STÊNIO FRANCO SILVA
Inovação em Serviços de Telecomunicações Móveis
CAMPINAS 2008
Universidade
Estadual de Campinas
Faculdade
de Engenharia Elétrica e Computação
STÊNIO FRANCO SILVA
Inovação em Serviços de Telecomunicações Móveis
Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica na área de Telecomunicações e Telemática.
Orientador: Hélio Waldman
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DISSERTAÇÃO/ TESE DEFENDIDA PELO ALUNO STÊNIO FRANCO SILVA, e ORIENTADA PELO PROFESSOR DR. HÉLIO WALDMAN
___________________________________________ Campinas 2008
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura
Elizangela Aparecida dos Santos Souza - CRB 8/8098
Silva, Stênio Franco, 1975-
Si38i SilInovação em serviços de telecomunicações móveis / Stenio Franco Silva. –
Campinas, SP : [s.n.], 2008.
SilOrientador: Hélio Waldman.
SilDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Engenharia Elétrica e de Computação.
Sil1. Telecomunicações. 2. Inovação. 3. Comunicações móveis. 4.
Processamento de dados. I. Waldman, Hélio,1944-. II. Universidade Estadual
de Campinas. Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação. III. Título.
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Innovation in mobile communications services Palavras-chave em inglês:
Telecommunications
Innovation
Mobile communications
Data processing
Área de concentração: Telecomunicações e Telemática Titulação: Mestre em Engenharia Elétrica
Banca examinadora:
Hélio Waldman [Orientador]
Raul Vinhas Ribeiro
Sidney Jard da Silva
Data de defesa: 25-08-2008
Programa de Pós-Graduação: Engenharia Elétrica
Resumo
Este estudo busca entender o conceito de inovação tecnológica em telecomunicações, com ênfase no impacto econômico e entrelaçamentos dos processos de inovação e investimentos em telecomunicações, com um olhar voltado tanto para quesitos macroeconômicos quanto sócio-geográficos e de maturidade microeconômica. Procura demonstrar também os requisitos que qualificam a implementação de redes de serviços de dados móveis como inovação disruptiva, conceituando as características de uma inovação disruptiva tanto quanto demonstrando a qualificação dos investimentos em ICT como um modelo adequadamente analisado dentro deste contexto.
Estabelecemos uma análise do contexto histórico dos serviços de dados móveis no Brasil, no período estudado (2002-2004), de forma a não só entendermos os elementos de grandeza, mas também as expectativas associadas ao crescimento deste mercado; discorremos sobre alguns conceitos tecnológicos básicos, relativos a terminologias, padrões e tecnologias de transmissão de dados; abordamos como foram estruturados, no período de lançamento das redes tecnológicas de serviços de dados móveis, os modelos de negócio inerentes à prestação desses novos serviços, que tiveram impacto determinante no sucesso ou insucesso nos futuros lançamentos de redes; buscamos compreender o modelo desenhado por Fransman, que adotamos como base para uma análise comparativa estruturada das razões de sucesso e insucesso na implementação de serviços de dados móveis. Especial atenção é dada para o cenário dos serviços móveis corporativos, que por sua natureza são os que permitem de maneira mais clara a percepção dos ganhos produtivos que caracterizam processos inovadores; neste aspecto, os impactos microeconômicos de serviços de dados móveis se apresentam muito mais tangíveis e passíveis de uma análise mais detalhada.
Realizamos aqui também um breve um estudo sobre os modelos atuais e referências de análise qualitativa e quantitativa do impacto de inovação por serviços de dados móveis do ponto de vista econômico, buscando entender quais são as principais diretrizes que tem orientado esta análise e estabelecemos uma base propositiva para evolução dos estudos aqui
desenvolvidos.
ABSTRACT
This study aims to understand the concept of technological innovation in
Telecommunications, with an attention in the economic impact and relationships between
innovation processes and investments in telecommunications and a focus as much in
macroeconomic facts as in social and geographical issues and also the ones related to
microeconomic maturity. It tries to demonstrate also the requirements that qualify the
implementation of mobile data services networks as a disruptive innovation, defining the
characteristics of a disruptive innovation as much as demonstrating the qualifications of
the investments in ICT as a suited model within this context.
