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Características e análise dos danos na arquitetura moderna : estudo de caso no centro de convivência cultural de Campinas

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

PAULO EDUARDO PIRES DE ALMEIDA

CARACTERÍSTICAS E ANÁLISE DOS DANOS NA

ARQUITETURA MODERNA:

ESTUDO DE CASO NO CENTRO DE CONVIVÊNCIA CULTURAL

DE CAMPINAS

CAMPINAS 2020

(2)

PAULO EDUARDO PIRES DE ALMEIDA

CARACTERÍSTICAS E ANÁLISE DOS DANOS NA

ARQUITETURA MODERNA:

ESTUDO DE CASO NO CENTRO DE

CONVIVÊNCIA CULTURAL DE CAMPINAS

Dissertação de Mestrado apresentada a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, para obtenção do título de Mestre em Arquitetura, Tecnologia e Cidade, na área de Arquitetura, Tecnologia e Cidade.

Orientador: Prof. Dr. Rafael Augusto Urano de Carvalho Frajndlich Co-orientadora: Profa. Dra. Regina Andrade Tirello

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO PAULO EDUARDO PIRES DE ALMEIDA E ORIENTADA PELO PROF. DR. RAFAEL AUGUSTO URANO DE CARVALHO FRAJNDLICH.

ASSINATURA DO ORIENTADOR

______________________________________

CAMPINAS 2020

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(4)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E

URBANISMO

CARACTERÍSTICAS E ANÁLISE DOS DANOS NA

ARQUITETURA MODERNA: ESTUDO DE CASO NO

CENTRO DE CONVIVÊNCIA CULTURAL DE CAMPINAS

Paulo Eduardo Pires de Almeida

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Prof. Dr. Rafael Augusto Urano de Carvalho Frajndlich Presidente e Orientador. FEC – Unicamp

Prof. Dr. Carlos Eduardo Marmorato Gomes FEC – Unicamp

Dra. Monica Junqueira de Camargo FAU – USP

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da

Unidade.

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DEDICATÓRIA

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Unicamp pela oportunidade de realizar este mestrado. Ao querido professor Rafael Urano, por me orientar e aceitar o desafio de me indicar as pedras no caminho para finalização da pesquisa e conclusão deste mestrado.

Aos professores Carlos Eduardo Marmorato Gomes e Mônica Junqueira, por aceitarem participar da banca e colaborarem com a pesquisa.

A Professora Regina Tirello, por suas aulas onde encontrei uma nova paixão antiga, o universo da preservação, que já inserido nele, faço recuperação de estruturas em concreto armado, desde que me conheço com profissional, não enxergava devidamente.

A Graciliano Ramos1 e aos amigos André Alcântara e João Paschoal, na ajuda do texto.

Ao Eduardo e a Rosana, em nome de todos os funcionários da secretaria de Pós-graduação, pela sua paciência e cobrança na atenção aos procedimentos e prazos necessários no cumprimento do mestrado.

À equipe dos funcionários das bibliotecas BAE, IA e IFCH, na busca de informações.

1 “Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazendo seu ofício.

Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, e voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever deveria fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.” Linhas tortas. Record, 2015.

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RESUMO

É reconhecido que na arquitetura moderna brasileira, especialmente em São Paulo, entre 1950 e 1980, buscava-se a expressão pelo uso de estrutura heterodoxa em concreto armado aparente. O Centro de Convivência Cultural de Campinas, projetado pelo arquiteto Fábio Penteado em 1965, é testemunho do uso dessa virtuose estrutural e do sintoma patológico que nele incide largamente, sobretudo na sua estanqueidade ao longo do tempo. Esta pesquisa busca investigar o conjunto de danos no concreto armado, na interação entre os elementos que compõem a edificação e sua estanqueidade. A metodologia utilizada foi a APO, avaliação pós-ocupação, que, juntamente com os princípios do desempenho técnico construído e da qualidade dos edifícios, visa a orientar o levantamento e a caracterização dos danos e, assim, possibilita compreender a real situação do prédio. Busca-se qualificar a extensão dos danos na estrutura de concreto armado por meio da análise estatística, relacionando a causa provável e o reflexo no projeto para recompor o dano que interfere no uso. O resultado permite observar no conjunto dos danos as características do envelhecimento, subsidiando a tomada de decisão em um possível projeto de restauro arquitetônico.

Palavras chaves: Restauro; Arquitetura Moderna; Fábio Penteado; Concreto Armado; Conservação Preventiva.

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ABSTRACT

It is well-known that between the years 1950 - 1980, Brazilian Modern Architecture deployed heterodox structures in reinforced concrete, especially in the state of São Paulo. Campinas‟ Centro de Convivência Cultural, designed by Fábio Penteado in 1965, is an example of its usage, as well as the pathological symptoms that commonly concern it. The following research intends to investigate the set of damages that usually take place at reinforced concrete structures and the interaction between the elements that compound its building and tightness. We approached the subject by the post-occupation assessment to gather, trace and characterize de damages and therefore comprehend the actual condition of the building. Using the statistical analysis as a method to qualify the extension of the damages it is possible to trace a connection between its causes and effects, thus restore it. As a result, it is likely to identify the characteristics of the aging process regarding the set of damages found in the building and consequently, help the decision taking in the restoration project.

Key Words: Restauration; Modern Architecture; Fábio Penteado; Reinforced Concrete; Preventive Conservation.

(9)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Gráfico de Sitter...23

Figura 2 – Patente de argamassa armada, Lambot...25

Figura 3 – Desenho patente viga trave de J. Monier ...27

Figura 4 – Desenho ponte sobre rio Zous, R. Mailard...28

Figura 5 – Desenho isométrico da estrutura do Teatro Champs Eltsées, Hennebique...29

Figura 6 – Desenho Monumento Praça Giron; ...38

Figura 7 – Maquete Monumento comemorativo 30 anos de Goiânia...38

Figura 8 – (a) Desenho Centro de Convivência, corte sul / norte, com vista oeste (b) Desenho corte oeste/este, com vista norte...42

Figura 9 – Desenho corte pórtico restaurante/bar...43

Figura 10 – Gráfico comparativo dos danos quanto à origem...90

Figura 11 – Gráfico comparativo de desempenho quanto ao projeto...91

Figura 12 – Gráfico comparativo dos danos nos elementos construtivos....92

Figura 13 – Gráfico de desempenho quanto ao projeto casa Flavio Carvalho...97

Figura 14 – Gráfico de desempenho quanto ao projeto loja matriz...100

(10)

LISTA DE FOTOS

Foto 1 – Jardim pitoresco, praça Imprensa fluminense...26

Foto 2 – Escola Bauhaus, Dessau...31

Foto 3 – Parabólica de concreto armado, R. Maillard...32

Foto 4 – Palácio dos esportes, P. L. Nervi...33

Foto 5 – Casa Schlemmer/Muche, W. Gropius - antes e pós restauro...34

Foto 6 – Sanatório Zonnestrat, J. Duiker – antes e pós restauro...35

Foto 7 – Villa Savoyer, Le Corbusier – antes e pós restauro...36

Foto 8 – Teatro São Carlos...39

Foto 9 – Teatro Municipal de Campinas...40

Foto 10 – Centro de Convivência (1974)...41

Foto 11 – Lacuna extração de corpo de prova...51

Foto 12 – Concreto armado c/ armadura oxidada...52

Foto 13 – Prédio Restaurante / Bar – fachada oeste...53

Foto 14 – Encrostamento e umidade...54

Foto 15 – Junta de movimentação...56

Foto 16 – Concreto armado deteriorado...57

Foto 17 – Lacuna no concreto armado adensamento...58

Foto 18 – Abertura na laje inclinada ...59

Foto 19 – Fissura mapeada...60

Foto 20 – Fissura orientada...61

Foto 21 – Infiltração...61

Foto 22 – Fechamento de vão de ventilação ...62

Foto 23 – Vegetal incrustrada...63

Foto 24 – Casa fazenda Capuava de Flavio de Carvalho...94

Foto 25 – Dano no concreto armado, viga - F. Carvalho...94

Foto 26 – Infiltração laje e parede - F. Carvalho...95

Foto 27 – Elemento de fechamento de vão, F. Carvalho...95

Foto 28 – Loja Matriz, Gilberto Pascoal...98

(11)

