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Comportamento seguro em expedicionários militares do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR)

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Academic year: 2021

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COMPORTAMENTO SEGURO EM EXPEDICIONÁRIOS MILITARES DO PROGRAMA ANTÁRTICO BRASILEIRO

(PROANTAR)

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de mestre em Psicologia

Orientador: Prof. Dr. Roberto Moraes Cruz

Florianópolis 2018

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária

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Este trabalho é dedicado à minha família, aos meus amigos e aos homens e mulheres que desbravam novos mundos.

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“Diante da imensidão do tempo e da vastidão do Universo, é um enorme prazer para mim dividir este planeta e esta época com você” (Carl Sagan) Começo os agradecimentos com a frase de um ícone da ciência e terminarei citando outro. Sagan conseguiu de maneira poética explicar o quão é prazeroso termos encontrado certas pessoas na aleatoriedade da vida, ainda que por breves momentos. Mesmo aquelas que não nos trazem boas lembranças, ao menos excelentes lições. Essa dissertação é basicamente sobre os riscos e a sessão de agradecimentos deveria ser um capítulo à parte, pois corremos riscos significativos de nos apegarmos quando interagimos, parafraseando Saint-Exupéry.

É difícil começar a agradecer, não que eu não tenha muito o que agradecer ou a muitos, mas escolher por onde começar e saber como concluir estes agradecimentos é tão ou mais complicado que desenvolver teorias complexas. Eu poderia ser sintética e dizer que agradeço à minha família, meus amigos, colegas que contribuíram de maneira ímpar, representantes do PROANTAR, professores... alguns estão incluídos em duas ou mais categorias, aliás. Mas eu não sou uma pessoa sintética e acho que isso reduziria a importância que cada um teve para a realização deste projeto. Alguns nomes terei que omitir, justificarei devidamente o motivo.

Agradeço então...

Ao PROANTAR (organizações são formadas por pessoas e sou fã dessas). Em 2013 enviei um e-mail sem qualquer ideia da receptividade que teria e foi a melhor possível. Obrigada ao Almirante Silva Rodrigues pelo interesse em minha proposta. Fui então apresentada aos comandantes Teixeira (a quem ainda preciso agradecer pessoalmente), Átila e Eduardo, os dois últimos com quem compartilhei alguns momentos embarcada e na EACF, respectivamente. Finalmente o cmdt. Delduque, que realiza um esforço, ano após ano, para atender demandas de pessoas que amam ir para o polo sul, lembrando de cada um (e são muitos) e o cmdt. Galdino, e seu empenho para compreender as necessidades das pesquisas com muita consideração, já esteve na Antártica e sabe da importância da atenção aos seres humanos.

Neste percurso jamais poderia esquecer o sr. Peixoto, que sempre lembrou de mandar abraços a meu pai, perguntando se ele estava “menos preocupado com a filha exploradora”, e com quem residi por quase um mês sob o mesmo teto no continente gelado. Com muita estima, o cmdt.

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Silva, psicólogo que incentivou de todas as formas o projeto, o cmdt Agostinho e a Tenente Teixeira, o prof. Paulo Munhoz, com quem espero um dia trabalhar, o cmdt. Márcio Leite e sua ajuda inestimável, reconhecendo a relevância e o retorno da presente pesquisa para o PROANTAR. Também o cmdt Parpagnoli que conheci num longínquo treinamento militar pré-antártico e da mesma forma a cmdt. Haynnee, sempre lembrada em sua data especial com carinho pelos que estão na Antártica. À Andrea do MCTIC e seu cuidado com cada pesquisa.

Aos amigos antárticos, que chamo pelo primeiro nome, Jacimar, Santos, Renan, Simãozito, Hélio, Dani, Rodrigues, Elisabeth, William, Chiquinho, Serrano, Zelma e meu caríssimo Sidney. Aos comandantes dos navios, os imediatos e os representantes da SECIRM embarcados, assim como toda a tripulação de cada embarcação a qual tive oportunidade de “sentir o balanço”.

É óbvio, a todos os membros dos GBs, com um destaque ao primeiro que tive contato, que preparou placas de “boas-vindas” e parecia estar encontrando amigos de longa da data após um inverno isolado. Não posso citar seus nomes, pelo comprometimento da pesquisa, mas alguns destes me comunico até hoje e não pretendo perder o vínculo afetivo.

Quando termina um estudo científico? Quando podemos dizer que alguém que compôs nossa amostra também passou a compor nossa lista de entes queridos? Qual o tempo para estreitamento de laços afetivos inevitável? Quais limites devemos estabelecer para realizar pesquisas com seres humanos, sem esquecer que nós também somos humanos? Talvez novas perguntas de pesquisas futuras e agradeço a todos por terem provocado-as. Também agradeço por terem compreendido meus erros, equívocos e confusões. Antes de ser psicóloga ou mesmo mulher, sou uma pessoa como qualquer outra, tentando a todo custo melhorar sempre.

Também omito o nome, mas não a lembrança de um dos comandantes da FAB, que em certa ocasião veio até mim e um colega desejar uma boa pesquisa em meio à “correria” de uma nevasca e o chamado para partida à EACF urgente. À toda a tripulação do Hércules C-130, que leva pessoas e carga para a Antártica com a maior segurança todos os anos em operações de alto nível de complexidade. Ao adido da FAB, cmdt. Andari, que não só lembrava de mim todas as vezes que ia à Antártica, como se dispôs e ajudou em questões logísticas na cidade de Punta Arenas. É muito bom ver um rosto familiar, especialmente quando estamos sós e com medo. Sim, medo! Ter coragem de “ir lá e fazer” significa exatamente encarar os medos.

Aos inúmeros amigos nessa etapa da vida, mas anterior também, e muitas vezes estes sequer devem ter tido consciência do quanto foram

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mencionados (mesmo que seus nomes não possam constar no texto) também integram a lista de amigos. Começo com vocês: Hellen Alberton e Helena Dresch. Formamos um grupo na graduação e vocês são uma parte fundamental na minha vida. Daquelas pessoas que param suas férias e vão a seu encontrou no dia primeiro de certo janeiro para te colocar no rumo novamente, ou te confiam questões sérias, embora sejam mais preparadas do que imaginam, apenas por considerarem sua opinião importante. O grupo cresceu e o quinteto, com Camila Rodrigues e Eloá Castro, não percebe a distância ou o tempo.

Não chegaria a ter essas ideias (para alguns mirabolantes) não fosse a experiência no laboratório do Prof. Emílio Takase, de fato um grande mestre, que desperta o cientista em cada um. Agradeço ao grupo fabuloso que ele atraíu: Adilson Monte, Diego Schmaedech, André Thieme, Joana Bastos e, especialmente, Hiago Murilo de Melo e Luciano Caminha, por quem tenho um grande orgulho por acompanhar suas trajetórias, Karen Teixeira – uma amiga e um exemplo de profissionalismo que vou sempre admirar – e minha querida Mariana Lopez. Sua visão de mundo me fez enxergar muitos dos meus defeitos e também minhas qualidades, me fez entender que é preciso paciência, pois este “pálido ponto azul” dá muitas voltas.

Devo muitos agradecimentos ao Lucas Sombrio e ao Gustavo Pereira, ambos estiveram me auxiliando em campo algumas vezes, mas sua principal contribuição foi me ajudar a definir os conceitos de amizade, respeito, consideração e coragem. Graças a eles hoje sei o que é ser “homem de verdade”, não no sentido de gênero, ou mesmo de sexo, mas no sentido de qual postura adotar para que as pessoas ao redor enxerguem um bom caráter em mim. Neste sentido, agradeço também ao Bernardo Vaz, quem me ensinou que a ganancia não leva ninguém muito longe e que, as amizades, ainda que nascidas subitamente, valem mais que disputa de vagas em uma missão ao fantástico.

Aos “operantárticos”! Na primeira expedição convivemos por quase um mês num navio, descobrindo os segredos de Porto Williams e pisamos juntos pela primeira vez na neve austral. Heloisa Lemmertz, Adair Dillmann, Iuri Geyer, Rafael Matielo, César Fraga (gostamos muito de você), Frederico Vieira, a minha linda amiga que encanta o mundo com seus voos altos Laura Lindermeyer. Não deixaria de falar, é claro, do encontro recorrente (acho que de outras vidas) com meu amigo Antônio Brum, quem me faz querer sorrir só de estar perto.

