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COMPUTADOR E EDUCAÇÃO: PERCEPÇÃO E EXPERIÊNCIAS DE ALUNOS(AS) DE PEDAGOGIA

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COMPUTADOR E EDUCAÇÃO: PERCEPÇÃO E EXPERIÊNCIAS DE

ALUNOS(AS) DE PEDAGOGIA

Autora: Juliana Linhares de Oliveira

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) –julinharesoliveira@gmail.com.br Orientadora: Carmen Lúcia Guimarães de Mattos

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) – carmenlgdemattos@globo.com

Resumo: Este artigo tem como objeto de estudo o computador no campo da educação, busca-se apresentar e discutir sobre as situações do uso dessa ferramenta no cotidiano escolar através das vozes de alunos. É parte da pesquisa monográfica desenvolvida no curso de graduação em Pedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que foi realizada com base nos relatos de experiências do uso de computador na escola, durante a trajetória da educação básica, por alunos e alunas do curso de Pedagogia. O objetivo é descreve e refletir sobre a visão dos alunos(as) acerca do computador no espaço escolar confrontando e/ou relacionando com a prática vivenciada na escola. As questões que nortearam este estudo foram: como se deu o acesso e uso do computador no ensino básico por alunos(as)? A experiência com o computador na escola tem sido relevantes no desenvolvimento de trabalhos e estudos dessa ferramenta na universidade? Está pesquisa se destaca como relevante por trazer a compreensão de futuros educadores sobre o contexto atual da educação diante dos novos desafios colocado pela sociedade digital.

Palavras Chave: Computador, Educação, Pedagogia.

INTRODUÇÃO

A sociedade tem enfrentado uma avalanche tecnológica, pois em períodos curtos de tempo são desenvolvidas novas tecnologias que substituem as antigas e modificam as condições de trabalho, de ensino-aprendizagem e relações sociais. Segundo Pierre Lévy (1999) as tecnologias não determinam a sociedade, mas possibilitam diferentes formas de usos que geram novas organizações e forma de vida, que vão acontecer de acordo com o interesse daqueles que possuem o recurso tecnológico e dominam a técnica. A partir dessas mudanças a escola passa a ter como desafio acompanhar as transformações sociais. Para Junqueira (2012, p.291), “Essas mudanças foram tão contundentes que gestores e educadores

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viram no potencial das TIC1 um instrumento poderoso para reformar, alterar, melhorar a

educação escolar.”.

As instituições privadas, assim como o governo, vêm investindo em novas tecnologias e programas educacionais, no entanto, é importante questionar como têm sido utilizadas. Deste modo é imprescindível que se desenvolvam pesquisas que objetivem investigar o uso das tecnologias digitais no âmbito escolar. O estudo de Gomes (2002) informa as diferentes formas da entrada do computador na escola, essa variação acontece de acordo com as propostas e interesses que são distintos entre o setor público e privado. Na escola pública o computador chega por intermédio das políticas públicas criadas pelo Ministério da Educação, já nas escolas particulares os computadores são empregados como marketing, como meio de promover a escola ou por cobrança dos pais.

Compreende-se que o crescimento das políticas de inclusão digital nas escolas vêm acontecendo por considerar o computador como uma nova alternativa de ensino-aprendizagem e democratizar o acesso, principalmente para os sujeitos da classe menos favorecida, que se encontram excluídos desse universo digital. Mattos (2003) diz que quem não está inserido na nova ordem digital corre o risco de ficar à margem, excluído não só do mercado de trabalho, mas também de participar de um mundo novo, virtual.

Dessa forma, o presente trabalho tem como objeto de estudo o computador no campo da educação, busca-se apresentar e discutir sobre as situações de uso dessa ferramenta no cotidiano escolar através das vozes de alunos. Os dados a serem apresentados fazem parte da pesquisa monográfica desenvolvida no curso de graduação em Pedagogia da UERJ, que foi realizado com base nos relatos de experiências do uso do computador na escola, durante a trajetória da educação básica, por alunos e alunas do curso de Pedagogia. As situações apresentado pelos alunos(as) fazem parte do espaço educacional público e privado.

A primeira discussão do artigo é a respeito da metodologia que possibilitou o desenvolvimento da pesquisa, apresentando os sujeitos, o lócus, os instrumentos para a coleta de dados e o processo de análise. No segundo momento destacasse os resultados alcançados, explicitando as categorias que foram encontradas através das falas dos alunos. E por fim, as considerações finais.

