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Comissão organizadora e apoios

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Academic year: 2021

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Promoção

Universidade Federal do Pará/IFCH Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade – Porto (CEPESE)

Co-participantes

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP Programa de Pós-graduação

em História Social da Amazônia/UFPA

Apoios

Pró-Reitoria de Administração/UFPA Centro de Memória da Amazônia Secretaria de Educação

do Estado do Pará – SEDUC Consulado de Portugal

Conselho da Comunidade Luso-Brasileira

Coordenação

e organização do evento

Profa. Dra. Maria de Nazaré Sarges Profa. Dra. Cristina Donza Cancela Prof. Dr. Antonio Otaviano Vieira Júnior

Secretária do evento

Ana Cristina Trindade –

Assessoria de Comunicação do IFCH Comissão organizadora

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Belém | Pa 2008

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revisão textual Nononononoononononono Nonononononnono Nononoononnonnono nononononoononon ononononoononononono revisão textual Nononononoononononono

capa, projeto gráfico e editoração

Oficina de Criação - UFPA

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sumário

1

Uma “conquista tão dilatada”.

A coroa portuguesa e a migração voluntária para a Amazônia (século XVII)

Rafael Ivan Chambouleyron (UFPA)

2

Nem nacional, nem estrangeiro: reflexões sobre um projeto étnico-político brasileiro em torno do imigrante português

José Sacchetta Ramos Mendes (LEER/USP)

3

A territorialidade portuguesa na cidade de São Paulo nos anos 1930

Sênia Bastos (Univ. Anhembi-Morumbi)

4

Entre Brasil e África Fluxos migratórios e o modelo português de desenvolvimento no final do século XIX

Paulo Cesar Gonçalves (Cátedra Jaime Cortesão/FFLCH/USP)

5

Manoel dos Santos, o pajé de Portugal: imigração e contatos culturais

em Belém do Pará no final do século XIX

Aldrin Moura de Figueiredo (UFPA)

6

“Altercões” e “rixosos”: colonos portugueses numa vila militar no Pará imperial.

Eliana Ramos Ferreira (Escola de Aplicação/UFPA)

7

Os Açorianos: Memórias, Identidades e Festividades.

The Azoreans: Memories, Identities and Celebration

(6)

6

8

A migração de um modelo de vida - da Feliz Lusitânia à Amazônia Portuguesa

Mauro Cezar Coelho (UFPA)

9

Histórias de “movimentos”: embarcações e população portuguesas na Amazônia joanina

Antonio Otaviano Vieira Junior (CMA/UFPA) Daniel Souza Barroso (FAPESPA/UFPA)

10

A Emigração do distrito de Vila Real para o Brasil na 1ª metade do século XX – Realidade e Percepções.

Isilda Braga da Costa Monteiro (CEPESE)

11

Imigrantes portuguesas: Cotidiano, trabalho e resistência São Paulo 1890-1950

Maria Izilda Santos de Matos (PUC/SP)

12

Imigração portuguesa e comércio varejista: os silêncios sobre a mulher

Lená Medeiros de Menezes (UERJ)

13

A emigração do Norte de Portugal para o Brasil em vésperas da Primeira Guerra Mundial (1912)

Ricardo Rocha (CEPESE)

14

A presença portuguesa no Paraná: trabalho, integração e sociabilidade

Roseli Boschilia (UFPR)

15

O distrito da horta no contexto da emigração açoriana.

Uma análise com base nos registros de passaportes (1836-1839)

Susana Serpa Silva (Universidade dos Açores)

16

Um camarada português maximalista: Antônio Candeias Duarte e os socialismos no Brasil

Alexandre Hecker (UNESP/Univ. Mackenzie)

17

De Além-Mar à Terra da Garoa: Travessias Portuguesas

(7)

7

18

Imigrantes portugueses e sociedades recreativas no Rio de Janeiro,

1903-1916

Vitor Manoel Marques da Fonseca (Arquivo Nacional)

19

A emigração do Norte de Portugal para o Brasil: uma primeira abordagem

(1918-1931)

Diogo Ferreira (CEPESE)

20

Imigrantes portuguesas: Cotidiano, trabalho e resistência São Paulo 1890-1950

Maria Izilda Santos de Matos (PUC/SP)

21

Imigração portuguesa e comércio varejista: os silêncios sobre a mulher

Lená Medeiros de Menezes (UERJ)

22

A emigração do Norte de Portugal para o Brasil em vésperas da Primeira Guerra Mundial (1912)

Ricardo Rocha (CEPESE)

23

Portugueses na vida econômica da cidade, em Santos, na segunda metade do século XIX

Maria Apparecida Franco Pereira

Maria Suzel Gil Frutuoso (Universidade Católica de Santos)

24

O primeiro inquérito português à emigração (1843)

Fernando de Sousa

25

O discurso político da emigração portuguesa para o Brasil na segunda metade do século XIX

Paula Barros

26

A emigração do Norte de Portugal para o Brasil: uma primeira abordagem (1918-1931)

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27

Imigração e exílio: os liberais portugueses no contexto do constitucionalismo e das lutas políticas brasileiras e portuguesas dos anos de 1820

Gladys Ribeiro (UFF)

28

A legislação portuguesa sobre a emigração para o Brasil durante o Estado Novo (1926-1974)

Paula Marques Santos (CEPESE/ESTGL/Universidade Lusíada)

29

A emigração do Norte de Portugal para o Pará (1880-1910)

