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As contribuições do estágio supervisionado em Serviço Social para formação profissional

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GRANDE DO SUL

ELISA WEYRICH TONETTO

AS CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL PARA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Ijuí (RS) 2012

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ELISA WEYRICH TONETTO

AS CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL PARA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso- TCC apresentado como requisito para obtenção de Graduação em Serviço Social. Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul- UNIJUÍ.

Professora Orientadora: Drª Lislei Teresinha Preuss

Ijuí (RS)

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Dedico esta conquista como gratidão, a pessoa mais importante da minha vida: minha mãe, Margard.

Obrigada pelo empenho e apoio. Amo você!

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Agradeço a DEUS, acima de tudo, pela vida, proteção, pelas bênçãos derramadas e principalmente por me guiar nesta trajetória, onde em muitos momentos ouviu minhas orações, me dando força e calma para enfrentar os desafios, por momentos que somente ELE sabia o que se passava nos meus pensamentos.

Agradeço a minha mãe, pela vida e por não poupar esforços para me oportunizar o estudo. Por estar ao meu lado, pelo companheirismo nos vários momentos difíceis que passamos juntas. Não poderia deixar de agradecer pelos vários momentos em que você passou de joelhos dobrados, orando por mim, para que eu conseguisse superar os desafios que surgiram, e fico feliz em ver que as marcas dos teus joelhos valeram a pena, pois graças as tuas orações de mãe, consegui superá-los.

Agradeço aos meus irmãos: Gabriela, Ana Cláudia e o pequeno João Lucas por estarem presentes nesta trajetória, me fazendo rir de alguns momentos, enfim, por fazer parte da minha vida. Agradeço também ao meu primo Carlos, afinal, a vida nos da alguns irmãos, os outros, a gente mesmo escolhe e você é um deles, obrigada pelo apoio.

Agradeço a toda minha família, que de uma forma ou outra estiveram comigo, me apoiando com palavras de carinho e incentivo.

Agradeço ao Patrick, namorado e amigo que esteve comigo durante vários momentos desta trajetória. Obrigada pela força e pela compreensão nos momentos de ausência e nervosismo.

Agradeço também aos amigos, afinal, o que seria da vida sem eles. Em especial as colegas Jordana Franzmann, Aline Dambros e Helouise Dapieve, com as quais compartilhei muitos momentos durante a trajetória do TCC.

Agradeço aos meus professores, que com dedicação transmitiram seus ensinamentos, em particular aos supervisores acadêmicos, Professora Solange e Professor José, pelos que me orientaram na trajetória do estágio, pelas cobranças sempre necessárias e principalmente pelo incentivo.

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dedicação e paciência me acolheu durante o estágio, transmitindo a mim seu conhecimento e me guiando no processo fundamental da jornada acadêmica, o estágio supervisionado. Agradeço também a toda a equipe de funcionários da Secretaria Municipal de Assistência Social e do CRAS, que de uma forma ou outra, participaram deste processo, agradeço pelos momentos de companheirismo e descontração.

Por fim, porém não menos importante, agradeço a minha orientadora, Professora Lislei, pela paciência e dedicação, e até mesmo pelos “puxões de orelha” durante a elaboração do TCC. Sei que tudo que fizeste foi para o meu bem como futura profissional, e agradeço pelo teu empenho, por dedicar a nós, tuas orientandas, alguns momentos da tua vida.

Cada um de vocês, de alguma forma, participou desta etapa tão importante da minha vida, e por isso, agradeço principalmente, por ter motivos e pessoas para agradecer.

“Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos

deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.”

(Charles Chaplin)

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“Escute os sábios e procure entender o que eles ensinam. Sim, peça sabedoria e grite pedindo entendimento. Procure essas coisas, como se procurasse prata ou um tesouro escondido.

Se você fizer isso, saberá o que quer dizer temer o Senhor, e aprenderá a conhecê-lo.

É o Senhor quem dá sabedoria; a sabedoria e o entendimento vêm dele.”

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RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso é um relato das experiências vivenciadas durante os três níveis de Estágio Supervisionado em Serviço Social, realizado no Centro de Referência de Assistência Social – CRAS de Santo Augusto, Rio Grande do Sul.

A partir da temática escolhida, “As contribuições do estágio supervisionado em Serviço Social para formação profissional”. A escolha do tema deu-se devido à importância representada pelo Estágio Supervisionado em Serviço Social em seus três níveis. Buscando demonstrar tal importância, inicialmente faz-se um resgate histórico de leis e regulamentações de estágio, desde a década de quarenta com a Lei N.º 4.073 de 1942, até a Lei N.º 11.788/08 vigente, e a partir disso, a importância do estágio curricular para a formação profissional no Curso de Serviço Social. Após tais discussões, a Política de Assistência Social é abordada através do Sistema Único de Assistência Social- SUAS e do Centro de Referência de Assistência Social- CRAS como espaço de atuação profissional e campo de inserção de estagiários. Materializando os assuntos abordados, encerra-se trazendo relatos e experiências vivenciadas durante os três níveis de estágio, oportunizando uma reflexão quanto aos desafios e perspectivas da profissão no espaço do CRAS.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado em Serviço Social. Sistema Único de

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...12

CAPÍTULO 1- O ESTÁGIO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL...14

1.1 O ESTÁGIO, LEIS E REGULAMENTAÇÕES: UM BREVE RESGATE...14

1.2 O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL...18

CAPÍTULO 2- O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL...27

2.1- A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS...27

2.2- O CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CRAS...33

CAPÍTULO 3- A EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CRAS DE SANTO AUGUSTO...37

3.1- O CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL- CRAS DE SANTO AUGUSTO, RS...37

3.2- EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS NO CAMPO DE ESTÁGIO, DESAFIOS E PERSPECTIVAS...42

CONSIDERAÇÕES FINAIS...49

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LISTA DE SIGLAS

ABPESS- Associação Brasileira de Pesquisa e Ensino em Serviço Social BPC- Benefício de Prestação Continuada

CADÚNICO- Cadastro Único para Programas Sociais CFAS - Conselho Federal de Assistentes Sociais CFE- Conselho Federal de Educação

CFESS- Conselho Federal de Serviço Social CNE- Conselho Nacional de Educação

CRAS- Centro de Referência de Assistência Social CRAS- Conselho Regional de Assistência Social

CREAS- Centro de Referência Especializada de Assistência Social CRESS- Conselho Regional de Serviço Social

DISTAS- Divisão de Saúde, Trabalho e Ação Social IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INAMPS- Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social INPS- Instituto Nacional da Previdência Social

LBA- Legião Brasileira de Assistência LOAS- Lei Orgânica de Assistência Social

NOB/SUAS- Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social PAEFI- Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Família e Indivíduos PAIF- Serviço de Proteção e Atenção Integral a Família

PETI- Programa de Erradicação do Trabalho Infantil PNAS- Política Nacional de Assistência Social

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anos

SEHAS- Secretaria de Habitação e Assistência Social

STHAS- Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social SUAS- Sistema Único de Assistência Social

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INTRODUÇÃO

O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é resultante do componente curricular de Trabalho de Conclusão de Curso II da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ o qual é requisito parcial para obtenção de grau de Bacharel em Serviço Social. O referido projeto tem como tema: “As contribuições do estágio supervisionado em Serviço Social para formação profissional”.

