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A função materna e os problemas no desenvolvimento infantil

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Academic year: 2021

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ROCHELE STRACKE GOMES DOS SANTOS

A FUNÇÃO MATERNA E OS PROBLEMAS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

SANTA ROSA 2016

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

DHE - DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE PSICOLOGIA

A FUNÇÃO MATERNA E OS PROBLEMAS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

ROCHELE STRACKE GOMES DOS SANTOS

Orientadora

Me. SIMONI ANTUNES FERNANDES

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Graduada em Psicologia

SANTA ROSA 2016

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RESUMO

O presente trabalho, com base na teoria psicanalítica, busca explanar a importância da Função Materna para constituição do ser humano. Quando o bebê nasce, ele é apenas um corpo que chora, esperneia e suja as fraldas, o agente materno deve dar conta das suas necessidades básicas, interpretando seus choros, dando sentido aos seus movimentos. Para a inauguração do psiquismo é fundamental que a mãe deseje o seu bebê e, com isso, signifique suas manifestações, pois é a partir desta relação de desejo que a criança vai se subjetivando, sendo atravessada pelos significantes maternos. Porém, quando a criança chega ao mundo com algum problema no desenvolvimento, a função materna tende a claudicar, pois há uma diferença entre o filho desejado e o que acaba de nascer. Isso pode levar a um luto pela perda do filho esperado, colocando em xeque o futuro do bebê que chegou. Sendo assim, o trabalho clínico de intervenção terapêutica a partir da psicanálise possibilita aos pais ressignificar o investimento para o filho com problemas no desenvolvimento, permitindo que esses pais possam elaborar o luto e construir um lugar de sujeito para a criança.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO...5 CAPÍTULO 1...7

1. A FUNÇÃO MATERNA E SUAS IMPLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO DA CONSTITUIÇÃO PSQUICA...7 1.2 A criança com problema de desenvolvimento e as figuras parentais...13

CAPÍTULO 2 ...21

2. A INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA COM CRIANÇAS COM PROBLEMAS DE DESENVOLVIMENTO: ALGUMAS IDEIAS SOBRE A ESTIMULAÇÃO PRECOCE...21

CONSIDERAÇÕES FINAIS...28

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INTRODUÇÃO

Este trabalho propõe-se a apresentar a “A função materna e os problemas no desenvolvimento infantil”, especialmente quando a criança apresenta alguma deficiência. A escolha do tema desenvolvido teve origem numa experiência de estágio realizada na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, com os alunos e o grupo de mães que recebem acolhimento nesta instituição, na qual vivenciamos uma situação de acompanhamento de um jovem com Síndrome de Down, que era tratado pela mãe como um bebê, oferecendo todos os cuidados, e assim dificultando o seu desenvolvimento. Tal experiência fez com que percebêssemos o olhar da mãe para seu filho, o lugar que a criança ocupa no discurso materno. A mãe de uma criança que apresenta problemas no desenvolvimento, possivelmente pode colocar o filho num lugar de incapaz, limitando suas capacidades, e isso pode vir colocar em xeque o futuro psíquico da criança.

A partir do momento em que nasce um bebê, ele conta com os reflexos, choro, esperneio e uma percepção desconexa. Este bebê precisa se transformar em um sujeito e, para que isso aconteça, ele precisa dar conta daquilo que irá suprir suas necessidades básicas. É a função materna que traduz em palavras as manifestações da criança: a mãe supõe um sujeito e interpreta as suas necessidades e é através desses cuidados básicos que se estabelece uma relação afetiva que vai inaugurando o percurso da constituição psíquica da criança.

Por outro lado, ao nascer um filho com alguma deficiência, a diferença entre o filho que se esperava e o que acaba de nascer, possivelmente, atinge a função materna, pois a mãe enfrenta o luto da perda do filho desejado e sente o recém-chegado como um estranho. Isso pode criar dificuldades na relação das funções constituintes para a criança com problemas de desenvolvimento.

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No decorrer do trabalho, apresentamos as teorias de Winnicott, Lacan e Freud, que embasam nesta escrita as influências da função materna na constituição psíquica e as possíveis maneiras com as quais a função materna lida com o diagnóstico da criança, também enfatizando a intervenção terapêutica a partir do diagnóstico de uma patologia, através de autores como Jerusalinsky e Coriat (1983), que destacam a importância do exercício da função materna para possibilitar a partir da relação mãe – bebê, a subjetivação da criança.

Essa pesquisa será apresentada em dois capítulos, sendo que no primeiro será abordada a função materna e sua importância para constituição do sujeito, bem como se discute sobre como os pais enfrentam o problema de desenvolvimento que a criança apresenta. No segundo capítulo, será tratada a intervenção terapêutica a partir do recorte teórico da psicanálise diante dos problemas de desenvolvimento, enfatizando as consequências psíquicas que podem ser causadas pelo não investimento das funções que constituem o sujeito.

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CAPÍTULO I

1. 1 A função materna e suas implicações no desenvolvimento da constituição psíquica

Neste capítulo, iremos abordar a constituição psíquica, processo pelo qual a criança passa e que se faz através da sua relação de dependência com o Outro, para um posterior desprendimento. Segundo Roudinesco e Plon (1998), o Outro, com letra maiúscula, é utilizado para designar um lugar simbólico – o significante. É deste Outro que se fala na função da linguagem em psicanálise e é este que determina o sujeito e que irá dar um lugar de existência para a criança, que pelo registro da linguagem irá possibilitar a constituição do psiquismo.

No princípio, antes da criança nascer, ela já é inserida em um discurso que precede sua existência, discurso esse que é referência simbólica da imagem formada para este filho. Ao nascer, a criança encontra a sua espera toda uma organização cultural pronta, para ela há um futuro planejado, é esperado um corpo saudável, no desejo dos pais, este filho é “perfeito”. Em “Introdução ao Narcisismo” (1914), Freud refere-se à chegada da criança como “His Majesty the baby”, como um dia pensamos de nós mesmos. Ela deve concretizar todos os sonhos não realizados pelos seus pais, tornar-se um grande homem ou herói no lugar do pai, desposar um príncipe como tardia compensação para a mãe. (p.37).

Há uma imagem de filho ideal projetada sobre a criança, o bebê se reconhece nesta imagem que a função materna projeta. Esse filho idealizado suposto pelo

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discurso parental é uma realização narcísica dos pais: “O amor dos pais, comovente e no fundo tão infantil, não é outra coisa, senão o narcisismo dos pais renascido.” (Freud, 1914, p 37). Portanto, este é o primeiro momento em que a criança se apropria desta condição de sujeito, em que o discurso dos pais antecipa um sujeito de um corpo de acordo com o narcisismo destes.

Num primeiro momento, o bebê é um corpo que choraminga, esperneia e sente fome, fazendo com a mãe interprete todas essas manifestações como sendo da ordem da demanda. O filho demanda sua presença, ou seja, ele a chama; é através desta relação com o Outro que será inaugurado o percurso de constituição psíquica.

