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Língua Portuguesa: Morfologia

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Academic year: 2021

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Texto

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Língua Portuguesa:

Morfologia

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Formação de palavras II

Material Teórico

Responsável pelo Conteúdo:

Prof. Ms. Celso Antônio Bacheschi

Revisão Textual:

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• Composição

• Tipos de compostos

• Flexão de plural dos compostos

Para um bom aproveitamento na disciplina, é muito importante a interação e o compartilhamento de ideias para a construção de novos conhecimentos. Para interagir com os demais colegas e com seu tutor, utilize as ferramentas de comunicação disponíveis no Ambiente de Aprendizagem (AVA) Blackboard (Bb) como Fórum Dúvidas e Mensagens.

·Iniciamos, agora, uma nova unidade, cujo objetivo é aprofundar conhecimentos sobre a disciplina Língua Portuguesa – Morfologia. Trataremos, nesta unidade, de um dos processos de formação de palavras, a composição.

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Contextualização

Antes de iniciarmos nossos estudos nesta unidade da disciplina Língua Portuguesa – Morfologia, convidamos você a ler o trecho a seguir:

Ao Deus Kom Unik Assão Eis-me prostrado a vossos peses que sendo tantos todo plural é pouco. Deglutindo gratamente vossas fezes vai-se tornando são quem era louco. Nem precisa cabeça pois a boca nasce diretamente do pescoço e em vosso esplendor de auriquilate faz sol o que era osso.

Genucircunflexado vos adouro Vos arnouro, a vós sonouro deus da buzina & da morfina

que me esvaziais enchendo-me de flato e flauta e fanopeia e fone e feno. Vossa pá lavra o chão de minha carne e planta beterrabos balouçantes de intenso carneiral belibalentes

em que disperso espremo e desexprimo o que em mim aspirava a ser eumano.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Ao Deus Kom Unik Assão. In: Comunicação & Educação, São Paulo, 1996.)

Nesse trecho, o autor cria palavras inusitadas, como “genucircunflexado” – de genu-, “joelho” + circun-, “ao redor de” + “flexado”, a partir do radical de “flexão” – “adouro” – de “adoro” + “ouro”– “eumano” – de “eu” + “humano”. Logo, você poderá perceber a relação desse trecho com esta unidade de nossa disciplina. No endereço abaixo, você poderá encontrar o texto completo.

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Introdução

Agora que você já conhece os elementos que formam as palavras e sabe por que elas se formam, podemos estudar os seus processos de formação. Inicialmente, vamos tratar da composição.

Composição

A composição é o processo de formação de palavras por meio da reunião de dois ou mais radicais, que passam a exprimir conceito novo e único e, não raro, desvinculado do sentido de cada um de seus componentes. Tomemos, por exemplo, a palavra “amor-perfeito”. Nela, temos a reunião de duas formas livres1 , que adquirem um significado novo (o nome da flor). Há,

também, os compostos formados por radicais latinos e gregos, que só ocorrem em palavras compostas, como “psicologia”. Estes, geralmente, pertencem à linguagem científica ou literária.

RADICAL RADICAL =

AMOR PERFEITO AMOR-PERFEITO

PSIC(O)- -LOGIA PSICOLOGIA

Como reconhecer uma palavra composta?

Tradicionalmente, diz-se que os elementos da composição, na escrita, podem apresentar-se juntos, do mesmo modo que uma palavra simples, como “girassol”, ou ligados por hífen, como “guarda-chuva”.

Essa definição nos traz um problema, porque ela se baseia no modo como se escreve a palavra para determinar se ela é ou não composta. A escrita é uma convenção e, como tal, está sujeita a mudanças. Por exemplo, segundo o Formulário Ortográfico de 19432 , a palavra

“pão-de-ló” escreve-se dessa forma, ou seja, os elementos são ligados por hífen. Segundo o Acordo ortográfico de 1990, no entanto, deve-se escrever “pão de ló” (sem hífens). Será que “pão de ló” era uma palavra composta e passou, de repente, a ser apenas um grupo de palavras? Claro que não. Para entendermos a questão, vamos ler a lição de Said Ali (1964: 259), um antigo mestre da nossa língua:

Não há ortografia uniforme para as palavras compostas; umas, quer a convenção que se escrevam reunindo os termos em um só vocábulo; outras se representam interpondo o traço d’união; para outras, finalmente, é costume escrever os termos separadamente como se não houvesse composição alguma.