O estudo tem por objetivos demonstrar a importância do Estágio para a formação profissional; analisar de que forma o Estágio Supervisionado em Serviço Social contribuiu para a futura formação profissional; demonstrar qual o papel das Assistentes Sociais supervisoras de estágio, neste processo de aprendizagem e formação profissional e por fim, através do relato das experiências vivenciadas, resgatar como foi o processo de aprendizado partir do Estágio Supervisionado em Serviço Social no Centro de Referência de Assistência Social- CRAS no Município de Santo Augusto, RS.

A motivação para realização deste trabalho se dá em virtude de ser um tema de relevância acadêmica e profissional, por discutir este processo de construção do conhecimento e da prática profissional através da inserção nos espaços de atuação. Através de um breve resgate histórico das legislações de estágio no Brasil busca-se compreender seu significado para a formação profissional, como espaço privilegiado da construção do saber, relacionando teoria e prática no cotidiano profissional. Pretende-se ainda, demonstrar o estágio na visão do Serviço Social, que teve seu início no Brasil a partir das primeiras Escolas de Serviço Social, demonstrando que mesmo na contemporaneidade, o estágio continua com os mesmos objetivos e demonstrando a mesma importância para a formação profissional.

A metodologia possui papel central quanto ao trabalho e as teorias que se busca estudar e discutir , pois surge como determinante dos processos a serem seguidos, pois é a partir da metodologia que o pesquisador pode expressar como seu estudo será organizado e por fim conduzido. Neste caso, a pesquisa qualitativa apresenta-se como ideal em relação ao

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tema escolhido, por trabalhar a questão do estágio e o quanto este colabora com a formação profissional. Ao contrário do método quantitativo, mais direcionado a dados estatísticos, com a expressão do problema através da linguagem em formas matemáticas, a pesquisa qualitativa busca um aprofundamento de fenômenos e situações que exigem grande investigação bibliográfica através da qual é possível encontrar inúmeras possibilidades, pois neste caso se estudam situações, fenômenos e comportamentos. Através destas diferenças elencadas percebe-se a pesquisa qualitativa como opção, já que para o desenvolvimento deste Trabalho de Conclusão de Curso, realizaram-se pesquisas descritivas baseadas em pesquisas bibliográficas, pesquisa documental baseada em documentos elaborados no transcorrer do Estágio Supervisionado em Serviço Social I, II e III, como por exemplo, os Diários de Campo e o Trabalho de Reconhecimento Institucional, buscando descrever o processo de estágio, e as experiências vivenciadas a partir dele.

O presente trabalho de conclusão de curso, esta estruturado em três capítulos, com dois subitens. No primeiro, realiza-se uma breve retomada histórica da legislação de estágio no Brasil e o seu significado para o Serviço Social. O segundo capítulo, apresenta a Assistência Social como Política Pública através do Sistema Único de Assistência Social- SUAS para então apresentar o Centro de Referência de Assistência Social e seu papel em relação a Política Nacional de Assistência Social. Por último, no capítulo três, realiza-se um breve relato das experiências vivenciadas durante o Estágio Supervisionado em Serviço Social I, II e III, no Centro de Referência de Assistência Social- CRAS de Santo Augusto, evidenciando o papel do Assistente Social neste espaço, e os desafios e perspectivas profissionais identificados durante o processo de estágio.

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CAPITULO 1 – O ESTÁGIO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Neste primeiro capítulo do Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, através de reflexões sobre a realidade conhecida e as pesquisas bibliográficas realizadas de autores da área, é desenvolvida a temática do estágio supervisionado curricular obrigatório. O Estágio é componente fundamental no processo de formação acadêmica das mais diversas áreas, especialmente no curso de Serviço Social.

Além das discussões relacionadas ao estágio curricular, o capítulo apresenta um breve resgate histórico sobre a legislação que rege o estágio e as mudanças ocorridas até a lei em vigor hoje; e por fim, o estágio curricular no âmbito do curso de Serviço Social.

1.1 O ESTÁGIO, LEIS E REGULAMENTAÇÕES: UM BREVE RESGATE.

Este item traz definições e conceitos do estágio supervisionado curricular obrigatório para a discussão da temática, com o intuito de demonstrar a importância deste processo na formação acadêmica. Para o estágio ter esta importância e seriedade, no decorrer da história, no Brasil, foram necessárias leis que o garantissem e o regulamentassem.

Durante a trajetória acadêmica, independente do curso escolhido, além dos conhecimentos teóricos, o estágio supervisionado se apresenta como componente essencial na formação profissional, ocupando o espaço da prática, através da soma de conhecimentos. Ou seja, um momento de inserção aos possíveis campos de atuação profissional e da articulação entre teoria e prática. O estágio surge como oportunidade de experiências e vivências no meio profissional, preparando o acadêmico para o mercado de trabalho e colaborando com as escolhas de seu futuro como profissional na sua área de atuação.

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O estágio oportuniza ao acadêmico o contato com a realidade diária da profissão, os desafios e possibilidades esperadas para o futuro. São grandes as expectativas em relação a este momento da jornada acadêmica, que podem levar o acadêmico ao sucesso e satisfação, assim como também a frustração. Neste sentido, cabe á universidade, o papel de formação de profissionais críticos, reflexivos e com isso, qualificados para enfrentar o mercado de trabalho, cada vez mais competitivo e exigente.

Buriolla (2001, p. 13) ao definir o estágio como um campo de treinamento e do fazer concreto, ainda salienta que o estágio é “o lócus onde a identidade profissional do aluno é gerada, construída e referida, volta-se para desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica e, por isso, deve ser planejado gradativa e sistematicamente”.

Diante deste entendimento, observa-se a preocupação quanto ao planejamento do estágio, visando com isso, uma legitimação deste processo para o aluno estagiário, possibilitando e instigando a atitude critica e reflexiva em suas ações no campo, afirmando assim o caráter formativo e vivencial do estágio curricular.

Objetivando um melhor entendimento sobre o estágio torna-se necessária sua contextualização histórica. Os primeiros registros encontrados sobre estágios supervisionados, segundo o Ministério da Educação, através do Conselho Nacional de Educação (CNE):

na década de quarenta do século passado, representavam oportunidades aos alunos da formação profissional industrial, comercial ou agrícola de conhecerem “in loco” e “in service” aquilo que teoricamente lhes era ensinado nas escolas técnicas. Esta era a oportunidade que os alunos tinham de manter um contato direto com o mundo do trabalho, uma vez que no próprio ambiente escolar, nos laboratórios e nas salas-ambientes especializadas, essa prática profissional era muito incipiente, mesmo na qualidade de prática simulada e supervisionada/orientada (BRASIL, 2004. p. 07).

A partir destas definições do Conselho Nacional da Educação, observa-se o caráter preparatório do estágio para o mercado de trabalho e o incentivo ao ensino. Isto se dá devido ao processo de industrialização, visando a partir das escolas profissionalizantes, formar mão de obra especializada, indo ao encontro com as demandas da época. Neste período, o ensino profissionalizante, intitulado como ensino industrial, é regulamentado quanto à aprendizagem prática, a partir da Lei Orgânica do Ensino Industrial, Decreto Lei N.º 4.073 de 1942 que

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dispõe sobre a organização e regras para o ensino industrial e no Artigo 47 o estágio é definido como um:

[...] período de trabalho, realizado por aluno, sob o controle da competente autoridade docente, em estabelecimento industrial.