A função materna vai dar sentido ao mal-estar produzido no bebê, proporcionando-lhe satisfação, ou seja, a troca de fraldas, o amamentar, o colo, enfim , essa interação provocará no bebê uma sensação de prazer . E são esses cuidados básicos sustentados pelo desejo que irão produzindo marcas que gradualmente vão construindo o psiquismo do bebê. Vemos a importância do Outro para o bebê se constituir como sujeito:

Diante dos estímulos endógenos do bebê é preciso um Outro encarnado que atribua intenção de comunicação ao seu grito e , por meio de uma interpretação, produza uma ação especifica capaz de satisfaze-lo. Se há interpretação é porque já há linguagem ali. Mas é evidente que a linguagem não se inscreve por si. Não basta colocar um bebê na frente do rádio ou da televisão. Para que o gozo do bebê se atrele ao Outro, como instância da linguagem, é preciso um endereçamento, é preciso um Outro que, que ao tomar o bebê desde um desejo não anônimo e a partir do saber simbólico que a linguagem lhe permitiu constituir, opere corte e costura do funcionamento corporal do bebê, levando em conta o que o afeta e fazendo borda a seu gozo. Se isto atrela o bebê ao campo do Outro, para que ele possa chegar a situar-se na condição de falante, e não como mero repetidor ecolálico do que lhe é dito, será preciso que esse desejo não anônimo opere no laço mãe-bebê enquanto um enigma diante do qual, para a mãe, o bebê se situa como sujeito que supostamente deteria um saber (JERUSALINSKY, J , 2009, p. 68)

É esta organização discursiva com uma imagem de filho ideal projetada sobre a criança que deverá ser incorporada por esta, para assim, atuar na organização de seu corpo e psiquismo. O discurso do Outro funciona para criança como um espelho, no qual ela se vê como uma imagem refletida, e é a partir desta experiência que se formará o primeiro esboço do EU. Esse movimento de apropriação que a criança faz para o discurso do Outro é o que Lacan chama de Estádio do Espelho:

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Basta compreender o estádio do espelho como uma identificação, no sentido pleno que a análise atribui a esse termo, ou seja, a transformação produzida no sujeito quanto ele assume uma imagem (...). A assunção jubilatória de uma sua imagem especular por esse ser ainda mergulhado na impotência motora e na dependência da amamentação que é o filhote do homem nesse estágio de infans parecer-nos-á, pois manifestar, numa situação exemplar, a matriz simbólica em que o [eu] se precipita numa forma primordial, antes de se objetivar na dialética da identificação com o outro e antes que a linguagem lhe restitua, no universal, sua função de sujeito. (Lacan, J, Escritos - RJ: Jorge Zahar , 1998. pág. 97)

Essa organização da fase do espelho se faz em torno de três momentos fundamentais, em que se inicia quando o bebê se lança nessa relação para apreender essa imagem que está no discurso do Outro. Neste primeiro momento, a criança não reconhece o seu corpo como um e o da mãe como outro. Para ela, mãe e bebê são um só. É através desta alienação com a imagem projetada pelo discurso do Outro que se inicia a constituição do sujeito.

Num segundo momento, a criança começa a perceber que a imagem refletida no espelho é uma representação e, com isso, ela passa a se identificar com o que vê neste espelho. Num terceiro momento, a criança já sabe que o reflexo no espelho é a sua própria imagem, então ela se apropria disto, unificando o seu corpo. É através dessa imagem do corpo unificada e total que ela passa a estruturar sua identidade.

A constituição psíquica vai sendo evidenciada nesses desdobramentos do Estádio do Espelho, essa separação entre o eu e o Outro, e consequentemente entre o sujeito e o objeto. E nesse reconhecimento do reflexo do espelho, experiência imaginária de sustentação e atravessamento do simbólico, que o bebê vivencia o complexo de pré-formação do EU, sendo a partir disso a criança lançada para o primeiro tempo do Édipo.

Freud (1900) foi buscar no mito Édipo-Rei - a história de um filho que mata o pai para casar com a mãe – uma forma de elucidar como se opera a lei do incesto e como esta é necessária na constituição psíquica. A tragédia grega de Édipo é utilizada por Freud para explicar um estádio do desenvolvimento infantil em que a criança inconscientemente apresenta desejos incestuosos pelo seu genitor do sexo oposto e hostilidade para o genitor do mesmo sexo. Para a psicanálise, o momento crucial da constituição do sujeito situa-se no campo da cena edípica, em que a

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criança sexualiza os pais e os torna objeto de desejo em suas fantasias. Laplanche e Pontalis (2001, p.77) definem o complexo de Édipo como um

(...) conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais. Sob sua forma dita positiva, o complexo apresenta-se como na historia de Édipo-Rei: desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto. Sob sua forma negativa, apresenta-se de modo inverso: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto. Na realidade, essas duas formas encontram-se em graus diversos na chamada forma completa do complexo de Édipo.

No Complexo de Édipo há um sentimento de ambivalência, de amor e ódio na relação mãe, filho e pai, e está relação edípica entre mãe e filho é desorganizada pela ameaça de castração1 que se instaura através da intervenção do pai como privador desta relação incestuosa. O primeiro tempo de Édipo se dá com a saída do estádio do espelho. Nesta fase, a criança se identifica com o filho imaginário falado pelo desejo materno e fica assujeitada à ordem deste desejo.

Esta relação fusional é suscitada pela posição particular que a criança mantém junto á mãe, buscando identificar-se com o que supõe ser o objeto de seu desejo. Esta identificação, pelo qual o desejo da criança se faz desejo do desejo da mãe, é amplamente facilitada , e até induzida pela relação da criança com a mãe, a começar pelos primeiros cuidados e a satisfação das necessidades. (DOR, J, 1990, p. 81)

Para DOR, o desejo materno está articulado a uma falta que existe na mãe; o filho seria o objeto que iria preencher essa falta, ele está numa equivalência fálica, ou seja, o filho está no lugar de falo materno e o desejo da mãe é o falo e então a criança se coloca neste lugar de objeto faltante.

O falo é o elemento organizador da sexualidade humana, onde se há uma representação psíquica do órgão genital masculino (Nasio, 1995) O filho deseja ver sua mãe como não faltante, pois assim ele, de fato, seria o falo. O que ele deseja é a imagem do falo que a mãe lhe devolve, sendo assim, ele deseja a si próprio na mãe. Num segundo tempo, entra um terceiro em cena, em posição de privador da

1 Em psicanálise, o conceito de “castração” designa uma experiência psíquica inconsciente, que é

vivida pela criança por volta dos cinco anos de idade. Este momento é decisivo para assunção de sua futura identidade sexual. No Complexo de Castração a criança reconhece, pela primeira vez a diferença anatômica entre os sexos e a partir disso terá que aceitar que no universo existem homens e mulheres e que o corpo tenha limites. J. –D. Nasio (1997) , Lições sobre os 7 Conceitos Cruciais da Psicanálise, Rio de Janeiro, Zahar.

