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História ambiental : a paisagem urbana em Jóia

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROETE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DCS – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE HISTÓRIA

HISTÓRIA AMBIENTAL: A PAISAGEM URBANA EM JÓIA

LETÍCIA SCHWERZ BRITTES

IJUÍ (RS) 2010

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LETÍCIA SCHWERZ BRITTES

HISTÓRIA AMBIENTAL: A PAISAGEM URBANA EM JÓIA

Trabalho de conclusão de curso, apresentado á banca examinadora da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, como requisito parcial para o grau de Licenciatura em História

Orientador: Prof. Dr. Ivo Canabarro

IJUÍ (RS) 2011

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Arthur Schwerz em sua residência... 14

Figura 2: Máquina de perfurar poços: Um dos primeiros poços artesianos da cidade de Jóia - Década de 40 ... 16

Figura 3 – Casa construída pelo senhor Victorio Fidelis Cazarotto Ano de 1945. ... 17

Figura 4 – Moinho do Senhor Marcial Terra, após alguns anos, passou a pertencer a Família Poletto. Década de 20 ... 18

Figura 5 – Serraria do Senhor Antonio Mastella – 1915 ... 19

Figura 6 – Clube Harmonia no ano de 1937 Festa da Capela ... 21

Figura 7 – Posto de gasolina dos Viones - Década de 30 ... 22

Figura 8 – Prédio da Escola Antonio Mastella ... 24

Figura 9 – Antigo Prédio da delegacia ... 25

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 4 1 HISTÓRIA AMBIENTAL – HISTÓRIA DAS PAISAGENS URBANAS ... 6 2 A TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM URBANA EM JÓIA ... 13 3 AS CONSEQUÊNCIAS CAUSADAS PELA AÇÃO DO HOMEM AO MEIO AMBIENTE NO PERÍMETRO URBANO ... 29 CONCLUSÃO ... 35 REFERÊNCIAS ... 37

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INTRODUÇÃO

Este trabalho é pesquisa sobre, a paisagem Urbana da cidade de Jóia e suas transformações ambiental, ocorridas ao longo de sua colonização e formação. Neste trabalho faz-se um estudo pelo período de colonização, durante os séculos XIX e XX, envolvendo os colonizadores que vieram para essa região, os quais são de varias etnias, não havendo uma delimitação por espaço ou por origem.

As transformações ambientais, ocorridas durante o longo dos séculos passaram despercebidas, como se não fizessem parte da história, mas apenas as pessoas que as compunham, mas através da história ambiental é possível mostrar que sem um ambiente natural ou paisagista não existe história, bem como não a tecnologia e evolução social.

No primeiro capítulo alguns conceitos sobre a história ambiental são apresentados, para uma melhor compreensão dos estudos realizados, bem como mostrar a possibilidade de estudar história através do ambiente natural, considerando a natureza, mostrando a visão de diferentes autores, diante da história ambiental.

No segundo capítulo contém um resgate histórico da cidade de Jóia, visando mostrar a transformação da paisagem urbana, ao longo dos anos, bem como o modo de vida da população, sua cultura e como viviam e vivem em sociedade. A vida no inicio da formação da localidade era simples e bastante difícil, pois tudo era muito manual, o acesso a água era no rio, a luz era de velas ou lampião a querosene, o meio de transporte era o cavalo, não havia estradas e os municípios vizinhos eram muito longe.

No terceiro capitulo discute-se as consequências causadas pela ação do homem ao meio ambiente no perímetro urbano, devido a colonização dessa região, onde fica a cidade de Jóia, sendo o principal ponto de estudo a paisagem urbana, ou seja, a área da cidade. Investiga-se como consequências ambientais as ações humanas, em busca de melhoria devida e poder aquisitivo, extraindo da natureza suas riquezas sem qualquer tipo de cuidado e de

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preservação. Outro ponto importante a falta de planejamento da construção da paisagem urbana, a qual aconteceu de forma desordenada e sem planejamento algum. Além disso, a falta de conscientização ambiental e social para com o meio ambiente.

As explicações sociais através da história ambiental permitem uma nova visão de mundo, sendo um desafio para os historiadores, os quais estão se adaptando a essa nova forma de interpretação historiográfica.

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1 HISTÓRIA AMBIENTAL – HISTÓRIA DAS PAISAGENS URBANAS

A história ambiental é um novo campo de estudo para os historiadores, pois havia uma separação entre cultura e natureza, um distanciamento o qual influenciou a relação homem\natureza, o qual apenas retira o que necessitava da natureza, sem preocupar-se com o seu natural e bem estar.

Ao longo dos anos foram sendo criadas novas visões, distinções entre os estudos relacionados à natureza, tais como paisagem natural e paisagem cultural, esta por vez seria o objeto de estudo do historiador, associando o homem com a natureza e suas ações para com ela, produzindo a história ambiental e a história das paisagens.

Dessa forma, é possível afirmar que a história humana precisa de um ambiente para acontecer, uma paisagem que sobre a ação do homem para se tornar paisagem, pois se não seria apenas a natureza.

Segundo Gerhardt:

A natureza, com determinada vegetação, com a presença ou ausência de água, exercem influencia do planejamento e na ação das pessoas que pelo trabalho, buscavam as condições para se sustentar materialmente e gerar um excedente para comercializar; pessoas que integraram aquele ambiente, que alteraram a paisagem e também foram modificadas; mudaram, em parte seus hábitos, seus planos, sua cultura. Uma interação entre as pessoas que compunham a sociedade e o ambiente sem finalidade determinada. (p. 111)

A história das paisagens surge da necessidade de compreender as necessidades humanas, em relação com o desequilíbrio ecológico presente na história, pois a preocupação com o meio ambiente é contemporânea, mas os problemas são cumulativos e devido à inconsciência das pessoas para com o cuidado ambiental vem de muito tempo atrás, ou seja, não são as ações futuristas de uma nova geração que são totalmente responsáveis pela destruição e transformação ambiental. A humanidade vive em busca de um poder econômico

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insustentável para a capacidade da natureza, os quais buscam apenas a satisfação financeira sem limites e sem ética alguma.

Marcos Gerhardt ao escrever sobre a história ambiental da Colônia de Ijuhy, comentou que “a história ambiental é também resultado de seu tempo, das preocupações contemporâneas com a sociedade, a preservação e a restauração do ambiente”. (p. 32 - 2009)

A partir da paisagem urbana se constitui memórias, as quais fazem parte da história da sociedade, de um determinado período onde a ação do homem transformou a natureza em paisagem, através do desenvolvimento de suas necessidades e dos seus objetivos diante da sua realidade atual.

Outro ponto importante a ser colocado sobre a história ambiental e o fato dela tratar de um dos principais assuntos a serem debatidos pela atual sociedade, a qual esta começando a perceber a importância da natureza diante da vida, dessa forma a educação ambiental passa a ter um significado mais importante tendo ênfase na mídia.

Para os historiadores a história ambiental esta voltada para um ponto um pouco diferente dos demais, pois a preocupação maior é compreender a ação dos seres humanos, o qual modifica a natureza, transformando à em paisagem a qual pode ser bastante diversifica, mas a citada neste estudo é a paisagem urbana e suas transformações, ao longo dos anos pela ação da sociedade.

Durante décadas não havia nenhum estudo sobre a paisagem urbana, mas com o aumento das cidades e o acumulo de pessoas, passou a se ter certa preocupação com a formação das cidades, aonde se questiona quais são os critérios usados para a construção da paisagem urbana? As pessoas preocupam – se com a natureza diante da construção das cidades ou bem estar esta em primeiro lugar? O poder econômico dita as regras ou não influencia diante da paisagem urbana? A sociedade esta preocupada com a natureza ou se considera superior a ela?

Diante de tantos questionamentos é possível chegar afirmar que durante muito tempo o homem se considerou superior a natureza, devido a isso sempre a utilizou em beneficio próprio.

A satisfação pessoal é colocada em primeiro lugar, uma busca incansável por poder econômico, político e social. Dessa forma acabamos negligenciando a preservação ou mesmo a recomposição das condições de disponibilidade desses recursos naturais.