LISTA DE MAPAS E TABELAS

Mapa 1 – Danos em restaurante/bar...67

Mapa 2 – Fotos de danos em restaurante/bar...68

Mapa 3 – Danos em teatro...70

Mapa 4 – Fotos de dano em teatro...71

Mapa 5 – Danos em galeria de arte...73

Mapa 6 – Fotos de danos em galeria de arte...74

Mapa 7 – Danos em entrada...75

Mapa 8 – Fotos de danos em entrada...76

Mapa 9 – Danos em torre...78

Mapa 10 – Fotos de danos em torre...79

Mapa 11 – Danos em anexo...81

(12)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Danos em restaurante/bar...69

Tabela 2 – Danos em teatro...72

Tabela 3 – Danos em galeria de arte ...74

Tabela 4 – Danos em entrada...77

Tabela 5 – Danos em torre...80

Tabela 6 – Danos em anexo...83

Tabela 7 – Levantamento dano no terrapleno...84

Tabela 8 – Levantamento dano na estrutura...85

Tabela 9 – Levantamento dano na envoltória...86

Tabela 10 – Levantamento dano no vão...87

Tabela 11 – Levantamento dano no revestimento...88

Tabela 12 – Levantamento dano geral...89

Tabela 13 – Levantamento geral casa Flávio de Carvalho...96

(13)

LISTA DE FICHA DE DANO

Ficha 1 – Lacuna profunda...64 Ficha 2 – Corrosão profunda...65 Ficha 3 – Infiltração...66

(14)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 16

FATORES E MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO ... 18

1.1 1.2 DURABILIDADE ... 19 1.3 DESEMPENHO ... 21 1.4 MANUTENÇÃO ... 22 1.4.1 Manutenção preventiva ... 23 1.4.2 Manutenção corretiva ... 24 1.4.3 Manutenção preditiva ... 24

2 O MATERIAL, A TÉCNICA E A PRESERVAÇÃO ... 24

3 A ARQUITETURA DE FÁBIO PENTEADO ... 37

4 O PROJETO E OBRA DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA CULTURAL DE CAMPINAS ... 39

5 JUSTIFICATIVA ... 44

6 OBJETIVO ... 45

7 METODOLOGIA ... 45

7.1 SISTEMA CONSTRUTIVO ANALISADO ... 46

7.2 DANOS (D) ... 47

7.3 INTERVENÇÕES (S) ... 48

7.4 DESEMPENHO ... 48

7.5 ANÁLISE DE RISCO ... 48

8 LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE DOCUMENTAÇÃO ... 49

9 OBSERVANDO A SITUAÇÃO ATUAL, VISTORIA TÉCNICA ... 50

9.1 AUTENTICIDADE DO CONCRETO APARENTE ... 53

9.2 VÃO E FECHAMENTO ... 54 9.3 JUNTAS DE MOVIMENTAÇÃO ... 55 9.4 CONCRETO ARMADO ... 57 9.5 LACUNA ... 58 9.6 CAIXÃO PERDIDO ... 59 9.7 FISSURA MAPEADA ... 60 9.8 FISSURA ORIENTADA ... 60 9.9 INFILTRAÇÃO ... 61 9.10 CORROSÃO DE FECHAMENTO ... 62 9.11 ENCROSTAMENTO DE VEGETAÇÃO ... 62 10 FICHAS DE DANO ... 64 11 MAPAS DE DANOS ... 67 12 LEVANTAMENTO ... 84

(15)

13.1 ORIGEM DO DANO ... 90

13.2 DESEMPENHO QUANTO AO PROJETO ... 91

13.3 OS ELEMENTOS CONSTRUTIVOS ... 92

14 CASA DE FLÁVIO DE CARVALHO ... 93

15 LOJA MATRIZ, ARQUITETO GILBERTO PASCOAL ... 97

16 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 101

(16)

1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento é inerente à existência de toda a matéria no decorrer do tempo. Tudo tem um desgaste natural. Os elétrons dos átomos decaem, as moléculas se decompõem cada qual com sua particularidade. Alguns são extremamente resistentes e tenazes. Outros, fracos e instáveis. O desgaste resultante da convivência com as intempéries e da interação entre os diversos elementos, no caso em estudo, os materiais construtivos, estão sob os efeitos termo físico da expansão com o calor do sol, retração com a geada, abrasão dos ventos, água e gelo, o choque com outras matérias. Quando o homem se dispõe a misturar as matérias e criar novos materiais e com isso construir produtos que irão suprir suas necessidades, ele busca,

um material na forma de produto acabado, [que] possui um conjunto de propriedades: resistência, dureza, condutividade, densidade, cor, escolhidas para atender as exigências de projeto. Ele [o material] manterá essa propriedade indefinidamente desde que não haja mudança na sua estrutura interna (VLACK, pág. 28).

São princípios que utilizamos para projetar e construir os prédios, especificamente, o concreto armado, um material composto, modelado como líquido e usado como uma “nova pedra”. Dimensionado no seu estado limite, experimentado e ensaiado, torna-se confiável e econômico, já em meados do século XlX.

O desgaste diário dos diversos elementos que compõem um prédio da arquitetura moderna (contemporânea) irá exigir o melhor desempenho individual e interação entre os elementos. Elementos que apresentam períodos de vida útil diversos, durante a qual, falhando um, a vida útil e a boa utilização do todo, estará comprometida. Como vimos, materiais são projetados para cumprirem uma determinada função em um determinado período, até mesmo seu decaimento é previsto e planejado na manutenção. Como exemplo, os materiais plásticos e elásticos têm sua propriedade molecular alterada pelos raios UV. Eles ressecam, perdem sua elasticidade, “ dá manutenção”. “Quando desenvolvemos um objeto, buscamos os materiais visando obter utilidades. Para isto selecionamos materiais com propriedades ótimas” (VLACK, 1984).

(17)

Entendo como propriedade ótima o melhor desempenho para desenvolver a função projetada, considerando-se que para alcançar sua durabilidade e a vida útil projetada, a manutenção é requerida.

O concreto armado é um material composto e tem uma estabilidade frágil, está sujeito a falhas desde sua concepção arquitetônica e estrutural, até sua fabricação e uso. Apenas o aço e o cimento são industrializados dentro de rígidas normas e procedimentos. Os agregados são de origem diversa e com possibilidade de fugirem aos padrões exigidos.

A qualidade do envelhecimento natural está ligada a um bom projeto, excelência na construção, ao uso adequado e à poluição envolvente.

Hoje, desenvolvemos técnicas de diagnóstico das patologias2 e de terapias3 para recompor a capacidade funcional, mas com pouca atenção quanto à recomposição estética. A recomposição da autenticidade estética do material é possível com estudo detalhado da granulometria e experimentação exaustiva, como mostra o trabalho do Prof. Paulo. Faccio (2011) e por experiência própria ao longo de minha vida profissional em que tive a necessidade de recomposição de cor e textura no concreto armado aparente.

No estudo para a recomposição do dano no concreto armado, devemos ter o bom entendimento do comportamento da estrutura. Para tanto, busca-se estudar os projetos originais do prédio e quando da impossibilidade, execução de levantamento para “as built”. Na ausência dos projetos, o levantamento geométrico dos elementos estruturais, das armaduras, ensaios para determinação da resistência do concreto, poderemos refazer o memorial de cálculo para verificação da capacidade estrutural, auxilia na compreensão das patologias construtivas e no entendimento das perdas ocorridas, que geram os danos.

