O EFEITO DA DISTORC¸ ˜AO DA MALHA PARA O M ´ETODO DOS ELEMENTOS FINITOS GENERALIZADOS
Phillipe Daniel Alves1; Fel´ıcio Bruzzi Barros1; Roque Luiz da Silva Pitangueira1
1Departamento de Engenharia de Estruturas DEEs - UFMG
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Resumo. O M´etodo dos Elementos Finitos (MEF) ´e atualmente a ferramenta num´erica mais amplamente empregada na mecˆanica computacional para resoluc¸˜ao de problemas de valor de contorno. Por outro lado, existem problemas em que a formulac¸˜ao convencional do MEF n˜ao consegue descrever de forma satisfat´oria o fenˆomeno analisado, despertanto o desenvolvi-mento de novas estrat´egias. A aplicac¸˜ao do MEF no estudo de placas, por exemplo, sugere uma constante preocupac¸˜ao com a distorc¸˜ao dos elementos. Tais distorc¸˜oes, causadas por motivos diversos, acabam, muitas vezes, comprometendo os resultados encontrados. ´E nesse contexto que surge o M´etodo dos Elementos Finitos Generalizados (MEFG), considerado produto de m´etodos sem malha, sua formulac¸˜ao garante relativa independˆencia da malha, possibilitando vantagem em problemas onde MEF convencional encontra problema na representac¸˜ao. Neste trabalho, busca-se apresentar a implementac¸˜ao do MEFG junto ao INSANE (INteractive Struc-tural ANalysis Environment), um ambiente computacional implementado em Programac¸˜ao Ori-entada a Objetos (POO) e desenvolvido no Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) da UFMG. Duas abordagens do MEFG s˜ao aqui consideradas, diferenciando-se na forma com que o enriquecimento da aproximac¸˜ao ´e realizado, ou seja, em coordenadas de naturais ou f´ısicas. As coordenadas de naturais s˜ao adimensionais sendo associadas ao elemento mestre, j´a as coordenadas f´ısicas descrevem o problema real. Mostra-se, nos exemplos num´ericos, de que forma estas duas abordagens influenciam na qualidade da discretizac¸˜ao. Para isso s˜ao comparados diversos tipos de elementos empregados na an´alise de estruturas (via MEF) e o elemento enriquecido (via MEFG nas duas abordagens aqui citadas). Prop˜oe-se identificar as vantagens do MEFG quando comparado `a abordagem convencional do MEF, em particular no que se refere `a distorc¸˜ao da malha de elementos e a influˆencia do mapeamento no resultado final.
Palavras-chave: MEF, MEFG, MEC ˆANICA COMPUTACIONAL, DISTORC¸ ˜AO DE ELEMEN-TOS, POO
1. INTRODUC¸ ˜AO
A utilizac¸˜ao de Elementos Finitos, ao longo dos tempos, tem se tornado bastante comum, e atualmente ´e a ferramenta num´erica mais amplamente empregada na Mecˆanica Computa-cional, sendo utilizado na resoluc¸˜ao de grande classes de problemas como os de an´alises estru-turais, mecˆanica dos fluidos e eletromagnetismo. Por outro lado, a melhoria do desempenho dos elementos finitos quadril´ateros tem sido, nos ´ultimos anos, objeto de importantes estudos e dis-cuss˜oes. De fato, a aplicac¸˜ao do MEF, especialmente no estudo de placas, sugere uma constante preocupac¸˜ao com a distorc¸˜ao dos elementos nas suas mais diferentes etapas. Tais distorc¸˜oes, causadas por motivos diversos, acabam, muitas vezes, comprometendo os resultados encontra-dos.
