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A linguagem e as novas tecnologias da informação e comunicação no processo de ensino-aprendizagem

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ –

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO NAS CIÊNCIAS

Ângela Cristina Viera

A LINGUAGEM E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Ijuí (RS) 2016

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ÂNGELA CRISTINAVIERA

A LINGUAGEM E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Dissertação apresentada no curso de Pós-Graduação em Educação nas Ciências da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre.

Linha de Pesquisa: Teorias pedagógicas e dimensões éticas e políticas da educação. Orientador: Prof. Pós-doc. Celso José Martinazzo

Ijuí (RS)

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V658l Viera, Ângela Cristina.

A linguagem e as novas tecnologias da informação e comunicação no processo de ensino-aprendizagem / Ângela Cristina Viera. – Ijuí, 2016.

105 f. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí e Santa Rosa). Educação nas Ciências.

“Orientador: Celso José Martinazzo”.

1. Ensino-aprendizagem. 2. Linguagem. 3. Processos de mediação. 4. Professor. 5. Tecnologia. I. Martinazzo, Celso José. II. Título.

CDU: 37:004

371.32

Catalogação na Publicação

Aline Morales dos Santos Theobald CRB10/1879

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DEDICATÓRIA

...

Aos meus pais Osmar (in memoriam) e Lurdes, por me ensinarem a ter coragem, a perseverar e a nunca desistir. Pela educação, pelo carinho e pelo exemplo. A minha irmã Giséli pelas palavras de incentivo, pela amizade e companheirismo. Ao meu filho Nathan, por ser meu maior presente, minha grande alegria. Por existir e ser o meu tudo!

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AGRADECIMENTOS

Tanta coisa para dizer, tantas pessoas para agradecer que no momento faltam palavras. Agradeço imensamente àqueles que de uma ou outra forma me impulsionaram a continuar quando muitas vezes a vontade foi desistir. Agradeço, enormemente, àqueles que foram coparticipantes dos mais diferentes momentos e sentimentos que me envolveram durante estes dois anos e meio de caminhada em busca do conhecimento.

Agradeço, primeiramente, a Deus pelo dom da vida e por me permitir realizar mais este sonho que é tão meu quando daqueles que me amam.

Ao meu filho Nathan Valetim pelo seu companheirismo, paciência e sorrisos. Você é um presente em minha vida e o seu jeito de ser me fortalecia nos momentos de angústia; seu abraço e carinho me confortaram muito! Agradeço por suportar minhas ausências em diversos momentos, mesmo sem compreender muito bem tanta dedicação e empenho destinado à leitura e à escrita.

Um agradecimento especial a minha mãe Lurdes e a minha irmã Giséli, por tanto carinho, amor e compreensão. Vocês foram as primeiras a acreditar em meu potencial e no sonho de ser Mestre, não me deixaram desistir; confiaram em mim, muito mais do que eu mesma. A minha mãe agradeço por ser exemplo de dedicação e humildade. A minha irmã agradeço pelas palavras sempre carinhosas. Esta conquista e a realização deste sonho não seriam possíveis sem vocês comigo ao longo da caminhada. Muito obrigada, a vocês duas, é muito pouco, mas é a maneira singela de dizer que eu as amo! Vocês foram e vão continuar sendo minha base, o alicerce necessário para minhas buscas futuras.

A minha família, agradeço pelo carinho e por compreenderem meu sonho e minha ausência, por jamais me abandonar, mesmo quando as incógnitas, devaneios, lucidez e o nervosismo tomavam conta de mim. Vocês me ensinaram a ter coragem, a perseverar e a nunca desistir.

Agradeço também as instituições de ensino onde trabalho: Centro Tecnológico Frederico Jorge Logemann — CFJL, Faculdade Horizontina — FAHOR, Sociedade Educacional Três de Maio — SETREM e Wizard — Três de Maio. Obrigada pelo apoio em diversos momentos, principalmente quando tive que me ausentar para participar de congressos, cursos e outros, durante o Mestrado.

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Agradecimento especial a todos os professores que cooperaram e me impulsionaram na busca pelo conhecimento. Agradeço também àqueles que ministraram disciplinas durante o Curso de Mestrado e também os que de forma direta ou indireta auxiliaram para que eu pudesse crescer intelectualmente. Um agradecimento especial ao meu orientador, professor Pós-doc. Professor Celso José Martinazzo, o qual acreditou no meu tema de pesquisa e me auxiliou, incansavelmente, para que eu pudesse me constituir como pesquisadora. Sua orientação foi profissional, cuidadosa e criteriosa. Soube ser competente e, no entanto, não abrir mão da simplicidade e da humildade. Agradeço também aos sábios mestres da banca (de qualificação e defesa final) Sidinei Pithan da Silva, Paulo Rudi Schneider e Felipe Gustsack, os quais fizeram contribuições contundentes e substanciais à elaboração desta dissertação e para que meu trabalho final fosse construído nos moldes em que se encontra.

Aos meus amigos e alunos que sonharam comigo a conclusão do Mestrado e estiveram comigo para me apoiar, dar forças e incentivo, obrigada pelo carinho. A todos o meu muito obrigada.

Terminou mais uma etapa em minha trajetória acadêmica, mas não a busca pelo conhecimento!

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RESUMO

Constatamos que no mundo contemporâneo e na atual sociedade globalizada, a forma de se comunicar sofre transformações estruturais significativas, assim como percebemos transformações profundas no que tange aos recursos tecnológicos para o acesso e à produção do conhecimento. Nesse contexto, a escola e os profissionais que atuam na educação, em especial no Ensino Médio, possuem uma preocupação em como tornar o ensino mais sistemático, de qualidade, atrativo e que contemple as necessidades e características dos educandos e da sociedade como um todo. Em um mundo de aceleradas mudanças o currículo escolar também necessita, constantemente, de aprimoramentos. Sabemos que dentre as inúmeras possibilidades e alternativas que temos para nos manter informados e lidar com a questão do conhecimento surgem as Novas Tecnologias da Comunicação e Informação (NTICs), as quais podem ser agregadas em sala de aula como ferramentas auxiliares no processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, este trabalho tem por objetivo refletir sobre a importância das linguagens e das ferramentas tecnológicas tentando compreender como podemos efetivar o conhecimento, aprimorando o que temos e sabemos tanto em teorias quanto em métodos, práticas e possibilidades; tanto pautadas na utilização de recursos ou ferramentas que auxiliem o trabalho do professor, quanto em métodos que possam facilitar a aprendizagem. Assim, se mediadas pelo professor de forma clara e significativa, mediante objetivos definidos, as NTICs podem contribuir para um ensino-aprendizagem mais interativo e facilitar as relações complexas que se estabelecem na sociedade da informação. Com base em pesquisa bibliográfica abordamos o tema A linguagem e as Novas Tecnologias da

Informação e Comunicação no processo de ensino-aprendizagem, compreendendo que

devemos reorganizar nossa maneira de pensar levando em conta as novas experiências que se configuram atualmente, pois somente assim colheremos bons resultados a partir dos desafios que nos são postos. Considerando os resultados obtidos a partir do referencial teórico, percebemos que no Ensino Médio, as NTICs podem ser agregadas em sala de aula com vista à construção e renovação do conhecimento, tanto pedagógico quanto social. Igualmente, oportunizam aprendizagens dinâmicas, interativa e de qualidade tendo, nesse processo, o professor como intercessor e motivador da aprendizagem e conhecimento.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Linguagem. Processos de Mediação. Professor. Tecnologia.