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Está pesquisa se destaca como relevante por trazer a compreensão de futuros educadores sobre o contexto atual da educação diante dos novos desafios colocados pela sociedade digital.

METODOLOGIA

O objeto do presente estudo é o computador na educação, a partir deste pretendeu-se investigar o uso do computador na escola, por alunos, através das vozes de alunos(as) do curso de Pedagogia.

O objetivo é descrever e refletir a visão dos alunos(as) acerca do computador no espaço escolar confrontando e/ou relacionando com a prática vivenciada na escola, respondendo as seguintes questões: Como se deu o acesso e uso de computadores na educação básica pelo sujeitos da pesquisa? Como o uso do computador na escola básica tem contribuído para a construção de trabalhos e estudos do curso universitário através dessa ferramenta?

Os sujeitos da pesquisa foram estudantes de graduação do curso de Pedagogia de uma universidade pública localizada no estado do Rio de Janeiro. Os alunos e alunas foram convidados a participarem da pesquisa como voluntários. Buscou-se inicialmente ter conhecimento sobre o perfil dos sujeitos da pesquisa, como forma de conhecer aquele que fala, compreendendo a realidade do público que possibilitou o desenvolvimento deste trabalho. Participaram desta pesquisa 42 alunos(as), sendo três homens e 39 mulheres, este dado mostra a realidade do perfil de estudantes do curso de Pedagogia, onde as mulheres são a maioria. Além disso observou-se que grande parte dos alunos(as) eram jovens recém-saídos do Ensino Médio, portanto fazem parte do que Albuquerque et al. (2012) vai chamar de geração Y2. Em relação à instituição de ensino que foi cursada as séries da Educação Básica,

constatou-se que a maioria são oriundos de escolas da rede privada de ensino. Acredita-se que é importante levar em consideração as percepções de alunos(as) na construção do conhecimento e análise do sistema educacional. Por isso, procurou-se conhecer a trajetória escolar dos participantes, suas expectativas e opiniões a respeito do uso do computador.

Para a coleta de dados se utilizou de um questionário semiestruturado que foi aplicado em duas turmas do curso de Pedagogia, que apresentava perguntas abertas e fechadas, com o 2 Para Albuquerque et al. (2012, p.4) “a geração Y é a geração do computador, das facilidades, da globalização e tudo mais”.

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propósito de saber sobre: a maneira como os alunos fazem uso do computador no seu dia a dia; se teve contato com o computador na Educação Básica; qual era a proposta pedagógica da escola ao fazer uso do computador; os problemas enfrentados para o uso dessa ferramenta no âmbito educacional; como se percebem diante das redes digitais e do computador; a percepção destes segundo o uso do computador na educação; se o acesso ao computador na escola contribuiu para a realização dos trabalhos e estudos na universidade. Sentiu-se a necessidade de um aprofundamento em algumas respostas que não foram empregadas com clareza, então buscou-se promover um diálogo com o respondente, através de uma rede social digital3, que funcionou como canal de comunicação entre pesquisadora e os alunos e alunas.

As respostas obtidas foram categorizadas e analisadas através do método indutivo, ou seja, do particular para o geral, das inferências dos estudantes para o entendimento mais geral do grupo sobre o tema explorado. As temáticas presentes nas categorias são: falta de manutenção; computador insuficiente; controle; prática de ensino; fragilidade do processo e uso do computador; resistência do uso pela escola.

A revisão de literatura de textos como: Mattos (2003, 2013), Levy (1999), Valente (1999), Castro (2006), Prensky (2001), dentre outros, possibilitou importantes insights à pesquisa. Essa organização viabilizou a articulação da fala dos alunos/as com as discussões dos autores estudados de forma a consubstanciar os resultados.

O COMPUTADOR NA TRAJETÓRIA ESCOLAR DE ALUNOS(AS)

A partir do questionamento que buscou saber se os alunos(as) tiveram contato com o computador na escola, 81% mencionaram que sim, este número ratificou o pressuposto inicial que deu origem ao presente trabalho, além de fortalecer a tese de Almeida (2002), que relata a ampliação do acesso ao computador nas escolas. As informações colocadas pelos estudantes mostram uma devida expressão da presença da tecnologia computacional tanto na instituição particular de ensino, quanto na rede pública. Os demais, 19%, apesar de não terem tido o contato com esse recurso tecnológico na escola, trouxeram contribuições significativas no que tange sobre qual a relevância desta no ambiente educacional.

Práticas de ensino com o computador

3 A partir da análise do questionário percebeu-se que as redes sociais digitais são umas das formas de maior uso do computador pelos estudantes da pesquisa.

