Cantinho da Oração em família
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º ANO
| Catequese 7
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A família reúne-se no seu «Cantinho da Oração». Sugere-se a colocação de uma cruz, uma vela acesa e uma imagem de Nossa Senhora. Podem usar-se estatuetas ou estampas. Se a família tiver alguma devoção especial a um santo ou santa em particular, pode também colocar-se a sua imagem. A cruz deve ser sempre central. Convém que haja perto cadeiras para todos se sentarem.
Antes de começar a oração, é preciso combinar tarefas: uma pessoa preside (sugere-se que seja a criança) e são necessários 2 leitores. Caso no momento de oração participem apenas duas pessoas, então uma preside e a outra responde e faz as leituras.
Após alguns momentos de silêncio, todos rezam como se segue (o V. marca as intervenções de quem preside e o R. a resposta de todos):
V. Em nome do Pai, (†) do Filho e do Espírito Santo.
R. Ámen.
A seguinte jaculatória repete-se três vezes. Na primeira e na terceira vez, rezam todos; na segunda vez, reza a criança sozinha:
Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam. [3 vezes]
Então, a criança que preside explica o sentido da celebração:
Deus tem um projeto para o mundo, que é a nossa salvação. Para o concretizar, Deus formou um Povo, o «Povo de Deus», de que nós também fazemos parte. Esse Povo começou com Abraão, um homem que viveu há cerca de quatro milénios, e a quem Deus chamou (inicialmente chamava-se «Abrão») e mandou sair da sua terra, para lhe dar uma terra nova. Deus conduziu a sua vida e cumpriu a Sua promessa: deu-lhe filhos e a todos eles deu aquela terra como herança. O filho de Abraão chamava-se Isaac; o filho de Isaac chamava-se Jacob (também chamado «Israel»). Israel teve doze filhos: hoje vamos conhecer a história de um deles, chamado José.
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José era o filho favorito de Israel; por causa disso, os irmãos tinham muitos ciúmes. Desde muito jovem, José foi abençoado por Deus com o dom de interpretar sonhos. Certo dia, os irmãos decidiram fazer-lhe mal: aproveitando um momento em que o apanharam a sós, maltrataram-no, agrediram-no, lançaram-no meio nu a poço seco e a seguir venderam-no a uma caravana de comerciantes que iam a caminho do Egito. Como foram maus com José! E disseram ao pai que José tinha morrido atacado por um animal selvagem… No entanto, Deus continuou a abençoar José. Uma vez no Egito, José foi vendido a um eunuco do faraó chamado Potifar, que confiou tanto nele que o fez chefe da sua casa. E quando José foi novamente preso, porque a mulher de Potifar o acusou injustamente de a tentar violar, nem por isso ele desanimou. Continuou a ser um jovem íntegro, honesto, verdadeiro e amigo. E Deus continuou a abençoá-lo. José foi chamado a interpretar uns sonhos muito estranhos do faraó, que via vacas gordas a ser devoradas por vacas esqueléticas e espigas douradas a ser dizimadas por espigas raquíticas; José compreendeu que esses sonhos eram o anúncio de sete terríveis anos de fome. E o faraó fê-lo chefe de todo o Egito. Quando a fome chegou, os irmãos de José tiveram de vir ao Egito comprar comida…
Que iria José fazer? Vingar-se dos irmãos? Mandar matá-los? Vendê-los como escravos, tal como eles tinham feito com ele? Mas José era um jovem justo e misericordioso… Vamos saber como agiu José e vamos rezar a Jesus, pedindo-Lhe que faça de nós pessoas honestas, verdadeiras, amigas, capazes de perdoar as ofensas e de espalhar bondade à nossa volta.
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Todos se sentam. Então, entoa-se o seguinte cântico:
Eu vim para escutar Tua palavra, Tua palavra, Tua palavra de amor! Eu quero compreender Tua Palavra…
Eu quero viver melhor Tua Palavra…
O leitor 1 proclama a seguinte leitura (Gn 42, 1-4.6-17.21.23; 45, 1.3-10.25-28; 46, 28-30).