Maria José Ferraria Paulo Amorim

30

Etnicidade e criminalidade na manaus da belle époque

Paulo Marreiro (PUC/SP/ FAPEAM)

31

Imigração e movimento associativo: os portugueses em Niterói, 1889-1930

Andréa Telo da Corte (UFF/Arquivo Nacional)

32

Imigração, inserção social e urbanização: o caso da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Niterói

Ismênia Martins (UFF)

33

Os portugueses nos autos judiciários: Sociabilidades e tensões

Maria de Nazaré Sarges (UFPA) Caue Morgado

34

Casamento e imigração, Belém 1870-1920

Cristina Donza Cancela (UFPA) Daniel Barroso

35

Pátria minha, guerra nossa: portugueses e brasileiros no grão-pará – 1808-1840

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A

intensa presença lusa na Amazônia e no Pará apresenta alguns dados bem emblemáticos no reflexo desta presença, como o fato do Estado ser um dos últimos a aderir à independência do Brasil, em parte em função da expressiva colônia portuguesa nele existente que resistiu a este processo. De igual maneira, na virada do século XIX para o século XX, em plena expansão da borracha, o Estado se constituiu no terceiro maior local de atração de imigrantes portugueses para o Brasil, o que, de alguma forma se reflete na atualidade, se considerarmos que o Pará é o único Estado que possui um consulado português em toda a região norte, além da presença significativa de sociedades beneficentes, agremiações, times de futebol e firmas comerciais pertencentes aos seus naturais e/ou descendentes.

Desse modo, a temática acerca da migração internacional, especialmente a portuguesa, é fundamental para melhor compreendermos a conjuntura atual de (re) configuração da economia global, da trans-nacionalização das culturas, bem como, dos novos movimentos políticos que estabelecem o diálogo, muitas vezes tenso, entre as identidades nacionais e os grupos étnicos/raciais.

O V Seminário Internacional sobre a I(e)migração Portuguesa para o Brasil - ENTRE MARES: o Brasil dos Portugueses a

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realizar-se em Belém do Pará, no mês de setembro, procura manter um grupo de discussão contínuo, para melhor compreender a temática da migração internacional sob uma perspectiva interdisciplinar envolvendo o conhecimento da: Antropologia, Sociologia, Ciência Política e História.

O objetivo é aproximar e possibilitar um diálogo acadêmico entre diferentes áreas do conhecimento, envolvendo pesquisadores das instituições participantes: CEPESE (Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade - Porto), Universidade do Porto, Universidade Lusíada, Universidade dos Açores, ISCTE, UFPA, PUC/SP, USP, UFF, UERJ, UNESP, Cátedra Jaime Cortesão e Universidade Mackenzie. Além destas, comporão o conjunto de instituições diversas entidades da Comunidade Portuguesa e variados arquivos históricos brasileiros.

Portanto, a realização deste Seminário Internacional, na UFPA, se apresenta como um fato fundamental ao fortalecimento e ampliação da temática migratória portuguesa nos Programas de Pós-graduação locais, bem como à ampliação, divulgação e aperfeiçoamento dos bancos de dados das Instituições e Arquivos locais.

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Uma “conquista tão dilatada”.

A coroa portuguesa e a migração voluntária

para a Amazônia (século XVII)

Rafael Ivan Chambouleyron (UFPA)

Poderíamos falar de três tipos de migração de portugueses para o Estado do Maranhão e Pará. Em primeiro lugar, o grupo menos numeroso, o caso de indivíduos que solicitavam volun-tariamente a sua mudança para as capitanias do Maranhão e do Pará. Em segundo lugar, o fluxo de “viajantes involuntários”, para usar a expressão de Janaína Amado, composto por solda-dos e degredasolda-dos. E, finalmente, um movimento mais amplo que poderíamos caracterizar como “migração em massa”, que consistiu na organização e envio de várias levas, principalmente de açorianos, para a região. Os três tipos de migração revelam uma ação intensa da Coroa. É que, de uma forma ou de outra, esses três grupos eram vistos pela Coroa como os “habitado-res” de que tanto precisava o Estado do Maranhão. Esta comu-nicação se centra no primeiro grupo de migrantes, analisando suas motivações e o significado que adquiriram para a Coroa ao pensar o povoamento do Estado do Maranhão e Pará.

Nem nacional, nem estrangeiro: reflexões

sobre um projeto étnico-político brasileiro

em torno do imigrante português

José Sacchetta Ramos Mendes (LEER/USP)

A Assembléia Nacional Constituinte de 1946 instaurou um de-bate parlamentar inusitado no panorama jurídico-sociológico brasileiro, fazendo ascender ao âmbito constitucional a temáti-ca da identidade entre os povos do Brasil e de Portugal. A argu-mentação realizada em plenário pelos deputados constituintes, entre eles o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre, justifi-cava a condição singular a ser outorgada aos portugueses pela Carta em elaboração com base em pressupostos de afinidade

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lingüística, étnica, cultural e até mesmo religiosa e racial que manteriam com os brasileiros. O debate teve conseqüências normativas e gerou um paradigma integrado à Constituição de 1946 que se fez presente na formulação de políticas públicas de imigração, assim como na produção legislativa ordinária sobre estrangeiros, aquisição da nacionalidade e exercício de direitos. Elevado ao topo do ordenamento, o dispositivo que singulari-zou legalmente os lusos juntou-se a um substrato anterior que remete à Constituinte do Império, entre outros momentos de elaboração legislativa. Este artigo tem por base pesquisa que visa aprofundar o entendimento do debate sobre os portugue-ses e a cidadania brasileira ocorrido na Constituinte de 1946 e suas decorrências. Para tanto, a investigação contempla: a) a análise dos discursos parlamentares da ANC de 1946 por meio da leitura de seus anais e outros documentos primários; b) o levantamento de textos relacionados à suposta identidade luso-afro-brasileira, em particular a obra de Gilberto Freyre; c) a consulta à literatura da Teoria do Direito e da História do Pensamento Jurídico. O resultado que se busca é a elaboração de uma análise sobre o papel atribuído ao imigrante português na construção da cidadania brasileira durante a Constituinte de 1946 e, dentre as suas projeções, a expansão da especialidade legal detectada aos demais povos lusófonos.

