Universidade Federal do ABC
Gabriela Lamego de Camargo 11060314 Marjorie Ishimi Camargo 11109414
Victória de Olim Paiva 11030514 Vitória Luisa de S. S. DOswaldo 21023015
Economia do Petróleo e do Gás Natural
Análise de Riscos na Indústria de Petróleo e Gás Natural
Santo André 2018
1. Introdução
O primeiro poço de petróleo foi descoberto nos Estados Unidos, na Pensilvânia, em 1859. A partir disso a indústria do petróleo expandiu por todo o mundo provocando guerras e, ao mesmo tempo, desenvolvimento de novas tecnologias. E desde então, vem sendo utilizado em inúmeras funções, dentre elas: gerar gasolina, parafina, GLP, produtos asfálticos, querosene etc. Sobre o surgimento do petróleo existem muitas teorias, porém, a mais aceita é que ele surgiu através de restos orgânicos de animais e vegetais depositados no fundo de lagos e mares sofrendo transformações químicas ao longo de milhares de anos. 1
Os riscos na Indústria de Petróleo e Gás Natural são inúmeros, tanto do ponto de vista técnico quanto financeiro: de cinco poços, apenas um produz óleo comercializável. Enquanto isso, as áreas de exploração e produção estão espalhadas por todo o mundo, e sua utilização causa impactos socioambientais.2
De maneira geral o petróleo é muito presente em nossas vidas e as previsões para perda de mercado deste material ainda são baixas. Durante muitas décadas, o petróleo foi o grande propulsor da economia internacional, chegando a representar, no início dos anos 70, quase 50% do consumo mundial de energia primária. Além de predominante no setor de transportes, o petróleo ainda é o principal responsável pela geração de energia elétrica em diversos países do mundo.3
2. Objetivo geral
Analisar os riscos de acidentes que a produção de petróleo expõe as empresas exploradoras, se tratando da administração de risco a respeito dos impactos ambientais e humanos. A diferença básica entre risco e incerteza é a mensurabilidade da distribuição de probabilidades. Enquanto o risco é a probabilidade de qualquer evento levar a uma perda mensurável, a incerteza é a possibilidade de ocorrência de qualquer evento que não pode ser quantificado em termos probabilísticos (Keynes, 1921, Knigth, 1921, Hardy, 1923).
3. Objetivos específicos
Discutir o risco relacionado à : a. política e a economia;
b. acidentes em plataformas de petróleo, considerando vertentes ambientais e humanas;
- punições que as empresas levam por acidentes ambientais; - analisar as possíveis causas dos acidentes e como evitá-los;
4. Discussão
4.1 O risco político e econômico na indústria de petróleo e gás
No âmbito econômico e político nos deparamos com diversos cenários e variáveis onde podemos encontrar elevados índices de risco. Alguns deles são o risco de mercado, o risco financeiro, o risco comercial e o risco transacional, que serão melhor abordados abaixo.
O risco de mercado é aquele que surge devido às potenciais variações do valor de ativos, passivos, bens ou serviço que um agente (pessoa física, empresas etc) detém ou possui o direito de tomador ou doador no futuro, onde cabe o risco de crédito já que há a possibilidade de o mutuário não cumprir sua obrigação.
Já o risco financeiro não está ligado apenas à flutuação de valores de ativos, passivos etc, mas também relacionado à variação de uma moeda doméstica nesses valores (sempre que tal variação tenha sido repentina nos mercados financeiros internacionais).
O risco comercial, por sua vez, aborda o risco de não pagamento de obrigação em moeda local por parte do comprador ou do mutuário, devido à diversos fatores. E, por fim, o risco transacional advém de externalidades como conflitos com parceiros
locais, vazamento de conhecimento crítico, falta de expertise e experiência da força de trabalho local, e problemas infraestruturais existentes no país hospedeiro (Luo, 2009).
Em relação ao risco político não é tão simples apresentar uma definição, pois diversos autores discutem o assunto e o tratam perante às mais diversas definições. Porém, fazendo uma síntese das definições dos maiores autores do assunto, podemos destacar alguns pontos interessantes: (1) trata-se da possibilidade de ocorrência de determinados eventos; (2) os eventos possíveis devem afetar atividades comerciais e empresariais de caráter internacional (3) os eventos devem resultar em mudanças nas expectativas dos investidores, afetando negativamente sua receita, seu capital, suas propriedades ou suas operações; (4) os eventos devem ser provocados por decisões governamentais ou por ações sociais (legais 20 ou extra-legais) com o intuito de influenciar a opinião pública ou às autoridades estatais. Nesse sentido, o risco político pode ser definido como a probabilidade de a ação política produzir mudanças negativas nos resultados econômicos esperados por exportadores e investidores diretos; ou o grau de exposição financeira/econômica/operacional de não-residentes às incertezas causadas por ações política ou socialmente motivadas (Luiz, 2014).