2

”patologia no âmbito do patrimônio edificado, corresponde às investigações para o conhecimento das alterações estruturais e funcionais, produzidas por ação exógena ou endógena, nos materiais, nas técnicas, nos sistemas e nos componentes construtivos. O processo de aquisição de conhecimento que tem por objetivo explicar as razões e a localização dos sinais e sintomas manifestos, enquanto fornece uma base para os cuidados de intervenção corretiva e preventiva.” (TINOCO, 2009).

3 Terapêutica: corrigir ou eliminar o dano, um prognósticode um parecer quanto àsua evolução visa

eliminar os efeitos dos danos, mas deve pretender eliminar as causas, a origem, desde que as relações entre causa e efeito estejam devidamente estabelecidas.

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A coleta de informação pela inspeção visual do objeto é o passo inicial para o entendimento da real situação do prédio e dos elementos construtivos.

Existe sempre um motivo que inicia o processo, seja por inspeção regular ou rotineira, aparecimento de sintomas, deteriorações, danos e alteração do uso.

O levantamento visual realizado por profissional qualificado pode ser rápido e “barato”. Em um primeiro contato norteará a profundidade da coleta de informação, que passa pela identificação dos materiais, ensaios, caracterização geométrica da estrutura e identificação das patologias construtivas. “No levantamento das anomalias, a representação gráfica das anomalias, pode ser dada a possibilidade de identificação de padrões, que em si contém informações preciosas para o diagnóstico” (COIAS, 2006. p. 23).

FATORES E MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO 1.1

Para Souza e Ripper (1998), a deterioração do concreto é iniciada por processos endógenos e/ou exógenos, sejam químicos, físicos, mecânicos, biológicos e eletroquímicos. Diversos agentes naturais atuam sobre o concreto armado provocando seu envelhecimento acelerado, ou seja, a perda gradual de seu desempenho estético, funcional e estrutural.

O envelhecimento natural do concreto armado pode ser observado na profundidade de carbonatação, que é a alteração do meio alcalino da argamassa do concreto para um meio ácido, através de reações químicas com o ambiente atmosférico. A carbonatação está diretamente ligada ao nível de poluição e à qualidade do concreto, sua homogeneidade e sua porosidade, além da manutenção da impermeabilidade superficial.

A carbonatação por si mesma, não é responsável pelo início da oxidação das armaduras, que necessitará de reações eletroquímicas ou existência de elementos químicos agressivos, como cloretos existentes em areias de baixa qualidade ou pelo processo de umidificação e secagem, a que estão sujeitas as armaduras com baixo cobrimento, como diz Helene (2001).

(19)

A durabilidade do concreto armado tem uma relação direta com a qualidade do projeto e da fabricação, sendo a cura determinante na impermeabilidade, restringindo as fissuras e o consequente carreamento de elementos químicos para o interior do concreto, limitando, assim, a velocidade e a profundidade da carbonatação. De acordo com Coias (2014), os mecanismos de deterioração do concreto armado se dividem em:

A - Mecanismos de deterioração relativo ao concreto: - lixiviação;

- expansão por sulfatos ou magnésio; - expansão por reação álcalis-agregado; - reações superficiais deletérias.

B - Mecanismo de deterioração relativo às armaduras: - corrosão por elevado teor de íons cloro;

- corrosão devido à despassívação pela carbonatação. C - Mecanismos de deterioração da estrutura:

- ações mecânicas;

- movimentação de origem térmica; - impacto;

- ações cíclicas (fadiga); - deformação lenta (fluência); - relaxação.

1.2 DURABILIDADE

Conceito seminal, observado por Vitruvio4.

No âmbito da construção arquitetônica, consiste na capacidade da estrutura resistir às influências ambientais previstas e definidas no projeto estrutural, no início dos trabalhos de elaboração do projeto.

No item 6.1 (ABNT, NBR 6118),

4

- “firmitas” (solides, robustez, firmeza, consistência, durável), “utilitas” (utilidade,

funcionabilidade, uso, comodidade) e “venusta” (beleza, elegância, estética). (VITRUVIO, pg.82).

(20)

as estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que, sob as condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme preconizado em projeto, conservam sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o período correspondente à sua vida útil.

A durabilidade está ligada à qualidade do produto final, sendo este

dependente de grande número de intervenientes, com grau de

responsabilidades e qualificação muito variáveis,muito suscetíveis a uma falha humana.

O caráter perecível deste material coloca, no entanto, problemas na conservação específica. (CÓIAS, 2006 p. 38). O concreto armado produz elementos construtivos no seu estado limite de uso, sujeito a diversos fatores construtivos que comprometem sua durabilidade.

Segundo Helene (2001), a durabilidade do concreto armado é determinada pelos seguintes fatore:

a) composição ou traço do concreto;

b) compactação ou adensamento efetivo do concreto; c) cura do concreto na estrutura;

d) cobrimento. e) uso5.

A durabilidade não é uma particularidade própria do material, porém ela é consequência de quando este material interage com o meio ambiente. Um material pode apresentar funções de desempenho diferenciadas de acordo com o local em que está exposto (JOHN, 2006).

Fator externo importante para a durabilidade é a drenagem (BASTOS, 2006, baseado no item 7.1 da NBR 6118):

A.presença ou acúmulo de água proveniente de chuvas ou água de limpeza e lavagem; superfícies expostas que necessitem ser horizontais devem ser convenientemente drenadas com ralos;

B.todas as juntas de movimentação ou de dilatação devem ser convenientemente seladas;

C.todo topo de platibanda e paredes devem ser protegidas por rufos;

D. todos os beirais devem ter pingadeiras.

No item 7.3 são indicadas outras recomendações:

5

(21)

A. dispositivos arquitetônicos ou construtivos que possam reduzir a durabilidade da estrutura devem ser evitados;

B. devem ser previstos em projetos o acesso para inspeção e manutenção de partes da estrutura com vida útil inferior ao todo, tais como aparelhos de apoios, impermeabilizações;

1.3 DESEMPENHO

Os requisitos de desempenho definem os termos qualitativos, quantitativos e as condições que devem ser atendidas pela edificação.

Com o objetivo de atender às expectativas dos usuários, a NBR 15.575 (ABNT 2013) foi reformulada para que os sistemas das edificações habitacionais tivessem requisitos mínimos de desempenho.

As principais finalidades são:

a) Estabelecer requisitos mínimos para as condições adequadas de uso; b) Possibilidade de atingir parâmetros de desempenho diferencial;

c) Definir as responsabilidades para o encarregado de cada fase da obra; d) Estabelecer parâmetros com o intuito de reduzir as notificações de não

conformidade.

O produto deve apresentar determinadas características que o capacitem a cumprir os objetivos e funções para os quais foi projetado e

produzido, quandosubmetido a determinadas condições de uso (CIB, 1982).

De acordo com a ISO 6241/84, a análise do desempenho deve ser sistêmica, e conter:

a) Identificação da funcionalidade do edifício;

b) Definição dos subsistemas, e sistemas, e suas funções;

c) Definição dos requisitos de desempenho para atendimento das necessidades do usuário;

d) Definição dos agentes de degradação mecânico, eletromagnético, térmico, químico, biológico que afetam a durabilidade do componente e do elemento construtivo.

O trabalho se inspira nos requisitos do usuário para criar novos requisitos com interesse na restauração do prédio. Identificamos itens de maior

(22)

relevância como a estabilidade, o projeto, a remoção, a recomposição, substituição e estanqueidade.

1.4 MANUTENÇÃO

A manutenção de um edifício tem por objetivo prolongar a sua vida útil e promover o cumprimento das exigências de segurança e funcionalidade, tendo em conta as condições específicas, observando caso a caso, além as disponibilidades orçamentárias.