We had established an analysis of the historical context of the mobile data services in
Brazil, within the studied period (2002-2004), in a way that we could not only understand
the elements of dimension but also the associated expectations related to the growth of this
market; we had approached a few basic technological concepts, related to terminology,
standards and data transmission technologies; we had approached how, in the period of
launching of the mobile data network services, the business models related to the delivery
of these new services had a relevant impact in the success or failure in the future network
implementations; we tried to understand then model designed by Fransman, model that we
adopted as a base for a structured comparative analysis of the reasons for success or failure
in the implementation of mobile data services. Special attention is given for the
environment of corporate data services, which by its nature are the ones that allow in a
clear way the perception of productive gains that define the innovative processes; in this
aspect, the microeconomic impacts of mobile data services are much more tangible and
make possible a more detailed analysis.
We realized also a brief study regarding the actual models and references for quantitative
and qualitative analysis of the impact of innovation from mobile data services from the
economic point of view, aiming to understand which are the main drivers that have been
guiding this kind of analysis, and established a proposition for the evolution of the studies
Sumário
Lista de Ilustrações...xvii
Lista de Tabelas ...xix
Glossário... ...xxi v vii
Capítulo 1-Introdução...1
Capítulo 2- Inovação em Serviços em Telecomunicações...8 15
Capítulo 3-Conceitos e teorias sobre inovação: caracterização do caráter inovador de Redes de
Servicos de Dados Móveis... ……20
Capítulo 4- Serviços Móveis de Dados: Mercado de Consumo Brasileiro eMercado Corporativo...32
4.1-Panorama do Mercado Brasileiro de Telefonia e Serviços Móveis no ContextoDefinido...33
4.2-Serviços de Dados Móveis para Mercado Consumidor:...54 60
Capítulo 5-Características Tecnológicas Básicas das Redes de dados Móveis:...60 66
Capítulo 6-Estrutura de Serviços e Modelos de Negócios...64 70
6.1 -Aplicativos, Serviços e atores...66 72
Capítulo 7-O Modelo Japonês: Análise do I-mode by NTTDoCoMo...77 83
Capítulo 8-O Modelo Brasileiro...88 94
8.1 - Esudo de caso Telesp Celular/VIVO...89 95
Capítulo 9 Serviços MóveisCorporativos...96 102
9.1- Estrutura e portfólio de serviços...98 104
9.2- Mercado Brasileiro de Serviços Móveis Corporativos: Cenário em 2002 ...104
9.3-O Papel das Operadoras...117 123
Capítulo 10-Análise do Impacto da Inovação sobre o ponto de vista econômico...122 128
10.1-Modelo Referência...128 134
Conclusões...140 .146
Dedicatória
Dedico este trabalho a todos que se fizeram presentes nesta caminhada,principalmente á Família, para a Andrea e especialmente ao meu orientador, Hélio Waldman, pela
Agradecimentos
Agradeço aos colegas de Mestrado e professores, pelo suporte e presença nesta caminhada.
Lista de Ilustrações
Figura 1.1 - Evolução de Celulares 3G- Estimativa Global- Pyramid Research...4
Figura 2.1- Evolução dos terminais de acesso móvel no mercado brasileiro ANATEL...8
Figura 2.2- Evolução dos terminais de acesso móvel no mercado brasileiro-ANATEL...9
Figura 2.3-Representação logarítmica entre teledensidade e PIB...12
Figura 2.5 Déficit ou Superávit de teledensidade entre diversos países 2000 (Jacob e Khulman)………13
Figura 2.6- curva de Comparação entre PIB e Penetração de Acessos móveis para um conjunto de Países – ITU...14
Figura 2.7-Projeção de teledensidade móvel por PIB per capita ...15
Figura 2.8-Número de acessos móveis- 1999-2004- Pyramid-(Brasil, Argentina, Peru, Chile, México, Colômbia e Venezuela)...18