A história ambiental/ história das paisagens urbanas esta relacionada com um espaço, tornando explicito a história de um lugar com toda a sua cultura material e social.

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Segundo SILVA: “o fulcro deste processo de percepção de natureza reside nas transformações sofridas pelas paisagens, que surgem como reflexos, como forma aparente e resultado de interação do homem com a natureza”. (p.204 – ano:2004)

Bem como a ação dos homens o tempo se encarrega de transformar a paisagem, através dessas diferentes ações naturais e sociais. Pode se dizer também que a paisagem é resultado da ação do homem sobre a natureza, sendo ele um agente transformador.

A paisagem urbana esta relaciona ao estudo da ecologia humana, pois pesquisa a relação homem/natureza, algo diferencial para os demais estudos realizados pela história. Trata-se de uma visão de conjunto, ou seja, um estudo de visão que abrange ao mesmo tempo o todo e as partes, bem como cultura/espaço ou homem/natureza, um conjunto de relações, de transformações sociais e ambientais ao longo dos tempos.

Francisco Carlos Teixeira da Silva ao escrever sobre História das Paisagens explicou que:

O diferencial importante que devemos reter na percepção da história da paisagem é a noção de conjunto, sistêmica, marcada por padrões passiveis de comparação. Não se trata de uma história econômica de uma região ou seu retrato – como na geografia --nem tampouco de um processo de urbanização ou de esvaziamento de uma cidade, embora estes elementos devam estar presentes. Trata-se de uma visão de conjunto, do enlace de múltiplas variáveis, em uma duração sempre longa. Impõe-se para tal uma abordagem holística, de conjunto, uma síntese para além das histórias particulares.(p. 205 – ano: 2004)

O conjunto formado pelo homem e pela natureza da vida a paisagem urbana, objeto de estudo, o qual tem como formadora a ação do homem devido as suas necessidades e padrões de vida, os quais são os maiores responsáveis pelas transformações ambientais diante do meio urbano e também rural é claro.

O homem e a natureza formam uma cadeia alimenta, os quais vivem em constante luta pela existência, cada qual com seus fundamentos em ralação a sobrevivência diante do mundo. Para alguns pesquisadores, o descontrole humano para com a extração dos recursos naturais, causa um desequilíbrio ambiental e social, pois as pessoas estão perdendo o controle das suas ações em prol dos seus interesses econômicos e esse fato é visivelmente percebido quando se fala em paisagem urbana, a qual é praticamente formada por propriedades com pouca arborização, mas trataremos deste assunto nos próximos capítulos, com mais profundidade.

O crescimento populacional é um fato marcante diante da história das paisagens principalmente referente à paisagem urbana, bem como suas respectivas transformações ambientais, devido a expansão necessária para a proporção de seres humanos existentes por

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“metros quadrados”, o espaço e a cultura dos grupos aos quais pertencem, tudo isso resulta na produção de diferentes paisagens urbanas, as quais muitas vezes não tem planejamento e nem coordenação alguma, por isso as modificações vão ocorrendo de forma incoerente e sem preocupações com o ambiente natural ao qual se encontravam anteriormente da ação humana.

Compreendemos aqui como dados do direito o conjunto de regras, normas de tradições que regulam a apropriação e o uso da natureza pelo homem. Uma visão funcionalista da história tratou de forma idílica as relações entre os grupos sociais e a natureza, em que cada grupo apropriava-se de uma parcela “necessária” dos recursos naturais, o evitando o desperdício. O nível técnico e as necessidades naturais dos grupos definiram, exclusivamente, o conteúdo normativo da apropriação da natureza. ( Francisco Carlos Teixeira da Silva, p.212 – ano: 2004)

A natureza tem um papel fundamental na vida do homem, sendo possível afirmar que seria impossível sua existência na terra sem o ambiente natural, ao qual ele se considera na maioria das vezes proprietário com totais direitos de usar e transformar. Essa transformação a qual me refiro é devido as suas necessidades como ser humano, mas o que a grande maioria não consegue perceber e compreender é que o ambiente natural pode vir a se extinguir, acabando com a natureza e com a vida humana, pois necessitamos dos recursos naturais para viver em sociedade.

Dessa forma é possível afirmar que a história ambiental mostra o papel e o espaço da natureza diante da vida humana e das suas questões sociais, por isso é preciso compreender a formação da natureza e suas possíveis utilidades e cuidados, pra posteriormente extrair os seus recursos de forma saudável e não destrutiva, onde seja possível sua reabilitação ou reprodução ambiental.

Marcos Gerhardt, apud, Worster argumenta também que: “A história ambiental deve incluir no seu programa o estudo de aspectos de estética e ética, mito e folclore, literatura e paisagismo, ciência e religião – deve ir a toda parte onde a mente humana esteve às voltas com o significado da natureza”. (p. 23, ano: 2009)

Diante dos estudos sobre a paisagem urbana estão relacionados os estudos sobre os seres humanos e suas crenças, pois é através da ação humana que surge a paisagem urbana, a partir disso, também é preciso compreender o porquê de tantas transformações descontroladas em relação à natureza, é preciso tentar compreender porque tanta má ação em prol de benefícios próprios e desnecessários, pois é possível utilizar os recursos da natureza de forma apropriada e legal.

As mudanças realizadas pelos homens estão causando um desiquilibrio nos ecossistemas, pois a cultura humana esta relacionada exatamente a esse tipo de ação, fazendo

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com que mesmo os bens naturais renováveis acabem não sendo totalmente renováveis, diante de tantas imprudências humanas.

Segundo Marcos Gerhardt pode se dizer que:

Trata-se, pois, de uma degradação energética ligada à intensidade e a velocidade da utilização dos bens naturais, que aumentou muito na forma capitalista de produção. Produzir em longa escala e rapidamente, como se faz no capitalismo significa acelerar o processo de degradação energética. Daí a preocupação de ecologistas, autoridades, historiadores e outros profissionais, pois considerando a entropia, mesmo os bens naturais tidos como renováveis, não o são o totalmente. (p. 27-28, ano: 2009)

Diante da perceptiva de relacionar homem e natureza temos muitos paradigmas, dos quais é necessário uma compreensão ampla, buscando explicações para tantos conflitos entre os mesmos, os quais têm como maior consequência a irresponsabilidade humana. O ser humano busca atingir conquistas materiais a todo custo, diante dos seus respectivos interesses, a paisagem urbana para ele é vista como um bem material, ou seja, não merece respeito e cuidados como meio ambiente, pois é transformada em paisagem conforme os seus planos sociais e econômicos.

Francisco Carlos Teixeira da Silva ao escrever sobre História das Paisagens diz que:

Ao tratarmos de amplos sistemas apenas provisoriamente estáveis – como as paisagens – deveríamos levar em conta não só a multilateralidade de processos de desenvolvimento, mas também, fundamentalmente, a imprevisibilidade de resultados a partir de pequenas alterações, turbulências ou intervenções aleatórias no seu funcionamento. No caso da analise histórica das paisagens, consideradas como um determinado bioma dever-se-ia considerar que são sistemas abertos, submetidos permanentemente a fatores aleatórios – entre os quais os variados tipos de ação humana-cujos resultados não são previsíveis. (p.208 – ano: 2004)

Para alguns historiadores a paisagem é vista como um bioma, ou seja, matéria de origem vegetal de diferentes tipos encontrados em diferentes regiões, esses sistemas podem ser vistos como abertos a transformações aleatoriamente pela ação humana, com resultados inexplicáveis.

A partir disso, pode se dizer que existem diferentes visões sobre as pesquisas referentes à história das paisagens, bem como a ação humana sobre a mesma, tendo variações de tempo e espaço, conforme a sociedade considera necessário e apropriado para suas possíveis acomodações e realizações.

Segundo DRUMMOND uma das maneiras mais provocativas de colocar o significado da história ambiental é:

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Considerar o fator tempo. O tempo no qual se movem as sociedades humanas é uma construção cultural consciente. Cada sociedade cria ou adota formas de contagem e divisão de tempo em torno das quais se organizam as diversas atividades sociais... para o historiador, em especial, o tempo é um crucial fio condutor das mudanças e continuidades que lhe propiciam os seus objetos de estudo, quando não os seus conceitos. (p. 178- ano:1997)

Para os historiadores pesquisar história ambiental ainda é bastante novo e complexo, pois é um caminho ainda bastante desconhecido, onde as fontes disponíveis são poucas, dessa forma todos os trabalhos feitos sobre este assunto contribuem de alguma forma para compor o complexo campo da historiografia.