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relação mãe-filho- falo e ele se apresenta como quem faz cumprir essa separação, ele é o suporte de referência ao falo.

O Nome-do-pai é o significante responsável por interditar a relação de prazer existente entre mãe e filho, a função paterna introduz a lei, apresenta esta proibição nesta relação “incestuosa” como uma metáfora capaz de promover o “corte” no vinculo mãe e filho.

O Nome-do-Pai, pai como suporte da função simbólica, é o instrumento legal dessa operação dita metáfora paterna que ordena de um certo um certo tipo de estrutura em que o sujeito se define como essencialmente marcado e assujeitado a lei simbólica – castração – e a seus desdobramentos simbólicos “(Souza, 1991, p 11)

É através da interdição da metáfora paterna que a criança começa sua identificação com o pai, no qual ele intervém como tendo o falo. Essa identificação no sujeito internalizada chama-se ideal do eu e, a partir disso, o complexo de Édipo declina, que é exatamente o terceiro momento, que se faz fundamental, pois se coloca a questão da castração: a criança castrada é marcada pela simbolização da lei, é constituído um ser faltante, ou seja, um sujeito de desejo.

Percebemos a importância da função materna na constituição psíquica da criança, que para inauguração da construção deste EU se faz fundamental que haja o investimento materno no início da vida do bebê, que se estabeleça a função materna. É importante que a mãe - ou quem realiza essa função - esteja não somente de corpo presente para este filho, mas também psiquicamente implicada com este, dando conta das necessidades básicas de sobrevivência orgânica e psíquica deste ser; é necessário que o bebê que de início é somente um corpo, seja atravessado pela linguagem materna.

Conforme Winnicott (1896), a mulher, para ser mãe, desenvolve, no final do período gestacional e primeiros tempos após o nascimento do bebê, uma “preocupação materna primária”. Esse sentimento é condição para relação mãe e bebê. Se a mãe não desenvolve este sentimento, o ambiente para o bebê fica fragilizado.

Durante os últimos meses de gestação e primeiras semanas posteriores ao parto, produz-se na mãe um estado psicológico especial, ao qual chamou de “preocupação materna primária”. A mãe adquire, graças a essa

sensibilização, uma capacidade particular para se identificar com as necessidades do bebê. Esta condição especial alcança sua intensidade

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máxima imediatamente depois do parto, diminuindo pouco a pouco a medida que a criança cresce. (Bleichmar e Bleichmar, 1992, p 221)

A partir do momento em que nasce um bebê, ele conta com os reflexos, choros e uma percepção desconexa; ele é um ser desintegrado. Conforme Winnicott (1948), o bebê ao nascer se encontra na fase de dependência absoluta. Este bebê precisa se transformar em um sujeito e, para que isso aconteça, é preciso dar conta daquilo que irá suprir suas necessidades básicas e constituir seu psiquismo. A mãe deve corresponder às necessidades do filho, a sensibilidade materna se faz através dos sentidos que a mãe dá às reações do bebê, dando significado aos seus movimentos e choros, e assim, interpretando seus pedidos. Winnicott enfatiza a importância do meio ambiente para o desenvolvimento mental primitivo. Para o autor:

A criança nasce indefesa. É um ser desintegrado, que percebe de maneira desorganizada os diferentes estímulos provenientes do exterior. Além das características inatas, o bebê nasce provido de uma tendência para o desenvolvimento. (..) A tarefa da mãe é estabelecer um suporte adequado para que essas inatas alcancem um desenvolvimento ótimo. ((Bleichmar e

Bleichmar, 1992, p. 222)

A mãe vai responder à necessidade do bebê, que, num primeiro momento, é uma necessidade orgânica. Ao apresentar o seio (mamadeira) para o filho, a mãe estará não somente satisfazendo a fome dele, mas também inaugurando o primeiro registro de prazer nesta relação entre ela e o seu bebê. Na medida em que a mãe vai sempre estando à disposição dos pedidos do filho, este cria a ilusão de que ele tem o poder de criar as coisas para sua satisfação. Essa rotina de cuidados produz, num primeiro momento no bebê, um sentimento de onipotência, que, gradativamente, vai diminuindo à medida que este vai percebendo que aquilo que o satisfaz provém do outro.

É a partir desta relação com o prazer que o bebê começa a constituir-se psiquicamente, na medida em que vai demandar novamente que o objeto lhe proporcione satisfação. É através das demandas do filho que irão comparecer os significantes maternos, as atribuições que esta mãe propõe àquele sujeito que ela supõe no bebê, amamentar, trocar fraldas, dialogar, olhar, manejar, enfim, todo esse sustento dado pelo agente materno, vai permitir a sobrevivência física do bebê e também sua sobrevivência psíquica, pois essa sustentação não somente suprime as

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necessidades, mas também permite ao bebê estabelecer uma relação com o mundo externo.

A sustentação feita pela mãe é o fator que decide a passagem do estado de não integração, que caracteriza o recém-nascido, para integração posterior. Este vínculo físico e emocional entre a mãe e o bebê assentará as bases para o desenvolvimento saudável das capacidades inatas do individuo. (Bleichmar e Bleichmar, 1992, p 223).

O ambiente influencia na estrutura da formação psíquica, e esse ambiente, inicialmente é a mãe. Winnicott utilizou o termo Holding ou sustentação para retratar os procedimentos emocionais da mãe em relação ao filho. E é no sucesso ou fracasso dessa sustentação que se situam os diferentes graus de perturbações psíquicas. Considerando o exposto, percebemos que, quando o agente materno investe em seu bebê, ele não está somente realizando a satisfação de suas necessidades vitais, está também o preparando na construção de um psiquismo. Com isso, constatamos a importância das figuras parentais no desenvolvimento da criança.

1.2 A criança com problema de desenvolvimento e as figuras parentais

Quando a criança chega ao mundo com alguma deficiência, as figuras parentais podem claudicar em operar com suas funções, o que pode problematizar o desenvolvimento psíquico que vimos anteriormente, colocando assim, em risco a saúde psíquica do bebê. Como a proposta deste trabalho é abordar problemas de desenvolvimento associados à deficiência intelectual e os efeitos que esse diagnóstico causa nas figuras parentais, é importante, antes de entrarmos neste assunto, compreender a nomenclatura utilizada para se referir à deficiência.

Conforme Regen (1993), na Grécia Antiga, as crianças que possuíam algum tipo de deficiência não eram consideradas humanas, sendo abandonadas, pois não correspondiam com os ideais de corpos que norteavam a cultura daquela época. No decorrer da história, o deficiente foi definido de várias maneiras, sendo no início percebido como algo subumano e, pela influência da Igreja Cristã (Idade Média), vistos como um castigo divino, sendo criaturas demoníacas, que acabavam sendo abandonados ou assassinados. Logo, também pela influência religiosa, os deficientes passaram a ser reconhecidos como dignos da caridade divina, e o

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abandono deu lugar ao acolhimento, porém ainda eram punidos com a intenção de curar o “mal divino” que possuíam no corpo.