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ABSTRACT

Realizing that in the contemporary world and the current globalized society, the way of communication undergoes significant structural changes as we see profound changes in relation the technological recourse to access and production of knowledge. In this context the school and the professionals that perform in the education system, especially at high school, have a concern about making the teaching more systematic, of quality, attractive and including the needs and characteristics of students and society as a whole. In a world of accelerated change, the school curriculum also needs improvements constantly. We know among many possibilities and alternatives that we have to keep us informed and deal with the question of knowledge emerge the New Technologies of Communication and Information (NTCI), which can be aggregated into the classroom as an important tool in the teaching-learning process. Thus, this study aims to reflect on the importance of languages and technological tools trying to understand how we can implement the knowledge, improving what we have and know as in theory as in methods, practices and possibilities, both guided by the use of resources and tools that help the teacher's work, as in methods that facilitate learning. Therefore, if mediated by the teacher in a clear and meaningful way, through defined objectives, NTCI can contribute to a more interactive teaching-learning and facilitate the complex relationships that are established in the information society. Based on bibliographic research approached the subject The language and the New Information and Communication

Technologies in the teaching-learning process, understanding that we must reorganize our

way of thinking taking into account the new experiences that are currently configured, only thus will reap good results from the challenges imposed on us. Considering the results obtained from the theoretical framework, we realize that in high school, NTCI can be aggregated into the classroom for the construction and renewal of knowledge, both pedagogical as social. Also provides opportunities dynamic learning, interactive and quality having, in the process, the teacher as intercessor and encourager of learning and knowledge. Key-words: Teaching-learning. Language. Mediation Process. Teacher. Technology.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...11

1 DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA EDUCAÇÃO NA ERA DA COMPLEXIDADE...23

1.1 O surgir da modernidade...24

1.2 Otimismo na razão científica...26

1.3 O século XX: Era dos extremos...26

1.4 Desconfianças na razão científica...27

1.5 Definindo o pensamento complexo...28

1.6 Era da complexidade: Oportunidades e desafios...32

1.6.1 A era da complexidade na Física...32

1.6.2 A era da complexidade na Sociedade da Informação ...33

1.6.3 A era da complexidade na Pedagogia...36

1.7 Por uma Pedagogia complexa ...38

2 APRENDIZAGEM, CONHECIMENTO E ESCOLA...45

2.1 As linguagens e as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)...59

2.2 Da linguagem oral às tecnologias virtuais: uma trajetória de construção do conhecimento ao longo dos tempos...67

2.3 Linguagem, tecnologia, informação e aprendizagem: um constante desafio...74

2.4 O papel da escola e do ensino na sociedade do conhecimento...78

3. CURRÍCULO, LINGUAGEM E TECNOLOGIA: DA NECESSIDADE À REALIDADE...84

3.1 O ensino e a aprendizagem em contextos tecnológicos e o papel do professor como mediador do conhecimento: repensando teorias...89

UM NOVO PENSAR... UM NOVO OLHAR... (IN) CONCLUSÕES...96

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INTRODUÇÃO

A cantora Leci Brandão já dizia em sua música Anjos da guarda que é “na sala de aula que se forma um cidadão, é na sala de aula que se muda uma nação” e “tudo é educação”. A frase inicial nos apresenta a complexidade que envolve a educação escolar, segundo os valores sociais que atribuem à educação a ideia de mudança, sendo que os professores não estão imunes e isentos aos acontecimentos que ocorrem fora da sala de aula. Os versos nos conduzem a uma reflexão interessante no que diz respeito ao ensino em sala de aula, sem o qual não tem como haver mudança na sociedade, nem mesmo conhecimento. Na escola a sala de aula é o ambiente de desenvolvimento de aprendizagens significativas, onde os estudantes, por meio da educação escolar são capazes de atuar e modificar a sociedade da qual fazem parte.

Podemos partir da premissa de que “tudo é educação”, no entanto precisamos levar em conta que a educação escolar é diferente da educação que se dá em outros setores da sociedade. Isso ocorre porque a educação escolar tem por objetivo difundir uma cultura específica, a qual contribuirá para a transformação social e processos de humanização. Faz-se importante considerar que a educação escolar é necessária à vida de todos e não tem como estabelecer mudanças levando em consideração apenas as instituições de ensino, mas todos os envolvidos nesse processo educacional, bem como a realidade social e as mudanças que perpassam a escola. Desta forma e partindo deste pressuposto é importante levar em consideração que escola, professor e aluno possuem compromisso de serem atuantes e partícipes do processo educacional, pois são eles que fazem parte e contribuem (ou não) para a ascensão da sociedade mediante suas ideias, reflexões, críticas, sabedoria, informação, conhecimento e comunicação, visto que “tudo é educação”. Simples! Será?

Vivemos numa época de conflitos, dúvidas e incertezas, o que nos faz refletir e repensar acerca de alguns condicionantes, métodos e processos de instauração dos paradigmas herdados. Num contexto onde predomina o pensamento linear e formas homogeneizadas de educação, pensar de forma complexa torna-se um desafio para a constituição dos homens na sociedade atual.

A escola sempre teve uma grande responsabilidade no que tange ao debate de ideias, teorias, conceitos, sendo esta associada à ideia de sabedoria, poder e conhecimento, por isso às instituições escolares se atribui grande parte deste encargo. Doravante, questões não apenas

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de cunho escolar devem ser pensadas, visto que as mudanças no setor da educação necessitam levar em conta as necessidades que surgem a partir das relações sociais as quais levam em consideração o contexto e os paradigmas e mudanças estabelecidas ao longo dos séculos. Portanto, analisar o que precisa ser feito e quais as mudanças que precisam ser consideradas é analisar a questão relacional entre escola e sociedade, seus membros, e, principalmente como as mudanças e o contexto social alteram o modo de pensar e a cultura dos indivíduos, o que implica mudanças no setor escolar levando em consideração a globalização e a tecnologia.

Viver em sociedade já é por si só algo complexo e, consequentemente educar também se tornou uma tarefa complexa visto que a sociedade modificou-se consideravelmente nos últimos anos em diferentes contextos exigindo de seus partícipes mais competência e uma postura desafiadora. Em sala de aula e com as novas propostas curriculares o professor desafia-se e é desafiado diariamente a buscar alternativas para consolidar a informação transformando-a em conhecimento, visto que estamos numa sociedade que se denomina como tal. Assim, o profissional da educação precisa buscar outras alternativas que tenham a aprendizagem como foco principal, mas que, contemplem também preparar os alunos para conviverem com os desafios constantes existentes; instaurando a reflexão para que possam desenvolver-se frente aos desafios em ser cidadãos capazes de relacionar teoria e prática e possam prosperar, compreendendo o sentido do aprender para além da sala de aula.

Nessa perspectiva um auxílio que vem ao encontro desta premissa são os documentos governamentais que procuram nortear e assessorar o trabalho dos professores. Entre esses documentos podemos ressaltar o surgimento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do Ensino Médio (2000), a proposta do Ensino Médio Inovador (2009), assim como as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (2013), todos eles desenvolvidos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). Os mesmos creem na relação educação, linguagem e tecnologia como forma de desenvolver processos cognitivos significantes de ensino e aprendizagem. Além de confiar nesta tríade para o desenvolvimento dos educandos os programas acreditam na importância de se construírem relações sociais que vão além da aplicabilidade de conteúdos em sala de aula, as quais devam ser mediadas pelas novas tecnologias existentes em consonância com as diferentes manifestações de linguagens veiculadas socialmente. Assim, o ensino irá além de conteúdos e cumprirá de forma interativa, cognitiva, significativa e abrangente o que a sociedade como um todo espera dos seus componentes.

