trabalhadorconsome
o
produtodo
seu
trabalho eleconsome
o
valor-de-usodo
bem
que
ele criou,mas
esse
bem
não é
mercadoria, pois parao
ser,o
trabalhadortem
que
produzirum
valor-de-usonão
parao
seu consumo,
mas
paraos
outros,desde
que
trocada.Segundo
Engels (apudMARX;
1999: 63):49
/
c
O
camponês
medieval produziao
trigodo
tributo parao
senhor feudal,o
trigo
do
dízimo para o cura. Mas,embora fossem
prodrmos
para terceiros,nem
o
trigodo
tributonem
o do
dízimoeram
mercadorias.0
produto, para se tomar mercadoria,
tem de
ser transferidoa
quem
vai servircomo
valor-de-uso por meioda
troca.O
duplo caráterda
mercadoriaadvém
de o
trabalhotambém
possuirum
dupiocaráter
que
é o de
produzir valor-de-usoe
valor. .( _
Todo
trabalho é,de
um
lado, dispêndiode
forçahumana de
trabalho,no
sentido fisiológico, e, nessa qualidadede
trabalhohumano
igualou
abstrato, criao
valor das mercadorias.Todo o
trabalho, por outro lado,é
dispêndio
de
forçahumana
de
trabalho, sob forma especial, paraum
determinado tim, e, nessa qualidadede
trabalho útile
concreto, produzvalor-de-uso.
(MARX;
1999: 68).Examinaremos,
agora,a
forma
do
valorou
valor-de-troca para elucidara
gênese da
forma dinheiro.Para
isso,começaremos
pelafomia mais
simplesde
relação
do
valor,que é a que
se
estabelece entreuma
mercadoriae
outra qualquer de-espécie diferente,ou
seja,com
valores-de-uso distintos.Essa
fonna
é a
forma
simplesdo
valorque
pode
ser expressacomo
xda
mercadoriaA
=
y
da memadoria
2
Trabalho socialmente necessário é a média dos tempos que todos os produtores da sociedade levam para
produzir uma determinada mercadoria
6
B.
Temos
aquiduas
mercadoriasque
representam papéis distintos.A
primeiramercadoria
A
possuium
papel ativo,sendo
que o
seu
valor apresenta-secomo
valorrelativo.
A
segunda
mercadoriaB
desempenha
um
papel passivoe tem
a função
de
equivalente.Segundo
Maoc
Para saber se
uma
mercadoria se encontra soba
forma relativado
valorou
sob aroma
oposta, ade
equivalente, basta reparara
posiçãoque
ocasionalmenteocupa
na expressãodo
valor, seè
a
mercadoria cujo valoré
expresso ou se éa
mercadoria atravésda
qual se expressao
váor.(MARX;
1999: 71)Por meio
da
relaçãode
valor, a forma naturalda
mercadoriaB
toma-sea
fomia
do
valorda
mercadoria A, ou o corpoda
mercadoriaB
tranäorrrra-se no espelhodo
valorda
mercadoria A.Ao
relacionar-secom
a
mercadoriaB
como
figurado
valor, materializaçãode
trabalhohumano,
a
mercadoriaA
faz
do
valor-de-usoda
mercadoriaB
o materialde
sua própriaemressão
do»valor.
O
valorda
mercadoria A,ao
ser expresso pelo valor-de-usoda
mercadoria B,
assume
a forma relativa.(MARX;
1999: 74~75)Então
a
mercadoria A,que
exprime seu
valor pormeio
do
valor-de-usoda
mercadoria B, expressa
sua
própria condiçãode
valor por sera
mercadoriaB
diretamente pemrutávei por ela.Essa
troca ocorre porserem
elas produtos privadosdo
trabalhodos homens.