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A pesquisa na Antártica ainda trouxe amigos que jamais suporia. O grupo de chineses da reconstrução da EACF. Mesmo com uma barreira nítida da linguagem nos comunicávamos e me emocionaram muito na despedida. Fiz até um “irmão”, Liu, He Qiang, que me chama de “big sister”.

Descobri de uma forma especial que não é preciso palavras para reconhecer uma alma e então, dispensando o verbo, agradeço ao Adam Kostka e sua energia positiva que transborda dos mais lindos olhos azuis. Pretendo em breve ser fluente em polonês graças a esse ser especial. Tudo tem seu tempo e basta “sentir”. Dzienkuje!

Agradeço à oportunidade relacionada com a Antártica de ir a três países da América do Sul, minhas primeiras experiências internacionais, a Argentina e o Chile diretamente pelas missões, e o Paraguai, quando participei de uma jornada incrível com os melhores jovens pesquisadores da AUGM para apresentar um trabalho. Apenas para não deixar de citar nomes, Bruna Caetano e Elenir Vieira, mas nutro um carinho especial por todos. Até passar fome com esse grupo foi ótimo, especialmente com os comentários da Maryela, sem falar nos amigos paraguaios que fizemos no processo. Foi além de tudo uma experiência que me fez ver que eu não estava fazendo tudo tão errado assim, após quase “desistir” de tudo, pois foi difícil demais. Estavam reconhecendo meus esforços e o principal, redescobri como era bom “descobrir” novos lugares, novas pessoas e principalmente, novos amigos. Fernanda Leal, espero que ainda sirva ao seu trabalho isso, mudou a minha vida, num momento muito importante, ter participado das jornadas.

Essa dissertação foi construída ao lado de uma turma de mestrandos que não tenho palavras para descrever: Vanda Biavati (sempre linda e positiva, contagiando todos com sua alegria), Carolina Huck, Fernanda Zatti, Gabriel Feigel e o queridinho de todos, Carlos Campos. Já nasceu doutor e um amigo que quero levar para a vida.

Entre os amigos que agradeço por terem me oferecido uma palavra de incentivo, e até acreditando mais em mim que eu mesma, muitas vezes, num dos corredores da vida, ou por aquela mensagem surpresa via tecnologias: Rafael Pereira (vá brilhar muito na Coréia e encher os amigos de orgulho), Luana Figueiredo, Simão (eterno mestre, amigo e querido), Diego Souza (desde a USP, pois os “estranhos” se encontram), Maurício Schappo, William Moldenhauer (ainda esperando para invadirmos um casamento), Mônica Minozzo (que é uma linda, admiro muito e conheci por pouco tempo, mas foi o suficiente para só desejar muito sucesso), Graciele Alves (e nossa torcida recíproca – continue me mandando suas ótimas novidades, pois fico muito feliz

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mais apaixonada pela vida e pela ciência), Maurício Coelho (veio de muito longe só para me dar um abraço), Fernanda Manhães (A vencedora que inspira a tantos), Déa, Denise Silvestrin, Anna Beatriz Oaquim (ainda lerei seu artigo na Nature e vou dizer: conheci essa valente), Jessé Soares, Veronyca Rivero, Beto Outi, Julia Teitelroit (mãe de uma coisinha fofa e uma das melhores colegas de quarto ever), Leandro Costa, Amanda Porrua, Pedro Valente, Michelle (sábia amiga distante, ainda nos veremos), Eduardo Missao (te devo muito), Rober Chavez (o concorrente por quem mais torci), Pedro Urano e o sempre cheio de alegria, Wanderley Cintra, que torce declaradamente pelo sucesso de quem gosta (Por mais pessoas assim no mundo). Também preciso falar com destaque de uma das amigas mais fofas que conheci há tempos e só recentemente pude me aproximar, Clarissa Venturieri. São desses encontros da vida que me referia no começo da sessão, fazem toda a diferença e reduzem a chance de desenvolvermos doenças, pois essas pessoas só trazem coisas boas! Só não vou revelar seu apelido carinhoso.

À uma dupla “top” com quem tive o grande prazer de compartilhar fases da minha formação, Aluizia Cadori e Carlos Rodrigo. Meus lindos! Assim como alguns dos professores com quem aprendi demais e que continuaram me acompanhando de alguma forma, Andrea Marrero, Cilene Oliveira (muitíssimo obrigada por toda sua generosidade), Adriano Nuernberg, Andrea Steil (Ídola máxima e não só minha), Marucia Bardagi, Suzana Tolfo, Eliane Goldfeder e prof. Batista, uma lenda do PROANTAR que me deu conselhos valiosos.

Ao meu professor, orientador e amigo, Roberto Moraes Cruz, quem apostou em algumas das minhas ideias, que afinal não eram tão loucas assim e segue me incentivando, me ensinando e me inspirando (e não apenas a mim). Honestamente, não poderia ter tido mais sorte e serei eternamente grata por tudo.

Aos membros do atual laboratório que integro, Fator Humano: Sarah Gisele, Paul de Witt, Luciana Amorim, Fabíola Polo, Pedro Augusto Carlotto (parceiro de labuta), Ivan Rabelo (dono dos mais precisos conselhos e de uma energia muito boa), Raquel Costa, Cyntia Nunes, Priscila Nunes, Fernanda Scweitzer, Romilda Guilland, Rafaela Luiza Trevisan, Gabriela Frischknecht, Andrea Pesca (que dá a mão, o braço e um pouco mais para quem precisa, sem pedir em troca), Karen Rodio, Hélder Lima Gusso, Luciano Franzim Neto, Ricelli Endrigo e Aline Archer, cuja generosidade é gigante. Um agradecimento especial a esta doutora maravilhosa por me ajudar a pensar em muitos dos aspectos

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do modelo desenvolvido nesta dissertação e ainda fazer tudo parecer tão fácil, não esquecerei e continuo em dívida contigo.

Aos melhores alunos de Iniciação Científica que tive a honra de conhecer: Gabriel Cardoso e Ingrid Adam, cuja dedicação me encantam. Recentemente também o Andrey Oliveira e Aline Freitas, quero muito ver o sucesso de vocês e no que depender de mim, o céu não será o limite.

Ao meu novo sócio, que consegue traduzir em palavras o que durante tanto tempo me esforcei, “we have to go back”, João Paulo Guimarães. Eu não era a “pessoa mais feliz do mundo” quando nos conhecemos, mas descobri que podia ser. E à minha também sócia, confidente e super-inteligente amiga Daniela Ornellas Ariño, assim mesmo, nome e sobrenome, linda, diva, mãe da Mayumi e de um coração que não cabe dentro de si (não achou que esqueceria de ti, né?). Obrigada por me aturar nos bons e maus momentos e por estar lá sempre que eu precisava, espero realmente que saiba que é recíproco esse carinho, que essa amizade dure um pouco mais que para sempre.

À minha família. São sete membros (incluo meu gato), Jorge Guilherme Delben, Maria do Socorro Barros (mamãe e papai) e os filhos Barros-Delben Priscilla, Guilherme, Natasha e Vic. Eu, talvez, a “oitava passageira”, a estranha que gosta de ir para bem longe o tempo todo, mas que está sempre muito bem acompanhada destes que são minhas maiores riquezas, pois carrego-os no peito e em cada pensamento meu. Obrigada por tudo, por me tornarem quem eu sou, por falarem de mim com orgulho, mesmo sem entender o que tanto escrevo ou porque chamo papeis de “instrumentos”. Obrigada por me defenderem sempre e por serem exatamente do jeito que são, me aceitando como sou. Vou continuar seguindo meus sonhos com “paixão” e voltar para meu lar, contar tudo o que descobri a quem sempre me deu suporte, incondicionalmente. Nada disso seria possível sem vocês e reforço quão grata sou por me fazerem presente nos melhores momentos da vida, mesmo quando não posso estar fisicamente por perto. Amo todos vocês. Olho ao redor e sei que foram vocês, que também me amam, que me colocaram lá.