Assim, apesar da enorme contribuic¸˜ao do M´etodo dos Elementos Finitos (MEF) para en-genharia, existem problemas em que a formulac¸˜ao convencional n˜ao consegue descrever de forma satisfat´oria as caracter´ısticas de um determinado fenˆomeno, despertando o desenvolvi-mento de novas estrat´egias para a descric¸˜ao num´erica do problema. ´E nesse contexto que surge o M´etodo dos Elementos Finitos Generalizados (MEFG), Duarte et al. (2000). O MEFG ´e formulado de tal forma que a simulac¸˜ao num´erica garanta uma certa independˆencia da malha de elementos. Torna-se, assim, uma alternativa ao MEF, na medida que possibilita a an´alise de problemas que, com o MEF, exigiriam diversos remalhamentos, sem grandes perturbac¸˜oes na discretizac¸˜ao do dom´ınio. Apesar de seus fundamentos te´oricos estarem bem estabele-cidos e dos in´umeros trabalhos realizados, existe ainda uma extensa ´area de pesquisa e de experimentac¸˜ao num´erica a ser desbravada.
Neste sentido, a proposta deste trabalho ´e identificar vantagens do MEFG quando com-parado `a abordagem convencional do MEF, em particular no que se refere `a influˆencia da distorc¸˜ao da malha de elementos. tais vantagens, quando n˜ao eliminam, s˜ao capazes de minorar os efeitos negativos da forma dos elementos que, muitas vezes, compromete significativamente a qualidade da soluc¸˜ao num´erica encontrada. Para isso foi necess´aria implementac¸˜ao computa-cional do MEFG em ambiente INSANE. O projeto INSANE (INteractive Structural ANalysis Environment) ´e um ambiente computacional desenvolvido no Departamento de Engenharia de Estruturas da Universidade Federal de Minas Gerais, implementado em Java e que utiliza o paradigma da programac¸˜ao orientada a objetos (POO).
2. O EFEITO DA DISTORC¸ ˜AO E AS FAM´ILIAS DE ELEMENTOS
´
E fato que elementos distorcidos acabam modificando a capacidade original de representa-c¸˜ao do fenˆomeno a ser aproximado, prejudicando consideravelmente os resultados obtidos da an´alise. Assim, essa incapacidade de representac¸˜ao do campo de deslocamentos acaba ocasio-nando, muitas vezes, em erros de interpretac¸˜ao dos resultados por parte do usu´ario pouco atento ao assunto. Segundo Lee and Bathe (1993), existem alguns tipos de distorc¸˜ao de elementos, que podem ser classificadas como: retangular, paralelogramo e angular.
Atrav´es de an´alises encontradas na literatura, entre os quais destaca-se o trabalho de Lee and Bathe (1993), verifica-se que nas distorc¸˜oes retangular e em paralelogramo a matriz ja-cobiana ´e constante, mas, de maneira geral, nas demais formas distorcidas, n˜ao se tem nas coordenadas f´ısicas a mesma expans˜ao polinomial adotada no elemento mestre com as coor-dendas naturais. Observa-se que distorc¸˜oes angulares n˜ao afetam as representac¸˜oes quadr´aticas e c´ubica dos correspondentes elementos Lagrange, enquanto nos elementos Serend´ıpetos tem-se apenas a representac¸˜ao do campo linear, conforme pode ser visualizado na Tabela 1, modificada de Lee and Bathe (1993).
Tabela 1: Termos conservados na expans˜ao polinomial em elementos distorcidos
3. O M ´ETODO DOS ELEMENTOS FINITOS GENERALIZADOS
O M´etodo dos Elementos Finitos Generalizados (MEFG), pode ser entendido como uma variac¸˜ao do M´etodo dos Elementos Finitos (MEF) convencional. O MEFG compartilha impor-tantes caracter´ısticas dos m´etodos sem malha, em que as aproximac¸˜oes s˜ao constru´ıdas sem que uma malha de elementos seja necess´aria. As func¸˜oes de aproximac¸˜ao do MEFG, atreladas aos pontos nodais, s˜ao enriquecidas de modo semelhante ao que ocorre no M´etodo das Nuvens-hp, proposto por Duarte and Oden (1995). Diferentemente deste ´ultimo, contudo, em que o os pon-tos formadores das nuvens podem ser distribu´ıdos de forma aleat´oria, emprega-se no MEFG a malha de elementos para o posicionamento dos pontos nodais. A utilizac¸˜ao de func¸˜oes de Partic¸˜ao de Unidade (PU), sobre uma malha de elementos, e o enriquecimento destas func¸˜oes, faz com que o MEFG seja interpretado como uma forma n˜ao-convencional do MEF, que esta-belece uma ponte com os m´etodos sem malha.