A territorialidade portuguesa

na cidade de São Paulo nos anos 1930

Sênia Bastos (Univ. Anhembi-Morumbi)

Esse texto tem como fonte de pesquisa os artigos publicados na Revista do Arquivo Municipal, nas décadas de 1930 e 1940, que tratam da composição populacional e do cotidiano de vida e de trabalho dos imigrantes da cidade de São Paulo. Para analisar o padrão de vida (alimentação e moradia), profissão, ambiente cultural, densidade e distribuição dos imigrantes na cidade, as pesquisas fundamentaram-se na análise dos dados

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do recenseamento estadual (1934), nos registros de 214.863 nascimentos (correspondente ao período 1920 a 1928) e de 600 crianças nascidas nas seções gratuitas das maternidades, aos inquéritos realizados nos parques infantis (famílias de 1.651 crianças), nas matrículas dos alunos de 76 escolas públi-cas (67.325 crianças) e de 512 estudantes da Universidade de São Paulo (cursos de Direito, Politécnica, Medicina, Farmácia, Odontologia, Veterinária, Filosofia e Educação da USP). Os dados permitiram alcançar diferentes estratos sociais da cidade, num primeiro momento, dos setores subalternos da sociedade paulistana (ENSAIO, julho 1936) e, com a pesquisa de Souza (1937), os seus estratos sociais privilegiados. Influenciados pela Escola de Chicago, a problemática da assimilação do imigrante (fusibilidade) e da constituição de guetos fundamentou, prin-cipalmente, os estudos realizados por professores da Escola Livre de Sociologia e Política. A partir da sistematização dessas pesquisas Araújo (1940; 1941) identificou a concentração ét-nica dos imigrantes e sua territorialidade, ao que denominou “enquistamentos étnicos”. Desse universo foram selecionados os dados relativos aos portugueses (7,69% da população do município, em 1934, que totalizava 27,98% estrangeiros na sua composição), localizados preferencialmente em áreas menos densamente ocupadas (nas zonas semirural e rural), em virtude de sua atividade econômica preferencial, as chácaras urbanas. Para as preocupações teóricas que fundamentaram tais estu-dos, os portugueses apresentavam excelente distribuição ter-ritorial na cidade, sem tendência de concentração em guetos e bom índice de fusibilidade.

Entre Brasil e África

Fluxos migratórios e o modelo português

de desenvolvimento no final do século XIX

Paulo Cesar Gonçalves (Cátedra Jaime Cortesão/FFLCH/USP)

Esta comunicação aponta alguns caminhos de pesquisa sobre a relação entre a emigração e as estratégias de desenvolvimento

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econômico de Portugal, abordando dois destinos do fluxo: o Brasil, receptor histórico de portugueses que buscavam me-lhores condições de vida, cuja expressão máxima consistia nas remessas monetárias, cada vez mais significativas, enviadas à terra natal, e as colônias africanas que, mesmo com importan-te apoio do governo metropolitano, receberam contingenimportan-tes pouco significativos nas últimas décadas do século XIX. A política de emigração portuguesa reconhecia o papel finan-ceiro e social do êxodo, mas também procurava inseri-lo no projeto de consolidação do império colonial. Se as remessas dos emigrados constituíram-se com o tempo em importante fator de equilíbrio financeiro para o reino, compensando em larga medida seus déficits comerciais, a construção do império em África jogou papel importante nas expectativas e na confi-guração de um modelo de desenvolvimento para a sociedade portuguesa. Ou seja, existia a convicção de que o “atraso” de Portugal, inserido na conjuntura europeia do final do século, poderia ser superado através da exploração moderna das pos-sessões coloniais.

Diante das tentativas do governo português de articular eco-nomicamente o império e buscar melhor inserção no concerto das nações na Europa, ganharam força as propostas de desviar ao menos parte do contingente que procurava o Brasil para as colônias ultramarinas, onde o domínio político e econômico exigia a presença de colonos, além de pessoal administrativo e militar. O projeto colonial impôs, portanto, um dilema: dé-cadas após a perda da mais importante colônia do Atlântico, a alternativa africana surgia no horizonte opondo, em certa medida, os tradicionais interesses individuais da emigração aos interesses coloniais da nação. No entanto, ambos deveriam ser conciliados em nome da estratégia para resgatar o suposto prestígio político e econômico, simbolizado pela afirmação do Império colonial português em África.