Figura 4.1-10 maiores mercados Globais de Telefonia Móvel-Pyramid...33
Figura 4.2 - Projeção de penetração de linhas fixas e móveis no mercado Brasileiro-Pyramid...34
Figura 4.3- Taxa de Crescimento médio por País -Telecomunicações Móveis-2002-Pyramid………36
Figura 4.4- Teledensidade móvel x GDP X Valor Total de Mercado de Serviços Móveis –Pyramid………..36
Figura 4.5- Evolução de assinantes móveis por tecnologia- Realizado 2004 e Projeções 2005-2007Brasil-Pyramid...37
Figura 4.6- Receitas de serviços de Dados Móveis- Brasil- Realizado 2001-2004- Projeções 2005-2007...38
Figura 4.7- Comparação entre crescimento do PIB e Crescimento da Receita em serviços Móveis...39
Figura 4.8- ARPU de voz e dados- Brasil-realizado 1998-2004-Projetado 2005-2007-Pyramid... 41
Figura 4.9 - Primeira Consolidação de operadoras de Telefonia Móvel- Brasil- Teleco-2004... 42
Figura 4.10 – Participação por Região – Telefonia Móvel – 2003 – ANATEL ……… 46
Figura 4.11- Participação por Tecnologia – Dezembro de 2003 – ANATEL ………47
Figura 4.12- Regiões para Licitação 3G-2007-ANATEL………..50
Figura 4.13- Projeção de participação de Mercado – realizado 2002-2004 e projetado 2005-2007-Pyramid…………51
Figura 4.2.1- Receitas de Serviços de dados Móveis- Payramid 2004………...55
Figura 5.1-Framework de evolução tecnológica em comunicação de dados móveis- Lee (2001)... 61
Figura 5.2 Principais tecnologias de transmissão sem-fio –ADLittle...63
Figura 5.3- Faixa de throughput médio por serviço- Telecom Services-Morgan Stanley...63
Figura 6.1- Modelo clássico de negócios das operadoras móveis- Mckinsey Company...70
Figura 6.2- Modelo Evolutivo de negócios das operadoras móveis- Mckinsey Company ……….70
Figura 6.3 Fontes de Receita-kalba Internacional-2000...72
Figura 6.4 - Provedores esperados de Serviços Móveis Multimídia. ...73
Figura 6.5- Driver Application de serviços Móveis- GSA Association e Siemens ...75
Figura 6.6- Mapa de Serviços por Ciclo tecnológico-At&T...76
Figura 7.1- Estratégia de desenvolvimento para Plataformas tecnológicas - Fransman 2000 ... .82
Figura 7.2 Tipos de Consumo do I-MODE- Fransman...85
Figura 7.3- Lista de aplicações e provedores de Serviços I-MODE- Japan Inc...86
Figura 7.4- Tabela de ARPU- NTTDoCoMo- Fransman- 2000 ...87
Figura 9.1- Framework de relacionamento de serviços na cadeia produtiva-IBM...102
Figura 9.2- Framework de relacionamento de serviços na cadeia produtiva- O autor... 103
Figura 9.2.1- Interesse em Soluções de dados Wireless WAN-Yankee Group ... 105
Figura 9.2.2- Interesse em Soluções de dados Wireless WAN-Siemens……… 106
Figura 9.2.3 -‐ Principais barreiras para adoção de Serviços de Dados Móveis -Yankee Group ... .107
Figura 9.2.4- Principais barreiras para adoção de Serviços de Dados Móveis –Yankee Group...108
Figura 9.2.5- Como Empresas pagam por Serviços Móveis-Yankee Group...109
Figura 9.2.6- Canal de veda preferido para Soluções de Comunicação-Yankee Group ……….109
Figura 9.2.7- % de usuários Móveis dentro das empresas estudadas... 110
Figura 9.2.8- Quem são os usuários móveis-Yankee Group ... 111
Figura 9.2.9- Aplicações que lideram a expansão dos serviços corporativos em Redes Móveis ... 113
Figura 9.2.10- Fatores de decisão na escolha de provedores de serviços móveis-Yankee Group ...113
Figura 9.2.11- . Contratos preferidos para serviços de dados móveis- Yankee Group ...115
Figura 9.2.12- Dispositivos preferidos para acesso a dados móveis-Yankee Group ...116
Figura 10.1- Investimentos em Telecomunicações Móveis - América Latina- OVUM ... 123
Figura 10.2 -Teledensidade-2001-2006- BRICs e UK-IDATE ... 124 Figura 10.3 - Número de assinantes de telefonia móvel-IDATE... ...124
Figura 10.4 - Receita média de assinantes móveis por linha-IDATE ... 125
Figura 10.5 - Receita média per capita por serviço -IDATE ...… 126
Figura 10.6 - Quadro comparativo BRICS-IDATE ... ….. 127
