• Nenhum resultado encontrado

Estudo computacional da estrutura eletrônica de [2n]ciclofanos

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Estudo computacional da estrutura eletrônica de [2n]ciclofanos"

Copied!
31
0
0

Texto

(1)
(2)
(3)

AGRADECIMENTOS

Gracias a la vida que me ha dado tanto Me ha dado la risa y me ha dado el llanto

As´ı yo distingo dicha de quebranto Los dos materiales que forman mi canto Y el canto de ustedes que es el mismo canto

Y el canto de todos que es mi propio canto. Mercedes Sosa

A meu pai e minha m˜ae.

Ao Giovanni, ao Felipe, a todo o GEEM, pela oportunidade de me aprofundar nessa ´area t˜ao especial que ´e a qu´ımica te´orica.

Aos amigos todos. Aos da qu´ımica pela compreens˜ao; aos de fora da qu´ımica, pela possibilidade do respiro.

A todos os professores dispostos a ouvir as perguntas.

A todos aqueles que constru´ıram e constroem a possibilidade e a existˆencia de uma universidade p´ublica, gratuita, de qualidade.

A todos aqueles que lutam pela mem´oria do passado, o direito ao presente e a certeza do futuro.

(4)

Sum´

ario

1 INTRODUC¸ ˜AO 7

2 REVIS ˜AO DA LITERATURA 9

2.1 Para-ciclofanos . . . . 9

2.2 Estrutura e nomenclatura dos ciclofanos . . . 9

2.3 Estrutura eletrˆonica dos ciclofanos . . . 10

2.4 Aplica¸c˜oes de [2n]ciclofanos . . . 11

2.5 Espectroscopia . . . 12 3 OBJETIVOS 14 3.1 Objetivo geral . . . 14 3.2 Objetivos espec´ıficos . . . 14 4 M´ETODOS COMPUTACIONAIS 15 4.1 C´alculos . . . 15 4.1.1 TD-DFT . . . 15

4.2 Infraestrutura e recursos computacionais . . . 16

4.3 Seguran¸ca no laborat´orio e tratamento de res´ıduos . . . 16

5 RESULTADOS E DISCUSS ˜AO 17 5.1 Parˆametros geom´etricos . . . 17

5.2 Parˆametros eletrˆonicos . . . 18

5.3 An´alise dos espectros . . . 19

5.4 Compara¸c˜ao entre funcional h´ıbrido e funcional GGA . . . 21

6 CONCLUS ˜AO 23

7 REFERˆENCIAS 24

8 APˆENDICE I 27

(5)

4

Lista de Figuras

1 (a) S´ıntese do [2.2]metaciclofano via acoplamento de Wurtz do dibrometo de m-xilileno e (b) s´ıntese do [2.2]paraciclofano atrav´es da rea¸c˜ao de co-plamento de Wurtz do dibrometo de p-xilileno. Imagem reproduzida, com

autoriza¸c˜ao, da disserta¸c˜ao de Leone Carmo Garcia.1 . . . . 7

2 Parˆametros estruturais demonstrando a perda da planaridade das por¸c˜oes arom´aticas. Imagem reproduzida do artigo de Cram e Cram, com auto-riza¸c˜ao. Copyright 1971, American Chemical Society.2 . . . . 8

3 Representa¸c˜ao esquem´atica dos para-ciclofanos. Imagem reproduzida do artigo de Cram e Cram, com autoriza¸c˜ao. Copyright 1971, American Che-mical Society.2 . . . . 9

4 Exemplo de ciclofanos e sua nomemclatura. Imagem reproduzida, com autoriza¸c˜ao, da disserta¸c˜ao de Leone Carmo Garcia.1 . . . 10

5 a) esquema gen´erico de distribui¸c˜ao de grupo doador e grupos retiradores de el´etrons no sistema. b) estrutura do TADF OLED apresenta por Morgan Auffrey.3 . . . 12

6 Diagrama de Jablonski, onde A ´e absor¸c˜ao; F, fluorescˆencia; P, fosfo-rescˆencia; IVR, redistribui¸c˜ao vibracional intramolecular; IC, convers˜ao in-terna e ISC, cruzamento intersistemas. Imagem reproduzida e adaptada, com autoriza¸c˜ao, do artigo de Lasorne et al.4 . . . 13