Finalizo agradecendo à Universidade Federal de Santa Catarina, em tom de ironia, obviamente, mas não por completo, de fato, me ajudou, especialmente no final, no começo apenas a me ensinar que não se deve desistir. Foi uma batalha tão intensa, que espero que outros não tenham que passar por isso. É possível que não haja outro espaço para expressar o quanto a mínima participação da UFSC foi fundamental para que eu tivesse cada vez mais garra de seguir em frente. Com incentivos ínfimos, por vezes oferecidos recursos com a garantia “de boca” que gastos com a pesquisa seriam custeados, mas na hora do “vamos ver” voltavam atrás,

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apoio da minha própria universidade.

Este é um projeto pioneiro, não apenas na América Latina, mas no mundo, agradeço àqueles que reconheceram isso, mas não àqueles que apenas me deram “tapinhas nas costas”, quando podiam (e deviam) fazer mais. Desde a graduação busquei apoio dos setores competentes e praticamente aprendi sobre como [não] funciona a UFSC. Um departamento empurrando para o outro, dizendo que era um excelente projeto, mas que não podiam ajudar e quando chegava no “outro” departamento recomendado, este retornava ao primeiro, um jogo de ping-pong nada divertido.

O engessamento do sistema fez com que em uma das ocasiões fosse oferecido menos de 200 reais para uma viagem ao Rio de Janeiro, por sete dias, sendo a quantia dividida por mim e um colega. Em outra ocasião todas as passagens seriam custeadas, mas a pessoa que se responsabilizou por isso “esqueceu” da promessa, embora houvesse 3 testemunhas. Na penúltima tentativa devo afirmar que, após bater em quase todas as portas, de fato tive um retorno satisfatório, a Pró-Reitoria de Graduação cobriu os gastos com passagens e o Programa de Pós-Graduação em Psicologia reembolsou integralmente os custos de dois participantes da pesquisa de forma retroativa. Foi inacreditável, depois de ter tirado de um bolso vazio inúmeras vezes, assumido dívidas para não interromper os estudos, ou “vendendo o almoço para comprar a janta”. A estes e somente a estes, meu mais sincero agradecimento, cito especialmente dois nomes: Carlos Nunes e Carmen Moré. Também agradeço ao Laboratório de Educação a Distância (LED), ao Laboratório de cinema e ao Laboratório de Estudos em Jornalismo, todos cedendo equipamentos para os registros.

Assim como o meu projeto, muitos outros excelentes, certamente até superiores a esta proposta, talvez nunca sejam executados por falta de recursos, por falta de um “olhar” e um auxílio mínimo. O principal investimento das Universidades deveria ser em ensino, extensão e pesquisas, na minha humilde opinião, pois é isso o que pregam. Os discursos “bonitos” precisam estar alinhados com as práticas reais. Não impeçam que outros grandes pesquisadores despontem por conta de interesses equivocados. Menos burocracia, mais “amor, por favor”, à ciência.

Estudei a vida toda em escola pública, ouvi colegas dizerem que estudantes oriundos desta instituição falida não deveriam estar na Universidade, pois não seriam capazes de acompanhar as aulas. Quando

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descobriam que falavam de mim, pediam desculpas e é claro traziam à tona o argumento de eu ter tido privilégios por ser “branca”. A todos que acharam que eu não chegaria lá e deixam isso escapar, com diretas ou indiretas preconceituosas (inclusive como se eu estivesse fazendo muito “para uma mulher”), meu muito obrigada, me motivaram demais!

Como forma de retribuir a todos e a tudo pelo qual agradeço, compartilho um dos meus segredos. Constantemente ouvi que "conseguia fazer o impossível", longe disso. Oras, todos querem alcançar o lugar mais alto do pódio, mas a trajetória, mesmo que distante de sequer ostentar uma medalha, ou um troféu, é o verdadeiro prêmio que muitos não dão tanto valor. Ter muitas experiências para contar, momentos para recordar e mais e mais sonhos para buscar. Desta forma, divido com aqueles que um dia chegarem a este documento – para além daqueles que me deram apoio, incentivo e carinho – o segredo (não tão secreto assim): Determinação! "Quando tudo parecer contra você, lembre-se que o avião decola contra o vento, não com a ajuda dele" (Henry Ford).

Se você pode sobreviver a um não, insista até conseguir um sim. E, se não tiver riscos – tema dessa dissertação – melhor nem correr. Quem sabe a sorte nos sorri.

"... As pessoas bem-sucedidas em todas as áreas quase sempre fazem parte de um certo conjunto - o conjunto de pessoas que não desistem. Muito do que nos acontece - êxito na carreira, nos investimentos e nas decisões pessoais, grandes ou pequenas - resulta tanto de fatores aleatórios quanto de habilidade, preparação e esforço. Portanto, a realidade que percebemos não é um reflexo direto das pessoas ou circunstâncias que a compõem, e sim uma imagem borrada pelos efeitos randomizantes de forças externas imprevisíveis ou variáveis." (Mlodinow, 2009).

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O comportamento seguro no trabalho (CST) é definido por ações de exposição controlada ao risco orientadas para evitar a ocorrência de eventos indesejáveis. Em ambientes isolados, confinados e extremos (ICE), como a Antártica, o CST está sob influência de precursores que visam a proteção de indivíduos ou grupos, com potencial de redução da probabilidade de acidentes e adoecimentos. O Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) mantém a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), destruída por um incêndio em 2012 que resultou em duas mortes, atribuído como causa erro operacional. Diante das demandas do PROANTAR o objetivo desta pesquisa é avaliar o CST de expedicionários da EACF. Objetivos específicos: construir um modelo conceitual de CST; identificar os precursores do CST e da saúde em contexto antártico; caracterizar cargos e riscos psicossociais para o trabalho em missões anuais de expedicionários militares da EACF; elaborar protocolos de levantamento de dados relacionados ao CST e seus precursores a expedicionários militares do PROANTAR; relacionar fatores e recursos precursores do CST em expedicionários militares na EACF e sua variação no tempo. O delineamento descritivo e a abordagem mista foram empregados na pesquisa dividida em 3 estudos, A, B (4 etapas com cortes transversal e longitudinal, em fases de transição dos grupos e em dois períodos de inverno - 2016 e 2017) e C (modelo baseado em raciocínio qualitativo). Foi acessada a população (n=45) in loco e online, por meio de inquéritos, observações e instrumentos de mensuração. Sustenta a investigação empírica duas revisões integrativas que permitiram o desenvolvimento do modelo conceitual sobre CST e seus precursores em contexto ICE. Foram delimitadas 6 ações do CST influenciadas por precursores (42). As interações entre os precursores e o desfecho são discutidas num mapa de estrutura fatorial da variação da magnitude dos construtos. Considera-se a importância da continuidade da pesquisa em diálogo interdisciplinar para o avanço da proposta pioneira de atenção à saúde e segurança de expedicionários na Antártica. Os resultados oferecem aos países que se estabeleceram no polo sul estratégias econômicas de intervenções que visam melhor qualidade de vida e desempenho no contexto, agregam novos conhecimentos científicos sobre adaptação humana e métodos empíricos em campos complexos que requerem flexibilidade.

Palavras-chave: Comportamento seguro; Avaliação psicológica; Antártica;

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Safe Workplace Behavior (CST) is defined by risk-controlled exposure actions aimed at avoiding the occurrence of undesirable events. In isolated, confined and extreme environments (ICE), such as Antarctica, the CST is under the influence of precursors that aim at the protection of individuals or groups, with potential to reduce the probability of accidents and illness. The Brazilian Antarctic Program (PROANTAR) maintains the Antártica Comandante Ferraz Station (EACF), destroyed by a fire in 2012 that resulted in two deaths, attributed as a cause of operational error. In view of the demands of PROANTAR the objective of this research is to evaluate the CST of EACF expeditionaries. Specific objectives: to construct a conceptual model of CST; identify precursors to TSA and health in the Antarctic context; characterize psychosocial positions and risks for work on annual EACF military expedition missions; elaborate data collection protocols related to CST and its precursors to PROANTAR military expeditionaries; to relate factors and precursor resources of the CST in military expeditions in the EACF and their variation in the time. The descriptive design and the mixed approach were used in the research divided into 3 studies, A, B (4 stages with transverse and longitudinal sections, in transition phases of the groups and in two winter periods - 2016 and 2017) and C (model based in qualitative reasoning). The population (n = 45) was accessed in loco and online, through surveys, observations and measurement instruments. Empirical research supports two integrative reviews that allowed the development of the conceptual model on CST and its precursors in ICE context. Six CST actions influenced by precursors were delineated (42). The interactions between the precursors and the outcome are discussed in a factorial structure map of the variation of the magnitude of the constructs. It is considered the importance of the continuity of the research in interdisciplinary dialogue for the advance of the pioneer proposal of attention to the health and safety of expeditionaries in Antarctica. The results provide countries that have established in the South Pole economic strategies for interventions that aim at better quality of life and performance in context, aggregate new scientific knowledge on human adaptation and empirical methods in complex fields that require flexibility.