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Apresentamos para reflexão e conhecimento ao longo deste texto esses temas e programas, pois os mesmos relacionam-se intimamente com o assunto em questão. Ao nos referirmos à educação, acreditamos que a mesma pode sim transformar a humanidade e o seu modo de pensar. Acreditamos que ela ocorre através de processos comunicativos, básicos ou estruturados, mediante a utilização de diferentes linguagens (oral, escrita e digital), abrangendo as relações sociais, mas buscando orientar os sujeitos para a obtenção e construção do conhecimento. A educação escolar, em especial, enfocada no decorrer do texto, constitui um ato intencional e ocorre com a intenção de valorizar o homem como coautor, potencializando-o na construção da sociedade.

Trazemos a ideia de linguagem, pois acreditamos que ela remete a nossos ideais, pensamentos, ideias, sentimentos e opiniões e é o centro das relações interpessoais. A mesma está ligada à comunicação a qual deve ser pensada como um elemento integrador do saber e das diferentes áreas do conhecimento e não apenas como um sistema dotados de símbolos ou signos linguísticos. Acreditamos que é mediante a interação, manifestação do pensamento e opiniões diversas que a nossa construção pessoal processa-se, pois pensamos e ascendemos como sujeitos mediante a utilização da linguagem. A interação de ideias, mediadas pela linguagem, produz novos conhecimentos e exige dos seus usuários capacidades distintas as quais levam em consideração o contexto e os objetivos do processo comunicativo para persuadir, transformar, criar e ampliar as possibilidades de relação entre o indivíduo e a sociedade.

Ao escrevermos sobre as tecnologias confiamos que as mesmas podem ser encaradas como outros suportes que articulam a linguagem oral e escrita, transformando-as sem dispensá-las, além de promover aprendizagem e reestruturar a forma de pensar em educação e ensino. Atualmente, a tecnologia apresenta para a escola um desafio, pois além de proporcionar uma visão não linear em que a informação realiza-se, a mesma articula e apresenta uma nova linguagem (digital) a qual não desmerece a linguagem oral e escrita, sendo estas complementares com a digital. Por isso assegura que seus usuários e profissionais envolvidos ampliem os seus processos comunicativos, pois oportuniza o desenvolvimento cultural dos envolvidos.

Ao descrevermos a educação escolar, precisamos pensar que educação, comunicação, linguagens e tecnologia relacionam-se entre si, complementam-se e tornam-se inseparáveis por fundamentar a existência humana e os processos complexos da sociedade atual, além de levarem-nos a ponderar estes como cenários em que a aprendizagem se funda. É a partir da

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linguagem que materializamos e levamos nosso pensar a assumir uma tessitura através de palavras abarcando nossas informações e conhecimentos mediante processos subjetivos. Estes, portanto, vão além da sala de aula e da apropriação de conteúdos e fazem parte do contexto da modernidade e por isso precisam ser considerados, analisados, debatidos e refletidos. É necessário, principalmente, pensar diferente, criando estratégias de aprendizagem que auxiliem o educando em constituir-se como ser individual e social mediante processos de ensino e aprendizagem em que a cognição e a complexidade sejam levadas em consideração.

Destarte, acreditamos que pensar na complexidade que envolve a educação contemporânea, não é tarefa fácil. Isso porque o tempo atual prefigura-se a partir das mudanças que permeiam a sociedade. Estas mudanças abrangem a Pedagogia, a qual precisa pautar-se em procedimentos mais amplos que deem conta das práticas complexas que nos configuram. Assim, tentamos compreender este universo complexo tanto no nível pedagógico, quanto das informações, visto que no contexto hodierno há a inserção de Tecnologias Virtuais e Digitais (TVDs) e Novas Tecnologias da Comunicação e Informação (NTCIs). As mesmas podem facilitar processos de construção do conhecimento e desenvolvimento cognitivo, na constituição dos sujeitos e da sociedade.

O fato é que a profissão docente nos constitui na expectativa de levar em conta as novas tendências, sobretudo a tecnologia a qual passa a ser uma forma de levar a informação mediante técnicas, instrumentos, metodologias e concepções educativas nas quais estamos inseridos. Paradigmas que foram constituindo-se ao longo dos tempos e passam a integrar o ambiente escolar. Por isso, primeiramente, ousamos definir alguns temas que desencadearam o surgimento da modernidade e complexidade.

O objetivo geral da escrita deste texto é refletir sobre a importância das linguagens e das ferramentas tecnológicas tentando compreender também como podemos efetivar o conhecimento, aprimorando o que temos e sabemos tanto em teorias quanto em métodos, práticas e possibilidades; tanto pautadas na utilização de recursos ou ferramentas que auxiliem o trabalho do professor, quanto em métodos que possam facilitar a aprendizagem. Dessa forma, buscaremos fundamentar teoricamente o texto a partir de diversos autores que possuem uma relação intrínseca com o tema abordado deste texto.

Além disso, buscamos refletir como a escola e profissionais envolvidos com a educação podem desenvolver práticas que levem em consideração a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo, primando pelas teorias já existentes e levando em consideração os objetivos da sociedade da informação e da complexidade que nos envolve. Vê-se, então, a

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necessidade em como tornar o ensino mais sistemático, de qualidade, atrativo e que contemple as necessidades atuais visto que, se a sociedade mudou o currículo escolar também necessita, constantemente, de aprimoramentos. Estas se tornam algumas das preocupações, especialmente dos profissionais que trabalham na Educação Básica, especificamente no Ensino Médio, período escolar em que também se pensa não somente em repassar conhecimentos, como também preparar os estudantes para o exercício profissional e para a vida em sociedade.

Por isso, ao longo desse texto enfocaremos a educação, o ensino, a aprendizagem, as NTICs e a questão relacional envolvendo educador e educando do/no Ensino Médio. Consideramos este período da educação escolar o que mais suscita dúvidas e gera questionamentos, pois os profissionais envolvidos acreditam que o ensino neste período escolar a partir de técnicas e métodos deva desenvolver cognitivamente o estudante, mas também preparar para o trabalho e incentivar na escolha profissional. Para melhorar o cenário da educação os programas governamentais apostam na importância do trabalho transdisciplinar levando em consideração a tecnologia, a ciência, a cultura e o trabalho, fatores que estimulam e potencializam o crescimento pessoal e social dos jovens que estão nesta faixa etária.

Os educandos que fazem parte desta faixa etária são denominados de nativos digitas. O fato se deve porque a geração atual denominada de Geração Y já nasceu conectada no mundo digital e possui familiaridade em lidar com computadores, smartphones, internet e outros aparelhos que envolvem a tecnologia. Além da facilidade que os nativos digitais têm em lidar com aparelhos e tecnologias avançadas, os mesmos também processam as informações de maneira diferente, com mais agilidade, estando aptos a fazer diversas coisas ao mesmo tempo, além de aprenderem em rede. Sabemos que gerações diferentes aprendem de forma diferente, sendo assim, vemos o desafio, mas também a oportunidade que temos em lidar com estes jovens estudantes do Ensino Médio.

Para tanto, partimos da hipótese de que é necessário que façamos uma releitura das nossas práticas educacionais e possamos pensar no educando como cidadão, o qual não fica atrelado apenas às paredes da escola, por isso a importância de relacionar teoria e prática, métodos e estratégias no ambiente escolar que contemplem a geração dos nativos digitais. Acreditamos que num contexto onde predomina o pensamento linear e formas homogeneizadas de educação, pensar de forma complexa torna-se um desafio para a constituição dos indivíduos. Sendo assim, pela mediação do professor é possível promover

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atividades que promovam a reflexão, para ajudar o aluno a compreender os desafios e as oportunidades que são postos em relação à sociedade da informação.

