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Academic year: 2021

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Desenho da Figura Humana: um novo procedimento*

MARLENE APARECIDA GONZALEZ COLOMBO ARNOLDI**

1. Introdução; 2. Objetivo e descrição da técnica; 3. Discussão.

o

Desenho da Figura Humana tem sido objeto de estudo em vários países e por diversos autores. O presente trabalho tem como objetivo a divulgação de um procedimento novo, apresentado por Gellert em 1968 e ainda não utili-zado em nosso meio. Este relato descreve as instruções para a aplicação bem como apresenta uma síntese da forma de avaliação proposta por Gellert. São discutidas algumas vantagens e desvantagens de seu uso em futuras pesquisas.

1. Introdução

Como é do conhecimento de todos que se interessam por este instrumento de avaliação psicológica, o Desenho da Figura Humana tem sido utilizado tanto em situação clínica, como também em muitas pesquisas (Abraham, 1962; Machover, 1949, 1967; Fisher, 1959; Lourenção van Kolck, 1966, 1975; Koppitz, 1973; Hammer, 1979; Levy, 1976). Algumas variações da técnica do Desenho da Figura Humana são as de Gointein (1942), de Tait & Ascher e de Figueras

(1956).

No Brasil, a maioria dos estudos até agora realizados recorre ao Teste do DesenhQ de uma Pessoa aplicado ej ou avaliado na forma proposta por Macho-ver (Bonilha, 1974; Lourenção van Kolck, 1966, 1973, 1974, 1976), ou

utili-z.am

o proceditp.ento para aplicação e avaliação de acordo com Koppitz (Louren-ção van Kolck, 1976; Rosamilha, 1979, 1981), ou, ainda, aplicado de acordo com as instruções de Machover e avaliado segundo os critérios de Handler (Lou-renção van Kolck, 1973; Rosamilha, 1981), ou, ainda, a aplicação do

"dese-* Artigo apresentado à Redação em 16.8.83.

** Professora assistente, doutora junto ao Departamento de Psicologia da Educação -ILCSE-Unesp, Araraquara. (Endereço da autora: Av. Prof. Augusto César, 1.077 - 14.800 - Araraquara, SP.)

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nho de si mesmo" avaliado de acordo com Koppitz e conforme critérios pre-postos por Snyder & Gaston (Rosamilha, 1928).

Um outro brasileiro vem estudando o teste da figura humana com a ins-trução de "desenhar uma pessoa, de frente e de corpo inteiro" (Freitas Júnior, 1979). Este autor propôs um sistema de avaliação de Deterioração do Dese-nho de uma Pessoa. Seus estudos resultaram em um teste denominado "um escore de deterioração do desenho da pessoa".

2. Objetivo e descrição da técnica

o

presente artigo tem como objetivo divulgar uma outra variação da técnica de Desenho da Figura Humana. O procedimento, que será descrito a seguir, foi utilizado por Gellert (1968)

em.

um estudo no qual a autora comparou os resultados do "autodesenho" de crianças com o respectivo desenho de "outra pessoa". Este procedimento foi também utilizado por nós (Amoldi, 1982).

As instruções dadas para a criança são as seguintes: "Faça o desenho de você mesmo(a) usando roupa de banho. Faça esse desenho de frente e em pé. Avise-me quando v~cê terminar." Esta instrução é dada para o primeiro dese-nho; para o segundo diz-se: "Agora, faça o desenho de um menino (ou menina, conforme o sexo do sujeito; o segundo desenho deve ser do sexo oposto ao do sujeito) usando roupa de banho, um(a) menino(a) que seja mais ou menos de sua idade. Faça esse desenho de frente e em pé. Avise-me quando você ter-minar."

Como no caso do teste de Machover, antes da instrução para cada dese-nho coloca-se uma folha de papel sobre a mesa, com a dimensão maior perpen-dicular ao eixo do corpo da criança e o lápis preto logo acima da folha de papel. A seguir, dá-se a instrução específica para cada desenho. O tempo de execução também é livre.

Os desenhos devem ser avaliados com critérios específicos, conforme pro-postos pela autora e à disposição dos interessados na Library of Congress, em Washington. Esses critérios estão resumidamente apresentados a seguir.

Para a avaliação de cada desenho são utilizados três conjuntos de instru-ções. O primeiro conjunto de instruções consta de itens da figura humana que deverão ser avaliados bem como os respectivos créditos possíveis. A pontuação de cada item varia de um item para outro e os pontos possíveis são os seguintes:

X, 0, 1, 2, 3, 4. O X significa que a figura não apresenta o dado necessário para a avaliação do item. O zero significa que existe o dado na figura, porém não satisfaz o critério ou pelo menos parte dele. Os itens desse conjunto são agrupados em: A - número de partes corporais representadas; B - presença e orientação das partes; C - ligação e localização das partes corporais; D - si-metria das partes corporais visíveis; E - proporção. 1! neste conjunto de ins-truções que deverão ser registrados os pontos creditados para o desenho.

A avaliação do desenho é apresentada em quatro categorias:

1. Escore total de itens: consiste no resultado da soma dos pontos credita-dos correspondentes aos itens avaliacredita-dos nas partes A (número de partes corpo-rais representadas), B (presença e orientação das partes) e C (ligação e

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~ação das 'partes corporais). O· maior número de pontos possíveis no Escore Total de Itens é 70.