Keywords: Safe behavior; Psychological evaluation; Antarctica;

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Figura 1. Esquema metodológico dos capítulos da dissertação. Figura 2. Cronograma dos trabalhos em campo.

Figura 3. Fluxograma metodológico do Capítulo 1.

Figura 4. Distribuição de países que mais participam de estudos sobre comportamento de segurança no trabalho.

Figura 5. Frequência dos campos mais acessados pelos estudos sobre comportamento de segurança no trabalho.

Figura 6. Modelo dominó de Heinrich (1959). Figura 7. Modelo do queijo suíço de Reason (2000).

Figura 8. Pirâmide de Frank Bird, adaptado de Silveira e Reis (2015). Figura 9. Modelo conceitual de comportamento seguro

Figura 10. As seis ações decompostas do modelo de comportamento seguro: Cumprir normas de segurança; 2. Cuidar de si; 3. Cuidar de terceiros; 4. Zelar por instalações e instrumentos; 5. Reportar atos e condições inseguras; 6. Gerenciar riscos e crises.

Figura 11. Método empregado nos estudos 1 e 2 em expedições de verão do PROANTAR.

Figura 12. Método empregado nos estudos 3 e 4, respectivamente uma missão de inverno e simulação de atividades de inverno no verão antártico.

Figura 13. Países que mais realizam pesquisas empíricas na Antártica. Figura 14. Mapa da Antártica destacando as estações mais citadas nos trabalhados empíricos analisados.

Figura 15. Influência dos precursores, recursos e fatores, no comportamento seguro.

Figura 16. Os recursos, precursores do comportamento seguro devem ser disponíveis, adequados e suficientes, influenciando tanto diretamente o comportamento seguro, quanto os fatores precursores.

Figura 17. Os precursores expressos em fatores são organizados conforme sua categoria (contextuais que influenciam os sociais e os individuais, os últimos se influenciam mutuamente) e repercutem no comportamento seguro.

Figura 18. Fatores e subfatores da categoria contextuais e seus respectivos scores/níveis de variação ou estabilidade sugeridos para influenciar o comportamento seguro na Antártica

Figura 19. Fatores e subfatores da categoria sociais e seus respectivos scores/níveis de variação ou estabilidade sugeridos para influenciar o comportamento seguro na Antártica.

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Figura 20. Fatores e subfatores da categoria individuais e seus respectivos scores/níveis de variação ou estabilidade sugeridos para influenciar o comportamento seguro na Antártica.

Figura 21. Topografia da Península de Keller, produzida por (Mendes Júnior et al., 2012).

Figura 22. Mapa da área ao redor da Estação Comandante Ferraz (Mendes Júnior et al., 2012).

Figura 23. Planta da EACF e localização dos focos de incêndio (Soares, 2012).

Figura 24. Órgãos oficiais que compõem o Programa Antártico Brasileiro.

Figura 25. Disposição dos principais representantes do PROANTAR e seus objetivos.

Figura 26. Custos envolvidos no ciclo de vida de um projeto

Figura 27. Síntese metodológica do Capítulo 3, participantes, períodos e protocolos utilizados

Figura 28. Localização da Península de Keller, EACF e a região da Base Britânica G., removida em 1987 (Mendes Júnior et al., 2012). Figura 29. Planta baixa dos MAE. Fonte: Acervo da SECIRM (Martins & Alverez, 2015).

Figura 31. Trabalhos do GB colaterais Figura 32. Trabalhos do GB com chata. Figura 33. Trabalhos do GB nos botes

Figura 34. Trabalhos do GB com lançamento de cargas (simulação) Figura 35. Trabalhos do GB carga

Figura 36. Relação dos participantes do estudo online (B2 e B3). *Respondeu em ambos os períodos; **Respondeu somente em INI, Dia1; ***Respondeu somente no INI, Dia2; ****Respondeu somente em FII, Dia 1. *****Respondeu os dois dias no INI e o Dia 1 no FII.

Figura 37. Representação gráfica das disposições hierárquicas das entidades definidas e suas configurações no modelo de comportamento seguro em sua forma mais simplificada.

Figura 38. Representação gráfica das disposições hierárquicas das entidades definidas e suas configurações no modelo de comportamento seguro em sua forma mais simplificada, acrescentado o desfecho secundário incidentes indesejáveis.

Figura 39. Modelo baseado em RQ com a disposição da direção de interações entre os determinantes contextuais e os fatores precursores sociais e individuais

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quantidade e tempo.

Figura 41. Protocolo final, resultado dos estudos para coleta de dados a respeito do comportamento seguro de expedicionários na Antártica

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Lista de tabelas

Tabela 1 Frequência de publicações de revistas por ano

Tabela 2 Instrumentos psicométricos desenvolvidos para avaliação do comportamento de segurança no trabalho.

Tabela 3 Publicações sobre estudos relacionados à psicologia na Antártica nas revistas mais frequentes em comparação aos anos, considerando décadas.

Tabela 4 Descrição sucinta dos principais programas e estações que serviram de palco para as pesquisas empíricas em psicologia na Antártica.

Tabela 5 Descrição dos 7 fatores da categoria contextual e seus subfatores.

Tabela 6 Descrição dos 5 fatores da categoria social e seus subfatores.

Tabela 7 Descrição dos 16 fatores da categoria individual e seus subfatores.

Tabela 8 Lista de instrumentos utilizados nos Estudos.

Tabela 9 Lista das funções do GB, as patentes e as siglas de identificação.

Tabela 10 Síntese dos principais riscos, consequências e medidas preventivas a acidentes na Antártica.

Tabela 11 Grau de negatividade ou positividade atribuída aos itens contextuais frio, gelo e neve

Tabela 12 Análise temática da categoria de fatores contextuais Frio, gelo e neve

Tabela 13 Análise temática da categoria de fatores contextuais Mudanças meteorológicas

Tabela 14 Grau de negatividade ou positividade atribuída aos itens contextuais complexidade da missão

Tabela 15 Análise temática da categoria de fatores contextuais Complexidade da missão

Tabela 16 Análise temática da categoria de fatores contextuais Imprevisibilidade e monotonia

Tabela 17 Grau de negatividade ou positividade atribuída aos itens contextuais confinamento

Tabela 18 Grau de negatividade ou positividade atribuída aos itens contextuais estruturais

Tabela 19 Análise temática da categoria de fatores contextuais confinamento

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Tabela 21 Análise temática da categoria de fatores contextuais isolamento

Tabela 22 Grau de negatividade ou positividade atribuída aos itens contextuais

Tabela 23 Análise temática da categoria de fatores sociais relações interpessoais

Tabela 24 Importância atribuída às habilidades sociais em escala de 1 a 10

Tabela 25 Coesão grupal em função das dimensões e seus respectivos itens

Tabela 26 Análise temática da categoria de fatores sociais coesão Tabela 27 Análise temática da categoria de fatores sociais cooperação

Tabela 28 Análise temática da categoria de fatores sociais cultura Tabela 29 Análise temática da categoria de fatores sociais composição das equipes

Tabela 30 Médias em função dos fatores de liderança da escala aplicada

Tabela 31 Análise temática da categoria de fatores individuais motivação e expectativas

Tabela 32 Análise temática da categoria de fatores individuais identificação

Tabela 33 Grau de satisfação percebida em função dos fatores do questionário de satisfação

Tabela 34 Análise temática da categoria de fatores individuais percepção de riscos

Tabela 35 Resultados item a item e médias do questionário EOPT do PROART

Tabela 36 Resultados item a item e médias do questionário EEG do PROART

Tabela 37 Resultados item a item e médias do questionário ESPT do PROART

Tabela 38 Resultados item a item e médias do questionário EADRT do PROART

Tabela 39 Análise temática da categoria de fatores individuais personalidade

Tabela 40 Respostas do questionário de Personalidade e as médias correspondentes aos fatores.