A primeira instituição para abrigar deficientes mentais surgiu no século XIII, na Bélgica, e a primeira legislação destinada ao deficiente surgiu em 1935, na Inglaterra, onde, de acordo com a lei, ao rei cabia zelar pela sobrevivência desses indivíduos, assim como dos bens que estes possuíam. Já os séculos XIV, XV e XVI, período da inquisição, os deficientes eram acusados de heresias, com isso perdiam a vida por não terem condições de defesa.

Somente em meados do século XVI que o olhar para o deficiente sofre transformações, deixando de ter sentidos espirituais e passando a ter explicações médicas, por manifestação da doença, cabendo aos médicos diagnosticarem e tratarem da deficiência. Com isso, o termo “deficiência mental”, utilizado no século XIX, foi construído por um modelo médico, que consistia em classificar e denominar aqueles que possuíam algum problema em seu desenvolvimento mental, o que influenciava suas capacidades cognitivas, autônomas e sua adaptação ao meio social.

Com esse conceito médico, essas pessoas foram estigmatizadas pelo social, sendo vistas como “idiotas”, “débeis mentais”, “retardadas” e “loucas”. Tais termos representavam os problemas do desenvolvimento mental e era associado a transtornos mentais. Para o senso comum, todo deficiente intelectual possuía transtornos mentais. A partir de 1981, declarado pela ONU como Ano Internacional da Pessoa Deficiente (AIPD), é que se começa a organizar políticas em prol destas pessoas. Isso começa a levar as pessoas a se conscientizarem dos direitos das pessoas com deficiência e de reconhecimento na sociedade.

As pessoas com deficiência têm seus direitos garantidos pela Constituição Federal, por Decretos e Leis Federais e Convenções Internacionais. Na Constituição Federal do Brasil (1988), em seu artigo 23, capítulo II, se determina que “é competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cuidar da saúde e assistências públicas, da proteção e garantias das pessoas portadoras de deficiências”.

Além disso, existem outros instrumentos legais que buscam melhores condições a essas pessoas, como a Lei nº 7.853/89 que trata sobre o apoio às pessoas com deficiência e sua integração social; a Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90 e Lei nº 10.048/00 que estabelecem prioridades ao atendimento; Lei nº

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10.098/00 que determina critérios para a promoção da acessibilidade e o Decretos nº 3.298/99 (que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência) e Decreto nº 5.296/04 (que regulamenta as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00).

Esses documentos destacam os direitos das pessoas com deficiências a terem oportunidades e melhorias em suas condições de vida, em seu aspecto econômico e social, bem como estabelecem diretrizes para as áreas de educação, saúde, emprego e renda, legislação, entre outros aspectos importantes para a inserção social das pessoas com deficiência.

A criação de políticas que enfatizam a importância do apoio, do contexto social e das potencialidades do indivíduo criou um caminho para as práticas de inclusão dos portadores de deficiência intelectual, provocando um novo olhar do social para eles e, com isso, provocando uma mudança na maneira de denominar a deficiência.

A história, a criação de direitos, garantias e proteção às pessoas com deficiência fez com que surgisse a expressão “deficiência intelectual” no início do século XXI, em uma Declaração em Montreal (Conferência Internacional sobre deficiência intelectual, realizada nos dias 5 e 6 de outubro de 2004, em Montreal – Canadá.). Neste evento, foi construído um documento que afirma que as pessoas com deficiência intelectual possuem os mesmos direitos que os demais seres humanos.

Esses processos históricos que sofreu o olhar para o sujeito com deficiência intelectual provocaram o interesse de diversas áreas profissionais, como biologia, psicologia, psiquiatria e medicina, educação e serviço social. Com isso, se abriu um campo multiprofissional, onde os processos sociais, psicológicos, familiares, neurológicos, biológicos e econômicos dialogam para compreender cada caso específico.

Os fatores que determinam a deficiência podem ser genéticos, congênitos (quando a criança nasce com uma deficiência) ou adquirido (quando por algum fator externo determina essa condição). Segundo Dumas (2011), a deficiência intelectual se caracteriza por um desenvolvimento limitado das condições intelectuais e do funcionamento adaptativo da criança, tendo origens múltiplas, como problemas hereditários, na gestação, desnutrição, problemas no desenvolvimento, na interação social e cursos de desenvolvimento diferentes e manifestações diversas.

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A deficiência intelectual é um conjunto de condições diversas com três fatores afins: a) criança apresenta um funcionamento intelectual nitidamente inferior à média; b) esse funcionamento prejudica a adaptação da criança em diferentes aspectos e; c) o retardo geralmente manifesta-se durante a primeira infância ou em etapas posteriores.

A deficiência intelectual só pode ser diagnosticada em presença de déficit do funcionamento intelectual e adaptativo, sendo a intelectualidade da criança definida, na maior parte dos casos, pelo Q.I (abreviatura da expressão Quociente de Inteligência). O teste do Q.I tem por objetivo medir a inteligência e o progresso de crianças do ponto de vista intelectual através da capacidade que elas têm em verbalizar opiniões, compreender orientações, resolver problemas, comportar-se diante de uma situação que lhe é imposta. Ao examinar a criança com deficiência intelectual, fazia-se uma comparação desta com as crianças da mesma idade que eram consideradas normais.

Conforme o CID -10 (1993), há quatro níveis de gravidade do retardo mental2, sendo eles: leve, moderado, grave e profundo. No retardo mental leve, a criança possui Q.I de 50 – 69 e idade mental de nove anos até 12 anos , ela desenvolve várias competências afetivas, sociais e instrumentais, porém, essas conquistas são adquiridas de maneira lenta e limitadas. Contudo, essas crianças possuem capacidade para desempenhar suas necessidades pessoas e sociais (alimentação, higiene pessoal e compreensão de regras), mas requerem mais tempo e apoio para adquirir algumas aprendizagens.

No retardo mental moderado, a criança apresenta Q.I de 35 – 49 e idade mental de 6 a 9 anos. Neste grau, em geral a criança evidencia desde a primeira infância o seu retardo, mostrando possuir grandes dificuldades de comunicação, aprendizagem de regras e de condutas sociais, além de ter sua capacidade de autonomia limitada e podendo ter problemas de motricidade. No retardo mental grave, o Q.I é de 20 – 34 e a idade mental é de 3 até 6 anos; as crianças

2 A característica essencial do Retardo Mental é um funcionamento intelectual significativamente inferior à

média, acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades sociais/interpessoais, uso de recursos comunitários, autossuficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança. O início deve ocorrer antes dos 18 anos. O Retardo Mental possui muitas etiologias diferentes e pode ser visto como uma via final comum de vários processos patológicos que afetam o funcionamento do sistema nervoso central. O funcionamento intelectual geral é definido pelo quociente de inteligência (QI ou equivalente) obtido mediante avaliação com um ou mais testes de inteligência padronizados de administração individual (American Psychiatric Association (1994). DSM-IV: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (4ª Ed.). Lisboa: Climepsi Editores)

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manifestam dificuldades semelhantes ao grau de retardo mental moderado, porém, são mais intensos. Possui uma linguagem limitada e mobilidade reduzida.