Sabemos que a vida social dos discentes e experiências como seres individuais e coletivos precisam ser levadas em consideração e relacionadas com as diferentes formas de comunicação existentes atualmente, sem desvincular a teoria, a aptidão e criticidade do professor para isso. Até porque a sociedade não separa aluno de cidadão: os dois se complementam e tudo que se vive e se ensina contribui para a nossa constituição como indivíduo.

Assim, faz-se necessário que o profissional da educação, propague conhecimento ou informação através da reconstrução da cultura. Por outro lado, a educação escolar precisa levar em conta a importância da interação entre os discentes, além de instigá-los mediante processos desafiadores para aquisição do conhecimento, pois a função da escola é mais do que educar; ela liberta, desenvolve e promove a emancipação de indivíduos e sujeitos que são cidadãos. O professor necessita utilizar um saber específico que constantemente precisa ser renovado e repensado quer seja através de suas práticas pedagógicas, ou mediante conversa com os colegas de profissão e área ou em cursos de aperfeiçoamento.

Partindo desse pressuposto, pensamos que o profissional da educação terá como tarefa mediar o conhecimento e cultivar saberes distintos, referindo-se às práticas sociais do contexto do qual fazem parte seus educandos, colocando-os como alguém que participa de uma sociedade e que a observa, a avalia, informa-se e constrói seu conhecimento a partir dos elementos que buscam e os envolvam socialmente. Logo, o seu objetivo é justamente incorporar à escola e ao Nível Médio do Ensino o que já existe, explorando o universo da comunicação e interação com o cotidiano para tornar o conhecimento real, significativo e efetivo. Nessa conjuntura é o profissional da educação que deverá relacionar os conhecimentos existentes com base em métodos e recursos que contemplem a nova maneira de se comunicar através das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e da construção do mundo no qual estamos inseridos. Essa nova maneira de se relacionar a qual tem a linguagem (oral, escrita e digital) como manifestação da vida humana, certamente contribuirá para o crescimento de novas relações no processo de cognição, pois contempla e reconfigura um novo espaço e tempo na atualidade.

Na condição de professor temos compromisso com os propósitos da educação escolar. Para isso buscamos fundamentação teórica e métodos que possam melhorar nossas práticas relacionadas com a educação ano após ano. Diante das inúmeras possibilidades que temos de

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adquirir informação e conhecimento, surgem as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTICs), as quais podem ser agregadas em sala de aula como ferramentas auxiliares no currículo escolar, sobretudo, no processo de ensino-aprendizagem por contribuir com a educação e se tornar parte integrante desta ação na tarefa diária de ensinar. Visto que, se mediadas pelo professor, as tecnologias podem estimular e desenvolver a autonomia dos educandos fazendo com que os mesmos se tornem capazes de perceber o quão importante é o seu papel como indivíduos na sociedade do conhecimento e no mundo globalizado.

Com a chegada do século XXI, a sociedade da informação ganha cada vez mais usuários, principalmente com o intuito de disseminar mais rapidamente as informações e encurtar distâncias, visto que se configura um outro modelo no que tange receber e transmitir mensagens e ideias. Com o surgimento do ciberespaço as informações circulam de maneira mais instantânea, até porque a internet facilita a divulgação de ideias e informações. Assim, começa a surgir uma outra percepção espacial, na qual o tempo relaciona-se indissociavelmente com a questão de espaço. Dessa forma, não tem como não perceber a complexidade e o desafio cada vez maior que é ser profissional da educação. Há uma preocupação crescente nos últimos anos em aproximar todos estes objetivos de forma interligada, inteligente e conectada aos processos educativos.

Assim, as TICs ganham um espaço cada vez maior na vida dos indivíduos e muitas vezes concorrem em sala de aula com a atenção do professor. As mesmas além de fazerem parte da vida pessoal de cada um também encontra-se presente fortemente nas instituições de ensino, principalmente de Ensino Médio, adentrando as salas de aula pelas mãos dos adolescentes, que os trazem de forma sorrateira, ou nem tanto, mas que acabam se tornando instrumentos que vêm a competir com a atuação do professor. O fato resulta em desafio tanto para os professores quanto para os gestores e articuladores desse processo, visto que as TICs podem contribuir tanto para o planejamento e elaboração das aulas e dos componentes curriculares quanto para uso de um saber compartilhado. Porém, é necessário que objetivos sejam traçados para que o uso da tecnologia facilite o aprendizado e se torne mais um recurso para conceber o conhecimento.

Dessa maneira é válido compreender que se há mudança no contexto social com a contemporaneidade, há a necessidade também de fazer algumas alterações ou adequações no campo escolar para que as tecnologias da informação e comunicação possam ser recursos que visam contribuir para a aprendizagem. Isso porque nos últimos tempos já é possível perceber algumas mudanças consideráveis na forma de repasse de informações e na aquisição e

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produção de conhecimento, bem como na leitura, nos registros e na comunicação entre pessoas.

É valido, então, compreender que estamos presentes neste contexto em que se têm, hoje, outros cenários de construção de conhecimento: mais sistemático, sistêmico e complexo. Sabemos que existem contextos distintos e, portanto, mensagens distintas e os alunos estão inseridos nesta realidade, pois os mesmos fazem parte da sociedade, atuam e vivem nela. Neste espaço complexo no qual estamos inseridos, temos/incluímos a tecnologia, a qual parte de instrumentos que nos permitem a utilização de novas ferramentas, entre elas as existentes na cultura digital. Estas ferramentas, por sua vez, permitem-nos pensar que as novas técnicas e podem favorecer o trabalho do educador em sala de aula, auxiliando-o em suas aulas facilitando a construção do saber. Há de se considerar que os tempos mudam, consequentemente, temos um novo momento na educação escolar, o qual merece toda a atenção. Por esta razão, este texto destaca que as ferramentas tecnológicas se mediadas pelo professor de forma efetiva e mediante objetivos claros desenvolvidos contribuem para um ensino-aprendizagem mais interativo e vem facilitar as relações complexas de pensamento e cognição que se estabelecem na sociedade do conhecimento, visto que uma linguagem determinada e particular é instaurada.

Vemos que um outro panorama se estabelece. Em relação a tal cenário a escola e a sociedade planetária, como um todo, encontram-se em tempos de incertezas. Para tanto, é necessário, refletirmos a respeito de práticas que incidam acerca do pensamento complexo. Para pensar em transformação efetiva é necessário pensar na forma como pensamos a partir do engajamento de todos os sujeitos envolvidos. Desse modo, vemos na teoria da complexidade um conjunto de ideais que dizem respeito à sociedade planetária. Essa teoria propõe a religação dos saberes e acolhe a diversidade, o ser e estar no mundo com os outros promovendo a aprendizagem significativa. A mesma relaciona-se com os ideais propostos ao longo deste texto abarcando o tema escolhido mediante uma prática educacional comprometida com a sociedade do conhecimento.

A tecnologia no mundo globalizado impõe novos desafios para a sociedade e, por conseguinte, para a educação. Novos panoramas, momentos e ambientes diferenciados implicam mudança no que tange ao paradigma educacional. A sociedade atual ampliou o potencial das comunicações a uma velocidade espantosa em que o individual não é mais individual e o nacional passa a ser internacional no circuito das informações. Assim, as relações sociais não se limitam ao contexto local, mas expandiram-se as possibilidades de

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conexões globais mediadas pelas linguagens. Isso porque a utilização da linguagem mediante interação faz o homem recompor-se e construir-se, dando outros sentidos e significados ao seu saber. É a comunicação mediante a utilização da linguagem (centro das relações sociais) que constituirá o homem o qual, consequentemente, constituirá a sociedade.