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Tabela 41 Análise temática da categoria de fatores individuais percepção de tempo

Tabela 42 Respostas do questionário ZTPI e as médias correspondentes às dimensões de tempo por período, grupo e indivíduos. Tabela 43 Respostas aos itens da sessão de estresse do DASS 21 e as médias

Tabela 44 Análise temática da categoria de fatores individuais aspectos adaptativos

Tabela 45 Scores e médias da escala de resiliência

Tabela 46 Scores e médias em função dos construtos correspondentes na escala de Homesickness

Tabela 47 Scores e médias da escala de autoeficácia percebida. Tabela 48 Escores e médias das respostas na escala de autonomia Tabela 49 Análise temática da categoria de fatores individuais humor Tabela 50 Scores e médias da sessão de ansiedade da escala DASS 21 Tabela 51 Scores e médias da sessão de ansiedade da escala DASS 21 Tabela 52 Análise temática da categoria de fatores individuais TMC Tabela 53 Análise temática da categoria de fatores individuais Carga de Trabalho

Tabela 54 Análise temática da categoria de fatores individuais desempenho

Tabela 55 Scores do questionário sobre desempenho Tabela 56 Scores do questionário de desempenho

Tabela 57 Análise temática da categoria de fatores individuais aspectos cognitivos

Tabela 58 Relação dos scores de respostas por indivíduo no questionário Epworth

Tabela 59 Resultados do protocolo online (inverno) sobre padrões psicofisiológicos

Tabela 60 Médias gerais de cada escala sobre o comportamento de segurança

Tabela 61 Relação das entidades e categorias do modelo de comportamento seguro com base em RQ

(25)

AGI/ IPY Ano Geofísico Internacional/ International Polar Year AMD Antarctic Master Directory

ANARE Australian National Antarctic Research Expeditions ANSMET The Antarctic Search for Meteorites

APR Análise Preliminar de Risco

ATCM Antarctic Treaty Consultive Meeting/ Reuniões Consultivas do Tratado Antártico

BBS Behavior Based on Safety (Segurança Baseada em Comportamento SBC)

BHP Behavioral Health and Performance Element (Saúde comportamental e elemento de performance - NASA)

CA Certificado de Aprovação (EPI)

CAAML Centro de Adestramento da Marinha (Camaleão) CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CGEE Centro de Gestão e Estudos Estratégicos CHA Conhecimentos, habilidades e atitudes CID Classificação Internacional de Doenças

CIRM Comissão Interministerial Para Recursos do Mar CLT Consolidação das Leis de Trabalho

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CNS Conselho Nacional de Saúde

COMNAP Council of Managers of National Antarctic Programs DECTIM Comunicação da Marinha

DSM Manual Diagnóstico e Estatístico EACF Estação Antártica Comandante Ferraz EPI Equipamentos de proteção individual

EQ Espaço Quantitativo

ESANTAR-RG Estação de Apoio Antártico ETA Estação de Tratamento de Água ETE Estação de Tratamento de Esgoto EUA Estados Unidos da América FAB Força Aérea Brasileira

FII Final do Inverno

FM Fragmentos do Modelo

FURG Universidade Federal do Rio Grande

GB Grupo Base

(26)

GMT Greenwich Mean Time

H-44 NApOc Ary Rongel (navio oceanográfico) H-44 NPo Almirante Maximiano (navio polar)

HFACS Sistema de Análise e Classificação de Fatores Humanos HPA Hipotálamo-Hipófise-Adrenal

HRP Human Research Program (Programa de Pesquisa Humana - NASA)

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBEA Expedição Biomédica Internacional à Antártica - International Biomedical Expedition to Antarctica

ICE Isolado, Confinado e Extremo (ambientes) INI Início do Inverno

INSAG International Nuclear Safety Advisory Group IPY International Polar Year

MAE Módulos Antárticos Emergências

MAPA Modelo de Análise e Prevenção de Acidentes MAR Marinha do Brasil

MCTIC Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação

MMA Ministério do Meio Ambiente MTE Ministério do Trabalho e Emprego MZP Mínimo, Zero, Plus

NASA Agência Espacial Norte Americana NPA Norma Padrão de Ação

NR Normas Reguladoras

OHSAS Occupational Health and Safety Assesment Series OMS Organização Mundial de Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

OIT Organização Internacional do Trabalho (ILO) OPERANTAR Operação Antártica

OSHA Administração de Segurança e Saúde do Trabalho (Occupational Safety and Health Administration)

RS Rio Grande do Sul

POLANTAR Política para Assuntos Antárticos PP Psicologia Polar

PPS Projeto de Pesquisa em Psicologia Polar e da Segurança Proantar Programa Antártico Brasileiro

RJ Rio de Janeiro

RQ Raciocínio Qualitativo

(27)

Científico de Pesquisas na Antártica)

SECIRM Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar SECOM Secretaria de Comunicação

SMS Sistema de Gerenciamento de Segurança SSPM Serviço de Seleção do Pessoal da Marinha STA Sistema do Tratado da Antártica

TAS Transtorno Afetivo Sazonal/ Seasonal affective disorder – SAD

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TEPT Transtorno do Estresse Pós-Traumático TMC Transtornos Mentais Comuns.

TQP Teoria Qualitativa dos Processos TPA Treinamento Pré-Antártico UCT Coordinated Universal Time

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas UTI Unidade de Tratamento Intensivo

UV Luz Ultra-Violeta

ZTPI Inventário de Perspectiva Temporal do Zimbardo ZTV Zona terrestre verde

ZTA Zona terrestre amarela ZTE Zona terrestre Encarnada

(28)
(29)

RESUMO ... 15 ABSTRACT ... 17 Lista de figuras ... 19 Lista de tabelas ... 22 Lista de abreviaturas e siglas ... 25 APRESENTAÇÃO ... 27 Objetivo geral: ... 32 Objetivos Específicos: ... 32 MÉTODO GERAL ... 33 Procedimentos Éticos ... 34 Riscos e Dificuldades... 35 1. CAPÍTULO 1 – O COMPORTAMENTO SEGURO NO

TRABALHO E AMBIENTES ISOLADOS, CONFINADOS E

EXTREMOS (ICE): MODELO CONCEITUAL ... 37 1.1. INTRODUÇÃO ... 37 1.2. MÉTODO ... 38 1.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 39

1.3.1. Dados bibliométricos das publicações recentes sobre comportamento de segurança ... 40 1.3.2. Comportamento de segurança no trabalho: conceitos ... 46 1.3.3. Mensuração do comportamento de segurança ... 49 1.3.4. Análise de riscos e acidentes ... 54 1.3.5. Modelos relacionados ao comportamento de segurança . 63 1.3.6. Modelo teórico de comportamento seguro desenvolvido a ambientes ICE ... 66 1.3.7.1. Ações de comportamento seguro ... 67 1.4. CONCLUSÃO ... 81 2 . CAPÍTULO 2 – FATORES PRECURSORES DO

COMPORTAMENTO SEGURO NA ANTÁRTICA: MODELO

CONCEITUAL AO PROANTAR ... 83 2.1. INTRODUÇÃO ... 83 2.2. MÉTODO ... 85

(30)

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 87 2.3.1. A Psicologia e a Antártica: Resultados dos estudos empíricos publicados de 1962 a 2016 ... 87 2.3.2. O Tratado da Antártica e incidentes em ambientes ICE: Resultados dos estudos teóricos e de revisão entre 1984 a 2016 97 2.3.3. Estudos in loco realizados entre 2014 e 2016 no PROANTAR

103

2.3.4. Precursores do comportamento seguro na Antártica ... 104 2.3.4.1. Fatores contextuais ... 108 2.3.4.2. Fatores sociais ... 115 2.3.4.1. Fatores individuais ... 124 2.4. CONCLUSÃO ... 147 3 . CAPÍTULO 3 – RELAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEGURO E CARGOS, RISCOS E PRECURSORES DO TRABALHO NA EACF... 148 3.1. INTRODUÇÃO ... 148 3.2. MÉTODO ... 155 3.2.1. Caracterização do campo ... 157 3.2.2. Participantes ... 158 3.2.3. Instrumentos, técnicas e materiais ... 159 3.2.3.1. Estudo A ... 161 3.2.3.2. Estudo B ... 161 3.2.3.3. Estudo C ... 175 3.2.4. Procedimentos e considerações éticas ... 176 3.2.5. Análise de dados ... 178 3.3. RESULTADOS ... 180

