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Programas de natação para pessoas com deficiência no Brasil

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Educação Física

BRUNA BREDARIOL

PROGRAMAS DE NATAÇÃO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO

BRASIL

CAMPINAS 2019

(2)

BRUNA BREDARIOL

PROGRAMAS DE NATAÇÃO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO

BRASIL

Orientador: Prof. Dr. JOSÉ JULIO GAVIÃO DE ALMEIDA

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA BRUNA BREDARIOL E ORIENTADA PELO PROF. DR. JOSÉ JULIO GAVIÃO DE ALMEIDA

CAMPINAS 2019

Tese apresentada à Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutora em Educação Física, na Área de Atividade Física Adaptada.

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Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Educação Física

Dulce Inês Leocádio - CRB 8/4991

Bredariol, Bruna, 1988-

B743p Programas de natação para pessoas com deficiência no Brasil / Bruna Bredariol. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.

Orientador: José Julio Gavião de Almeida.

Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física.

1. Esporte paralímpico. 2. Natação. 3. Pessoas com deficiência. 4. Políticas públicas. I. Almeida, José Julio Gavião de. II. Universidade Estadual de

Campinas. Faculdade de Educação Física. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Swimming programs for people with disabilities in Brazil Palavras-chave em inglês:

Paralympic sport Swimming

Person with disability Public policy

Área de concentração: Atividade Física Adaptada Titulação: Doutora em Educação Física

Banca examinadora:

José Julio Gavião de Almeida [Orientador] Edison Duarte

Orival Andries Júnior

Mey de Abreu Van Munster Graciele Massoli Rodrigues

Data de defesa: 28-02-2019

Programa de Pós-Graduação: Educação Física

Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a) - ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0001-6556-127X - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/4687360287248290

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__________________________________________

Prof. Dr. José Julio Gavião de Almeida

Orientador

__________________________________________

Prof. Dr. Edison Duarte

Membro Titular

_________________________________________

Prof. Dr. Orival Andries Júnior

Membro Titular

_________________________________________

Profa. Dra. Mey de Abreu Van Munster

Membro Titular

________________________________________

Profa. Dra. Graciele Massoli Rodrigues

Membro Titular

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da Unidade.

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Dedico este trabalho à todas as pessoas incríveis que tive o prazer de conhecer e conviver durante esta longa jornada que foi, para mim, o Doutorado. Dedico ao meu grande Professor e Orientador Gavião, que com muita sabedoria e paciência, soube me guiar durante este voo inesquecível. E, por fim, dedico, principalmente, aos meus pais, Adriana e Celso, à minha irmã Marina e ao meu marido Rafael, que me deram a confiança e coragem necessárias para alçar esse voo.

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Toda as vezes em que me deparo com um trabalho quase concluído, me vem uma grande onda de nostalgia, onde começo a relembrar todos os momentos que passei durante o processo de execução do mesmo. São, em sua maioria, lembranças muito boas, daquelas que provocam um sentimento tão bom, de dever cumprido e de que fiz a coisa certa. É claro que nem tudo são flores, que existiram momentos em que a dúvida prevaleceu sobre as certezas, que o medo sobressaiu sobre a coragem de tentar, que tudo o que eu estava fazendo parecia não fazer sentido nenhum.

Mas parada aqui agora, vendo o resultado de toda essa jornada, só sinto gratidão e felicidade. Felicidade por olhar para trás e ver que não foi apenas uma viagem solitária, para realizar um trabalho e ponto. Mas sim uma das viagens mais incríveis da minha vida, a qual pude compartilhar com pessoas tão incríveis quanto. E sou muito feliz por ter tantas pessoas a quem posso me sentir grata.

Então, primeiramente, agradeço a todos os professores de graduação e pós-graduação que fizeram parte dessa conquista, especialmente aqueles do Laboratório de Atividade Motora Adaptada (LAMA), que participaram de maneira mais próxima do desenvolvimento deste estudo. Agradeço a CAPES, pelo auxílio financeiro fornecido durante grande parte da realização desta pesquisa. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

Agradeço aos professores da banca, que aceitaram prontamente participar desse processo tão importante na minha carreira e que contribuíram de maneira excelente com a realização do estudo, a partir dos seus conhecimentos e experiência. Mey, Graciele, Orival e Edison, aqui fica minha eterna gratidão!

Aquele agradecimento mais que especial vai para um dos grandes responsáveis por eu ter entrado nessa jornada. Professor Gavião, não tenho palavras suficientes para expressar o quanto sou grata por ter me aceitado como sua orientanda. Você não apenas me guiou na condução de uma pesquisa, você me guiou para a vida que temos fora do laboratório, para as grandes experiências que temos mundo afora e para as grandes pessoas que podemos encontrar. E, tudo isso, com muita alegria, sabedoria e energia de sobra. Pode ter certeza que todos os seus ensinamentos estão bem guardados e serão utilizados com muito carinho durante as próximas etapas que estão por vir.

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os quais, hoje, tenho grande prazer em chamar de amigos: Jalusa, Gabi Harnisch, Romana, Choco, Dieguinho, Aline, Thálita, Luizinho, Mayra, Gabi Ferreira, Ortega e Léo. Alguns estiveram comigo desde o princípio e já seguiram para voos maiores. Outros chegaram durante o processo e se mantêm até hoje ao meu lado. Mas todos foram igualmente essenciais para que esse caminho fosse percorrido e finalizado. Então, muito obrigada ao melhor grupo de todos os tempos, pelos conhecimentos, experiências, sentimentos, aflições e conquistas compartilhados!

Meu muito obrigada também aos amigos da vida, aqueles que não estiveram dentro de um laboratório comigo, mas que, de certa forma, acompanharam tudo o que passei nestes últimos anos de estudo. Principalmente, agradeço a Helô, por estar ao meu lado todos os dias, me segurando durante os problemas e derrotas e comemorando comigo todas as vitórias.

E, por fim, mas tão importante quanto, agradeço á minha família com toda a força e amor que tenho em mim. Obrigada mãe, pai, Má e Rafa por, muitas vezes, acreditarem mais em mim do que eu mesma, por me mostrarem o quão longe eu poderia ir, por me ensinarem o que realmente importa nessa vida e por todo carinho, amor, apoio, companheirismo, paciência e cumplicidade.

Toda essa grande jornada só fez sentido compartilhada com todos vocês. Portanto, deixo aqui registrada minha eterna gratidão!