É no retardo mental profundo que o Q.I é abaixo de 20 e a idade mental de até 3 anos; todo o desenvolvimento fica comprometido, exigindo cuidados e vigilância permanentes para a criança atingida. Sua comunicação, por vezes, pode ser feita por gestos ou palavras desconexas e não possuem autonomia pessoal. Essas crianças necessitam de cuidados específicos e possuem problemas físicos múltiplos, o que limita sua longevidade.

A técnica quantitativa é utilizada para mensurar a inteligência humana em relação à idade cronológica a qual o sujeito pertence, classificando sua deficiência em uma escala de seu funcionamento intelectual. Constatamos que o teste, além de ter o objetivo de mensurar a inteligência, acabou rotulando as crianças, pois estas eram avaliadas por este método e classificadas como normais, deficientes ou superdotadas. Com isso, é necessário não considerarmos somente esta técnica como diagnóstico diferencial para deficiência intelectual, mas relacionar a escala quantitativa com outras áreas de conhecimentos, pois também há outros fatores que contribuem para o desenvolvimento da deficiência intelectual.

Gardner (1994, p. 9) defende a existência de inteligências múltiplas e considera que, além da herança genética, as experiências vividas também contribuem para o desenvolvimento de determinadas inteligências, o ambiente, os cuidados e estímulos são importantes para o desenvolvimento da criança. O autor, em sua teoria busca retirar a noção de inteligência como uma capacidade quantitativa, que é definida por testes verbais padronizados. Ele atribui a existência de diversas inteligências humanas, sendo elas: a lógica (através da qual se possui facilidade em explicar as coisas, utilizando fórmulas e números; a linguística (há uma capacidade elevada de utilizar a língua para comunicação, expressão e aprendizado de outras línguas); a inteligência corporal (o indivíduo possui capacidade de se expressar por atividades que exigem uma expressão do corpo); a naturalista (voltada para a compreensão dos fenômenos da natureza); a inteligência intrapessoal (o indivíduo tem facilidade para estabelecer relacionamentos sociais); a interpessoal (capacidade de autoconhecimento); a inteligência espacial (habilidade em interpretar e reconhecer fenômenos que envolvem movimentos e posições de objetos) e a musical (em que é a inteligência voltada para interpretação e produção dos sons).

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Com isso, verificamos que, para analisar a cognição da criança, é necessário incluir meios adequados para a realização de testes em que envolva as diversas áreas de inteligência, criando um conjunto de atividades para cada capacidade e não um conjunto de perguntas sobre a atividade realizada.

A deficiência intelectual pode ser uma comorbidade3 em diversas patologias genéticas, como a Síndrome de Down, Síndrome do X- Frágil, Síndrome de Algemam, entre outras, porém, nesses casos, além das dificuldades intelectuais, elas apresentam as características patológicas no corpo. Na Síndrome de Down, por exemplo, a criança apresenta uma linguagem comprometida; na Síndrome do X- Frágil ela possui face alongada e orelhas grandes; e na Síndrome de Algeman, a criança apresenta andar desiquilibrado e comprometimento da fala.

Ele possui problemas no desenvolvimento, e agora? A família é a primeira a se confrontar com essa problemática na criança, sobretudo a mãe, que normalmente é a maior envolvida nesse processo, enfrentando possivelmente a frustração da expectativa que tinha para este filho. (Assumpção Jr, 1991)

O diagnóstico de alguma patologia pode causar um choque na família, pois o recém-nascido se apresenta para os pais como a perda do filho até então idealizado, aquele que seria destaque no social e teria características culturalmente valorizadas e aceitas. Se esse filho não existe mais, o discurso para o filho desejado abre espaço para a morte simbólica do filho ideal.

A partir da confirmação ou suspeita diagnóstica de um problema do desenvolvimento do bebê, começam a constituir-se nos pais diferentes formações psíquicas para fazer frente a esta irrupção do real. A impossibilidade ou claudicação dos pais em pôr em cena seu saber inconsciente para exercer a maternidade e paternidade com este bebê pode dar lugar a uma negação da patologia que foi diagnosticada, a uma tentativa de suplantar esta posição de não saber pela via de um conhecimento técnico, ou ainda a um efeito traumático que os lança em uma dimensão do “sem palavras”. (JERUSALINSKY, 2002, p. 114)

A questão é que os conflitos gerados nesses pais, que se sentem inconformados com um filho com deficiência, fazem com que eles não percebam que ali há um sujeito que pode e necessita ser investido de desejos. Estes pais

3Designação de duplo diagnóstico. Corresponde à associação de pelo menos duas patologias num mesmo paciente. FERREIRA, Aurélio

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precisam construir outras e novas representações psíquicas para este filho que chega, a partir do diagnóstico.

A família necessita reajustar as expectativas e elaborar sua perda, que por muitas vezes se torna uma elaboração problemática, pois os pais não conseguem lidar com a criança e com os sentimentos que se apresentam para esta, pois por um tempo, eles rejeitam, negam o filho. Logo após, a rejeição dos pais toma lugar para a culpa, em que, para compensar o tempo em que negaram o filho, eles procuram ser bonzinhos demais com este, não permitindo que ele tenha esforços físicos e cognitivos. Esse “cuidado” priva a criança de crescer, se movimentar, tornando-a dependente e, com isso, atrapalhando seu desenvolvimento. Esse sentimento de culpa que a mãe carrega é explicado por Laplanche e Pontalis (2001, p 472) como sendo

Um estado afetivo consecutivo de um ato que o sujeito considera repreensível, e a razão invocada pode, aliás, ser mais ou menos apropriada (remorso do criminoso ou autorrecriminações4 aparentemente absurdas), ou

ainda um sentimento difuso de indignidade pessoal com um ato determinado de que o sujeito se acuse.

A função materna pode claudicar através desta culpa que a mãe carrega, pois ao responder às demandas do filho, ela poderá interpretar o choro, esperneio, movimentos, enfim, enxergará em excesso todas as manifestações do bebê, satisfazendo as vontades deste de maneira exagerada. Ao tentar se redimir da culpa, a função materna restringe seu cuidado pensando somente na questão orgânica do filho. Esse cuidado vai incidir sobre a constituição psíquica da criança e sobre o funcionamento do seu corpo, pois o olhar da mãe fica voltado para a patologia.