Figura 10.1.1 - Modelo de análise de impacto do investimento em serviços móveis-OVUM ... …. 128
Figura 10.1.2 - Modelo de análise estendida de impacto do investimento em serviços móveis-OVUM ... ….. 132
Figura 10.1.3 - Valores gerados na cadeia produtiva direta de telecomunicações na América Latina OVUM... … 133
Figura 10.1.4 - Valor adicionado na cadeia de componentes dos serviços de telecomunicações móveis- Europa x Resto do OVUM,GSM Association...134
Figura 10.1.5 - Impacto da indústria de serviços móveis no PIB-6 países América Latina- GSM Association... …….135
Figura 10.1.6 -Índice de crescimento de produtividade, PIB e forca de trabalho alocada-Banco Mundial ...136
Lista
de Tabelas
Tabela 1.1- Principais redes de Serviços baseados em tecnologia 3G em operação no mundo-Yankee Group ………… 5
Tabela 2.2- Número de terminais de acesso fixo no mercado brasileiro-ANATEL ... 9
Tabela 4.1- Dados de Participação de Mercado- dezembro de 2003- ANATEL...43
Tabela 4.2 - Faixas licitadas para implementação de Serviços 3G-2007-Brasil –ANATEL………50
Tabela 4.3- Dados de Out/07, Fonte ANATEL Bandas, Área de prestação de serviço e Tecnologia ...53
Tabela 4.4- Número de terminais ativos- Outubro de 2007-ANATEL...53
Tabela 4.5- ARPU médio das Operadoras de Serviços Móveis- Brasil- Dezembro de 2007-TELECO...54
Tabela 6.1- Organizações envolvidas nos processos de disponibilização de serviços móveis: Adaptado do modelo de Moellery (2000) ...69
Tabela 6.2- Segmentação de novos serviços móveis por aplicações ...81
Tabela 6.3- % da Receita para as principais operadoras 3G no mundo-ITU ...86
Tabela 7.2- Framework comparativo de Fransman ...84
Tabela 8.1- Análise da Operação de dados Móveis da Telesp Celular pelo Framework de ...90
Tabela 8.2- Análise da Operação de dados Móveis da Telesp Celular pelo Framework de Fransman...94
Tabela 9.1- Framework de Impacto de Serviços Móveis corporativos...101
Tabela 9.3.1- Sumário das Operadoras de Serviços de Dados Móveis ...117
Tabela 9.3.2 -Perfil Operadora Oi - Dados Móveis 2002-2004 ...119
Tabela 9.3.3 -Perfil Operadora TIM - Dados Móveis 2002-2004 ...119
Tabela 9.3.4 -Perfil Operadora Nextel-Dados Móveis 2002-2004 ...119
Tabela 9.3.5 -Perfil Operadora VIVO - Dados Móveis 2002-2004... ………120
Tabela 9.3.6 -Perfil Operadora Claro - Dados Móveis 2002-2004 ...121
O
dados nas redes GSM Radio Esta uma transporte de dados as taxas de (Comutação
Glossário
Protocolo de transmissão de dados baseado na tecnologia CDMA 2000, introduzido no Brasil pela 1X-RTT 2,5G
Telesp Celular como uma tecnologia de transmissão de dados móveis categoria 2,5G.
2,5G (segunda e meia geração) é um termo genérico que cobre várias tecnologias para redes de telefonia sem fio. No Brasil se caracterizou como a capacidade de transmissão de dados e na adoção da tecnologia de pacotes e não mais comutação de circuitos
2G A telefonia móvel de segunda geração (2G) é uma forma de nomear a mudança de protocolos de telefonia móvel analógica para digital.
É a terceira geração de padrões e tecnologias de telefonia móvel, substituindo o 2G. É baseado na 3G família de normas da União Internacional de Telecomunicações (UIT), no âmbito do Programa
Internacional de Telecomunicações Móveis (IMT-2000).
AMPS Advanced Mobile Phone System) foi a primeira geração de sistemas celulares, formada por sistemas analógicos.
ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações
ARPU Average Revenue per user- Receita média mensal por usuário B2B Business-to-Business
B2C Business-to-Consumer
BRICs Brasil, Rússia, Ìndia e China
Code Division Multiple Access ou Acesso Múltiplo por Divisão de Código; É utilizado tanto para a CDMA telefonia celular quanto para o rastreamento via satélite (GPS) e usa os prefixos tecnológicos como
o IS-95 da 1º geração -1G- e o tão popular IS-2000 da 3º geração -3G.