A história ambiental nos proporcionar uma analise sobre a sociedade e a sua economia, a qual se pode dizer que é extremamente dependente dos recursos naturais. Nossas expectativas de vida dependem desses recursos, da forma como os tratamos e do uso que lhe damos. A paisagem urbana que é o objeto de estudo do seguindo capitulo tem como principal fator mostrar a transformação ocorrida a partir da ação do homem em prol dos seus interesses econômicos e sociais.

Dessa forma é possível dizer que não se percebe o principal interesse das sociedades quanto à forma das paisagens e das respectivas formas, diante das cidades, qual foi o planejamento para suas construções, ou elas apenas foram formadas de maneira que a economia e o bem estar social fossem alcançados. Essas são algumas das questões abordadas pela história ambiental/paisagem urbana, diante dos estudos históricos.

A sociedade não está em busca de um controle ambiental, mas sim de lucros exorbitantes onde todos possam extrair os recursos naturais, para atingir status econômico e social. A superpopulação, localizada nas cidades é um fato determinante para as paisagens (não é o caso da cidade de Jóia/ população pequena), bem como a educação ambiental das pessoas.

A partir desses fatos o segundo capitulo esta voltado para a pesquisa sobre as transformações das paisagens urbanas, é uma maneira de demonstrar ou mostrar os resultados das ações dos seres humanos, para com a natureza, a qual nos fornece muitos bens e que não sabemos preservar.

As transformações ambientais ocorrem há muito tempo, devido à colonização e até antes dela, para serem usadas em beneficio dos homens e para a construção de novos espaços, principalmente os urbanos.

Dessa forma, as transformações ambientais, como um objeto de estudo determinante para os estudos históricos, mostrando a importância da história ambiental diante da

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compreensão das ações humanas. Os estudos referentes à história ambiental visam conservar a memória nas mudanças ambientais e sociais.

Assim, estudar o ambiente como um tema para a história permite além, de conservar a memória das mudanças da paisagem, formular explicações sobre a vida humana no passado, relacionadas com a natureza, sem abandonar aspectos econômicos, políticos e culturais. (Gerhardt p. 31 – ano:2009)

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2 A TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM URBANA EM JÓIA

Como vimos no capitulo anterior a paisagem urbana nos proporciona viabilizar as ações humanas perante a natureza e seus interesses econômicos e sociais. Através dos aspectos e possível mostrar a transformação da paisagem urbana ocorrida no município de Jóia, durante os seus primeiros anos de formação.

Antes da chegada dos primeiros habitantes, o local onde hoje se situa a cidade de Jóia, sede do município, era coberta por matas e campos e insos, as primeiras casas ficavam situadas próximas ao rio Lajeado Bonito, além de outros cursos de águas existentes.

Segundo o professor de História Gilmar Gomes da Silva.

Os campos abrangiam a maior parte da área, eram formados por gramíneos e pequenos capões de mato, aroeiras, espinilhos, etc.. No ano de 1916, chegaram os primeiros habitantes, Antonio Mastella e Victório Bernardi. Estabeleceram-se junto ao Lajeado Bonito, dando inicio ao povoamento da atual sede do município. (p.34 – ano: 2003)

No inicio da formação da localidade pertencia-se ao município de Santo Ângelo e chamava-se 21 de Abril, no ano de 1928 com a emancipação de Tupanciretã, a área do município de Jóia passou na pertencer ao novo município, vindo a ser chamada de 2º Distrito de Tupanciretã – Vila 21 de Abril.

Nos primeiros anos tudo era muito diferente segundo entrevista oral com o senhor Victorio Fidelis Cazarotto, havia apenas duas ruas centrais, as quais eram de terra, a Rua Brasilina Terra a qual ligava o povoado da vila com o povoado da região da colônia e a Rua Vicente Nascimento e Silva (Hoje Avenida), que era ligação com o pessoal da campanha.

Usavam-se essas denominações campanha e colônia, para identificar a colonização ocorrida no município, colônia devido aos imigrantes alemães e Italianos e campanha por causa dos castelhanos, Espanhóis entre outras etnias colonizadoras dessa localidade, mas tudo

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dentro do mesmo município, ou seja, Jóia (atualmente), o qual tem uma grande extensão territorial rural.

A cidade era denominada por parte alta e baixa, na parte baixa ficava a maioria das casas, sendo próximas ao rio, o moinho, uma quitanda, a delegacia, entre outros, já a parte alta era coberta por campos, sendo utilizada para a pecuária, existindo inclusive uma criação de búfalos de propriedade de Marcial Terra, grande proprietário da época, tendo um poder aquisitivo bastante significativo.

Os primeiros anos de colonização foram bastante difíceis, pois os habitantes desta localidade não dispunham de conforto, tendo-se uma vida bastante simples e rudimentar.

Na imagem (1), visualizemos o Arthur Schwerz em sua residência – 1923.

Figura 1 - Arthur Schwerz em sua residência

Fonte: Acervo da Família Poletto

Em um primeiro plano podemos visualizar a carroça e o cavalo utilizados pelo Senhor Arthur Schwerz ao lado da carroça. Os sujeitos da foto, é a família de Arthur, trajam roupas simples do dia-a-dia de trabalho, até porque foram fotografados em uma situação de trabalho, sendo a carroça utilizada como meio de transporte.

Em um plano direcionado aos detalhes na imagem podemos ver uma família em sua residência, sendo esta composta por seis pessoas, três crianças e três adultos, os filhos mais novos encontram-se um no colo da mãe e os outros dois na carroça com ao lado do pai. O pai esta segurando o cavalo, o qual era o chefe da família, mas todos trabalhavam. Ressalta-se que desde muito cedo as crianças já participavam das lidas (trabalho) da casa, enquanto os mais velhos participavam das lidas da lavoura.

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Os mesmos estão de acordo com a época da fotografia, também é possível ver uma construção de madeira, bastante rústica, sem aperfeiçoamento na arquitetura, o pátio da casa não era fechado e de chão batido, sem gramado. Não dispunham de água encana, sendo utilizada a água do rio para todas as necessidades referente a ela.

Em um plano de fundo é possível perceber a pouca arborização, devido à região de campo e o desmatamento para a utilização da madeira. O fato principal da imagem e o cavalo, com a carroça, assim como o pai e os filhos, atrás em plano de fundo têm a casa em madeira com os demais familiares, pode-se observar como as casas eram simples e rudes, além de vermos abaixo aberturas, aonde era o porão, local onde eram guardados utensílios da casa.

Podemos perceber em um plano de leitura mais geral, a família Schwerz em frente a sua casa, os quais são de origem alemã e fazem parte dos colonizadores dessa região. Quando migraram para essa região vieram em busca de uma terra para cultivar, aonde pudessem criar seus filhos e envelhecerem tranquilos. Diante da fotografia podemos visualizar como era difícil trabalhar e se locomover, pois haviam apenas carroças puxadas a cavalo, ou próprio cavalo, além do fato das estradas serem poucas e ser necessário fazer trilhas por meio de campos região afora. Todos viviam de maneira simples, sem grandes confortos.

A energia elétrica nós primeiros anos eram as lamparinas a querosene, posterior a essa usavam a luz de continuo e muito tempo depois à energia elétrica que dispomos hoje.

No inicio da ocupação, viver nesta terra era muito difícil e exigia muito sacrifício por parte de seus moradores. Não existiam estradas somente picadas, que eram caminhos abertos através da mata, por onde passavam a pé ou a cavalo. Estes caminhos eram feitos a machado, facão e enxadas pelos próprios moradores. (Gilmar Gomes da Silva, p.44 – ano:2003)

As dificuldades começaram com a construção das casas e com a preparação dos terrenos, pois todos os serviços eram manuais, sendo preciso bastante esforço.