4.2 Acidentes em plataformas
Plataformas e refinarias de petróleo estão presentes ao redor de todo o mundo, mas só no Brasil já enfrentamos diversos acidentes, que repercutiram em diversas mídias.
Em 2001, houve duas explosões na plataforma P-36, que culminaram com a morte de 11 petroleiros e o afundamento, cinco dias depois, da maior plataforma submersível do mundo, conforme imagem abaixo.
Fonte: Portal R7 Notícias
Em 1972 a Refinaria Reduc, de Duque de Caxias (RJ), foi danificada por um vazamento e incêndio em válvula de esfera de GLP, com explosão e lançamento de fragmentos. O incidente causou 38 mortes.
Fonte: Portal R7 Notícias
Ao contrário do que se pensa, os desastres não são registrados apenas nas plataformas onshore ou offshore: um trem de 20 vagões-cisterna (15 diesel e 5 gasolina) fretado pela Petrobras descarrilou em 1982 causando um grande derramamento de combustíveis ao longo da ferrovia da cidade de Pojuca, no Recôncavo Baiano. Houve um incêndio perto de ruas com residências, pessoas
levando latas cheias para casa, incêndio prolongado e disseminado. Mais de 50 óbitos e dezenas de lesões graves foram registrados.
Fonte: Portal R7 Notícias
Todos os acidentes acima mencionados causaram grandes prejuízos para as empresas, mas principalmente para os trabalhadores, a sociedade em volta e o meio ambiente. Porém apesar da gravidade dos acidentes que ocorreram no Brasil, nenhum foi tão desastroso quanto o que ocorreu no Golfo do México, considerado o pior vazamento de petróleo da história, onde quase 5 milhões de barris de petróleo foram derramados no mar.
A plataforma Deepwater Horizon, da petrolífera inglesa British Petroleum (BP),
explodiu e provocou a morte de sete trabalhadores, vazando o que poderia ser
Fonte: Greenpeace
4.2.1 Como são punidas as empresas de petróleo e gás por crimes
ambientais
As empresas de petróleo e gás natural respondem judicialmente por seus crimes ambientais. Uma importante lei ambiental é a Lei dos Crimes Ambientais (lei 9.605), sancionada em 1998. A lei define as responsabilidades da pessoa jurídica, permitindo também incriminar a pessoa física autora da infração. Também são considerados crimes ambientais as condutas que ignoram normas ambientais, mesmo que não haja danos ao meio ambiente, sendo passível a punições por multa e/ou detenção. As penas previstas por lei são aplicadas de acordo com a gravidade da infração, ou seja, quanto pior a conduta, mais severa a punição.
É possível citar a conduta tomada para a petrolífera inglesa British Petroleum
(BP), a multa total da empresa foi de US$ 20,8 bilhões, aplicada pelo governo federal.
O acordo foi validado apenas em 20168 e o gasto total da gigante britânica foi de US$ 61,6 bilhões.9
4.2.2 Análise de causas de acidentes
Pôde-se observar que os riscos de incêndio e explosão fazem parte do processo de produção de uma indústria de petróleo e gás e estão sempre presentes, no qual um erro operacional pode gerar um grande desastre.
Inúmeros fatores podem coexistir para que ocorra um incêndio ou uma explosão nessa indústria. Esses fatores podem estar principalmente relacionados com a armazenagem inadequada de material, manutenção inadequada, inexistência de para-raios e falta de ordem e limpeza.10
Alguns fatores que estão ligados a manutenção inadequada são as instalações elétricas precárias ou mal projetadas, as quais poderam provocar aquecimento nos fios e consequente explosões. A presença de produtos inflamáveis na indústria de petróleo e gás é inquestionável, portanto a instalação elétrica deve ter um cuidado especial, já que os níveis de energia das máquinas e equipamentos, são maiores que o necessário para iniciar um incêndio ou uma explosão.
A falta de manutenção e lubrificação dos equipamentos pode causar o superaquecimento das partes móveis por atrito, sendo uma fonte de calor para possíveis incêndios. Assim como a limpeza dos pisos, graxa e lubrificantes pelo chão são lugares onde o fogo poderá iniciar e se propagar rapidamente.