7 Medida da distˆancia entre os centroides dos an´eis benzˆenicos para 1. . . 17

8 Diferen¸ca de energia (eV) entre o estado fundamental e o estado excitado versus a distˆancia entre os centroides. . . 18

9 Diferen¸cas de energia em compara¸c˜ao com a energia do sistema 1. . . 19

10 Diferen¸ca de energia entre o estado fundamental e o estado excitado em fun¸c˜ao da menor distˆancia entre os an´eis centroides. . . 19

11 Menor e maior distˆancias entre as por¸c˜oes arom´aticas do sistema 2 (˚A). O orbital 65 est´a localizado na regi˜ao entre os ´atomos que tˆem distˆancia de 2,583 ˚A (em cima, `a direita, na figura 12. . . 20

12 Orbitais envolvidos na transi¸c˜ao mais intensa do sistema 2. . . 20

13 Espectro de absor¸c˜ao do sistema 5, bem como os orbitais das principais transi¸c˜oes para um dos estados degenerados. . . 21

14 Espectros de absor¸c˜ao do sistema 1 obtidos com funcional GGA e h´ıbrido, respectivamente. . . 22

15 Estruturas otimizadas com compostos 1-9, cuja nomenclatura est´a apre-sentada na Tabela 1. . . 28

16 Espectro de absor¸c˜ao do sistema 3. . . 29

17 Espectro de absor¸c˜ao do sistema 4. . . 29

18 Espectro de absor¸c˜ao do sistema 6. . . 29

19 Espectro de absor¸c˜ao do sistema 7. . . 30

20 Espectro de absor¸c˜ao do sistema 8. . . 30

(6)

5

Lista de Tabelas

1 Nomenclatura dos ciclofanos utilizados no presente trabalho. O Apˆendice 1 apresenta as estruturas, com vista superior e lateral, desses sistemas. . . 14 2 Parˆametros geom´etricos para compara¸c˜ao dos sistemas. As estruturas dos

compostos 1-9 encontram-se na Figura 15, Apˆendice I. . . 17 3 Compara¸c˜ao dos espectros de absor¸c˜ao obtidos com diferentes m´etodos. . . 22

(7)

6

RESUMO

Os ciclofanos, em especial os para-ciclofanos, s˜ao sistemas muito estudados desde a d´ecada de 1950 devido `a sua estrutura eletrˆonica pouco usual. Dita estrutura lhes proporciona caracter´ısticas interessantes para aplica¸c˜oes em cat´alise, OLEDs de fluorescˆencia atrasada, entre outros. Este trabalho busca elucidar, atrav´es de DFT e TD-DFT, a consequˆencia eletrˆonica de variar o n´umero e a posi¸c˜ao das pontes de [2n]ciclofanos atrav´es de espectros de absor¸c˜ao no UV-vis. Foi observada a deslocaliza¸c˜ao eletrˆonica nas pontes dos sistemas, corroborando a inexistˆencia do efeito do tubo de pasta de dente, atrav´es da an´alise da energia do estado excitado quando comparada com a distˆancia entre os an´eis benzˆenicos dos sistemas.

(8)
(9)
(10)
(11)
(12)

11 estruturas presentes neste trabalho. A intensidade e posi¸c˜ao da banda do ciclofano em cada mol´ecula depende de qu˜ao dobrados est˜ao os an´eis benzˆenicos e qu˜ao sobrepostos est˜ao seus orbitais π.

Em 1983, Heilbronner e Yang19 propuseram o modelo do ”tubo de pasta de

dente”para a estrutura eletrˆonica dos ciclofanos. Ela se baseava em duas quest˜oes: a atua¸c˜ao dos grupos metila como doadores de el´etrons indutivamente em an´eis arom´aticos e a crescente aproxima¸c˜ao das faces dos dois benzenos em virtude do aumento do n´umero de pontes do sistema (descrita por Galembeck et al.20). Estes fatores teriam como resultado

(considerando, aqui, a a¸c˜ao das pontes como sendo semelhante `a a¸c˜ao de substituintes metila) a diminui¸c˜ao da energia de ioniza¸c˜ao dos ciclofanos em fun¸c˜ao do seu n´umero de pontes, uma vez que os el´etrons π conjugados estariam mais distantes dos n´ucleos e, consequentemente necessitariam menor energia para a ioniza¸c˜ao.