Para isso foi desenvolvido uma pesquisa tendo como base o viés metodológico a abordagem e pesquisa bibliográfica. A mesma tem como tema A linguagem e as Novas

Tecnologias da Informação e Comunicação no processo de ensino-aprendizagem

compreendendo que precisamos reorganizar nossa maneira de pensar atrelando-a as novas experiências que se configuram atualmente. Somente assim seremos capazes de obtermos bons resultados a partir dos desafios que enfrentamos, sejam eles no ambiente escolar ou social.

Somos seres em construção desafiados a instigar nossos alunos a exercitar a racionalidade, abrindo a mente para o novo a partir da leitura e escrita, da diversidade existente, saindo de modelos e repensando e ampliando os horizontes do saber, sempre de forma crítica e instigadora. Para isso, a linguagem, a expressividade, a subjetividade e os saberes vão nos constituindo a partir da interação com o outro, o que ajuda os seres a construir a sociedade da qual fazem parte. A linguagem permite que possamos pensar e nos manifestar em diferentes ambientes, mediante situações e com instrumentos e métodos diferenciados. Assim, percebemos a complexidade que envolve a informação e a linguagem seja ela através da cibernética, da linguagem digital, oral ou escrita, visto que é motivado pela linguagem que a aprendizagem e o desenvolvimento intelectual e cognitivo dos indivíduos se instaura.

É nessa perspectiva que o tema será trabalhado, relacionando e demonstrando a importância das tecnologias de comunicação como forma de linguagem, do processo ensino-aprendizagem e do professor como mediador desse processo, visto que a educação vai muito além da sala de aula. Partiremos para uma análise teórica a partir das premissas apresentadas por alguns autores acerca do tema em questão — os quais destacaremos posteriormente — e para isso nos apoiaremos nos seus escritos. Destacamos alguns dos autores utilizados, sem desmerecer os demais, visto que alguns como Morin, Lévy e Marques serão mais citados por tratarem, especificamente o tema e servirem de referência no assunto.

Abordaremos no primeiro capítulo os Desafios e possibilidades da educação na era da

complexidade. Acreditamos que este tema sustenta as premissas dos próximos capítulos em

virtude de que delineia um panorama geral da sociedade. Traçaremos uma sequência que, em nossa modesta opinião, contribui para a instauração e os estudos acerca do pensamento

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complexo. Traremos algumas teorias, contextualizando Filosofia e História para mostrar como as tendências de pensamento, desde a modernidade foram constituindo os sujeitos e com isso afetando sua forma de viver em sociedade. Também faremos algumas exposições a respeito da denominada sociedade da informação e como isso acabou refletindo em nossas escolas, no modo de vivermos em sociedade, em nossas relações e na construção dos paradigmas. Ao mesmo tempo, ressaltaremos como se deu, mediante estes processos, o início da tecnologia e as mudanças que as mesmas provocam na sociedade atual. Constataremos que a maneira de pensar em nossa sociedade foi mediada ao longo dos tempos com base em paradigmas criados e que se instauraram há séculos, para, posteriormente, fazer uma reflexão acerca da educação e da maneira como o ensino se constituiu na era da complexidade.

Para isso nos utilizamos de alguns autores como Hobsbawn (2012) o qual juntamente com a teoria aqui referenciada nos auxilia a compreender todo este caminho do século XX em que a sociedade logra êxito e mobiliza-se na trajetória tecnológica e científica, mas que, por outro lado sofre com as guerras e com problemas de ordem técnica e conflitos desencadeados levando em consideração a economia e a política. Também aproveitamos para citar Morin (1996; 2000c) que será mencionado em outros capítulos, pois nos ajuda a compreender a contingência atual instaurada pela Teoria da Complexidade. O referido autor também serviu de inspiração para outros que são citados no decorrer do texto como Demo (2011) e Mariotti (2010), os quais levam em consideração a Pedagogia, a sociedade atual e a aprendizagem dos sujeitos com base nos princípios da complexidade. A complexidade abrange hoje todas as áreas do conhecimento e se faz presente diretamente no espaço escolar por criticar o ensino fragmentado e afirmar que o pensamento precisa passar por uma reforma no modo de pensar, o qual deve ser mais complexo com o intuito de superar a visão fragmentada da realidade. Outros autores como Marques (1999) e Martinazzo (2014) nos auxiliam a compreender a educação neste contexto, mas também servem de referência para que nos capítulos posteriores possamos nos pautar acerca da relação entre linguagem, tecnologia e educação na modernidade.

No segundo capítulo desenvolveremos as ideias a partir do tema Aprendizagem,

conhecimento e escola, apresentando a relação entre estes termos e a tecnologia, bem como a

importância dos mesmos nos processos de cognição e aquisição do conhecimento. Para desenvolver essa abordagem buscamos apoio em Piaget (1996) e Vygotsky (1987; 2001), dois autores que mesmo possuindo teorias distintas nos auxiliam a perceber que o indivíduo é um ser ativo e que constantemente cria hipóteses levando em consideração o ambiente e o

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contexto social. Além disso, recorremos à teoria dos autores (e suas diferenças) relativa ao papel da aprendizagem e da linguagem no processo de desenvolvimento, para refletir acerca das TICs e de como podemos utilizar-nos delas para criar outros elementos de ligação entre o saber e a cognição. Da mesma forma traremos Lévy (1996; 1998; 1999; 2000; 2011) o qual nos situa no universo da cibercultura e traz sua teoria para fomentar nossas opiniões acerca do uso das TICs em sala de aula. Para isso também precisamos definir quem são estes jovens dos quais estamos falando no decorrer do texto e para isso pautamo-nos em Serres (2013), buscando compreender o papel do professor como mediador no contexto escolar; além disso, dentre diferentes autores consideramos, Marques (1999), Mercado (1998), Hargreaves (2004) e Moran (1999; 2000) como autores importantes que vem ao encontro do tema em questão. Da mesma forma, ao longo do texto, recorremos a alguns documentos governamentais que levam em consideração todos os aspectos supracitados e servem de orientação para o trabalho realizado pelo professor em sala de aula.

Por fim, no terceiro capítulo, que tem por título Currículo, linguagem e tecnologia: da

necessidade à realidade faremos reflexões acerca dos termos referenciados, bem como sobre

a importância do professor como mediador do conhecimento. Escreveremos sobre como vemos a realidade atual nas escolas no que tange aos métodos que orientam a tarefa do professor e como o aperfeiçoamento profissional e o engajamento de todos os envolvidos no processo educacional podem levar ao êxito do processo, o qual não pode ficar apenas na teoria, mas sendo este um passo importante e necessário para fazer acontecer. Neste capítulo retomaremos os autores anteriormente nominados, trazendo os mesmos numa questão relacional entre a importância de desenvolver currículos que levem em consideração a teoria e a prática, o tradicional e o novo, sem desmerecer as ideias propostas pelos programas governamentais e pelo uso das TICs; e assim desenvolver o potencial dos discentes levando em consonância a aprendizagem para além da sala de aula.