3.3.1. Estudo A: Caracterização dos cargos e riscos das atividades de trabalhos de militares do GB... 180 3.3.1.1. Descrição de cargos e riscos (atividades e narrativa fotográfica) 180

3.3.1.2. Principais atividades ... 185 3.2.1.3. Análise de riscos ... 193

(31)

3.3.1.6. Narrativa fotográfica. ... 207 3.3.2. Estudo B: Fatores precursores do Comportamento seguro

210

3.3.2.1. Contextuais ... 212 3.3.2.2. Sociais... 221 3.3.2.3. Individuais ... 232 3.3.2.4. Comportamento seguro ... 257 3.3.3. Estudo C – Estrutura fatorial da variação de derivada e magnitude do modelo conceitual baseado em raciocínio qualitativo ... 258 3.4. DISCUSSÃO ... 269 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 297 5. REFERÊNCIAS ... 302 6. ANEXOS E APENDICES ... 326

(32)
(33)

APRESENTAÇÃO

A frase de Douglas Adams (autor da obra de ficção científica “O Guia do Mochileiro das Galáxias) “Eu posso não ter ido para onde eu pretendia ir, mas eu acho que acabei terminando onde eu pretendia estar” resume a experiência da pesquisadora. Motivada pela pesquisa espacial, investiu em estudos que a aproximassem do campo, descobrindo no percurso algo que talvez não imaginasse ser um universo tão fascinante.

Há uma linha tênue entre a segurança e o ímpeto humano, talvez latente, de desbravar novos mundos. Não fossem pessoas que se arriscam em suas “paixões”, sejam relacionamentos ou aprendizados e o exercício de suas profissões, não teríamos, há milhares de anos, deixado as savanas da África, nos aventurado por mares traiçoeiros e descoberto continentes quando a tecnologia para tais travessias era ainda tão rudimentar. Não chegaríamos ao último ponto da Terra, a Antártica, enfrentando o clima hostil, ondas gigantes na travessia de Drake e a falta de recursos para a permanência humana, o único lugar do planeta sem nativos. Não ganharíamos os céus colocando objetos impossíveis, mais pesados que o ar, no ar. Não conquistaríamos o espaço próximo, a Lua e não almejaríamos alcançar outros planetas e até outras estrelas.

Estar num ambiente isolado, confinado e extremo, denominado ICE (Bishop et al., 2016; Broughton, 2016; Love & Bleacher, 2013; Nicolas et al., 2013; Steinach et al. 2016; Strangman, Sipes & Beven, 2014; Volante et al., 2016), como a Antártica, exige comportamentos naturalmente de risco. As pessoas se sujeitam a condições extremas para sua sobrevivência e se comprometem em prol do cumprimento das missões, de objetivos pessoais ou globais. Entretanto, o comportamento seguro pode estar entre o arriscar-se, necessário, e a cautela que minimiza danos à saúde e evita acidentes.

Percepções de determinado trabalho, individuais ou compartilhadas por equipes e organização, na direção do controle de riscos de uma atividade e redução de ocorrência de eventos indesejáveis à saúde e à segurança das pessoas em situações de perigo, possível ou imediato, resultam no chamado comportamento seguro. Corresponde a uma soma de intenções e ações observáveis que podem estar enraizadas na estrutura daquele contexto, como também serem falhas, abrindo margens para o inverso, o comportamento inseguro (Bley, Turbay & Cunha Jr., 2007; Brown, Willis, & Prussia, 2000; Leite & Ferraz, 2014; Neal & Griffin, 2006; Shin et al., 2014; Swuste et al., 2016; Zavereze, 2015; Zohar & Luria, 2003).

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Os riscos são perigos reconhecíveis com probabilidade de ocorrer, fazem parte da vida de todas as pessoas em qualquer circunstância, como no trabalho (Bley et al., 2007; Bridi, 2012; Perin, 2015; Silveira, 2014). Em ambientes ICE, a exemplo da Antártica, da exploração espacial e de atividades em submarinos, o grau de significância atribuído aos riscos no trabalho ganha dimensões específicas, somados aos elementos padrões de imprevisibilidade, complexidade, difícil acesso para socorro em situações de emergência e exigência psicofisiológica em níveis distintos (Groeneweg, Lancioni & Metaal, 2003; Silveira & Reis, 2015; Zimmer et al., 2013). O comportamento seguro em ambientes ICE torna-se crucial para o sucesso ou fracasso das missões.

Das pesquisas recentes sobre comportamento de segurança no trabalho, numa revisão que reuniu as publicações de 2013 a 2017 disponíveis nas principais bases de dados (Barros-Delben, Pereira, Melo, Thieme & Cruz, no prelo) 135 artigos foram analisados. Deste montante nenhum se referiu objetivamente ao estudo do comportamento de segurança em ambientes ICE, embora características destes locais sejam identificadas, como em atividades em minas, plataformas de petróleo offshore e outros. Os ambientes ICE constituem um contexto emergente, mas que deflagra a necessidade de mais investigações, devido os impactos e a exposição global dos incidentes ou adoecimentos que acometem os envolvidos (Brum, 2015; Silva, Cabral, Centurion, & Zimmer, 2014).

A Antártica é um ambiente ICE com importância geopolítica para países membros do Tratado da Antártica, 1959, o qual o Brasil ingressou em 1975 (Cardone, 2015; Silva et al., 2014). Em 1982 se estabeleceu o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), que realizou sua primeira expedição em 1983, sob coordenação da Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), subordinada à Marinha do Brasil e em ações horizontais com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) (Freitas, 2012; Jesus & Souza, 2007).

Apresentando fotoperíodos extremos no inverno e verão, frio que ultrapassa -40º graus célsius, ventos que atingem 360 km/h, o cenário antártico é um “laboratório natural” para as ciências humanas e sociais (Arendt, 2012; Broughton, 2016; Strangman et al., 2014; Vessey et al., 2015; Volante et al., 2016; Zimmer et al., 2013). A Psicologia Polar (PP), campo que emergiu com o advento da Segunda Guerra Mundial e da posterior corrida espacial, para dedicar-se a estudos em ambientes ICE, estabeleceu-se entre os anos de 1955 e 1957, na “terceira área científica

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polar”, juntamente com a medicina e a fisiologia (Cobra, 2009; Gandra, 2013; Halsey & Stroud, 2012).

Contudo, os mais de 50 anos do campo produziram somente 164 artigos relacionados com a psicologia e publicados nas principais bases de dados, considerando todos os anos de registros, iniciando na década de 1960. O estudo que é o marco das produções é da área da Medicina sobre o individualismo autorrelatado entre grupos que invernam no continente gelado em comparação a astronautas (Smith & Jones, 1962). Foi somente no ano seguinte que um artigo estritamente da psicologia foi publicado (Gunderson, 1963), numa pesquisa que mensurava as reações emocionais de grupos da Marinha na Antártica. De todo o levantamento, 51 textos são de revisão de literatura e 113 trabalhos empíricos.

As demandas inicialmente percebidas na Antártica pelos primeiros exploradores foram melancolia e abuso de álcool e drogas (Paul et al., 2015; Zimmer et al., 2013), geralmente relatados pelos líderes das equipes ou médicos. Estudos internacionais atuais se dedicam à definição dos tipos de estressores predominantes (ambientais, ocupacionais e de relações interpessoais) ratificados pela pesquisa inédita, desenvolvida na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no qual a presente proposta se fundamenta (Barros-Delben & Cruz, 2017). Na última década ainda se destacam investigações sobre coping, estresse, alterações do ciclo circadiano, personalidade, cognição e humor.