A NBR 5.674 (ABNT, 2012) estabelece requisitos à gestão do sistema de manutenção de edifícios levando em consideração as características da construção, e a redução das perdas de desempenho ocorrida pela ação das manifestações patológicas. Mas um fator preponderante é que a manutenção não fique apenas em atividade técnicas, pois se torna emergencial, ela deve ser observada nas atividades do projeto e exercida de modo preventivo. Estas questões são mais bem definidas nas normativas e bibliografia italiana, como estudado em (BARDELLI, 2009, pg. 41).

De acordo com CÓIAS, é necessário que um plano de manutenção tenha:

- aspectos técnicos na seleção de soluções de manutenção e reabilitação, adequado às tecnologias e aos materiais;

- aspectos econômicos, minimização dos custos de exploração;

- aspectos funcionais, adequado funcionamento do edifício. Inspecionar, avaliar e diagnosticar as patologias da

construção são tarefas que devem ser realizadas periodicamente e sistematicamente, de modo a que os resultados e as ações de manutenção devem cumprir efetivamente a reabilitação da construção, sempre que for necessário (GRAMATO 2002).

Os diversos elementos que compõem um prédio apresentam vidas úteis diferentes e, assim, comprometem o bom uso e a durabilidade do prédio, um prédio projetado para uma vida útil de 50 anos é composto por elementos construtivos com período de vida útil menor, por sofrerem desgastes distintos por conta da sua exposição às intempéries. Como exemplo, a fachada norte de

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um prédio no hemisfério sul, está sujeita há maior desgaste solar, pois calor cria esforço termofísico e os raios UV alteram a propriedade química de pinturas, o plástico e materiais elastoméricos perdem sua elasticidade.

É de conhecimento que os custos médios anuais estimados em até 2% do imobilizado em substituições e manutenção.

1.4.1 Manutenção preventiva

Segundo Helene (1993), a manutenção preventiva é a alternativa menos onerosa e mais correta para manter o uso por um período de tempo maior da edificação, com correções mais permanentes, de maior durabilidade e fáceis de executar quanto mais cedo forem realizadas. Os custos de intervenção na estrutura crescem exponencialmente quanto mais tardia for essa intervenção. A evolução dos custos pode ser assinalada em uma progressão geométrica de razão cinco.

Figura 1 – Grafico de Sitter demonstra a evolução dos custos ao longo do período de vida útil de um prédio

Fonte: Estudo de patologia e suas causas nas estruturas de concreto Armado de obras de edificações. GONÇALVES, Eduardo. Dissertação mestrado UFRJ. 2015.

(24)

1.4.2 Manutenção corretiva

Quando se detecta um problema na edificação, programa-se a manutenção corretiva para que haja uma interferência no dano, um melhor planejamento dos serviços futuros, a garantia do uso de ferramentas adequadas e mão de obra qualificada. Geralmente gera custo alto, pois a intervenção deve ser imediata, devido à atenção urgente que a anomalia apresenta. Pode ser subdividida em planejada e não planejada

1.4.3 Manutenção preditiva

É o tipo de manutenção que proporciona uma qualidade pretendida do serviço de forma sistemática nas análises dos problemas, onde haja supervisão centralizada para que se reduza a manutenção preventiva e, consequentemente, diminua-se a manutenção corretiva (CORREA, 2013). A manutenção preditiva pode ser comparada a uma inspeção sistemática onde se faz uma verificação de todo o serviço. Havendo a necessidade, efetua-se a intervenção.

A construção clássica de madeira, pedra e o tijolo envelhecem lentamente ao longo de centenas, às vezes milhares de anos. O concreto armado, a arquitetura moderna e contemporânea, experimentam esse desgaste em algumas dezenas de anos. A velocidade e a qualidade deste envelhecimento podem variar muito e assim comprometer a durabilidade dos elementos. Esta variação está diretamente ligada à qualidade, do projeto, da obra e do uso. Buscamos encontrar esse fato nos exemplos estudados nesta pesquisa.

2 O MATERIAL, A TÉCNICA E A PRESERVAÇÃO

Vejo o concreto armado como um material revolucionário que supriu a demanda ocorrida na modernidade, resultante da segunda revolução industrial a partir do século 18 até início do século 19. A siderurgia, com o aço e a industrialização do cimento hidráulico6, propiciaram o desenvolvimento do

6

Aspalin, adquire patente para industrialização do cimento hidráulico, em 1824, material já conhecido e largamente utilizado pelos Romanos com a pozolana, aproximadamente 150 a.C.. Addis, B.. Edificações 3000 anos de projetos, engenharia e construção.

(25)

concreto armado, uma metamorfose de todo nosso conhecimento construtivo em um novo material composto. De início por sua incombustibilidade foi utilizado para proteção dos perfis metálicos, como exemplo, o engenheiro William Fairbairn (1789 – 1874) na construção de pátios industriais espalhados pela Europa e Estados Unidos, a partir de 1845, nos quais empregava-se o sistema de piso de abobadilhas, com lajes armadas com ferro de apenas 7,5 cm no centro. Paralelamente, por suas características de fácil modelagem e baixa permeabilidade, foi largamente utilizado como ornamentos, vasos, tubos

e caixa d‟agua. Como no exemplo de Joseph L. Lambot7

(1814 - 1887), adquire patente de uma placa de argamassa armada com telas para construir um barco, exposto na feira Internacional de Paris, em 1855.

Figura 2 - Patente de argamassa armada, Lambot

Fonte: Vasconcelos, A.C. O Concreto no Brasil.

7

Patentes adquiridas por Lambot: 1850 placa para divisória de argamassa armada; 1854 casco para barcos, exposto na Feira Internacional de Paris em 1855. Addis, B.. Edificações 3000 anos de projetos, engenharia e construção.

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Este material inovador foi aproveitado empiricamente, entre tantos, por Joseph Monier8 (1823 - 1906), um jardineiro que fez fortuna desenvolvendo patentes, construindo tubos, vasos, ornamentos, casas e jardins pitorescos com pontes em forma de troncos de árvores caídos, cavernas, tudo em concreto armado, muito em voga na segunda metade do século 19. Inclusive em Campinas, onde existiu um exemplar na Praça Imprensa Fluminense, no mesmo local em que se situa o teatro em estudo nesta pesquisa e cuja nascente de água, que alimentava o lago existente, hoje se encontra afogada e “fonte” de dano. Ainda se pode observar um exemplar desses “jardins pitorescos”, no Parque Laje, na cidade do Rio de Janeiro.

Foto 1 – Foto início século 20, jardim pitoresco na praça Imprensa Fluminense, Campinas

Fonte: MIS, Campinas

De uma forma intuitiva, J. Monier desenvolve e consegue patente

em 1878 de uma viga em concreto armado com a configuração e a armadura

da maneira que conhecemos ainda hoje, usada como trave nas aberturas de vão, portas, janelas e pequenas pontes.

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Patentes adquiridas por Monier: 1867 vasos, ornamentos para paisagismo; 1868 tubos e reservatórios d‟agua; 1869 painel decorativo para fachadas; 1873 passarelas e pequenas pontes e 1878 viga trave de concreto armado. Addis, B.. Edificações 3000 anos de projetos, engenharia e construção.

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Figura 3 – Desenho da patente para viga, de Monier

Fonte: Vasconcelos, A.C. O concreto no Brasil.

O desenvolvimento estrutural do concreto armado dependeu do pioneirismo de engenheiros e arquitetos que desenvolviam patentes e métodos construtivos particulares, como Paul Cottancin (1865 – 1928), August Perret (1874 – 1954), F. Hennebique (1842 – 1921), E. Freyssinet (1879 – 1962), entre tantos, onde descobrimos que o concreto armado apresentava propriedades diferentes das estruturas metálicas. Necessitava de novas abordagens. Os esforços poderiam ser combatidos localizadamente de acordo com as solicitações: onde haveria tração, o aço, onde haveria a compressão, o concreto. Simples, portanto genial. Exemplo da criatividade são os elementos de alvenaria estruturada com concreto e barra de aço, além da casca curva, utilizada como abóbada na Igreja Saint Jean de Montmarte, de Cottancin. A investigação estrutural do engenheiro suiço Robert Maillart (1872 – 1940) levou ao desenvolvimento de lajes cogumelo e colunas com capitel utilizados em galpão industrial e da casca curva, utilizada na ponte Tavasana, Zurique em 1906 e laje em caixão, utilizada na Ponte sobre rio Zous, Suiça em 1901.