4.2.3 Como minimizar os riscos de acidentes
A produção de petróleo e gás natural envolve, basicamente, três fases, as quais possuem elevados riscos: a extração, o processamento de hidrocarbonetos na plataforma e o bombeamento de petróleo obtido para navios-tanques.
A fase de extração é a de maior risco ambiental, já que seus equipamentos não são tão perigosos, mas o petróleo que nelas circula corre o risco de vazar para o ambiente, como aconteceu no desastre do Golfo do México. Após o acidente é
extremamente difícil reverter as consequências, mesmo que a extração seja feita a uma grande profundidade, já que a vida marinha também se encontra lá.
Já na segunda fase as possibilidades de acidentes colocam um maior risco sobre a vida humana: trabalhadores e a sociedade que pode estar relativamente da plataforma de petróleo. Os acidentes nessa fase são, em sua maioria, a combustão espontânea dos hidrocarbonetos extraídos, mas há também grandes quantidades de produtos tóxicos e inflamáveis, indispensáveis no processo de extração e produção.
Na última fase o risco principal é o de grandes incêndios, já que as técnicas usadas para o bombeamento do petróleo extraído para navios-tanques permitem a formação de vapores de petróleo em quantidades que, às vezes, são suficientes para causar um desastre.
Todas as fases de produção do petróleo envolvem grandes riscos que podem causar danos irreparáveis e, para minimizar esses riscos podemos tomar, basicamente, duas ações: uma delas é o constante aprimoramento dos equipamentos utilizados nos processos, fazendo uso de tecnologias inovadores, materiais de boa qualidade e estar sempre atento aos requisitos de segurança, atendendo os limites dos equipamentos. A outra ação que pode ser tomada é treinar técnicas de circunscrever o acidente e eliminar suas consequências quando não é possível evitá-lo. Com os estudos e tecnologias que dispomos hoje é possível prever cenários de situações de emergência de forma a saber como agir quando não se é possível impedir um acidente.
Essas ações não garantem um perfeito funcionamento das plataformas de petróleo, livres de riscos de acidentes, mas podem minimizar os acontecimentos e os impactos. As pessoas e empresas envolvidas nesse tipo de negócio devem estar sempre direcionadas à buscar novas formas de prever, impedir e minimizar riscos de acidentes enquanto uma nova forma de extração ou um novo produto que substituiria o petróleo não nos é conhecido.
5. Conclusão
Os riscos na indústria de Petróleo e Gás Natural são inúmeros. No trabalho foram apresentados os riscos políticos e econômicos, além de riscos de acidentes em plataformas de petróleo, considerando vertentes ambientais e humanas. Como também foram analisadas as possíveis causas dos acidentes e como evitá-las e além disso foram discutidas as punições que as empresas levam por acidentes ambientais.
A partir do levantamento bibliográfico realizado, pode-se perceber que ocorrência de incêndios e explosões na indústria de petróleo é recorrente, assim como as suas punições, o que torna a análise de risco de tais situações importante. Portanto, a exploração de Petróleo e Gás Natural acarreta em muita responsabilidade acerca de diversos fatores por apresentar grandes riscos e impactos a sociedade.
Referência Bibliográfica 1 https://www.suapesquisa.com/geografia/petroleo/ olhar: http://blog.nei.com.br/index.php/2011/08/04/os-riscos-na-industria-de-petroleo-e-gas/ 2http://www.editionstechnip.com/en/catalogue-detail/982/oil-gas-exploration-and-production.html 3 https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos12/44316466.pdf 4http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/07-petroleo(2).pdf 5 https://www.eia.gov/totalenergy/data/monthly/pdf/sec1_4.pdf 6 https://www.eia.gov/petroleum/workshop/ngl/pdf/definitions061413.pdf 7 https://www.eia.gov/totalenergy/data/monthly/pdf/sec1_6.pdf http://www.ie.ufrj.br/images/pos-graducao/pepi/dissertacoes/tese_luiz_fernando_sann_pinto_pe pi_2014_def.pdf
8Revista Exame. “EUA e BP validam acordo por vazamento de petróleo em 2010”. Disponível em:<https://exame.abril.com.br/negocios/eua-e-bp-validam-acordo-por-vazamento-de-petroleo-e m-2010/>
9BOMEY, Nathan. “BP’s Deepwater Horizon costs total $62B”. USA TODAY”. Disponível em: <https://www.usatoday.com/story/money/2016/07/14/bp-deepwater-horizon-costs/87087056> 10 http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STP_180_028_22911.pd