Parágrafo único. Articular-se-á a direção dos estabelecimentos de ensino com os estabelecimentos industriais cujo trabalho se relacione com os seus cursos, para o fim de assegurar aos alunos a possibilidade de realização de estágios, sejam estes ou não obrigatórios (BRASIL, 1942, p.01).

A partir do ano de 1942, é possível perceber a presença de artigos e parágrafos presentes nas novas leis e decretos aprovadas, que evidenciam a prática do estágio no ensino profissionalizante e superior. Houve uma evolução do ensino no que diz respeito ao estágio, bem como no que se refere a suas definições, aproximando-se com o objetivo de formação profissional e não apenas a formação técnica para o preparo de mão de obra para a indústria. Quanto à legislação que rege o estágio, somente a partir da década de setenta, através da Lei N.º 5.692/71 há um maior reconhecimento da importância do estágio supervisionado, uma vez que, com o Parecer do Conselho Federal da Educação nº 45/72 tornou-se obrigatório para habilitação profissional, voltada as áreas da economia e da saúde.

Neste momento, houve um impulso para o reconhecimento e organização do estágio como processo obrigatório expandindo-se às demais áreas de atuação profissional, criando mecanismos de organização, orientação e supervisão da prática de estágio, para garantir maior qualidade na formação acadêmica.

Visando garantias à prática do estágio, em 1977, a Lei N.º 6.494/77 regulamentada pelo Decreto Federal N.º 87.497/82, dispõe sobre o estágio de estudantes em nível de segundo grau e ensino superior. A lei traz em seus termos a definição de estágio e os compromissos quanto a sua oferta junto às instituições de ensino, ao aluno e o local de realização do estágio. Além disso, dispõem sobre a frequência do aluno e quanto à exigência de matrícula no componente curricular específico de estágio; o compromisso firmado mediante termo entre a instituição de ensino e o espaço de estágio; a garantia da segurança ao estagiário através de seguro sob responsabilidade da instituição de ensino. Estabelece ainda segurança a instituição concedente quanto ao vínculo empregatício, já que não se estabelece este vínculo através do estágio, podendo apesar disso, ser este remunerado através de bolsa de estudo (BRASIL, 1982).

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Quanto às definições e normas, de acordo com o referido Decreto:

Art. 1º O estágio curricular de estudantes regularmente matriculados e com frequência efetiva nos cursos vinculados ao ensino oficial e particular, em nível superior e de 2º grau regular e supletivo, obedecerá às presentes normas.

Art. 2º Considera-se estágio curricular, para os efeitos deste Decreto, as atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao estudante pela participação em situações reais de vida e trabalho de seu meio, sendo realizada na comunidade em geral ou junto a pessoas jurídicas de direito público ou privado, sob responsabilidade e coordenação da instituição de ensino.

Art. 3º O estágio curricular, como procedimento didático-pedagógico, é atividade de competência da instituição de ensino a quem cabe a decisão sobre a matéria, e dele participam pessoas jurídicas de direito público e privado, oferecendo oportunidade e campos de estágio, outras formas de ajuda, e colaborando no processo educativo (BRASIL, 1982, p 01).

Percebe-se que com o decorrer dos anos e com a aprovação de novas leis de regulamentação de estágio, há uma evolução quanto à prática de estágio, garantindo através de dispositivos, segurança ao aluno estagiário, durante este processo, definindo responsabilidades as instituições envolvidas nesta relação. Tais seguranças buscam a garantia de um processo de aprendizagem devidamente regularizado através de Termos de Compromisso e Convênios. Estes Convênios firmados tem por objetivo a garantia de inserção do aluno estagiário, em um campo devidamente regularizado e preparado para recebê-lo, contando com espaço apropriado para sua experiência e contato com o cotidiano profissional. O Decreto 87.497/82 também traz garantias quanto a não exploração econômica através de cobranças indevidas aos estagiários, durante os convênios e compromissos firmados (BRASIL, 1982).

Já na década de 90, tem-se aprovada a Lei N.º 8.859/94, onde são incluídos os estudantes portadores de deficiências, devidamente matriculados em escolas especiais. Esta informação é reiterada no Decreto N.º 3.298/99 que regulamenta a Lei N.º 7.853/89, que dispõem sobre a Política Nacional para a Integração de Pessoa Portadora de Deficiência, no artigo 24 que fala sobre o acesso a educação (BRASIL, 1989).

Atualmente, as garantias e regulamentações de estágio, são regidas pela Lei N.º 11.788 de 25 de Setembro de 2008, atendendo a todos os cursos e áreas do conhecimento, inclusive a nível federal. Esta lei revoga as leis anteriores e dispõe sobre o estágio de estudantes, e sua relação, classificação e definição do estágio.

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[...] ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos (BRASIL, 2008, p.01).

Este artigo agrega todas as leis anteriores, tem caráter educativo garantindo ao aluno estagiário, seu direito a educação e preparo para o futuro profissional, e não somente especialização de sua mão de obra para o trabalho, como consta nas legislações anteriores. Além disso a atual legislação, prevê a segurança do aluno e de seu processo de aprendizagem, através de dispositivos jurídicos, como Termos de Compromisso formados entre os sujeitos envolvidos neste processo. A nova lei de estágio busca regulamentar o estágio como ato educativo, evitando vínculos empregatícios e possíveis explorações aos estagiários como mão de obra barata para as instituições concedentes de estágio. Observa-se o objetivo de zelar pelo papel educacional do estágio curricular obrigatório.

O estágio passa a assumir um papel cada vez mais importante na formação profissional, pelo papel desempenhado por ele, percebido no § 2º do artigo 1º da Lei 11.788/08 que declara que “o estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e a contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho” (BRASIL, 2008).

1.2 O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL.

O estágio supervisionado curricular obrigatório no curso de Serviço Social, apresenta particularidades em sua configuração e legislação. Como nas demais profissões, o estágio supervisionado curricular obrigatório esta baseado na inserção do acadêmico junto aos campos de atuação, possibilitando com isso o contato com o fazer profissional.

Para conceituar e contextualizar o estágio, em particular no Curso de Serviço Social, três autores da área são utilizados como referência, neste caso, Buriolla (2001), Oliveira (2004) e Lewgoy (2010), buscando através deles um embasamento teórico para a temática.

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De acordo com Buriolla (2001, p.13), “no serviço social o estágio é concebido como um campo de treinamento, um espaço de aprendizagem do fazer concreto do Serviço Social, onde um leque de situações, de atividades de aprendizagem profissional se manifestam para o estagiário, tendo em vista sua formação”.

Segundo Oliveira (2004, p. 59), o estágio é definido como “uma atividade curricular obrigatória que se estabelece a partir da inserção do aluno no espaço sócio-ocupacional, com o objetivo de sua capacitação para o exercício profissional”.

