• Nenhum resultado encontrado

AULA 01: ICMS. Lei Complementar nº 87, de 1996 (Lei Kandir) Parte 1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "AULA 01: ICMS. Lei Complementar nº 87, de 1996 (Lei Kandir) Parte 1"

Copied!
80
0
0

Texto

(1)

AULA 01: ICMS

Lei Complementar nº 87, de 1996

(Lei Kandir) – Parte 1

SUMÁRIO PÁGINA

Apresentação 01

Lei complementar nº 87/96 – Lei Kandir 03

Abrangência e campo de incidência do ICMS 04

Hipóteses de incidência do ICMS 13

Hipóteses de não-incidência do ICMS 25

Fato Gerador do ICMS 37

Sujeito passivo do ICMS 48

Base de Cálculo do ICMS 52

Questões 72

Gabarito 79

Bibliografia 80

Olá, amigo concurseiro e futuro fiscal estadual!

Espero que tenha gostado da nossa aula demonstrativa, quando apresentamos os conceitos básicos relacionados a LC nº 24/75 e ao CONFAZ, tema que será visto novamente na nossa aula 03, bem como o IPVA, tema que será visto na aula 04 do nosso curso, em 10 de junho de 2012.

A LC nº 87, de 13 de setembro de 1996, é a espinha dorsal do nosso curso. Dela provêm todas as disposições que certamente constarão nas leis estaduais relativas ao ICMS. É a lei de normas gerais relativas ao imposto, exigida pela alínea “a” do inciso III do artigo 146 da Constituição Federal de 1988 (CF/88).

A LC nº 87/96 é conhecida como Lei Kandir, em homenagem ao seu autor, o deputado paulista Antônio Kandir. Teve como um de seus objetivos principais regular o que determina o inciso XII do § 2º do artigo 155 da CF/88.

(2)

Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br

Nessa aula 01 veremos a primeira parte da LC nº 87/96, em que serão abordados os seguintes tópicos:

Abrangência e campo de incidência do ICMS; Hipóteses de incidência do ICMS;

Hipóteses de não-incidência do ICMS; Fato Gerador do ICMS;

Sujeito passivo do ICMS; Base de Cálculo do ICMS.

Na aula seguinte veremos os demais temas presentes na lei Kandir, fechando o estudo dessa importante lei federal para os concursos do Fisco Estadual, e de todos os demais 26 entes da nossa Federação.

Espero que ao final dela você esteja bem preparado para enfrentar a vasta legislação do ICMS do Estado de São Paulo.

Feitas as considerações iniciais, vamos à aula! E bons estudos!

Grande abraço!

Aluisio de Andrade Lima Neto

aluisioneto@estrategiaconcursos.com.br aluisioalneto@gmail.com

(3)

Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996 (Lei Kandir)

A LC nº 87, de 13 de setembro de 1996, é a espinha dorsal do nosso curso. Dela provêm todas as disposições que certamente constarão nas leis estaduais relativas ao ICMS. Ela é a lei de normas gerais relativas ao imposto exigida pela alínea “a” do inciso III do artigo 146 da Constituição Federal de 1988 (CF/88).

A lei é conhecida como Lei Kandir, em homenagem ao seu autor, o deputado paulista Antônio Kandir. Vamos ver agora as disposições constantes em seu texto, composto por 36 artigos. Aprenda muito bem essa lei! Ela é fundamental no Estudo do ICMS, o mais importante imposto da sua prova e com o qual muitas questões versarão. Vamos em frente, caro aluno!

(4)

Abrangência do campo de incidência do ICMS

Antes de iniciarmos nosso estudo sobre o campo de incidência do ICMS, previsto no artigo 1º da LC nº 87/96, começaremos nossa aula pelo penúltimo artigo da lei, o artigo 35, que assim nos fala:

“Art. 35. As referências feitas aos Estados nesta Lei Complementar entendem-se feitas também ao Distrito Federal.”

Esse primeiro artigo vem confirmar o que já era conhecido por você, caro aluno (pelo menos assim eu suponho, já que você já estudou direito constitucional). O DF, como ente anômalo que é, possui competência tributária para instituir tanto os tributos de competência estadual quanto os previstos na competência municipal. Logo, na sua competência tributária consta também previsão para a instituição do ICMS. Concluindo “sabiamente”: a LC nº 87/96 também deve ser observada pelo DF na instituição e regulação do ICMS em seu território. ☺

Outra coisa também muito importante decorre desse artigo: minha gratidão ao legislador. Como a lei se aplica a todos, sinto-me no direito de fazer dele minhas palavras, e dizer que toda menção que eu fizer aos Estados nessa aula entende-se feita também ao DF. Isso me economizará muitos toques líquidos. Obrigado, legislador federal! ☺

Passado o parágrafo de bobagem (para você, caro aluno, claro ☺), vamos ao que interessa: o campo de abrangência do ICMS. O artigo 1º da LC nº 87/96 nos diz que:

(5)

“Art. 1º Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de

transporte interestadual e intermunicipal e de

comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.” (Grifos nosso)

01. (Questão Inédita) O ICMS, conforme dispõe a lei complementar nº 87/96, pode ser instituído pelos Estados e pelo Distrito Federal sobre:

a) Operações relativas à circulação de mercadorias; b) Prestação de serviços de transporte interestadual; c) Prestação de serviços de transporte intermunicipal; d) Prestação de serviços de transporte intramunicipal e) Prestação de serviços de comunicação.

Observe bem o que diz o enunciado do artigo 1º, caro aluno. Ele nos fala apenas em transporte interestadual, o que é realizado entre dois Estados, e intermunicipal, aquele realizado entre os territórios de dois ou mais municípios, ainda que dentro do mesmo Estado.

Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questão.

O artigo 1º da LC nº 87/96 apena repete o que é previsto no artigo 155, II, da CF/88, descaradamente.

A competência para instituição e cobrança do ICMS, por incrível que pareça, pertence aos Estados e à União. “A União, professor??” Sim. A União, porém, somente será competente para instituir e cobrar o imposto na eventual

(6)

criação de território federal, conforme previsto no artigo 147 da CF/88. Dê uma olhadinha nesse artigo, caro aluno. Ele nos fala da competência cumulativa, conferida tanto ao DF quanto à União.

“Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.”

Quanto ao campo de incidência do ICMS, este abrange quatro situações:

• Operações relativas à circulação de mercadorias;

Prestação de serviços de transporte interestadual;

Prestação de serviços de transporte intermunicipal;

• Prestação de serviços de comunicação.