Como resultados obtidos a partir do referencial teórico, percebemos e nos propomos a trazer algumas considerações sobre o tema principal, acreditando que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) podem ser utilizadas em sala de aula com o intuito de constituir saberes distintos mediante processos cognitivos e de aprendizagens significativas presentes no oceano de informações dos quais fazemos parte, além de acelerar o desenvolvimento escolar e processos de ensino-aprendizagem. Acreditamos que a tecnologia e as linguagens presentes na escola podem ressignificar as aprendizagens que ocorrem de forma contínua, pautadas em objetivos educacionais. Percebemos a complexidade do processo

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e o desafio das perspectivas da cibercultura, mas acreditamos neste como desenvolvimento para outras capacidades, mais criativas e de dimensões ampliadas em que a linguagem se dá mediante novas relações construídas com o saber. Tendo nessa ação o professor como mediador do conhecimento e a escola como o lugar em que se criam possibilidades de produzir conhecimento mediante o desenvolvimento cognitivo e a produção do conhecimento pertinente.

Pensemos então: é necessário no momento atual repensar em estratégias amplas que contemplem as necessidades atuais e que partam de currículos adequados e desafiadores, criativos, criado por professores que apresentem aos discentes tarefas de aprendizagem que os capacitem a enfrentar os desafios dentro e fora da escola. Acreditamos que, para isso, repensar no currículo é a primeira maneira de incluir as TICs e as novas estratégias necessárias para uma aprendizagem mais dinâmica que contemple teoria e prática para o benefício da educação.

Retomando o trecho inicial da cantora Leci Brandão e os comentários até aqui articulados, acreditamos que, desta forma, conseguiremos aperfeiçoar os conhecimentos de um cidadão e contribuir para o desenvolvimento de uma nação, a qual dependerá do profissional da educação e dos sujeitos envolvidos e engajados neste processo. Segundo Mariotti (2010, p. 146) “O indivíduo depende da sociedade, mas ela também depende do indivíduo”. Assim, vemos a complexidade que se estabelece não somente nas relações sociais, como também na interdependência entre sujeitos e sociedade num elo recursivo. Eis aí o desafio de ensinar na era da informação.

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1 DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA EDUCAÇÃO NA ERA DA COMPLEXIDADE

Escrever sobre os desafios e possibilidades na complexidade e formas de pensar na atualidade nos remete a dissertarmos acerca de outras palavras que estão intimamente relacionadas aos termos supracitados e acabam interferindo diretamente na sociedade de uma forma geral. A maneira como os seres se relacionam, os paradigmas1 contituídos ao longo dos tempos, sua forma de comunicação, a sociedade atual, a maneira como aprendem e consequentemente a forma de viver dos sujeitos estão intimamente ligados à forma de aprender dos mesmos seja dentro ou fora do ambiente escolar2 — visto que a aprendizagem vai além da sala de aula.

Para Marques (1999) a escola relaciona-se ao contexto e permite aos seus integrantes uma aprendizagem ampla em que se leve em consideração o plural e o social. Dessa forma, a escola leva em consideração a sociedade e seus interesses, reconstruindo-se constantemente, por isso ela tem um papel essencial na formação dos indivíduos, pois “a escola ganha mundo e o mundo se faz escola ao nela convergirem o distante e o próximo, os objetivos específicos e a formação de sujeitos singularmente autônomos e socialmente competentes” (Marques, 1999, p.148).

Segundo a afirmação de Morin (2015, p. 31) viver é situar-se “concretamente em um tempo e um lugar. O tempo é o nosso e o lugar não é apenas nosso país, mas nossa civilização tipicamente ocidental, com sua economia, suas técnicas, seus hábitos, com seus problemas de vida cotidiana”. Assim, compreendemos a complexidade do viver, pois ao mesmo tempo em que estamos situados num determinado tempo e espaço as relações que temos no tempo presente só existem porque houve um passado e uma história que conduziu nossas atitudes e a da sociedade, o que fez com que desenvolvêssemos outras técnicas, novos pensamentos e diferentes métodos. Igualmente, nossa forma de viver se liga intimamente de forma cíclica e recursiva às nossas escolhas, mesmo que de forma indireta; e dessa forma, provocará reações posteriores no comportamento das pessoas, na maneira de se comunicar, nos relacionarmos, na educação. Há de salientar também que mesmo estando num determinado local ou lugar, as concepções de vida, nossa cultura e hábitos são reveladas por meio da nossa linguagem e

1

Escreveremos sobre paradigmas e o conceituaremos ainda neste primeiro capítulo.

2

Levaremos em consideração o ambiente escolar e as relações deste com a sociedade, no entanto pensamos ser de grande valia analisar estas relações mutuamente, visto que elas são recorrentes e contribuem para a complexidade da vida humana em sociedade.

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expressa por nossas atitudes, visto que somos um só e viver compreende, inclusive, expor nosso ponto de vista, nossa tradição e costumes.

Viver, implica preparação, vivências, escolhas e também aprendizagem, o que leva a pensarmos a escrever a respeito de informação e conhecimento tendo como ponto de partida algumas expressões que estão presentes atualmente em nosso dia a dia. Para compreender toda esta estrutura atual, convém, portanto, pensar e escrever a respeito de alguns termos e sua relação com a sociedade atual, os quais acabam interferindo diretamente nas relações, sejam elas em sala de aula ou fora, num elo circular e recorrente, afetando de forma positiva ou negativa o devir dos relacionamentos e consequentemente a educação como um todo. Alguns dos conceitos aqui apresentados não possuem uma relação direta com o tema principal, mas serão apresentados na tentativa de compreendermos melhor algumas relações estabelecidas e que levam em consideração a sociedade e os sujeitos ao longo dos anos, pois contribuíram e contribuem para a formação da nossa coletividade e da construção de paradigmas que se constituíram.

1.1 O surgir da modernidade

O termo modernidade emerge da Revolução Francesa (1789) que foi caracterizada por mudança social, política e filosófica, com impactos na Europa e em diversos outros Estados. É isso que Berman (2007) acredita quando escreve que com a Revolução Francesa houve um sentimento partilhado nas esferas pessoal, social e política, o que desencadeia um sentimento revolucionário. Segundo o autor é este momento que dá origem ao que denominamos de modernidade.

Com a Revolução Francesa e suas reverbações, ganha vida, de maneira abrupta e dramática, um grande e moderno público. Esse público partilha o sentimento de viver em uma era revolucionária, uma era que desencadeia explosivas convulsões em todos os níveis de vida pessoal, social e política. Ao mesmo tempo, o público [...] se lembra do que é viver, material e espiritualmente, em um mundo de que não chega a ser moderno por inteiro. É dessa profunda dicotomia, dessa sensação de viver em dois mundos simultaneamente, que emerge e se desdobra a ideia de modernismo e modernização (Berman, 2007, p.25-26).

A Revolução Francesa aconteceu no século XVIII (1701 a 1800), período lembrado por alguns como o Século das Luzes, em referência ao movimento filosófico denominado de Iluminismo, o qual propunha a reorganização social no sentido de garantir ao homem a

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liberdade. Além disso, os ideais iluministas lutavam contra a influência da igreja católica e contra as desigualdades de direitos e deveres entre os seres e classes sociais. A compreensão do conceito de razão (luz) colabora para entender o surgimento da modernidade. A mesma, então, pode ser compreendida a partir desta perspectiva como um ideário ou ainda como uma visão de mundo (weltanschauung3) a qual se apresentava como uma ruptura ao pensamento

medieval dominado pela Escolástica (pensamento que procurava através das doutrinas religiosas respostas que justificassem a fé), a tradição, a religião e ao Ancien Régime4.

Bobbio et al. (1998) explica que, simbolicamente, a razão era tida como uma luz, no caso, luz da razão, o esclarecimento, sendo essa a tradução da palavra alemã Aufklärung. A

razão dos iluministas deveria se dobrar somente às evidências empíricas e matemáticas.

