• Nenhum resultado encontrado

Palavras-chave: Ensino de química, ensino por pesquisa, prática pedagógica.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Palavras-chave: Ensino de química, ensino por pesquisa, prática pedagógica."

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

INVESTIGAÇÃO DO USO DA EDUCAÇÃO PELA PESQUISA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DE PROFESSORES DE QUÍMICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Jonh Anderson Macêdo SANTOS*, Franklin Kaic Dutra PEREIRA, Ladjane Pereira da Silva Rufino de FREITAS1

1 Universidade Federal de Campina Grande, CES campus Cuité-PB. E-mail: ladjanepsbr@ufpe.edu.br

RESUMO

Educar pela pesquisa é uma linha de ensino que vem atraído muitos pesquisadores na área de educação. Em seus trabalhos os mesmos enfatizam que esta linha de ensino constitui-se em uma ferramenta de extremo valor na prática pedagógica de professores. Com base nesses pressupostos, o presente trabalho buscou investigar a compreensão de cinco professores de química da educação básica de escolas públicas do estado da Paraíba, em relação ao modelo de Ensino com Pesquisa. Os dados foram construídos por meio de entrevista semi-estruturada com os professores. Os resultados deste trabalho indicam que os professores desta investigação, ainda não estão bem familiarizados com esse movimento de ensino, apresentando com isso, dificuldades em envolver os alunos num ambiente de pesquisa em sala de aula, os resultados apontaram ainda, que apesar dos mesmos demonstrarem acreditar na construção do conhecimento através da pesquisa, não sabem como trabalhar adequadamente com esta metodologia. Segundo a literatura especializada nessa área, o ensino com pesquisa pode corroborar com o planejamento do professor, facilitando o processo de contextualização dos conteúdos, colocando o aluno em contato com a realidade social e a aplicação do conhecimento.

(2)

INTRODUÇÃO

Muitos trabalhos (SCHNETZLER, 1995; DEMO, 2000; GALIAZZI e MORAES, 2002; GALIAZI et al., 2003; LUCAS e VASCONCELOS, 2005; GRILLO et al., 2006; STEFANO, 2006; PORTILHO e ALMEIDA, 2008; LAMPERT, 2008; FERNANDES, 2011) divulgados nos últimos tempos tem investigado a relevância da pesquisa em sala de aula como dispositivo facilitador do aprendizado.

Nesses trabalhos, o educar pela pesquisa, se constitui uma ferramenta pedagógica que contribui para a aprendizagem do aluno, fazendo com que o mesmo passe de sujeito passivo para ativo na construção do seu próprio conhecimento. Para Fernandes (2011), educar por meio da pesquisa é ir além das aulas expositivas, é superar práticas pedagógicas arcaicas, oferecendo ao educando chances para a aprendizagem que não se resumem em cópias e memorização de conteúdos repassados pelo professor e pelos livros didáticos. A pesquisa é vista ainda como uma reconstrução inovadora que possibilita novas formas de intervenção, fundadas na articulação teoria e prática, da qual o professor pode e deve realizar na sua sala de aula (GRILLO et al., 2006).

Segundo Moraes, Galiazzi e Ramos (2004), a pesquisa em sala em aula consolida-se por meio do questionamento, da reconstrução de argumentos e da comunicação, em processos cíclicos conhecido como movimento dialético em espiral “O conjunto destes três momentos é uma espiral, nunca acabada em que a cada ciclo se atinge novos patamares de ser, compreender e fazer” (p. 10), (Figura 1).

(3)

O ciclo dialético se constitui de um movimento que se inicia com o questionamento entre os participantes (alunos e professor), problematizando o próprio conhecimento, construindo-se a partir disto novos argumentos, mais amplos e complexos e finalizando com a comunicação dos resultados para todos os integrantes do processo de aprendizagem (MORAES, GALIAZZI e RAMOS 2004).

Para que haja uma efetivação adequada da pesquisa em sala de aula é imprescindível, que antes, o docente assuma a postura de Professor-pesquisador. Pois segundo Demo (2000, p.2), “educar pela pesquisa tem como condição essencial primeira que o profissional da educação seja pesquisador, ou seja, maneje a pesquisa como principio científico e educativo e a tenha como atitude cotidiana”.

Segundo Maldaner (1994) a reflexão da prática docente é a base para a formação do professor-pesquisador, corroborando com as ideias de Schön (2000) que defende que é através do ato de refletir que surge um profissional de educação com novas atitudes, o professor reflexivo e, por sua vez, o professor pesquisador. Essa nova postura do professor cria condições favoráveis para o desenvolvimento de atividades de pesquisa na sala de aula, isto é, de educar pela pesquisa.

Com base no exposto, objetivo desse trabalho é investigar a tendência de ensino pela pesquisa na prática de professores de química da educação básica, em cinco escolas públicas do estado da Paraíba. Esta pesquisa tem ainda o propósito de contribuir para as discussões nessa área averiguando as formas como professores e alunos concebem o papel da pesquisa na construção do conhecimento.