Muita atenção! O ICMS não incidirá na prestação de serviços de transporte

INTRAMUNICIPAL!Cuidado para não ser fisgado pelo elaborador das

questões, caro aluno. Esse tipo de prestação está no campo de incidência do ISS, imposto municipal.

(7)

Em relação às quatro situações acima, o imposto incidirá ainda que

estas operações e prestações sejam iniciadas no exterior, ou seja,

incidirá ICMS ainda que as operações de circulação se refiram a mercadorias importadas ou os serviços sejam prestados por pessoa residente ou domiciliada no exterior.

A primeira situação refere-se às operações de circulação de mercadorias. Entretanto, não é qualquer situação de circulação de mercadorias que enseja a cobrança do ICMS, mas apenas aquelas em que há a transferência de

propriedade. Esse é o fenômeno jurídico que define o campo de incidência do

ICMS.

O fenômeno fático, o acontecimento no mundo real, de que decorra a

circulação de mercadorias, nem sempre é determinante para o

estabelecimento ou não da hipótese de incidência do ICMS. Se assim fossem, qualquer evento que provocasse a circulação de mercadorias estaria abrangido, como o furto e o roubo destas.

O fato principal, repito, é a circulação de mercadorias da qual decorra

transferência da propriedade. Quando estivermos tratando das hipóteses

de não-incidência do ICMS, previstas no artigo 3º da LC nº 87/96, veremos em quais hipóteses há a circulação de mercadoria sem que haja a incidência do ICMS.

(8)

No segundo e terceiro casos, temos os dois tipos de serviços que passaram a integrar o campo de incidência do ICMS com o advento da CF/88.

Embora a prestação de serviços de qualquer natureza esteja prevista constitucionalmente no campo de incidência do Imposto sobre serviços de qualquer natureza, o ISS, de competência municipal, o legislador constituinte optou por deixar a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal no âmbito dos Estados. Esta preocupação se deve aos graves problemas que poderiam surgir ao incluir as duas hipóteses no campo de incidência do ISS.

O motivo para isso é simples: uma vez que esses serviços vão além das fronteiras geográficas do Município, a tributação decorrente da legislação dos

milhares de Municípios poderia gerar graves problemas ligados principalmente ao conflito de competência quanto à cobrança do imposto em um ou em outro território municipal. Que problema seria... Já imaginou nas zonas “cinzas”, caro aluno? Aquela que ninguém sabe se é do Município A ou do Município B? Se o problema for cuidar de uma Escola, ninguém faria questão de assumir, mas se o “problema” fosse arrecadar mais, a briga ia ser feia.

Por último, temos o caso da prestação de serviços de comunicações. Nesses casos, o ICMS incidirá apenas sobre os serviços prestados

onerosamente. Para os casos previstos na alínea “d” do inciso X do §2º do

artigo 155 da CF/88 (serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens), em que não há a incidência do ICMS, os serviços prestados devem ser ainda de recepção livre e gratuita pelos usuários.

(9)

Nos casos em que incide o ICMS, estarão obrigadas ao pagamento do imposto as empresas que prestam o serviço de comunicação entre dois ou mais usuários, assim entendidas aquelas que proporcionam os meios necessários para o estabelecimento desse serviço.

Nesse conceito estão incluídos os serviços de TV a cabo e TV por assinatura, prestados onerosamente ao consumidor, portanto, sofrendo a incidência do ICMS. Sobre o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não resta dúvida quanto à adoção do entendimento anteriormente comentado:

“1. A transmissão do sinal, quando realizada de maneira

onerosa pelas empresas de TV a cabo, é considerada serviço de

comunicação, nos termos do art. 2º da LC 87/1996, e se submete à tributação estadual.

2. Não incide o ICMS sobre os serviços preparatórios ou

acessórios, como adesão, habilitação, instalação de equipamentos etc.” (AgRg no REsp 1064596/SP, de 14 de outubro de 2008)

Relativo ao tema, temos ainda a seguinte decisão no AgRg no REsp 867820/MG, de 23 de junho de 2009, também do STJ:

(10)

“Segundo iterativa jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, os serviços preparatórios para a prestação de serviços de comunicação – adesão a TV a cabo que inclua instalação de equipamentos, dentre eles – não se sujeitam ao ICMS.” (Grifo nosso)

Sendo assim, a taxa de adesão cobrada pela prestadora do serviço deve ser excluída da base de cálculo do ICMS, uma vez que não se configura como prestação de serviço de comunicação. Vê como os estados procuram tudo no mundo para poder tributar, caro aluno?

Outro tema relevante veio ao STJ quando vários Fiscos Estaduais passaram a cobrar ICMS sobre o serviço prestado por provedores de internet, alegando que estes também prestam serviços de comunicação. Diante disso, o STJ decidiu sobre o assunto editando a seguinte Súmula:

“Súmula 334: O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à Internet.” (Grifos nosso)

Sobre o assunto, temos ainda a decisão proferida pelo STJ no seu REsp 628046/MG, de 09 de maio de 2006, que assim dispõe:

“Não incide o ICMS sobre o serviço prestado pelos provedores de acesso à internet. A atividade por eles desenvolvida consubstancia mero serviço de valor adicionado, uma vez que se utiliza da rede de telecomunicações, por meio de linha telefônica, para viabilizar o acesso do usuário final à internet.”

Outra importante decisão do STJ está prevista na sua Súmula 350, que nos diz o seguinte:

“Súmula 350: O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular.” (Grifo nosso)

Nesse sentido está a decisão da Corte Superior em seu REsp 816512/PI, de 25 de novembro de 2009 (data do meu aniversário!! ☺):

(11)

“Os serviços de habilitação, instalação, disponibilidade, assinatura (enquanto sinônimo de contratação do serviço de comunicação), cadastro de usuário e equipamento, entre outros serviços, que configurem atividade-meio ou serviços suplementares, não sofrem a incidência do ICMS.