Um levantamento feito por Silva et al. (2014) demonstrou que há elevado crescimento de produções científicas nas dimensões humanas relacionadas à Antártica, representando 4% das publicações mundiais até o ano de 2013. Porém, no Brasil, dados de 2006 não indicaram a atuação da Psicologia na Antártica. Em 2008 e em 2009, porém, a autora Cobra dedicou-se a explanar sobre a PP. Zimmer e colaboradores (2013; 2014) também produziram revisões sistemáticas e Barros-Delben e Cruz iniciaram os primeiros trabalhos empíricos e teóricos com colegas a partir de 2014, pelo laboratório Fator Humano (UFSC), em anais de eventos e periódicos (Barros-Delben et al., no prelo).

Embora o plano de ação para a Ciência na Antártica 2013-2022 (CNPq, 2012) oriente o destino de recursos do PROANTAR para projetos da chamada “novas áreas” de pesquisas científicas, na qual a Psicologia se enquadra, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) não realiza editais específicos para as ciências humanas. Entretanto, a SECIRM demonstrou interesse no projeto apresentado em 2013 pela autora deste, sugerindo um Acordo de Cooperação Institucional com a UFSC. Em 2016 o projeto que abarca a

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presente dissertação, foi aprovado pelo Edital Universal do CNPq, oferecendo recursos para a continuidade da pesquisa pelos próximos anos. Missões científicas de todos os países na região austral são fiscalizadas pelo Comitê Internacional para Assuntos Antárticos (SCAR - Scientific Committee on Antarctic Research), que possui planos de investigação quanto a uma nosologia voltada exclusivamente aos problemas psicológicos encontrados e prováveis (Cobra, 2008). O PROANTAR, organização complexa e pública, está dividido em sete subprogramas e tem a possibilidade de inserir a Psicologia tanto nas ênfases de caráter científico, quanto tecnológico e de apoio (Freitas, 2012; Jesus & Souza, 2007).

Na Antártica há acomodações para civis e militares pelo PROANTAR, atendendo ao planejamento logístico. Os dois navios, de apoio oceanográfico Ary Rongel e polar Almirante Maximiano, têm capacidade para cerca de 130 pessoas cada, possuem laboratórios e levam recursos aos Módulos Antárticos Emergenciais (MAE), abrigando até 60 indivíduos, na Baía do Almirantado, península de Keller, abaixo do paralelo 60º (Freitas, 2012). Está previsto para ser inaugurada em 2018 a nova Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), em substituição à destruída no incêndio de 2012, oferecendo um ambiente multi e pluridisciplinar que preconiza a paz (Nielsen, 2014).

Aspectos de segurança, relacionados ao comportamento de homens e mulheres expostos a estressores de locais com características ICE têm sido objeto de investigação especialmente do setor aeroespacial (Broughton, 2016; Donoghue, 2016; Feuerecker, et al., 2014; Flynn-Evans et al., 2016; Landon, Vessey & Barrett, 2015; Vanhove et al., 2014). Considerando a fragilidade da definição do construto comportamento seguro na literatura científica especializada e a necessidade de estudos relacionados à saúde e segurança na Antártica, esta pesquisa se propôs a construir um modelo de comportamento seguro a expedicionários militares do PROANTAR e identificar os precursores deste conceito, fatores e recursos relacionados, testando empiricamente em missões à Antártica. Parte-se do pressuposto que tal inovação tecnológica, com caráter de ineditismo, permitirá ações de promoção do comportamento seguro, consequentemente a mitigação ou redução de acidentes e adoecimentos do contexto, que ainda tem recente na memória do Brasil o incêndio que resultou em prejuízos aos cofres públicos e, principalmente, a perda de duas vidas, o indica a relevância econômica e social desse trabalho.

As mortes em decorrência de acidentes ou adoecimentos do trabalho no Brasil, segundo Donato-Vasconcelos (2014) deflagram que

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as ações de proteção ou prevenção em segurança e saúde em contextos trabalhis são precárias ou em estágio de desenvolvimento. Por exemplo, a indústria mineral, que compreende também a extração e refinamento de petróleo, ambos ambientes ICE, embora apresentem as taxas de mortalidade mais elevadas do país, são pouco fiscalizadas e as análises de acidentes geralmente realizadas pelas próprias organizações (Donato Vasconcelos, 2014). Este trabalho pode contribuir para cobrir as lacunas da fragilidade do país em atenção ao tópico.

No aprofundamento quanto ao ambiente ICE, o número de acidentes que resultam em lesões é justificado pelo contexto Antártico, entretanto diversos fatores, além dos ambientais, aumentam a probabilidade de acidentes ocorrerem, seja pela natureza das atividades de trabalham ou por características individuais (Burns & Sullivan, 2000). Logo, do ponto de vista teórico esta pesquisa pretende agregar novos conhecimentos para a Psicologia, contribuindo também para o entendimento das políticas e ações de governo em ambientes estratégicos e a redução da probabilidade de acidentes e adoecimentos no trabalho, o que reduz gastos organizacionais, não restritos a locais ICE. O trabalho busca colaborar, ainda, na maior integração entre núcleos de pesquisa nacionais e internacionais que tem como contexto de estudo o continente antártico, considerando o a importância das contribuições de áreas distintas, como das ciências humanas, biológicas e educacionais, logo, a explicitação da relevância científica deste.

Justifica-se o investimento em pesquisa psicológica em ambientes ICE pela existência de 40 nações em regiões árticas, 50 estações na Antártica abrigando 4.000 pessoas no verão e 1.000 pessoas no inverno (Gröndahl, Sidenmark & Thomsen, 2009). Pesquisas sobre comportamento de segurança neste contexto são importantes devido o impacto gerado por acidentes e adoecimentos em regiões com repercussões midiáticas e as decorrências ambientais, sociais e econômicas envolvidas.

Com base no exposto, essa dissertação foi estruturada em 3 capítulos. Os dois primeiros correspondem à construção teórica, inicialmente o construto comportamento seguro no Capítulo 1 e reflexões sobre o ambiente ICE, com a apresentação do modelo geral para o trabalho. Em seguida, no Capítulo 2, o contexto no qual as variáveis de estudo estão sustentadas e há um avanço no modelo de comportamento seguro, em que são discutidos seus precursores específicos, os fatores e os recursos relacionados a este com base na literatura e em hipóteses levantadas a partir de experiências in loco, no PROANTAR, estudos 1, 2 e 3.

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O Capítulo 3 compreende a 2 estudos empíricos, denominados A e B, sendo o B dividido em 4 etapas: B1, in loco na transição entre dois grupos (x e y); B2, online no início do inverno com o grupo y; B3, online no final do inverno com o grupo y; B4, in loco na trasição entre dois grupos (y e z), em que foi possível testar a sensibilidade do modelo de comportamento seguro e realizar ajustes num protocolo que reuniu instrumentos validados, adaptados ou desenvolvidos para o proposto. Os dados do levantamento in loco e online, associados à análise documental são analisados, fornecendo as informações necessárias para a definição do modelo final, no Estudo C, com base em raciocínio qualitativo, adequado ao programa antártico nacional, como também de possível aplicação a outros programas polares. Os capítulos foram desenhados para o alcance dos objetivos, geral e específicos:

Objetivo geral:

Avaliar comportamento seguro no trabalho de expedicionários do PROANTAR

Objetivos Específicos:

a) Construir um modelo conceitual de comportamento seguro no trabalho, perspectivando ambientes ICE

b) Identificar os principais precursores do comportamento seguro e da saúde humana no contexto antártico

c) Caracterizar os cargos e os riscos psicossociais para o trabalho em missões anuais de expedicionários militares da EACF.

e) Elaborar protocolos de levantamento de dados relacionados ao comportamento seguro e seus precursores a expedicionários militares da EACF

f) Relacionar fatores e recursos precursores do comportamento seguro no trabalho em expedicionários militares em missões anuais na EACF e sua variação no tempo.

As hipóteses são assim simplificadas:

H1. Ações de exposição controlada ao risco, ou o comportamento seguro, variam no tempo em relação às variações temporais de fatores individuais, sociais e contextuais.

H2. Ações de exposição controlada ao risco variam no tempo relacionadas às variações temporais da disponibilidade, adequabilidade e suficiência dos recursos para a execução do trabalho.