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Figura 4 – Desenho da ponte sobre rio Zous, Eng. Maillard, em lajes caixão, 1901

Fonte: Addis, B.. Edificações 3000 anos de projetos, engenharia e construção

Na França, o Eng. Freyssinet fez os primeiros estudos sobre a protensão e o Arq. Auguste Perret (1874 - 1954) sobre o concreto “não armado”. F. Hennebique (1842 - 1921) com seu sistema próprio patenteado em 1892, produz em 1911-13 o novo Teatro Champs Élysées, em estilo Art Noveau com esqueleto todo em concreto armado.

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Figura 5 – Desenho isométrico da estrutura de concreto armado do teatro Champs Elysêes, F. Hennebique

Fonte:Addis, B.. Edificações 3000 anos de projetos, engenharia e construção

Na Alemanha, os engenheiros Freitag, e Gustav Wayss (1851 – 1917), adquirem a patente da viga de J. Monier e iniciam estudos, ensaios,

experimentação epublicam em 1887 um livro de seus estudos, juntamente com

método desenvolvido por Mathias Koenen (1849 – 1924), de dimensionamento de vigas de concreto armado, conhecido como “método da razão modular elástico”, no qual o aço e o concreto resistem completamente ao esforço solicitado, estabelecendo uma teoria elaborada sobre experimentos e ensaios, que se tornou a base de todos os códigos de projeto. (ADDIS, 2009). Nos ensaios realizados por G. Wayss, constata-se a grande compatibilidade das taxas de deformação entre o concreto e as armaduras. Esta publicação deu início à necessidade de normatização e o surgimento do primeiro código de prática para unificação dos sistemas, criado por engenheiros franceses em 1890.

As empresas de Wayss e Freitag, e a de Hennebique dominam a indústria global da construção em concreto armado e são seminais no desenvolvimento tecnológico e na excelência construtiva. Espalharam pelo mundo conhecimento e estruturas de infraestrutura industrial e a arquitetura eclética. Estas empresas serão determinantes para o desenvolvimento do concreto armado no Brasil.

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No início do século 20, amplia-se o domínio da capacidade estrutural do concreto armado, com o gigantismo de estruturas como o Jahrhunderthalle, em 1913, do arquiteto Max Berg, ou o Hangar de dirigíveis em 1921, do Eng. Freyssinet, ainda com elementos clássicos como abóbada e arcobotante ou nas estruturas agrupadas que se tocam e interagem nas juntas de movimentação.

Os conceitos no âmbito da preservação do patrimônio cultural, modernizaram-se com a publicação em 1903 do “Culto moderno dos monumentos”, Alois Riegl (1858 - 1905) , crítico de arte que reorganiza a legislação de conservação dos monumentos austríacos e estabelece princípios de preservação histórica com base em valores de antiguidade, histórico, rememoração intencional; valores de contemporaneidade de uso e de arte relativo e arte de novidade. Como diz F. Choay9, sobre a importância de Reigl, que “mostra no plano da teoria, assim como na prática, o dilema destruição / conservação não pode ser opção absoluta, justa e verdadeira, mas soluções alternativas de pertinência relativa”.

O domínio do material e da técnica propiciou o surgimento de arquitetos que definiram a expressão da arquitetura moderna, como W. Gropius (1883 -1969), com a Fábrica Fagus, de 1911, e a escola Bauhaus, de Dessau, em 1925; J. Duiker (1890 -1935), com Sanatório Zonnestraal, em 1920; Le Corbusier (1887-1965), com o projeto casa dom-ino de 1923 e a construção da Villa Savoye de 1929, inspiram os arquitetos a utilizarem a estrutura como parte da arquitetura.

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Foto 2 – Foto aérea Escola Bauhaus em Dessau

Fonte: Google imagem Bauhaus, acessado em 10/4/2019

Abolimos as coberturas para criar os terraços graças ao avanço da indústria química do petróleo e os materiais impermeabilizantes e elastoméricos, fundamentais na estanqueidade das „paredes de vidro‟.

Os exemplos colocados passaram pelo processo de

reconhecimento cultural e restauro, com menos de 45 anos, algo impensável nas normativas do restauro no início do século 20, perceber como patrimônio um produto cujo autor se encontra vivo. A perda da funcionalidade de uso ocorre de maneira mais acelerada, enfrentaram dilemas e danos muito semelhantes ao encontrado na obra em estudo, desde a falta de reconhecimento como ícone urbano regional relevante até o envelhecimento

natural com uma taxa extremamente acelerada de substituições.

“Obsolescência funcional e do material são discussões e dilemas centrais na preservação da arquitetura moderna.” (PRUDON, p. 25, 2008)

Após a segunda grande guerra, uma nova demanda de reconstrução, como os centros históricos de Varsóvia, Le Havre, Rotterdan e as cidades alemãs devastadas, como Berlin, Hamburgo e Dresden, entre tantas, fomentou uma combinação de restauração com novas construções, que, inseridas em ambiente antigo, não realçar suas diferenças, mas interagir

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de forma harmoniosa, sem estar em evidencia e excesso de valorização. O esforço de preservação tem como foco, não apenas questões estéticas, mas também questões sociais. Surge o restauro crítico de Cesari Brand10, e inicia-se a idéia do restauro preventivo, mas ainda do patrimônio antigo. Neste período o concreto armado dá um novo salto com o concreto protendido, a paraboloide hiperbólica e as cascas, capazes de criar estruturas esbeltas e grandes vãos, os estudos estruturais criativos dos engenheiros Robert Maillard e Pier Luigi Nervi (1891-1979), que alcançam o funcionalismo da forma estrutural e sua estabilidade. “Definindo-se como „funcional‟, a arquitetura moderna visa a identificar, nas qualidades estáticas das estruturas, um determinante necessário e imutável da forma.” (ARGAN 2004, p. 229)

Foto 3 – Parabólica de concreto armado com 6 cm espessura, Eng. Maillard. Exposição Nacional Suiça, Zurique, 1939

Fonte: Google imagem, Maillard, acessado 10/4/2019

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A restauração preventiva é mais necessária que a restauração efetiva, pois visa evitá-la; Ela é a tutela, remoção do perigo e o asseguramento de condições favoráveis. BRANDI, C. Teoria da Restauração.

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Foto 4 – Palácio dos Esportes Roma, Eng. Pier Luigi Nervi

Fonte: Google imagem, Luigi Nervi, acessado em 10/4/2019

A teoria e a prática do restauro arquitetônico dominado pelo pensamento Italiano do restauro científico, com ênfase em metodologias científicas, concretiza-se na Carta de Veneza de 196411, definindo-se conceitos como mudança funcional a preservação preventiva. Surgem os primeiros esforços para reconhecimento e preservação dos ícones da arquitetura moderna, que se encontram, nesta época, em estado de obsolescência funcional e física. Muitos abandonados enfrentam a falta do reconhecimento do novo como patrimônio a ser preservado.

11 Artigo 4 – A conservação do monumento exige, antes de tudo, manutenção permanente.

Artigo 5 – A conservação dos monumentos é sempre favorecida por sua destinação a uma função útil à sociedade; tal destinação é portanto, desejável, mas não pode nem deve alterar a disposição ou a decoração dos edifícios. É somente dentro destes limites que se deve conceber e se pode autorizar as modificações exigidas pela evolução dos usos e costumes.

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A escola Bauhaus, residência de professores, em Dessau, obteve reconhecimento de seu valor regional em 1964, nacional em 1974, quando se iniciam os primeiros estudos para intervenção. Passaria ainda, por longo período de discussão e abandono e ocupações. Passando por uma reconstrução estilística do conjunto nos anos entre 1994 e 2002.