A cidade teve seu inicio próximo ao rio para que se tivesse acesso à água a qual era utilizada para beber, lavar roupa, limpar a casa, tomar banho, saciar os animais, etc.. O local onde se situa a cidade em um serro, sendo a primeira rua localizada na parte baixa e mais plana. Os poços artesianos foram construídos um bom tempo depois do inicio da colonização, sendo na década de 40, mas mesmo assim de uma forma bastante rudimentar, como podemos observar na figura (2).

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Figura 2: Máquina de perfurar poços: Um dos primeiros poços artesianos da cidade de Jóia - Década de 1940

Fonte: Acervo da Família Poletto

Em um primeiro plano de leitura, podemos observar alguns moradores da vila Jóia, olhando a perfuração do primeiro poço artesiano da cidade, na década de 40. As pessoas estão colocadas em pé próximas a maquina esperando a finalização da obra. Todos vestem roupas simples, pois a população era bastante simples e rústica.

Num plano de leitura direcionado aos detalhes, podemos visualizar uma maquina de perfurar poços artesianos e a população participando do momento em que o primeiro poço estava sendo perfurado.

A população da vila ficou radiante com a perfuração do primeiro poço artesiano, sendo um grande poço, a qual necessitava da ajuda manual das pessoas, sendo um equipamento grande com suporte de madeira, colocado em cima de um caminhão pequeno, equipamentos pouco tecnológicos, os sujeitos da fotografia, são os trabalhadores e alguns moradores da vila, curiosos e ansiosos com a novidade, todos vestem roupas simples de acordo com acontecimento na localidade.

Também é possível observar a vegetação presente no local, sendo uma área de serro coberta pó gramas e brejos, sem casas.

No plano de fundo temos uma área aberta com uma visão de uma área ainda não desbravada sendo utilizada para a alimentação do gado, devido à região de campo. A implantação do primeiro poço artesiano fez com que a tecnologia começasse a se desenvolver em Jóia de acordo com o período.

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A partir de um plano de leitura mais geral, podemos perceber as necessidades presentes durante a colonização da vila, sendo um deles o difícil acesso à água potável. Durante um longo período os moradores retiravam a água de vertentes, ou olhos d’água, como eles costumavam chamar, apenas na década de 40 que começaram as melhorias em relação as fontes de água, período em que foi perfurado o primeiro poço artesiano da Vila (hoje cidade).

Há também a necessidade de ressaltar a forma como os moradores eram unidos, para com a evolução da comunidade, em diferentes aspectos.

As casas eram feitas de madeira, cobertas de telhas, o que podemos observar na figuras (3).

Figura 3 – Casa construída por Victorio Fidelis Cazarotto Ano de 1945.

Fonte: Acervo da família Cazarotto

Em um primeiro plano podemos visualizar Victorio Fidelis Cazarotto, em cima da casa a qual ele estava construindo, estando ele vestindo roupas simples, pois estava em seu ambiente de trabalho, posicionando-se em pé, sem movimento, apenas esperando a captura da fotografia.

Num plano de leitura direcionado aos detalhes podemos perceber a construção em estágio inicial, casa a qual não sei informar o proprietário, sendo pequena e feita toda em madeira, coberta de telhas. É interessante na imagem a possibilidade de percepção, da forma como as casas eram construídas, do trabalho realizado pelos construtores, sendo um serviço manual, além da vegetação presente no local a qual era apenas brejos, não havendo mato próximo. A madeira utilizada vinha da serraria de Antonio Mastella, o qual trazia a madeira de outras regiões. O construtor Victorio Fidelis Cazarotto é um dos moradores mais antigos da cidade, o qual foi o responsável pela construção da maioria das casas no período de colonização.

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No plano de fundo, não há muito que observar apenas a extensão territorial e a vegetação predominante, ou seja, os brejos e as capoeiras existentes nessa região.

No inicio da ocupação do espaço pelos colonos, principalmente antes da chegada da energia elétrica, os trabalhos eram mais difíceis, pois não havia ferramentas que facilitassem o trabalho dos construtores, sendo este manual e bastante cansativo. Os habitantes da vila (cidade agora) trabalhavam em suas habitações e na comunidade, pois havia poucos moradores e a fonte de renda era bastante limitada, além da mão de obra e da distancia existente entre as localidades e cidades, então procuravam trocar favores (alguns pagos a dinheiro, outros em mercadoria), utilizando o conhecimento de cada morador, uma das fontes de renda era o moinho.

Em 1917é construído o moinho e engenho como era chamado elos moradores, movido pela força da água levada através de uma bica de até as rodas de moagem de farinha, cana, milho, arroz... Os primeiros empregados do moinho foram os senhores Ricardo Bazzan Neto e Francisco Pinheiro. (Gilmar Gomes da Silva, p. 44 – ano:2003)

O moinho se localizava próximos a rio (Lajeado Bonito), pois o engenho do moinho onde se moia os produtos produzidos ali era movido pela força da água levadas através de uma bica até as rodas de moagem. O moinho e a serraria foram o inicio da economia da cidade, em termos de comercio. Também se tinha outras fontes de renda, assim como a criação de gado e de porcos, enfim produtos alimentícios chamados de coloniais pelos habitantes, devido à colonização do local. Podemos observar o moinho na figura (4).

Figura 4 – Moinho do Senhor Marcial Terra, após alguns anos, passou a pertencer a Família Poletto. Década de 20

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Em um primeiro plano podemos observar a construção do Moinho, não havendo pessoas na fotografia.

Num plano de leitura direcionando podemos perceber o prédio do moinho, uma construção de madeira coberta de zinco, outro ponto interessante é o local da construção, o qual é uma área plana, próxima do rio (Lajeado Bonito).

O modelo da construção é muito interessante, deixando clara a presença da imigração e da utilização da sua cultura durante a construção das casas. O Moinho e Engenho como era chamado tem varias portas e janelas, tudo em madeira. Algumas repartições eram utilizadas para a produção dos produtos a serem vendidos, outras serviam como alojamento. Durante muito tempo o Moinho foi a principal fonte econômica do município de Jóia, principalmente durante a sua formação, quando ainda era vila.

No plano de fundo podemos perceber alem da área transformada para a implantação do Moinho, o ambiente natural, uma parte da mata, localizada próxima ao rio que passava atrás do Moinho, proporcionando uma visão da transformação da paisagem a partir da colonização.

A Vila Jóia começava crescer aos poucos, seus povoadores necessitavam melhorar suas vidas, criando novas maneiras de sobrevivência. O Moinho foi construído por Marcial Terra o qual tinha um grande poder aquisitivo na localidade, tendo muitas terras e dinheiro, com o Moinho surgiram empregos, produção econômica e desenvolvimento para a comunidade, a qual começava a acreditar que a inovação seria uma melhoria de vida, assim também surgiu a serraria, a qual era de propriedade de Antonio Mastella, aonde se produzia a madeira utilizada pelos moradores, como podemos observar na figura 5.

Figura 5 – Serraria do Senhor Antonio Mastella – 1915

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Em um primeiro plano de leitura podemos visualizar o proprietário da serraria Antonio Mastella, juntamente com os seus funcionários, todos a frente da serraria. Vestiam roupas simples, devido ao fato de estarem no ambiente de trabalho. Alguns trabalhadores estão posicionados em pé, outros sentados próximos às madeiras que seriam transformadas em tabuas.

Num plano de leitura direcionando aos detalhes, podemos perceber a forma simples como o trabalho era realizado, as criações que se tinha, tais como porcos, galinhas, bovinos, mas o fator mais importante são as arvores, as quais foram derrubadas para serem transformadas em madeira, fator marcante da colonização/imigração. Os porcos presentes na fotografia eram utilizados para o consumo próprio e para a venda comercial. As toras de madeira na maioria das vezes eram trazidas de outras regiões, pois as existentes nessa localidade não serviam para a produção de madeira. Havia um numero significativo de trabalhadores na serraria, os quais trabalhavam duro para o funcionamento da mesma.

Diante do plano de fundo, podemos ver a construção de um galpão de pequeno porte, o qual era utilizado para a produção da madeira. Ao lado podemos perceber um pouco de vegetação nativa, a qual pertence ao mato que ficava próximo a serraria.