Em 1979 Kovaˇc et al.21analisaram os espectros fotoeletrˆonicos dos [2n] ciclofanos

e perceberam uma rela¸c˜ao n˜ao linear no decaimento das energias de ioniza¸c˜ao com o aumento do n´umero de pontes: pela extrapola¸c˜ao, levando em conta o efeito do tubo de pasta de dente, o valor da energia de ioniza¸c˜ao do superfano 5 deveria ser de algo em torno de 6 eV. O resultado experimental foi de 7,60 eV, indicando que havia algum outro efeito acontecendo, n˜ao descrito pelo modelo.

Em 2017, Galembeck et al.20 provaram a inexistˆencia do efeito do tubo de pasta

de dente, concluindo que o aumento sistem´atico do n´umero de pontes direcionava a den-sidade eletrˆonica dos benzenos para as pr´oprias pontes, gerando intera¸c˜oes through-bond (distribui¸c˜ao da densidade eletrˆonica nas pontes). Esses resultados confirmam que os ciclofanos possuem uma estrutura conjunta, formando um sistema ´unico entre as partes arom´aticas e alif´aticas.

Assim como foi observada a absor¸c˜ao no UV-Vis n˜ao usual dos ciclofanos, novas propriedades luminescentes de [m,n]ciclofanos foram reportadas. Vala, Haebig e Rice22

ob-servaram, em 1965, espectros de fluorescˆencia de solu¸c˜oes concentradas de v´arios compos-tos arom´aticos que apresentavam, al´em das bandas usuais, bandas com deslocamento ba-tocrˆomico, correspondentes `a forma¸c˜ao de exc´ımeros (d´ımero formado entre uma mol´ecula excitada e uma n˜ao-excitada eletronicamente), formados devido `a presen¸ca de for¸cas atra-tivas entre as nuvens π das mol´eculas que comp˜oem o mesmo. Quando [m,n]ciclofanos contendo cadeias alif´aticas longas ([4,4]paraciclofano, [4,5]paraciclofano e [4,6]paraciclo-fano) foram empregados para modelar a emiss˜ao de exc´ımeros em poliestireno e em po-livinil naftaleno, observou-se que os mesmos reproduzem satisfatoriamente as emiss˜oes observadas. Por outro lado, as propriedades luminescentes do [2,2]paraciclofano diferem drasticamente dos anteriores, o que foi atribu´ıdo `a grande repuls˜ao entre as nuvens π, que afeta n˜ao apenas as conforma¸c˜oes do an´eis mas tamb´em as propriedades de absor¸c˜ao e de fluorescˆencia, de modo que o [2,2]paraciclofano n˜ao deve ser considerado um modelo para estudar a emiss˜ao de exc´ımeros.

2.4

Aplica¸c˜

oes de [2n]ciclofanos

Em 1997, Pye et al.8 utilizaram um derivado de 1 com substituintes

difosfi-nas, como ligante coordenado a um ´atomo de r´odio, como catalisador para hidrogena¸c˜ao enantiosseletiva, a temperaturas amenas, alcan¸cando rendimentos altos.

A s´ıntese de novos materiais semicondutores ´e bastante pesquisada;14 em

es-pecial, pol´ımeros semicondutores contendo derivados de ciclofanos s˜ao interessantes.23

(13)
(14)
(15)

proprieda-14

3

OBJETIVOS

3.1

Objetivo geral

Avaliar o papel das intera¸c˜oes trough-bond e through-space na estrutura eletrˆonica dos sistemas 1-9 (Apˆendice 1), determinando de que maneira orbitais moleculares envol-vendo essas intera¸c˜oes est˜ao presentes nas fun¸c˜oes de onda dos estados excitados dos respectivos compostos, bem como relacion´a-las com os parˆametros geom´etricos, n´umero e posi¸c˜ao relativas de pontes etilˆenicas.

Nome Identifica¸c˜ao (1,4)ciclofano (1) (1,2,3)ciclofano (2) (1,2,3,4)ciclofano (3) (1,2,3,4,5)ciclofano (4) (1,2,3,4,5,6)ciclofano (5) (1,3,5)ciclofano (6) (1,2,4)ciclofano (7) (1,2,4,5)ciclofano (8) (1,2,3,5)ciclofano (9)

Tabela 1: Nomenclatura dos ciclofanos utilizados no presente trabalho. O Apˆendice 1 apresenta as estruturas, com vista superior e lateral, desses sistemas.