Churn Desligamento de usuário da base de serviços de uma operadora
Enhanced Data rates for GSM Evolution (EDGE) é uma tecnologia digital para telefonia celular que EDGE
EV-DO
permite melhorar a transmissão de dados e aumentar a confiabilidade da transmissão de dados.
Evolution Data Optimized, 1x Michelly, abreviado como EV-DO, 1xEV-DO ou EVDO é uma tecnologia de terceira geração (3G) do CDMA, desenvolvida pela empresa Qualcomm, e que é a evolução das tecnologias CDMA de segunda geração (2G), permitindo transmissão de dados em até 2,4 Mbps.
GPRS GPRS - General Packetexistentes.Service épermitetecnologia que aumenta por pacotestransferência por pacotes), com um throughput teórico de até 170 Kbps, mas em média efetivo em 40 Kbps.
Global System for Mobile Communications, ou Sistema Global para Comunicações Móveis (GSM: GSM originalmente, Groupe Spécial Mobile) é uma tecnologia móvel e o padrão mais popular para
celulares do mundo.
ICT Information and Telecommunications Technology-Tecnologias da Informação e das Telecomunicações.
IDATE Instituto de pesquisa europeu, com foco em telecomunicações.
I-MODE IMT-2000
Serviço de comunicação de dados móveis disponibilizado pela empresa NTT DoCoMo, utilizando de formatos da internet fixa como C-HTML, baseado em HTML, assim como protocolos
proprietários da DoCoMo: ALP (HTTP) e TLP (TCP, UDP).
International Mobile Telecommunications-2000 (IMT-2000) é um padrão global para a terceira geração (3G) de comunicação sem fio, definido pela International Telecommunications Union, ou Uniao Internacional de Telecomunicações.
Incumbent Companhias existentes antes do processo de privatização, como monopólios regulados pelo Estado.
ITU International Mobile Telecommunications
Killer Application
LBS
Killer application'' - Designa uma aplicação fundamental, catalisadora do uso de uma tecnologia, como por exemplo o e-mail para a Internet
Location based services, ou serviços baseados em localização, são um conjunto de tecnologias que permitem determinar o posicionamento de pessoas, veículos ou objetos e comunicá-la através de redes de dados móveis.
M2M Machine-to-Machine; soluções tecnológicas de comunicação máquina-máquina. MMS Multimedia Message Service.
NTTDoCoMo Principal Empresa de Telefonia Celular do Japão.
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
OVUM
SMP
Empresa de Consultoria Britânica, especializada em investimentos em Telecomunicações. Serviço Móvel Pessoal; conjunto de regulamentos, leis e contratos que regem a operação de serviços móveis (notadamente os conhecidos por "Celulares" no Mercado Brasileiro)..
SMS Short Message Service ou serviço de mensagens curtas. STFC Killer application'' - Designa uma aplicação fundamental.
Teledensidade Penetração de terminais móveis ou fixos num país ou camada da população.
Universal Mobile Telecommunications System). O objetivo do UMTS é prover um padrão universal UMTS para as comunicações pessoais com o apelo do mercado de massa e com a qualidade de serviços
equivalente à rede fixa.
WAN Wide Area Network, ou rede de alcance metropolitano. WAP Wireless Access Protocol
Wide-Band Code-Division Multiple Access, é a tecnologia 3G líder usada em UMTS. É uma W-CDMA tecnologia de interface de rádio de banda larga que provê velocidades de dados muito superiores a
2Mbs
WIMAX Worldwide Interoperability for Microwave Access/Interoperabilidade Mundial para Acesso de Micro- ondas
1- Introdução
O trabalho desenvolvido aborda a análise comparada do impacto de um caso de
inovação disruptiva dentro do cenário de telecomunicações móveis no Brasil. O
objetivo do mesmo foi analisar, dentro de um período histórico no cenário das
telecomunicações brasileiras, o impacto das redes de dados móveis como fator de
relevância econômica e agente disruptivo em processos produtivos, dentro de um
cenário controlado, referente ao período de implementação de serviços de dados
móveis pelas operadoras concessionárias das licenças do antigo Serviço de
Comunicações Móveis, agora Serviço Móvel Pessoal, tendo como modelo de controle o
mesmo processo de análise desenvolvido anteriormente por Fransman sobre o
mercado japonês.