1 Algumas palavras que estão em negrito no texto compõem um glossário que está disponível ao final do texto. Consulte-o durante a leitura, caso tenha necessidade, para uma melhor compreensão do tema de que se está tratando. Sobre formas livres, consulte também a unidade “Estrutura das palavras I”.

2 O Formulário Ortográfico de 1943 é um documento elaborado com o objetivo de fornecer as instruções para a organização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Foi aprovado pela academia Brasileira de Letras e alterado pela Lei 5765/71. Suas normas são válidas até 31 de dezembro de 2015.

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Ou seja, elementos das palavras compostas podem ser escritos sem hífen, como em “girassol”, separados por hífen, como em “amor-perfeito”, ou separados e sem hífen, como em “estrada de ferro”. Isso nos traz outro problema, pois, se não podemos ter como base a escrita, como saberemos se a palavra é ou não composta? A resposta vem da lição de outro mestre. Herculano de Carvalho (1973), ao tratar de compostos como “amor-perfeito” (aos quais chama de sintagmas fixos), descreve as propriedades que permitem reconhecer esses elementos. Como essas propriedades são as mesmas que normalmente são atribuídas a uma palavra simples, vamos fazer um teste, comparando uma palavra simples e outra composta, para que possamos verificar se ambas têm as mesmas propriedades. Para isso, tomaremos como exemplos, “desleal” e “estrada de ferro”. Vamos lá?

1ª propriedade: a ordem é fixa.

Veja: “desleal” é formado pelo prefixo des- + “leal”, mas não podemos inverter essa ordem em “leal” + des-.

Da mesma forma, não podemos alterar a ordem dos elementos de “estrada de ferro” para “de ferro estrada”, “ferro de estrada” etc.

2ª propriedade: não se pode inserir um elemento entre os componentes da palavra.

Veja: podemos acrescentar um sufixo a “desleal”, obtendo “deslealdade”, mas não podemos inseri-lo entre os componentes, formando des- + -dade + “leal”.

Da mesma forma, podemos dizer “estrada de ferro antiga”, mas não “*estrada antiga de ferro” ou “*estrada de antigo ferro”.

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3ª propriedade: os elementos não podem ser substituídos.

Veja: não podemos substituir des- por in-, por exemplo, formando “*inleal”3.

Da mesma forma, não podemos substituir “estrada de ferro” por de “estrada de aço”, por exemplo, pois o significado se altera completamente.

4ª propriedade: não se pode suprimir nenhum elemento.

Veja: o significado de “desleal” é resultado da combinação dos elementos des- e “leal”, de modo que uma parte não pode valer pelo todo. Da mesma forma, em “viajei pela estrada de ferro” não se pode suprimir qualquer elemento, como em “viajei pela estrada” ou “viajei pelo ferro”.

Kehdi (2003: 42) acrescenta que um composto como “estrada de ferro”, equivale a uma palavra simples, pois, em um enunciado, ele pode ser substituído por uma única palavra (e não necessariamente por um grupo de palavras). O autor nos dá o seguinte exemplo: “admiro a estrada de ferro” / “admiro a pista”.

Como se formam os compostos?

Said Ali (1964) já observara que os compostos são formados por um processo sintático e não morfológico. Que isso quer dizer? Isso significa que uma palavra composta é formada a partir de uma frase ou de parte dela. Por exemplo, palavras como “saca-rolhas”, “beija-flor” e “ganha-pão” formaram-se a partir de expressões como “objeto que saca rolhas”, “ave que beija flor” e “ofício com que se ganha o pão”.

Rodrigues Lapa (1975: 92) apresenta visão idêntica, que exemplifica com a palavra “mancheia” (de “mão” + “cheia” = “punhado”), conforme segue:

Ao princípio, dir-se-ia: “Tinha as mãos cheias de flores”. Depois, pela frequência do emprego e um pouco de imaginação, os dois termos fizeram corpo um com o outro e começou a dizer-se: “Atirou-lhe mãos cheias de flores”. Os dois nomes andam hoje intimamente soldados; a tal ponto que já mão-cheia se diz e escreve simplesmente mancheia.