3.2

Objetivos espec´ıficos

• Otimizar as estruturas dos [2n]ciclofanos 1-9 empregando-se a teoria do funcional da densidade, DFT;

• Obter os espectros de absor¸c˜ao [2n]ciclofanos 1-9 atav´es da teoria do funcional da densidade dependente do tempo, TD-DFT;

• Analisar os espectros de absor¸c˜ao, buscando racionalizar os efeitos trough-bond e through-space na estrutura eletrˆonica das mol´eculas estudadas, bem como a rela¸c˜ao dos mesmos com as geometrias obtidas.

(16)

15

4

ETODOS COMPUTACIONAIS

4.1

alculos

As geometrias dos [2n]-ciclofanos 1-9 foram otimizadas e as frequˆencias vibra-cionais determinadas com o uso do funcional GGA BP86,28,29 empregando-se fun¸c˜oes de

base de qualidade triplo-ζ de Alhrich def2-TZVP.30

A aproxima¸c˜ao de resolu¸c˜ao de identi-dade31 foi empregada utilizando-se bases auxiliares def2/J e grid de integra¸c˜ao melhorado

(Gridn, n = 6) para o DFT. Corre¸c˜oes de dispers˜ao de Grimme D3BJ32–34foram tamb´em

utilizadas em todos os c´alculos.

Os espectros de absor¸c˜ao foram determinados empregando-se a teoria do funcio-nal da densidade dependente do tempo, TD-DFT, na qual o mesmo funciofuncio-nal GGA BP86 foi empregado em conjunto com as fun¸c˜oes de base do tipo def2-SVP.30

Os c´alculos foram realizados na vers˜ao 4.1.2 do programa ORCA.35,36 Os

parˆametros geom´etricos foram medidos com o uso do programa ChemCraft na vers˜ao b562;37

os espectros foram plotados com o uso do programa Gabedit na vers˜ao 2.4.8.38

4.1.1 TD-DFT

A teoria do funcional da densidade trata de propriedades relacionadas ao estado eletrˆonico fundamental de ´atomos e mol´eculas e a fenˆomenos que sejam independentes do tempo, como energia, cargas e geometrias de estruturas no estado fundamental.39,40

Por outro lado, a determina¸c˜ao de energias de excita¸c˜ao, propriedades ´opticas e espec-trosc´opicas s˜ao propriedades dependentes do tempo e, para isso, faz-se uso da teoria do funcional da densidade dependente do tempo, na qual os teoremas de Hohenberg e Kohn s˜ao generalizados para a dependˆencia temporal.41

Essa generaliza¸c˜ao foi formalizada por Runge e Gross em 1984.42 O TD-DFT deve ser usado para se calcular o espectro de

absor¸c˜ao pelo fato de que esta metodologia fornece um mecanismo para que se saia do estado fundamental e se chegue nos estados excitados do sistema.

A evolu¸c˜ao temporal dos estados eletrˆonicos de um dado sistema ´e governada pela equa¸c˜ao de Schr¨odinger dependente do tempo (Eq. 1), na qual o Hamiltoniano Hele

dependente do tempo pode ser escrito na forma da Eq. 2, na qual T ´e o operador de energia cin´etica dos el´etrons, Vrep representa a intera¸c˜ao intereletrˆonica e V (t) o potencial

externo sentido pelos el´etrons e que ´e dependente do tempo. A repuls˜ao internuclear e como esta afeta os os el´etrons est´a inclu´ıda em V (t) adicionada de uma perturba¸c˜ao dependente do tempo e que torna poss´ıvel a evolu¸c˜ao de um estado a outro.

i∂ ∂tΨ

ele

i (r1, . . . , rN, t) = HeleΨelei (r1, . . . , rN, t) (1)

Hele= T + V (t) + Vrep (2)

O potencial dependente do tempo pode ser escrito na forma das perturba¸c˜oes dependentes do tempo e ligadas ao instante t0.