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Manoel dos Santos, o pajé de Portugal:

imigração e contatos culturais em Belém

do Pará no final do século XIX

Aldrin Moura de Figueiredo (UFPA)

Em dezembro de 1886, o subdelegado da capital paraense Joaquim Luiz Gomes invadiu a casa do pajé Manoel dos Santos, imigrante luso, então reconhecido como célebre no “ofício da pajelança” em Belém do Pará. Alguns jornais da época tomaram o acontecido como uma “sessão magna de apreensão de burundangas”, pois que com o xamã foi encontrado desde caveiras de mucura até me-dalhinhas de Nossa Senhora das Dores. Mas, longe de ser um caso inusitado veiculado na imprensa da época, o caso do pajé portu-guês revela outros meandros dos encontros e confrontos culturais vivenciados na Amazônia do passado. Ao mesmo tempo desvela os intercâmbios de crenças e práticas entre Lisboa e Belém do Pará, que na época chegaram a fazer parte das preocupações de intelectuais destacados no campo da etnologia como Consiglieri Pedroso (1851-1910), em Lisboa, ou José Veríssimo (1857-1916), Belém. Nesta comunicação analiso alguns dos significados da pre-sença portuguesa na pajelança amazônica do século XIX, em diá-logo com os debates intelectuais da época.

“Altercões” e “rixosos”: colonos portugueses

numa vila militar no Pará imperial

Eliana Ramos Ferreira (Escola de Aplicação/UFPA)

A extinção formal do trafico negreiro, em 1850, pôs na ordem do dia o problema da substituição da mão-de-obra escrava na orga-nização do trabalho no Brasil. Uma das vias defendida por sig-nificativa parcela do Estado Imperial foi o estimulo a projetos de colonização, notadamente por meio da criação de Vilas Militares destinadas à colonização e a vinda de colonos europeus. O presen-te trabalho prepresen-tende refletir sobre a experiência de colonos portu-gueses na Vila Militar de Óbidos na província do Pará imperial.

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Os Açorianos: Memórias,

Identidades e Festividades

The Azoreans: Memories, Identities

and Celebration

Elis Regina Barbosa Ângelo (PUC-SP)

A festa religiosa conhecida como Festa do Divino Espírito Santo será analisada como uma atratividade relevante para a comunidade da Vila Carrão, em São Paulo, advinda dos costu-mes açorianos mantidos ao longo dos tempos em meio às ad-versidades da contemporaneidade. Ao passo que busca a per-cepção do território no qual se desenlaçam atividades culturais luso-brasileiras como um emaranhado de elementos e traços da cultura e da história dos açorianos, esta investigação também analisa a perspectiva do espaço enquanto elo entre o passado e o presente, favorecendo a visibilidade das identidades.

A migração de um modelo de vida -

da Feliz Lusitânia à Amazônia Portuguesa

Mauro Cezar Coelho (UFPA)

Este trabalho pretende discorrer sobre a política colonial por-tuguesa para o Grão-Pará, atentando para as iniciativas que ob-jetivavam a recriação do universo lusitano na Amazônia. As-sim, ele relaciona as políticas adotadas a partir de 1750, como o incentivo aos casamentos mistos, a obrigatoriedade do ensino da Língua Portuguesa, os topônimos adotados para a titulação das povoações, e as compreende como uma outra dimensão da política metropolitana: a transformação do espaço colonial amazônico em reflexo da metrópole, por meio da consolidação da presença lusitana – física e simbólica.

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Histórias de “movimentos”: embarcações

e população portuguesas na Amazônia joanina

Antonio Otaviano Vieira Junior (CMA/UFPA) Daniel Souza Barroso (FAPESPA/UFPA)

Esse ensaio busca analisar o período joanino considerando os “movimentos” de embarcações e população entre Portugal e a Amazônia, mais especificamente para o Pará. Não falaremos de nobres atordoados pela distância da Corte, e nem de uma Corte restrita ao Rio de Janeiro. Falaremos de um porto e de uma população ao norte da América lusitana, onde por moti-vos diferenciados, entre 1808-1821, pode presenciar partidas e chegadas. Numa tentativa de entrever a história da permanên-cia da Corte no Brasil além da nobreza e da baía de Guanabara, discutiremos parte do perfil do “movimento” entre o porto da cidade de Belém do Grão-Pará e Portugal.

A Emigração do distrito de vila real

para o Brasil na 1ª metade do século xx –

realidade e percepções

Isilda Braga da Costa Monteiro (CEPESE)

Na primeira metade do século XX, o distrito de Vila Real, localizado na região do Douro e Trás-os-Montes, contribui para o aumento do fluxo de emigrantes portugueses que no Brasil procuravam melhorar as suas condições de vida. Em cada dia que passava eram muitos os que se deslocavam ao Governo Civil para requerer o passaporte que lhes possibili-taria partir e tentar a sua sorte no outro lado do Oceano. Os registros que hoje se guardam no Arquivo Distrital de Vila Real mostram-no de forma muito clara, permitindo alicer-çar com números concretos a análise da emigração para o Brasil nesta região. É o que nos propomos fazer neste estu-do, procuranestu-do, paralelamente, saber qual a percepção que, na época, se teve da dimensão dessa realidade ao nível local,

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através do que se escreveu na imprensa periódica regional. Palavras-chave – Brasil, Portugal, emigração, Vila Real, im-prensa regional.

Imigrantes portuguesas:

Cotidiano, trabalho e resistência

São Paulo 1890-1950

Maria Izilda Santos de Matos (PUC/SP)

Esta investigação pretende uma contribuição para o estudo das ex-periências das mulheres imigrantes portuguesas na cidade de São Paulo, no período entre 1890 e 1950. A análise procurará recuperar o cotidiano na dimensão da experiência do trabalho, particularmen-te o fabril. Privilegiando uma documentação variada, com destaque para os prontuários do DEOPS (Departamento Estadual de Or-dem Política e Social), a proposta também visa recuperar as ações e reivindicações, enfrentamentos, formas de resistência e luta nas quais estiveram envolvidas as imigrantes portuguesas.