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Ao refletir sobre a forma como os computadores foram usados no âmbito escolar os alunos mencionaram que está ferramenta é empregada mais para aprendizagem de técnicas, programas e conhecimento sobre o funcionamento da máquina, do que articulados aos conteúdos das disciplinas como uma alternativa de ensino. Esse dado revela que a maneira como o computador tem sido usado não atende aos princípios e normas de aplicação defendidas pelos documentos educacionais como, por exemplo, DCNEM, 1998; DCNEB, 2010; PCN 5ª a 8ª; porque indicam que a ferramenta computacional deve ultrapassar a limitação do ensino de técnicas e inserir-se no contexto de ensino-aprendizagem. Isso deve acontecer porque para desenvolver um ensino articulado ao uso de computador várias mudanças e desafios teriam que ser encarados, não só pelas políticas públicas, mas pela própria escola, seus alunos e professores. De acordo com Evangelista (2008), essa realidade indica que são poucas as escolas que utilizam o computador com fins educativos, isto é, para desenvolver experiências, como a formulação de projetos e principalmente tarefas que atrelem sua utilização ao desenvolvimento e melhoria do currículo.

Fragilidade no processo e uso do computador

A fragilidade no uso do computador é um ponto que aparece no estudo, onde 36% dos alunos/as relataram que a experiência obtida na escola com essa ferramenta não contribuiu para atender as necessidades exigidas pelo curso universitário e 9% indicaram que a contribuição foi pouca, o que demonstra a fragilidade do ensino até mesmo da informática. Para enfrentar essa defasagem os alunos/as buscam por conta própria explorar e conhecer os programas computacionais, seja em casa, com a ajuda de amigos, entre familiares ou em cursos de computação.

Eduardo4: O que eu sei de computador aprendi em casa sozinho e as dúvidas tiravam com o meu pai e irmão.

Íris: Na realidade muito pouco ou nada, pois a hora da “aula de computação” era muito superficial e pouco lembro do que foi passado, lembro de explicações voltadas para o Print. A minha base de computação se deve a curso específico e minha prática quase que diária depois que ganhei meu primeiro computador, quando já estava no fundamental.

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Laura: Na verdade não me ajudou em nada, o que me auxiliou para ter, pelo menos, conhecimentos básicos de computador foi meu pai ter me colocado em um curso de informática e minha mãe ter comprado um computador em casa.

Esse dado indica que a escola tem que repensar sobre a forma como o computador está sendo utilizado, questionando a didática e o currículo, pois como mostra Marinho (2006) a escola e o currículo não tem conseguido acompanhar as mudanças sociais para atender os novos educandos que compõem esse espaço, apresentando uma práxis pedagógica e um cenário educacional que atenda a contemporaneidade. Rocha (2008) coloca que se deve reformular o currículo, construir novas metodologias e repensar o significado de aprendizagem.

O controle exercido através do computador

O computador se apresenta também como mecanismo de controle, para manter a ordem na sala de aula. De acordo com o aluno o computador na escola era usado apenas quando os alunos se comportavam, como forma de recompensar o bom comportamento.

Laura: [...] só usava quando os alunos se comportavam bem.

A fala de Laura indica o computador como um objeto para recompensar ou punir, através da negação do acesso, o comportamento do educando. Uma maneira de levar os alunos a obedecerem às regras. Castro (2006), em sua dissertação, diz que se o aluno ao saber que o seu comportamento é avaliado pelo docente e que isto implicará no resultado final, tende a permanecer de forma que o professor o avalie positivamente.

A resistência do uso pela escola

O computador para alguns alunos fizeram parte do contexto escolar, no entanto não foram utilizados. A Ângela compreende que o computador no espaço educacional funcionava como um cumprimento de protocolo, pois não era usado pelos professores e nem pelos alunos. O que mostra a precária do processo de inclusão.

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Ângela: Que a escola não fazia questão de ensinar tal matéria, os computadores só estavam lá para cumprir um protocolo.

Laura: [...] pois para mim a escola só tinha o computador como fachada.

Isso faz pensar que os computadores existem no espaço educacional para dizer que a escola vem se modernizando, estando a par das mudanças sociais ocasionadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Gomes (2002) afirma que a inserção do computador no ambiente escolar não é capaz de garantir situações inovadoras de aprendizagem. As ferramenta devem ser articuladas as proposta de ensino, oportunizando uma nova dinâmica no modo de ensinar e aprender, mas para isso é preciso inicialmente reconhecer que o computador pode contribuir para a elaboração de uma nova prática pedagógica se articulado a idéias inovadoras. Porém, as falas dos alunos(as) expõem que isso não acontece, a escola ainda demonstra resistência no uso do computador e com isso o negligencia.