Este Superior Tribunal de Justiça, ao analisar o Convênio 69, de 19.6.1998, concluiu, em síntese, que: (a) a interpretação conjunta dos arts. 2º, III, e 12, VI, da Lei Complementar 87/96 (Lei Kandir) leva ao entendimento de que o ICMS

somente pode incidir sobre os serviços de comunicação propriamente ditos, no momento em que são prestados, ou seja, apenas pode incidir sobre a atividade-fim, que é o serviço de comunicação, e não sobre a atividade-meio ou intermediária, que é, por exemplo, a habilitação, a instalação, a disponibilidade, a assinatura, o cadastro de usuário e de equipamento, entre outros serviços. Isso porque, nesse caso, o serviço é considerado preparatório para a consumação do ato de comunicação." (Grifos nossos)

Por fim, temos a decisão do mesmo STJ preferida no AgRg em REsp 737263/SP, de 20 de abril de 2006, com o seguinte entendimento quanto aos serviços de publicidade e propaganda:

“Esta Corte possui entendimento no sentido de que, sobre os serviços de publicidade e propaganda, incide o ICMS, e não o ISS.” (Grifo nosso)

(12)

02. (Questão Inédita) Em relação ao ICMS, e tendo em vista o que dispõe a lei complementar nº 87/96 e o STJ, assinale a alternativa correta.

a) O ICMS incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular, uma vez que se trata de prestação de serviço de comunicação onerosa, ou seja, há contraprestação de ambas as partes.

b) Qualquer situação de circulação de mercadorias enseja a cobrança do ICMS, e não apenas aquelas em que há a transferência de propriedade jurídica das mesmas.

c) Os serviços preparatórios para a prestação de serviços de comunicação – adesão a TV a cabo que inclua instalação de equipamentos, dentre eles – não se sujeitam ao ICMS.

d) Sobre os serviços de publicidade e propaganda, incide o ICMS, e não o ISS

Conforme o que vimos nas páginas anteriores, resta como correta apenas a alternativa “d”, gabarito da questão.

Vamos agora às hipóteses de incidência do ICMS, presentes no artigo 2º da lei complementar nº 87/96.

(13)

Hipóteses de incidência do ICMS

As hipóteses de incidência do ICMS estão previstas no artigo 2º da LC nº 87/96, que possui o seguinte texto:

“Art. 2° O imposto incide sobre:

I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares;

II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores;

III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza;

IV - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios; V - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual.” (Grifos nosso)

Será que você guardou bem o que acabou de ler, caro aluno? Posso testar? Então lá vai. Questão seca, do jeito que a FCC gosta (ou pelo menos sempre gostou).

(14)

03. (Questão Inédita) O ICMS, conforme o que dispõe a lei complementar nº 87/96, tem como hipóteses de incidência a seguinte situação prevista em lei:

a) Operações relativas à circulação de mercadorias, exceto o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares;

b) Prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por via terrestre e aérea, de mercadorias ou valores;

c) Prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, exceto a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza;

d) Fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios;

e) Fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto municipal.

Sabia que você não tinha prestado atenção em todos os detalhes dos cincos incisos. Eu também fazia isso. Prestou?? Parabéns!! Mas mesmo assim leia o que vem a seguir, quando iremos falar de cada um dos incisos, para você puder assimilar melhor.

Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questão.

O inciso I dispõe sobre a incidência do ICMS relativo às operações de circulação de mercadorias, tratado no primeiro caso do item anterior dessa aula. É o fato gerador que mais caracteriza o ICMS. Havendo a circulação de

mercadorias, e sendo observado o intuito comercial e/ou a

habitualidade da operação, há a incidência do imposto estadual de

(15)

Por sua vez, a parte final do inciso (inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurante e estabelecimentos similares) veio a por fim a uma longa discussão entre os Fiscos Estaduais e Municipais e entre o Fisco Estadual e os contribuintes.

A primeira discussão era devida em virtude de o Estado entender que havia

a circulação de mercadorias na prestação de serviço por esses

estabelecimentos, enquanto que os Municípios entendiam haver apenas a prestação de serviço, sendo devido o ISS.

Já a discussão entre o Fisco Estadual e os contribuintes era a de que, no entendimento destes, incidiria o ISS, e não o ICMS. Não era apenas por entender que a operação realizada se tratava de uma prestação de serviço, mas por ser a alíquota de ISS incidente bem menor do que a que incide com a cobrança do ICMS. Enquanto a do ISS não pode passar de 5%, existem alíquotas do ICMS de 35%, conforme veremos em aula seguinte.

A questão hoje se encontra pacificada, não sendo possível a cobrança do ISS. Ademais, é importante saber o que dispõe a Súmula 574 do STF:

“Súmula STF nº 574: Sem lei estadual que a estabeleça, é ilegítima a cobrança do Imposto de circulação de mercadorias sobre o fornecimento de alimentação e bebidas em restaurantes ou estabelecimentos similares”

Assim, para que possa ser possível a cobrança do ICMS sobre operações de circulação de mercadorias quando há o fornecimento de alimentação e bebidas em restaurante ou estabelecimentos similares, é necessário que haja

previsão expressa em lei estadual para isso.

Por fim, temos a Súmula 163 do STJ dispondo o seguinte sobre o assunto:

“Súmula STJ nº 163: O fornecimento de mercadorias com a simultânea prestação de serviços em bares, restaurantes e estabelecimentos similares constitui fato gerador do ICMS a incidir sobre o valor total da operação.” (Grifo nosso)

(16)

O inciso II refere-se aos serviços já tratados por nós no item anterior da aula. Deve ser observado que a prestação de serviço de transporte

interestadual ou intermunicipal ocorre em relação a qualquer via utilizada,

e abrange indistintamente o serviço de transporte de bens, pessoas e

mercadorias.

Assim, empresas de transporte de passageiros, de transporte de mudanças e valores e de transporte de mercadorias estão sujeitas à incidência do ICMS ao prestarem seus serviços, fazendo circular mercadorias, bens ou pessoas.

Esse inciso é tema de extensos debates relativos à insistência dos Fiscos Estaduais em tributar também os serviços de transportes internacionais, entendendo ser possível em virtude do que prevê o inciso II do §1º do artigo 2º, a ser visto adiante.

Já quanto aos serviços de transportes aéreos, não há a incidência do ICMS sobre estes, tendo em vista o que dispõe a decisão do STF em sua Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.600-8, proferida em 12 de setembro de 1996. O Supremo excluiu a navegação aérea do campo de incidência do ICMS.

Assim, está fora da tributação pelo ICMS a prestação de serviços de transporte aéreo intermunicipal, interestadual e internacional. O STF excluiu a navegação aérea do âmbito da expressão “transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer meio”, contida na parte final do inciso II do artigo 2º da lei Kandir. Abaixo, temos parte da decisão do STF em sua ADI nº 1.600-8:

“EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO. MEDIDA CAUTELAR. ICMS - NAVEGAÇÃO AÉREA. TRANSPORTE AÉREO. TRANSPORTESINTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL POR QUALQUER VIA. LEI COMPLEMENTAR N 87, DE 16 DE SETEMBRO DE 1996. (...)