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MÉTODO GERAL

Pesquisa com delineamento descritivo-exploratório para a avaliação do comportamento seguro no trabalho de expedicionários do PROANTAR. A abordagem eleita foi do tipo mista, qualitativa e quantitativa em simultâneo nas etapas empíricas e exclusivamente qualitativa no desenvolvimento teórico, triangulando os dados coletados para a ampliação do fenômeno compreendido (Flick, 2013). Utilizadas técnicas de observação participativa, entrevistas em profundidade e entrevistas com roteiros semi-estruturados, também uma narrativa fotográfica, análise documental e survey, levantamento de dados com instrumentos validados para o Brasil, ou construídos conforme as necessidades de acesso aos construtos in loco e online. Os construtos foram definidos por meio de um modelo conceitual elaborado, posteriormente aprimorado a partir do Raciocínio Qualitativo (Marconi & Lakatos, 2003).

Para o alcance dos objetivos foram realizados os seguintes procedimentos em fases teórico conceitual-analítica cobrindo, todos os momentos e em uma fase empírica descritiva, conforme a figura 1. A exploração do tema principal realizada a partir das questões secundárias que alimentam os capítulos teóricos, 1 e 2, que por sua vez permitem o levantamento e a elaboração de instrumentos adequados para os protocolos de coleta de dados do Capítulo 3, comportando três objetivos específicos e ainda as hipóteses em uma estrutura fatorial de derivada em modelagem qualitativa (não numérica).

Os Capítulos 1 e 2 compreendem as revisões integrativas e elaboração respectivamente do modelo de comportamento seguro no trabalho, perspectivando ambientes ICE, e o avanço deste para a definição dos precursores do comportamento seguro, fatores e recursos relacionados ao contexto antártico. O mesmo método foi aplicado em ambos, especificado em cada sessão correspondente, sendo acessadas as bases SCOPUS, Web of Science, PsycNet e SCIELO para o embasamento teórico que permitiu a instrumentação empírica.

No capítulo 3 foram elaborados protocolos de coletas de dados in loco e online, a descrição de cargos e riscos inerentes às atividades dos grupos-base, apoiada por uma narrativa fotográfica. Cada grupo acessado era composto por 15 membros, totalizando uma amostra de 45 indivíduos, 3 grupos, embora em cada etapa este número tenha variado conforme a disponibilidade dos respondentes, as possibilidades e limites do campo.

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Figura 1. Esquema metodológico dos capítulos da dissertação. A exploração do tema: avaliação do modelo de Comportamento Seguro (CS) na Antártica e as questões secundárias e os capítulos correspondentes. O capítulo 3, empírico-teórico, reúne instrumentos desenvolvidos nos capítulos 1 e 2 em dois estudos, A e B, mais as 4 etapas do Estudo B, duas in loco e duas online, associados a entrevistas, observações e narrativa fotográfica. O Estudo C, de construção teórica de uma estrutura fatorial da variação de derivada e magnitude do modelo conceitual com base em Raciocínio Qualitativo (RQ) e nos resultados principais dos Estudos A e B.

As coletas ocorreram em conformidade com o cronograma das operações antárticas, em dois meses de outubro-novembro consecutivos, período de transição de dois Grupos-Base (GB). E julho e no final de agosto, quando se mostrou apropriado o contato por via online, o estudo B se focou nos fatores precursores e o estudo A na descrição de cargos e riscos.

Procedimentos Éticos

Esta pesquisa faz parte de um estudo mais abrangente, o qual a autora também construiu como co-autora, e foi submetido ao comitê de ética de pesquisa com seres humanos em 2015, com a aprovação emitida. Segue as normativas da resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Todos que aceitaram compor a amostra assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no qual os riscos e benefícios da participação são esclarecidos, bem como o sigilo das informações. Em adendo, o projeto foi atualizado no CNS para a Resolução 510/15. O

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projeto também foi aprovado com financiamento do CNPq pelo Edital Universal 2016 e é apoiado com bolsa pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Riscos e Dificuldades

As formas de chegar à Antártica pelo PROANTAR nas expedições de verão correspondem ao esquema da figura 2, descritas: 1) voo no Avião Hércules C-130 da Força Área Brasileira (FAB), partindo do Rio de Janeiro, (RJ) ou de Pelotas, (RS) parando em Punta Arenas, no Chile, e aguardando a liberação ambiental. É considerada uma dificuldade de ordem climática e logística a espera em outro país, podendo ultrapassar uma semana e há gastos com hospedagem e alimentação; 2) Embarque nos navios Polar Almirante Maximiano, ou de apoio Ary Rongel, ambos zarpam dos portos do Rio de Janeiro, Rio Grande (RS) e de Punta Arenas. A travessia do Mar de Drake, no encontro entre oceanos Atlântico e Pacífico, contudo é um risco para as missões, visando a segurança os navios só avançam quando há liberação meteorológica prevendo condições favoráveis para os três dias de passagem. A viagem de navio dura em média 10 dias, não é incomum atrasos, devido tempestades ou problemas técnicos.

O cronograma, desta forma, foi alterado em vista das imprevisibilidades relatadas, mais o estado de reconstrução da nova estação, que incute novos riscos àqueles nas redondezas. Os riscos potenciais que podem interferir na execução das ações propostas residem em acidentes, ou indisposições físicas provocadas por fontes de estresse antárticas. Medidas previstas para contornar ou superar as dificuldades são: Flexibilidade do cronograma e atenção permanente à saúde da pesquisadora e demais colaboradores.

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Figura 2. Cronograma dos trabalhos em campo. 1. Saída do Rio de janeiro ou de Pelotas – Brasil; 2. Parada em Punta Arenas – Chile; 3. Travessia entre Punta Arenas e Antártica (3 horas de avião; 3 dias de navio); 4. Travessia até a ilha Rei George, EACF, na Antártica.

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CAPÍTULO 1 – O COMPORTAMENTO SEGURO NO TRABALHO E AMBIENTES ISOLADOS, CONFINADOS E EXTREMOS (ICE): MODELO CONCEITUAL

1.1. INTRODUÇÃO

O comportamento seguro no trabalho pode ser compreendido como um indicador de proteção aos trabalhadores e às instituições (McAfee & Win, 1989; Peters, 1991). Consideradas ações pessoais tomadas para auto-proteção, uma sucessão de influências com base nas teorias do desempenho de trabalho (Bley, 2007; Burke, Sarpy, Tesluk & Smith-Crowe, 2002; Neal & Griffin, 2006; Patel & Jha, 2016; Shen, Ju, Koh, Rowlinson, & Bridge, 2017). É um construto indicado por autores clássicos como bidimensional, constituído pela conformidade em segurança – obrigatoriedade – e pela participação em segurança – voluntariado (Hopkins, 2011; Hu, Griffin, & Bertuleit, 2016; Neal & Griffin, 2006).

O investimento em ações que propiciem a manifestação de comportamentos seguros tem o potencial de reduzir gastos no campo laboral, considerando as probabilidades de minimizar as ocorrências de acidentes e adoecimentos nos contextos (Bridi, 2012; Brown et al., 2000; Cattabriga & Castro, 2014; Donato-Vasconcelos, 2014). Nos últimos anos observa-se relativo destaque aos ambientes denominados ICE, com características de isolamento, confinamento e extremo (Burke e Feitosa, 2015; Love & Harvey, 2014; Volante et al., 2016; Zimmer et al, 2013), locais propícios a certo nível de controle para observação do comportamento de segurança, sob variáveis de alto risco, e os fatores ou recursos relacionados a sua manifestação.

Os acidentes são produtos de erros, intencionais ou não, de falhas e também da incidência baixa de acidentes. Entretanto, grandes desastres, como o de Chernobyl (Amorosino, 2014; Simonelli, Jacskon Filho, Vilela & Almeida, 2016; Zavareze, 2011), ocorridos em plataformas de petróleo, ou o incêndio que destruiu a estação EACF em 2012 (Baldrighi, 2016; Freitas, 2012), movimentam a ciência da segurança. Embora com caráter marcado pela pós-ocorrência, apontam para o comportamento de segurança como o fator crítico de prevenção. Não se trata de se, mas de quando novos acidentes, grandes ou pequenos, e adoecimentos vão ocorrer em um ambiente de trabalho (Goegebeur, 2014), e as repercussões de incidentes indesejáveis em contextos ICE têm visibilidade global.

Existem, porém, inúmeras formas de se evitar acidentes, implementando ações reativas ou proativas. Geralmente busca-se

Referências

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