Assim, o racionalismo torna-se o principal ponto para transmitir confiança aos povos pautando-se na razão como o principal instrumento para enfrentar os desafios da vida cotidiana, analisar e solucionar os problemas que o rodeavam.

Nesse sentido, para a compreensão do termo Iluminismo podemos nos reportar ao filósofo Immanuel Kant, especificamente no opúsculo O que é Iluminismo? Kant escreve que o esclarecimento (Aufklärung):

é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade

é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria se a sua causa não reside na falta de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo sem a orientação de outrem. Sapere aude! Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! (Kant, 2005, p.63-64; grifos no original).

Kant contribuiu muito no que diz respeito à crítica dos valores da razão humana por estabelecer os limites desta razão e, da mesma forma, apontá-la como fundamento para o conhecimento. Para o filósofo, fazer uso do próprio entendimento é ser esclarecido. Sendo assim, somos capazes de pensar por nós mesmos, visto que somos dotados de uma razão, a qual se torna universal e lógica. Nesta visão, se utilizarmos adequadamente o entendimento que leva a elementos, os mesmos nos conduzirão à ciência e às experiências e, assim, chegaremos ao conhecimento. Em outras palavras, para Kant a palavra Aufklärung,

3

Este termo é a tradução literal do alemão à expressão visão de mundo. Sendo assim, o termo faz referência às ideias ou ainda crenças que levam o indivíduo a interpretar o mundo baseado nos ideais filosóficos, ideológicos e éticos do mundo que o rege.

4

Segundo Abbagnano (1962, p. 326), a Escolástica foi a filosofia cristã da Idade Média que propunha o exercício da atividade racional visando ascender a verdade religiosa. O termo Ancién Regime foi formalizado durante o período em que se deu a Revolução Francesa (1789) e designava o absolutismo monárquico baseado no direito divino de governar, a aliança entre Igreja e Estado, a sociedade estamental (existente anteriormente à Sociedade Industrial), cuja ordem social se baseava nos privilégios de nascimento.

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significava mais que simplesmente conhecer, significava a realização da filosofia prática, a qual buscava a moralização da atuação humana por meio de um processo racional.

1.2 Otimismo na razão científica

Segundo Chauí (2000), inicialmente, aconteceu um sincero sentimento de otimismo em relação à ciência, haja vista que se acreditava que, cada vez mais, novas soluções para os problemas humanos seriam descobertas por ela. No século XIX, a veracidade era alicerçada pelo/no saber científico, assim como na tecnologia como uma maneira de controlar e dominar a Natureza, os indivíduos e a sociedade, entusiasmada e motivada, principalmente, pelas ciências e técnicas, bem como pela Segunda Revolução Industrial.

Essas soluções impactariam na dimensão social e tecnológica, bem como, moral e política. A partir dessa postura otimista, a noção de progresso foi alimentada e, aplicada a compreensão de que a civilização lograria êxitos no decorrer do devir histórico. Assim, o ápice da civilização sempre poderia ser redefinido a luz do progresso científico, em harmoniosa conjunção aos conhecimentos previamente adquiridos pelas gerações passadas.

Embora a sociedade europeia do século XVIII acreditasse que a razão pressagiaria o progresso culminante, essa atitude otimista logrou avanços no século XIX. Por outro lado, no século XX tal otimismo desapareceria.

1.3 O século XX: Era dos extremos

Para Hobsbawm (2012), no decorrer do século XIX (1801 a 1900) aconteceu uma relativa ausência de guerras entre as potências europeias5, muito embora seja o período em que floresceram as influências dos impérios: Britânico, Russo, Germânico, Japonês e Estadunidense. O que viria a ser, décadas mais tarde, o estopim de toda a perigosa

5

Anteriormente ao ano de 1914 poderíamos dizer que não havia grande guerra que envolvesse as denominadas grandes potências (nominamos a Grã-Bretanha, a França, a Rússia, a Áustria-Hungria e a Prússia) fazia um século. Ressaltamos, porém que houve apenas uma breve guerra: Guerra da Crimeia (a qual ocorreu nos anos 1854-1856), de um lado a Rússia, de outro, a Grã-Bretanha e França. Destacamos, também, a Guerra Civil que ocorreu dentro dos EUA (1861-1855).

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prima de caráter neoimperialista que estimularia conflitos militares na virada do século XIX para o século XX (1901 a 2000).

O Breve Século XX (período que para o autor compreende os anos de 1914 a 1991) se notabilizou por avanços tecnológicos, conquistas científicas e, nesse sentido, pode-se dizer que a afirmação iluminista logrou ilustração histórica. Todavia, não se pode dizer que na área social, notadamente a relação entre Estado e população civil, portanto na política, o esclarecimento (Aufklärung) tenha se materializado e, se efetivado em leis protetoras à população.

Hobsbawn (2012) denomina de Era dos extremos esse período em que, enquanto por um lado a população conseguiu ter um padrão de vida inimaginável até então, por outro, foi o período em que as maiores catástrofes da História ocorreram. Aconteceram reviravoltas em relação às disputas por poder político, tecnológico e econômico, além dos sacrifícios da Primeira e Segunda Guerra, assomadas às guerras neoimperialistas. A respeito do século XX — ao qual se esperava, segundo a acepção iluminista, que fosse um lugar no tempo, da história humana, onde o progresso haveria de ser tal que, a humanidade estaria civilizada, seja do ponto de vista técnico-científico, seja do ponto de vista moral-político — podemos constatar que os ideais no que dizem respeito à técnica, ao desenvolvimento e à ciência lograram êxito, por outro lado as questões éticas ficaram à mercê destas mudanças e ideais.

Um século que passou da esperança às catástrofes e que proporcionou mudanças nos mais diferentes setores. A Era dos extremos, certamente, sintetiza o mundo em rápido movimento, em contrapartida com os longos anos em que houve mudanças pouco consideráveis na Idade Média. No século XX as guerras, as mudanças na economia, na política e os diversos conflitos existentes acaloraram a discussão entre técnica e métodos, o desenvolvimento da ciência, dos meios de comunicação, dos transportes, da pesquisa tecnológica e a inconformidade dos estados sociais.

Entre a confiança otimista na razão — a qual prometia o progresso e novas soluções para os problemas humanos, além de uma sociedade mais humanizada — e a crise deste pensamento, ou a desconfiança do/no mesmo, se deu lugar ao pessimismo e ceticismo na humanidade, eis o extremo!

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Durante as Guerras, os elementos que constituíam a ciência moderna foram usados para fomentar tecnologia de morte. Ou seja, a concepção de razão baseada no conhecer a natureza para dominá-la e, com isso, criar novas tecnologias civis, também foi empenhada para cometer atrocidades bélicas jamais vistas na história humana (Morin, 2011). Primeiramente, havia um sincero otimismo em relação à ciência e a razão, com vistas para descobrir soluções para problemas sociais, tecnológicos e políticos, após as Duas Grandes Guerras Mundiais, imperou o pessimismo e ao ceticismo na humanidade.

A produção do saber científico esteve, em significativa medida, atrelada a esse esquema. Há quem diga que o avanço tecnológico teve por motivação principal esses conflitos. Citam, como exemplo, a internet, desenvolvida inicialmente pelo EUA para fins de comunicação entre os militares durante a Guerra Fria. Nas universidades de todo o ocidente passou-se a produzir um saber categorizado, cujas disciplinas altamente especializadas separam e reduzem ao máximo o espaço, as competências, os objetos e a ética. De certo modo, esse esquema de especialização ainda está presente nos dias atuais. Demarca, em considerável medida, a identidade do estado da ciência atual (Baumgarten, 2006). Porém, como veremos na sequência, outras coisas mudaram.