(17)

3. O Tribunal, então, por unanimidade de votos, conhece da Ação Direta de Inconstitucionalidade por violação positiva da Constituição. 4. Por maioria de votos, indefere a medida cautelar de suspensão da eficácia "do artigo 1 , inciso II do artigo 2 ", "para o fim de excluir a navegação aérea, sem redução do texto, do âmbito de compreensão das expressões "transportes interestadual e intermunicipal, por qualquer via"; dos "artigos 2 , "1 , inciso II; 4 , parágrafo único, inciso II; 11, inciso IV; 12, inciso X e 13, inciso VI, todos da Lei Complementar n 87, de 16 de setembro de 1996". 5. Considera a maioria, a um primeiro exame, para o efeito de concessão, ou não, de medida cautelar, que tais dispositivos não violam o disposto no art. 146, incisos I e III, 155, § 2 , inc. XII, 150, inc. II, e 155, inc. I, "b", da Constituição Federal. Afasta, pois, a plausibilidade jurídica da ação ("fumus boni iuris"), um dos requisitos para a concessão da medida. 6. A minoria considera relevantes os fundamentos jurídicos da Ação e também presente o requisito do "periculum in mora", já que "a não suspensão pode causar prejuízos irreparáveis às empresas aéreas brasileiras e aos usuários de seus serviços, seja em face de possíveis conflitos fiscais entre os Estados e Municípios, seja em face da competição que aquelas terão de travar, possivelmente em desigualdade de condições, com as empresas brasileiras. (...)"

Por sua vez, quanto aos serviços prestados por meios aéreos, só a incidência do ICMS nos casos de transporte de cargas e mala postal, tendo sido fixada a alíquota de 4% pelo Senado Federal por meio de sua Resolução nº 95, de 13 de dezembro de 1996. Essa competência foi exercida tendo em vista o que dispõe o artigo 155, II, da CF/88.

(18)

O inciso III foi tratado por nós no item anterior da aula, somente

incidindo o ICMS sobre as prestações onerosas de serviços de comunicação, nestes incluídos a geração, a emissão, a recepção, a

transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza. Ademais, qualquer meio utilizado para a prestação do serviço de comunicação está abrangido pelo campo de incidência do imposto estadual.

Os incisos IV e V tratam dos casos de prestação de serviços em que há o

fornecimento simultâneo de mercadorias. Enquanto o inciso IV cuida dos

casos em que não há a prestação de serviços compreendidos na

competência tributária dos Municípios, o inciso V trata dos casos em que

esses serviços estão compreendidos em tal competência municipal.

No inciso IV, o ICMS irá incidir sobre o valor total da operação, incluindo o serviço e as mercadorias fornecidas. Nessa hipótese, o serviço não se encontra previsto no anexo da LC federal 116/03, que dispõe sobre o ISS.

Na hipótese do inciso V, o serviço está compreendido na competência tributária dos municípios, estando presente no anexo da LC 116/03. Entretanto, a referida lei traz expressamente em seu texto a previsão de incidência do ICMS sobre as mercadorias fornecidas juntamente com os serviços prestados. Nesses casos, incidirá ICMS sobre o valor das

(19)

Por sua vez, o §1º do mesmo artigo 2º traz o seguinte:

“§ 1º O imposto incide também:

I – sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade;

II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior;

III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o

imposto ao Estado onde estiver localizado o

adquirente.” (Grifos nosso)

Os incisos I e II do §1º tratam dos casos de importação de bens, mercadorias e serviços.

No inciso I está prevista a incidência do ICMS sobre todo e qualquer bem ou mercadoria importado. É irrelevante:

a mercadoria ter sido importada por pessoa física ou jurídica, ter sido com ou sem habitualidade,

ser ou não contribuinte habitual do imposto. a finalidade que será dada ao bem ou mercadoria.

Uma vez ocorrido o desembaraço aduaneiro, é devido o ICMS.

O inciso II trata dos casos de incidência do ICMS sobre os serviços prestados no exterior ou sobre cuja prestação se tenha iniciado no exterior.

(20)

Como havia comentado anteriormente, esse tema é motivo de diversos debates em torno da possibilidade de incidência do ICMS sobre os serviços de transporte internacional, uma vez que a CF/88 definiu como serviços de transportes a serem tributados como ICMS apenas os interestaduais e os intermunicipais.

Se valendo do que dispõe a parte final do inciso II do artigo 155 da CF/88

“... ainda que as operações e prestações se iniciem no exterior”, os

Estado e o DF entenderam ser possível tributar também esse tipo de transporte. Entretanto, conforme vimos, não há incidência do ICMS sobre os serviços de transporte aéreos de passageiros, apenas de cargas e malas postais. Para os serviços de comunicação não há controvérsia, sendo possível a incidência do ICMS sobre aqueles que têm sua prestação iniciada no exterior.

Por sua vez, o inciso III do §1º trata da incidência do ICMS sobre as operações interestaduais que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia

elétrica, quando não forem destinados a industrialização ou

comercialização. Nesses casos, o imposto caberá ao Estado onde estiver situado o adquirente. Observe que ao Estado produtor não será

devido nenhum valor, nessas situações apresentadas.

Esse inciso deve ser interpretado junto com o que dispõe o inciso III do artigo 3º, que trata de uma das imunidades relativas ao ICMS, a ser vista posteriormente.

O inciso III do §1º do artigo 2º e o inciso III do artigo 3º têm os seguintes textos:

“§ 1º O imposto incide também: (...)

III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o

(21)

imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente.” (Grifos nosso)

“Art. 3º O imposto não incide sobre: (...)

III - operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados à industrialização ou à comercialização;” (Grifos nosso)

A regra é clara. Tratando-se das mercadorias anteriormente comentadas e sendo a operação interestadual, teremos duas hipóteses:

A previsão do caso III do §1º do artigo 2º veio tentar evitar que

consumidores diretos adquirissem combustíveis e derivados do petróleo em

outro Estado e os trouxessem para seu próprio consumo, não pagando ICMS na operação ao se utilizar da previsão constitucional da alínea “b” do §2º do artigo 155 da CF/88.

A operação prejudicava os Estados destinatários dos produtos, uma vez que não havia arrecadação com essa operação, constitucionalmente imune. Pondo fim à controvérsia, o STF decidiu o seguinte em seu RE 414588 AgR/SP, de 31 de maio de 2005:

(22)

“1. A imunidade tributária prevista no artigo 155, § 2º, X, "b", da Constituição do Brasil não foi instituída em favor do consumidor final, mas do Estado de destino dos produtos em causa, ao qual caberá, em sua totalidade, o ICMS sobre eles incidente, desde a remessa até o consumo. 2. Empresa distribuidora de lubrificantes líquidos e gasosos e de derivados de petróleo. Operação mercantil estabelecida entre consumidor situado em outro Estado. Recolhimento antecipado de ICMS. Restituição do valor pago, sob o argumento de estar abrangida a operação pela imunidade tributária. Pedido improcedente. A benesse fiscal é outorgada às operações que destinem petróleo e seus derivados a outros Estados, mas não àquelas operações interestaduais realizadas pelo consumidor final. “ (Grifos nosso)

A decisão do STF acima pôs fim ao debate que existia sobre a constitucionalidade ou não do inciso III do §1º do artigo 2º da LC nº 87/96.