Foto 5 – (a) Foto conjunto Bauhaus, casa Schlemmer / Muche, W. Gropius. Antes do restauro. (b) Foto após o restauro

a-

b-

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O Sanatório Zonnestraal, passa por mudança na função de uso no âmbito hospitalar nos anos de pós guerra e tornando-se obsoleto nos anos 60, entra em um período de abandono e deterioração. Passa por reconhecimento e restauração no final dos anos 80 e tem início de um longo período de restauros que se estende até o final dos anos 90.

Foto 6 – (a) Sanatório Zonnestraal, J. Diuker. Antes do restauro, início dos anos 80. (b) após o restauro meados anos 90

a-

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Na França, ocorrem os primeiros esforços de preservação de seus ícones modernos, em 1964, as primeiras intervenções na Unidade Habitacional de Marselha e, em 1968, quando a própria fundação Le Corbusier inicia esforços de preservação da Villa Savoye, que se encontrava em estado de quase ruina, com seus 39 anos de idade.

Foto 7 – (a) Foto Villa Savoe, Le Corbusier. Antes do restauro, anos 70. (b) após o restauro nos anos 80

a-

b-

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3 A ARQUITETURA DE FÁBIO PENTEADO

Após a Segunda Guerra Mundial, é observada uma tendência no panorama arquitetônico moderno, em utilizar estruturas imponentes de grande porte e formas geométricas diversas e em reconhecer o concreto armado como material acabado. Obras como a Unidade Habitacional de Marselha (1945-1949) ou a igreja de Ronchamp (1954), ambas de Le Corbusier, onde se observam estas características, são inspirações para a arquitetura de vários países: Inglaterra, Holanda, Itália, Estados Unidos, Japão e Canadá. Uma produção interpretada por Banham como uma arquitetura internacional nova e brutalista: “Legitimidade formal de plano, a clara exposição de estrutura e avaliação de materiais para suas qualidades inerentes” (BANHAM, pp 354-61, 1955).

No Brasil, o arquiteto Afonso Eduardo Reidy, com os projetos do Colégio Experimental Brasil-Paraguai, em Assunção (1952), e do prédio do MAM (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) (1953), utiliza da plasticidade do material e de criatividade tecnológica, como grande laje suspensa, que proporciona total liberdade de espaço, para produzir uma arquitetura diferenciada por sua leveza e ousadia estrutural. Paralelamente, a produção dos arquitetos paulistas, universo objeto desta pesquisa, criará uma arquitetura de estruturas heterodoxas que levam o concreto armado aos limites de suas possibilidades.

Fábio Penteado foi integrante de grupo de arquitetos como Carlos Millan, Jorge Wilheim, Roberto Alfano, Pedro Paulo de Mello Saraiva, Paulo Mendes da Rocha, Oswaldo Arthur Bratke. Tempos depois, estes companheiros se consagram como alguns dos mais significativos representantes da arquitetura moderna na cidade, formando uma das bases da chamada “Escola Paulista”.

Este caldeirão define e modela o trabalho de Fábio Penteado. Forma-se em 1953, o começa a transitar entre profissionais como Villanova Artigas, Carlos Cascaldi, Kenji Furuyama, Alfredo Paesani, Teru Temaki e Aldo Caldo, o que lhe permitiu diversas parcerias e uma rica produção em sintonia com a linguagem internacional, trabalhando a textura do concreto aparente e blocos isolados interligados, compondo uma grande estrutura que comporta o

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fluxo e o convívio entre as pessoas. O conceito foi utilizado em vários de seus projetos, como o Monumento Comemorativo aos 30 anos de Goiânia ou Catedral Presbiteriana de Brasília, o Teatro de Ópera de Campinas. Uma produção que se encaixa perfeitamente nas definições de Banham.

Figura 6 – Desenho proposta para Monumento Praça Giron

Fonte: Ensaio e arquitetura Fábio Penteado 1998

Figura 7 – Maquete do projeto Monumento comemorativo 30 de Goiânia

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4 O PROJETO E OBRA DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA CULTURAL DE CAMPINAS

Na segunda metade do século 20, Campinas passava por mais uma reforma urbana, com demolições no centro antigo para alargamento de ruas e suprir uma escolha de crescimento urbano sem controle e focada no

automóvel. Isso incentivou a iniciativa privada a realizar demolições

generalizadas. As construções antigas perdem seu valor cultural e histórico, e vêm ao chão, dando lugar aos novos investimentos que empilham metro quadrado, muitas vezes sem a mesma qualidade estética e funcional. Uma verdadeira Fênix, como a existente no brasão da cidade, só que ela renasce sempre mais feia. A especulação estimulou a verticalização e adensamento da região central sem estrutura, em detrimento da destruição quase total do centro antigo, inclusive do Teatro Municipal, demolido em 1964 com apenas 30 anos de uso. Lembrando que o mesmo tinha sido construído em substituição ao Teatro São Carlos, construído em 1850 no auge econômico e político da cidade e demolido em 1922 por uma suposta obsolescência. Faz-se o novo em um novo local.

Foto 8 – Teatro São Carlos (1885 – 1922)

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Foto 9 – Teatro Municipal (1934 – 1964)

Fonte – Foto do Centro Preservação Unicamp

Em reação ao incômodo causado pela perda do equipamento cultural, a Prefeitura Municipal de Campinas abre concurso público para projeto do Teatro de Ópera a ser construído no recente Parque Portugal, local descentralizado em nova expansão urbana.

A prefeitura descarta o investimento mais descentralizado e propõe ao arquiteto Fábio Penteado, um novo desafio para um teatro na Praça Imprensa Fluminense, local mais centralizado, onde o arquiteto propõe a incorporação de uma área vizinha onde se situava a escola municipal Cesário Mota. Assim, a quadra se incorpora à Praça Imprensa Fluminense, criando uma praça circular com 40 mil metros quadrados, um anel viário e fluxo constante do trânsito.

O Centro de Convivência Cultura de Campinas nasce da necessidade de construir um espaço perdido e suprir a carência de ambientes para o entretenimento, “espaço que se abre para o encontro das pessoas, para

o contato com as coisas da cultura e do teatro.” (PENTEADO, 1998, p. 100). Compondo uma equipe com os arquitetos Alfredo Paesani e Teru

Tamaki e o engenheiro Oswaldo de Moura Abreu, Fábio Penteado, cria um conjunto de prédios que afloram do solo em diferenciados blocos, que

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interagem com a praça pública: blocos foyer e administrativo; teatro; galeria de arte; torre e sala de exposição; restaurante e bar, todos interligados por uma galeria e implantados na topografia para formar um teatro de arena. O projeto do edifício rompe com conceito convencional de um teatro para criar cinco blocos formando um teatro de arena com suas empenas.

O desenho não nasceu da busca de uma forma particular, mas da necessidade de construir um espaço de encontro, “muitas vezes, o espaço que se abre para o encontro das pessoas, para o contato com as coisas da cultura e do teatro, é mais importante que o desenho do edifício” (Fábio Penteado).

Foto 10 – Foto aérea do Centro de Convivência, 1974

Fonte: MIS Campinas

A - Sinfônica Municipal de Campinas, Teatro para 500 pessoas; E - Galeria “Aldo Cardenalli”, Entrada, foyer e administração; C - Galeria “Bernardo Caro”, Galeria de arte;

D - Sala “Carlos Gomes”, torre de iluminação e sala de exposição

A

B

C

D

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B - Restaurante e bar;

Teatro de arena “Teotônio Vilela”, para cinco mil pessoas.

Figura 8 – (a) Desenho Centro de Convivência, corte sul / norte, com vista oeste. (b) Desenho Centro de Convivência, corte oeste/este com vista norte.

a

b

-Fonte: Ensaio e arquitetura Fábio Penteado. 1998

O Centro de Convivência não é reconhecido pelo órgão municipal de preservação do patrimônio histórico. O local é uma tradicional região boemia da cidade, com diversos bares, e mesmo abandonado, sua praça sempre é ocupada por feiras, saraus, encontro de grupos culturais, ficando sua estrutura de abrigo aos moradores de rua.