Imigração portuguesa e comércio varejista:

os silêncios sobre a mulher

Lená Medeiros de Menezes (UERJ)

No quadro da imigração urbana, o comércio mostra-se espaço privilegiado de ascensão social e marca emblemática da presença portuguesa em terras brasileiras. Priorizado o recorte de gênero, entretanto, observamos que, diferentemente de outras naciona-lidades, vários silêncios recaem sobre o trabalho desenvolvido pelas mulheres nos armazéns, bares e outros estabelecimentos comerciais das grandes cidades. Propondo reflexões que não se esgotam na curta duração, a comunicação utiliza fontes variadas, com destaque para o Almanaque Laemmert (época imperial) e

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depoimentos de comerciantes (períodos mais recentes), buscan-do, através de indícios diversos, contribuir para dar visibilidade à presença e ao trabalho desenvolvido pela mulher portuguesa no comércio varejista da cidade do Rio de Janeiro.

A emigração do Norte de Portugal para

o Brasil em vésperas da Primeira Guerra

Mundial (1912)

Ricardo Rocha (CEPESE)

O ano de 1912 é, podemos afirmá-lo com segurança, aquele em que se observa o maior número de emigrantes portugueses rumo ao Bra-sil em toda a História, pelo menos no que se refere à emigração le-gal. Nunca antes se registrara um tal fluxo, nunca depois foram estes números alcançados. E mesmo considerando o total da emigração portuguesa, independentemente do país de destino, os quantitativos observados neste ano apenas seriam superados nas décadas de 1960 e 1970, embora tratando-se, neste caso, de uma emigração intra-eu-ropeia e por isso com características bem diferentes. Neste trabalho, apresentamos e analisamos alguns indicadores socioeconômicos, no-meadamente quanto ao gênero, idade, profissão, estado civil e natu-ralidade dos emigrantes e acompanhantes que, no Governo Civil do Porto, requereram passaportes para viajarem para o Brasil em 1912. Palavras-chave: 1912; emigração; Brasil; indicadores socioeco-nômicos.

A presença portuguesa no paraná:

trabalho, integração e sociabilidade

Roseli Boschilia (UFPR)

Palavras-chave: imigração portuguesa, trabalho, sociabilidade. Presentes no atual território paranaense desde o século XVI,

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e com maior ênfase a partir do século XIX, os portugueses constituem um dos grupos imigrantes ainda pouco estudados pela historiografia paranaense.

Com o objetivo de lançar bases para a compreensão do pro-cesso de inserção desse grupo imigrante na sociedade parana-ense na segunda metade do século XIX, essa comunicação tem como objetivo analisar a sua presença na esfera produtiva e no espaço cultural e social.

A partir de um amplo leque de fontes documentais, que inclui a documentação produzida pelo estado, pelo próprio grupo imigrante e pela imprensa periódica pretende-se problemati-zar acerca das motivações que trouxeram esses imigrantes ao Paraná, as estratégias de sobrevivência e os mecanismos de inserção na sociedade paranaense em múltiplos espaços com-partilhados não só com a população local, mas também com outros grupos de imigrantes europeus que também chegaram ao estado naquele momento.

A problematização dessas questões será feita por meio do di-álogo com a historiografia produzida a respeito da imigração portuguesa, em âmbito nacional, e à luz de conceitos como sociabilidade, identidade e comunidade imaginada.

O distrito da horta no contexto

da emigração açoriana.

uma análise com base nos registros

de passaportes (1836-1839)

Susana Serpa Silva (Universidade dos Açores)

Com base no Livro nº 1 de Registros de Passaportes do Go-verno Civil do Distrito da Horta, nos Açores, que abarca o período de 5 de Agosto de 1836 a 7 de Maio de 1839, preten-de-se fazer uma análise dos rumos da emigração oriunda da-quelas ilhas, bem como do perfil dos respectivos requerentes, cotejando, depois, os respectivos resultados com o fenómeno correspondente verificado nos demais distritos do arquipélago,

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a saber: Angra do Heroísmo e Ponta Delgada. Deste modo, partindo da premissa de que no século XIX a emigração era, proporcionalmente, mais elevada nas ilhas do que no conti-nente e que, como vários autores referem, o “ciclo” do Brasil foi hegemónico no contexto migratório local e nacional, du-rante largas décadas, procuraremos abordar a realidade da emi-gração legal, primeiro numa parcela e depois no todo insular, num período que não tem sido alvo de grande incidência de estudos, comprovando, desde logo, a inequívoca preferência pelo Império Brasileiro.

Um camarada português maximalista:

Antônio Candeias Duarte e os socialismos

no Brasil

Alexandre Hecker (UNESP/Univ. Mackenzie)

Antonio Candeias Duarte foi militante dedicado da esquerda brasileira nas primeiras décadas do século XX. Liderou, ao lado de brasileiros e outros estrangeiros, a famosa comissão popular que construiu um dos momentos mais dramáticos da histó-ria da luta por direitos civis e políticos, a greve geral de 1917. Escreveu, em 1919, juntamente com Edgard Leuenroth, um documento que serviu de divisor de águas da história ideológi-ca do país: O que é maximismo ou o bolchevismo. Foi editor de diversos dos mais importantes periódicos socialistas do pe-ríodo. Partidário do anarquismo aproximou-se de comunistas mantendo uma editora de livros de propaganda, a Marenglen, aglutinação de Marx, Engels e Lênin. Foi investigado pelo De-ops paulista, e preso, restando sobre ele uma documentação que hoje, permite ao historiador perscrutar a pressa e o ardor militantes que, naqueles primeiros tempos, tomou conta dos projetos socialistas, promovendo uma verdadeira dança ideo-lógica entre as personagens envolvidas.