Por fim, finalizando as hipóteses de incidência do ICMS, temos o §2º do artigo 2º:

“§ 2º A caracterização do fato gerador independe da natureza jurídica da operação que o constitua.”

Sendo assim, ainda que ocorra venda, empréstimo, doação,

devolução ou qualquer outro evento no mundo jurídico do qual decorra troca de titularidade da mercadoria, ocorrerá o fato gerador do ICMS. É irrelevante a natureza jurídica da operação praticada. É importante

trazer também o que dispõe o Código Tributário Nacional (CTN) em seu artigo 118:

(23)

“Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:

I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;

II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.”

Entretanto, não será qualquer circulação de mercadorias que será tributada com o ICMS, conforme comentamos anteriormente. Somente aquelas de que decorra efetivamente a transferência de titularidade. Sobre o assunto, o STJ editou a seguinte Súmula, pondo fim a um grande debate entre Fisco e contribuintes:

“Súmula 166: Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte.”

Assim, o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento de um mesmo contribuinte não é fato gerador do ICMS, apesar de haver a circulação de mercadorias. Porém, caro aluno, esse tema é muito polêmico e sempre gera controvérsia e discussão. Muitos estados preveem em suas legislações a incidência do imposto sobre essas hipóteses, enquanto outros entendem que realmente não há a incidência. Atente bem para isso, caro aluno. Em muitos casos, temos que analisar bem o que pede a questão. Se nada disser, siga o que diz a legislação. Se fizer menção à Súmula do STJ, é aconselhável seguir esta.

(24)

03. (Questão Inédita) Tendo em vista as disposições da lei complementar nº 87/96 relativas ao ICMS, assinale a alternativa que apresenta um afirmativa correta.

a) O ICMS não incide sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa física, desde que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, uma vez que apenas as pessoas jurídicas, que realizam operações com mercadorias, são contribuintes por expressa disposição legal.

b) Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte. c) O ICMS sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de

petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente;

d) A caracterização do fato gerador depende da natureza jurídica da operação que o constitua, uma vez que somente as operações com mercadorias comercializadas estão sujeitas ao ICMS.

e) O ICMS não incide sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior.

Tomou cuidado com a alternativa “b”, não é, caro aluno? A questão pede o que diz a lei Kandir, e não o STJ. As demais alternativas também estão incorretas, exceto a “c”, gabarito da questão.

(25)

Hipóteses de não-incidência do ICMS

A não-incidência em sentido amplo abrange a não-incidência em sentido estrito e as imunidades propriamente ditas, estas sempre previstas na CF/88.

O artigo 3º da LC nº 87/96 traz as hipóteses de não-incidência do ICMS, dispondo sobre as imunidades nos incisos I a IV e sobre a não-incidência nos incisos V a IX:

“Art. 3º O imposto não incide sobre:

I - operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão;

II - operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços;

III - operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados à industrialização ou à comercialização;

IV - operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial;

V - operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se destinem a ser utilizadas na prestação, pelo próprio autor da saída, de serviço de qualquer natureza definido em lei complementar como sujeito ao imposto sobre serviços,

de competência dos Municípios, ressalvadas as

hipóteses previstas na mesma lei complementar;

VI - operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de propriedade de estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie;

(26)

VII - operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia, inclusive a operação efetuada pelo credor em decorrência do inadimplemento do devedor;

VIII - operações de arrendamento mercantil, não

compreendida a venda do bem arrendado ao

arrendatário;

IX - operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens móveis salvados de sinistro para companhias seguradoras.” (Grifos nosso)

Pronto para outra questão seca? Assimilou bem? Depois daquele teste você já deve estar mais esperto. Vamos à uma questão copia e cola, preferida pelas bancas.

04. (Questão Inédita) A incidência em sentido amplo abrange a não-incidência em sentido estrito e as imunidades propriamente ditas, estas sempre previstas na CF/88. O artigo 3º da LC nº 87/96 traz as hipóteses de não-incidência do ICMS. Entre essas hipóteses, podemos afirmar que é incorreto apenas o que consta na alternativa:

a) operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços

b) operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de propriedade de estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie c) operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia, inclusive a

operação efetuada pelo credor em decorrência do inadimplemento do devedor

(27)

d) operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do bem arrendado ao arrendatário

e) fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Município.

Analisando os incisos constantes no artigo 3º da lei complementar nº 87/96, vemos que apenas o que consta na alternativa “e” é uma situação que enseja a cobrança do ICMS, enquanto o que consta nas demais alternativas são hipóteses de não incidência do ICMS.

Assim, resta como correta a alternativa "e", gabarito da questão.

O inciso I trata da imunidade constitucional concedida aos livros, jornais, periódicos e o papel destinado à impressão destes. Está prevista na alínea “d” do inciso VI do artigo 150 da CF/88, o qual veda às Unidades Federativas a instituição de qualquer imposto sobre esses bens, inclusive o ICMS sobre a circulação destes. Essa é a famosa imunidade cultural.

O inciso II trata de imunidade conferida às operações de exportação, imunizando-as da incidência de qualquer tributo, inclusive do ICMS. Essa imunidade teve o intuito de estimular as exportações brasileiras, desonerando os produtos brasileiros e tornando-os mais competitivos no mercado externo. Tal imunidade está prevista no artigo 155, X, “a”, da CF/88, estudada no item anterior da aula. Observe que ela abrange tanto as operações quanto as

prestações.

Deve-se atentar para o fato que qualquer mercadoria ou produto está

abrangido pela imunidade quando destinado ao exterior. É o que nos diz

a parte final do inciso, ao dispor sobre os produtos primários e os produtos industrializados semi-elaborados. Não há qualquer restrição aos produtos, como muitas questões tentam colocar aos candidatos e fisgá-los. Atenção!