Para Lewgoy (2010) o estágio se constitui de um espaço de instrumentalização das demandas da prática, onde o acadêmico transforma o que aprendeu em posturas, produtos, serviços e informações, tendo como finalidade, reconhecer a realidade profissional nos campos de estágio, reconhecendo limites e possibilidades, por serem estes espaços de mediação entre a formação acadêmica e o exercício profissional. A mesma autora ainda traz o estágio como um espaço em que o aluno, reafirma sua formação, não numa condição de empregado, mas de estudante estagiário.

Observa-se a partir das definições de Lewgoy (2010), Oliveira (2004) e Buriolla (2001), a importância do estágio para a capacitação e aprendizagem profissional, envolvendo o processo de ensino e aprendizagem, confirmando a importância da educação para a conquista dos fins desejados, neste caso a educação profissional.

O estágio curricular obrigatório está situado no processo de educação, através da prática, não apenas executiva do conhecimento teórico adquirido até o momento de ingresso ao campo de estágio, mas com um caráter reflexivo quanto às ações realizadas e presenciadas nesse meio. Estas ações devem estar baseadas a partir dos referenciais teóricos e princípios norteadores do curso de Serviço Social. O estágio deve ser percebido por sua dimensão formadora e não de complementaridade, visando à formação de um profissional crítico, comprometido com a transformação societária (AGUERA, 2007).

Esta preocupação voltada à atividade de estágio e sua importância para a formação profissional, se dá a partir do pensamento de que este processo, ao formar um profissional do Serviço Social, também atenderá as demandas dos usuários, já que “no final do processo, são os usuários do Serviço Social que passam a encontrar no atendimento qualificado nas instituições o justo acesso à garantia dos direitos sociais e humanos” (LEWGOY, 2010. p 27).

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Esta qualificação no atendimento, em conformidade com o Código de Ética da Profissão, se concretiza a partir dos espaços e vivências através da supervisão de estágio, voltada a direção social da profissão.

No Brasil, o estágio aparece como componente obrigatório no curso de Serviço Social, surgindo a partir das primeiras Escolas de Serviço Social, na década de trinta, em 1936 com a primeira escola de Serviço Social em São Paulo e logo, um ano depois, com o surgimento da escola de Serviço Social no Rio de Janeiro. O estágio, através da supervisão, segundo Lewgoy (2010) baseava-se no treinamento prático, através do ensinar a fazer.

Apesar de sua presença no curso de Serviço Social desde a década de trinta, é somente por volta de 1940 que começam as organizações de estágio, demanda identificada de acordo com registros realizados durante o Segundo Congresso Pan-Americano de Serviço Social, em 1949. Percebe-se a existência desta preocupação quanto à organização do estágio, em decorrência do atual contexto histórico em que se vivia (Lewgoy, 2010).

Lewgoy (2010, p. 71), explica que esta demanda surge:

Em virtude do contexto socioeconômico e político, emergiu tanto a necessidade quanto a demanda de uma formação qualificada ao ensino em Serviço Social no Brasil, o que delineou um novo contorno à supervisão na década de 1940. Esse período demarcou a criação e o desenvolvimento das grandes instituições assistenciais estatais [...] Foi o momento em que se ampliou o mercado de trabalho para a profissão [...]

O estágio, como processo de formação e capacitação, vem atender a demanda de profissionais especializados, munidos de novos instrumentos e formas de execução de trabalho, exigido pela ampliação do mercado de trabalho. Ao Serviço Social, a partir de então, é permitido romper “[...] com suas origens confessionais e transformar-se numa atividade institucionalizada [...]” (SILVA, 1995 apud LEWGOY, 2010, p.71).

A partir da regulamentação da profissão, e frente às demandas emergentes, começam a surgir legislações específicas, com o intuito de regulamentar a prática de estágio, buscando garantir a qualidade deste processo, e com isso, a formação profissional qualificada. A primeira legislação do Serviço Social foi a Lei N.º 1.889/53, regulamentada pelo Decreto N.º

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35.311/54 que dispõe sobre a normatização do ensino, à organização dos cursos e à oferta de componentes. De acordo com esta legislação, os cursos de Serviço Social, que na época tinham a duração de três anos, deveriam dividir o ensino em três etapas, correspondendo o primeiro ano a parte teórica, o segundo ano possibilitar o equilíbrio entre a teoria e a prática e por fim no terceiro e ultimo ano, o predomínio da prática (BURIOLLA, 2001).

No ano de 1957, é aprovada a Lei de Regulamentação da Profissão, Lei N.º 3.252/57, em 27 de agosto de 1957. Esta Lei foi regulamentada a partir do Decreto Federal nº 994 de 15 de Maio de 1957. Concomitantemente com a Lei de Regulamentação da Profissão, é criado o Conselho Federal de Assistentes Sociais (CFAS) com a finalidade de orientar os profissionais, e fiscalizar o exercício da profissão de Assistente Social, além de fiscalizar os já existentes Conselhos Regionais de Assistência Social (CRAS). Esta Lei N.º 3.252/57, também define as atribuições do Assistente Social, dentre as quais está à supervisão de alunos, garantindo que somente profissionais do Serviço Social podem desempenhar a função de supervisor.

Na década de 70, através da Resolução N.º 242/70, o Conselho Federal de Educação (CFE) estabelece um Currículo Mínimo para o Curso de Serviço Social, dispondo sobre os componentes curriculares práticos e teóricos a serem ofertados pelos cursos. Em seu artigo 7º percebe-se a função da teoria no curso de Serviço Social, e mais adiante, o artigo 9º regula o ensino prático e teórico:

[...] a teoria do Serviço Social cabe dupla função: a de proporcionar, com os elementos recolhidos das diversas ciências sociais do ciclo básico, uma visão integrada com vistas a ação social, e a de ligar a ordem teórica a ordem prática; [...] os estágios práticos, base do curso na sua base profissional, acompanharão toda duração desta em orgânica articulação com os estudos teóricos (BRASIL, 1970 apud BURIOLLA ,2001,p 14).

Nesta mesma década foi implementado o Currículo Mínimo para os Cursos de Serviço Social pelo Conselho Federal de Educação, em 1977 através do mesmo órgão, foi implementada a Lei N.º 6.494, de 07 de dezembro de 1977. Esta lei regulamenta o estágio para alunos devidamente matriculados em estabelecimentos de ensino superior e ensino profissionalizante de 2º grau e supletivo, estes, devendo manter frequência em disciplina específica de estágio. Além destas disposições, a lei prevê que o estagiário realize seu estágio em unidades com as devidas condições para recebê-lo, para que o estágio propicie ao aluno “a

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complementação do ensino e da aprendizagem e ser planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares” (BRASIL, 1970). Esta mesma lei ainda prevê a segurança do aluno estagiário neste processo, através da exigência de Termo de Compromisso de estágio, firmado o aluno e a instituição concedente de estágio, assim com também busca evitar vínculos empregatícios entre os sujeitos envolvidos.

Já na década de 80, com a regulamentação da Lei N.º 6.494, através do Decreto N.º 87.497, de 18 de agosto de 1982, o estágio recebe maior preocupação e atenção, quando a lei determina que sejam realizados Convênios e Acordos entre as entidades de ensino, e os campos de estágio, garantindo o cumprimento deste Termo de Compromisso. Assim, os Convênios surgem como instrumento jurídico para a prática do estágio, visando garantias e obrigações aos sujeitos envolvidos neste processo, o aluno, a instituição de ensino e o campo de estágio. Na década de 80, a Constituição Federal de 1988, intitulada de Constituição Cidadã, apesar de não apresentar em seu teor, o estágio curricular, é um destaque histórico- social na instituição de direitos, principalmente no que se refere aos sociais.