METODOLOGIA

As concepções sobre o ato de educar com pesquisar dos professores de química do ensino médio foi obtida com o auxílio de uma entrevista semi-estruturada que focou o planejamento e metodologia utilizada na prática pedagógica desses docentes. A entrevista foi feita com cinco professores da rede pública do estado da Paraíba, com área de atuação em química. O tempo de magistério desses professores variou entre 1 e 25 anos.

(4)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise das entrevistas dos professores em relação ao modelo de ensino com pesquisa será apresenta a seguir, sendo que está baseia-se no referencial teórico discutido anteriormente:

Na primeira indagação, referente a utilização de trabalhos na área de ensino para o planejamento das aulas, os docentes reconheceram não utilizar trabalhos científicos, nem mesmo consultar literatura especializada nessa área no planejamento de suas aulas. Ao se perguntar a respeito da contextualização dos conteúdos de química ensinados por eles, de acordo com as declarações que fizeram a entrevista apresentamos a resposta de alguns deles:

Fala do Professor A

“Essa é uma questão que está aí... É novo para agente, mas é... com... O tempo vai passando e agente vai procurando se aprimorar, se acostumar por que não é fácil você contextualizar, mas eu estou aqui aberta para isso..”

Fala do Professor D “Sempre que é possível”.

Percebe-se nas respostas desses docentes a dificuldade que eles sentem em contextualizar o ensino, esse problema poderia ser minimizado se em suas aulas procurassem utilizar dispositivos que lhe colocassem em contato com o contexto do mundo fora da sala de aula, esses dispositivos poderiam ser resumos de congressos na área do ensino de química, artigos de periódicos científicos do tipo Química Nova na Escola e programas de formação continuada de professores de Química/Ciências, ou o professor pode até mesmo utilizar as revistas de maior circulação nas escolas como a Revista Nova Escola e a Ciência Hoje.

Quanto à pergunta, se costumam atualizar seus conhecimentos e o que fazem para isso. Os docentes em questão deram respostas vagas, todos afirmaram que costumam se atualizar, porém ao responderem o que fazem para isso, alguns deles deram as seguintes respostas:

(5)

Fala do Professor B

“Sim, em programas de formação oferecidos pelos governos.” Fala do Professor C

“Sim, sempre estou estudando e estudo para ministrar minhas aulas.” Fala do Professor D

“Sim, Sempre recebo exemplares de livros didáticos e faço pesquisa regulares.”

Segundo Demo (2000), ser um educador que educa pela pesquisa tem como primeira condição ser pesquisador, ou seja, ser aquele educador que maneja a pesquisa como principio científico e educativo e a tem como atitude de seu cotidiano, quando Demo se refere a manejar a pesquisa não está querendo trazer a ideia do pesquisador profissional, mas o hábito de estudar como um instrumento principal no processo da educação.

Foram feitas ainda mais duas perguntas referente a pesquisa aos professores, a seguir apresentamos cada uma delas com as repostas destes:

Você procura colocar seus alunos em contato com pesquisas na área do ensino de química?

Os professores B e D apenas responderam que “não”, o professor C respondeu “as vezes” e os professores A e E deram as seguintes respostas:

Fala do Professor A

“Bom, nós estamos em andamento. Com essa criação do ensino médio inovador que é um projeto ele quer isso, então nos estamos começando devagarinho mais um trabalho que eu tenho certeza que nós vamos conseguir.”

Fala do professor E

“Coloco sim meus alunos para pesquisarem no site junto comigo os artigos

(6)

Vemos com as respostas desses professores, com exceção do professor E, que eles não estão muito familiarizados com a ideia de envolver os alunos numa atmosfera de pesquisa, por isso, essa situação não aparece em suas práticas docentes.

Na pergunta seguinte, tentamos aprofundar mais, com intuito de analisarmos se a pesquisa, aparece de algum modo, no planejamento de suas aulas.

Alguma vez, você já levou para a sala de aula algum trabalho ou artigo relacionado com o conteúdo a ser trabalhado na aula, para ser discutido com seus alunos?

Os professores B,C e D apenas responderam que “sim”, o professor A respondeu que “não” e o professor E deu a seguinte resposta:

Fala do Professor E

“Eu procuro sim levar para a sala de aula trabalhos e artigos científicos para eles leem e discutirmos em sala de aula como a química nova na escola que eles já conhecem e pesquisam assuntos de interesses dele na revista.”

Apesar da maioria deles ter respondido que não procura colocar seus alunos em contato com pesquisas na área do ensino de química, as respostas deles para esta pergunta parece afirmar o contrário, uma vez que todos com exceção do Professor A responderam já terem levado para a sala de aula algum trabalho ou artigo relacionado com o conteúdo a ser trabalhado na aula, para ser discutido com os alunos, talvez eles não tivessem compreendido bem a questão anterior.