_
~A forma
de
equivalente possui três peculiaridades.A
primeiraé que o
valor-
V \
de-'uso
se
toma a
forma
pela qual'se
manifestao
seu
contrário,o
valor.A
segunda
peculiaridade
é que
o
trabalho ooncreto3 -toma-sea forma
de
manifestaçãodo
seu
contrário,o
trabalhohumano
abstrato.A
terceira peculiaridadeé
que
0
trabalho privado*toma a
formade
seu
contrário,que é
o
trabalhoem
forma
diretamente sociais. Issoboone
porque
um
produtornunca
produza
mercadoria para si,mas
sim
para
os
outros atravésda
troca.3
Trabalho que produz valor-de-uso. 4
Trabalho cujo produto resultante é de propriedade do seu próprio produtor. 5
Trabalho social prewupõe a cooperação entre os indivíduos. '
7
Na
forma
simplesdo
valor,em
que
se
relacionampessoas
livres,autônomas,
independentes
e
proprietários privadosdo
produtodo
seu
trabalho,tem-se
que
x
da
mercadoriaA
=
y
da
mercadoriaB
se
transformaem
uma
forma mais completa
em
que,
x
da
mercadoriaA
=
y
da
mercadoriaB
=
z
da
mercadoriaC
=
k
da
mercadoria
D, até atingir todas
as
mercadorias.Essa
forma
é
a forma
extensivado
valor.O
valorda
mercadoriaA
(forma relativa) estáexpresso
em
twas
as
outras mercadorias,e o
trabalhose expressa
iguala
qualquer outrocomo
trabalhohumano
abstrato. Assim,
x da
mercadoriaA
=
y
da
mercadoriaB
x da
mercadoriaA
=
z da
mercadoriaC
Contudo,
essa
fórmulaé
incompleta, pois 'o desenvolvimentodo
comércio
acarreta
a
necessidade
de
uma
fomia
unitáriade
manifestaçãodo
trabalhohumano
abstrato,mas,
ao
invertemosas
equações
acima
temos
que:."1
ê_/ 1,/ _ _
y
da
mercadona
B
=
x
da
mercadoriaA
z da
mercadoriaC
=
x
da
mercadoriaA
2Essa
é a
fonna
geraldo
valor,em
que a
mercadoriaA
toma-se
a
forma
de
manifestaçãodo
trabalhohumano
abstrato.Todas
as
mercadoriasexpressam seu
valorem
uma
única mercadoria. Assim,o
valorde
cada
mercadoria igualadaa
mercadoria
A
se
distinguenão
só
do,valor-de-uso dela,mas
de
qualquervaior-de
uso.
Vale
ressaltarque
issonão
ocorriana forma
simplese
na forma
extensivado
valor,
em
que
uma
mercadoria refletiao
seu
valorno
valor-de-usode
ouua
mercadoria.
.
A
forma geraldo
valor,que
toma
os produtosdo
trabalho,mera
massa de
trabalho
humano
sem
diferenciações, mostra, atravésde
sua
própria estrutura,que é
a expressão socialdo
mundo
das
mercadorias.Desse
modo, evidencia
que
o caráter social específico dessemundo é
constituído pelo caráterhumano
geral do trabalho.(MARX;
1999: 89)8
\
Agora a
mercadoria A,que
se
identifica socialmentena forma
de
equivalenteuniversal,
é
mercadoria-dinheiro, pois funcionacomo
dinheiro.Porém,
a
mercadoria
aceita socialmente
como
equivalente universalé o
ouro,assim
temos
que:x da
mercadoriaA
=
w
de
ouroy
da
mercadoriaB
=
w
de
ouroz da
mercadoriaC
=
w
de
ourofEssa
é
a forma
dinheirodo
valor.O
ourodesempenha
a
funçaode
dinheiro por seruma
merwdoria e
elesó passa a
ser dinheiroa
partirde
um
certo estágiode
desenvolvimento
do
comércio.Vejamos
o
que Marx comenta
a
respeito disso:~¬
A
mercadoria no processode
troca encobrea
relação social entre os homens, aparecesomente
uma
relação social entre mercadorias.Objetos úteis se
tomam
mercadorias, porserem
simpt-esmente produtosde
trabalhos privados, independentes unsdos
outros.O
coniuntodesses trabalhos particulares forma a totalidade
do
tíabalhoProcessando-se os contratos sociais entre os produtores, por intermédio
da
trocade
seus produtos do trabalho, só dentro =desse intercâmbiose
patenteiam ,as características-especificamente sociais
de
seus trabaihos :privados.'Eríí%šÍãIävras,
`õs"tra'baIhos privadosãtuam
como
partes compoñëntëídõtconjunto dortrabalho social,apenas
através das relaçõesque
a troca estabelece entre os produtosdo
trabalho e, por meio destes, entre os produtores;Por
isso, para os últimos, as relações sociais entre.seus trabalhos privados,
aparecem
de
acordocomo
que
realmente são,com
relações -materiais entre pessoase
relações sociais entre cdsas,e
não
como
relações sociais diretas entre individuosem
seus trabalhos.(MARX;
1999: 94~95) r
_ \A
forma
dinheiro dissimulao
caráter socialdos
trabalhos privadose
as
relações sociais entre eles. Isso ocorre
porque
a
mercadoriaé o
veiculo pelo qualse
processa
a
relação entreos
homens
livres,autônomos,
etc,e
essa
maneira, pelaqual
se
realizaessa
relação,acaba
por dissimularo
verdadeirowráter
social,que
é
a
cooperaçãoentre
os homens.
< /.