O estudo enfoca a evolução e disponibililização destes serviços num período de cerca
de três anos, 2002 a 2004, momento em que se configurava a disponibilização da
comunicação de dados por pacotes nas redes brasileiras. De forma comparativa,
estabelecemos uma análise da estrutura de implementação desses serviços, baseados
no modelo de Fransman. Este período é representativo, pois se pode estabelecer bem
claro os processos de implementação de uma inovação disruptiva como as os serviços
de comunicações de dados móveis. O atual quadro de migração para patamares de
redes móveis de maior capacidade e amplitude de cobertura nos daria condições
limitadas de realizar nossa análise, pois representaria mais um momento evolutivo de
uma inovação tecnológica e não seu momento embrionário, onde as características de
inovação , conforme a seguir estabelecemos, estão conceitualmente cristalizadas.
Dessa maneira buscamos identificar as similaridades e incongruências entre a
implementação do modelo de serviços de dados móveis no Brasil, que se apresentou
lento e com baixa penetração e teledensidade nos primeiros anos de sua
disponibilização e somente atingindo, após alguns anos, novas perspectivas de
disseminação massiva, com perspectivas semelhantes ao bem sucedido modelo
implementado no mercado japonês pela operadora NTT DoCoMo, com seu serviço I-
Mode.
Até hoje a penetração dos serviços de dados móveis no leque de receitas das
operadoras brasileiras se situa entre 5 a 7% das receitas dos operadores móveis, uma
das menores do mundo, em comparação com os mercados asiáticos e europeus.
Mesmo em alguns países emergentes, essas taxas variam entre 20 e 40%.
Os custos por MB transmitido no mercado brasileiro situam-se também como um dos
mais altos do mundo (média de US$3), fruto de modelos de “pricing” diferentes dos
implementados em mercados externos (só a partir de 2007 uma política de
aproximação competitiva dos serviços de banda larga móvel contra os serviços de
dados fixos está permitindo o estabelecimento de queda do preço médio do MB), com
foco em venda de conteúdo simples como Premium ao invés do foco no serviço e
conectividade. Desta forma estabeleceu-se um cenário de pouca competitividade entre
as operadoras pelos serviços de dados móveis. Os investimentos das mesmas foram
majoritariamente na aquisição de novos clientes e expansão da base via subsídio de
terminais móveis, juntamente com pacotes de serviços de voz diferenciados. Os
investimentos em terminais de dados móveis só vieram a se tornar significativos em
2006 e 2007. Tudo isso contribui para que, mesmo sendo um dos pioneiros na
implantação de redes de terceira geração (ou 2,5 G), baseados no IMT-2000 (2° rede
1xrtt no mundo), o Brasil se apresente hoje com um dos últimos no que se refere a
cobertura de redes de 3° geração, com o lançamento das mesmas em escala
programada somente para 2008, adequando-se ao “ciclo histórico” de atraso no que
tange à disponibilização de inovações no campo do ICT, geralmente estabelecido em
um período entre 24 e 48 meses no que tange a capilarizacao e massificação tendo o
país fracassado em uma de suas primeiras tentativas de quebra deste paradigma de
inovação em ICT.
O fracasso da rápida disseminação do serviço de dados móveis, não obstante os
ganhos econômicos e produtivos diretamente associados a este serviço, como veremos
a seguir, tem, em nosso entendimento, e como queremos aqui demonstrar, um fator de
correlação direto com o modelo de implementação da inovação disruptiva
representada por este serviço.
As estratégias competitivas das operadoras locais se provaram ineficientes na
implementação de condições que pudessem catalisar o processo de ganho econômico e
produtivo potencializado pelos serviços de dados móveis.
Uma total falta de política governamental, assim como uma descrença no potencial do
mercado brasileiro por parte dos especialistas e analistas, proveram um ambiente de
investimento moderado na implementação das soluções e serviços a preços e modelos
de negócios compatíveis com os mercados onde os serviços de dados móveis se
mostram como fatores de diferenciação competitiva e produtiva, mas pouco atrelados
à realidade do mercado brasileiro. Pouco incentivo a serviços diferenciados e a
desenvolvimento de tecnologia local, no que tange a equipamentos e software, com um
investimento capitaneado por pequenos desenvolvedores de aplicativos e serviços
ainda embrionários, não “alavancados” por uma massa crítica de usuários (apesar do
crescimento significativo da base após a política das operadoras de subsídio a compra
de “handsets”, com penetração atingindo em outubro de 2007 cerca de 60% de
teledensidade móvel, com cerca de 112 milhões de terminais móveis, em contrapartida
a uma estagnação e até decréscimo da base ativa de telefonia fixa), não criaram as
condições necessárias para o estabelecimento de um “network economics.”
