Arte no Brasil/ Arte do Brasil
Identidades, modernização e a busca
de uma arte brasileira desde o
século XIX
Arte Brasileira: Antecedentes Coloniais e a Arte Acadêmica
Em meados do século XVI chegam ao Brasil os primeiros artistas e artesãos de procedência européia. São barreiros e entalhadores,
santeiros e prateiros, arquitetos, mestres-de-obras, pedreiros, marmoristas, carpinteiros e marceneiros que, acompanhando o avanço da catequese e da colonização, constróem e
adornam as capelas e igrejas do litoral e do sertão.
Nos séculos XVI e XVII, a imaginária brasileira, em especial a paulista, é caracterizada pelas imagens de barro cozido. O anonimato é
predominante na produção colonial, com exceção daquela de origem beneditina.
Os artistas do período costumavam ser
auto-didatas ou então eram orientados por religiosos, nos moldes da tradição ibérica.
Assim, aos poucos a pintura começa a aparecer nas construções nordestinas, principalmente em Salvador, cidade sede do Governo.
Ao lado dos artistas eruditos pertencentes a instituições religiosas, surgem os artistas
populares que dão interpretação própria aos modelos clássicos.
No Século XVII surgem os primeiros sinais de desvinculação da arte à religião.
Um exemplo é o teto da Igreja da Santa Casa da Misericórdia, em Salvador, que apresenta figuras como santos e anjos, com roupas segundo a
moda da época.
Também os rostos são pintados com mais
liberdade, lembrando o biotipo dos habitantes da cidade baiana.
A ocupação holandesa em Pernambuco, também no século XVII, traz pintores e naturalistas ao
país que iriam, pela primeira vez, registrar a natureza brasileira.
O conde Maurício de Nassau, que aqui
permaneceu entre 1637 e 1644, foi o responsável por grandes projetos de urbanização na cidade
de Recife e trouxe com ele artistas holandeses como Franz Post e Albert Eckhout.
Entretanto, apesar da ocupação holandesa e da estada desses pintores no Brasil serem de grande importância, seu legado foi apenas o registro de paisagens e costumes.
Tratou-se de um acontecimento isolado. Esses pintores não deixaram aprendizes ou começaram alguma tradição que pudesse dar continuidade aos seus trabalhos.
Não se pode deixar de destacar, contudo, que
foram possivelmente as primeiras manifestações de pintura efetivamente fora do domínio religioso.
No Século XVIII, a pintura tem maior
desenvolvimento com artistas aglomerados nos centros, como Rio de Janeiro, Salvador e Vila Rica (hoje Ouro Preto).
Desde então pode-se falar em escolas distintas no país, como a fluminense, com pintores como José de Oliveira Rosa, Leandro Joaquim e Manuel da Cunha.
Em Salvador, na então escola baiana, vivia-se a transição do barroco ao rococó, e eram típicas as pinturas de perspectiva ilusionista.
Leandro Joaquim
Vista da Glória e Retrato de Luis Vasconcelos Sousa
A mais famosa dessas escolas, entretanto, é a mineira.
O ciclo da mineração possibilitou a concentração de riquezas em Minas Gerais e a transformação de algumas cidades em verdadeiros centros
urbanos da colônia.
O estilo mineiro de então era o barroco, com forte presença do rococó, já com formas
brasileiras impressas. O escultor Aleijadinho
Durante o século XVIII e meados do XIX, artistas brasileiros despontam em várias províncias.
Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, e Rio de
Janeiro passam a ostentar uma arquitetura e arte religiosa suntuosas. É o apogeu do Barroco no
Ainda no século XVIII, destaca-se João de Deus Sepúlveda com a pintura "São Pedro Abençoando o Mundo Católico", em Recife, na Igreja de São Pedro dos Clérigos.
Em 1800 há a primeira iniciativa de ensino de arte no país com a Aula Pública de Desenho e Figura, no Rio de Janeiro e seu regente, Manuel de Oliveira.
Em 1808, a Família Real e a Corte
Portuguesa transferem-se para o Brasil.
Em 1816 chega a então denominada
Missão Artística Francesa, um grupo de
artistas e artífices franceses de formação
neoclássica que iriam exercer uma
profunda influência na pintura brasileira,
da metade do Século 19 até praticamente
a Semana de Arte Moderna de 1922.
Na Missão Artística Francesa encontravam-se artistas como Nicolas-Antoine Taunay e Jean
Baptiste Debret. Este último, em 1826, instala a Academia Imperial de Belas-Artes no Rio de
Janeiro e três anos depois eram abertas as
Pela primeira vez, chegava ao país um estilo artístico sem defasagem com o que estava acontecendo na Europa: o neoclassicismo.
Seu prestígio, tanto pela "modernidade" quanto por ter caráter de arte oficial foi enorme.
O academicismo passa a ser o dominante no Século XIX.