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De Além-Mar à Terra da Garoa:

Travessias Portuguesas

Yvone Dias Avelino (PUC/SP)

Levantamento das variadas profissões de portugueses que imigraram para São Paulo no Pós Segunda Grande Guerra Mundial. Ao chegarem, esses sujeitos abraçaram significativos ofícios nesta urbe, dando uma enorme contribuição ao desen-volvimento desta metrópole. Interessante observar que alguns vinham ainda com a profissão de agricultores. Outros, como refugiados e, um pequeno número deles sendo chamados pe-las famílias que aqui já estavam estabelecidas. Penetrar neste universo e visualizar estes sujeitos é o que nos propomos nesta comunicação.

Imigrantes portugueses e sociedades

recreativas no Rio de Janeiro, 1903-1916

Vitor Manoel Marques da Fonseca (Arquivo Nacional)

Entre 1903 e 1916, existiam na cidade do Rio de Janeiro cerca de 953 associações recreativas, que podiam variar desde clu-bes esportivos ou dançantes, pastoris e, a maioria, agremiações carnavalescas. Normalmente entidades pequenas, sem patri-mônio, e não dispondo de verba para requerem personalidade jurídica, tas associações necessitavam, para funcionamento, de autorização da Polícia do Distrito Federal. Anualmente, essas associações renovavam seu pedido de autorização, bem como necessitavam de uma permissão especial caso desejassem reali-zar “passeatas”, termo que designava qualquer saída à rua, por exemplo, desfiles por ocasião do carnaval.

Os processos gerados constavam, normalmente, de um reque-rimento ao Chefe de Polícia, que podia ter como anexo, no primeiro ano e até que não sofresse alteração, o estatuto da entidade, e o relatório de um investigador que era designado para averiguar, no local em que elas funcionavam, se as

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mações prestadas eram verdadeiras e quem eram seus dirigen-tes e membros.

A mera relação dos nomes dessas associações indica, em al-gumas delas, a forte presença de imigrantes portugueses. O presente estudo buscará caracterizá-las, em termos de associa-dos, móbil aglutinador, local de funcionamento. Pretende-se também verificar se há, além da nacionalidade, coincidência de algum outro elemento entre os associados portugueses, como profissão, empregador, naturalidade ou local de residência, bem como sinais de que funcionassem como espaços de socia-bilidade e exercício de cidadania para os participantes.

A emigração do Norte de Portugal

para o Brasil: uma primeira abordagem

(1918-1931)

Diogo Ferreira (CEPESE)

Esta comunicação surge na sequência do levantamento e aná-lise dos livros de registos e processos de passaportes, dispo-níveis no Arquivo Distrital do Porto, fontes que permitiram quantificar os emigrantes legais que solicitaram passaporte no Governo Civil do Porto com destino ao Brasil, bem como nos forneceram uma série de indicadores socioeconómicos – sexo, naturalidade, idade, profissão, estado civil –, fundamentais para uma melhor compreensão do fenómeno emigratório a partir daquela cidade.

A apresentação destes resultados é feita no sentido de demons-trar algumas especificidades do fluxo migratório saído do Por-to, num período cronológico em que determinados aconteci-mentos históricos, como o final da Primeira Guerra Mundial, a queda da Primeira República em Portugal, a crise capitalista de 1929 e a subida ao poder de Getúlio Vargas no Brasil, influen-ciaram decisivamente o fenómeno migratório.

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Portugueses na vida econômica da cidade,

em Santos, na segunda metade do século XIX

Maria Apparecida Franco Pereira

Maria Suzel Gil Frutuoso (Universidade Católica de Santos)

O objetivo deste estudo é o de dar continuidade à pesquisa referente aos portugueses em Santos,na segunda metade do séc. XIX, quer sejam trabalhadores ocupados em diferentes ofícios ou empresários, rastreando assim a sua presença na vida da cidade santista e sua relação com a mesma. Para isso deu-se seguimento à pesquisa em documentação da Socieda-de Portuguesa Socieda-de Beneficência a partir dos livros Socieda-de registro de associados; nos últimos livros de registros de funcionários do Hospital da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santos. Passou-se a seguir ao acervo da Câmara Municipal de Santos encontrado no Arquivo Municipal, pesquisando-se os requerimentos de licença de Indústria e Profissões, referentes ao período de 1846 a 1889. A partir desse rastreamento é pos-sível caracterizar com mais segurança a imigração lusa e ao mesmo tempo ter dados para cruzar com outros estudos da presença dos portugueses na vida urbana brasileira.

O primeiro inquérito português

à emigração (1843)

Fernando de Sousa

Embora o Inquérito à Emigração Portuguesa de 1873, impresso, seja considerado o primeiro a ser realizado com tal objectivo, a verdade é que algumas décadas antes, mais concretamente em 1843, por iniciativa do Parlamento Português, decisão do Go-verno e execução dos GoGo-vernos Civis Distritais, foi produzido o Primeiro Inquérito à Emigração Portuguesa, ao tempo dirigida quase em exclusividade para o Brasil. É sobre este Inquérito,

ma-nuscrito e inédito, que descobrimos nos Arquivos do Parlamen-to Português, que iremos apresentar a nossa comunicação.