Mônica: Porque a escola veria o uso do computador desnecessário para o ensino e aprendizagem dos alunos.

Fátima: Acredito que a escola não via que por meio do uso do computador, seria possível ensinar.

Rebeca: Talvez a escola não desse tanta importância ao uso do computador.

Marisa: A meu ver, poderia ser por vários motivos. Um deles pode ser pelo descaso da escola ou pela falta de profissionais.

O impasse citado deve acontecer pelas diferentes experiências que os sujeitos que constituem a escola possuem acerca do computador, Prensky (2001) apresenta dois públicos: os nativos digitais, aqueles que dominam a linguagem digital dos computadores, vídeos games e internet; e os imigrantes digitais, que são aqueles que não tiveram contato desde cedo com as tecnologias citadas anteriormente e buscam inserir-se na nova ordem tecnológica.

Número de computadores insuficientes e falta de manutenção

Repensar a quantidade de computadores instalados na escola e o número de discentes que esta atende foi sinalizado como algo indispensável, pois o número insuficiente deste recurso pode ser uma barreira para o uso e a falta de manutenção pode ser uma agravante. Observem os seguintes relatos:

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Priscila: Talvez porque não haveria recursos para manter ou profissionais para articular.

Eduardo: Imagina uma sala com 10 computadores para 30 alunos, sendo que somente 2 funcionavam. Como fazer? Tinha disciplina de informática, o que mais se usava era o quadro e caderno.

Elizabeth: Estudei em escolas que não tinham computadores suficientes para os alunos [...].

Partindo do questionamento feito pelo aluno Eduardo, diante da realidade citada pelo mesmo e por outros alunos, “Como fazer?”. É inviável colocar em prática uma proposta de trabalho sem infraestrutura, o que prejudica a principal proposta de inserção do computador na escola que é propiciar o acesso a esse instrumento. Outros estudos, como de Peres et al. (2001), mostra que essa realidade se faz presente também no campo universitário, o que faz pensar que é uma problemática que está para além da escola.

Problema organizacional

A escola, por conta da gestão, impossibilitava o acesso. As falas levantam o dever em refletir sobre esses problemas e estruturar propostas de mudanças.

Adélia: Isso não era legal, pois às vezes precisávamos fazer trabalho e não era permitido acessar os computadores, apenas com hora marcada (o que era impossível fazer).

Marina: A escola de ensino médio possuía um laboratório, entretanto nos quatro anos de formação apenas uma professora levou a turma uma única vez. A logística de organização não era eficiente os horários não contemplavam, os professores pediam trabalhos que precisavam de recursos da informática, mas não nos ofereciam o material que a escola possuía.

Rafael: Bem, na maioria das vezes, a “sala dos computadores” ficava trancada, impossibilitando dessa forma o ingresso dos professores e alunos, Isso acontecia porque a responsável pela chave só estava na escola em alguns dias da semana. Por incrível que possa parecer, sempre que precisamos usar os computadores a “dona da chave” não estava.

Esse dado vai ao encontro a pesquisa de Evangelista (2008), que se deparou com a situação do laboratório de informática estar sempre fechado, e isso ocorreria por vários motivos. Uma aluna informou o que poderia provocar essa ação:

Joice: Porque tinha um certo medo dos alunos estragarem o computador.

Esse ato impossibilita a democratização do acesso, dessa forma o objetivo em superar a exclusão digital fica estagnado. Apesar dos problemas e dificuldades para se ter acesso e usar o computador no âmbito escolar é importante apontar a necessidade dos alunos(as) do curso

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de Pedagogia, futuros educadores, em se apropriarem dessa ferramenta no seu percurso de formação universitária e pensar sobre o uso desse recurso no contexto de ensino-aprendizagem, estabelecendo uma relação da teoria com a prática. Para Mattos:

Os alunos e alunas dos cursos de Pedagogia podem e devem fazer uso da tecnologia como um aparato cultural a ser inserido no contexto do ensino/ aprendizagem para aumentar as chances daqueles que somente através da escola têm acesso a esses bens culturais. Ao mesmo tempo precisam, reflexivamente, se permitirem experimentar novos caminhos, inventar novos processos que oportunizem alunos e alunas menos privilegiados, academicamente, a tomarem maior proveito das tecnologias para melhorarem sua aprendizagem. (MATTOS, 2013, p.223)

As palavras de Mattos (2013) relacionada aos resultados da pesquisa faz pensar na necessidade dos futuros educadores se apropriarem dos recursos tecnológicos e traçar novas alternativas de ensino como forma de superar as dificuldade que estão presentes no cotidiano escolar e a sua própria limitação, evitando e reproduzir as situações que impossibilitam uma prática significativa.