A partir da redefinição dos padrões com a sociedade, percebe-se a necessidade de uma nova regulamentação no Serviço Social. Em 07 de junho de 1993, é aprovada a Lei N.º 8.662/93 de Regulamentação da Profissão e o novo Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais com a Resolução do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS ) nº 273 de 13 de março de 1993.

Estas mudanças

[...] afiança ao Assistente Social as condições objetivas de pautar seu trabalho pela lógica da democracia e pela diretriz da garantia de direitos humanos e sociais para todos. Assim, o profissional que vive hoje o desafio de materializar nos diversos campos de atuação um trabalho identificado com esses propósitos, deve conhecer em profundidade a legislação que oferece as condições objetivas para que os interesses da população sejam preservados e cobrados ( CRESS,2009, p.12).

No que se refere ao Estágio Curricular, torna-se atribuição privativa através da supervisão de estágio. De acordo com o Código de Ética, no artigo 4º, dispõem:

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É vedado ao assistente social:

d) compactuar com o exercício ilegal da Profissão, inclusive nos casos de estagiários que exerçam atribuições específicas, em substituição aos profissionais;

e) permitir ou exercer a supervisão de aluno de Serviço Social em Instituições Públicas ou Privadas, que não tenham em seu quadro assistente social que realize acompanhamento direto ao aluno estagiário (CRESS, 2009, p. 29).

Observa-se a seriedade no exercício da Profissão e principalmente a preocupação com as garantias do estágio, como processo de aprendizagem. Este artigo demonstra a atenção prestada pelo Conselho Federal de Serviço Social ao estágio, com o intuito de evitar possíveis desvios de função de estagiários, garantindo assim que o estágio atinja seu real significado para a formação profissional. Percebe-se a importância do acompanhamento profissional para o aluno em formação, através das competências privativas do assistente social, neste caso, como do profissional supervisor de campo, no processo de aprendizado.

Após doze anos da implantação do Currículo Mínimo dos Cursos de Serviço Social, no ano de 1994, surge uma nova mudança no currículo, a partir de revisões realizadas no anterior, vigente até então. Com este novo Currículo é estipulado as Diretrizes Curriculares da Associação Brasileira de Pesquisa e Ensino em Serviço Social (ABPESS) para Formação Profissional. Tem-se uma nova definição para o projeto da profissão, dispondo sobre princípios e diretrizes para a formação profissional. Determinando, além disso, a divisão dos novos currículos acadêmicos, através de seus componentes curriculares e determinando as matérias básicas a serem adotadas pelos Cursos de Serviço Social. No que se refere ao estágio, continua sendo garantido como componente curricular obrigatório para a formação no Curso de Serviço Social, atendendo as mesmas normas da Resolução N.º 06/82, quanto às condicionalidades de ingresso ao estágio.

No item 3.3 da Nova Lógica curricular, das Diretrizes Curriculares de 1996 define o estágio como:

uma atividade curricular obrigatória que se configura a partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional objetivando capacitá-lo para o exercício do trabalho profissional, o que pressupõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita pelo professor supervisor e pelo profissional do campo, através da reflexão, acompanhamento e sistematização com base em planos de estágio, elaborados em conjunto entre Unidade de Ensino e Unidade de Campo de Estágio, tendo como referência a Lei de Ética do Profissional (1993) (CRESS, 2009, p. 56).

Quanto às mudanças observadas nas Novas Diretrizes, a partir do Novo Currículo Mínimo dos Cursos de Serviço Social, destacam-se a carga mínima de horário do estágio, que

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passa a ser de 15% em relação à duração do curso, e não mais de apenas 10%, como regulamentava a norma anterior, o período de realização do estágio, e a inclusão de disciplinas e atividades no currículo acadêmico, que abordam a inserção do aluno na prática, além do estágio obrigatório (CRESS, 2009).

Segundo Lewgoy (2010, p.89), no que se refere às mudanças observadas após as Diretrizes Curriculares de 1996, afirma que sua promulgação “influenciou de maneira substantiva a direção do ensino em Serviço Social e, dentre os vários componentes curriculares, o da supervisão de estágio [...] a supervisão passou a ter a visão de processualidade na formação do assistente social”.

Hoje, é a Lei Federal N.º 11.788/08 que regulamenta o estágio em todas as áreas do conhecimento. Baseado nesta lei, o CFESS, através da Resolução N.º 533, de 29 de setembro de 2008, regulamenta a supervisão direta do estágio em Serviço Social, contemplando as particularidades do curso. Tal resolução serve de base para legislações específicas de cada instituição de ensino, devendo estas estar de acordo com os princípios que regem a referida lei.

A Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) possuía em sua grade de ofertas de cursos, o de Graduação em Serviço Social. Este referido curso tem seus pilares baseados na justiça, cidadania e nos direitos sociais, e busca formar profissionais capacitados para o mercado de trabalho, para isto, conta com um quadro de professores, dentre eles, mestres e doutores da área. O curso tem duração de quatro anos e é ofertado no regime presencial, somando um total de 3000 horas-aula. Os componentes curriculares ofertados pelo curso na UNIJUÍ buscam atender as Diretrizes Curriculares da ABPESS para a Formação Profissional.

Quanto à estrutura e organização deste curso, o estágio supervisionado está dividido em três componentes curriculares, correspondentes ao Estágio Supervisionado em Serviço Social I, II e III, que de acordo com o Regimento de Estágio Supervisionado em Serviço Social, o componente de estágio atende a condicionalidades como apresentado nos artigos 20 e 21:

Art. 20. Os componentes curriculares de Estágio Supervisionado em Serviço Social I, II e III, de 60 horas cada um, ocorrerão a partir do quinto semestre do Curso,

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colocando-se em sequencia, sendo o primeiro pré-requisito do segundo e este do terceiro.

Art. 21. Para matricular-se no componente curricular de Estágio Supervisionado em Serviço Social I e iniciar a sequencia dos Estágios Curriculares o acadêmico deverá ter cursado com aprovação no mínimo 945 horas/aula (UNIJUÍ, 2009, p.04).

Esta preocupação da Instituição de Ensino, quanto ao momento de ingresso do acadêmico no componente curricular de estágio, se dá pela responsabilidade do Curso de Serviço Social, em atender as Diretrizes Curriculares da ABPESS para a Formação Profissional, que estabelecem a base curricular para todos os Cursos de Serviço Social.

Anteriormente ao ingresso no campo de estágio, faz-se necessário, uma articulação do conhecimento através do conjunto de componentes curriculares que prepararão o acadêmico para este processo. Os componentes curriculares obrigatórios veem a encontro do objetivo da formação teórica, para apreensão do conjunto de características da profissão, para então, concretizar estas teorias, através da prática, no estágio curricular (CRESS, 2009).

Buscando estar de acordo com a Lei de Regulamentação da Profissão, quanto às competências do Assistente Social, e por sua importância para a formação profissional, o estágio exige uma atenção especial que é prestada através da supervisão.