V(t) = N X i=1 v(ri, t) (3) v(r, t) = v0(r) + θ(t − t0)v1(r, t) (4)

(17)

16 O teorema de Runge e Gross42 fornece uma generaliza¸c˜ao temporal do teorema

de Kohn-Sham e, que relaciona v(r, t) e a densidade de probabilidade de se encontrar um el´etron no i-´esimo estado para um sistema que evolui a partir de seu estado fundamental. O TD-DFT geralmente ´e empregado atrav´es da teoria de resposta linear, na qual a per-turba¸c˜ao v(r, t) ´e escrita na forma de uma campo el´etrico oscilante com dire¸c˜ao definida. A varia¸c˜ao na densidade de probabilidade em fun¸c˜ao da perturba¸c˜ao relaciona-se com a fun¸c˜ao de resposta linear, que relaciona as fun¸c˜oes de onda do estado fundamental e dos estados excitados, bem como os respectivos autovalores de energia.41

4.2

Infraestrutura e recursos computacionais

Os c´alculos foram realizados utilizando-se os seguintes recursos computacionais: • Cluster Beowulf J´upiter, localizado Grupo de Estrutura Eletrˆonica Molecular

(GEEM - UFSC), laborat´orio 206 do Departamento de Qu´ımica da UFSC .

• Cluster Gauss, do Centro Nacional de Supercomputa¸c˜ao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CESUP - UFRGS).

4.3

Seguran¸ca no laborat´

orio e tratamento de res´ıduos

Trata-se de um estudo te´orico e, portanto, n˜ao houve riscos de contamina¸c˜ao ou intoxica¸c˜ao. As normas de seguran¸ca do laborat´orio do Grupo de Estrutura Eletrˆonica Molecular (GEEM) foram respeitadas.

No caso de avaria de alguma pe¸ca eletroeletrˆonica, n˜ao sendo poss´ıvel arrum´a-la, a UFSC possui procedimento para descarte apropriado: a mesma deve ser entregue no Ponto de Entrega Volunt´aria (PEV) que se encontra na Reitoria I, no campus Trindade.43

(18)

17

5

RESULTADOS E DISCUSS ˜

AO

5.1

Parˆ

ametros geom´

etricos

A partir das geometrias de m´ınimo obtidas, foram medidos parˆametros para a compara¸c˜ao geom´etrica dos sistemas (tabela 2). Foi tomada a distˆancia entre os centros dos an´eis benzˆenicos de cada sistema (indicativo da aproxima¸c˜ao m´edia entre os dois an´eis; Figura 7), o maior ˆangulo diedro dentro dos an´eis (evidenciando, quanto maior o diedro, maior a perda de planaridade das por¸c˜oes arom´aticas, como discutido anteriormente), o maior ˆangulo diedro das pontes (indicando, quanto maior o diedro, menor eclipsagem dentro de uma mesma ponte) e a posi¸c˜ao da maior e a menor distˆancia entre carbonos equivalentes das duas por¸c˜oes arom´aticas.

Figura 7: Medida da distˆancia entre os centroides dos an´eis benzˆenicos para 1.

Identifica¸c˜ao Distˆancia entre centroides (˚A)

Maior diedro na por¸c˜ao arom´atica (em

graus) Maior diedro na ponte (em graus) (1) 2,994 14,287 13,188 (2) 3,355 12,358 14,645 (3) 2,940 12,216 8,797 (4) 2,722 9,786 0,273 (5) 2,644 0,026 3,648 (6) 2,800 4,978 0,561 (7) 2,936 15,564 1,367 (8) 2,789 12,748 0,611 (9) 2,768 9,525 0,720

Tabela 2: Parˆametros geom´etricos para compara¸c˜ao dos sistemas. As estruturas dos compostos 1-9 encontram-se na Figura 15, Apˆendice I.

Percebe-se a grande distˆancia entre os centroides de 2 (facilmente percept´ıvel nas vistas no Apˆendice 1) devido `a repuls˜ao entre as por¸c˜oes arom´aticas e, a seguir, o sistema 1 com a segunda maior distˆancia, por possuir o menor n´umero de pontes. Observa-se

(19)
(20)
(21)

20 com 19% de contribui¸c˜ao para o estado. A segunda transferˆencia ocorre, de acordo com a Figura 12, entre um orbital localizado nas por¸c˜oes arom´aticas e um orbital localizado entre os carbonos cabe¸ca de ponte do sistema. Entre estes carbonos se encontra a menor distˆancia entre as por¸c˜oes arom´aticas (2,582 ˚A, contra 4,366 ˚A no outro extremo dos an´eis) (figura 11).

Figura 11: Menor e maior distˆancias entre as por¸c˜oes arom´aticas do sistema 2 (˚A). O orbital 65 est´a localizado na regi˜ao entre os ´atomos que tˆem distˆancia de 2,583 ˚A (em cima, `a direita, na figura 12.