(28)

O inciso II deve ser estudado ainda com o que prevê o parágrafo único do artigo 3º:

“Parágrafo único. Equipara-se às operações de que trata o inciso II a saída de mercadoria realizada com o fim específico de exportação para o exterior, destinada a: I - empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da mesma empresa;

II - armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro.” (Grifos nosso)

O parágrafo único nos fala dos demais casos em que a operação de circulação de mercadoria será imune ao ICMS, mesmo não havendo a saída

física da mercadoria do país.

Nos casos dos incisos I e II do parágrafo único, a mercadoria circula pelo território do Estado tributante, mas não é cobrado o ICMS, desde que aquela tenha saído com o fim específico de exportação e destinada a empresa comercial exportadora, armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro. Observe, caro aluno, que as condições devem ser atendidas

simultaneamente. Não é uma ou outra, é uma E outra.

As empresas comerciais exportadoras são aquelas que adquirem mercadorias no mercado interno de uma ou de várias pessoas jurídicas para posteriormente exportá-las. Sendo elas um mero “elo de ligação” entre a empresa contribuinte do ICMS e o mercado externo, não incide o imposto sobre a operação de circulação de mercadorias para essas empresas.

O mesmo ocorre para as chamadas “trading company”. Estas são apenas empresas comerciais exportadoras sujeitas a uma regulamentação específica, devendo ainda ser obrigatoriamente S.A (Sociedade Anônima) e ter a necessidade de obtenção de registro especial para operar junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e à Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB).

(29)

Já os armazéns alfandegados são os recintos presentes nos portos, aeroportos e pontos de fronteira de tráfego internacional, destinados a receber e armazenar cargas destinadas à exportação (e também à importação). Nesses, as cargas permanecem apenas à espera de transporte ou do desembaraço aduaneiro pela Autoridade competente da Receita Federal do Brasil.

Os entrepostos aduaneiros são recintos de uso público ou privativo que permite a armazenagem de mercadorias destinadas à exportação. Estes estão regulados nos artigos 410 a 415 do Decreto Federal nº 6.759, de 05 de fevereiro de 2009, denominado Regulamento Aduaneiro.

Por fim, temos o que dispõe o inciso I do artigo 32 da lei, com o mesmo teor do inciso II do artigo 3º:

(30)

“Art. 32. A partir da data de publicação desta Lei Complementar:

I - o imposto não incidirá sobre operações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e produtos industrializados semi-elaborados, bem como sobre prestações de serviços para o exterior;”

Por sua vez, o inciso III nos fala sobre a não-incidência do ICMS nas

operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica, quando a saída se der para fins de industrialização ou comercialização. Esse caso já foi estudado em item anterior da aula, quando

estudamos o inciso III do §1º do artigo 2º, que trata da incidência do imposto quando estas mercadorias não forem destinadas à comercialização ou à industrialização, sendo adquiridas por consumidor final localizado em outro Estado.

O inciso IV também nos traz hipótese de imunidade ao ICMS prevista na CF/88, estando presente no seu artigo 155, X, “c”. Essa imunidade nos fala que não incidirá ICMS sobre as operações de circulação de ouro,

quando esse for definido como ativo financeiro ou instrumento cambial, estando previsto na lei federal nº 7.766, de 11 de maio de 1989.

Assim, quando o ouro for definido como mera mercadoria, podendo ser revendido ou industrializado, por exemplo, incidirá o ICMS sobre a operação de circulação, fato gerador do tributo.

(31)

Os incisos seguintes do artigo 3º tratam dos casos em que não haverá a incidência do ICMS, ainda que ocorra uma operação de circulação de mercadorias. Esses são os casos de não-incidência em sentido estrito, as hipóteses em que o legislador estadual não poderá prever a incidência do ICMS ao editar as leis estaduais.

O primeiro deles está previsto inciso V. Nessa hipótese prevista na lei, incidirá o ISS sobre o valor total da operação, e não o ICMS, desde que não haja previsão na LC 116/03 possibilitando a incidência do ICMS sobre as mercadorias fornecidas junto com o serviço a ser prestado. Essas

mercadorias devem ser fornecidas pelo próprio autor da saída destas.

Guarde isso, caro aluno.

Apresento abaixo um quadro resumo com as três regras relacionadas com a incidência ou não do ICMS e do ISS sobre as prestações de serviços:

Serviço previsto na LC 116/03,

sem ressalva quanto à

possibilidade de cobrança do ICMS

ISS incide sobre o valor total da mercadoria e do serviço prestado

Serviço previsto na LC 116/03,

com ressalva quanto à

possibilidade de cobrança do ICMS

ISS incidirá sobre o valor do serviço e o ICMS sobre o valor da

mercadoria

Serviço não previsto na LC 116/03

ICMS incidirá sobre o valor total do

serviço e da mercadoria.

O inciso VI se refere aos casos em que há operação de circulação de

mercadoria decorrente da transferência de propriedade de

estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie. É o caso em

que uma empresa adquire outra por qualquer meio admitido em direito (incorporação, por exemplo), sendo as mercadorias da antiga empresa

(32)

transferidas de um lugar para outro ou mesmo permanecendo no mesmo lugar. Nessa situação, há alteração apenas da titularidade do

proprietário.

Apesar de ter havido a circulação jurídica (e também física, conforme o caso) de mercadoria de um para outro estabelecimento apenas em decorrência de transferência de propriedade de estabelecimento, o legislador federal achou por bem não abranger a situação no campo de incidência do ICMS. Guarde bem essa disposição! Ela é uma ótima matéria-prima para questão de prova.

Por sua vez, o inciso VII trata dos casos de não-incidência do ICMS na hipótese de alienação fiduciária em garantia. Esta é definida como o negócio jurídico pelo qual uma das partes, designado devedor fiduciante, proprietário livre e direto de certo bem, transmite à outra parte, designada credor fiduciário, o domínio e a posse indireta de bem de sua propriedade. O negócio jurídico tem por finalidade garantir o pagamento de determinada dívida pertencente ao devedor fiduciante, que detém a posse direta do bem sob condição resolutiva de saldar a dívida garantida.

Nesse tipo de negócio jurídico, nenhuma das operações será tributada com o ICMS, seja a decorrente de pagamento da dívida, cessando o contrato de alienação fiduciária em garantia, seja a decorrente do não pagamento da dívida no prazo estabelecido, ocasionando a transferência do bem ao credor fiduciário.

Por sua vez, o inciso VIII trata dos casos de arrendamento mercantil,

também conhecido como leasing. Nesse tipo de operação, a arrendante

(instituição financeira) compra o veículo em uma concessionária, adquire a propriedade deste e posteriormente “vende” o bem parceladamente para o arrendatário. Contudo, não há transferência da propriedade enquanto as

parcelas do financiamento não forem quitadas em sua totalidade,

ficando bem visível a separação, formal e materialmente, do proprietário (arrendante) e do possuidor (arrendatário).