Em relação à supervisão no ensino de Serviço Social,

envolve duas dimensões distintas, mas não excludentes de acompanhamento e orientação profissional: uma supervisão acadêmica, tida como prática docente e, portanto, sob responsabilidade do professor-supervisor no contexto do curso, e a supervisão de campo, que compreende o acompanhamento das atividades práticas do aluno pelo Assistente Social, no contexto do campo de estágio (OLIVEIRA, 2004, p. 68).

A supervisão, segundo a Resolução nº 533 do CFESS, que regulamenta a supervisão direta de estágio no Serviço Social constitui um momento ímpar no processo de ensino aprendizagem, pois se configura como elemento síntese na relação teoria-prática (CRESS, 2009). Esta preocupação em garantir tal atenção voltada ao acadêmico em formação se dá pelo compromisso ético da profissão, que busca garantir a qualidade do exercício profissional.

Lewgoy (2010), ao discutir a supervisão de estágio, apresenta um termo para definir o conjunto de sujeitos envolvidos nesta relação, o aluno estagiário, o professor-supervisor e o

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supervisor de campo, formando com isso a tríade. Através de uma articulação entre os sujeitos da tríade, busca-se a sensibilização do aluno, a ampliação do seu olhar crítico sobre a realidade social com a qual se depara no campo de estágio. Nesta tríade, o professor-supervisor ocupa o papel de instigador, fazendo com que o aluno resgate seu material teórico adquirido até o momento, enquanto a supervisora de campo busca integrar e familiarizar este estagiário, ao espaço que ele esta inserido, construindo assim o fazer profissional nos mais variados campos de atuação. Tais relações visam um único objetivo a ser alcançado que é a formação profissional de qualidade, através do estágio curricular.

Após abordar a importância do estágio curricular para a formação profissional através da retomada histórica do estágio e de seu significado para o Serviço Social, no próximo capítulo, aborda-se a Assistência Social e sua trajetória até o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e por fim do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), como um dos espaços de atuação profissional, buscando entender este espaço como campo de estágio.

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CAP.2- O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Este segundo capítulo do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC está dividido em dois subitens: a Assistência Social, apresentada como direito do cidadão conquistado a partir da Constituição Federal de 1988, e o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, e seu papel em relação à gestão da Assistência Social.

No segundo subitem, aborda-se o Centro de Referência de Assistência Social- CRAS contextualizado e destacando o seu papel como unidade pública, da Assistência Social. Na construção deste item teve-se como objetivo, destacá-lo como um dos espaços de atuação do Assistente Social, e assim, campo de estágio para acadêmicos do Curso de Serviço Social.

2.1 A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS

O primeiro grande marco da sociedade no que diz respeito aos direitos sociais, se deu em 1988, com a Constituição Federal, intitulada de Constituição Cidadã, pois a partir dela foram reconhecidos em lei os direitos sociais dos cidadãos brasileiros. No que se refere à Assistência Social foi reconhecida como direito, através de novas concepções, assim como a Previdência Social e a Saúde, formando o conjunto integrado de ações da Seguridade Social (BRASIL, 1988).

O artigo 194 do Capítulo II da Seção I da Constituição Federal de 1988 estabelece que:

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Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - equidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento;

VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (BRASIL, 1988, p. 53).

A seguridade social é baseada no conjunto de ações da assistência social, da saúde e da previdência social, visando assegurar a garantia de direitos sociais à população, que até a promulgação da Constituição de 1988, tinham seus direitos negados. Antes desta Constituição, grande parte da população não tinha acesso a direitos como a saúde e a previdência social, pois estes eram concedidos apenas a trabalhadores contribuintes e com carteira assinada; inicialmente tais direitos eram assegurados aqueles trabalhadores associados ao Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) que mais tarde passou a ser Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS).

A conquista da cidadania no Brasil foi resultado de lutas e movimentos sociais da população em busca da garantia de seus direitos sociais. Segundo Stopa (2009), a Assistência Social por muito tempo esteve caracterizada como ações de caridade voltadas aos indivíduos estigmatizados da sociedade, não sendo percebida como Política Pública e direito da população. Através da Constituição Federal de 1988, com o reconhecimento da Assistência Social como direito social, passa a ser regulamentada pela Lei n.º 8.742 de 1993, intitulada Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), que dispõem sobre a organização da Assistência Social entre outras providências.

A Constituição de 1988, juntamente com a LOAS, representam um marco na luta pela redefinição da assistência social (STOPA, 2009), pois é o instrumento de lei que a define como direito do cidadão e dever do Estado, uma Política de Seguridade Social de caráter não contributivo, que busca promover os mínimos sociais através de ações conjuntas de iniciativa pública e da sociedade, garantindo as necessidades básicas da população (BRASIL, 1993).

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Através de seus princípios e diretrizes, a LOAS regulamentou a Assistência Social no Brasil, baseando-se nos princípios da Constituição Federal, disciplinados nos artigos 203 e 204, que determina a descentralização político-administrativa e participação popular, responsabilizando o Estado na organização dessas políticas, em cada esfera do governo (BRASIL, 1988).

A Assistência Social tem como objetivo a proteção social dos indivíduos com maior risco de vulnerabilidade social, como dispõem o artigo 2º da LOAS, a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice (BRASIL,2012 ). Tais objetivos, demonstram um diferencial na nova proposta trazida pela LOAS, onde a Assistência Social é direito da população que dela necessitar, demonstrando a lógica da vulnerabilidade social como fator de acesso e não somente a condição de pobreza. Quanto aos princípios apresentados, destaca-se aqui o respeito a dignidade do cidadão, demonstrando independente de sua situação social todos, o direito de serem respeitados.

Buscando materializar as diretrizes da LOAS, é aprovada a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), através da Resolução nº 15, de 15 de outubro de 2004. A Política Nacional de Assistência Social, expressa a materialidade da Assistência Social como um pilar do Sistema de Proteção Social Brasileiro, no âmbito da seguridade Social (BRASIL, 2004). A PNAS determina como público alvo para a política de Assistência Social, aqueles cidadãos que se encontram em situação de vulnerabilidade social, divididos em grupos de pessoas com fragilidade em seus vínculos familiares e de pertencimento a sociedade, como famílias, idosos e crianças.

Atendendo as demandas destas parcelas da população, a LOAS, prevê programas, projetos e benefícios. Em seu capítulo IV, dispõem sobre estes benefícios, por exemplo, determinando o Benefício de Prestação Continuada (BPC), estabelecido como direito desde a Constituição Federal de 1988, como uma renda básica no valor de um salário mínimo para aquelas pessoas idosas com mais sessenta e cinco anos de idade ou portadoras de deficiência, que comprovem na possuir meios para prover sua própria manutenção e nem tê-la provida por parte da família (BRASIL, 1993). Tal benefício exige condicionalidades, tais como a renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo, mediante comprovações, assim como, nos casos de deficiências, perante perícia médica que comprove a incapacidade para a inclusão no mercado de trabalho.