-
Analiüiidoo
processode
troca,o
proprietáriode
uma
mercadoria,ao
levá-la9
para ele valor-de-uso, ele
não
a trocaria.Essa
mercadoriasó
possui valor-de-usopara
os
outros, pois, parao
seu
proprietário elasó
é
um
meio
de
expressar valor.A
mercadoria precisa antesse
realizarcomo
valor parapoder
realizar-secomo
valor-de-uso. Contudo,
a
mercadoriatem
que
se
evidenciarcomo
valor-de-uso antesde
se
transformarem
valor.O
trabalhoempregado
nessa
mercadoriasó
contase
forum
trabalhoque
crie algo útil paraos
outros,sendo que somente no
prwesso
de
trocaé que
se
verificase
esse
trabalhoé
útilou
não.[Antes
de
existiro
dinheiro-mercadoria,os
valores relativosde
todasas
mercadorias
não
possuíam
um
valor geral parase
equipararem.Para
existira
troca,é
necessárioque
os
homens
se
relacioneme
se
reconheçam
como
privados
dessas
mercadorias e,conseqüentemente,
como
pessoas independentes
\
an
entre si.
“Só se contrapoem
como
mercadorias, produtosde
trabalhos privadose
autônomos,
independentes entre si” (NlARX; 1999: 64).'O
processo
de
trocasurge
nas
fronteirasdas
comunidades
primitivas e, àmedida que
se desenvolve
a trow e
que
se
cristalizacada vez mais
trabalhohumano
abstratonas
mercadorias,surge
a
forma
dinheiro,que
prestaa
função socialde
equivalente universal.O
dinheiro,como
qualquer mercadoria,tem
o
seu
valormedido
pelotempo
socialmente necessário para produzi-Ioe
elesó
expressaseu
valor,de
modo
relativoem
outrasmercadorias,
ou
seja,“uma
mercadorianão se
torna dinheirosomente
porque todas
as
outras nela representamseu
valor,mas,
ao
contrário, todasas demais
nelasexpressam
seus
valores,porque
elaé
dinheiro”.(MARX;
1999: 117)A
partirde
agora analisaremosa
mercadoriae
o
dinheirono
seu processo
de
rotaçao.
Uma
das
funçõesdo
dinheiroé
ser amedida
do
valor, esta funçãoé dada
pela própria essênciado
dinheiro por constituira forma
autônoma do
valordas
r
10
mercadorias.
No
dinheiro,o
valordas
mercadoriasnão
estáexpresso
apenas
qualitativamentecomo
trabaihohumano
abstrato,mas,
também,
quantitativamente,como
quantidade detenninadade
trabalhoque toma
a formade
ouro.Em
relaçãoà
funçãodo
dinheiro,Marx
fazos
seguintes comentários:Medida dos valores
e
estalão dos preços sãoduas
funções inteiramente diversasdesempenhadas
pelo dinheiro.E
medida dos valores por sera
encamação
socialdo
trabalhohumano;
estalão dos preços, por serum
peso fixo
de
metal.Como
medidado
valor, serve para converteros
valoresdas diferentes mercadorias
em
preços,em
quantidades imaginariasde
ouro;
como
estalãodos
preços,mede
essas quantidadesde
ouro.A
medida
dos
valoresmensura
as mercadoriascomo
valores;o
estalãodos
preços,ao
contrario,mede
as quantidadesde
ourosegundo
uma
quantidme
fixade
ouro, nãoo
valorde
uma
quantidadede
ourosegundo
o pesode
outra. Para fazerdo
ouro estalão dos preços, determinado preço deletem
de
ser eleito unidadede
medida. Neste eem
todos os casosem
que se
tratade
determinar
a medida de
grandezas homogêneas,.éde
maior importânciaa
imutabilidade dos meiosde
medida.O
estalão dos preços preenche tanto melhor sua função quanto mais invariavelmentea
mesma
quantidadede
ouro sirva
de
unidadede
medida.A
funçãode medida
dos valores, entretanto, sópode
desempenha-lao
ouro, por sero
produtodo
trabaiho, valor, portanto, potencialmente variáveI.(MARX; 1999: 125)0
dinheim
exercea
funçãode
meio
de
circulação,e no
processode
um
realiza
a
circulação - socialdas
«mercadoriasou
seja,o
dinheiro transfereas
'\-
mercadorias daqueles
que
elasnão
são
valor-de-uso para aquelesque as
mercadorias
são
valor-de-uso.Na
troca,temos o
processo NI-D-M,o
qualé
trocade
mercadoria (M), por mercadoria (M).