Figura 12: Orbitais envolvidos na transi¸c˜ao mais intensa do sistema 2.

O sistema 5 apresentou espectro de absor¸c˜ao com apenas uma banda, com in-tensidade baixa, em 286,9 nm. Esta banda foi gerada a partir de dois estados distintos, 4 e 5, que por sua vez tˆem contribui¸c˜ao de uma s´erie de transi¸c˜oes eletrˆonicas diferentes. A figura 13 apresenta o espectro gerado, bem como os orbitais envolvidos nas transi¸c˜oes do espectro para o estado 4. O estado 5 ´e an´alogo, apresentando o mesmo n´umero de transi¸c˜oes nos mesmos orbitais, variando apenas a ordem na qual elas ocorrem. Fica evidente a total deslocaliza¸c˜ao destes orbitais no sistema, corroborando a afirma¸c˜ao de

(22)

21 Galembeck et al.20 sobre a n˜ao existˆencia do efeito do tubo de pasta de dente. Caso

este efeito de fato existisse, se observaria uma localiza¸c˜ao dos orbitais preferencialmente nas por¸c˜oes arom´aticas e a densidade eletrˆonica projetada para a face externa dos dois an´eis benzˆenicos, indicando uma expuls˜ao dos el´etrons π dos an´eis em virtude da menor distˆancia centroide. A intensidade baixa da banda do espectro, na ordem de intensidade de 10−5, indica transi¸c˜oes muito pouco favor´aveis, significando uma grande dificuldade

em excitar eletronicamente o sistema.

Figura 13: Espectro de absor¸c˜ao do sistema 5, bem como os orbitais das principais transi¸c˜oes para um dos estados degenerados.

5.4

Compara¸c˜

ao entre funcional h´ıbrido e funcional GGA

O sistema 1 teve seu espectro de absor¸c˜ao calculado utilizando tanto o funcional GGA BP86 quanto o funcional h´ıbrido ωB97X-D3 (Figura 14). O espectro experimental feito em etanol 95%16 apresenta duas bandas principais, uma em 286 e outra em 302 nm,

sendo a em 286 nm mais intensa. Ainda que as bandas de ambos espectros te´oricos caiam em outra regi˜ao do espectro, ´e poss´ıvel comparar a diferen¸ca entre as bandas em vez de suas posi¸c˜oes absolutas (uma vez que a posi¸c˜ao relativa n˜ao depende de efeito de solvente de forma t˜ao intensa, por exemplo). A tabela 3 apresenta esta compara¸c˜ao. A diferen¸ca entre as duas bandas do espectro experimental, de 16 nm, ´e compat´ıvel com a diferen¸ca

(23)

22 do espectro feito com funcional GGA, de 18 nm. Este resultado pode justificar a escolha do funcional GGA BP86 para o c´alculo dos espectros.

M´etodo Posi¸c˜ao das duas bandas mais intensas (nm) Diferen¸ca de posi¸c˜ao das bandas (nm) Funcional GGA 263 - 281 18 Funcional h´ıbrido 192 - 201 9 Experimental 286 - 302a 16

Tabela 3: Compara¸c˜ao dos espectros de absor¸c˜ao obtidos com diferentes m´etodos.

Figura 14: Espectros de absor¸c˜ao do sistema 1 obtidos com funcional GGA e h´ıbrido, respectivamente.

a

Cram, D. J.; Steinberg, H.; Allinger, N. L. Journal Of The American Chemical Society 1954, 23, 6132–6141.

(24)

23

6

CONCLUS ˜

AO

A otimiza¸c˜ao das estruturas utilizando teoria do funcional da densidade gerou mol´eculas com benzenos n˜ao planares em sua maioria, com excess˜ao do superfano 5. Este resultado est´a de acordo com as observa¸c˜oes anteriores de Cram e Cram2 e, juntamente

com o c´alculo das frequˆencias vibracionais, indica uma otimiza¸c˜ao bem-sucedida.