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Atualmente pode-se observar um crescimento da prática esportiva por pessoas com deficiência, entre elas a prática da natação. Isto se dá através dos estudos que já foram realizados em relação aos benefícios das atividades aquáticas e sobre os processos pedagógicos voltados para o ensino-aprendizagem da modalidade para esta população. Além disso, outros fatores podem ser considerados, como o desenvolvimento de uma legislação que prevê o direito ao acesso destes indivíduos a atividades esportivas, ao aumento do oferecimento de eventos esportivos nos quais a pessoa com deficiência pode atuar, que por sua vez, resulta em uma maior divulgação da modalidade. Sendo assim, muitos programas estão sendo desenvolvidos envolvendo a prática de natação pela pessoa com deficiência. Entretanto, observa-se que estes programas estão se desenvolvendo de forma aleatória pelo país, sem que haja um acompanhamento pelo Governo, de forma a gerar informações importantes sobre a distribuição destes dentro do país, suas principais características e necessidades. Acredita-se que, a partir de um levantamento destes dados, locais onde não existam muitas oportunidades para a prática de natação pelas pessoas com deficiência podem ser identificados, contribuindo para o desenvolvimento de ações mais precisas e direcionadas. Dessa forma, este estudo teve como objetivo mapear e analisar os programas brasileiros de paranatação participantes das competições nacionais e estaduais da modalidade, identificando suas principais características. Para isto, a pesquisa foi dividida em dois momentos distintos. Primeiramente, foi realizada uma pesquisa exploratória com caráter documental e quantitativa. Neste momento foi realizado um levantamento das instituições que poderiam trabalhar com a paranatação, através das principais competições regionais, estaduais e nacionais de natação para pessoas com deficiência e de documentos de confederações esportivas de esporte paralímpico. Em um segundo momento, foi realizada uma pesquisa descritiva com procedimentos baseados em survey e abordagem quantitativa, através da qual foi aplicado um questionário para os responsáveis pelos programas encontrados, a fim de coletar os dados referentes a pesquisa. Após a coleta pelos pesquisadores, os dados foram analisados de forma descritiva. Os resultados do estudo mostram que 48% das instituições que promovem o esporte para pessoas com deficiência oferecem a paranatação. Além disso, existe uma grande diferença entre a distribuição dos programas dentro das regiões brasileiras, sendo que a região Sudeste concentra, aproximadamente, 52% do número total de iniciativas encontradas. Outro resultado demonstra que 34% das instituições, aproximadamente, recebem alguma contribuição governamental para o desenvolvimento de suas atividades, sendo que 85% dos programas não foram desenvolvidos a partir de incentivos governamentais. Sendo assim, pode-se concluir que a paranatação não é, ainda, uma realidade para a população com deficiência no Brasil, sendo que os incentivos governamentais existentes devem ser reavaliados, de forma a facilitar o desenvolvimento de novos programas nessa área e a sua maior distribuição no território brasileiro.

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Currently, we can see an increase in the practice of sports by people with disabilities, including swimming. It can be noticed through the studies that have already been carried out in relation to the benefits brought by the practice of aquatic activities and the pedagogical processes related to the teaching and learning experience of this activity for this specific population. In addition, other factors can be considered, such as the development of laws that provides the right of these individuals to participate in sports activities, to increase the offer of sporting events in which a person with a disability can perform, which in turn, results in a dissemination of such practice. Thus, many programs are being developed involving the practice of swimming by people with disabilities. However, we can notice that these programs are developing randomly throughout the country, without proper monitoring by the government of its main characteristics and needs. It is believed that, from a survey of these data, places where there aren’t many opportunities would be identified, contributing to the development of precise actions in these places. Thus, this study aimed to map the Brazilian institutions that offer swimming to person with disability with the main purpose of high-performance athletes. From this mapping, the objective was to analyze all programs found, in order to highlight their main developmental characteristics. For this, the research was divided in two distinct moments. Firstly, all the institutions that could work with swimming for people with disabilities were mapped, this was made through the main regional, state and national competitions and from documents provided by confederations of Paralympic sports. In a second moments, a questionnaire was applied to the persons responsible for the programs that were found in order to collect the data referring to the research, after the collection by the researchers, the data were analyzed descriptively. The results of the study shown that 48% of the institutions found offer swimming for people with disabilities. In addition, there is a noticeable difference between the distribution of these programs within the Brazilian regions, the Southeast region concentrates approximately 52% of this activity. Another result shows that 34% of the institutions, approximately, receive governmental contribution for the development of the project and 85% of the programs weren’t developed from governmental incentives. Thus, it can be concluded that the practice of swimming for people with disabilities is not yet accessible for these individuals in Brazil, and that the government incentives must be reassessed in order to facilitate the development of new programs and their grater scope in the Brazilian territory.

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Figura 1 –Escala LogMAR computadorizada...33

Figura 2 – Número de instituições encontradas por região brasileira...72

Figura 3 – Porcentagem das instituições por região brasileira...73

Figura 4 – Distribuição da população brasileira por região...74

Figura 5 – Número de instituições por Estado brasileiro...76

Figura 6 – Dados gerais do contato com as instituições...79

Figura 7 – Dados por região do contato com as instituições...79

Figura 8 – Dados das instituições da região norte...80

Figura 9 – Dados das instituições da região nordeste...80

Figura 10 – Dados das instituições da região centro-oeste...81

Figura 11 – Dados das instituições da região sudeste...81

Figura 12 – Dados das instituições da região sul...82

Figura 13 – Caracterização dos participantes do estudo por Estado...84

Figura 14 – Caracterização dos participantes do estudo quanto ao ano de criação...85

Figura 15 – Tipos de instituições utilizadas para o desenvolvimento dos programas...87

Figura 16 – Tipos de deficiência encontrados nas instituições...90

Figura 17 – Tipo de espaço físico disponível para os programas...92

Figura 18 – Principais fontes de renda dos programas...92

Figura 19 – Divisão das fontes de renda dos programas...94

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Quadro 1 – Deficiências elegíveis na paranatação...31

Quadro 2 - Pontuação de cada classe esportiva na classificação funcional...32

Quadro 3 – Códigos de exceção para os fundamentos na paranatação...37

Quadro 4 – Provas oferecidas no programa dos Jogos Paralímpicos...38

Quadro 5 – Documentos que abordam o esporte para pessoas com deficiência dentro da Legislação...43

Quadro 6 – Organização internacional das modalidades paralímpicas de verão...55

Quadro 7 – Organização nacional das modalidades paralímpicas de verão...56

Quadro 8 – Diretrizes para o desenvolvimento de programas de paranatação...63

Quadro 9 – Competições de paranatação realizadas no período estudado...70

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ABDEM - Associação Brasileira de Desporto de Deficientes Mentais ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANDE - Associação Nacional de Desporto para Deficientes CBC – Confederação Brasileira de Clubes

CBDV - Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

COB – Comitê Olímpico Brasileiro COI – Comitê Olímpico Internacional

CONFEF – Conselho Federal de Educação Física CPB – Comitê Paralímpico Brasileiro

FAP – Federação Aquática Paulista

FCDA – Federação Cearense de Desportos Aquáticos FINA - Fédération Internationale de Natation

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estarística IBSA - International Blind Sports Federation

ICF - International Canoe Federation IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INAS-FID - International Federation for Intellectual Impairment Sport INDESP – Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto

IPC – International Paralympic Committee

LogMAR - Logaritmo do Ângulo Mínimo de Resolução MEC – Ministério da Educação e Cultura

OMS – Organização Mundial da Saúde ONG – Organização Não-Governamental

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ONU – Organização das Nações Unidas PL – Planilha de Levantamento

QI – Quociente de Inteligência RNB – Renda Nacional Bruta

SOBAMA – Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

USABA - United States Association for Blind Athletes WPS – World Para Swimming

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APRESENTAÇÃO...16

1 INTRODUÇÃO...19

2 OBJETIVOS...23

3 REVISÃO DE LITERATURA...24

3.1 A Natação para Pessoas com Deficiência...25

3.1.1 Natação Adaptada...28

3.1.2 Paranatação...28

3.2 O Esporte para Pessoas com Deficiência dentro da Legislação Brasileira...39

3.3 A Gestão do Esporte Paralímpico Brasileiro...48

3.4 Desenvolvimento de Programas de Natação para Pessoas com Deficiência...58

4 MÉTODO...65

4.1 Etapa 1...65

4.1.1 Design...65

4.1.2 Descrição dos Procedimentos...65

4.1.3 Análise de Dados...66

4.2 Etapa 2...66

4.2.1 Design...66

4.2.2 Sujeitos da Pesquisa...66

4.2.3 Instrumento de Coleta de Dados...66

4.2.4 Descrição dos Procedimentos...67

4.2.5 Análise de Dados...68

4.3 Estudo-Piloto...68

4.4 Aspectos Éticos da Pesquisa...68

4.5 Critérios de Exclusão...69

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...70

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REFERÊNCIAS...106

ANEXO I – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa...115

APÊNDICE I – Questionário para os Responsáveis pelos Programas...121

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APRESENTAÇÃO

Durante todos estes anos (cinco para ser mais específica) dentro de um programa de Pós-Graduação, fui inúmeras vezes questionada sobre meus motivos para estar me dedicando a vida acadêmica e para estudar o que estava estudando. Escolher estudar e me aprofundar em determinados assuntos que tenho afinidade, no meu caso, já faz parte de mim. Sempre fui curiosa e dedicada com meus estudos. Tive a oportunidade de escolher estudar e trabalhar dentro de uma área a qual estive ligada durante minha vida toda, que é o esporte. Pratiquei esportes desde bem pequena e continuei durante toda a infância por escolha própria, porque realmente gostava daquilo. Gostava de jogar bola com as amigas no colégio, de fazer parte do time de futebol e amava as aulas de Educação Física. Mas o que despertou minha paixão mesmo foi a natação, modalidade que pratico desde os dez anos até hoje em dia.

Sim, entrei na faculdade de Educação Física porque gostava de praticar esportes. Mas foi nesse ambiente que descobri, logo de primeira, que seria um mundo que eu precisaria descobrir aos poucos, que estava além das aulas de Educação Física na escola ou das modalidades esportivas em si. Foi nesse ambiente que tive meu primeiro contato com o esporte para pessoas com deficiência e com o professor Gavião, aquela pessoa com energia sem fim e claramente apaixonada pelo que fazia e ensinava. Tudo naquela disciplina despertou minha atenção e curiosidade.

Nesse momento, e já precisando escolher um tema para minha monografia, comecei a estudar um pouco mais sobre o assunto, tentando entender melhor esse universo do esporte adaptado. E, quanto mais eu me aprofundava, mais curiosidades e indagações o tema me despertava, sendo que a principal de todas elas era: “Eu pratiquei esportes minha vida toda! Como nunca tive contato com pessoas com deficiência nos ambientes que frequentava antes?”. A partir disso teve início uma etapa da minha vida que nunca imaginei que poderia chegar até aqui. Resolvi fazer minha monografia unindo aquelas novas curiosidades que estavam surgindo com uma paixão antiga, que é a natação. O resultado foi uma revisão de literatura sobre o tema, que, apesar de ter me ajudado a me aprofundar no assunto e me formar na faculdade, ainda não me trouxe as respostas de que precisava. Dessa forma, resolvi que tentaria entrar no curso de Mestrado para continuar minha linha de pesquisa. E isso aconteceu dois anos depois, juntamente com o professor Gavião, com o projeto de fazer uma análise dos programas de natação que estavam surgindo no Brasil.

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Foram dois anos bem intensos, nos quais não só cresci academicamente como também profissionalmente na área. Enquanto desenvolvia minha pesquisa na faculdade e me envolvia em algumas disciplinas da graduação como parte dos requisitos do programa de pós-graduação, coloquei em prática um dos grandes projetos da minha vida. Juntamente com mais dois professores de Educação Física da minha cidade (Itatiba/SP/Brasil) e amigos de longas datas, criei um programa de natação para pessoas com deficiência no município, onde ainda não existia nenhuma iniciativa nessa área. Este programa, chamado “Projeto Primeiras Braçadas”, está ativo até hoje e atende, atualmente, em torno de 30 crianças e adolescentes com deficiência de Itatiba e região. Ainda dentro destes dois anos, tive a oportunidade de iniciar meu trabalho dentro das competições de natação oferecidas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) como assistente na coordenação desses eventos.

Estes foram dois dos momentos mais marcantes de todo o meu processo, pois foram eles que me permitiram estar mais próxima de tudo o que estava estudando: pessoas com deficiência (população de estudo) e locais onde a prática de natação já existia e estava sendo consolidada. Por outro lado, também restringiram um pouco meu tempo de dedicação ao estudo, já que precisei dividir com os trabalhos que surgiam. Com isso, finalizei meu curso de Mestrado em novembro de 2014, com o estudo de caso de dois programas de natação para pessoas com deficiência da região de Campinas, e já com o objetivo de entrar no curso de Doutorado para aprofundar melhor o estudo que tanto queria fazer desde o final da graduação.

O Doutorado e, consequentemente este estudo, teve início logo no próximo ano. Ainda continuei dividindo meu tempo entre os estudos, o programa em Itatiba e as competições do CPB, já que dessa forma conseguia manter uma ligação entre teoria e prática que não poderia ter de outra maneira. Não vou dizer que foi fácil, pois foram muitas as dificuldades a serem enfrentadas. Muitas vezes pensei em deixar para trás alguma coisa e ter mais tempo para descansar, por exemplo. Mas não me arrependo da decisão de persistir até o fim, pois foi esta que possibilitou a maior experiência da minha vida. Com a participação nos eventos do CPB, no ano de 2016, fui convidada a assumir a coordenação geral dos eventos de natação. Além disso, foi no mesmo ano que recebi a proposta para trabalhar no Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 como gerente técnica da natação paralímpica.

Apesar das inseguranças por ter que reduzir o tempo que vinha sendo dedicado aos estudos de Doutorado e também de atuação no programa de Natação na cidade de Itatiba, o convite para atuar na preparação e durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, foi uma proposta irrecusável e riquíssima para meus estudos e atividades profissionais futuras, inclusive trazendo-me muitos subsídios teóricos e práticos para meus estudos de Doutorado. Para tanto,

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tive o apoio de todas as pessoas que estavam a minha volta, o que contribuiu muito para o início e a conclusão de mais este desafio. Morei no Rio de Janeiro por dez meses em 2016 e esta foi uma experiência única, onde pude aprender ainda mais sobre a modalidade a qual tanto me dediquei nos últimos anos de estudo e onde pude ganhar ainda mais experiência no trabalho com organização de eventos, pelo qual me apaixonei desde da primeira competição que participei.

Assim que retornei, no final de 2016, estava com as energias renovadas e com a cabeça borbulhando para colocar em prática minha ideia antiga de pesquisa, agora com muito mais experiência, maturidade e conhecimentos. E, apesar de ainda atuar intensamente em todos os eventos de natação do CPB, os anos de 2017 e 2018 foram direcionados para a conclusão deste estudo.

Hoje, posso dizer com toda a certeza que cada caminho escolhido nestes últimos cinco anos foi essencial para formar a pessoa que me tornei e o estudo que se segue. Mais do que um trabalho justificado pela ausência de pesquisas na área ou pela necessidade do desenvolvimento do esporte paralímpico no país, este estudo tem uma justificativa muito pessoal. Ele traz consigo uma longa história junto à natação e mais recentemente com a natação paralímpica; traz o resultado final de uma inquietação antiga que, finalmente, pôde ser colocada em prática; traz novas indagações e novos anseios para, quem sabe, futuros passos; e traz aquela esperança de que possamos, de certa forma, contribuir para o desenvolvimento de novos programas de natação incluindo as pessoas com deficiência do nosso país.

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1 INTRODUÇÃO

A prática de natação pelas pessoas com deficiência, assim como de outras atividades esportivas, vem se desenvolvendo ao longo dos anos, estando este desenvolvimento atrelado a alguns fatores. Primeiramente, podemos citar a importância do processo histórico vivenciado pela população com deficiência, que resultou no desenvolvimento da compreensão e dos conceitos atuais que temos sobre ela. Para Aranha (2001), ignorar o processo histórico que levou ao entendimento que temos hoje da deficiência implica na perda de compreensão de seu sentido e significado.

Dessa forma, considera-se que o conceito atual, assim como as demais questões que permeiam a deficiência, precisou passar por processos de construção e evolução ao longo dos anos, de forma a influenciar, em cada momento histórico, a forma de tratamento da pessoa com deficiência e a organização da sociedade para conviver com estas diferenças (ARANHA, 2001). Todos estes anos de luta nos trouxeram a um momento da história no qual a sociedade, em sua grande parte, tenta se organizar para incluir a pessoa com deficiência, seja a partir do desenvolvimento de estatutos específicos, de prever os seus direitos perante as leis ou de promover programas que melhor atendam esta população. Em relação ao conceito de pessoas com deficiência, sua versão mais recente e atualizada foi instituída em 2015, através do Estatuto da Pessoa com Deficiência, demonstrando que o processo de desenvolvimento ainda é muito recente e está em constante transformação. De acordo com o documento (2015, p.8-9):

Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

E, é a partir do desenvolvimento dessa visão da sociedade sobre a deficiência, que outros fatores se tornam possíveis de serem desenvolvidos, na tentativa de atender a população com deficiência como parte de uma sociedade com características diversificadas. Assim, ela possibilitou, no decorrer da história, o desenvolvimento de formas de coletas de dados sobre a deficiência dentro do país (NERI et al., 2003; OMS, 2004; DINIZ; BARBOSA; SANTOS, 2009; IBGE, 2010; BANCO MUNDIAL, 2011; LENZI, 2012) e ao desenvolvimento de Leis que preveem o direito desta população, inclusive o direito à prática esportiva.

A Legislação Esportiva para as pessoas com deficiência começa a ser desenvolvida somente a partir de 1988 dentro da Constituição Federal. Entretanto, é somente em 1998, com

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a promulgação da Lei Pelé, que a Legislação especificamente esportiva passa a abranger também a questão das pessoas com deficiência. De acordo com Barrozo et al. (2012) esta Lei destaca, entre seus princípios fundamentais, a democratização do esporte, garantindo as condições de acesso às atividades esportivas sem quaisquer distinções ou formas de discriminação, além de prever a elaboração de projetos de fomento da prática desportiva para esta parcela da população, destinando uma porcentagem dos recursos financeiros do Estado para este fim (BRASIL, 1998). Ainda podemos citar como marcos para o desenvolvimento do esporte para as pessoas com deficiência no Brasil a promulgação da Lei Agnelo Piva, em 2001 e, posteriormente, o surgimento da Política Nacional do Esporte (2005) e da Lei de Incentivo ao Esporte (2006). Estes documentos deixam mais claras as responsabilidades dos Estados e Municípios no desenvolvimento do esporte para as pessoas com deficiência, além de prever formas para a captação de recursos de iniciativa privada para a criação de programas nesta área específica.

Outro fator que pode ser considerado como influenciador no desenvolvimento da prática de natação pelas pessoas com deficiência, são os inúmeros estudos publicados que demonstram seus benefícios para esta população e desenvolvem novas propostas para o ensino-aprendizagem da natação para as diferentes deficiências (ADAMS, 1985; CAMPION, 2000; KERBEJ, 2002; LEPORE, 2004; TOLOI, 2011; SILVA; OLIVEIRA; CONCEIÇÃO, 2005; MAZARINI, 2006; BAHIA, 2007; GIOLLO; RODRIGUES, 2010; STORCH, 2013). Estes estudos acabam por contribuir para uma maior divulgação desta possibilidade de prática e para a construção de conteúdos teóricos e práticos que poderão ser utilizados por outros profissionais dentro de novos ambientes. Em conjunto com as pesquisas na área, os recursos midiáticos também contribuem para um crescimento da prática esportiva, de forma a tornarem públicas as suas possibilidades. E isso vem ocorrendo em grande escala, principalmente após a realização dos Jogos Paralímpicos em território brasileiro em 2016.

Além disso, muitos eventos esportivos voltados à pessoa com deficiência vêm sendo criados nos últimos anos pelas entidades esportivas de gestão do esporte paralímpico no Brasil, aumentando as oportunidades de atuação no esporte de alto rendimento. Algumas Federações Estaduais de esportes aquáticos, por exemplo, vendo a necessidade de maior oferecimento de competições nessa área, adicionaram aos seus calendários anuais, eventos de natação exclusivos para as pessoas com deficiência do Estado que representa. Este é o caso da Federação Aquática Paulista (FAP), que criou, no ano de 2017, três campeonatos de paranatação que são oferecidos anualmente pela entidade (FAP, 2018).

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Todos estes fatores citados acima acabam por influenciar, direta ou indiretamente, o crescimento da prática de natação pela população com deficiência, seja através do aumento do número de praticantes e participantes dentro das competições, ou pelo crescente número de oportunidades de atuação esportiva que surgem a cada ano no país. Entretanto, este constante desenvolvimento acaba mascarando a realidade de inúmeras pessoas com deficiência que ainda não possuem acesso à natação ou ao esporte adaptado, gerando uma falsa impressão de democratização à prática da modalidade.

Portanto, por mais que se possa enxergá-lo dentro do ambiente esportivo de alto rendimento, não existe um acompanhamento deste crescimento, assim como são raras as avaliações das iniciativas já existentes no país e que visam o incentivo ao esporte adaptado (ANDRADE; ALMEIDA, 2012; PEREIRA, 2014; PANCOTTO, 2016). Sobre isso, Andrade e Almeida (2012) afirmam não existir, no Brasil, um diagnóstico para conhecer a realidade da prática esportiva pelas pessoas com deficiência. Entre 2010 e 2014 o Ministério do Esporte realizou uma pesquisa inédita, denominada “Diagnóstico Nacional do Esporte”. Apesar de ser uma importante iniciativa, o esporte para pessoas com deficiência não foi contemplado na pesquisa.

Segundo o Banco Mundial (2011), compreender o número de pessoas com deficiência e suas circunstâncias (entre elas a prática esportiva) pode melhorar os planos governamentais para remover as barreiras incapacitantes e promover serviços mais adequados para esta população. Neste sentido, apesar da importância da criação de incentivos, por parte do Governo, para o desenvolvimento do esporte adaptado e criação de novos programas nesta área, sem que haja um entendimento sobre a situação das pessoas com deficiência no país e sua participação em programas esportivos, a avaliação destes incentivos se torna impraticável e, consequentemente, estes não poderão ser melhor desenvolvidos nem novos poderão ser criados. No que diz respeito a prática de natação pelos indivíduos com deficiência, um mapeamento dos programas de alto rendimento existentes pode contribuir para a obtenção de dados sobre os locais onde estão se desenvolvendo, sua distribuição dentro do território brasileiro, as diferenças entre as regiões e Estados do Brasil e os locais onde a prática ainda não existe ou está pouco desenvolvida. Através destas características, pode-se identificar os possíveis problemas e propor novas iniciativas, sejam estas a nível da Legislação ou do fomento da prática da natação pelas associações e federações nacionais que cuidam do esporte para as pessoas com deficiência. Sendo assim, estes dados podem contribuir com a implementação de ações mais efetivas nesta área.

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Os resultados obtidos com a presente pesquisa, além de fomentarem documentos de essência científica como artigos e outros, também poderão contribuir para a elaboração de documentos com propósitos diversos (cartilha, livro ou base de dados), contendo informações sobre os programas brasileiros de paranatação e que possam contribuir com o desenvolvimento de iniciativas nesta área.

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2 OBJETIVOS

Com base nas considerações expostas, o objetivo geral do estudo é mapear e analisar os programas brasileiros de paranatação participantes das competições regionais, estaduais e nacionais da modalidade.

A partir deste objetivo geral também podemos enfatizar alguns objetivos

específicos, entre eles: (a) analisar a distribuição geográfica da paranatação no território

brasileiro; (b) identificar as principais características destes programas, como localização e ano de criação; (c) identificar em que contextos esses programas têm se desenvolvido; (d) reconhecer quais os tipos de deficiência e a faixa etária dos alunos que têm usufruído desses programas; (e) e fornecer indicativos para o desenvolvimento de programas de paranatação e de políticas públicas de apoio e incentivo ao esporte para pessoas com deficiência.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo apresenta uma síntese dos estudos que se fizeram necessários e importantes para a realização desta pesquisa, considerando que estas foram as fontes que trouxeram à tona a compreensão do papel de um programa de paranatação em tempos atuais.

Portanto, o capítulo foi dividido em quatro partes. A primeira delas corresponde a uma revisão específica sobre a natação para as pessoas com deficiência, considerando que a disseminação dos conhecimentos sobre a modalidade (desenvolvimento, benefícios e possibilidades) foi a base para o crescimento da prática entre os indivíduos com deficiência, a partir de um respaldo teórico e prático. O capítulo se encerra com a apresentação das características principais da natação adaptada e da paranatação, já que os programas atuais podem atuar dentro das diversas finalidades da prática esportiva adaptada (educacional, recreativa, competitiva e terapêutica) (MUNSTER; ALMEIDA, 2010).

Para que possamos entender o desenvolvimento de programas brasileiros de natação para pessoas com deficiência, faz-se necessário, primeiramente, entender as questões que permeiam a organização esportiva no país, de forma a deixar claras as formas existentes de gestão do esporte brasileiro, desde sua organização dentro da Legislação, assim como sua gestão dentro das entidades esportivas. Portanto, a segunda parte foi utilizada para trazer um levantamento dos principais documentos encontrados na Legislação brasileira que preveem o desenvolvimento do esporte para as pessoas com deficiência no país. Já a terceira parte traz os conceitos básicos de gestão esportiva, com os tipos de entidades existentes hoje no Brasil que se desenvolvem nessa área de conhecimento, além da organização específica do esporte paralímpico brasileiro.

O capítulo se encerra com o tema mais específico deste estudo, trazendo os principais aspectos que devem ser levados em consideração quando se organiza e desenvolve um programa de natação para as pessoas com deficiência.

Para que esta revisão fosse possível, foram utilizados estudos realizados nos últimos 10 anos e encontrados nas seguintes bases de dados eletrônicas: PubMed, Scopus e Google Acadêmico. Cada um dos capítulos foi caracterizado por termos específicos durante a pesquisa e por seus correspondentes na língua inglesa, sendo elas:

• Capítulo 1 – “natação” e “deficiência”.

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• Capítulo 3 – “gestão”, “esporte” e “paralímpico”. • Capítulo 4 – “programas”, “natação” e “deficiência”.

Além disso, também foram utilizados livros, dissertações e teses encontradas no Sistema de Bibliotecas da UNICAMP e que tratassem dos temas acima citados.

3.1 A Natação para Pessoas com Deficiência

No início de seu desenvolvimento como prática para as pessoas com deficiência, a natação foi aplicada, principalmente, com objetivos terapêuticos e de reabilitação (ADAMS et al., 1985).

Após a Primeira Guerra Mundial, nos Estados Unidos, a água começa a ser utilizada por suas capacidades terapêuticas, para o tratamento das enfermidades reumáticas e do aparelho locomotor (BELLENZANI NETTO; MAZARINI, 1986). Em 1930 as atividades recebem o nome de hidroterapia, tendo como fundador Charles Lowman (TOLOI, 2011). Segundo a autora, ao final da Segunda Guerra Mundial e a partir da necessidade da criação de centros de reabilitação para os soldados que dela voltavam, as atividades terapêuticas na água foram cada vez mais procuradas devido aos seus inúmeros benefícios.

Antigamente programas aquáticos com fins educativos ou de lazer eram muito escassos. Somente quando a modalidade começa a se desenvolver como esporte e procurada com a finalidade de treinamento especializado é que os profissionais passam a se capacitar para seu ensino e novos programas começam a surgir, possibilitando a prática para um maior contingente de pessoas (TOLOI, 2011). Sendo assim, durante o século XX, a natação toma um novo rumo e surge como um esporte voltado também para o lazer, podendo ser praticado por grande parte da população, inclusive pelas pessoas com deficiência.

Quando falamos dos benefícios da prática da natação para esta população, podemos dizer que estes são muitos e que englobam todos os tipos de deficiências quando as atividades são bem planejadas e são empregadas com os devidos cuidados. Segundo Adams et al. (1985), uma das maiores vantagens do tratamento em piscina para algumas deficiências físico-motoras são os efeitos positivos decorrentes da imersão do corpo em água morna. Para os autores o calor da água favorece o relaxamento dos músculos e anima o indivíduo a continuar explorando a movimentação dentro da água. Kerbej (2002) salienta a importância da prática de atividades

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físicas em piscinas aquecidas para pessoas com paralisia cerebral. Segundo o autor, estes indivíduos possuem bastante espasmos e podem ser beneficiados pelo relaxamento proporcionado pela imersão do corpo em água morna, proporcionando-lhes prazer, além de uma melhora no controle corporal.

Outra vantagem da natação para indivíduos com deficiências físico-motoras é a de não obrigar o participante a suportar o próprio peso devido a diminuição da ação da gravidade dentro da água, sendo, portanto, muito útil para pessoas que se utilizam de cadeiras de rodas, próteses e órteses (WILKIE; JUBA, 1982). Na água, o indivíduo é naturalmente sustentado pela flutuação, fazendo com que este possa apreciar a liberdade de movimentação sem a ajuda de outras pessoas ou artificialmente por meio de materiais (ASSOCIATION OF SWIMMING THERAPY, 2000).

Estudos também apontam os benefícios da prática contínua de natação para indivíduos com lesão medular. Dentre estes benefícios podemos citar: melhora da condição física geral, gerando benefícios motores que contribuem na independência para execução das atividades de vida diária (SILVA; OLIVEIRA; CONCEIÇÃO, 2005).

Muitos autores também apontam as contribuições da natação para o desenvolvimento motor geral de crianças com deficiência visual (STORCH, 2013; GIOLLO; RODRIGUES, 2010). Segundo Costa (2000), a natação pode trazer benefícios relacionados ao desenvolvimento do equilíbrio estático e dinâmico, a correção postural, ao desenvolvimento da coordenação motora e da orientação espacial destes indivíduos, que, normalmente, apresentam defasagens no desenvolvimento destes fatores (TOLOI, 2011).

Para Abrantes, Luz e Barreto (2006), a natação tem sido muito importante para o desenvolvimento global das pessoas com deficiência visual, já que pode ser praticada por indivíduos de qualquer idade e condição física, trazendo benefícios que influenciarão diretamente as suas atividades da vida diária, favorecendo e facilitando sua inserção social.

A imersão do corpo do indivíduo na piscina permite que este tenha um contato de todas as suas partes com a água, possibilitando uma melhor consciência de seus movimentos e enriquecendo a formação do seu esquema corporal (BAHIA, 2007). Segundo Storch (2013), conforme a criança com deficiência visual aprende a controlar seus movimentos dentro da água, esta desenvolverá a consciência da funcionalidade do seu corpo, sendo que esta aprendizagem poderá também ser transferida para suas atividades do dia-a-dia.

Mas os benefícios da prática de atividade aquática não se restringem aos aspectos físicos do indivíduo. Ou seja, a partir do momento que a atividade física para as pessoas com deficiência transcendeu a simples ideia do conceito médico, ela também pode ser vista como

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um fator que contribui para o desenvolvimento psicossocial e cognitivo de seus praticantes. De acordo com Lepore (2004), quando uma pessoa com deficiência aprende a se movimentar na água sem o apoio ou ajuda de outras pessoas, sua autoestima e consciência de si mesmo aumentam significativamente. A oportunidade de participar das atividades aquáticas pode levar a uma melhor conscientização corporal pelo indivíduo, além de outros benefícios como melhora do humor, redução da ansiedade e da depressão e aumento da autoestima (LEPORE; GAYLE; STEVENS, 1956).

O sucesso é apontado por alguns autores como um dos pontos mais importantes entre os benefícios psicológicos da natação para pessoas com deficiência. Segundo Toloi (2011), o fato de a água facilitar a execução de várias atividades que em solo não podem ser realizadas, além de proporcionar independência ao indivíduo e liberdade de movimento, faz com que se crie efeitos psicológicos positivos.

Além disso, as aulas de natação oferecem um novo ambiente social, vivência de situações que são importantes na formação do indivíduo (como ganhar e perder), circunstâncias de aprendizagem diversificadas (como aulas individuais e em grupo), uma gama de informações que passam pelas regras básicas do esporte até a prática da modalidade como um todo, pela aquisição de novos hábitos e gestos motores, pelas trocas interpessoais e muitos outros fatores motivacionais para a pessoa com deficiência (PENAFORT, 2001).

As atividades aquáticas podem, também, oferecer diversas oportunidades para a inclusão destes indivíduos, já que estas apresentam uma expressiva vantagem social. Quando as pessoas com deficiência têm a habilidade de nadar, podem se colocar em posição de igualdade praticando a mesma atividade e juntamente com seus pares sem a deficiência (CAMPION, 2000).

Assim como acontece na natação convencional e a partir das informações apresentadas, a natação para as pessoas com deficiência não se restringe a apenas uma forma de manifestação, podendo ser praticada em diversos cenários, envolvendo diferentes personagens, que lhe designam variados significados (GALATTI; PAES; DARIDO, 2010).

Sobre isso, Tubino (2006) coloca que o esporte, atualmente e de forma geral, pode ser compreendido através de três manifestações esportivas, sendo elas: o esporte-educação (com caráter formativo), o esporte-lazer ou esporte-participação (que não possui compromisso com regras) e o esporte de desempenho ou esporte de rendimento (que segue rigidamente as regras específicas de cada modalidade esportiva). De acordo com Munster e Almeida (2010), acredita-se que o esporte adaptado também possa ser compreendido como um fenômeno

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sociocultural de múltiplas possibilidades, uma vez que suas práticas também abrangem a educação, o lazer e o rendimento.

Entretanto, segundo os mesmos autores, não podemos deixar de contemplar a finalidade terapêutica dentro do esporte adaptado, considerando que (MUSTER; ALMEIDA, 2010, p. 459):

1. O esporte adaptado teve sua origem fortemente influenciada por tal finalidade;

2. Mesmo que o esporte adaptado não tenha pretensões diretas quanto ao restabelecimento de indivíduos com deficiência, é necessário admitir as inúmeras contribuições do mesmo no processo de reabilitação destes.

Sendo assim, podemos caracterizar o esporte adaptado abrangendo finalidades pedagógicas, recreativas, competitivas e terapêuticas, consistindo em um conjunto de modalidades modificadas ou especificamente criadas para atender as necessidades especiais de pessoas com deficiência, através de adequações nas regras, nos espaços físicos, nos materiais e equipamentos e nas metodologias de ensino (MUNSTER; ALMEIDA, 2010).

3.1.1 Natação Adaptada

Levando em consideração as afirmações realizadas acima, podemos colocar que a natação adaptada, portanto, tem como característica a modificação de determinados fatores (regras, espaço utilizado, materiais e métodos), de forma a apresentar espaço para todas as pessoas que necessitem de alguma adaptação para sua prática, podendo ser administrada com finalidades educacionais, recreativas e terapêuticas (TOLOI, 2011). Para Lepore (2004), a natação adaptada designa a modificação do ambiente de ensino, de habilidades, locais, equipamentos e estratégias de ensino para a aprendizagem de diferentes pessoas e com diferentes necessidades.

3.1.2 Paranatação

Diferente do que acontece no esporte adaptado, que é criado e desenvolvido com a finalidade de possibilitar a prática de qualquer indivíduo, o esporte paralímpico já se apresenta com características mais restritas, pois remete à prática de uma das modalidades presentes no programa dos Jogos Paralímpicos de Verão ou de Inverno (COSTA; WINCKLER, 2012) e,

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para isto, existe uma sistematização de fatores como regras e classificação dos atletas, afim de promover a prática esportiva da forma mais igualitária possível aos seus participantes (COSTA E SILVA et al., 2013).

De acordo com Costa e Winckler (2012), a classificação esportiva é o processo que torna os atletas elegíveis ou inelegíveis para a prática de determinada modalidade. Sendo assim, o esporte paralímpico deixa de ser acessível a todos, sendo somente para aqueles que apresentem as características necessárias (deficiência mínima) para competir em cada modalidade. Além disso, o sistema de classificação fornece uma estrutura para as competições das modalidades paralímpicas, considerando a grande diversidade de deficiências presentes e permitindo que o sucesso dos atletas seja determinado pela sua habilidade e não pelo grau da sua deficiência (IPC, 2015).

A natação está presente no programa dos Jogos Paralímpicos desde sua primeira edição, realizada em Roma em 1960 (ABRANTES, 2012). A modalidade é controlada pelo Comitê Paralímpico Internacioanl (IPC) e coordenada por um comitê técnico específico atualmente chamado de World Para Swimming (WPS), anteriormente conhecido como IPC Swimming (WPS, 2017). Esta entidade é responsável por estabelecer todos os aspectos relacionados com regras, arbitragem, classificação, calendário de competições, ranking, recordes e fiscalização das entidades esportivas internacionais de cada deficiência (ABRANTES, 2012). Vale ressaltar que, assim como a alteração no nome do comitê técnico, a natação paralímpica também passa a ser chamada como paranatação pelo comitê internacional (WPS, 2017).

Nacionalmente, a modalidade é administrada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), juntamente com outras quatro modalidades paralímpicas: paraatletismo, esgrima em cadeira de rodas, halterofilismo e o tiro esportivo (SCHEID; ROCHA, 2012).

Diferente de outras modalidades paralímpicas, a paranatação é oferecida para três grupos de deficiência: física, visual e intelectual (ABRANTES, 2012). Considerando que cada um dos grupos congrega inúmeras etiologias diferentes, faz-se necessário o processo de classificação para que as provas sejam disputadas da forma mais igualitária possível. Dessa forma, a classificação na paranatação se apresenta de três formas distintas: 1- classificação funcional para os atletas com deficiência física; 2- classificação oftalmológica para os atletas com deficiência visual; e 3- critérios de elegibilidade para atletas com deficiência intelectual (ABRANTES, 2012).

As classes esportivas da modalidade são representadas pela letra “S”, derivada do termo “swimming”, nos nados livre, costas e borboleta. Para o nado peito é utilizada a sigla

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“SB”, sendo “B” correspondente ao termo “breaststroke” (nado peito em inglês). O nado medley utiliza o termo “SM” (medley) (WPS, 2018a).

Considerando a grande diversidade das etiologias existentes para as deficiências físico-motoras, estas representam a maior parte das classes esportivas da paranatação, podendo ser divididas em dez classes nos nados livre, costas e borboleta (S1 a S10), em nove classes no nado peito (SB1 a SB9) e dez classes no nado medley (SM1 a SM10) (WPS, 2018a). Vale lembrar que quanto menor a classe, maior é a deficiência apresentada pelo atleta. Dessa forma, a classificação funcional tem como objetivo principal definir estas diferentes categorias, baseando-se na capacidade do atleta de realizar certos movimentos, colocando em evidência a potencialidade dos resíduos musculares resultantes de sequelas de algum tipo de deficiência, bem como os músculos que não foram afetados (FREITAS; SANTOS, 2012).

Para que o atleta seja considerado elegível na paranatação, ele precisa estar dentro dos três critérios abaixo, estabelecidos pelo WPS (2018a):

• O atleta deve apresentar pelo menos uma das deficiências listadas no Quadro 1 abaixo; • A(s) deficiência(s) deve(m) ser permanente(s);

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Quadro 1 – Deficiências elegíveis na paranatação

Deficiência Elegível Exemplos de Condições de Saúde

Força muscular prejudicada: atletas que

possuem redução ou perda total de sua capacidade de contrair seus músculos voluntariamente, a fim de se movimentar ou gerar força.

Lesão medular (completa ou incompleta, tetra ou paraplegia ou paresias), distrofia muscular, síndrome pós-pólio, espinha bífida.

Amputações: atletas com ausência total ou

parcial de ossos ou articulações.

Amputação traumática, doença (amputação por câncer de osso, por exemplo), deficiência congênita de membros (dismelia, por exemplo).

Diferença no comprimento das pernas Dismelia e distúrbio do crescimento dos

membros congênito ou traumático.

Baixa estatura: atletas com comprimento

reduzido nos ossos dos membros superiores, membros inferiores e/ou tronco.

Acondroplasia, disfunção do hormônio do crescimento e osteogênese imperfeita.

Hipertonia: atletas com um aumento na

tensão muscular e uma capacidade reduzida de esticar a musculatura devido a um dano no sistema nervoso central.

Paralisia cerebral, traumatismo cranioencefálico e acidente vascular cerebral.

Ataxia: atletas com movimentos

descoordenados provocados por danos no sistema nervoso central.

Paralisia cerebral, traumatismo cranioencefálico, acidente vascular cerebral e esclerose múltipla.

Atetose: atletas com movimentos

involuntários lentos e contínuos.

Paralisia cerebral, traumatismo cranioencefálico e acidente vascular cerebral.

Amplitude do movimento passivo

prejudicado: restrição ou falta de

movimento passivo em uma ou mais articulações.

Artrogripose e contratura resultante de imobilização crônica ou traumatismo que afeta uma articulação.

Fonte: tradução pela autora de WPS (2018a)

Segundo Freitas e Santos (2012), a classificação funcional dos atletas com deficiências físico-motoras é realizada em três estágios, sendo eles:

1- Teste Clínico: exame físico para verificar a patologia apresentada e suas sequelas, em quais áreas corporais a inabilidade do atleta afeta a sua função muscular e em quais movimentos. Neste momento são realizados testes de força, coordenação motora e amplitude de movimento articular para cada um dos grupos musculares utilizados para a natação.

(32)

2- Teste Técnico: testes realizados dentro da água, afim de avaliar como o atleta se comporta nos diferentes nados e fundamentos da natação.

3- Observação em Competição: avaliação final para observar o nado do atleta (somente para casos nos quais esta última etapa é requisitada pela banca de classificação).

Atualmente a classificação funcional se baseia em um sistema de pontos para definir a classe de cada atleta. Sendo assim, cada um dos testes acima foi projetado para produzir uma graduação de zero a cinco pontos para cada agrupamento muscular avaliado, sendo zero o maior grau de deficiência e cinco a inexistência dela (WPS, 2018a). Para que um atleta seja considerado elegível, além de possuir pelo menos uma das deficiências listadas anteriormente, este também precisa somar no máximo 285 pontos nas classes S e SM e/ou 275 pontos na classe SB, após todas as avaliações.

O Quadro 2 a seguir, mostra a divisão de cada uma das classes de acordo com a pontuação alcançada durante a classificação funcional (WPS, 2018a).

Quadro 2 - Pontuação de cada classe esportiva na classificação funcional

Classes S/SM Pontuação Classe SB Pontuação

S1 40-65 SB1 40-65 S2 66-90 SB2 66-90 S3 91-115 SB3 91-115 S4 116-140 SB4 116-140 S5 141-165 SB5 141-165 S6 166-190 SB6 166-190 S7 191-215 SB7 191-215 S8 216-240 SB8 216-240 S9 241-265 SB9 241-275 S10 266-285

Fonte: tradução pela autora de WPS (2018a)

Para a deficiência visual é utilizado o sistema de classificação oftalmológica. Esta classificação foi inicialmente proposta pela USABA (United States Association for Blind Athletes) em 1976, e posteriormente atualizada pela IBSA (International Blind Sports Federation) (FREITAS; SANTOS, 2012). O classificador esportivo deve ser um médico oftalmologista credenciado pela IBSA e pelo IPC, sendo que a avaliação se baseia em critérios

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estabelecidos, essencialmente, na determinação da acuidade e do campo visual do atleta, de ambos os olhos, com a melhor correção óptica (lentes de contato ou corretivas) (IBSA, 2017).

Atualmente, a classificação oftalmológica divide os atletas com deficiência visual em três classes esportivas, caracterizadas através da escala LogMAR e campimetria computadorizada, como especifica a IBSA (2017):

• B1 - acuidade visual menor do que LogMAR 2,60;

• B2 - acuidade visual variando de LogMAR 1,50-2,60 (inclusive) e/ou campo visual restrito até um diâmetro de menos de 10 graus;

• B3 - a acuidade visual variando de LogMAR 1,40-1 (inclusive) e/ou campo visual restrito até um diâmetro de menos de 40 graus.

A escala LogMAR (logaritmo do ângulo mínimo de resolução), está representada na Figura 1. O ângulo visual de 1’ (lê-se um minuto de arco) foi determinado como acuidade visual padrão. A medida decimal é obtida tomando-se o inverso do ângulo visual, por exemplo, quando a acuidade visual é igual a 0,2, o ângulo é igual a 1/0,2 = 5’ (MESSIAS; JORGE; CRUZ, 2010).

Figura 1 – Escala LogMAR computadorizada

Fonte: Messias, Jorge e Cruz (2010)

Observando acima, podemos perceber que as dimensões das letras, dos espaços entre elas e dos espaços entre linhas progridem sistematicamente em progressão geométrica,

(34)

sendo que o tamanho das letras de cada linha é obtido através do logaritmo na base 10 da escala decimal da acuidade visual. Assim, a linha 6/6 metros, ou 20/20 pés, (ou 3/3 – como aparece na Figura 1) é LogMAR 0, já que Log 1=0.

O emprego da letra "B" nas subcategorias refere-se ao termo “blind”, cuja tradução em português significa “cego”. Para as competições de paranatação, os atletas são categorizados nas classes S11, S12 e S13, que correspondem, respectivamente, às classes B1, B2 e B3 (WPS, 2018a).

E, por fim, a INAS-FID (International Federation for Intellectual Impairment Sport) é a entidade responsável por gerenciar e supervisionar, em acordo com o IPC, o processo de classificação para os atletas com deficiência intelectual (FREITAS; SANTOS, 2012). De acordo com o WPS (2018a), esta deficiência é agrupada em uma classe única, representada pela S14 na paranatação.

O processo de classificação dos atletas com deficiência intelectual é composto por duas fases distintas: análise do laudo e verificação dos critérios de elegibilidade. O laudo deve ser emitido por profissionais da área de Psicologia ou Psiquiatria e, após a avaliação do documento, o atleta deverá ser analisado por meio de alguns critérios de elegibilidade, tais como (FREITAS; SANTOS, 2012, p. 48):

• Prejuízo significativo no funcionamento intelectual. O funcionamento intelectual deve ser medido utilizando um protocolo reconhecido internacional e profissionalmente administrado através do teste de QI (quociente de inteligência), no qual o atleta deverá apresentar menos de 75 pontos;

• Limitações significativas no comportamento adaptativo expresso em termos conceptuais, social e prática de habilidades adaptativas;

• Deficiência intelectual deve ser evidente durante o período de desenvolvimento, que vai da concepção até os 18 anos de idade.

Em relação às regras, o WPS incorpora as regras da FINA (Fédération Internationale de Natation), com algumas adaptações específicas para cada tipo de deficiência (ABRANTES, 2012). Segundo o mesmo autor, estas adaptações são destinadas a atletas com maior grau de deficiência e são visualizadas, principalmente, nas saídas, viradas e na execução dos nados.

Nas saídas, os atletas que apresentam alguma dificuldade de subir e/ou se manter sozinhos sobre o bloco, podem ter o auxílio de uma outra pessoa, sendo esta, normalmente,

(35)

representada pelo técnico ou staff da equipe. Dentre as adaptações, podemos citar (WPS, 2018b):

• Atletas com problemas de equilíbrio, podem ter assistência para se equilibrar no bloco, porém não poderão ter auxílio na impulsão;

• Para as classes de S/SB/SM1 a 3 é permitido sair de dentro da água, tendo o(s) pé(s) encostado(s) à parede com o auxílio do técnico ou staff, até o sinal de largada. Não é permitido ao apoio dar impulso ao nadador no momento da saída;

• Para as demais classes é permitido sair sentado de cima ou ao lado do bloco e, também, de dentro da água, porém, neste último caso, o atleta deve manter contato de uma das mãos com o bloco até que o sinal seja dado;

• Quando o atleta não tem a possibilidade de segurar o bloco de partida, este poderá receber a assistência do técnico ou staff e/ou de um implemento. O nadador deve ter alguma parte do corpo em contato com a parede até o sinal de partida ser dado;

• Atletas com deficiência visual podem receber orientação nos blocos de partida, desde que não seja de forma verbal;

• Atletas com a deficiência auditiva associada devem receber o sinal de partida por meio de sinal visual.

Para as viradas e chegadas a principal adaptação é em relação aos atletas com deficiência visual. A classe S/SB/SM11 obrigatoriamente deve utilizar o toque (tapping), sendo esta a forma do técnico avisar ao nadador quando este se aproxima da parede. O equipamento (tapper) utilizado para realizar o toque deve ser um bastão com extremidade macia (ABRANTES, 2012). Atletas com deficiência visual também têm a obrigatoriedade de utilizar óculos totalmente opacos, para evitar qualquer vantagem na presença de resíduos visuais. Os óculos são verificados sempre ao final da prova pela equipe de arbitragem e o atleta pode ser desclassificado caso haja alguma irregularidade (ABRANTES, 2012).

Nos nados peito e borboleta, atletas com deficiência visual podem apresentar dificuldades em efetuar o toque simultâneo na parede durante a virada e chegada, principalmente quando nadam muito próximos a raia. Neste caso, apenas haverá desclassificação se o atleta se utilizar da raia para ganhar propulsão (WPS, 2018b). Em casos em que o nadador apresenta diferença no comprimento dos membros superiores, a chegada e a virada dos nados peito e borboleta devem ocorrer com o braço mais longo, porém ambos devem

(36)

estar estendidos a frente; caso os membros superiores sejam curtos e não ultrapassem a cabeça, o atleta poderá tocar a parede com qualquer parte do corpo acima do tronco (WPS, 2018,b).

Além disso, algumas adaptações podem ser citadas em relação aos nados durante a prova, como seguem (WPS, 2018b):

• Atletas que não possuem movimentação dos membros inferiores não precisam respirar em todas as braçadas do nado peito, porém devem quebrar a linha da água com uma parte da cabeça;

• No nado costas, atletas com classes baixas, podem nadar com braços alternados, simultâneos ou utilizando a ondulação da cabeça e do tronco;

• Na paranatação é oferecida a prova dos 150 metros medley individual para as classes SM1 a SM4, considerando a dificuldade para o nado borboleta. Dessa forma, a prova é composta apenas pelos estilos costas, peito e livre.

Vale ressaltar que todas estas adaptações devem ser avaliadas anteriormente, durante o processo de classificação esportiva do atleta. É papel do classificador especificar, na ficha de classificação, se o atleta necessita de algum auxílio do técnico (apoio na saída ou tapping), ou de um implemento ou de uma adaptação na execução de um nado. Caso contrário, o atleta estará sujeito à desclassificação (WPS, 2018b). De acordo com o WPS (2018b), estas adaptações são caracterizadas através de códigos de exceção, compostos por letras e números como demostrado no Quadro 3 abaixo. Vale ressaltar que cada atleta pode apresentar mais de uma adaptação para sua prática.

(37)

Quadro 3 – Códigos de exceção para os fundamentos na paranatação

Código Adaptação

H Deficiência Auditiva – Necessidade de sinal

visual durante a partida

A Necessidade de assistência do técnico ou

staff durante a partida E

Nadador não consegue segurar o dispositivo de saída do nado costas e pode segurar a

parede, por exemplo

Y Necessidade de um dispositivo durante a

partida

T Deficiência visual – Necessidade de

utilização do tapper

B Deficiência visual – necessidade de

utilização de óculos opacos

1 O nadador apenas consegue utilizar uma das

mãos durante a partida

2 Nado Peito - Apenas um braço funcional

para a execução do nado

3

Nado Peito - Os dois braços são funcionais, mas com comprimentos diferentes, portanto,

a chegada pode ser realizada apenas com o membro mais longo

4 Nado Borboleta - Apenas um braço

funcional para a execução do nado

5

Nado Borboleta - Os dois braços são funcionais, mas com comprimentos diferentes, portanto, a chegada pode ser realizada apenas com o membro mais longo

7 Permite que qualquer parte superior do

corpo toque a parede nas viradas e chegadas 8 O nadador deve virar o pé direito ao realizar

o movimento de pernada do nado peito 9

O nadador deve virar o pé esquerdo ao realizar o movimento de pernada do nado

peito

12

O nadador pode arrastar as pernas ou mostrar a intenção de movimento do nado peito, mas deve começar e terminar a prova

da mesma forma

+ O atleta é capaz de realizar a pernada do

nado borboleta Fonte: tradução pela autora de WPS (2018c)

As provas oferecidas no programa dos Jogos Paralímpicos também sofrem algumas modificações em relação à natação convencional. Estas são disputadas em categorias masculinas e femininas, divididas em cada uma das classes esportivas e podem ser individuais

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ou em equipes de revezamento. O Quadro 4 abaixo caracteriza as provas oferecidas para cada uma das classes (WPS, 2018b).

Quadro 4 - Provas oferecidas no programa dos Jogos Paralímpicos

PROVA SEXO CLASSES

50 metros livre Masculino

Feminino S1 a S13

100 metros livre Masculino

Feminino S1 a S14

200 metros livre Masculino

Feminino S1 a S5 e S14

400 metros livre Masculino

Feminino S6 a S14

50 metros costas Masculino

Feminino S1 a S5

100 metros costas Masculino

Feminino S1 e S2 - S6 a S14

50 metros peito Masculino

Feminino SB1 a SB3

100 metros peito Masculino

Feminino SB4 a SB14

50 metros borboleta Masculino

Feminino S2 a S7

100 metros borboleta Masculino

Feminino S8 a S14

150 metros medley individual

Masculino

Feminino SM1 a SM4 (sem nado borboleta) 200 metros medley individual Masculino Feminino SM5 a SM14 4x50 metros livre 20 pontos Masculino Feminino Misto S1 a S10 4x50 metros medley 20 pontos Masculino Feminino Misto S1 a S10 / SB1 a SB9 4x100 metros livre 34 pontos Masculino Feminino S1 a S10 4x100 metros medley 34 pontos Masculino Feminino S1 a S10 / SB1 a SB9 4x100 metros livre 49 pontos Masculino Feminino Misto S11 a S13 4x100 metros medley 49 pontos Masculino Feminino Misto S11 a S13/ SB11 a SB13

4x100 metros livre S14 Masculino

Referências

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