Outros países conseguiram, através do desenvolvimento de políticas de P&D e de
industrialização, criar ambiente para o estabelecimento de um círculo virtuoso de
implementação em dados móveis na indústria e ganhos econômicos inerentes a este,
tendo como maiores exemplo a Coréia do Sul, que se posicionou como um player
global do setor; a Finlândia, com o estabelecimento da Nokia como um gigante não só
apenas de equipamentos, mas agora de serviços, com aquisições de diversas empresas
do segmento; a China, que alavanca sua economia no rastro do desenvolvimento da
maior rede de telecomunicações móveis do planeta, por razões óbvias, mas que soube
aproveitar este fato para se capitalizar como um dos maiores fornecedores globais de
equipamentos para a indústria de telecomunicações.
Por mais que agora o Brasil comece a se beneficiar dos efeitos de “network
economics” gerados pelas redes de dados móveis, e dos benefícios inerentes no que
toca a produtividade e ganho econômico, está em posição de desvantagem no que
tange o uso deste ganho como fator diferenciador ante os outros mercados. O
investimento hoje possível se dá somente num cenário de salto tecnológico. Teremos
que pular etapas, passando pela fase das redes de terceira geração para diretamente
as redes de 4° geração, se houver pretensão de se utilizar as inovações oriundas das
redes de dados móveis como fator diferenciador competitivo ante outras economias
globais.
Figura 1.1 – Evolução de Celulares 3G- Estimativa Global- Pyramid Research
No mundo, já existe uma base significativa e um rápido crescimento de redes
operacionais com tecnologias denominadas de terceira geração, caracterizadas pela
alta capacidade de transferência de dados (comercializadas com taxas teóricas de
transmissão de dados de até 7,2 Mb/s e taxas reais em torno de 1 a 3 Mb/s) , assim
como se inicia a implementação de redes denominadas de 4° geração, por adotarem
padrões de redes abertas de dados, transparentes às questões tecnológicas, como
WIMAX, recentemente homologada ao IMT-2000, com características que se fazem
presentes ao usuário proporcionando uma experiência semelhante às redes de serviços
de internet comercial.
Tabela 1.1-Principais redes de Serviços baseados em tecnologia 3G em operação no mundo-Yankee Group
È importante frisar que, embora as tecnologias 3G sejam as maiores habilitadoras de
serviço de dados móveis, estes serviços estão fora do escopo aqui abordado, já que
tiveram lançamento no mercado brasileiro somente no fim do ano de 2007.
Entretanto, para efeito de estudo de caso, analisaremos comparativamente a rede I-
Mode, implementada no Japão, que foi lançada já com tecnologia baseada no IMT-
2000, na década de 90, de forma a comparar o processo de lançamento desta rede de
serviços com o lançamento da primeira rede de serviços de dados móveis com
tecnologia baseada nas “características” da 3° geração no Brasil, a rede 1xrtt da
Telesp Celular/VIVO.
Este estudo busca entender:
Conforme inserido no Capítulo 2, o conceito de inovação tecnológica em
telecomunicações com ênfase no impacto econômico e entrelaçamentos entre o Milhões NTT DoCoMo Japão Verizon US H3G Europa Vodafone Europa SK Telecom Coréia Tecno. Celulare 2006 1T07 2T07 3T07 UMTS 3G 32,1 35,5 37,8 40,0 3G/total 62% 67,5% 71,6% 75,6% EVDO 3G 18,8 23,1 27,5 32 3G/total 32% 38% 44% 50% UMTS 3G 12,9 13,6 14,5 ND 3G/total 100% 100% 100% 100% UMTS 3G 12,5 14,7 18,5 21,4 3G/total 6% 7,1% 8,0% 8,9% EVDO 3G 10,0 10,9 11,7 11,9 3G/total 50% 52,5% 55% 55,3%