3.1 Formulac¸˜ao
A estrat´egia utilizada no MEFG consiste em empregar as func¸˜oes de forma Lagrangianas lineares do M´etodo dos Elementos Finitos (MEF) como Partic¸˜ao da Unidade (PU). Logo em seguida ´e feito o enriquecimento dessas func¸˜oes, construindo-se, assim, a func¸˜ao de aproxima-c¸˜ao. O emprego das func¸˜oes convencionais de MEF, al´em de facilitar a aplicac¸˜ao do m´etodo, garante estabilidade ao sistema, verificando diretamente as condic¸˜oes de contorno, ao contr´ario do que normalmente ocorre no M´etodo das Nuvens-hp, Barros (2002).
Assim, considera-se uma malha convencional de elementos finitos definida a partir de um conjunto de n pontos nodais {xj}nj=1, conforme pode ser visto na Figura 1. Define-se ent˜ao
a regi˜ao ou nuvem ωj, formada por todos os elementos que concorrem no ponto nodal xj. O
conjunto das func¸˜oes interpoladoras de Lagrange associadas ao n´o xj obtidas atrav´es do MEF
define a func¸˜ao Nj, cujo suporte corresponde `a regi˜ao ωj, que est´a representada na Figura 1
como regi˜ao de Partic¸˜ao de Unidade (PU). J´a o conjunto de func¸˜oes de enriquecimento, que s˜ao espec´ıficas para um determinado tipo de problema, ´e composto por qj func¸˜oes linearmente
independentes definidas para cada n´o xj com suportes na nuvem ωj:
Ij
def
Ao final do processo, atrav´es de uni˜ao das func¸˜oes b´asicas que formam a PU com as func¸˜oes de enriquecimento, ´e poss´ıvel obter as func¸˜oes de forma φj do MEFG atreladas ao n´o xj:
{φji} qj
i=0= Nj × {1, Lj1, Lj2, . . . , Ljqj} sendo Lj0 = 1 (2)
As func¸˜oes do conjunto (1) podem ser polinomiais ou n˜ao, sendo selecionadas conforme o tipo de problema que se est´a analisando. Pela maneira como ´e realizado, o enriquecimento pode variar entre elementos e ainda assim chega-se a uma aproximac¸˜ao sem “costura”, Duarte et al. (2000), verificando o crit´erio de conformidade dos elementos. Al´em disso, o emprego das func¸˜oes do MEF para a PU simplifica a implementac¸˜ao e evita, segundo Barros (2002), problemas relacionados `a integrac¸˜ao num´erica e `a imposic¸˜ao das condic¸˜oes de contorno, en-contrados em diversas formulac¸˜oes sem malha. A aproximac¸˜ao ˜u(x) ´e, dessa maneira, obtida pela seguinte combinac¸˜ao linear das func¸˜oes de forma, em que bjis˜ao novos parˆametros nodais
em correspondˆencia a cada componente NjLji. :
˜ u(x) = N X j=1 Nj(x) ( uj + qj X i=1 Lji(x)bji ) (3)
Figura 1: Descric¸˜ao das func¸˜oes de MEFG em R2, (Barros, 2002)
Assim, como resultado final do processo, obt´em-se a func¸˜ao produto, que apresenta as caracter´ısticas aproximadoras da func¸˜ao de aproximac¸˜ao local, ao mesmo tempo que herda o suporte compacto da PU.