Como vimos, no primeiro capítulo, a construção do EU é estabelecida nos primeiros anos de vida e é fundamental para a saúde psíquica da criança. Acontece que o investimento da função materna pode se fragilizar diante do diagnóstico do filho, conforme Amiralian (1986), a família pode dar menos respostas às demandas da criança, pois estes formados por valores culturais, tendem a perceber somente a incapacidade e falhas do filho, comparando-o sempre com as outras crianças normais. Segundo Bernardino,

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O psiquismo que as crianças vão construindo na medida em que vão se desenvolvendo no seio de uma família, e que lhes permite organizar todos esses aspectos neurológicos, psicológicos, motores. Trata-se de uma organização necessária para que se possa constituir um “eu” ali, para que possa haver uma pessoa, diferente de todas as outras (2008, p 57).

Para esta família, assim como para a maioria que não tem conhecimento sobre os problemas de desenvolvimento, a impressão que se tem é de que a criança não pode ter uma vida social; a esta não cabe brincar, conversar, ter vontades e ela é vista como algo “danificado”, que sempre dependerá da assistência do outro. É claro que esta criança necessita de cuidados diferenciados, mas ela é capaz de responder aos investimentos que seus vínculos parentais lhe oferecem. É este investimento que permitirá que se construa um EU, é o investimento dos pais que irá dar um lugar de sujeito psíquico para este filho.

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CAPÍTULO II

2. A intervenção terapêutica nos problemas de desenvolvimento

As situações descritas nos capítulos anteriores revelam as possíveis dificuldades e obstáculos que a criança com problemas de desenvolvimento poderá enfrentar em seu meio social e familiar. Conforme Amiralian (1986, p 49), o diagnóstico de qualquer deficiência leva a família a uma crise.

O que pode acontecer quando a criança não apresenta, em sua imagem o que a família tanto esperava? A confirmação do diagnóstico de uma patologia pode gerar conflitos na família, que podem se traduzir por um abandono ou por uma superproteção a este bebê real. Os pais restringem as capacidades deste, limitando sua cognição, afeto, motricidade e interação ao meio, atrelando todas as suas manifestações a patologia.

As expectativas que os pais criaram para aquele filho idealizado podem ser revertidas para um luto, e os pais reagem ao nascimento do filho como se tivessem perdido um ente querido. O luto seria uma tentativa de se reorganizar psiquicamente diante da falta. Segundo Freud (1920, p. 50), no luto, entendido como uma constelação de reações psíquicas, conscientes e inconscientes, há uma perda da libido antes investida no objeto amado. No caso dos problemas de desenvolvimento da criança, o luto a ser elaborado é o luto simbólico, pois há uma perda de um corpo idealizado. É importante os pais passarem por esse luto simbólico, pois elaborando o luto irá se possibilitar uma ressignificação dessa experiência que causou sofrimento e a partir disso eles conseguirão construir novas maneiras de se organizar diante da realidade que se apresenta.

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A relação narcísica dos pais com o filho ideal construído no imaginário não se concretizou naquele corpo real e esses pais não se reconhecem neste “estranho” que chega. Freud, em sua obra chamada “O inquietante” (1919), afirma que algo “novo torna-se facilmente assustador e inquietante; algumas coisas novas são assustadoras, certamente, não todas”. Com isso, se compreende a dificuldade que os pais enfrentam em reconhecer o bebê com deficiência como seu filho. Eles, num primeiro momento, não se enxergam neste “estranho” e isso pode comprometer o processo de identificação necessário para que se desenvolva o psiquismo da criança. “Se a imagem narcisística dos pais se vê questionada, é porque esse corpo deficitário não representa senão a impossibilidade do prolongamento imaginário do pai no filho, o rompimento da cadeia do próprio ato de gerar, questionando a filiação”. (Levin, 1997, p. 273). Verificamos, assim, os efeitos que a chegada da criança com alguma deficiência pode causar no ambiente familiar e as possíveis problematizações que a criança enfrentará devido aos conflitos gerados na família.

Para o bebê ser constituído como sujeito, é necessário que este seja atravessado por duas funções importantes exercidas pela mãe e pelo pai: a função materna e a função paterna. Acontece que, as operações dessas funções podem falhar diante da deficiência da criança, o sentimento de culpa, negação, abandono, superproteção, enfim, a maneira que a função materna irá enfrentar o diagnóstico do filho pode pôr em xeque a constituição psíquica deste, criando marcas simbólicas que inscrevem a criança numa posição em torno da sua deficiência.

Isso pode inibir as suas capacidades, causando dificuldades da criança responder ao meio, impossibilitando de produzir ideias e ações diante do que o meio lhe oferece, pois o Outro supõe uma insuficiência nela. A função materna atribui a este filho um lugar de impotência, imaginando que este ser é indefeso: “meu filho é doente, ele não pode fazer nada”. Conforme Jerusalinsky (2000, p 199), a família claudica em poder operar os cortes simbólicos que são necessários para constituição.

Essas dimensões podem levar à negação da metáfora paterna, em que cabe à função materna autorizar que o pai ocupe o lugar de autoridade. Ao não permitir à função paterna intervir na relação incestuosa com o filho, a criança pode ficar seriamente comprometida psiquicamente, pois ela fica capturada ao desejo da mãe, e não consegue construir a imagem do seu próprio corpo, assim não constituindo o

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seu EU, sendo alienada ao desejo materno, não possibilitando ser sujeito desejante. No psicótico parece não haver o corte promovido pela função paterna.

Encontramos crianças psicóticas que emprestam seu corpo aos cuidados maternos excessivos e fora de tempo; a entrada de um terceiro na relação parece anulada. “(...) Sua fala surge fragmentada e recheada de significantes do fantasma materno, pois se alienou a eles, por uma questão estrutural, mas deles não consegue se libertar, se separar”. (Jardim, 2001, p 32)

Também, pode ocorrer que não haja entre a mãe e o seu bebê a função materna, onde não há comunicação e um desejo para este filho, o que leva ao fracasso desta função, não podendo interpretar as necessidades do bebê. Essa falha do agente materno impede que a criança se organize a partir da imagem de seu corpo, tornando esta imagem fragmentada.

Como vimos, essa presença da deficiência no corpo real causa dificuldades para que os pais signifiquem esse déficit na dimensão do imaginário. Neste sentido, a criança pode se transformar em um deficiente e não em um sujeito, pois no discurso parental, a criança é a deficiência que possui, então ela passa a se reconhecer a partir dessa imagem do corpo que o discurso lhe oferece, ou seja, a deficiência não é simbolizada, ela fica no real. Para que as funções materna e paterna proporcionem a esta criança um desenvolvimento saudável, é necessário que se trabalhe o luto deste corpo que se perdeu (filho idealizado), criando possibilidades de o parental simbolizar a perda e ressignificar o corpo que chega.