(33)

Atualmente existem dois tipos de leasing: o leasing operacional e o

leasing financeiro.

No operacional, uma determinada empresa (arrendante) cede o direito de uso de um bem a outra empresa (arrendatária). A arrendante fica responsável pela manutenção e a assistência técnica, enquanto a arrendatária é responsável pelo pagamento de um valor periódico relativo ao direito de uso e aos serviços prestados. Ao término do contrato, a empresa arrendatária poderá optar por adquirir o bem arrendado, o qual será alienado pelo valor de mercado. Nesse tipo de contrato, predomina a locação do bem arrendado.

No financeiro, é necessária a presença de três pessoas: a instituição financeira, a empresa que solicita o arrendamento e o interessado. A empresa em questão solicita à instituição financeira que adquira um determinado bem, pretendido pelo interessado. Em seguida, a instituição financeira aluga o bem ao interessado mediante pagamento mensal de determinada quantia. Ao final do contrato, o interessado poderá optar por devolver o bem, renovar o contrato ou adquirir o bem pelo valor residual fixado no momento da contratação. Nesse tipo de contrato, predomina o financiamento do bem.

Assim, uma vez que não houve a transferência do bem ao interessado em nenhuma das hipóteses, não houve também a transferência de propriedade jurídica, não incidindo assim o ICMS sobre a operação. Há incidência do

ICMS apenas na operação referente à aquisição do bem pela instituição financeira, necessária ao contrato de leasing financeiro.

Enquanto o bem estiver sob a propriedade da empresa arrendante (no leasing operacional) ou da instituição financeira (leasing financeiro), não incidirá o ICMS na operação. Contudo, uma vez ocorrendo a venda do bem

arrendado ao arrendatário ou interessado, haverá a transferência de propriedade e a circulação de mercadoria, incidindo o tributo sobre a operação.

(34)

Deve ser observado ainda o que dispõe o STF sobre as hipóteses de leasing internacional, no qual uma empresa brasileira detém a posse de determinado bem em virtude de importação:

“1. De acordo com a Constituição de 1988, incide ICMS sobre a entrada de mercadoria importada do exterior. Desnecessária, portanto, a verificação da natureza jurídica do negócio internacional do qual decorre a importação, o qual não se encontra ao alcance do Fisco nacional. 2. O disposto no art. 3º, inciso VIII, da Lei Complementar nº 87/96

aplica-se exclusivamente às operações internas

de leasing.” (RE 206.069/SP, de 01 de setembro de 2005). (Grifo nosso)

Essa decisão do STF tem por base o que dispõe o artigo 155, X, “a” da CF/88, segundo o qual incidirá o ICMS sobre a entrada de bem ou

mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade.

Entretanto, é importante saber o que dispõe o STF em relação ao contrato de leasing em que a empresa arrendatária apenas adquire aeronaves e peças e equipamentos para a manutenção destas:

“EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Contrato de arrendamento mercantil. Leasing. Inexistência de opção de compra. Importação de aeronaves. Não incidência do ICMS. Decisão mantida. Agravo regimental improvido. Não incide ICMS sobre as importações, do exterior, de aeronaves, equipamentos e peças realizadas por meio de contrato de arrendamento mercantil quando não haja circulação do bem, caracterizada pela transferência de domínio, ainda que sob a égide da EC nº 33/2001. (RE 553663 AgR/RJ, de 18 de dezembro de 2007)”

(35)

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ICMS. NÃO-INCIDÊNCIA. ENTRADA DE MERCADORIA IMPORTADA DO EXTERIOR. ART. 155, II DA CB. LEASING DE AERONAVES E/OU PEÇAS OU EQUIPAMENTOS DE AERONAVES. OPERAÇÃO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL. 1. A importação de aeronaves e/ou peças ou equipamentos que as componham em regime de leasing não admite posterior transferência ao domínio do arrendatário. 2. A circulação de mercadoria é pressuposto de incidência do ICMS. O imposto --- diz o artigo 155, II da Constituição do Brasil --- é sobre "operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior". 3. Não há operação relativa à circulação de mercadoria sujeita à incidência do ICMS em operação de arrendamento mercantil contratado pela indústria aeronáutica de grande porte para viabilizar o uso, pelas companhias de navegação aérea, de aeronaves por ela construídas (RE 461.968/SP, de 30 de maio de 2007)”

Assim, em regra, há a incidência do ICMS nas operações de importação objeto de arrendamento mercantil, em virtude do que nos fala a alínea “a” do inciso X do artigo 155 da CF/88. Entretanto, quando a contrato for

celebrado desde o seu início sem menção à opção de compra pelo arrendatário, não incide o ICMS, uma vez que há a possibilidade de devolução do bem ao arrendante ao final do contrato. Somente incidirá o

ICMS se houver a venda do bem.

Por fim, o inciso IX nos fala das hipóteses de não-incidência do ICMS quando da transferência de propriedade para as companhias

seguradoras de bens salvados de sinistro. Esse tipo de não-incidência se

verifica tanto em relação à operação de transmissão do bem do segurado

(36)

recuperados, quanto em relação à posterior venda do bem salvado a terceiros.

Apesar da venda do bem importar em fato que se assemelha à circulação de mercadoria, não ocorre o fato gerador do ICMS nessa operação. As companhias seguradoras, ao venderem o veículo salvado de sinistro, praticam atividade não-comercial, não ensejando assim a ocorrência da hipótese de incidência do imposto prevista em lei. Esse é o entendimento constante na decisão proferida pelo STJ em seu REsp 62686/SP, de 24 de outubro de 2007, que dispõe o seguinte:

“1. A Primeira Seção desta Corte, ao apreciar o REsp 72.204/RJ, firmou orientação no sentido de que o ICMS não

incide sobre a venda, pelas seguradoras, de bens salvados de

sinistros. Tal entendimento se justifica pelo fato de que a

alienação dos mencionados bens integra a operação de seguro, não configurando operação relativa à circulação de mercadoria para fins de tributação.

2. Conforme rezam os contratos de seguro, havendo indenização total, os salvados - que não são mercadorias - passam a pertencer à companhia seguradora. Esta, além de não ser comerciante, não é alvo de nenhuma operação mercantil: apenas torna-se titular dos bens segurados, em decorrência de um evento extraordinário. É o quanto basta para que se afaste, na espécie, a incidência do ICMS. (Roque

Antônio Carrazza).”