A estrutura que sustenta o conceito arquitetônico utiliza pórticos inclinados, dispostos paralelamente com espaçamentos regulares, como apoio para arquibancada e laje inclinada com vãos para iluminação zenital. O fechamento lateral com empenas diferenciadas cria uma envoltória de grandes dimensões, um conjunto de blocos com formas geométricas irregulares aflorando do solo, que se “tocam” pelas juntas de movimentação, compondo o teatro de arena.

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Grandes estruturas como o Centro de Convivência, composto por prédios independentes, têm características próprias, cujas estruturas exigem juntas de movimentação e o selamento entre os elementos construtivos, sendo a estanqueidade do prédio o fator de maior desgaste, que demanda manutenção.

Figura 9 – Desenho corte do pórtico do prédio do bar e restaurante

Fonte: Secretaria de Cultura Campinas

A construção do Centro de convivência inicia-se em 1967 e se estende ao longo de 10 anos, com diversas paralisações. A concepção inicial de utilizar elementos pré-fabricados é logo substituída por modelagem do concreto in loco, fato que favorecerá a ocorrência de falhas no detalhamento do projeto e também no cuidado quanto à qualidade da construção; criará danos crônicos que acompanharão sua utilização a partir da primeira chuva ocorrida após sua inauguração, com o surgimento de goteiras generalizadas. Falha onerosa por conta da necessidade de recuperação do dano, além de impedir a rotina de utilização.

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O corpo do prédio só termina em 1973, sendo inaugurado apenas em 1976 e já com a necessidade de recuperações localizadas e estanqueidade comprometida. Neste período extenso da construção, nota-se o afastamento dos autores do projeto, ficando a decisão de importantes detalhes do conceito inicial a cargo dos administradores e construtores, que buscam praticidade construtiva e econômica, comprometendo procedimentos construtivos. Decisões que geram alguns dos problemas crônicos, que dificultarão o uso do prédio, recebendo duras críticas de Fábio Penteado pela falta de qualidade na modelagem do concreto e mesmo pela ausência de grades, elemento básico de segurança.

Acredito que Fábio Penteado buscava a linguagem crua do material, o que exigiria uma maior fiscalização no cumprimento dos detalhes construtivos. Fica clara a negligência quanto à modelagem do concreto armado e à ausência do arquiteto na tomada de decisão de executar um revestimento superficial para homogeneizar as superfícies. Algo inconcebível em uma obra de concreto aparente que se diz “brutalista”.

A arquitetura brutalista define como principal forma de expressão a verdade dos materiais. “Esta pureza de expressão expõe o concreto bruto

aparente, destacando-o em formas cartesianas como elemento fundamental da

sua proposta ideológica” (FIEBER).

5 JUSTIFICATIVA

Necessidade de se estabelecer rotinas de avaliação, que possam gerar diretrizes para o projeto de restauro, as quais levam em consideração o desempenho físico dos elementos construtivos, o ambiente e o decorrer do uso.

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6 OBJETIVO

Aprofundar o conhecimento sobre as anomalias identificadas, através do estabelecimento de relação entre as causas possíveis; criar uma base de dados dos principais parâmetros que estão na origem do desenvolvimento de fenômenos de degradação que influenciam a durabilidade das construções. Prevê-se que a metodologia analítica possa constituir um instrumento de apoio à análise das características e orientação para manutenção e àreabilitação do edifício.

7 METODOLOGIA

Propõe-se estudar o conjunto de prédios que compõe o Centro de Convivência Cultural de Campinas, no momento desocupado, para mapear as patologias construtivas com o propósito de realizar uma pesquisa técnica que possa subsidiar a reabilitação do prédio.

A metodologia utilizada é a APO, Avaliação Pós Ocupação, para propósito específico em restauro da arquitetura moderna, como forma de ampliar e consolidar. Sendo necessário ser realizado por técnico experiente, “é de fácil aplicação e baixo custo” (ORSTEIN, 2005), além de gerar informação para realimentação de projeto. Embasado na ABNT, nas normas para qualidade de edifício e no desempenho técnico construtivo, a avaliação do desempenho físico possibilita mapear os danos, caracterizando-se por fazer um levantamento in loco das características do edifício, do estado de conservação e das manutenções realizadas, registradas por meio de fotografias e/ou anotações.

Inspiro-me nos requisitos de desempenho de edificações habitacionais NBR 15.575 e desempenho usuário ISSO 6241 para criar novos índices onde as patologias serão classificadas como itens de interesse no projeto. Os itens podem ser flexíveis de acordo com cada tipologia de obra, pertinente à diversidade da estrutura da arquitetura moderna. Recolher as informações para avaliar a capacidade de desempenho dos elementos construtivos. A análise de risco do dano e pelo seu quantitativo, possibilita priorizar as etapas de intervenção e oplanejamento da manutenção.

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Caracterizamos os danos para criar informação que alimente o processo de tomada de decisão na reabilitação do prédio, para assumir seu papel de equipamento de cultura e de convivência. A descrição detalhada das alterações observadas no material e no elemento construtivo, identificando a origem, classificará os danos através do reflexo no desempenho e a intervenção necessária, observando o mecanismo que compromete sua estabilidade física, química ou mecânica. Inspiro-me no texto do professor João Simões na descrição dos danos.

É necessário que o projeto corrija as falhas no detalhamento inicial, identificando a obsolescência funcional de elementos e de uso, se interfere na estanqueidade e na manutenção. Com isso, identificamos os itens onde o prédio encontra-se mais fragilizado, propiciando que se priorizem as atividades de reabilitação. O reflexo que o dano causa, abrangerá os pontos de maior relevância para o processo de restauro. Para tanto criamos índices de desempenho quanto à estabilidade, o projeto, a estanqueidade, a recomposição, a substituição, a remoção.

Apesar da grande diversidade da estrutura moderna, onde cada obra é única, os danos são comuns e seu conjunto dos danos, está ligado ao grau de excelência do projeto e da construção, além do abandono e da ação da poluição atmosférica. O conhecimento das características construtivas e do comportamento da estrutura é fundamental para o bom entendimento da patologia.

Através da análise do quantitativo encontrado, definimos um panorama da situação real do prédio; surgem as prioridades, os pontos mais exigentes e mais solicitados; definimos as caracteristicas das intervenções, orientando e priorizando as etapas do processo de restauro pela capacidade financeira e consequente elaboração do plano de manutenção, que norteará as ações de preservação preventiva.

7.1 SISTEMA CONSTRUTIVO ANALISADO

Optamos por levantamento dos danos separadamente pelos elementos construtivos de cada prédio. Não iremos analisar os sistemas auxiliares de elétrica, hidráulica, climatização e mesmo acessibilidade, ressaltando a necessidade destes estudos para o projeto de intervenção.

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1 – Terrapleno – piso intertravado, bloco cimentício;

2 – Estrutura – empena, pilare, liga e laje, em concreto armado;

3 – Envoltória – arquibancada, laje e laje inclinada em concreto arrmado; 4 – Vãos – porta, janela, ventilação, claraboia de ferro dobrado;

5 – Revestimentos – argamassa cimentícia e pintura acrílica.

7.2 DANOS (D)

Levantamento das patologias construtivas, criando uma ficha do dano com clara descrição detalhada das alterações observadas, identificando a origem (projeto, obra, material, manutenção), o mecanismo (físico, quimico ou biológico), o reflexo e orientando quanto à intervenção necessária.