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No artigo 22 da LOAS, são apresentados os Benefícios Eventuais, que são provisões gratuitas implementadas em espécie ou em pecúnia que visam cobrir determinadas necessidades temporárias em razão de contingências, relativas a situações de vulnerabilidades temporárias. Este benefício prioriza crianças, famílias, gestantes, idosos e pessoas com deficiência. Assim como o BPC, os Benefícios Eventuais também apresentam condicionalidades voltadas principalmente a questão da renda e da vulnerabilidade e risco social.

Em atendimento a demanda de universalizar as ações da Assistência Social e materializar a LOAS, iniciou-se a implantação do Sistema Único de Assistência Social, um sistema descentralizado e participativo da política de Assistência Social, no ano de 2005 através da aprovação da Norma Operacional Básica do Sistema Único da Assistência Social (NOB/SUAS) com a Resolução nº 130 de 15 de julho deste mesmo ano e Lei n.º 12.435 sancionada em 06 de julho de 2011.

Segundo Yasbek (2005), o SUAS expressa uma construção coletiva, através de um amplo processo de debate e participação, que desde a Constituição de 1988 e da LOAS em 1993, veem se empenhando na tarefa de colocar a Assistência Social, no âmbito dos direitos sociais. Esta construção que a autora se refere se inicia a partir da IV Conferência Nacional de Assistência Social em dezembro de 2003, que deliberou a implantação deste sistema. A IV Conferência representou um marco significativo na caminhada da assistência social brasileira, pois colaborou para seu fortalecimento como Política Pública de Inclusão (BRASIL, 2010).

Em relação à sua denominação, Xavier (2007), define SUAS como um sistema reorganizador de ações que tem como objetivo a universalização e a equidade de quem dele necessitar, e ainda cita que o sistema se configura como uma estratégia de construção de um sistema de proteção social. Para a autora Yasbek (2005), o SUAS representa um Sistema Descentralizado e Participativo da Política de Assistência Social do país, substituindo o paradigma assistencialista. Stopa (2009) define o SUAS como garantia de prevenção e proteção através de projetos de enfrentamento à pobreza, dos benefícios, serviços e programas de assistência social. Destaca ainda, ser o SUAS, um articulador institucional de ações e competências com os demais sistemas de defesa dos direitos humanos.

O SUAS, é um sistema público que organiza de forma descentralizada os serviços socioassistenciais no Brasil. Sua gestão é participativa, incluindo a sociedade civil, articulando esforços das três esferas do governo, através da gestão compartilhada, sendo coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS). Dentre os

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objetivos do SUAS, está a organização e regulação das ações e serviços socioassistencias em todo território brasileiro, estes, com foco prioritário as famílias (BRASIL, 2004 ).

De acordo com a PNAS, o SUAS

define e organiza os elementos essenciais e imprescindíveis à execução da política de assistência social possibilitando a normatização dos padrões nos serviços, qualidade no atendimento, indicadores de avaliação e resultado, nomenclatura dos serviços e da rede socioassistencial e, ainda, os eixos estruturantes e de subsistemas conforme aqui descritos:

I - Matricialidade Sociofamiliar.

II - Descentralização político-administrativa e Territorialização. III - Novas bases para a relação entre Estado e Sociedade Civil. IV - Financiamento.

V - Controle Social.

VI - O desafio da participação popular/cidadão usuário. VII - A Política de Recursos Humanos.

VIII - A Informação, o Monitoramento e a Avaliação (BRASIL, 2004, p. 39).

Através desta definição, observa-se a universalização das ações de Assistência Social, rompendo com seu antigo caráter assistencialista, por meio da articulação de ações voltadas a defesa dos direitos sociais. Isto se tornou possível através da territorialização da rede de serviços, a descentralização político-administrativa e a padronização da oferta de serviços, projetos, programas e benefícios, incorporando as demandas da sociedade, tendo na família, o foco central, e como perspectiva, a efetivação da Política de Assistência Social (BRASIL, 2010).

Seguindo a lógica de organização das ações e da territorialização, com o SUAS, a Assistência Social tem suas ações organizadas em dois tipos de proteção de acordo com suas especificidades, a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial, tendo como foco prioritário, a proteção à família.

A Proteção Social Básica, busca a prevenção de riscos sociais, através da oferta de programas, serviços, projetos e benefícios, incentivando a convivência incentivando a socialização das famílias com a sociedade, visando à inclusão social através da garantia de direitos, buscando construir a autonomia dos indivíduos atendidos.

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prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). (BRASIL, 2004, p. 33).

Os serviços, projetos e programas relacionados à Proteção Social Básica, são organizados pelos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS) de cada Município. Além disso, o SUAS, prevê benefícios que são articulados juntamente com os serviços ofertados, podendo ser eventuais ou de prestação continuada, de acordo com cada particularidade, materializando o que prevê a LOAS sobre tais benefícios.

Além da Proteção Social Básica, o SUAS também visa garantir a Proteção Social Especial, que tem como objetivo, a reestruturação dos serviços de abrigamento, asilamento e confinamento dos indivíduos que não contam com a proteção e apoio da família, com vínculos totalmente rompidos. Esta Proteção Especial é dividida em níveis de complexidade, quanto aos serviços ofertados. Os Serviços determinados como de Média Complexidade, são aqueles ofertados a famílias e indivíduos, que tiveram seus direitos violados, porém, ainda possuem vínculos familiares. Neste caso, os direitos violados vão além da pobreza e privações de acesso aos bens e serviços, onde os indivíduos se encontram já em situação de exclusão social (BRASIL, 2004), estando em situação de risco, pessoal ou social.

Os Serviços da Proteção Social Especial de Média Complexidade são ofertados junto aos Centros de Referência Especializada em Assistência Social (CREAS), às famílias, cujo vínculo e convivência familiar ainda existam, porém, encontram-se ameaçados e fragilizados em decorrência da situação de vulnerabilidade social. Estes serviços buscam articular ações que visam a proteção da família e seus vínculos. A Proteção Social Especial, oferta cinco tipos de serviços de média complexidade, divididos pelo público alvo, crianças, adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, ou seja, a família como um todo. Dentre os Serviços ofertados, está o cumprimento de medida socioeducativa, direcionado a adolescentes que cometeram atos infracionais, através de atividades de reinserção que possibilitam novas perspectivas para o futuro e a convivência social. Nos casos de medidas judiciais mais brandas, que afastam o adolescente do convívio familiar e social, seja por medida de proteção ou socioeducativa, o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Família e Indivíduos

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(PAEFI), busca apoiar e acompanhar as famílias destes adolescentes, visando à promoção de direitos e o fortalecimento dos vínculos rompidos, além dos sociais e comunitários, buscando fortalecer a função protetora da família (BRASIL, 2010).

O CREAS operacionaliza, também, o Serviço de Abordagem Social, ofertado de forma continuada e programada, com a finalidade de assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique nos territórios a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes em situação de rua, entre outros (BRASIL, 2010). Com isso, busca-se atender as necessidades e demandas imediatas destes usuários, quanto à violação de direitos e a inclusão em programas socioassistenciais.

O segundo nível de Proteção Especial, diz respeito aos Serviços de Alta Complexidade que tem por objetivo a proteção integral a indivíduos ou famílias em situação de risco e também aos que se encontram em situação de abandono, e com direitos ameaçados ou já violados. Muitos desses indivíduos estão em situação de risco social, necessitando de acolhimento e afastamento do convívio familiar, pois já possuem seus vínculos rompidos ou extremamente fragilizados, em decorrência de vários fatores, dentre eles, a violência, física, psicológica e sexual (BRASIL, 2010).