A medida de um plano de leitura geral, percebemos vários fatores, referentes a paisagem urbana e suas transformações, tais como vegetação presente, os trabalhos realizados e como a matéria prima era retirada da natureza. Os objetos e animais que compõem os planos da imagem contribuem para a representação de possíveis ofícios que os mesmos desenvolviam como as pessoas e a serraria, que remetem à idéia de um trabalho difícil e bastante manual, durante o inicio da colonização.

Com o passar dos anos a população foi aumentando, surgiram novas casas, novos pontos comerciais, vendo-se como necessidade a criação de um local de lazer, para a população a qual era bastante festeira segundo Victorio Fidelis Cazarotto, não se tinha muito conforto, mas, se vivia com bastante esmero e alegria, trabalhando bastante e assim passavam se os anos. Devido a isso foi construído um Clube Harmonia, como podemos visualizar na figura 6.

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Figura 6 – Clube Harmonia no ano de 1937 Festa da Capela

Fonte: Acervo da Família Poletto

Em um primeiro plano podemos observar, os sujeitos da fotografia, os quais estão usando trajes de festa, estando algumas pessoas sentadas ao redor das mesas, aguardando o almoço que iria ser servido, também há pessoas em pé, os quais estavam passando a primeira Eucaristia, segundo o cristianismo, pois a festa que estava acontecendo era no Clube Harmonia era da Capela Católica da Vila, suas posições são bastante formais, de acordo com a década em que estavam.

No plano direcionado aos detalhes, podemos ver uma divisão na posição das pessoas, ou seja, moças de um lado e rapazes de outro, os casais sentados ao redor da mesa. Ressalta-se que desde muito cedo as crianças participavam da igreja, Ressalta-sendo parte da cultura da localidade. A Santa padroeira da vila localizava bem no meio do salão, sendo homenageada por todos os presentes. As mesas e cadeiras todas em madeira, assim como o prédio do clube. As fitas brancas em tecidos eram usadas como decoração da festa.

No plano de fundo podemos perceber as paredes do clube, sendo estas em madeira, produzida na Serraria da Vila, por um dos moradores da localidade. A arquitetura usada era simples, sem projeto, ou arquiteto, apenas fruto do conhecimento e da experiência dos moradores da comunidade, os quais aprenderam devido as necessidades encontradas.

Diante de um comentário geral, observa-se, a necessidade de um espaço para realizar as festividades, os momentos de lazer, a partir disso os moradores construíram o Clube Harmonia, para felicidade da comunidade.

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O Primeiro prédio foi construído de madeira na década de 30, durante muitos anos foi o único espaço de lazer para a localidade e seus moradores. Atualmente o Clube Harmonia é uma construção de material, tendo a mesma localização.

A comunidade construiu novos espaços festivos, devido à ampliação da cidade, mas o clube ainda é utilizado para eventos festivos, assim como, bailes, festas, aniversários, entre outras festividades culturais.

A cultura trazida pelos imigrantes continuou viva, sendo aplicada durante a colonização e da construção da nova cidade.

Com o aumento da comunidade surgiu à necessidade de se criar um local para lazer. Em 1937, foi construído o Clube Harmonia. Era uma construção de madeira localizada onde ainda hoje funciona o clube, mas no tempo atual a construção foi mudada sendo de concreto. (Gilmar Gomes da Silva, p. 45 – ano:2003)

A dificuldade de acesso a outros municípios, devido às estradas serem precárias e os meios de transporte ser pouco, sendo mais utilizado os cavalos e carroças, já que eram poucos os moradores que possuiam veículos a motor, proporcionou o desenvolvimento de atividades comerciais e industriais da localidade, uma casa comercial, uma mercenária, uma ferraria, um armazém e um posto de gasolina, como podemos observar na figura (7).

Figura 7 – Posto de gasolina dos Viones - Década de 30

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Em primeiro plano, podemos ver o prédio do posto de gasolina da família Vione, construído na década de 40, também é possível ver um automóvel, estacionado ao lado do posto.

Diante da leitura do plano de detalhes podemos perceber a construção em concreto, coberta de detalhes, o calçamento existente fica apenas onde ficam as bombas de abastecimento, a frente é possível ver a rua de terra, ao lado direito uma pequena arvore, plantada pelo proprietário, a qual faz parte da paisagem urbana. O posto fica localizado próximo ao moinho e ao Rio Lajeado Bonito, locais onde a cidade iniciou, devido ao abastecimento de água, o qual era fornecido pelo rio no inicio da colonização.

A economia progredia a cada ano, e com inicio, surgiram novas construções, novas ruas, havendo muitas transformações ambientais na vila a qual hoje é uma cidade.

No plano de fundo podemos perceber a vegetação Natural do local, assim como o serro ao qual o meio ambiente estava fixando. A vegetação Natural era composta por algumas arvores (poucas) e por uma vegetação rasteira, conhecida popularmente pelos habitantes como brejos, além de algumas áreas de grama.

Com a colonização a vegetação começou a ser transformada, com a construção de casas, da implantação do comercio e principalmente com a abertura de ruas e espaços para plantações e criações de animais.

Muitas árvores foram derrubadas, sobrando poucas áreas Naturais, através da fotografia do posto de gasolina é possível ver a relação criada entre a natureza e sociedade e as consequências ambientais causadas pela ação Humana.

Os comerciantes compravam tudo o que a colônia produzia e vendiam para comprar os produtos que não se produziam na localidade.

... a casa comercial de Fidélis Fontana, a marcenaria de Fiorelo Fiorin, a ferraria de Ângelo Cazarotto, o armazém de Luis Valentini, o posto de gasolina da família Vione, etc. O Quitanda foi um dos estabelecimentos mais antigos na localidade, era hotel e armazém, aí se vendia de tudo. O nome era Quitandinha porque havia um hotel no Rio de Janeiro com esse nome e era muito falado na época(esse nome foi dado por Antonio Mastella). (Gilmar Gomes da Silva, p. 45 – ano:2003)

A cada ano a Vila crescia um pouco mais, devido a isso era necessária a criação de serviços básicos, bem como, uma escola, uma delegacia, e extensão da rede de água existente na época a qual era feita por uma bomba de água instalada no moinho, para que se tivesse acesso de água até a parte mais alta da cidade, onde ficava o clube e a Escola Antonio Mastella, como podemos visualizar na figura (8).

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1 2 Figura 8 – Prédio da Escola Antonio Mastella

Inicio da construção foto 1 – Construção finalizada foto 2 Fonte: Acervo da família Poletto

Em primeiro plano diante da imagem 1, podemos perceber os alunos do Colégio Antonio Mastella, durante o período de construção do prédio, estes estavam em formação para ouvir o hino nacional brasileiro, todos os alunos uniformizados, meninos de um lado e meninas do outro. O comportamento dos educandos era cobrado rigidamente pelos professores, pais e funcionários da escola, estando todos muito ansiosos pela nova escola. Na imagem 2 não tem pessoas apenas o prédio do Colégio Antonio Mastella com a construção finalizada, estando apto para o uso de todos os seus integrantes.

Diante do plano de leitura dos detalhes, podemos visualizar o prédio do Colégio Antonio Mastella em dois estágios diferentes, na imagem 1 temos o prédio no inicio da sua construção, sendo possível ver os alunos observando o prédio em construção, na imagem 2 o prédio já esta pronto, sendo utilizado pelo grupo escolar. O principal objeto das imagens e o prédio em construção, na imagem 1 o fotografo visualiza o prédio de lado, fazendo a captura da imagem, já na imagem 2 o fotografo procurou mostrar o prédio de frente, tendo-o como objeto principal. Pode-se observar também a rua sem calçamento, uma arvore grande ao lado, com pouca grama a frente, e mais terra.

No plano de fundo percebemos poucos detalhes, pois a imagem 2 tem como foco principal o prédio, não abrindo a lente para maiores observações, diante da imagem um já é possível visualizar algumas arvores e um prédio ao lado do outro o qual também faz parte do Colégio, além do céu e de algumas sombras.