D 1 – afundamento; D 2 – fissura mapeada; D 3 – fissura orientada; D 4 – destacamento; D 5 – lacuna; D 6 – corrosão; D 7 – desgaste; D 8 – infiltração; D 9 – crosta negra12 ; D 10 – colonização animal; D 11 – vegetação; D 12 – pichação; D 13 – elemento estranho; 12

As incrustações de fuligens e biológicas, alteram a alcalinidade da argamassa do concreto, corroborando assim para o aumento da carbonatação.

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7.3 INTERVENÇÕES (S) S 1 – Limpeza; S 2 - Análise e projeto; S 3 – Consolidação; S 4 – Remoção; S 5 – Recomposição; S 6 – Substituição; S 7 – Impermeabilização; 7.4 DESEMPENHO

Criamos índice para analisar cada dano e a forma como afeta o desempenho funcional e o uso, visando a identificar o reflexo que o dano gera aos interesses do restauro arquitetônico pelos itens. Identificar os itens mais relevantes pelo quantitativo e qualitativamente.

A - Estabilidade: resistência mecânica às ações estáticas e dinâmicas; B - Projeto: necessidade de desenvolvimento de soluções;

C - Remoção o quantitativo do dano;

D - Recomposição: o quantitativo do reparo; E – Estanqueidade: infiltrações;

F – Substituição: obsolescência;

7.5 ANÁLISE DE RISCO

Buscaremos identificar nos danos, o grau de risco que comprometa a estabilidade e o uso. Classificar o risco de cada dano de acordo com a profundidade do dano e sua repetição, possibilita equacionar os itens prioritários:

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Risco baixo e baixa repetição; Risco baixo e alta repetição; Risco médio e baixa repetição; Risco médio e alta repetição; Risco alto e baixa repetição; Risco alto e alta repetição.

8 LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE DOCUMENTAÇÃO

Encontramos na bibliografia estudada que o projeto produziu aproximadamente 600 plantas. Recuperamos apenas 20 em formato digital, fornecidas pela Secretaria de Cultura de Campinas. Pouco, mas suficiente para esclarecimento de algumas das patologias construtivas. Analisando as pranchas encontradas do projeto, foi possível observar a definição por peças pré-fabricadas na montagem da arquibancada e a definição de uma laje inclinada sob a arquibancada, impermeabilizada para escoamento da água pluvial e de limpeza, mas não se encontram os ralos coletores.

O observado in loco, indica uma alteração no procedimento construtivo: a laje inclinada serve como cimbramento para as formas da arquibancada, ficando confinada a madeira, propiciando a proliferação de cupins e comprometendo a estanqueidade do prédio. Uma falha no projeto que refletirá na manutenção futura criando-se, assim uma região sem acesso. Na pouca documentação estudada, não foi encontrada informação referente a esta alteração.

Não encontramos na documentação qualquer informação quanto ao acabamento da superfície do concreto aparente. Seguindo um dos princípios do brutalismo, de valorização do material cru, os veios da madeira são muito valorizados como autenticidade única em cada prédio, mas em fotos

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do período da construção observa-se, no acabamento do concreto aparente, a utilização de formas de madeira sem nenhum cuidado específico na estampagem; diversas falhas no processo de fabricação do concreto aparente – como armação mal posicionadas- comprometendo o cobrimento de 2cm, valor da norma vigente à época ( hoje a NBR 14931, estipula 3cm), além de concreto mal adensado e falhas no preenchimento e ausência de material fino (nata de cimento) por fuga entre formas não estanques.

9 OBSERVANDO A SITUAÇÃO ATUAL, VISTORIA TÉCNICA

Embora inserido em contexto urbano ativo, realiza-se na Praça Imprensa Fluminense, uma tradicional feira popular nos finais de semana, o prédio está fechado e sem uso. Os sinais de abandono são evidentes, tais como pichações e aromas agressivos. O que primeiro chama a atenção é a superfície externa revestida com uma fina camada de argamassa, destacadas em diversos locais. Pinturas sucessivas, descaracterizando o concreto aparente, fator central na concepção do projeto. Podemos classificar a origem do dano no projeto pela falha na fiscalização rigorosa no cumprimento de detalhes construtivos relevantes e indicação do afastamento dos arquitetos no processo construtivo. Mas também podemos classificar como sendo na obra, pela falta de cuidado na modelagem do concreto, um exemplo de economia financeira na construção em detrimento de conceitos originais e mesmo na manutenção com pinturas sucessivas sem o devido preparo do substrato.

Observado in loco, que foi realizado estração de corpo de prova no concreto, para verificação da resistencia á compressão do material, onde se observa o não cumprimento da NBR 12654 na recomposição da lacuna, além

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de realisação de prova de carga na estrutura da arquibancada, para verificação da capacidade portante da estrutura.

Foto 11 – Lacuna no concreto, extração de corpo de prova

Fonte: Foto do autor

Não tivemos acesso aos resultados dos esnaios. Para a realisação da prova de carga, foi demolida parcialmente a laje inclinada do forro para instalação de equipamento de medição das deformações, deflectometros, fato que nos propiciou observar o espaço intérno do caixão perdido e constatar, no local de remoção das formas, a falha no adensamento de concreto que compromete a impermeabilidade do material, carreando umidade ao interior e consequente oxidação das armaduras.

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Foto 12 – armação oxidada e concreto danificado

Fonte: Foto do autor

O agravante é que se trata de local de difícil acesso, impossibilitando o reparo. O dano evolui até o colapço local do concreto armado. Podemos classificar a origem deste dano no projeto, por não prever a remoção das formas e acesso aos locais, e também na obra, pela falha no cuidado na modelagem do concreto armado. O reflexo ocorrerá na estabilidade pela deterioração do material; na estanqueidade pelo comprometimento da impermeabilidade e percolação de umidade ao interior do prédio; no projeto pela necessidade de especificação do procedimento adequado de correção e estanqueidade.

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9.1 AUTENTICIDADE DO CONCRETO APARENTE

As falhas no processo construtivo causam perdas da identidade plástica com o comprometimento da estampagem, da estanqueidade, do adensamento e irregularidades nas formas e armaduras. Os construtores adotaram, sem consulta aos arquitetos, como solução para encobrir as irregularidades do concreto, aplicar uma fina camada de argamassa reguladora. Desde então se observa uma contínua aplicação de pinturas sem o devido procedimento de preparo do substrato, em remover material solto. Descaracterizando totalmente o conceito inicial de utilização do concreto aparente, perda da autenticidade do material cru. Podemos classificar a origem do dano na obra, pela falta de cuidado na modelagem do concreto, mas também no projeto pela falha na tomada de decisão na fiscalização da execução e na correção da concretagem, é plenamente possível recuperar e polir o concreto aparente.

Foto 13 – Foto fachada oeste do prédio do Bar com concreto revestido e pichado

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Fábio Penteado, estando sintonizado aos princípios da arquitetura moderna, facilmente optaria pela definição do acabamento pelo polimento ou mesmo com pintura de cores ao invés de argamassa cimentícia para corrigir a estampagem defeituosa, pouca expressiva, afinal as cores estão na base do conceito artístico moderno, definido por Piet Mondrian, além, de ser uma das características marcantes da arquitetura brutalista paulista de Villanova Artigas, como nas obras da Casa Olga Baetas de 1965 e o Ginásio de Guarulhos de 1961. Sinal de afastamento do arquiteto na tomada de decisão da obra. 9.2 VÃO E FECHAMENTO

Os blocos apresentam uma iluminação zenital, na qual se observa a utilização de simples estruturas fixas de chapas de ferro como caixilhos chumbados, que apresentam irregularidade na fixação, propiciando percolação de umidade para interior. As lâminas de vidro são fixas e assentadas sobre massa, impedindo a circulação e troca de ar. A estrutura não apresenta nenhum detalhe, um berço para instalação do caixilho. Podemos classificar a origem do dano no projeto pela falha no detalhamento no escoamento de águas pluviais nos vãos e na especificação de baixa qualidade de elemento fundamental na circulação de ar.

Foto 14 – Encrostamento, umidade percolada pela e destacamento de revestimento na Iluminação

Referências

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