Leitura do Livro do Génesis
Sabendo Jacob que havia trigo à venda no Egito, disse aos seus filhos: «Porque olhais uns para os outros?». E disse ainda: «Ouvi dizer que há trigo à venda no Egito. Ide lá comprá-lo, para nós continuarmos vivos e não morrermos». Os irmãos de José partiram, em número de dez, para comprar trigo no Egito. Quanto a Benjamim, irmão de José, Jacob não o deixou ir com os irmãos, porque, dizia ele de si para consigo: «Poderia acontecer-lhe algum mal». Ora José era governador do país; era ele que mandava distribuir o trigo a todo o povo do país. Quando os irmãos de José chegaram, prostraram-se diante dele com o rosto por terra. Vendo os irmãos, José reconheceu-os; fingiu, porém, diante deles e falou-lhes com dureza, dizendo: «Donde vindes?». Ao que eles responderam: «Do país de Canaã, para comprar comida». José reconheceu os irmãos mas eles não o reconheceram.
José recordou-se, então, dos sonhos que tivera acerca deles e disse-lhes: «Sois espiões! É para descobrir o lado fraco do país que viestes». Responderam-lhe: «Não, senhor, os teus servos vieram para comprar comida. Somos todos filhos de um mesmo pai; somos pessoas honestas: os teus servos nunca foram espiões». Disse-lhes José: «Não é assim! Viestes reconhecer os
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lados fracos do território». Responderam-lhe: «Nós, os teus servos, éramos doze irmãos, filhos de um mesmo pai e habitantes do país de Canaã; o mais novo está junto do nosso pai neste momento e o outro já não existe». José disse-lhes: «É aquilo que eu disse: sois espiões! Por isso vos porei à prova: Pela vida do faraó, não saireis daqui enquanto o vosso irmão mais novo não tiver vindo. Mandai um de vós buscá-lo, enquanto ficais prisioneiros; verificar-se-á, assim, a sinceridade das vossas palavras. Doutro modo, pela vida do faraó, sereis considerados espiões». E fechou-os na prisão durante três dias. No terceiro dia, José disse-lhes: «Fazei o seguinte e vivereis, porque temo o Senhor: se procedeis de boa-fé, que só um de vós fique detido na prisão, enquanto ireis levar às vossas famílias com que lhes matar a fome. Depois, trazei-me o vosso irmão mais novo: assim, as vossas palavras serão justificadas, e não morrereis». E eles concordaram. Disseram, então, uns aos outros: «Na verdade, nós estamos a ser castigados por causa do nosso irmão; vimos o seu desespero quando nos implorou compaixão, e não o escutámos. Por isso veio sobre nós esta desgraça». Ora, eles não sabiam que José os compreendia.
Muito tempo depois, os irmãos de José regressaram ao Egito e trouxeram Benjamim consigo. Então, José não pôde conter-se diante dos que o rodeavam e exclamou: «Mandai sair toda a gente daqui!». Por isso não ficou ninguém presente, quando José se deu a conhecer aos irmãos. José disse então aos irmãos: «Eu sou José; meu pai ainda é vivo?». Mas eles não puderam responder-lhe, porque ficaram perturbados diante dele. José disse aos irmãos: «Aproximai-vos de mim, peço-vos!». E eles aproximaram-se. José continuou: «Eu sou José, vosso irmão, que vendestes para o Egito. Mas
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não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós próprios, por me terdes vendido para este país; porque foi para podermos conservar a vida que Deus me mandou para aqui à vossa frente. Com efeito, há dois anos que a fome reina em toda esta região; e, durante cinco anos, não voltará a haver lavoura nem colheita. Deus enviou-me à vossa frente para vos preparar recursos, neste país, e para vos conservar a vida e garantir sobrevivência de uma forma maravilhosa. Não, não fostes vós que me fizestes vir para aqui. Foi Deus; foi Ele que me tornou como um pai para o faraó, senhor da sua casa e administrador de todo o país do Egito. Apressai-vos a voltar para junto de meu pai e dizei-lhe: ‘Assim fala o teu filho José: Deus fez-me senhor de todo o Egito. Vem para junto de mim, sem demora!’». Então, José lançou-se ao pescoço de Benjamim, seu irmão, e chorou; e Benjamim também chorou nos seus braços. José abraçou todos os seus irmãos e chorou abraçado a eles. Só então é que os irmãos puderam falar-lhe.