2. Simetria: é outra categoria .deavaliação e os pontos atribüídos a:T8,-~te.~~ ~~o tra:o.sformados eÍn

um

-índic"e. de simetria através· da fórmula:· ~

Pontos creditados

Simetria

=

---36 - 2 (dos X assinalados)

O índice pode variar de zero a 1 sendo que quanto maior for o índice de um <Íado desenho mais simétrica será a figura desenhada.

3. Proporção: outra categoria avaliada, na qual os pontos atribuídos a 19 itens são transfoimados em um índice de proporção através da fórmula:

Pontos creditados

Proporção

=

---38 - 2 (dos X assinalados)

Também neste caso o índice pode variar de zero a

i

e, quanto maior for o índice, maior será a proporção das partes da figura desenhada.

O segundo conjunto de instruções consiste em informações detalhadas so~

bre como avaliar dimensões como o comprimento e largura das diferentes partes corporais, isto é, cabeça, olho, nariz, orelha, pescoço, tronco, ombro, braço, mão, perna, bem como a altura total da figura humana desenhada. De acordo com as instruções, deve-se fixar uma folha de papel pautado sobre o desenho e sobre ela fazer os traços necessários para efetuar a mensuração das partes corporais. Assim, obtém-se um diagrama da figura desenhada.

Um outro conjunto de instruções destina-se 'ao registro das dimensões das partes corporais, avaliadas de acordo com as instruções referentes ao diagrama da figura obtido através do conjunto de instruções anteriormente relatado. Re-gistra-se, também, o resultado de certos cálculos como, por exemplo, diferença entre comprimento dos braços, ou média do comprimento das pernas ou, ainda, proporção entre comprimento da cabeça e altura total da figura desenhada etc. A avaliação da altura da figura é o resultado da soma da distância que vai da parte superior da cabeça ao limite inferior do tronco como comprimento médio das pernas.

Relembrando, o sujeito recebe um escore em: a) resultado total de itens; b) índice de simetria; c) índice de proporção; d) altura da figura.

A seguir, serão descritos alguns itens avaliados para esclarecimentos adi-cionais:

a) número de partes corporais representadas - exemplos: cabeça presente, mãos presentes, calcanhar (es) visível (is) etc.;

b) presença e orientação das partes - exemplos: oposição do polegar aos ou-tros dedos e articulação do cotovelo etc.; .

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c) ligação e localização das partes corporais: cabeça ligada ao - pescoço, os dois braços e as duas pernas ligados ao tronco etc.; ., '. . .... . . d) simetria das partes corporais: cabeça colocada na.linhamed4tna do corpo, tronco não mostra simetria grosseira etc.;

e) . pioporção~ proporção do, compriniento <Ja cabeça em relação à altura totaJ dá figura -(varia entre Ó,10 e 0,33), ·comprimento do tr9nco maior do que

a:

largura. tio tronco etc. .

As mensurações' são do tipo: comprimento da testa, do tronco, das pernas etc. Os cálculos são, per exemplo, diferença entre a -perna maiS . longa e a perna mais curta, ou, ainda, largura do tronco dividido pelo compru,nento do tronco.

3. Discussão

De acordo com nosso entendimento, este novo procedimento de avaliação psi~

cológica apresenta tanto vantagens como desvantagens em seu uso.

As maiores desvantagens consistem na ausência de mais dados para futuras comparações e falta de maior embasamento teórico. Entretanto, isto ocorre

com todos os novos procedimentos c i e n t í f i c o s . - .

Por outro lado, algumas vantagens nos sugerem ser este um procedimento útil tanto na prática como em pesquisas. Uma delas é a de ser um procedimento proposto especificamente para crianças e, por outro lado, de possuir um sistema de' avaliação que permite sua quantificação. Uma outra vantagem é a de sei complementar ao u,so do Desenho da Figura Humana conforme proposto por Machover.

Como foi ressaltado anteriormente, nas instruções para a aplicação solici': ta-se que a criança faça o desenho dela própria (autodesenho) e,em seguida,

ped~se que a criança desenhe um (a) amiguinho (a) da mesma idade. É de se esperar que o tipo e o nível de projeção que esta tarefa desencadeia sejam dife-rentes das possibilidades pelo Teste do Desenho de uma Pessoa. A natureza incons-ciente das projeções possibilitadas pelo Desenho da Figura Humana é reconhe~

cida pela própria Machover (1949), por Abráham (1962), Hammer (1976) e Levy (1976). Por sua vez, o procedimento aqui discutido implica a "consciên-cia" que a criança tem de seu próprio corpo (Gellert, 1968, p. 23).

Finalizando, gostaríamos de sugerir que este procedimento seja utilizado em mais pesquisas para a elucidação destas e outras vantagens que porventura pos-sam ainda surgir.

Abstract

The Drawing of the Human Figure has been the object of study in several coun-tries and by several authors. This paper aims at the divulgation of a new proce-dure, which was presented by Gellert in 1968, and has not been used yet in our country. This account describes the instructions for its application as well as presents a summarv of of the evaluation criterium proposed by Gellert. Finally, somé advantages and disadvantages of its use in future researches will be discussed.

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Referências bibliográficas

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Referências

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