Para Portilho e Almeida (2008, p. 485), “os professores parecem acreditar que é possível construir conhecimento através da pesquisa, porém, muitas vezes, não sabem como trabalhar adequadamente com esta metodologia”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De maneira geral, as respostas dadas pelos docentes a entrevista deixou transparecer que ensinar pela pesquisa ainda é algo muito novo para eles, apesar de ter aparecido traços desse ensino na maioria deles, deixaram transparecer não possuírem um planejamento para essa nova configuração de ensino é importante que o professor

(7)

assuma o educar pela pesquisa como princípio metodológico no cotidiano da sua atividade docente.

REFERÊNCIAS

DEMO, P. Educar pela pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Autores Associados, 2000.

FERNANDES, C. C. M. A pesquisa em sala de aula como instrumento pedagógico:

considerações para sua inclusão na prática pedagógica. Diálogos Educ. R. v. 2, n. 2,

p. 74-82, 2011.

GALIAZZI, M. do C.; MORAES, R. Educação pela pesquisa como modo, tempo e

espaço de qualificação da formação de professores de ciências. Ciência & Educação,

v. 8, n. 2, p. 237-252, 2002.

GALIAZZI, M. do C.; MORAES, R.; RAMOS, M. Educar pela pesquisa: as

resistências sinalizando o processo de profissionalização de professores. Educar em

Revista, v. 21, n. 1, 2003.

GRILLO, M. C. et al. Ensino e Aprendizagem com Pesquisa em Sala de Aula. UNIrevista, v. 1, n. 2, abril, 2006.

LAMPERT, E. I O ensino com pesquisa: realidade, desafios e perspectivas na

universidade brasileira. Linhas Críticas, v. 14, n. 26, p. 5-24, 2008.

LUCAS, S., VASCONCELOS, C. Perspectivas de ensino no âmbito das práticas

lectivas: Um estudo com professores do 7º ano de escolaridade. Revista Electrónica

de Enseñanza de las Ciencias, v. 4, n. 3, 2005.

MALDANER, O.A. A formação de grupos de professores-pesquisadores como fator

de melhoria da qualidade educacional no ensino médio e fundamental. Trabalho

apresentado no VII ENDIPE, Goiânia (GO), junho, 1994.

MORAES, R., GALIAZZI, M. C.; RAMOS, M. G. Pesquisa em sala de aula:

fundamentos e pressupostos. In: MORAES, R. e LIMA, V. M. R. (Orgs.). Pesquisa

em Sala de Aula: tendências para a educação em novos tempos. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. p. 9-24.

(8)

PORTILHO, E. M. L.; ALMEIDA, S. C. D. Avaliando a aprendizagem e o ensino

com pesquisa no Ensino Médio. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 16,

n. 60, p. 469-488, jul./set. 2008. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira

de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB.

RAMOS, M. G., LIMA, V. M. R., ROCHA FILHO, J. B. A Pesquisa como Prática na

Sala de Aula de Ciências e Matemática: um olhar sobre dissertações.

ALEXANDRIA Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v.2, n.3, p.53-81, nov., 2009.

SCHNETZLER, R. P. A Pesquisa no Ensino de Química e a Importância da

Química Nova na Escola. Química Nova na Escola, n. 20, 2004.

SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R. M. R., Importância, Sentido e Contribuições de

Pesquisa para o Ensino de Química, Química Nova na Escola, n. 1,1995.

SCHÖN, D. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino e a

aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000.

STEFANO, L. R. F. Representações de professores e alunos sobre a pesquisa

escolar: a leitura crítica, a escrita autônoma e a formação do conhecimento.

Referências

Documentos relacionados

Cada cavaleiro (puxador e esteira) poderá apresentar no Congresso até 06 (seis) animais diferentes por categoria (amador e aberta) desde que do 4º animal em diante

sitiva que alarga as vias respiratórias, promovendo bom resultados. Até o momento, não existe qualquer medi- camento específico comprovadamente eficaz no trata- mento da SAHOS,

Desse modo, o presente trabalho, constitui-se na busca de uma prática interdisciplinar, por meio de subprojetos, no ensino de química, a qual contemple a nova proposta curricular para

O melhor desempenho foi alcançado utilizando os iniciadores e sonda desenhados para o alvo gB, este fato influenciou na tomada de decisão na escolha da metodologia

negativa, consequentemente, o nível da qualidade nessas dimensões precisa ser melhorado, principalmente no que se referiu ao INSS entregar o serviço certo de primeira vez,

A Solução de Consulta nº 191, de 23 de março de 2017, da Receita Federal, firmou o entendimento pela incidência de 15% de IRRF sobre as remessas a residente ou domiciliado no

Para anular esta deformação e para pré-encolher o material, os processos do acabamento mecânico são mais importantes do que em tecidos.. Processos de acabamento mecânico são

Comissão de consultores dos EUA revisa regras para pesquisa nas prisões Lembranças constrangedoras do abuso disseminado de prisioneiros dos EUA engajados em ensaios clínicos de