Jerusalinsky (2011) nos fala que o surgimento do sujeito no bebê se faz através da relação mãe-bebê, e este surgimento só é possível através de quatro operações, quais sejam: a) o estabelecimento da demanda – é quando mãe significa as necessidades para sobrevivência vital do bebê, possibilitando que o filho produza uma satisfação; b) a suposição do sujeito – quando a mãe consegue ver em seu filho o sujeito que ela antecipou antes mesmo de sua chegada; é a partir disso que ela consegue interpretar, atender as demandas que o bebê dirige a ela; c) a

alternância – quando a mãe possibilita um ritmo de ausência e presença na sua

relação com o filho, não se colocando totalmente ausente, nem em total presença aos cuidados para ele; e d) a alteridade – quando a mãe não torna seu bebê como puro objeto sua satisfação e não coloca sua satisfação acima da lei, permitindo um terceiro nesta relação.

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Essas quatro operações precisam estar presentes no psiquismo do agente materno, pois é isto que irá promover o movimento na relação mãe-bebê, em que vai se inscrever na criança essas operações que irão orientar a sua relação de sujeito (bebê) com o Outro (função materna).

Sendo assim, no trabalho clínico com os pais de sujeitos com problemas de desenvolvimento, é necessário significar as cenas do bebê, dar sentido aos seus movimentos, choro, balbucio, fazendo com que os pais antecipem um sujeito neste corpo. É necessário que a função materna possibilite os cuidados básicos, que suponha que o choro, gritos e esperneio querem dizer sobre a fome, dor ou frio, colocando linguagem nas manifestações do bebê e não nas manifestações que eles supõem ser vindas da deficiência.

Ao clínico cabe “desgrudar”, “desprender”, “livrar” esta significação dos pais e valorizar as produções deste filho diante do olhar dos pais. Esta intervenção é necessária para constituição psíquica deste sujeito. É necessário trabalhar de forma que estes pais voltem a interpretar as demandas do filho, pois estes ficam presos ao diagnóstico do bebê e, com isso, recebem as suas manifestações comuns de uma criança como se fosse um sintoma causado pela deficiência.

Partindo da ideia que é nos primórdios da vida que os conflitos psíquicos estruturam o sujeito, umas das intervenções importantes na clínica dos problemas de desenvolvimento é a estimulação precoce. Conforme Jeruzalinsky (1987) é necessário reconstruir os aspectos prejudicados da função materna, as vezes até substituí-la parcial ou totalmente, enquanto dura a crise da mãe, esta é a base para se proceder a estimulação precoce. Nos primórdios da vida, a intervenção precoce dirige-se aos mais diversos problemas de desenvolvimento. Este trabalho clínico consiste em um acompanhamento de intervenção terapêutica em bebês que apresentam comprometimento em suas condições físicas ou mentais que resultam em algum tipo de atraso em seu desenvolvimento.

A estimulação precoce tem por objetivo fazer com que o paciente comprometido consiga atingir seus potenciais de desenvolvimento, mesmo que suas condições não sejam a mesma do que uma criança que não possua nenhum atraso. É preciso intervir em suas habilidades motoras, de linguagem e de socialização. Essa intervenção contribui no vínculo entre mãe e filho e com a aceitação da família para esta criança que possui alguma deficiência. “A estimulação dirige-se à criança em seu conjunto, e não a um determinado órgão, membro ou função. A ação com

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suas múltiplas variantes, expressões e qualidades, constitui o eixo de todo desenvolvimento cognitivo e instrumental” (Coriat e Jeruzalinsky, 1987, p 74).

De acordo com os autores, é importante, no acompanhamento terapêutico, considerar a idade que se iniciou o trabalho de estimulação precoce, pois é nos primeiros anos de vida que a criança desenvolve rapidamente seus aspectos estruturais, como a maturação do funcionamento do Sistema Nervoso Central e o crescimento (aumento de peso, tamanho e volume). Para Coriat e Jerusalinsky (1996), o aparelho biológico, através do sistema nervoso central, condiciona, limita e ao mesmo tempo oferece sua abertura à inscrição dos processos simbólicos e virtuais.

Porém, segundo Jerusalinsky ( 1999, p 28) “ o desenvolvimento de um bebê humano não opera por simples automatismos biológicos”, já que “ os estímulos externos não são o motor do seu desenvolvimento (...) seu corpo não se organiza por suas funções musculares ou fisiológicas, mas sim pelas marcas simbólicas que o afetam” Observa-se com isso, a importância do desenvolvimento desses aspectos juntamente com os aspectos instrumentais, onde a linguagem, psicomotricidade, hábitos e aprendizagem são instrumentos para dizer, expressar, socializar, compreender, aprender, enfim, para realizar aquilo que o sujeito demanda, desde sua estruturação e que o lugar do filho no discurso parental é o que permite a criança ser um sujeito marcado no biológico. Na estimulação precoce se intervém na relação mãe-bebê para ajudar a criança, junto com sua família, a solucionar a problemática do desenvolvimento nos processos instrumentais, quando se fazem presentes perturbações que impedem que se resolva espontaneamente tal problemática.

Molina (2001) diz que as funções orgânicas organizam-se pelo efeito de transformação que a linguagem opera na biologia. Da linguagem como estrutura derivar-se-ão tanto a estrutura subjetiva quanto suas funções. Sendo assim, nas produções subjetivas, os processos de aprendizagem não podem ser pensados sem a presença do Outro, pois é este que antecipará um sujeito e construirá seu corpo e suas funções através da linguagem.

O discurso do Outro é referência para o desenvolvimento dos aspectos estruturais e instrumentais, a subjetividade da criança se constitui com referência ao psiquismo da família, a estimulação que a criança adquire nos seus primeiros anos de vida incentivam seu desenvolvimento. Além disso, o ambiente no qual a criança

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está inserida ajuda em seu processo evolutivo, por isso que, no trabalho clinico, a intervenção se faz não somente com a criança, mas também com a família, em que se deve estar atento nesta relação entre o estrutural e instrumental no discurso parental.

O lugar que a criança ocupa no discurso dos pais é importante para pensar a intervenção, pois é deste lugar que a criança irá responder a estes pais e consequentemente ao social e, em se tratando de uma criança com deficiência, os pais podem não aceitar seu crescimento, ou seja, o corpo da criança cresce, mas o seu lugar no discurso parental fica fixado no corpo de um bebê e muitas vezes a mãe utiliza o “manhez” para tratar ou se referir ao filho.

A fala infantilizada é umas das condutas possíveis de acontecer nesta relação mãe-bebê, isso faz com que este filho cresça e fique capturado nesta imagem discursiva, não podendo desenvolver conforme seu corpo. A mãe já não antecipa um sujeito num corpo maturo; ela eterniza um bebê neste corpo que cresce, fazendo com que este fique dependente dos seus cuidados maternos. Neste sentido se torna fundamental um diagnóstico precoce para que as intervenções sejam iniciadas nos primeiros anos de vida, garantindo assim, uma melhor qualidade de vida para a criança, cabendo a estimulação precoce buscar intervir neste estilo de relacionamento.