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Benveniste (1999: 147) compartilha a visão desses autores e acrescenta que a lógica entre os elementos é essencial à analise. Tomando como exemplo “papel-moeda”, observa que, em tais compostos, o primeiro elemento é sempre o que nomeia o ser; e o segundo, o que o especifica. O objeto pertence à classe do primeiro elemento e é determinado pelo segundo. A relação entre ambos é de semelhança, ou seja, papel-moeda é “um papel que é moeda”, ou que tem valor equivalente ao dela. Nem sempre é fácil estabelecer essa relação entre os elementos da palavra composta. Tomando-se, por exemplo, “peixe-espada”, não temos dificuldade em perceber que se trata de um peixe que tem forma semelhante à de uma espada.

Já “dama-da-noite” não é uma mulher de vida noturna, e não há nada nos elementos que formam a palavra que nos permita entender que se trata de uma flor. Do mesmo modo, “louva-a-deus” não é uma pessoa religiosa, e o sentido do todo não corresponde à soma de suas partes. Nada indica que se trata de um inseto.

O linguista francês Bernard Pottier propôs o conceito de lexia, o qual pode ajudar-nos a entender os compostos. Uma lexia é uma “unidade lexical memorizada”. Pode ser uma palavra simples, um composto, uma expressão, ou seja, qualquer item do léxico que trazemos, na memória, como um todo significativo. Vamos, então, à lição do mestre:

o locutor, quando diz: “quebrar o galho”, “Nossa Senhora!”, “pelo amor de Deus”, “bater as botas”, “barra-limpa”, “nota promissória”, não constrói essa combinação no momento em que fala, mas tira o conjunto de sua “memória lexical”, da mesma forma que “banco”, “livro”... Assim, “pé de cabra” pode ser uma lexia, no sentido de ferramenta, ou o resultado de uma construção sintática de discurso, se se tratar do pé do animal (Pottier, Audubert & Pais, 1972: 26-27).

A contribuição dos autores, ao introduzir a noção de lexia, é de fornecer um conceito abrangente, pois nele se incluem, além das lexias simples, como “pé”, as lexias compostas, como “pé de cabra” e as lexias textuais (a fraseologia), como “quem tudo quer tudo perde”, “pão, pão, queijo, queijo”, “quanto mais alto o coqueiro, maior o tombo” etc.

Se observarmos atentamente, excluindo-se as lexias simples, todas as demais podem ser entendidas, lato sensu, como compostos, e isso amplia bastante o nosso entendimento sobre o fenômeno.

Outro tipo de composição são os chamados “cruzamentos vocabulares”, também deignados como blend, mistura, fusão vocabular, palavra entrecruzada, amálgama, mesclagens lexicais etc. Esse tipo de composição visa a alcançar um efeito cômico por meio da reunião de palavras, como em “chocólatra”, (de “chocolate” + “alcoólatra”). Basílio (2003: 1) observa que:

o cruzamento vocabular pode ser considerado como um tipo de composição, na medida em que sua formação envolve duas palavras, e o processo correspondente envolve o mecanismo de formar uma nova palavra cujo significado e forma final decorrem diretamente da combinação de duas palavras.

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Em alguns desses compostos, os elementos se ligam devido a semelhanças de sonoridade, como “chafé”, “trêbado”, “apertamento”, “burrocracia”, “lixeratura”, “paitrocínio”, “showmício”, podendo indicar, também, posição intermediária, como “portunhol”, “brasiguaio”, “namorido”, “batatalhau”. Em outros, substitui-se um fragmento por outro que possui semelhança de significado (real ou suposta), como em “bebemorar” e “carreata”.

Há compostos em que se dá um fenômeno chamado haplologia, que consiste na supressão de uma sílaba semelhante a outra que ocorre em sequência. São exemplos “dedurar” por “dedo-durar”, “cunicultura” (criação de coelhos) por “cuniculicultura”, “tragicômico” por “trágico-cômico” etc. A haplologia também ocorre em palavras formadas por outros processos. A haplologia não deve ser confundida com a aglutinação, que é a perda de fonemas que ocorre em certos compostos, como “aguardente”, de “água” + “ardente”. Nos compostos em que não ocorre perda de fonemas, diz-se, por oposição à aglutinação, que se trata de justaposição.