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O discurso político da emigração portuguesa

para o Brasil na segunda metade do século XIX

Paula Barros

Esta comunicação tem por objectivo chamar a atenção para o discurso político dos governadores civis de Portugal (entidades administrativas responsáveis pela emissão dos passaportes para o estrangeiro por via marítima), entre 1855 e 1873, através dos relatórios apresentados ao Governo pelos mesmos, o que nos permite analisar a intensidade regional/distrital da emigração portuguesa para o Brasil, e apreender as posições assumidas por estas autoridades administrativas quanto à interpretação e aplica-ção da legislaaplica-ção portuguesa relativamente a esta temática. Palavras-chave: discurso político; governadores civis; Portugal; Brasil; emigração.

A emigração do Norte de Portugal para

o Brasil: uma primeira abordagem (1918-1931)

Diogo Ferreira (CEPESE)

Esta comunicação surge na sequência do levantamento e análise dos livros de registos e processos de passaportes, disponíveis no Arquivo Distrital do Porto, fontes que permitiram quantificar os emigrantes legais que solicitaram passaporte no Governo Ci-vil do Porto com destino ao Brasil, bem como nos forneceram uma série de indicadores socioeconómicos – sexo, naturalidade, idade, profissão, estado civil –, fundamentais para uma melhor compreensão do fenómeno emigratório a partir daquela cidade. A apresentação destes resultados é feita no sentido de demons-trar algumas especificidades do fluxo migratório saído do Por-to, num período cronológico em que determinados aconteci-mentos históricos, como o final da Primeira Guerra Mundial, a queda da Primeira República em Portugal, a crise capitalista de 1929 e a subida ao poder de Getúlio Vargas no Brasil, influen-ciaram decisivamente o fenómeno migratório.

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Imigração e exílio: os liberais portugueses

no contexto do constitucionalismo

e das lutas políticas brasileiras e portuguesas

dos anos de 1820

Gladys Ribeiro (UFF)

Pretende-se abordar o exílio e a imigração de liberais portugue-ses para o Brasil, no contexto do constitucionalismo. A partir de documentação da Legação Brasileira em Portugal e do Con-sulado Português no Brasil, far-se-á um relato do desembarque dos imigrados de Plymouth na Ilha Terceira, o seu retorno a Inglaterra e, posteriormente, a vinda e desembarque no Bra-sil, acompanhados de D. Maria da Glória. Esse desembarque gerou protestos variados e nova onda de antilusitanismo, que desembocou na Abdicação. Parte-se, contudo, do pressuposto que o sentimento xenófobo era mais uma disputa por posições de trabalho e não fruto de um sentimento nacional latente e em construção.

A legislação portuguesa sobre a emigração

para o Brasil durante o Estado Novo

(1926-1974)

Paula Marques Santos (CEPESE/ESTGL/Universidade Lusíada)

Perseverando no estudo que temos vindo a desenvolver no âmbito do projecto de investigação “A Emigração do Norte de Portugal para o Brasil”, pretendemos com este artigo apresen-tar uma análise fundamentada da legislação produzida durante O Estado Novo português (1926-1974) relativamente à emi-gração de cidadãos portugueses com destino ao Brasil. Palavras-chave: Emigração, Legislação, Estado Novo, Portu-gal-Brasil

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A emigração do Norte de Portugal

para o Pará (1880-1910)

Maria José Ferraria Paulo Amorim

A presente comunicação, subordinada ao tema A emigração do Norte de Portugal para o Pará (1880-1910), procura caracterizar

o movimento migratório do Norte de Portugal para o Pará, dando conta do volume dos efectivos migratórios que solicita-ram passaporte no Governo Civil do Porto para esse destino, entre 1880 e 1910, da sua distribuição por sexos, por estado civil, por grupos etários, pela sua naturalidade e classificação socioprofissional. Sendo o Brasil o destino mais procurado pe-los emigrantes do Norte de Portugal, a emigração para o Pará tem a sua máxima expressão neste período áureo da produção de borracha natural a partir da planta seringueira.

Palavras-Chave: Emigração; Portugal; Brasil; Passaporte; Pará.

Etnicidade e criminalidade

na manaus da belle époque

Paulo Marreiro (PUC/SP/ FAPEAM)

Este artigo busca compreender e analisar como o debate racial do início do século XX ganhou vazão na Imprensa amazonen-se, no auge da transformação urbana da Manaus da Borracha. Tal enfoque ganhou prioridade pela incorporação das teses acerca da eugenia social e da Ciência Criminal, enquanto con-cepções teóricas de época que identificavam desqualificações étnico-culturais de populares, enquanto representantes por excelência dos “males” advindos de uma pretensa “impureza racial”. Daí a opção por, no discurso jornalístico do período, centrar o foco nas crônicas policiais, já que se trabalha com o suposto de que, neste tipo específico de discurso, a relação entre “raça” e “crime” emerge com maior significação.

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Imigração e movimento associativo:

os portugueses em Niterói, 1889-1930.