Jerusalinsky (2002) nos fala da antecipação de insuficiência no bebê, sendo um mecanismo que se insere na relação pais - bebês em presença de uma patologia orgânica. A função materna não atribui um significado nas manifestações do bebê, mas sabemos que desde os primeiros instantes de vida, o bebê em seu choro já é interpretado. A mãe põe voz aos seus movimentos e, com isso, produz um diálogo em que ela coloca palavras na demanda do bebê, antecipando-o como capaz. Quando surgem os problemas de desenvolvimento, o bebê é antecipadamente tomado como incapaz, os cuidados dirigidos a este faz com que se excluam naquele corpo um suposto sujeito, pois para os pais, este se torna insuficiente para produzir diferentes aquisições.

Com tudo, observa-se que, na clínica com o bebê, o profissional não trabalha sozinho; ele trabalha com a relação mãe e filho, pois é a partir deste vínculo que se dá o processo de constituição da criança. O psicólogo possui o conhecimento específico, mas é o estímulo vindo da própria mãe, os seus cuidados maternos, seu acolhimento que vão permitir que a criança se constitua. Conforme Coriat (1997,

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p.55), “o profissional deve escutar os pais, ler no bebê o que nele foi escrito, brincar com ele, perguntar-lhe o que quer, supor sua resposta e construir com os pais o caminho a seguir, em função do desejo destes”.

Para essa autora, num tratamento de estimulação precoce, o terapeuta se ocupa da escuta, empresta palavras, toca os significantes que os pais dirigem ao manipular o bebê, além disso, empresta seu corpo para as construções terapêuticas e/ou subjetivas que acontecem na experiência clínica com o bebê e seus pais. Ele pega a criança, conversa, embala, faz movimentos diante dela, a criança vai integrando essas informações. É isso que vai fazer com que ela se desenvolva através dos estímulos direcionado a ela.

No trabalho terapêutico pelo viés psicanalítico, a intervenção se faz falando à criança, operando no campo da linguagem, centrado no bebê como sujeito de desejo, e a palavra precisa circular neste corpo, o terapeuta se coloca como um terceiro nesta relação mãe – bebê, proporcionando situações a partir do que se apresenta na clínica. O que interessa para o terapeuta é o desejo voltado para o bebê e não as habilidades colocadas em prática para desenvolver capacidades no bebê.

Com isso, observamos que um dos princípios fundamentais da clínica de estimulação precoce é de que não se deve padronizar o tratamento clínico, sendo que a proposta da clínica é observar cada caso, pois pode haver vários casos com o mesmo diagnóstico, porém cada bebê e os pais apresentam situações particulares. Além disso, o terapeuta precisa tratar o bebê como um bebê, não o vendo como um problema orgânico e é necessário propor que isso seja feito pelos pais também, já que estes chegam à clínica com o olhar voltado para a patologia do filho.

A estimulação precoce pode ser determinante para que o bebê adquira capacidades em diversos aspectos, como desenvolvimento cognitivo, motor e a comunicação. O contato do psicólogo com o bebê vai permitindo que os pais situem em seu discurso o lugar para este filho. Eles passam a dar um outro sentido às manifestações do bebê, retirando aos poucos o olhar para deficiência e possibilitando o caminho para a construção de um sujeito.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como enfoque o estudo sobre a função materna na constituição psíquica, abordando as possíveis falhas da função materna quando enfrenta o diagnóstico de uma patologia no bebê e a importância da estimulação precoce no desenvolvimento da criança.

Observamos a importância da função materna para o desenvolvimento do bebê, visto que é a relação mãe-bebê que permitirá que a criança inaugure seu trajeto para constituição de um sujeito. Entretanto, quando se apresenta uma problemática no bebê, a função materna pode vir a claudicar, sendo necessária a entrada de um terceiro na relação mãe-bebê, o terapeuta na estimulação precoce irá propiciar a produção num corpo que, para os pais, é um problema. A estimulação precoce permite que apareça em cena um bebê, um sujeito do desejo.

Todos nós, para nos constituirmos como sujeitos de desejo, precisamos passar pelo processo de construção psíquica, e é a função materna, encarnada no Outro, primordial para nos lançarmos neste caminho. Porém, quando se apresenta uma problemática no bebê, a função materna pode se fragilizar, pois a mãe, tomada pela patologia, possivelmente não conseguirá interpretar os gestos, olhar, balbucio, enfim, ela não consegue significar as manifestações do filho.

A partir disso, o psicólogo intervém, depositando um olhar para o bebê, como um todo, ou seja, como um ser inserido no social, com seu corpo biológico e seu psiquismo em construção e este convoca os pais a olhar para este filho, provocando na mãe e pai, um discurso que coloque o bebê numa posição de sujeito.

Percebemos a necessidade da entrada de um terceiro na relação mãe-bebê, o terapeuta na intervenção, irá propiciar a produção num corpo que para os pais é um problema, permitindo, assim, que apareça em cena um bebê, como um sujeito

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do desejo. No espaço clínico, devemos estar atentos ao movimento que provoca o discurso dos pais para o filho e, a partir disso, intervir, devemos operar sobre os preconceitos, mitos e fantasias existentes em nosso social acerca dos efeitos das deficiências. Pois quando os pais conseguem considerar as limitações do filho, o vendo como sujeito, faz com que este consiga seu lugar no discurso parental, provocando assim, um movimento saudável no psiquismo da criança.

Enfim, este trabalho contribuiu para uma melhor compreensão sobre a importância do exercício da função materna na constituição psíquica da criança. Também foi possível entender, de modo mais aprofundado, as problemáticas que se podem desencadear quando a função materna se encontra fragilizada. Percebemos este estudo como uma breve pesquisa, na qual foi utilizada como referência a abordagem psicanalítica. Contudo, destacamos a necessidade de continuar buscando conhecimento sobre esse assunto, já que esta escrita provocou outras questões.

Tais questões são em torno da suspeita prematura de atraso no desenvolvimento, através da qual observamos que é necessário olhar para o trabalho de estimulação precoce, não somente como um método para potencializar as capacidades da criança, mas também como caráter preventivo, sendo importante diagnosticar precocemente a deficiência, de preferência quando ainda no período de gestação. Acompanhar desde o momento da notícia, oferecer informações e ir trabalhando a elaboração do luto com os pais são questões importantes a serem discutidas no processo da chegada do bebê, o que permite aos pais irem estabelecendo uma relação saudável para o desenvolvimento de seu filho.

Pensamos na prevenção no intuito de minimizar as alterações que podem surgir no desenvolvimento da criança, mas também como uma maneira de trabalhar a interação mãe-bebê, criando condições para que os pais aceitem este filho com suas limitações. Com isso, abre-se caminho para uma melhor interação da criança com o seu meio social, proporcionando, assim, um desenvolvimento adequado para ela.

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