Em
NI-Dtem-se
a
primeirametamorfose
da
mercadoria,que é a
venda-O
desenvolvimento socialdo
trabalho fazcom
que o
possuidorda
mercadoria (M)a
veja
somente
como
valor-de-troca. Contudo, asua
mercadoria (M)só
the proporcionaa
forma
liquidamente geral, socialmente válida, depoisde
convertidaem
dinheiro,
que
se
encontrana
mão
do
comprador da
mercadoria.Nessa
metamorfose
H
Em
D-M
tem-se
a segunda
metamorfose
da
mercadoria,a
compra.
Na
primeira
metamorfose
é
importantea
conversão
da
mercadoriaem
dinheiro,em
que,na obtenção
deste,quase se
obrigaa
encontrar todoo
sentidoda
produção.Na
segunda
metamorfose
vemos
o
papelefêmero
do
dinheiroem
seu
papelde meio de
circulação,mostrando-nos
que
a
importâncianão
estáno
dinheiroe
sim
na obtenção
de
valor-de-uso. Contudo,o
dinheiro aquié
ativo,ao
contrárioda
primeirametamorfose. -
Observou-se
a
circulaçãoda
mercadoriaem
duas
partes,mas
ainda falta analisá-lano
seu
processo total.Como
explica Marx:Observando
a metamorfose totalde
uma
mercadoria vemos,de
inicio,que
consiste
em
dois movimentosque
seopõem
e se completam, Fã-De
D-M. Essas duas transformações opostasda
mercadoria realizam-se pormeio
de
duas
ações sociais antitéticasdo
possuidorda
mercadoriae se
refletemnos
papeis econômicos opostos
que
eledesempenha:
a funçãode vendedor e
comprador.
Ao
transformar-se qualquer mercadoria,ambas
as
suas formas,a
fonna mercadoriae
a forma dinheiro,aparecem
simultâneasem
pólosopostos,
e
seu possuidor, na funçãode
vendedore
nade
comprador,se
confronta, respectivamente,
com
outro compradore
outro vendedor.A
mercadoria experimenta, sucessivamente,duas
transmutações opostas:a
mercadoria vira dinheiroe
o dinheiro vira mercadoria, e, paratetamerrte,o
mesmo
possuidorde
mercadoriadesempenha
os papéisde vendedor
e
comprador.Não
há imutabilidadede
função,mudando
as pessoascontinuamente
de
papel, na circulação das mercadorias.(MARX;
1999: 138)A
metamorfose
pela qualse
realizaa
troca entreas
mercadoriasM-D-M
exigeque o
mesmo
valorna forma
de
mercadoria constituao
seu
pontode
partidae
o
seu
pontode
chegada, constituindo,dessa
maneira,um
circuito. Todavia,esse
movimento impede que o
dinheiro percorraum
circuito e,como
resultado,tem-se
o
seu
afastamentodo
pontode
partida,passando das
mãos
de
um
possuidorde
mercadorias paraas
de
outro.E2
O
cursodo
dinheiroé
a
repetição constantedo
mesmo
processo,compra
e
venda, realizando
sua
funçãode
meio de compra.
Entretanto,a
transformaçaode
uma
mercadoriaem
outraaparece
como
conseqüência
da
funçãodesempenhada
pelo dinheiro
que põe
em
circulaçãoas
mercadorias inertes por natureza.“Embora
o
movimento do
dinheironão
sejamais
do que
uma
expressão
da
circulaçãodas
mercadorias, esta aparenta,
ao
contrário, serapenas o
resultadodo movimento
do
dinheiro”
(MARX;
1999: 142-143).A
mercadoria entrae
saido
prwso
de
circulação, jáo
dinheiro,sendo o
meio
de
circulação,permanece
na
esferadesse
processo.Como
conseqüência
de o
dinheirose manter constantemente
em
movimento e
substituiras
mercadoriasque
saem
da
circulação, surgea
da
quantidade
de
dinheiroque deve
estarna
circulação.Existem três fatores
que
detenninam essa
quantidade,que
são:a
quantidadede
mercadoriasem
circulação,o movimento
dos
preçose
a
velocidadedo
cursodo
dinheiro.