Por que se formam os compostos?

Uma resposta bem simples a essa pergunta é: formam-se compostos para designar alguma coisa quando não existe uma palavra simples para nomeá-la; mas essa resposta é, para dizer o mínimo, insuficiente. Pode-se afirmar que o “pé de cabra” é assim designado porque tem a extremidade dividida – como a pata do animal –, e não existe outro substantivo para nomear essa ferramenta. Da mesma forma, “batata da perna” daria nome a um músculo situado na perna e semelhante a uma batata.

Se refletirmos um pouco mais, veremos, no entanto, que essas explicações são enganosas. Por quê? Ora, se a extremidade bifurcada do pé de cabra serve para arrancar pregos, por que ele não é chamado de “*despregador”? Poderíamos resolver o problema de nomear o objeto por meio da derivação. Quanto à “batata da perna”, existe outra palavra que designa a mesma parte do corpo, que é “panturrilha”.

Para resolvermos essa questão, temos de entender a língua como um conjunto de possibilidades. Nas palavras de Saussure (s/d), trata-se de um “sistema de signos”. Nesse sistema, a realização de uma possibilidade – constituindo um signo linguístico – torna-se norma e “bloqueia” as outras. Por exemplo, em português, pode-se formar um substantivo a partir de um verbo com o acréscimo dos sufixos -ção e -mento (além de outras possibilidades). No caso do verbo “abolir”, por exemplo, formou-se “abolição”, que passou a fazer parte da norma, impedindo a formação de “*abolimento”.

Voltando aos casos anteriores, a formação de um composto, como “pé de cabra” é uma das possibilidades da língua. Como essa possibilidade se concretizou, impediu a realização de outras, como “*despregador”. No caso de “batata da perna”, a palavra manteve-se, ao lado de “panturrilha”, porque cada termo é empregado em um contexto diferente. “Batata da perna” é uma palavra do dia a dia, enquanto “panturrilha” é termo usado mais comumente em linguagem científica, na área da anatomia.

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Evidentemente, além desse motivo, podemos dizer que se formam compostos pela mesma razão que se formam palavras por outros processos, ou seja, os compostos facilitam a memorização. Por exemplo, algumas espécies animais dividem-se em centenas, milhares, milhões e até bilhões de subespécies, que, em geral, são designadas a partir do nome genérico, como “lobo-guará”, “urso-polar” etc., ou por semelhança a outra espécie mais conhecida, como “elefante-marinho”. Outras são designadas por associação de sua forma de comportamento ou aparência a algum objeto ou outro animal, como “estrela-do-mar”, “louva-a-deus”, “beija-flor”, “bicho-preguiça” etc. Em alguns casos, combina-se, ainda, o nome genérico e uma das associações citadas, como “tubarão-martelo”, “tubarão-baleia” etc.

Tipos de compostos

Os compostos podem ser formados por:

a) dois substantivos: bicho-preguiça, decreto-lei; b) substantivo + adjetivo: baleia-azul;

c) substantivo + preposição + substantivo: castanha-de-caju; d) dois adjetivos: luso-brasileiro, azul-marinho;

e) adjetivo + substantivo: verde-bandeira; f) verbo + substantivo: beija-flor;

g) verbo + preposição + substantivo: louva-a-deus; h) verbo + verbo: perde-ganha;

i) verbo + conjunção + verbo: leva e traz; j) verbo + advérbio: pisa-mansinho; k) advérbio + adjetivo: sempre-viva; l) numeral + substantivo: segunda-feira; m) pronome + substantivo: Vossa Excelência; n) dois pronomes: aqueloutro;

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Flexão de plural dos compostos

No início dessa unidade, observamos que os compostos são formados a partir de uma frase ou de parte dela. Isso significa que a relação entre os elementos dos compostos é sintática e não morfológica, portanto, podemos ter como base o plural de grupos sintáticos, para compreendermos a flexão de plural dos compostos. Em outras palavras, consideraremos como referência o modo como grupos de palavras semelhantes a compostos se flexionam no plural dentro de uma frase. Utilizaremos os exemplos do item anterior.