Finalizo a colocação dos resultados obtidos com a fala do aluno Rafael, que expressa o seu ponto de vista mencionado o que realmente deve ser pensado para a utilização do computador na escola:

Rafael: A questão a se pensar de fato, não é a inserção de computadores, mas o uso que se faz deles. O docente pode utilizar os computadores de diversas maneiras. Para uma educação bancaria, onde se deposita conhecimento e avalia o rendimento, bem como para formar pessoas críticas e reflexivas, conscientes socialmente e incluídas, nessa Era Digital de maneira plena, não apenas como usuária do computador, porque não realizará mudança alguma na educação. O agente da mudança é o ser humano. A este respeito cabe ao professor mudar suas concepções educacionais e utilizar o computador como uma ferramenta transformadora, não mantedora.

Rafael é capaz de perceber aquilo que indivíduos inseridos no espaço escolar como, gestores, professores não percebem. A não utilização dos recursos tecnológicos que são investidos e direcionados a escola se mostra como uma problemática que precisa ser enfrentada.

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É fato que os computadores estão presentes nas escolas, e para aquelas que ainda não possuem deve-se cobrar ao governo a aquisição dessa ferramenta, mas a questão que este trabalho mostrou as contradições e paradoxo existentes na inserção das tecnologias digitais, no caso deste estudo o computador. Por isso, não basta apenas inseri-los nas escolas, é imprescindível discutir seus uso e contribuições à educação com aqueles que compõem o corpo escolar.

O discurso de melhoria e inovação que é proferido na construção dos projetos que colocam como meta o acesso às tecnologias digitais e fomenta as mudanças dos paradigmas educacionais, segundo as palavras dos alunos, não atingem o objetivo. Em concordância ao estudo de Velloso (2014) o que se vê em relação às tecnologias na educação é antigos discursos otimistas, ressignificado em novas propostas que estão imersas de mesmices, que se propõem a gerar uma inovação no ensino.

É importante que a escola analise os projetos e avalie com frequência a forma como fazem uso dos computadores, buscando superar os desafios existentes. Como pode ser visto esta pesquisa os alunos tem conhecimento e apontam diversos problemas que não podem ser deixados de lado. A escola, diante da sociedade contemporânea, tem que preparar o educando para lhe dar com as tecnologias digitais nas atividades trabalhistas e pessoais. Além do desafio de acompanhar o modo de pensar e aprender dos nativos digitais, pois de acordo com Prensky (2001, p.1) “os alunos de hoje pensam e processam as informações bem diferentes das gerações anteriores”, e garantir o acesso aqueles que por condição de pobreza encontram-se excluído da era digital, para que tenham através da escola a oportunidade do contato com as TICs.

Porém, os discursos mencionados e as relações com as tecnologias se divergiam de um público para o outro. Exigir uma nova postura dos imigrantes digitais que ultrapassarem suas dificuldades relacionadas à dinâmica que os nativos digitais cobram é um dos maiores desafios para a implantação e uso do computador na escola.

Entende-se que tanto o otimismo exacerbado, quanto o pessimismo inviabiliza os avanços no uso do computador na educação. Para que mudanças significativas aconteçam os professores têm que refletir sobre o seu papel; os espaços de formação destes profissionais devem dialogar e refletir sobre a realidade educacional, aproximando teoria e prática; levar em consideração o contexto social do educando, reconhecendo que as tecnologias digitais fazem parte do cotidiano dos alunos/as e que a escola não pode estar distante desta realidade.

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Esse trabalho contribuiu para pensar junto aos futuros educadores os problemas presentes na práxis, pois o primeiro ponto para a mudança é reconhecer as limitações existentes para planejar a interferência nessa situação. Oportunizar aos educandos um espaço de expressão, de colocação da sua voz mostra o quanto eles podem contribuir para repensar a situação atual do sistema educacional. Levando este a saírem do papel de receptores, para construtores do espaço a qual fazem parte. Portanto, o computador só contribuirá para a mudança do contexto educativo quando a escola mudar a forma de conceber a educação e de compreender como se dá o processo de aprendizagem dos alunos do século XXI.

REFERENCIAL

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