Para
vercomo
se
comportam
estes fatorestem=se
a
fórmula: fSoma
dos
preços
das
mercadorias
Montante
do
dinheiroque
N° de
movimento
das peças de
=
que
funciona
como
meio
dinheiro
do
mesmo
nome
de
circulaçãoA
quantidadede
dinheiroem
circulaçãonão
influenciano
preço
das
mercadorias,
ao
contrário,o
preçodas
mercadoriasé
um
dos
fatoresque
determinam
a
quantidadede
dinheiro necessária paraa
circulação.A
forma
moeda
assumida
pelo dinheiro decorrede
sua
funçãode
meio
de
circulação.A
função
do
dinheiro,como
meio
de
circulação, exige que: a)na
circulação,o
metalque
servecomo
dinheirose
encontre fracionadoem
diferentesdenominações;
e
b)o
valordessas
frações seja fixoe
certificado.13
Entretanto,
com
a
circulação, ocorreo
desgastedas moedas,
ocasionando, assim,uma
dissociação entreseu
peso
reale
seu
peso
nominal,desse
modo,
moedas
de
mesmo
nome
(uma
libra, porexemplo)
possuem
valores diversos por distinguiremo
peso dessas moedas. Essa
dissociação entreo
peso
reale 0
peso
nominal traza
possibilidadede o
dinheiro metálico ser substituído por papel,ou
seja, pormeros
símbolosde
valor.A
moeda
representa certa quantiade
valor,mesmo
não
possuindoesse
valorem
seu
peso, pois elaé
socialmente aceitacomo
depositária fixade
valor.Veremos,
a
seguir, outras funçõesdesempenhadas
pelo dinheiro: a)entesouramento; b)
meio
de
pagamento;
e
c) dinheiro universal.a)
entesouramento
Essa
funçãocomeça
quando
a
primeirametamorfose
é
intenompida,M-D,
e
nãose
continuaa segunda
metamorfose D-M.
Isso significaque
o
dinheiro deixade
ser
meio
de
circulação,não
podendo.“s'ë”F,"l'aomesmo
tem,po,^..|fieio“?de circulaçãoe
meio
de
entesouramento.O
entesouramento
desempenha?
função'na
circulação _- pois.a
quantidade
de
dinheiroentesourado
e
a
quantidadede
dinheiroem
circulação estãoem
constante intercâmbio,o
qual regula a. quantidadede
dinheiroqueffünciona
como
meio
de
circulação, oraabsorvendoc
entesouramento esse
dinheiro, oracolocando
em
circulaçãoo
dinheiro entesourado,conforme
a
necessida`dé~ dá* circulação.~l4
Com
o
desenvolvimentodo
comércio,a
alienaçãoda
mercadoriase
separa
por
um
determinadotempo da
realizaçãodo
seu
preço. Isso constituia
base
objetivado
créditona
relação mercantil. Assim,o
vendedor passa a
ser credore
o
comprador
r
_
devedor.
Esse
novo
aspecto fazcom
que o
dinheiro adquirauma
nova
funçao,que
é
a
de
se tomar meio
de
pagamento.
A
possibilidadede
ocorrera
compra
sem
a venda
deve-se
là existênciade
um
prévioentesouramento
de
dinheiro por partedos
possuidoresde
mercadorias.Mas,
com
o
desenvolvimento,essa
premissade
havera necessidade
de
um
entesouramento
toma-se
o
resultadoda
funçãodo
dinheirocomo
meio
de
pagamento,
pois surgea
necessidade
de
entesourar dinheiro para honraros
débitosnas
datas futuras. Assim,desaparece
o
entesouramento
como
forma
autônoma
de
enriquecimento, surgindo,em
seu
lugar,a forma
de
fundode
reservade meios de
\
pagamento.
c) dinheiro universal ¡
,I
az
Ao
sairda
esfera nacionale
funcionarcomo
dinheiro universal,o
dinheiro saide
sua forma
moeda
e
voltaà forma
de
barrasde
ouro.Desta maneira
o
dinheirocumpre,
no mercado
mundial,as
mesmas
funçõesque na
esfera nacional.“Só
no
mercado
mundial adquireplenamente
o
dinheiroo
caráterde
mercadoria cujocorpo
é
simultaneamente
a
encamação
social imediatado
trabathohumano
absuato;sua
maneira
de
existirtoma-se
adequada
a seu
conceito”.(MARX;
1999: 169)As
funçõesque o
dinheiro mundial exerceé
a
de
meio
universalde
compra
e
encamação
social absolutada
riqueza. Assim:Conforme
sucedecom
a circulação interna, todo país precisade
um
fundode
reserva paraa
circulaçãodo mercado
mundial.As
funçõesdas
reservas entesouradastêm
sua origem nas funçõesdo
dinheiro: nas intemas,de
15
meio
de
circulação ede
meiode
pagamento, e, nas extemas,de
dinheiro universal.(MARX,
1999: 171)1.1
A
transfonnagvãode
dinheiroem
capitalEstudamos,
até agora,a
mercadoriae o
dinheiro, porém,esse
estudonão
possuinada
especificamente
capitalista.Apartir
daqui,demonsiiaremos a
transformação
de
dinheiroem
capital.Como
explicaManc
a
“circulaçaodas
mercadorias
é o
pontode
partida.A
produção
de
mercadoriase o
comércio,forma
desenvolvida
da
produção
de
mercadorias constituemas
condições históricasque
dão
origemao
capital”.(MARX;
1999: 177).O
dinheiro possuiuma
nova
funçãoque é
a
de
ser capital.O
dinheiro,na
forma
de
capital, manifesta-seem um
movimento
especial,completamente
diferentede
seu
movimento
na
circulação simplesde
mercadorias.Todas
as
funçõesdo
dinheiro,na forma
simplesda
circulação 'de mercadorias,se encontram
ligadase
condicionadas pelanecessidade
de
troca entreas
mercadorias.Em
um
determinado graude
desenvolvimentodas
trocas,é
pormeio
do
dinheiroque
se
realizaa
ligação entreos
produtoresde
mercadoriase o
\ .