Nos compostos formados por dois substantivos, como “bicho-preguiça”, o segundo elemento é determinante do primeiro, funcionando como um adjetivo. É um caso idêntico, por exemplo, a “saia rosa”, em que o segundo elemento é um substantivo (nome da flor) que funciona como um adjetivo (equivalente a cor-de-rosa). Tomando esse exemplo, podemos notar que o substantivo em função de adjetivo não varia. Veja:

a menina usava saia rosa – as meninas usavam saias rosa.

Isso explica o plural de compostos como “bicho-preguiça”, que, portanto, é “bichos-preguiça”. O mesmo raciocínio permite-nos compreender por que o plural de “jaqueta verde-bandeira” é “jaquetas verde-bandeira”, pois “bandeira” é substantivo em função de adjetivo.

Em alguns casos, a relação entre os substantivos pode ser de coordenação, isto é, eles têm

valor equivalente. Tomemos, por exemplo, a frase:

assinei o decreto e a lei – assinei os decretos e as leis.

Isso explica a possibilidade de os dois elementos se flexionarem no plural, como em “decretos-leis”.

Quando o composto é formado por substantivo + adjetivo, a relação entre eles é simples: o adjetivo concorda com o substantivo. Vejamos as frases a seguir:

comprei uma camisa branca – comprei duas camisas brancas.

Isso explica por que o plural de “baleia-azul” é “baleias-azuis”. A concordância nominal também explica os plurais “segundas-feiras” e “Vossas Excelências”.

Nos compostos formados por substantivos ligados por preposição, somente o primeiro elemento flexiona-se. Observe a frase:

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Isso explica por que o plural de “castanha-de-caju” é “castanhas-de-caju”.

Verbos não admitem desinências nominais, como o -s de plural. Também não há concordância entre o verbo e o substantivo em função de complemento. Veja:

esse passarinho beija a flor – esse passarinho beija as flores.

Isso explica por que o plural de “beija-flor” é “beija-flores”. O mesmo raciocínio explica, também, por que “perde-ganha” é invariável: (o) “perde-ganha” – (os) “perde-ganha”.

Observações:

1. Compostos que se escrevem juntos flexionam-se como palavras simples, como “vaivém” (plural: “vaivéns”).

2. Em compostos de adjetivo + adjetivo, como “luso-brasileiro”, flexiona-se o último elemento: “luso-brasileiros”.

3. Em “jaquetas azul-marinho”, o adjetivo composto não varia, pois “marinho” refere-se a “azul” e não a “jaqueta”. O mesmo vale para “azul-celeste”.

4. Em “meninos surdos-mudos”, os dois elementos flexionam-se, pois a relação entre eles é de coordenação (surdos e mudos), como em “decretos-leis”.

5. Advérbios são palavras invariáveis, o que justifica os plurais “pisa-mansinho”, “sempre-vivas”. 6. Os substantivos formados por verbo repetido, como “corre-corre” admitem duas formas

de plural: “corre-corres” e “corres-corres”.

7. As frases substantivadas são invariáveis: (a) “estou-fraca” – (as) “estou-fraca”, (o) “deus nos acuda” – (os) “deus nos acuda”.

São muitas formas diferentes para conhecer, não é mesmo? Mas lembre-se de que sempre é possível consultar gramáticas e o VOLP- Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras na internet no link: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua. exe/sys/start.htm?sid=23

Mas a partir dessa unidade, você já tem assegurados alguns recursos que vão ajudá-lo a seguir uma determinada lógica de como funcionam as palavras compostas no português, não é mesmo?

Vamos relembrar, brevemente, o caminho que fizemos?

Nessa unidade, vimos que os compostos se formam pela reunião de duas ou mais palavras e originam-se de grupos de palavras que se cristalizam, passando a ter um significado constante, que, muitas vezes, não corresponde à soma de suas partes. Vimos, também, que, na escrita, os elementos dos compostos podem se apresentar juntos, separados por hífen ou separados sem hífen. Além disso, tratamos dos tipos de compostos e da flexão de plural. Nas próximas unidades, estudaremos os demais processos de formação de palavras.

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Se você quiser mais detalhes a respeito dos critérios que lhe permitem identificar uma palavra composta e de outros conceitos de que tratamos nesta unidade, consulte Bacheschi (2013) no endereço que segue: http://www.epedusp.com.br/BACHESCHI.pdf

Bom trabalho!!