Vamos agora ao fato gerador do ICMS! Esse ponto é muito importante. Muita atenção com ele, caro aluno. Não que os anteriores não sejam. ☺

(37)

Fato gerador do ICMS

O fato gerador do ICMS é previsto no artigo 12 da Lei Kandir, disciplinando o momento da subsunção do fato à norma:

“Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:

I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular;

II - do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento;

III - da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em depósito fechado, no Estado do transmitente;

IV - da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente, quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente;

V - do início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, de qualquer natureza;

VI - do ato final do transporte iniciado no exterior;

VII - das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza;

VIII - do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços:

a) não compreendidos na competência tributária dos Municípios;

(38)

b) compreendidos na competência tributária dos Municípios e com indicação expressa de incidência do imposto de competência estadual, como definido na lei complementar aplicável;

IX – do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior;

X - do recebimento, pelo destinatário, de serviço prestado no exterior;

XI – da aquisição em licitação pública de mercadorias ou bens importados do exterior e apreendidos ou abandonados;

XII – da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização; XIII - da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subseqüente.” (Grifos nosso)

No inciso I temos a situação mais comum que dá origem ao fato gerador do ICMS: a saída de mercadoria do estabelecimento do contribuinte. Nessa situação, há a transferência da propriedade, fato jurídico necessário à ocorrência do fato gerador.

Entretanto, a parte final do inciso não é mais considerada fato gerador do ICMS, tendo em vista o que dispõe a Sumula 166 do STJ, já vista por nós anteriormente:

“Súmula STJ nº 166: Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte.”

(39)

No deslocamento de mercadoria de um estabelecimento para outro do mesmo contribuinte, não ocorre a transferência de propriedade, fato jurídico necessário à ocorrência do fato gerador do ICMS.

A previsão da Súmula do STJ, entretanto, vai de encontro ao que prevê a

regra da autonomia dos estabelecimentos, adotada pela legislação do

ICMS. Segundo a regra, cada estabelecimento do contribuinte é autônomo em relação aos demais, possuindo obrigações próprias e independentes em termos de ICMS, ainda que pertencentes ao mesmo titular ou grupo empresarial. É o que prevê o inciso II do §3º do artigo 11, a ser visto em item posterior.

Sobre o assunto, temos a decisão do STJ em seu REsp 1125133/SP, de 25 de agosto de 2010:

“1. O deslocamento de bens ou mercadorias entre estabelecimentos de uma mesma empresa, por si, não se subsume à hipótese de incidência do ICMS, porquanto,

para a ocorrência do fato imponível é imprescindível a circulação jurídica da mercadoria com a transferência da propriedade.

2. "Não constitui fato gerador de ICMS o simples deslocamento de

mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo

contribuinte." (Súmula 166 do STJ).

3. A regra-matriz do ICMS sobre as operações mercantis

encontra-se insculpida na Constituição Federal de 1988, in verbis: "Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

(...)

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;"

(40)

4. A circulação de mercadorias versada no dispositivo constitucional refere-se à circulação jurídica, que pressupõe efetivo ato de mercancia, para o qual concorrem a finalidade de obtenção de lucro e a transferência de titularidade.

5. "Este tributo, como vemos, incide sobre a realização de operações relativas à circulação de mercadorias. A lei que veicular sua hipótese de incidência só será válida se descrever uma operação relativa à circulação de mercadorias. É bom esclarecermos, desde logo, que tal circulação só pode ser jurídica (e não meramente física). A circulação jurídica pressupõe a transferência (de uma pessoa para outra) da posse ou da propriedade da mercadoria. Sem mudança de titularidade da mercadoria, não há falar em tributação por meio de ICMS. (...)

O ICMS só pode incidir sobre operações que conduzem mercadorias, mediante sucessivos contratos mercantis, dos produtores originários aos consumidores finais." (Roque Antonio Carrazza, in ICMS, 10ª ed., Ed. Malheiros,

p.36/37)” (Grifos nosso)

Assim, em que pesem as divergências entre a decisão do STJ e o adotado na legislação do ICMS, em provas de concurso, GERALMENTE, prevalece o que prevê a lei federal, havendo o fato gerador do ICMS no deslocamento de

(41)

Outra importante decisão para fins de concurso, dessa vez do STF, diz respeito ao comodato, negocio jurídico unilateral e gratuito no qual alguém (comodante) entrega a outrem (comodatário) coisa fungível, para ser usada temporariamente e depois restituída. A decisão consta na Súmula 573, cujo teor é o seguinte:

“Súmula STF 573: não constitui fato gerador do imposto de circulação de mercadorias a saída física de máquinas, utensílios e implementos a título de comodato.”

Por sua vez, o disposto no inciso II está diretamente relacionado ao que nos diz o inciso I, em que o fato gerador se considera ocorrido no momento do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por bares, restaurantes e estabelecimentos similares. Estudamos esse assunto quando tratamos do inciso I do artigo 2º, em item anterior da aula.

A hipótese do inciso III nos fala da transmissão de mercadoria depositada em armazém geral ou em depósito fechado, desde que ocorra no Estado do

transmitente (aquele que transmite o bem).

O momento da ocorrência do fato gerador é aquele em que ocorre a transferência da propriedade, não havendo necessidade da saída física da

Referências

Documentos relacionados

O artigo 2º da Lei Complementar Estadual nº 9.491/90 foi regulamentado pela Lei Complementar nº 59/91, conhecida como a Lei do ICMS Ecológico, que além da classificação

2º, III, e 12, VI, da Lei Complementar 87/96 (Lei Kandir) leva ao entendimento de que o ICMS somente pode incidir sobre os serviços de comunicação propriamente ditos, no momento em

1. Há de ser declarada a omissão inconstitucional do Congresso Nacional na edição da lei complementar a que alude o art. O campo do convênio de ICMS não se confunde com o da

Como uma forma de amenizar estas dificuldades, foi regulamentada a lei complementar 1 brasileira nº 87 que entrou em vigor em 13 de setembro de 1996, Lei Kandir, feita

Lei Complementar nº 87/1996, Convênios de ICMS e Regulamentos dos Estados do Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe .... Análise das limitações impostas

Alega que o artigo 12, inciso VIII, §1° da Lei Complementar n° 87/96 estabeleceu que o fato gerador do ICMS incidente sobre a prestação onerosa de serviços de

2º, III, e 12, VI, da Lei Complementar 87/96 (Lei Kandir) leva ao entendimento de que o ICMS somente pode incidir sobre os serviços de comunicação propriamente ditos, no momento em

Lei Complementar nº 87/96: Dispõe sobre o imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços