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Academic year: 2021

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TÍTULO: ALIMENTAÇÃO DA POPULAÇÃO NEGRA E INDIGENA EM LONDRINA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CULTURA ALIMENTAR LONDRINENSE

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:

SUBÁREA: HISTÓRIA SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): DANIELA SFEIR AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): LEANDRO HENRIQUE MAGALHÃES ORIENTADOR(ES):

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ALIMENTAÇÃO DA POPULAÇÃO NEGRA E INDIGENA EM LONDRINA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CULTURA ALIMENTAR LONDRINENSE

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar dados históricos para a construção de um diagnóstico das influências da população negra e indígena na cidade de Londrina (PR), principalmente as influencias voltadas para alimentação e seus reflexos na sociedade atual. Com isso, buscam-se estreitar a relação entre a gastronomia e o Patrimônio Cultural Imaterial, a fim de descobrir como se deu a formação da tradição alimentar na região a partir dos processos migratórios da população negra e as tribos indígenas presentes na região.

Palavras chave: Gastronomia, Londrina, Migração, Indígenas, Negros, Cultura, Alimentação, Memória.

1. Introdução:

A preocupação com a memória e o Patrimônio Cultural vem ganhando espaço entre os profissionais da Gastronomia, exigindo diálogo constante com estudiosos de áreas como história, artes, pedagogia, arquitetura e urbanismo, antropologia, sociologia e turismo. Nesta perspectiva, vem adquirindo importância o chamado Patrimônio Cultural Imaterial, marcado por manifestações, saberes, formas de expressão, celebrações e lugares.

É neste sentido que o projeto “Gastronomia e Patrimônio Cultura Londrinense” vem sendo desenvolvido, visando o reconhecimento de referências de memória gastronômica de migrantes e nativos no processo colonizador da cidade de Londrina - PR, (século XX). A proposta básica é estruturar um campo discursivo acerca dos pressupostos culturais que nortearam a formação histórica e social da cidade de Londrina - PR, no quesito das referências gastronômicas armazenadas no campo da memória de migrantes, nativos e seus descendentes.

2. Objetivos

Geral: Aprofundar os vínculos entre a Gastronomia e o Patrimônio Imaterial, além de identificar os ingredientes e práticas gastronômicas londrinenses, com

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referenciais em nativos, migrantes e descendentes, que podem ser integrados na categoria de Bem Cultural.

Específicos: Investigar temas do patrimônio cultural em geral e a composição étnica londrinense, desde o primeiro contato com o homem branco, até a chegada dos migrantes do nordeste e minas gerais desvelando contribuições específicas para a formação histórico/cultural da cidade de Londrina/PR; Realizar estudos teóricos sobre o conceito de Patrimônio Cultural em geral, e sobre Patrimônio Imaterial em particular, e seu vínculo com a Gastronomia; Propor cursos práticos visando à elaboração dos pratos, bem como a compilação das receitas em livro.

3. Metodologia

A pesquisa esta respaldada em material histórico do NEAB (Núcleo de estudos afro-brasileiros) da Universidade Estadual de Londrina, Biblioteca Setorial (CCH- Centro de Ciências Humanas/UEL), Biblioteca Municipal de Londrina, Museu Histórico Padre Carlos Weiss, CDPH (Centro de Documentação e Pesquisa Histórica) e entrevistas.

A metodologia utilizada alia análise teórica e conceitual à pesquisa de campo em arquivos da cidade. Neste sentido, uma das etapas mais importantes do projeto é o estudo teórico, visando aproximar a gastronomia do Patrimônio Cultural Imaterial. Também no que se refere ao aspecto teórico, o grupo tem se debruçado em pesquisas de campo em torno da história local, com o intuito de reflexão sobre práticas culinárias e pratos que se firmaram, ao longo das décadas, como pilares da memória gastronômica da sociedade londrinense.

A partir da definição dos grupos a serem estudados, iniciou-se nova fase de pesquisa em documentos nos arquivos já apontados, além da análise de entrevistas com migrantes e seus descendentes, arquivadas nestes órgãos. Estes documentos possibilitam múltiplos olhares sobre as práticas gastronômicas, geralmente agregadas às práticas sociais, possibilitando que se identifiquem os hábitos alimentares, dificuldades encontradas, adaptações necessárias para a sobrevivência em uma região recém colonizada, e as permanências.

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Negros

Observa-se na historia oficial de Londrina que o negro não aparece como agente ativo, mesmo que seja comprovada sua participação na economia local desde os tempos de colonização do municipío, principalmente como mão de obra na agricultura.

O regime escravista no Brasil foi um importante mecanismo de distribuição geográfica dos negros, escravizados ou livres, visto que no fim do século XIX, este grupo concentrou-se nos setores econômicos mais atrasados e em regiões com menor dinamismo industrial. (HASENBALG:1979, p. 123, 152-154)

Na teoria sociológica e econômica de Paul Singer (1998, p. 36,40), as migrações internas são decorrentes de fatores históricos e de mudanças estruturais e espaciais da economia. Para o autor, as desigualdades regionais são as principais propulsoras das migrações internas e estão altamente relacionadas aos processos de produções capitalistas.

As populações negras concentrada em regiões que não oferecem oportunidades econômicas vivenciam uma degeneração do nível de vida e esta situação estimula o surgimento de um estado favorável à expulsão de grandes contingentes demográficos, como ocorreu principalmente no Nordeste brasileiro e no estado de Minas gerais, na década de 1950.(PANTA, M p.43)

Como mostra o perfil de Londrina, desde 1950, emergiu no cenário nacional como importante cidade brasileira. Nessa época, o município expandiu-se consideravelmente em decorrência da produção cafeeira, o que levou a intensificação do setor primário da Região.

A alimentação dos negros, base de ingredientes regionais, como abobora, peixe, coco, que advinham do nordeste e Minas Gerais, trouxe para Londrina diversidade gastronômica, uma vez que os negros vinham e adaptavam sua cozinha a esse novo ambiente sem tirar o perfil de tradição, como o escondidinho de carne de sol que foi substituído pela carne moída.

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Os Kaingang formam um numeroso grupo indígena do Brasil. Ocupam estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do sul. Representando aproximadamente 25.000 índios kaingang em toda a região sul.

São habitantes das terras da região de Londrina muito antes da chegada do homem branco nesta região, tendo seu primeiro contato com os brancos em 1770 a 1930. A partir daí, tiveram suas terras exploradas e estabelecendo sempre uma relação de desigualdade entre homem branco e indígena. Perdeu sua autonomia quanto grupo, privados de seus saberes, costumes e de seu amplo território de pesca e caça.

A cultura desse povo remete tradições antigas e rituais religiosos, à uma diversificada fonte de alimentação que se baseiam na flora e na fauna. Dentre esses fatores podemos citar com destaque o Kiki, bebida fermentada (produzida de milho, água e mel), bebida que era usada no ritual de culto aos mortos, importante ritual para os Kaingang.

Dionísio, morador da reserva, em entrevista, relatou sobre e como fazer o processo para a produção de suas alimentações tradicionais. O contato com o mundo globalizado fez com que muitas das receitas deixem de ser usada em dias atuais.

O alimento do Kaingang pode-se considerar variado; está representado pelos três reinos naturais. Entre os alimentos animais registramos a carne de diversos tipos, obtido pela caça, pela pesca ou pela colheita (larvas e insetos), e o mel de abelha silvestre; entre os vegetais temos grande variedade de frutos e raízes silvestres resultantes da colheita, e também os produtos provenientes do plantio incipiente de mandioca, da abóbora, do milho, etc. Completam sua dieta as bebidas fermentadas [...](BECKER, 1995, p. 201).

Ainda sobre a questão da alimentação dos Kaingangs, “A dieta vegetal é enriquecida pelo milho verde que apreciam muito pela abóbora, batata doce, amendoim, que comiam assado ao borralho [...]”(BECKER, 1995, p.202).

Milho e pinhão, primordiais na alimentação tradicional da tribo, em sua forma mais tradicional. Quando a escassez de alimento vinha, estoques farinha de milho e

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pinhão eram suas fontes primordiais de alimento. “[...] para os Kaingang do Paraná o milho era tão importante (...) como o trigo para os europeus [...] O pinhão, apontado por quase todos os autores como alimento básico kaingang”. (BECKER, 1995, p. 178).

5. Resultados sobre alimentação dos negros e kaingang

Junto com a população negra ingredientes como feijão-fradinho, coco, carne de sol, abóbora, cachaça, contribuem para a culinária londrinense. Mesmo com a dificuldade de encontrar produtos de origem mineira e nordestina, os negros migrantes se adaptaram muito bem aos ingredientes regionais do Paraná e substituíram em suas receitas

Já os indios kaingangs não precisaram se adaptar aos ingredientes regionais, sempre teve o contato com os mesmo. A adaptação caminhou em sentido contrario, pois o contato do nativo kaingang com o homem branco fez com que a alimentação do nativo fosse alterada. Hoje, os indios kaingang londrinenses consomem mais produtos industriais do que os antigamente produzidos pela tribo, através da agricultura, caça e pesca.

6. Considerações finais

As manifestações culturais e artísticas, além do caráter estético e da articulação das diversas formas de expressão, contribuem para a concepção e o registro de uma determinada identidade social, étnica e, principalmente, cultural. A gastronomia, apesar do seu desenvolvimento recente no Brasil, também entra e ganha destaque no viés dessas manifestações, ajudando a expressar, através dos preparos culinários, uma realidade que traduz um específico grupo de pessoas. Compreender os indícios de como se desenvolveu o paladar do londrinense, ou, como se deu a construção dos seus gostos e preferências é, portanto, o primeiro passo para se pensar a evolução da gastronomia através da racionalização do fazer culinário.

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CRESTANI, Samuel. MEMÓRIA ALIMENTAR KAINGANG: ASPECTOS NA RESERVA INDÍGENA DE MANGUEIRINHA

BECKER, Ítala irene Basile. O ÍNDIO KAINGANG NO RIO GRANDE DO SUL. São Leopoldo: Unisinos, 1995.

SOUZA, Juberty Antonio; OLIVEIRA, Marlene de; KOHATSU, Marilda. O USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NAS SOCIEDADES INDÍGENAS: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE OS KAINGÁNG DA BACIA DO RIO TIBAGI, PARANÁ

TOMMASINO, Kimiye. OS KAINGANG E OS GUARANI NO PARANÁ: INIMIGOS MÍTICOS NO PASSADO, ALIADOS POLÍTICOS NO PRESENTE

D’ANGELIS, Wilmar; VEIGA, Juracilda. ALIMENTAÇÃO DOS KAINGANG, ONTEM E HOJE

SOUTO, Marcelo. OS ÍNDIOS KAINGÁNG

PREFEITURA DE LONDRINA- PROGRAMA DE ATENDIMENTO AOS KAINGANGS NILZA DA SILVA, Maria. ALGUNS ASPECTOS DA TRAJETORIA DOS NEGROS NA REGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA

PANTA, Mariana. SEGREGAÇÃO GEOGRÁFICA, DESIGUALDADES RACIAIS E MIGRAÇOES: Londrina como destino de fluxos migratórios mineiros e nordestinos (1940-1980)

TREVISAN, Edilberto.VISITANTES ESTRANGEIROS NO PARANÁ. 2002 (P. 177; 209)

Referências

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