trabalho
de
cada um,
que
se
manifestacomo
parte integrantedo
trabalho social,o
qual encontra
sua expressão na
fórmulaM-D-M.
Neste
caso,o
dinheiroé
somente
um
intermediário entreM-M.
De modo
completamente
diferente,o
dinheirose
,gl
apresenta
na
circulaçãodo
capital. Contudo, neste último, existeo
mesmo
atode
oompralvenda
que
na forma
simplesde
circulaçãode
mercadorias. Mas,o
modo
de
relação entreos
homens
se
altera,ao
invésde
homens
livres, etc,tem-se
a
retaçãoentre
os
proprietáriose
os
não-proprietáriosdos meios
de
produção. Contudo,a
fonfna mercadoria dissimula,como
dissimulavaa
relação anterior,essa nova
relação16
relação, então,
além
de
encobrira nova
relação,a
mercadoria possuinovas
determinações.
Apesar
do
mesmo
nome,
mercadoria, elassão
resultadosde
relações sociais distintas.
Porém,
não é a
troca entre valores-de-usoa
finalidadede
circutaçäodo
capital,
mas
simo
aumento do
valordo
capital.Ao
ladoda
fómiulaM-Däl,
encontramos
a
fonna D-M-D, comprar
para vender.O
dinheiroque
se
movimenta de
acordo
com
esta última formulase
transformaem
capital. 'Entretanto,
no
circuitoD-M-D,
não
se
compra
uma
mercadoria por10
um
para vendê-la depois por 10 u.m,compra-se
uma
mercadoria por 10u.m
paravendê-la, por exemplo,
a
11 u.m.Esse
acréscimo
de
valor sobreo
valor originalde
10 u.m
é
chamado
de
mais-valia, assim,o
movimento
do
capitalé
D-M-D”,em
que
D'
=
D
+
d,sendo que d é
-a mais-valia.Como
vemos
em
Marx o
“valor originalmente antecipadonão só se
mantém
na
circulação,mas
nela alteraa
própriamagnitude, acrescenta
uma
mais-valia, valoriza-se.E
estemovimento
transfonna-oem
capital”.(MARX;
1999: 181) _`
Esse
movimento
de expansão do
valoré
contínuoe tem sua
finalidadeem
simesmo,
poisa
expansão
do
valorsó
existenesse
movimento
continuamente
renovado.
O
dinheirosó
encerrao movimento
D-M-D*
parapoder
começa-lo
novamente.
Nesse movimento
contínuo,o
possuidordo
dinheirotoma‹se
capitalista.