Através de um plano de leitura geral, temos a representação de um local de trabalho e aprendizagem, onde é possível visualizar os sujeitos em um dia de trabalho e aprendizagem, diante da imagem 1, essas duas imagens nos permitem perceber as ações culturais e sociais dos sujeitos colonizadores da cidade de Jóia, a qual, foi se desenvolvendo aos poucos, tanto

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socialmente, como patrimônio físico, a qual foi sendo modificada e construída ao longo dos anos de habitação.O colégio foi inaugurado em 1941.

Em maio do ano de 1938, pelo decreto lei 10/12 do município de Tupanciretã, a sede do distrito transfere-se da vila 21 de abril para a vila nova como era chamada atual sede do município. Neste mesmo ano o lugarejo recebe o nome de Vila Inconfidência. Depois passou a ser chamada de Vila Jóia, no ano de 1982 com a emancipação do município foi substituído para de cidade de Jóia.

A emancipação provocou uma imensa mudança no município, diante de todos os fatores tais como, sociais, econômicos, políticos e culturais.

Surgiram agencias bancarias (Bradesco e Banrisul), novos estabelecimentos comerciais, melhoria na infra estrutura básica (rede de água, abertura de ruas, calçamento, construção de redes elétricas, etc. muitas pessoas de vários municípios foram atraídas para trabalhar em Jóia, no comercio, na área de saúde e educação. Gilmar Gomes da Silva, p. 46 - 2003)

Na década de 50 foi inaugurado o prédio do hospital Santa Libera (hoje está desativado), ano no qual também chegou a Brigada Militar chegou para garantir a segurança da localidade, teve como localização dois pontos da cidade, primeiramente em um prédio de dois pisos, como podemos ver na figura (9) na Rua Brasilina Terra e depois passou a se fixar no atual prédio da câmara de vereadores, o qual não dispõe de imagens.

Figura 9 – Antigo Prédio da delegacia

Fonte: Acervo da família Poletto

Em um primeiro plano, podemos visualizar a construção do Antigo prédio da delegacia, o qual foi o primeiro prédio policial. Na fotografia não há pessoas presentes,

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apenas casa, arvores, carros e as ruas. A imagem é de um prédio mais atual, devido ao fato de não ter conseguido acesso a uma fotografia mais antiga.

Em um plano direcionado aos detalhes na imagem, podemos ver o prédio da delegacia ao centro da foto, não sendo a pintura original, devido o prédio atual ser de moradia, também podemos perceber a vegetação presente ao redor das casas e principalmente as mudanças ocorridas, a rua asfaltada, as placas, o calçamento das calçadas, a arquitetura do prédio é a mesma o que proporciona a visão da contribuição da colonização/ imigração. O objeto principal da fotografia é o prédio central, ou seja, o da delegacia, mas devido à expansão visual proporcionada pela foto, podemos observar diferentes fatores, os quais são objetos de estudo, diante da paisagem urbana e suas transformações, ocorrido durante o passar dos anos.

No plano de fundo, podemos perceber, além do prédio da delegacia, algumas árvores, dos lados e/ao fundo, assim como a região de lavouras, localizadas do outro lado do Rio Lajeado Bonito, que fica atrás do prédio da delegacia, mas mais ao longe e que não é possível visualizar na foto.

A mata localizada ao fundo da imagem faz parte da vegetação Nativa, estando localizada próxima ao rio. As árvores colocadas ao lado foram plantadas pelos moradores, sendo parte da paisagem urbana.

A partir de um plano de leitura geral, temos como foco principal o prédio da delegacia, local muito usado nos primeiros anos de colonização, aonde o posto policial foi instalado e funcionou por um longo período. Alem disso, é possível visualizar a Rua Brasilina Terra, na sua extensão final, e a Travessa Vione a esquerda da foto, mas o ponto principal e a Natureza presente, a qual faz parte da paisagem urbana, sendo esta produzida pelos moradores, ao longo da construção urbana em Jóia.

A proposição de uma forma ocupacional inicial do espaço urbano pelos imigrantes através da colonização, nos remete a visualização da transformação urbana ocorrida, durante a ação social e do avanço tecnológico, o qual proporciona diversas mudanças na ambiente cultural e social, sendo a fotografia uma fonte importantíssima e fundamental.

Durante esse período de inovações, ou seja, mudanças devido ao crescimento da localidade, ela pertencia ao município de Tupanciretã, conforme foi citado anteriormente neste capitulo, a partir da década de 60 deu-se inicio as tentativas de emancipação da Vila Jóia, como era chamada nesse período, pois ao longo dos anos teve várias denominações.

O povoamento ocorreu ao longo da rua principal da cidade, Brasilina Terra, como podemos observar na figura (10), a qual cortava a cidade ao meio, dividindo a em dois lados.

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Figura 10 – Festa de sete de setembro, anos 70. Rua Brasilina Terra.

Fonte: Acervo da Família Poletto

Em um primeiro plano, um jovem com roupas simples, correndo descalço pela Rua Brasilina Terra, a principal rua da cidade de Jóia. Os demais sujeitos estão vestidos com roupas festivas, a platéia de um desfile de 7 de setembro, estando colocados na lateral da área onde esta acontecendo o desfile.

No plano de leitura direcionado aos detalhes, podemos visualizar a Rua Brasilina Terra a rua principal da cidade de Jóia, na década de 70, período no qual algumas ruas principais já haviam, sido calçadas, outro fator significativo são as árvores presentes as quais fazem parte da paisagem urbana. A localização das árvores nos mostra a ação do homem para com a natureza, pois essas árvores não são nativas, mas sim paisagem, devido ao fato da transformação ambiental. Também é possível observar uma construção em material, coberta com telhas e com aberturas de madeira, o que mostra a evolução tecnológica, pois nos anos anteriores as construções eram todas em madeira, a casa pertence à família Poletto, da sua construção aos tempos atuais. Essa fotografia mostra como as ruas, casas e a paisagem foram implantadas na cidade, mas sem qualquer tipo de planejamento.

No plano de fundo podemos perceber as casas, as pessoas, os postes responsáveis pelo transporte da energia elétrica, o calçamento da rua, a formação geográfica em forma de cerro, além do céu azul com algumas nuvens. Também podemos observar a sombra de algumas

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pessoas da platéia do desfile e das arvores presentes ao lado da rua. Essa imagem revela a transformação da paisagem urbana, com o passar dos anos, através da cultura e das ações sociais.

Diante da leitura de um plano geral, podemos perceber a evolução da cidade, a forma como foi sendo construída, sua cultura, seus agentes sociais e principalmente a transformação ambiental, ocorrida ao longo da colonização. Nos anos anteriores havia brejo, capoeira, campos e vegetação rasteira, onde se criavam animais, tais como búfalos e bois, diante da fotografia podemos visualizar ruas, moradias e vegetação paisagista, deixando claro as transformações da paisagem urbana em Jóia.

A localização das casas ocorreu devido à localização dos pontos comerciais, bem como a escola e o clube. As primeiras casas eram próximas ao rio, mas ao longo dos anos a cidade começou a crescer distante do rio, pois já se tinha água encanada e rede elétrica facilitando a vida dos moradores, os espaços de campo e capoeira já eram poucos, os quais foram dando espaço às moradias. As construções foram mudando, trocando a madeira por concreto, mas essa modificação ocorreu dentro de um período de trinta a quarenta anos. Foram sendo plantadas árvores e criando ruas, no inicio de chão batido, ou seja, de terra, após alguns anos de pedra (calçamento), apenas a Rua Brasilina Terra foi asfaltada (rua principal), a cidade estava crescendo.

A rua Brasilina Terra, a principal rua de nossa cidade. No inicio da formação da cidade era apenas uma estrada estreita, por onde as carroças e carretas, os animais, as pessoas, passavam pra ir nas outras localidades. Essa estrada foi o começo de tudo, porque era por ela que se passava para ir nos outros municípios, tudo de carroça ou carreta puxada a boi.(Victorio Fidelis Cazarotto, entrevista oral- ano:2010)

Durante o período de desenvolvimento da cidade, foram aumentando as casas, as ruas, os empreendimentos, havendo muitas mudanças sociais e culturais, mas ficou claro durante os estudos realizados que não houve qualquer planejamento, ou preocupação ambiental, não sendo feito um projeto da cidade, onde possa haver uma paisagem urbana. A paisagem urbana se construiu a partir da construção de cada morador e das visões sociais, culturais, econômicas e ambientais, bem como da sua busca por uma melhoria de vida.