Depois disso, os irmãos de José partiram do Eipto e chegaram ao país de Canaã, à casa de seu pai Jacob. Disseram-lhe que José ainda era vivo e que governava todo o Egito, mas o seu coração permaneceu frio, porque não acreditava neles. Repetiram-lhe então todas as palavras que José dissera e, quando viu os carros que José enviara para o levar, a vida voltou ao coração de Jacob, seu pai. E Israel exclamou: «Meu filho José ainda está vivo! Isso basta-me. Vou vê-lo antes de morrer». Jacob mandara Judá adiante encontrar-se com José, para que este preparasse a sua entrada em Góchen. Quando chegaram ali, José mandou atrelar o seu carro e foi a Góchen, ao encontro de seu pai. Ao vê-lo, lançou-se-lhe ao pescoço e chorou
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longamente, entre os seus braços. E Israel disse a José: «Agora posso morrer, pois vi o teu rosto e ainda vives!».
Palavra do Senhor.
R. Graças a Deus.
Segue-se o Salmo Responsorial:
O Senhor é meu pastor: nada me faltará.
1| O Senhor é meu pastor: nada me falta. Leva-me a descansar em verdes prados, conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.
2| Ele me guia por sendas direitas, por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo.
3| Para mim preparais a mesa à vista dos meus adversários; com óleo me perfumais a cabeça e o meu cálice transborda.
O leitor 2 faz a seguinte leitura:
Esta é a história de uma pessoa, José, a quem a vida começa a correr mal e a quem vão sucedendo uma série de desgraças inexplicáveis. A Bíblia
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conta-nos que era bisneto de Abraão, o homem a quem Deus chamou para dar origem ao Seu Povo. O pai de José chamava-se Jacob ou Israel: é precisamente por causa deste Israel que o Povo de Deus começou por chamar-se «Povo de Israel». Israel tinha duas mulheres, uma chamada Lia e outra Raquel, e doze filhos (que vão dar origem às «doze tribos de Israel»): dez eram filhos de Lia, os outros dois (José e Benjamim) eram filhos de Raquel. Infelizmente, Raquel morreu muito nova. Por isso é que José e Benjamim se davam muito bem; o mesmo não se pode dizer em relação aos outros dez, que tinham uma enorme inveja de José.
Depois de tanto sofrimento, José teve a oportunidade para se vingar dos irmãos: José tornou-se rico e poderoso e governava o Egito como «primeiro-ministro» (na altura, dizia-se «vizir») do faraó; havia fome em toda a terra, menos no Egito; e os irmãos tiveram de vir comprar comida… José podia ter castigado severamente os irmãos, mas não fez nada disso. José perdoou-lhes, cuidou deles, tranquilizou-os. É extraordinária a forma como José conseguiu que os irmãos lhe trouxessem novamente Benjamim. E mais emocionante ainda é o seu reencontro com o seu pai Israel!
A vida de José ensina-nos algo de muito valioso e importante nas nossas vidas: Deus nunca abandona aqueles que n’Ele confiam. Olhemos para José: uma pessoa a quem aconteceram tantas desgraças, que enfrentou tantas dificuldades, que foi traído pelos próprios irmãos, que esteve várias vezes quase a ser morto… Deus acompanhou-o sempre, protegeu-o, ajudou-o nas dificuldades, fê-lajudou-o vencer as adversidades e transfajudou-ormajudou-ou tajudou-odajudou-o aquele mal e sofrimento em bem, tanto para José como para toda a sua família. Por vezes pode acontecer algo semelhante connosco, pode haver coisas que nos
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façam sofrer e que nós não entendemos. Mas mesmo que não consigamos perceber bem o que nos está a acontecer, Deus está ao nosso lado, a conduzir a nossa vida e a cuidar de nós. Ele é nosso Pai, que vai à nossa frente em busca de uma vida melhor para nós. Mais ainda, Deus envia-nos pessoas que influenciam a nossa vida e através das quais é Ele que nos guia: os nossos pais, professores, catequistas, amigos. Em silêncio, vamos dizer a Deus: «Senhor Deus, eu confio em Vós. Por isso, sei que nunca estou sozinho(a)».