Os espectros gerados com TD-DFT e funcional GGA apresentaram deslocamento hipsocrˆomico em rela¸c˜ao aos dados experimentais, mas uma diferen¸ca relativa entre ban-das muito pr´oxima do espectro experimental e, portanto, podem ser considerados como descritivos da estrutura eletrˆonica dos sistemas. A partir destes resultados relativos, foi poss´ıvel descrever aspectos cruciais da estrutura eletrˆonica dos ciclofanos, como a in-viabilidade do modelo do tubo de pasta de dente proposta por Heilbronner e Yang19

e a existˆencia da deslocaliza¸c˜ao eletrˆonica, inclusive na regi˜ao das pontes ( distriui¸c˜ao eletrˆonicathrough-bond ), mostrada aqui e anteriormente por Galembeck et al.20

(25)

24

7

REFERˆ

ENCIAS

Referˆ

encias

[1] Garcia, L. C. Estudo te´orico sobre o efeito de substituintes na intera¸c˜ao c´ation - π em rutenofanos. 2013.

[2] Cram, D. J.; Cram, J. M. Accounts Of Chemical Research 1971, 6, 204–213.

[3] Auffray, M. Cyclophanes, a bridge between photophysics and supramolecular che-mistry. Ph.D. thesis, Universit´e Pierre et Marie Curie - Paris VI, 2017.

[4] Lasorne, B.; Worth, G. A.; Robb, M. A. Wires Computational Molecular Science Excited-state Dynamics 2011, 1, 460–475.

[5] Pellegrin, M. Recueil des Travaux Chimiques des Pays-Bas et de la Belgique 1899, 18, 457–465.

[6] Brown, C. J.; Farthing, A. C. Nature 1949, 164, 915–916.

[7] Cram, D. J.; Steinberg, H. Journal Of The American Chemical Society 1951, 73, 5691–5704.

[8] Pye, P. J.; Rossen, K.; Reamer, R. A.; Tsou, N. N.; Volante, R. P.; Reider, P. J. Journal of the American Chemical Society 1997, 119, 6207–6208.

[9] Guyard, L.; Audebert, P. Electrochemistry Communications 2001, 3, 164–167. [10] Morisaki, Y.; Chujo, Y. Macromolecules 2002, 35, 587–589.

[11] Morisaki, Y.; Chujo, Y. Angewandte Chemie International Edition 2006, 45, 6430– 6437.

[12] Auffray, M.; Kim, D. H.; Kim, J. U.; Bencheikh, F.; Kreher, D.; Zhang, Q.; D’Al´eo, A.; Ribierre, J.; Mathevet, F.; Adachi, C. Chemistry – An Asian Journal 2019, 14, 1921–1925.

[13] Caramori, G. F.; Galembeck, S. E. The Journal of Physical Chemistry A 2011, 111, 1705–1712.

[14] Bazan, G. C. The Journal Of Organic Chemistry 2007, 72, 8615–8635.

[15] Moss, G. P.; Smith, P. A.; Tavernier, D. Pure and Applied Chemistry 1995, 67, 1307–1375.

[16] Cram, D. J.; Steinberg, H.; Allinger, N. L. Journal Of The American Chemical Society 1954, 23, 6132–6141.

[17] Rademacher, P. In Modern Cyclophane Chemistry; vch Verlag Gmbh & Co. Kgaa, W., Ed.; 2004; Chapter UV/Vis Spectra of Cyclophanes, pp 275–329. [18] Caramori, G. F.; Galembeck, S. E.; Laali, K. K. Journal of Organic Chemistry 2005,

(26)

25 [19] Heilbronner, E.; zhi Yang, Z. In Cyclophanes II. Topics in Current Chemistry; V¨otgle, F., Ed.; 1983; Vol. 115; Chapter The electronic structure of cyclophanes as suggested by their photoelectron spectra., pp 1–55.

[20] Galembeck, S. E.; Caramori, G. F.; Misturini, A.; Garcia, L. C.; Orenha, R. P. Organometallics 2017, 36, 3465–3470.

[21] Kovac, B.; Mohraz, M.; Heilbronner, E.; Boekelheide, V.; Hopf, H. Journal Of The American Chemical Society 1980, 13, 4314–4324.

[22] Jr., M. T. V.; Haebig, J.; Rice, S. A. The Journal of Chemical Physics 1965, 43, 886–897.

[23] Skotheim, T. A.; Reynolds, J. R. In Conjugated Polymers: Processing and Applica-tions, 3rd ed.; Press, C., Ed.; 1998.

[24] Kraft, A.; Grimsdale, A. C.; Holmes, A. B. Angewandte Chemie International Edition 1998, 37, 402–428.

[25] McQuade, T. D.; Pullen, A. E.; Swager, T. M. Chemical Review 2000, 100, 2537– 2574.