A partir da construção da cidade houve as mudanças ambientais e com elas foram surgindo às transformações ambientais e suas consequências, as quais veremos especificamente no próximo capítulo.

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3 AS CONSEQUÊNCIAS CAUSADAS PELA AÇÃO DO HOMEM AO MEIO AMBIENTE NO PERÍMETRO URBANO

Como vimos anteriormente à paisagem urbana passa a existir a partir da ação do homem sobre a natureza, as transformações produzem inúmeras conseqüências, as quais muitas vezes são irreversíveis.

Diante do perímetro urbano pode se dizer que o meio ambiente é todo transformado, primeiramente com a construção das casas, em lugares anteriormente inabitados, como é o caso da cidade de Jóia, estudada no capitulo anterior. As transformações não são planejadas na grande maioria o que causa dados maiores para o meio ambiente, bem como a extração de matéria prima sem controle e sustentabilidade, mas esse fator veremos mais adiante.

A urbanização deveria ser em todas as formações urbanísticas planejada, para que as conseqüências ambientais e sociais, não fossem tão complicadas, pois devido ao espaço mal planejado e o aumento incontrolável das populações e da falta de organização das construções feitas. Em Jóia observa-se que não houve planejamento na construção da cidade, no inicio de sua formação eram poucos habitantes e a busca por água fez com que a cidade tivesse seu inicio próximo ao rio e ao mato, para facilitar a vida dos moradores, os quais dispunham de pouquíssima tecnologia e conforto, além disso, não se tinha conhecimento suficiente para buscar uma forma adequada para se projetar a cidade e nem se se preocupavam com essas questões ambientais nesse período da década de 20, os interesses sociais eram outros, tais como produzir novas fontes de renda e melhoramento de vida, como veremos mais adiante nesse capitulo.

O meio ambiente e o direito associados definem contornos precisos de paisagem – porém mutáveis. Toda atividade humana face a natureza é regida por um elemento básico: a atividade econômica do homem é sempre um processo de intercambio de energia com a natureza. (SILVA, p.213 – ano:2004)

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As transformações características da humanidade em relação ao meio ambiental, ou seja, ambiente natural acontece em longo prazo, o qual está sendo influenciado pelo número de riquezas oferecidas pela natureza, mas o problema e o descontrole da extração dessa riqueza e a desvalorização desses ambientes naturais, um fato significativo e á água da qual toda a humanidade depende para viver, mas que não da o valor devido.

Aglomerações nas cidades, superpopulações em conjunto com a poluição são fatores e conseqüências do urbanismo, da falta de organização, de conscientização social e cultural. Quando me refiro a cultura proponho a observação das ações humanas para com o ambiente no qual estão situadas, seja ele natural ou paisagista, que é o caso das cidades.

A sociedade tem como cultura principal o bem estar econômico e para atingir este status aquisitivo, fazem uso de todos os meios possíveis, principalmente dos recursos naturais. A paisagem urbana é consequência humana, pois utiliza um espaço situado em diferentes tempos, os quais vão causando novas e diferentes transformações. Na historiografia busca se mostrar que o ambiente e o espaço onde ocorre a história, deixando esclarecida a sua importância, bem como suas transformações ao longo dessa história.

“Uma lógica intrinsecamente perversa do ponto de vista do meio ambiente e, portanto, do ponto de vista de sobrevivência da espécie humana, porque a espécie humana vive no meio ambiente, é aqui na terra que nós vivemos.” (Michael löwy p. 79-80 ano: 2004)

Diante do ponto de vista, o qual fala sobre a sobrevivência humana, nós mostra o principal motivo da exploração o ambiente natural, os seres humanos em busca de poder aquisitivo e bens materiais, utilizam-se do meio ambiente irregularmente, para se beneficiar economicamente.

A partir disso, podemos relacionar o termo “sobrevivência” com o fator cultural, ou seja, a incessante busca por acumulação de lucros, tanto sociais como financeiros, os quais provocam o declínio ambiental e a produção da paisagem urbana.

Há outras maneiras de compreender a cultura, tal como a maneira social na qual ela foi gerada, bem como, a forma de pensar das pessoas. Dessa forma, a transformação da paisagem urbana é as consequências ligadas a ela estão relacionadas com o capitalismo, o qual esta anexada à sociedade como a única visão de vida.

A produção econômica é inteiramente capitalista, assim como a grande maioria da humanidade, a qual valoriza os benefícios próprios, o individualismo, promovendo a limitação dos recursos naturais, isto é, aproveitando-se do ambiente natural, sem perceber que o mesmo está se esgotando, sendo destruído aos poucos.

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O problema, no entanto é fazer com que a humanidade se conscientize, percebendo que suas ações para com o meio ambiente, estão trazendo conseqüências, na maioria dos casos irreversíveis.

Durante a formação do perímetro urbano, o ambiente natural sofre varias transformações, bem como podemos observar no capitulo anterior, diante da construção das casas, da produção de matéria prima, do consumo de água, enfim dentre outros recursos retirados da natureza, de forma devastadora, para a transformação do ambiente natural em ambiente social, pois é através da sociedade que os recursos naturais são transformados.

O desmatamento é uma das consequências mais graves, causado pela construção do perímetro urbano, devido ao uso abusivo do meio ambiente. Através do desmatamento muitas vezes causado através de queimadas ocorre a extinção de espécies da fauna e da flora. A poluição causada a partir das queimadas prejudica tanto as espécies vegetais, como animais e humanas, pois é prejudicial à saúde de ambos.

Ao longo dos anos a colonização para diferentes ambientes naturais fez com que a extração dos recursos naturais ocorresse de forma desordenada e sem planejamento, devido à falta de instrução aos colonizadores, os quais acreditavam que podia se aproveitar de tudo que encontravam pelos seus caminhos, diante das suas ambições e necessidades sociais.

O progresso da sociedade ocorria a partir dos anos, coma extração dos recursos encontrados na natureza, iam produzindo suas respectivas riquezas e sua subsistência, em meio a uma época de poucos recursos tecnológicos, já se era visível à destruição ambiental, em busca de poder aquisitivo e crescimento social.

“O poder de tomar decisões, inclusive as que afetam o ambiente, raramente se distribui de forma igualitária por uma sociedade, de modo que descobrir as configurações do poder faz parte desse nível de analise.” (Donald worster p. 202 – ano:2004)

A ação humana não tem como finalidade manter um equilíbrio com o ambiente natural, primeiramente busca se apropriar-se dos recursos dos quais a sociedade acredita ser útil para ela, para após isso analisar se é necessário restaurar os recursos retirados da natureza, mas o problema é que na maioria das vezes isso não é mais possível, pois existem cuidados necessários a serem tomados pra o aproveitamento dos recursos naturais.

Outro ponto significativo, do estudo referente à paisagem urbana, e as transformações e conseqüências causadas por essas mudanças para com o ambiente natural, são os meios tecnológicos, que ao longo dos anos foram tomando conta do mundo e da vida da humanidade, os quais muitas vezes chegam a firmar que não podem mais viver sem a tecnologia.

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“O tecno-ambiente, isto é, a aplicação da tecnologia no meio ambiente como núcleo de qualquer cultura, a influencia mais importante sobre a maneira como as pessoas convivem umas com as outras e pensam o mundo.” (Donald worster p. 208 – ano:2004)

Na produção de alimentos, de remédios, dos meios de transporte, enfim em todo lugar, para tudo usa-se os meios tecnológicos e mais do que nunca no ambiente natural, para que com isso seja possível transformar de forma mais rápida e fácil, para o uso humano. A paisagem urbana e um dos resultados do tecno-ambiente, pois sua existência e resultante dessas tecnologias, cada qual durante um período histórico, passando por inúmeras mudanças tecnológicas.