Nas segunda metade do século XIX, tendências realistas e românticas surgiam entre nossos
artistas.
Porém, essas tendências manifestavam-se
efetivamente mais na escolha temática, como
Moema, de Victor Meirelles, do que na forma, que continuava acadêmica e presa ao Neoclassicismo.
Em meados do século XIX, o Império Brasileiro
conheceu certa prosperidade econômica,
proporcionada pelo café, e certa estabilidade política, depois que D.Pedro II assumiu o governo e dominou as muitas rebeliões que agitaram o Brasil até 1848.
Nesse contexto, o imperador procurou dar ao país um desenvolvimento cultural mais sólido, incentivando as letras, as ciências e as artes, que ganharam um impulso de tendência conservadora, ainda refletindo os modelos clássicos europeus.
Desse período, destacam-se como os principais artistas brasileiros:
Victor Meireles, Pedro Américo, Rodolfo Amoedo e Henrique Bernardelli, além do escultor Rodolfo Bernardelli, que foi o diretor da Escola Imperial de Bellas Artes por quinze anos.
VICTOR MEIRELLES
Florianópolis (1832-1903)
Victor Meirelles Moema, 1866
PEDRO AMÉRICO
Areia, Paraíba (1843-1905)
Descanso do Modelo, 1882
ALMEIDA JÚNIOR Itu, SP (1850-1899)
Leitura, 1892
Picando Fumo, 1893
O Modernismo no Brasil
O século XX inicia-se no Brasil com muitos fatos que vão moldando a nova fisionomia do país. O período é de progresso técnico, resultante da criação de novas fábricas surgidas principalmente da aplicação do dinheiro obtido através do café. Ao lado disso, outro fato contribuiu para fazer o Brasil crescer e alterar sua estrutura social: a massa de imigrantes que em apenas oito anos chega a quase 1 milhão de novos habitantes. Surgem greves, como a de 1917, em São Paulo, organizada pelo movimento anarquista, constituído principalmente por imigrantes, os primeiros a questionar o capitalismo paulista.
Esses tempos novos vivem, então, "à espera de uma arte nova que exprima a saga desses tempos e do porvir", (Mário da Silva Brito, História do Modernismo Brasileiro)
"Negação do passado e libertação da arte” (1919)
Essa arte nova aparece inicialmente com a atividade crítica e literária de Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e alguns outros artistas.
Antes dos anos 20, são feitas duas exposições de pintura que colocam a arte moderna de um modo concreto para os
brasileiros:
Lasar Segall, em 1913, e Anita Malfatti, em 1917, em São Paulo. São quadros que refletem as idéias renovadoras das artes
plásticas na Europa.
A exposição de Anita Malfatti provocou uma grande polêmica com os adeptos da arte acadêmica. Provocou muitas críticas, e a mais violenta, de Monteiro Lobato, intitulada “Paranóia ou
Lasar Segall
Vilna, Rússia 1891- SP, 1957
Interior de Indigentes, 1920 Bananal, 1927
ANITA MALFATTI
São Paulo, 1886-1974
DI CAVALCANTI, Emiliano. RJ, 1897-1976
Retrato de Mário de Andrade, 1922
Rio de Janeiro, 1920
FASE CONSTRUTIVA (depois de 1930)
As conquistas do modernismo se institucionalizam. Fica definido, nas palavras de Mário de Andrade, "o direito
permanente da pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira; a estabilização de uma consciência criadora nacional e, notadamente, a conjugação desses três elementos num todo orgânico de consciência coletiva".
A década se inicia com a quebra da bolsa de NY e a ruína de inúmeras fazendas de café, um dos pilares da economia
paulista.
A questão nacionalista continua valorizada mas a preocupação social será a tônica.
Destaques da Fase Construtiva:
Arquitetura: Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Robeto Burle Marx.
Pintura: Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi,
Di Cavalcanti,Cândido Portinari, Cícero Dias, José Pancetti, Flávio de Carvalho.
Escultura: Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Mário Cravo. Música: Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone e Camargo Guarnieri.
Sociologia: Gilberto Freire.
Literatura: Mário e Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Cassiano Ricardo, Cecília Meireles.
ISMAEL NERY
PORTINARI, Cândido
PORTINARI
GUIGNARD, José
GUIGNARD, JOSÉ
PANCETTI, José
Marinha, 1945
PANCETTI, José
O Brasil Moderno
• 1947 - Fundação do MASP
• 1948 – Fundação do MAM-RJ
• 1949 - Fundação do MAM-SP
• 1951 – Divisão Moderna do Salão
Nacional de Belas Artes; 1ª Bienal de
Artes de São Paulo
IVAN SERPA
IVAN SERPA
IVAN SERPA
GERALDO DE BARROS, SP 1923 -1998
LUIS SACILOTTO
Luis SACILOTTO