No próximo subitem deste capítulo, as discussões voltam-se ao CRAS, uma unidade pública estatal, descentralizada da Política Nacional de Assistência Social, responsável pela Proteção Social Básica, constituindo a principal porta de entrada ao SUAS.

2.2 O CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CRAS

Sendo o SUAS um sistema descentralizado que organiza a oferta dos serviços socioassistenciais no Brasil, com ações organizadas de acordo com suas complexidades (BRASIL, 2010), estes serviços são hierarquizados, divididos em Proteção Social Básica e Proteção Social Especial, ficando a cargo dos Centros de Referência de Assistência Social- CRAS a execução direta das ações voltadas a Proteção Básica.

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CRAS são unidades públicas estatais descentralizadas da Política Nacional de Assistência Social, responsáveis pela oferta de serviços e pela gestão local da rede socioassistencial básica, servindo como principal porta de entrada do SUAS, e através disso, ao acesso e garantia de direitos sociais básicos. Como seu próprio nome já diz, é referência nos serviços socioassistências (BRASIL, 2010).

O CRAS assume como fatores identitários dois grandes eixos estruturantes do SUAS: a matricialidade sociofamiliar e a territorialização. Tem-se na família o foco das ações e serviços da Política de Assistência Social, enquanto núcleo social fundamental para efetividade dos serviços.

A territorialização, segundo eixo estruturante, está ligada a identificação e compreensão da vulnerabilidade e riscos sociais de acordo com territórios, buscando concretizar a descentralização dos serviços, previsto no SUAS. A noção de território diz respeito aos territórios que apresentam maiores demandas, buscando com isso a aproximação do CRAS com o público alvo, aproximando-se do espaço onde ocorrem e são identificadas as desigualdades sociais.

Levando em consideração a matricialidade sociofamiliar como um dos eixos estruturantes, a família assume o foco central das ações do CRAS, sendo de sua exclusividade a oferta de serviços de fortalecimento de vínculos e de proteção, atendendo os objetivos da Proteção Básica. Dentre estas exclusividades e obrigatoriedades do CRAS, está a oferta do Serviço de Proteção e Atenção Integral às Famílias- PAIF, de caráter continuado. O público alvo do PAIF é composto por famílias em situação de vulnerabilidade social, participantes de programas de transferência de renda e benefícios assistenciais, além de idosos e pessoas com deficiência, sujeitas a situações de risco quanto à preservação dos vínculos familiares e sociais.

A Resolução nº 109 de 11 de novembro de 2009, dispõem sobre a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, apresenta o PAIF, como serviço de Proteção Social Básica, que

consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. Prevê o desenvolvimento de potencialidades e aquisições das famílias e o

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fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, por meio de ações de caráter preventivo, protetivo e proativo (BRASIL, 2009).

Para que sua função seja efetivada, são desenvolvidas ações através de trabalhos sociais com as famílias que buscam desenvolver suas potencialidades e autonomia. Além disso, através dos trabalhos desenvolvidos em Programas voltados a geração de renda, ofertados pelo CRAS, busca-se uma alternativa para estas famílias, quanto ao acesso aos bens de consumo e até mesmo possibilitando a profissionalização e uma possível inserção ao mercado de trabalho. Todas estas ações de forma articulada visam à inserção destas famílias na sociedade, evitando com isso a exclusão social, buscando garantir os direitos sociais básicos e o fortalecimento da família.

Além do PAIF, outros serviços da Proteção Social Básica são ofertados no CRAS, como o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Esse serviço é organizado em grupos e visa complementar o trabalho social com as famílias, prevenindo situações de risco social. É destinado a variados públicos, estando entre eles crianças de zero a seis anos; crianças e adolescentes de seis a quinze anos; adolescentes e jovens com idade entre quinze e dezessete anos e ainda a idosos com idade igual ou superior a sessenta anos (BRASIL, 2009).

Seu principal objetivo é o fortalecimento e incentivo a convivência familiar e comunitária, complementando o serviço do PAIF, promover o acesso dos usuários, aos benefícios de assistência social e aos serviços setoriais, e aos direitos a saúde, educação, lazer e a cidadania, através do acesso aos direitos sociais. Tais serviços buscam proporcionar experiências que contribuam para o fortalecimento de vínculos de pertencimento, incentivando o desenvolvimento da autonomia destes usuários (BRASIL, 2009).

O CRAS ainda oferta o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosa. Assim como os demais, este serviço também visa o fortalecimento dos vínculos familiares e de pertencimento a sociedade, principalmente pela dificuldade de acesso destes usuários. Segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, o objetivo é o de desenvolver ações que sejam extensivas aos familiares, de apoio, informação, orientação e encaminhamento, com foco na qualidade de vida, exercício da cidadania e inclusão na vida social (BRASIL, 2009).

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Este serviço apresenta particularidades, por ser direcionado a usuários impossibilitados de participar das ações nas dependências do CRAS, exigindo com isso, uma maior atenção dos profissionais, porém, tais ações tem caráter preventivo, visando evitar o isolamento destes usuários, e identificação de possíveis violações de direitos e até mesmo situações de violência.

No próximo capítulo, o CRAS é abordado a nível municipal, como Instituição Pública de Assistência Social, e espaço de atuação profissional, sendo assim, também definido como campo de estágio para acadêmicos do Curso de Serviço Social. Através disso, possibilitou realizar as experiências vivenciadas durante os três níveis de Estágio Supervisionado do Curso de Serviço Social da UNIJUÍ, concretizando as discussões realizadas até então, frente à importância deste processo que é o estágio supervisionado.

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CAP.3-A EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CRAS DE SANTO AUGUSTO

Nos capítulos anteriores deste Trabalho de Conclusão de Curso, buscou-se discutir o Estágio Supervisionado em Serviço Social, através de uma pequena retomada histórica, demonstrando seu significado e importância para a formação profissional. Na sequencia, contextualizou-se o Sistema Único de Assistência Social e os Centros de Referência de Assistência Social e seu papel em relação à Política de Assistência Social. Tal discussão se fez necessária, por tratar-se do CRAS, um espaço de atuação profissional e a partir de então, campo de estágio para acadêmicos do curso de Serviço Social.

Neste capítulo, através de dois subitens, o CRAS é discutido em âmbito Municipal, proporcionando um reconhecimento desta instituição e seus serviços ofertados aos usuários. O segundo subitem, traz um relato das experiências vivenciadas durante os três estágios supervisionados em Serviço Social.

3.1 O CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL- CRAS DE SANTO AUGUSTO, RS

A história de Santo Augusto iniciou a partir das Missões dedicadas a catequese de indígenas. Embora não tendo deixado marcas profundas, esta passagem ficou registrada, principalmente pela extração de erva-mate. Já a colonização e o povoamento, tiveram origem no ano de 1918 com a instalação de uma casa comercial à margem da estrada que ligava a Colônia Militar do Alto Uruguai a Ijuí, tendo como proprietário o Senhor Pompílio Silva, apoiado por João Batista Chagas, grande fazendeiro da época.

Referências

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