Todos repetem três vezes, para a criança interiorizar.
Segue-se cerca de 1 minuto de silêncio, durante o qual todos dizem interiormente a Deus: «Senhor Deus, eu confio em Vós. Por isso, sei que nunca estou sozinho(a)». Pode ser sentados ou de joelhos. O exemplo das outras pessoas é essencial: a criança faz o que vê fazer!
Observe-se a criança: quando se perceber que ela já terminou a sua oração, guardem-se mais uns instantes de silêncio e, depois, todos se levantam e cantam ou recitam:
Se me envolve a noite escura e caminho sobre abismos de amargura: Nada temo, porque a LUZ está comigo.
Se me colhe a tempestade e Jesus vai a dormir na minha barca: Nada temo, porque a PAZ está comigo.
Se me perco no deserto e de sede me consumo e desfaleço: Nada temo, porque a FONTE está comigo.
Se os amigos me deixarem em caminhos de miséria e orfandade: Nada temo, porque o PAI está comigo.
Se mais nada me restar, e no mundo só achar desilusões: Nada temo, porque o CÉU está comigo.
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A criança que preside inicia as preces:
Depois deste momento de silêncio e oração, vamos pedir a Deus Pai, através de Jesus, que abençoe quantos vivem em situações difíceis e que a todos ensine a amar e a perdoar, como José. Rezamos:
Senhor, ouvi-nos!
Os leitores 1 e 2, alternadamente, propõem as preces.
1| Por todos aqueles que, no mundo, são maltratados e perseguidos, para que coloquem em Jesus a sua esperança e encontrem pessoas que os apoiem, oremos.
2| Por todos os cristãos, que fazem parte da Igreja, para que espalhem bondade à sua volta e ajudem a transformar o mundo num lugar melhor, oremos.
3| Por todas as pessoas que são vítimas das calúnias, das injustiças, das difamações e das traições, para que sejam capazes de amar e perdoar o próximo, oremos.
4| Por todas as famílias em dificuldade, atingidas pelo desemprego ou que estão a sofrer por causa da pandemia, para que não desanimem, oremos.
5| Pelas crianças e jovens das nossas paróquias, para que tenham confiança no amor de Deus e acreditem que a bondade, a verdade, a honestidade, a misericórdia e a capacidade de perdão são o melhor estilo de vida, oremos.
6| Por todos nós, para que sejamos, nas nossas famílias, na escola e na catequese, com os nossos amigos e colegas, uma luz brilhante, irradiando bondade à nossa volta, oremos.
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A criança que preside inicia o Pai-nosso, que todos rezam juntos.
No final, conclui com a seguinte oração:
V. Senhor Deus, queremos agradecer-Vos o bom exemplo que nos dais a conhecer na figura de José, que nos estimula a sermos rapazes e raparigas corajosos, bondosos e humildes. Abençoai-nos a nós, a todos aqueles que amamos e também àqueles de quem não gostamos tanto. Por Nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
R. Ámen.
O momento de oração conclui-se do seguinte modo:
V. O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna.
R. Ámen.
E, voltados para a imagem de Nossa Senhora, rezam em conjunto:
Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva; a vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei; e depois deste desterro nos mostrai Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Ámen.
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Só para curiosos…
A história de José está cheia de pormenores fantásticos,
reviravoltas inesperadas, traições, intrigas, e, sobretudo, muito suspense.
Queres saber