[26] Bassi, A. B. M. S. Chemkeys 2001, 1–14.

[27] Schatz, G. C.; Ratner, M. A. Conjugated Polymers: Processing and Applications; Courier Corporation, 2002.

[28] Becke, A. D. Phys. Rev. A 1988, 38, 3098–3100. [29] Perdew, J. P. Phys. Rev. B 1986, 33, 8822–8824.

[30] Weigend, F.; Ahlrichs, R. Phys. Chem. Chem. Phys. 2005, 7, 3297–3305.

[31] Neese, F.; Wennmohs, F.; Hansen, A.; Becker, U. Chem. Phys. 2009, 356, 98 – 109, Moving Frontiers in Quantum Chemistry:.

[32] Grimme, S.; Antony, J.; Ehrlich, S.; Krieg, H. J. Chem. Phys. 2010, 132, 154104. [33] Grimme, S. WIREs: Comput. Mol. Sci. 2011, 1, 211–228.

[34] Grimme, S.; Ehrlich, S.; Goerigk, L. J. Comput. Chem. 2011, 32, 1456–1465. [35] Neese, F. WIREs Comput Mol Sci 2012, 2, 73,78.

[36] Neese, F. WIREs Comput Mol Sci 2018, 8, e1327.

[37] Andrienko, G. A. Chemcraft - graphical software for visualization of quantum che-mistry computations. https://www.chemcraftprog.com.

[38] Allouche, A. Journal of Computational Chemistry 32, 174–182. [39] Hohenberg, P.; Kohn, W. Physical Review 1964, 136, B864–B871. [40] Kohn, W.; Sham, L. J. Physical Review 1965, 140, A1133–A1138.

(27)

26 [41] Ullrich, C. A.; Yang, Z.-h. Brazilian Journal of Physics 2014, 44, 154–188.

[42] Runge, E.; Gross, E. K. U. Physical Review Letters 1984, 52, 997–1000.

[43] UFSC, Res´ıduos eletroeletrˆonicos. https://gestaoderesiduos.ufsc.br/ residuos-eletroeletronicos.

(28)

27

8

APˆ

ENDICE I

(a) Vista superior e lateral de 1. (b) Vista superior e lateral de 2.

(29)

28

(e) Vista superior e lateral de 5. (f) Vista superior e lateral de 6.

(g) Vista superior e lateral de 7. (h) Vista superior e lateral de 8.

(i) Vista superior e lateral de 9.

Figura 15: Estruturas otimizadas com compostos 1-9, cuja nomenclatura est´a apresentada na Tabela 1.

(30)

29

9

APˆ

ENDICE II

Figura 16: Espectro de absor¸c˜ao do sistema 3.

Figura 17: Espectro de absor¸c˜ao do sistema 4.

(31)

30

Figura 19: Espectro de absor¸c˜ao do sistema 7.

Figura 20: Espectro de absor¸c˜ao do sistema 8.

Referências

Documentos relacionados

7.2 Caso algum candidato proponente queria contestar o resultado da avaliação, poderá, no prazo de 02 (dois) dias úteis a contar da data de publicação da classificação

Dessa forma, os dados de pintura cromossômica sugerem que o ca- riótipo ancestral hipotético das Aves teria 2n = 80, com um par a mais do que Gallus gallus, já que o cromossomo GGA

No estudo clínico pivotal CLEOPATRA em câncer de mama metastático, as reações adversas mais comuns ( ≥ 50%) observadas em pacientes em tratamento com Perjeta em combinação

desta em um planejamento estratégico estruturado, a dificuldade de selecionar as ferramentas de gestão apropriadas ao negócio da empresa, o uso de ferramentas inadequadas

VUOLO, J.H. Fundamentos da Teoria de Erros, Edgard Blucher Ltda, São Paulo, 1992 YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos, Bookman, Porto Alegre, 2005.. Quando a

Desse modo, os objetivos propostos foram alcançados e, por fim, confirmada a situação exposta na formulação do problema e da hipótese, ou seja, diante do

Uma Universidade Comunitária – UC, enquanto uma Instituição de Ensino Superior – IES, tem como premissa o compromisso, além para com a educação, com serviços sociais e com

S˜ ao apresentados gr´ aficos de: amplitude do oscilador fluido, v; am- plitude de vibra¸ c˜ ao, y; fase relativa entre a for¸ ca e o deslocamento; fase relativa entre a for¸ ca e