O século XXI compõe-se por nova fase do desenvolvimento econômico, nova fase do regime capitalista no ocidente, novas disputas entre potências e mercados consumidores, novas readequações de poder político, tecnológico e científico, bem como as novas e difíceis relações entre ocidente e oriente.

1.5 Definindo o pensamento complexo6

O que é complexidade? Morin (1996, p.305) acredita que “a noção de complexidade dificilmente pode ser conceitualizada. Por um lado, porque está emergindo e, por outro, porque não pode deixar de ser complexa”. Porém, o próprio autor reconhece que a complexidade é a maneira de “revelar o inexplicável” (Morin, 2000c, p.266). Sendo assim, o

6

A Teoria da Complexidade surgiu, primeiramente, nas Ciências Sociais tendo como estudioso o filósofo e pensador Edgar Morin. Nos últimos anos o termo vem sendo utilizado nas diversas áreas, sejam elas sociais ou humanas com o intuito de promover a reforma do pensamento e numa tentativa de conhecer um pouco mais a sociedade planetária da qual fazemos parte. A palavra complexa não pode ser considerada sinônima das palavras

complicada ou difícil. A epistemologia da complexidade é um termo oriundo da Cibernética e tenta superar,

transcender ou contrapor pensamento disjuntivo, linear e conceitos de verdade e erro. É nessa perspectiva que Morin ressalta a importância do complexo, por acreditar que o pensamento e a diversidade é o que integra e promove a religação dos saberes, por isso nos referiremos à expressão pensamento complexo.

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que se busca ao tentar definir o Pensamento Complexo é menos uma dificuldade a mais a ser emaranhada nos desafios já existentes e, mais uma nova postura para pensar, para não dizer novo modo epistêmico para pensar e, atuar, frente a situações do mundo contemporâneo. Isso se faz necessário porque a cognição binominal e disjuntiva do certo-errado não é mais suficiente para lidar com os desafios e incertezas inerentes à contingência do momento histórico atual. Em outras palavras, podemos dizer que:

O pensamento complexo é, portanto, essencialmente um pensamento que trata com a incerteza e que é capaz de conceber a organização. É o pensamento apto a reunir, contextualizar, globalizar, mas ao mesmo tempo a reconhecer o singular, o individual, o concreto (Morin, 2000b, p. 213).

Demo (2007) escreve que a complexidade é um processo onde pulsa uma relação da totalidade do real, desde um movimento descendente até as partes e, também desde um movimento ascendente destas ao todo. Cada parte possui relativa autonomia sobre outras partes, o que permite preservar a identidade de cada uma, com suas respectivas correlações. A complexidade também é processo onde ocorre a inovação metodológica, o que viabiliza, por sua vez, a produção de novos conhecimentos, novas linguagens, e, consequentemente, novas tecnologias7.

De acordo com Araújo Jorge (2006), a complexidade surge como uma proposta filosófica, amplamente usada nas ciências sociais e humanas e que, agora, alcança novas investidas nas ciências exatas e nas tecnologias. Pode-se dizer também que nela perfaz um novo espírito (geist), ou atitude, porque desde os seus pressupostos admite-se a iminência de reformas possíveis dos processos. Nesse sentido, há uma ruptura com os critérios metodológicos tradicionais, emanados da razão iluminista, onde somente as evidências empíricas e matemáticas, de acordo com a experiência, podem conduzir às análises, às provas e aos resultados. Assim, há um inovador

modo de fazer ciência, numa aproximação mais qualitativa, menos agressiva e mais humana. Superando o reducionismo tradicional, reconhecendo a autonomia e as inter-relações entre os diferentes níveis da realidade, a simbiose entre a ordem e a desordem, as regularidades e o aleatório, as ciências, assimilando o espírito da complexidade, [a complexidade está] aberta a uma consciência dos seus limites fundamentais (Araújo Jorge, 2006, p. 38).

7

O avanço tecnológico proporciona novas formas e uso das tecnologias, ou seja, das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), em vista disso surgem as designadas Novas Tecnologias da Comunicação e Informação (NTICs). Kenski (2009) acredita que nas denominadas NTICs é possível “considerar a televisão e, mais recentemente, as redes digitais, a internet” (Kenski, 2009, p. 28). Ainda levando em consideração o autor, o mesmo acredita que devido “a banalização do uso dessas tecnologias, o adjetivo novas vai sendo esquecido e todas são chamadas de TICs, independentemente de suas características. Cada uma, no entanto, tem suas especificidades” (Kenski, 2009, p.28; grifos no original).

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Levando em consideração o conceito de complexidade, a ordem e desordem permitem uma relação por meio da semelhança e associação a que possuem. Morin (2000a, p. 67), em seu livro Os sete saberes necessários à educação do futuro ressalta que “cada parte do mundo faz, mais e mais, parte do mundo e o mundo, como um todo, está cada vez mais presente em cada uma das partes”. Levando em consideração essa premissa é notório observar que se o mundo é globalizado ele é composto pela sociedade, a qual é composta de indivíduos que estão no mundo; obviamente, convém compreender a importância de não separar o todo da parte, unindo diversidade e unidade, em todos os lugares.

Pensar a partir dessa perspectiva consiste em repensar as práticas pedagógicas e educacionais das quais dispomos, entre elas a forma como o conhecimento acontece e se instaura em relação às NTCIs8, inclusive. Estas são usadas frequentemente e sua tendência é intensificar-se também em sala de aula de maneira a ser favorável à educação. Morin e pensadores que seguem sua linha teórica acreditam que os sistemas educacionais atualmente não comtemplam o que os estudiosos chamam de visão sistêmico-complexa da realidade por não abranger os aspectos relatados anteriormente. Assim, ao nos depararmos com outras

formas de conhecimento, as quais são mediadas pelo conhecimento científico, repensamos a

educação escolar e apresentamos a importância da pedagogia nesse processo de efetivação do conhecimento pertinente a partir do uso de novas linguagens e tecnologias (Demo, 2007) no processo de ensino-aprendizagem.

Convém destacar que, seja a investigação promovida pelos pensadores da Antiguidade Clássica, seja a verificação empreendida pelos cientistas contemporâneos empenhados na complexidade, não bastam, para ambos, as constatações isoladas, haja vista que este e aquele pretendem ir além da experiência e do imediato, rumo à totalidade do saber. Ou seja, uma vez preservadas as distinções em termos de avanços tecnológicos e históricos, o conteúdo da filosofia grega e, da postura do pensamento complexo, pretendem levar em consideração tudo aquilo que envolve o sujeito e sua realidade.

8

As NTCIs resultam em fenômenos de mundialização e produtividade através da qual resultam descobertas como a computação. No início, as NTCIs contribuíram para a expansão da economia mundial e o desenvolvimento de um grande número de inovações e variados bens de consumo que inclui aparelhos eletrônicos e domésticos. De modo específico, o termo em questão vem sendo condicionado a transformações significativas principalmente no espaço institucional escolar em que acontecem práticas educativas. Segundo Postman (1994, p.13) “as novas tecnologias alteram a estrutura de nossos interesses: as coisas sobre as quais pensamos. E alteram o caráter de nossos símbolos: as coisas com que pensamos. E alteram a natureza da comunidade: a arena em que os pensamentos se desenvolvem”, podendo contribuir positiva ou negativamente através do uso que se faz e da teoria que nos propomos a seguir para sua efetivação.

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