Andréa Telo da Corte (UFF/Arquivo Nacional)

Ao longo da Primeira República, imigrantes de diversas nacio-nalidades desembarcaram no porto do Rio de Janeiro, então distrito federal, para “fazer a América”. Parte dessa mão de obra, no entanto, sem alcançar lugar no mercado de trabalho da grande metrópole, ou motivada por laços de família, dirigiu-se para a cidade vizinha, Niterói, então capital do Estado do Rio de Janeiro, enraizando-se fortemente na economia local. Desse conjunto de estrangeiros destacaram-se os portugueses, cuja atuação na cidade foi irrestrita, atingindo todos os domí-nios, inclusive o setor bancário, de abastecimento, comércio a retalho, além de atuarem como operários da construção naval e comerciários. Também no campo do associativismo os imi-grantes lusos se destacaram ao desenvolverem sete associações próprias e um vasto equipamento social compartilhado com os demais habitantes. Essas associações mereceram grande des-taque dos jornais locais, formando parte do noticiário diário e servindo como fator de interação entre o “grupo” e a socieda-de. Nesse sentido, o presente trabalho pretende delinear a vida associativa dos portugueses em Niterói, e verificar como a im-prensa local lidou com a presença desses imigrantes e refletiu sua inserção sócio-econômica.

Imigração, inserção social e urbanização:

o caso da Sociedade Portuguesa

de Beneficência de Niterói.

Ismênia Martins (UFF)

Nos anos de 1920, a cidade de Niterói vivenciou uma expres-siva reforma urbana, materializada, principalmente, pela cons-trução de um novo porto, estação ferroviária e da Praça da República que passou a constituir-se no centro monumental da

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cidade. No seu entorno se edificaram a Assembléia Legislativa, o prédio da Polícia, a sede do Poder Judiciário, e ainda a Biblioteca Pública e o Liceu Nilo Peçanha. Neste mesmo período o Centro da Colônia Portuguesa de Niterói promoveu uma reforma esta-tutária transformando-se em Sociedade Portuguesa de Benefi-cência de Niterói, tendo como maior objetivo a construção de uma hospital, o que se efetivou em 1930. No presente trabalho discute-se, a partir deste estudo de caso, as especificidades da imigração portuguesa, as estratégias de inserção social e a busca de prestigio pelas figuras mais destacadas do grupo, que passa-ram a controlar o Hospital mais moderno da cidade, localizado à cavaleiro daquele centro monumental.

Os portugueses nos autos judiciários:

Sociabilidades e tensões.

Maria de Nazaré Sarges (UFPA) Caue Morgado

Esta comunicação objetiva investigar o mundo vivenciado pe-los imigrantes portugueses utilizando os autos judiciários que se encontram no acervo do Centro de Memória da Amazônia. O período analisado compreende o final do século XIX e início do XX, portanto inserido num contexto de grande afluência de trabalhadores e investidores para a Amazônia, especialmente para o Pará, em decorrência da economia da borracha. Será preciso compreender o imigrante português no cenário urba-no da capital paraense como indivíduo que luta pela inserção no mundo do trabalho, e desta forma, redes de solidariedade serão construídas, mas também um cipoal de tensões que se entrelaçam culminando em uma marcante presença desses es-trangeiros nas páginas judiciárias.

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Casamento e imigração, Belém 1870-1920

Cristina Donza Cancela (UFPA) Daniel Barroso

Neste artigo analisamos o casamento envolvendo portugueses(as), observando o perfil dos cônjuges quanto ao gênero, à idade, à ocupação, além de referências ao dia e mês de realização da ceri-mônia. Para tanto, foram pesquisados os registros de casamento civil existentes no Centro de Memória da Amazônia. Investiga-mos ainda, as alianças matrimoniais estabelecidas por estes(as) imigrantes, com destaque para a origem dos nubentes e a im-bricação entre o casamento e as relações econômicas, sociais e políticas das famílias envolvidas nestes matrimônios.

Pátria minha, guerra nossa:

portugueses e brasileiros

no grão-pará – 1808-1840

Magda Ricci (UFPA)

Os anos iniciais do século XIX na antiga capitania do Grão-Pa-rá foram marcados por três momentos distintos. Um primei-ro relativamente mais próspeprimei-ro e de união entre portugueses, brasileiros, ingleses e franceses. Acontecimentos como a vinda de D. João VI para o Rio de Janeiro, a abertura dos Portos e a tomada de Caiena fizeram com que entre 1809 e 1817 muitos portugueses, ingleses, norte-americanos e franceses exilados de Caiena se estabelecessem em Belém e o comércio direto com a Inglaterra e com o Caribe se intensificasse. Contudo o turbi-lhão revolucionário dos anos de 1820 abalou toda esta rede de relações políticas e sociais e inaugurou um segundo momento marcado pelas disputas políticas e uma série de sangrentos mo-vimentos sociais. Por fim explodiu no antigo Grão-Pará uma revolução mais ampla conhecida por Cabanagem e que se es-tendeu por todo o território amazônico atual entre os a nos de 1835 e 1840. Os cabanos de tomaram as ruas de Belém do

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Grão-Pará em sete de janeiro de 1835 gritavam morte aos por-tugueses e aos maçons. Aparentemente o ódio aos porpor-tugueses seria facilmente explicado pelo sentimento nacionalista e de ser brasileiro que brotava no Brasil e no Pará. Contudo este senti-mento deve ser melhor analisado tanto geográfica como tem-poralmente. Este é o assunto mais amplo desta conferência. Analisando o processo de independência pretendo entender o papel da comunidade luso-paraense durante um momento de fortalecimento de identidades locais e regionais. Por outro lado, objetivo ainda estudar como a população mais pobre e, em especial indígenas e negros, perceberam as mudanças polí-ticas e sociais dos anos de 1820-40 e trabalharam o conceito de identidade local e nacional portuguesa e brasileira.

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