Comprar
para vender, ou, mais precisamente, comprar para vender mais caro, D-M-D”, parece ser certamente forma particularde
uma
espéciede
capital, o capital mercantil.Mas também
o capital industrialé
dinheiro,que
se converteem
mercadoria e,com
a venda da
mermdoria, sereoonverte
em
mais dinheiro. Fatosque
ocorrem forada
esferade
circulação, no intervalo entre a
compra
e a venda,não awrretam
nenhuma
mudança
a essa formade
movimento.No
capitalque
rende juros patenteia- se finalmente abreviada a circulação D-M-D”,com
seu resultadosem
o
estágio intermediário, expressando-se concisamenteem
D-D', dinheiro igual17
Na
realidade, portanto, D-M-D' é a fórmula geraldo
wpital conforme ele aparece diretamente na circulação.(MARX;
1999: 186)Todavia,
se
admitirmosque a
mais-valia,como
excesso
do
valor realizado sobreo
valor original, surgeda
troca, entãoestaremos
admitindoque o
surgimentodo
valor ocorrena
circulação.A
aceitaçãodo
surgimentoda
mais-valiana
circulação contradiz todasas
leis anteriormenteestudadas
sobrea
naturezada
mercadoria,do
valor,do
dinheiroe da
própria circulação.Porém, a
fórmulaD-M-D'
não é
invenmda,
nem
tãopouco
casual. Efetivamente,o
capitalista extraimais
dinheiroda
circulaçaodo que
nela colocou.Assim temos
que, poruma
parte,o
valorna
circulaçãonão
pode
crescer e, por outra parte, aparentemente, crescee deve
crescer.Marx
argumenta
que o
capital ` « ›[..]não
pode
originar-se na circulaçãonem
forada
circulação- Deve,ao
mesmo
tempo, ter e não ter nela sua origem.A
transformaçãode
dinheiroem
capitaltem
de
ser explicadaà
base
das leis imanentes
da
trocade
mercadorias, e, desse modo,a
trocade
equivalentes servede
pontode
partida.(MARX;
1999: 196)A
mais-valianão
resultado
próprio dinheiro,nem
do segundo
atoda
circulação,
que
é
a
venda.A
mudança
na magnitude
do
valordo
dinheirotem que
ocorrer, portanto,
no
primeiro atoda
circulaçãoD-M,
mas
não
em
seu
valor, poisessa
trocaé
equivalente.A
mudança
só
pode
originar-sedo
valor-de-usodê
Pára
isso,
o
capitalistatem que
encontraruma
mercadoria cujo valor-de-uso sejao
de
criar valor,
e
essa
mercadoria especialé
a
forçade
trabalho. Estapode
ser consideradacomo
o
conjuntodas
faculdades físicase
mentais existentesno
corpo
humano.
_
Para a
forçade
trabalho aparecerno
mercado
como
mercadoriasao
18
como
um homem
livre,ou
seja,não
como
um
escravo
ou
servo,mas como
dono de
sua capacidade
de
trabalho.A
outra condiçãoé que
o
trabalhador estejadespejado
dos meios
materiais necessáriosà sua
sobrevivência, restando-lhe,como
únicaopção
para adquiriros meios
de
sua
subsistência,a venda
da
sua
forçade
trabaiho-Dessa
maneira,o
capitalnão
surgesomente
porhaver
a
circulaçãode
mercadoria
e
dinheiro, pois ainda,é
necessárioque o
possuidordo
dinheiro,dos
meios
de
produção
e da
subsistência encontreo
trabalhador livreno
mermdo,
vendendo
sua
forçade
trabalho.Essa
condição detemninao
surgimentodo
capitalismo. `
Mas,
qualo
valorda
forçade
trabalho?Como
qualquer mercadoria,o
valorda
forçade
trabalhoé
igualao tempo
de
trabalho socialmente necessárioà
sua
produção. Contudo,
o
trabalhadortem
que
aparecer continuamenteno mercado,
conforme pressupõe
a
contínua transformaçãode
dinheiroem
capital. Assim,o
valorda
forçade
trabalhonão
é somente o
dinheiro necessário parao
trabalhador repora
sua
forçade
trabalho,mas
também
para criarseus
filhosque
o
substituirão futuramenteno mercado de
trabalho.1.2
A
produção
de
mais-valiaFora
da
circulaçãoe
sem
comprar
forçade
trabalho,o
capitalnão pode
surgir,sendo
que,desse
modo,
ter-se-iaque
analisaro processo
produtivo. Então,o
modelo de
circulaçãodo
capitaltoma-se mais completo
e
não
se
resume
na
fórmula D-M-D”, estasó
refletea
faseda
circulaçãodo
capitale não
consideraa
fasede
produção.Vejamos
como
fica
o
modelo:19
o-m<
P...M'(M+m)-D'(o+d)
Fr
Na
primeira faseda
circulação,D-M,
o
dinheirose
transformaem
forçade
trabalho, FP,
e
em
meios
de
produção,MP.
Na
segunda
fase,P
representao
processode
produção,em
que
se
produzM' e
que
m
representaa
mais-valia produzida;esse processo
interrompeo
processode
circulação.Na
terceira fase, M”- D' representanovamente
a
faseda
circulação,onde
a
mercadoriase
transformaem
dinheiro,sendo que
d
representaa
mais-valia transformadaem
dinheiro.Na
primeira fase,o
dinheiro transforma-seem
meios
de
produção,mas
issoanalisado
separadamente,
não é
mais
que
a conversão
de
dinheiroem
mercadoria.Todavia,
essa
transfonnaçãose
converteem
movimento
do
capital graçasà
compra
da
forçade
trabalho.No
capital mercantils D-M-D”,a
mercadoriaM
pode
serqualquer
uma,
por exemplo,um
carro,uma
cadeira.No
wpital industrial7,M
jáé
definida
como
MP
e
FT
e
sua
quantidadeé
pré-detemiinada.Analisaremos,
na
segunda
fase,o
que é
a
faseda
produção,como
a
form
de
trabalho
e
os
meios
de
produção
têm
papéis diferentesna produção
de
mais-valia.Começaremos
demonstrando
sobreo
processode
trabalho.Para
o
trabalhomaterializar-se
na
mercadoria, eletem que
produzirum
valor-de-uso, tantoaquele
que é consumido
pelo capitalista,como
aqueleque é
lançadona
ciiculaçao por este.6
Capital mercantil - forma de capital que existia antes da relação social de produção capitalista.