A cidade de Jóia começou sua história dispondo de meios rústicos para a transformação, pois no inicio de sua colonização não dispunham de tecnologia, a transformação ocorrida nesse período era a partir de trabalhos manuais, mas isso não significa que os meios naturais não sofreram transformações e nem conseqüências graves, pelo contrario, houve muita destruição das matas e transformação ecológica, para a construção de uma vida melhor e para a aquisição dos bens materiais. Nos tempos atuais tudo ocorre de forma bastante diferente, mas os objetivos são sempre os mesmo, poder aquisitivo e conforto principalmente tecnológico.

Seja qual for à causa, a consequência é sempre a mesma: o esgotamento dos recursos do ambiente, a queda da eficiência, a deterioração dos padrões de vida, as pressões para migrar para uma outra região – ou, se não há um lugar novo para ir, a pressão para encontrar novas ferramentas, técnicas e recursos locais, criando-se assim um novo tecno-ambiente. Em outras palavras a degradação do ambiente pode ser trágica, infeliz, ou se o povo vence o desafio, pode levar a vitoriosa emergência de uma nova cultura. (Donald worster p. 208 – ano:2004)

As causas das agressões ao meio ambiente são de ordem política, econômica e cultural. A sociedade ainda não absorveu a importância do meio ambiente para sua sobrevivência. O homem branco sempre considerou os índios como povos “não civilizados”, porém esses “povos não civilizados” sabiam muito bem a importância da natureza para sua vida. O homem “civilizado” tem usado os recursos naturais inescrupulosamente priorizando o lucro em detrimento das questões ambientais. Todavia, essa ganância tem um custo alto, já visível nos problemas causados pela poluição do ar e da água e no número de doenças derivadas desses fatores.

A preocupação com o meio ambiente caminha a passos lentos no Brasil, ao contrário dos países desenvolvidos, principalmente em função de prioridades ainda maiores como.

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As carências em tantas áreas impedem que sejam empregadas tecnologias/investimentos na área ambiental. Dessa forma, estamos sempre atrasados com relação aos países desenvolvidos e, com isso, continuamos poluindo.

Uma forma de perceber isso é visualizar uma foto área da cidade de Jóia, figura 11, onde podemos observar as mudanças que foram ocorrendo ao longo dos anos, devido as ações da população.

Figura 11- Foto aérea da cidade de Jóia, ano de 2003 Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal

Em um primeiro plano, temos uma visão de toda a cidade de Jóia, a qual foi fotografada no ano de dois mil e três, na imagem é possível ver as casas, as ruas e a vegetação presente na paisagem urbana, não havendo pessoas na foto.

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No plano de leitura direcionado aos detalhes, podemos visualizar toda a cidade, sua formação, a desde a sua colonização até o ano de 2003.

A vegetação presente entre as casas faz parte da paisagem urbana, ou seja, esta ali devido a ação dos seus colonizadores os responsáveis pela construção da paisagem urbana. Podemos visualizar a rua principal a única que é asfaltada, a qual corta a cidade bem ao meio, a vegetação presente ao redor da cidade faz parte da vegetação nativa, a qual aos poucos esta sendo destruída pela ação dos homens. Também é possível observar a saída da cidade em direção a campanha, local onde os moradores usavam para ir para os município vizinhos, no tempo em que não haviam estradas. As construções já são quase todas de materiais, havendo poucas construções mais antigas, mas devido a forma como a cidade foi fotografada fica difícil identificar essas casas. Há bastante vegetação, mas estas são plantadas e cuidadas de forma inadequada não havendo planejamento das partes constituintes.

No plano de fundo, podemos perceber uma ampla visão da extensão de terra do município, onde a agricultura predomina, outro fator visível na imagem, devido a proximidade das lavouras da cidade. Uma grande parte da mata nativa foi retirada para a produção das lavouras, aumentando o desmatamento da região, algo bastante presente nas áreas rurais do município.

Diante de um plano de leitura geral, podemos perceber tudo o que foi pesquisado durante os estudos sobre o município de Jóia, pois essa imagem tem uma ampla visão de como a cidade foi crescendo, sua cultura se modificando, assim como a sua paisagem urbana. A natureza tanto de forma nativa como de forma paisagista tem um papel fundamental na vida do ser humano, o que também pode se dizer que não é possível sobreviver sem os recursos naturais, sendo assim, só se tornou possível a formação da cidade de Jóia graças ao meio ambiente, juntamente com a ação do homem, o qual construiu casas, criou ruas, produziu uma nova cultura e aos poucos vem mudando suas ações para coma natureza, buscando viver em harmonia com o meio ambiente, mas ainda é preciso mudar muito tendo consciência das ações de cada um.

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CONCLUSÃO

A história do município de Jóia e da sua paisagem urbana, investigada com base na história ambiental, na oral e na fotografia, esteve marcada por uma constante transformação ambiental e na paisagem.

Durante um período de tempo bastante curto, cerca de três décadas, ocorreu varias mudanças, diante da colonização desse espaço, havendo uma transformação ambiental.

No inicio do século XX, mais precisamente no ano de 1916, os coronéis Joaquim Luis de lima e Marcial Gomes Terra, doaram terras a Antonio Mastella e Victorio Bernardi, que aqui se estabeleceram junto ao Lajeado Bonito (rio local), trazendo mais tarde suas famílias, dando inicio a colonização da cidade de Jóia, a qual não tinha esse nome no inicio como vimos anteriormente. Não existiam estradas, somente picadas, que eram caminhos abertos na mata por onde eles passavam a pé e a cavalo. Estes caminhos eram feitos a machado e a facão pelos próprios moradores.

Os colonizadores na grande maioria eram descendentes italianos, mas também havia alemães e outras etnias, os quais foram povoando e transformando esse espaço, produzindo uma paisagem urbana ao longo do tempo.

Através da necessidade humana foram desbravando a região a ser colonizada, interagindo com os grupos sociais existentes, produzindo fontes de subsistência, aproveitando o que a natureza os ofereciam, bem como aproveitando suas culturas para produzir novas coisas.

Os primeiros anos de colonização foram muito difíceis, mas com o tempo as coisas foram se organizando, sendo possível viver bem neste pequeno lugarejo, aonde hoje tem a cidade de Jóia.

A paisagem urbana foi conseqüência da evolução humana, das suas necessidade e da sua ambição, pois esse foi um dos fatores mais presentes durante todo o estudo realizado

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sobre o município de Jóia, ou seja, o poder aquisitivo desejado por todos foi um dos transformadores ambientais, através da construção de casas, da produção de alimentos, na inovação tecnológica, enfim da busca por uma vida melhor e de condições financeiras significativas.

Por não ser uma região de muito mato, mas sim de campo e capoeira, ou brejos rasteiros, não foi necessário fazer a derrubada de matos, apenas a abertura de picadas em alguns pontos, para poder passar com as carroças, as quais possibilitavam o acesso às outras localidades, sendo um fator interessante, pois não houve desmatamento desordenado nesse período de colonização como em outros municípios colonizados.

O município de Jóia tem uma cidade pequena, mas uma grande extensão rural, bem como, uma grande produção agrícola atualmente, devido a isso a paisagem urbana é de pouca extensão, sendo uma cidade de aproximadamente dois mil moradores, aonde ainda há bastante vegetação, além da conservação da mata natural as margens do Lajeado Bonito aonde iniciou a cidade.

As consequências ambientais são comuns às demais regiões, devido ao consumismo desenfreado a produção de lixo e bastante grande, não havendo muita conscientização da população em preservar o meio ambiente.

Outro ponto significativo é a falta de interesse pela história local, havendo pouco material para pesquisa, sendo necessário recorrer a compreensão e interesse de alguns moradores, os quais guardaram fotografias e relatos dos moradores mais antigos, que não estão mais presentes nessa vida.

Os estudos realizados em torno da história ambiental são sempre significativos, pois ainda são poucos os materiais disponíveis nessa área de pesquisa, diante dos estudos históricos.

Esse tema levou ao conhecimento da formação da cidade e o porquê da sua localização, sendo uma forma de preservar e construir a história local, promovendo a conscientização ambiental e cultural, pois a formação e transformação das paisagens urbanas como podemos ver anteriormente são resultados da cultura de um povo situados em um determinado lugar em um determinado tempo, buscando sanar as suas necessidades humanas.

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