Glossário

adjetivo: palavra que se liga a um substantivo para expressar uma característica: “dia quente”. advérbio: palavra que modifica um verbo (acordar cedo), um adjetivo (bastante claro) ou outro advérbio (muito perto).

conjunção: palavra invariável que estabelece ligação entre orações ou termos da mesma oração. desinência nominal: morfemas que indicam a flexão de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes.

flexão: propriedade das palavras de variar em gênero, número (nomes), tempo, modo, pessoa e número (verbos).

forma livre: forma que pode constituir um enunciado sozinha.

haplologia: supressão de uma sílaba semelhante a outra que ocorre em sequência. invariável: ver palavra invariável.

lexia: unidade lexical memorizada. Pode ser simples, como “pé”, composta, como “pé de cabra”, complexa estável, como “Cidade Universitária” e textual, como “quem tudo quer tudo perde”. numeral: palavra que indica quantidade, posição numa ordem, multiplicidade ou fração. palavra invariável: palavra que possui flexão.

palavra variável: palavra que não possui flexão.

prefixo: morfema que antecede o radical, como des- em “desleal”. preposição: palavra invariável que liga termos da mesma oração. pronome: palavra que representa um nome.

radical: morfema que contém o significado básico de uma palavra, como “leal” em “desleal”. substantivo: palavra que nomeia seres, ações, características, sentimentos etc.

sufixo: morfema que se pospõe ao radical, como -eza em “clareza”.

verbo: palavra variável em tempo, modo, número e pessoa. Semanticamente, expressa um fato (ação, estado).

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Material Complementar

Para ampliar seu conhecimento a respeito das questões apresentadas nesta unidade, faça as seguintes leituras:

BACHESCHI, C. A. Os compostos expressivos na língua falada culta. In: Discurso em

suas Pluralidades Teóricas. São Paulo: Paulistana, 2013. Disponível em http://www.epedusp.

com.br/BACHESCHI.pdf

CARDOSO, E. de A. Cruzamentos lexicais no discurso literário. Disponível em http://www. revistas.usp.br/flp/article/viewFile/59813/62922

ELIA, S. E. As unidades lexemáticas. Disponível em http://www.filologia.org.br/anais/anais_003.html

MARTINS, E. S. O tratamento das lexias compostas e complexas. Revista do Gelne. v. 2. Disponível em http://www.gelne.ufc.br/revista_ano4_no2_15.pdf

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Referências

BACHESCHI, C. A. Os compostos expressivos na língua falada culta. In: Discurso em suas

Pluralidades Teóricas. São Paulo: Paulistana, 2013.

BASÍLIO, M. Cruzamentos vocabulares: o fator humorfológico. In: XII Congresso da

ASSEL-RIO. Rio de Janeiro 2004. Anais do XII Congresso da ASSEL-ASSEL-RIO. Rio de Janeiro 2003. Rio

de Janeiro, ASSEL-RIO, 2003.

BENVENISTE, É. Problemas de Lingüística General II. 15. ed. México: Siglo Veintiuno, 1999.

HERCULANO DE CARVALHO, J. G. Teoria da Linguagem: Natureza do fenômeno

linguístico e a análise das línguas. t. 1. 5. ed. Coimbra: Atlântida, 1973.

KEHDI, V. Formação de Palavras em Português. 5. ed. São Paulo: Ática, 2003. LAPA, M. R. Estilística da Língua Portuguesa. 8. ed. Coimbra: Coimbra, 1975.

POTTIER, B.; AUDUBERT, A.; PAIS, C. T. Estruturas Linguísticas do Português. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1972.

SAID ALI, M. Gramática Secundária e Gramática Histórica da Língua Portuguesa. 3. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1964.

SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. 11. ed. São Paulo: Cultrix, s/d.

Referências Bibliográficas (disponível para consulta)

ALVES, I. M. Neologismo: criação lexical. São Paulo: Ática, 2007. (Coleção princípios). (E-book)

BASÍLIO, M. Teoria lexical. 8. ed. São Paulo: Ática, 2007. (Coleção princípios). (E-book) NEVES, M. H. M. Texto e gramática. São Paulo: Contexto, 2006. (E-book)

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