No
capitalmercantil o objetivo é comprar para vender mais caro, obtendo, assim, a mais-valia 7
Capital industrial - essa forma de capital é a relação social de produção capitalista Nessa forma de capital
compra-se mercadorias pré-deterrninadas em que o objetivo é produzir mercadorias cujo valor exceda o valor das
20
Mas,
antes disso, vale ressaltarque o
processode
trabalhoé
a
interação entreo
homem
e a
natureza,na
qualessa é
transformada pelaação
conscientedo
homem.
Segundo
Marx, “cselementos
componentes do
processode
trabalho sao:1)
a
atividadeadequada
a
um
lim, isto é,o
próprio trabalho; 2)a
matériaa
que
se
aplicao trabalho,o
objetodo
trabalho;3)
os meios
de
trabalho,o
instrumentalde
trabalho",(MARX; 1999: 212)Os
objetosde
trabalhosão
todasas
coisasda
naturezacom
que
o
homem
atua
no
seu
trabalho, por exemplo,a água e
os
minérios arrancadosdas
minas-Esse
minério,após
ser processado,se
transformaem
matéria-prima, para outrotrabalho. Matéria-prima
é
todoo
objetode
trabalhoque
já tenhapassado
porum
processo
anteriorde
trabalho.Os
meios
de
trabalhosão
coisasque
o
trabalhador insere entre elee o
objetode
trabalho,0
qualo
ajudaa
transformá-loem
determinado valor-de-uso.Marx
define
os meios
de
trabalhodessa
maneira:Além
das coisasque
permitemao
trabalho aplicar-sea
seu objetoe
servem,
de
qualquer modo, para conduzir a atividade, consideramos meiosde
trabalho,em
sentido lato, todas as condições materiais, sejacomo
for, necessárias a realizaçãodo
processode
trabalho.(MARX;
1999: 214)A
atividadeadequada
a
um
timé o
trabalho,em
que c
homem
atuade
forma
consciente sobre
um
objetode
trabalho, para transformá-loem um
produtoque se
adapte
às
necessidadeshumanas,
atravésda
mudança
de
sua
forma.O
processo
de
trabalhoacaba
quando
tenninao
produto,sendo
que o
trabalho está21
Assim, observando
todoo
processo,temos que
os
objetosde
trabalhoe
os
meios
de
trabalhosão os meios
de
produção e a
atividadedeterminada
a
um fim
é o
trabalho produtivo,
a
forçade
trabalho.W
O
capitalista vaiao mercado
e
compra
os meios
de
produção
e
a
forçade
trabalho.
Apos
isso, eleconsome
a
forçade
trabalho, fazendo-aconsumir
os meios
de
produção.O
processode
trabalho,quando
ocorrecomo
processo
de
consumo
da
forçade
trabalho pelo capitalista, apresentaalgumas
características:o
trabalhopertence
ao
capitalistae
esse o
controla paraque
utilizede
forma mais
eficientepossível
os meios
de
produção;e a
outraé que o
produtodo
trabalho pertenceao
capitalista.O
capitalista possui dois objetivos:o
primeiroé
produzirum
valor-de'-usoque
tenhaum
valor-de-troca,a
mercadoria;e o segundo é
produziruma
merwdoria
cujovalor seja
mais
que o
valordas
mercadorias utilizadasna sua
produção, poiso
capitalistaquer
produzirum
excedente
de
valor,a
mais-valia.Analisando
a
produção,do
pontode
vistado
valor, observa-seque
o
capitalista vaiao mercado e compra
a
forçade
trabalho porum
valor diáriode 6
u.m,matéria-prima por
20
um
e
meios
de
trabalho por20
u.m.Cada
unidade monetáriaequivale
a
uma
horade
trabalho.H
Para
transformar20 u.m de
matéria-primaem
outraforma
útilsão
necessárias6
horasde
trabalhoe
gastam-se
50%
dos meios
de
trabalho,ou
seja,10
u.m.Assim,
ao
se
produzira
nova
mercadoria,tem-se
nela incorporadas6
horasde
trabaiho,20
horasde
trabalho sobrea fomia
de
matéria-primae
10 horasde
trabalhoadicionadas pelo