˜ u(x) = N X j=1 Nj(x) ( uj+ qj X i=1 Lji(x)bji ) ⇒ ˜u = ΦTU (4)
4. IMPLEMENTAC¸ ˜AO EM AMBIENTE INSANE
O projeto INSANE (INteractive Structural ANalysis Environment), (Fonseca, 2007) ´e um ambiente computacional desenvolvido no Departamento de Engenharia de Estruturas da Univer-sidade Federal de Minas Gerais. O INSANE ´e implementado em Java e utiliza o paradigma da programac¸˜ao orientada a objetos (POO). Em linhas gerais, ele pode ser dividido em trˆes grandes aplicac¸˜oes: pr´e-processador, processador e p´os-processador. O processador ´e a aplicac¸˜ao mais importante deste ambiente e representa o sistema do n´ucleo num´erico, que ´e respons´avel por obter os resultados para diferentes modelos de an´alise.
A estrutura do n´ucleo num´erico desenvolvido para o MEFG ´e formada por interfaces e classes abstratas que representam as diversas abstrac¸˜oes de uma resoluc¸˜ao num´erica de modelos discretos. Sua organizac¸˜ao, quando refere-se ao MEFG, ´e centrada nas relac¸˜oes entre as inter-faces GfemAssembler, GfemModel e Persistence, al´em da classe abstrata Solution. A interface GfemAssembler ´e a respons´avel por montar o sistema matricial, incluindo a parte enriquecida do processo.
4.1 Interface Shape
No projeto INSANE original, as func¸˜oes de aproximac¸˜ao est˜ao agrupadas na hierarquia da interface Shape, que possui m´etodos respons´aveis por fornecer as func¸˜oes de forma, suas primeiras e segundas derivadas. A hierarquia ´e dividida segundo: sistema de coordenadas uti-lizado, geometria dos elementos finitos e n´umero de n´os na incidˆencia dos elementos. Na Figura 2 isola-se as classes que foram modificadas dentro da interface Shape. As classes em amarelo representam aquelas que foram modificadas, enquanto as classes em verde representam aquelas que foram criadas.
Figura 2: UML das classes modificadas do pacote Shape
Para o desenvolvimento do MEFG neste ambiente, a construc¸˜ao do enriquecimento em elementos isoparam´etricos de 4 lados, foi desenvolvida a classe denominada Q4Enrich. Atrav´es da informac¸˜ao da vari´avel “grau de enriquecimento” a classe ´e capaz de interpretar as func¸˜oes de aproximac¸˜ao que regem o problema, forncecendo seus dados para an´alise enriquecida. 4.2 Interface GfemAssembler
Para inclus˜ao da abordagem do MFEG a interface Assembler foi implementada pela classe GFemAssembler que ´e apropriada aos diversos tipos de problemas que podem ser modela-dos atrav´es do MEFG. ´E importante ainda citar o m´etodo numberEquations(), que numera as equac¸˜oes do modelo, organizando-as segundo o crit´erio de valores desconhecidos, prescritos ou como elementos que fazem parte do enriquecimento.
4.3 Interface GfemModel
O modelo discreto a ser analisado ´e representado pela interface GfemModel que representa de forma geral as caracter´ısticas espec´ıficas do modelo. GFemModel possui lista de n´os, ele-mentos, carregamento, materiais e outras caracter´ısticas do problema. Tem ainda dois atributos: AnalysisModel e ProblemDriver.
4.4 Classe Abstrata Solution
Com a equac¸˜ao do problema montada, fica a cargo da classe Solution, resolvˆe-la. Seu principal m´etodo ´e denominado execute() e ´e ele quem desencadeia todo o processo de soluc¸˜ao. A classe SteadyState ´e a mais simples das subclasses de Solution, pois representa a soluc¸˜ao de um problema linear est´atico. Para a resoluc¸˜ao da equac¸˜ao do problema de MEFG, foram utilizadas implementac¸˜oes baseadas nos trabalhos de Silva et al. (2009).
5. EXEMPLO NUM ´ERICO
Neste artigo, ser´a apresentada simulac¸˜ao num´erica de um problema de viga, cujas soluc¸˜oes anal´ıticas j´a s˜ao conhecidas. Esta simulac¸˜ao possui a finalidade de estudar a influˆencia das distorc¸˜oes da malha para o M´etodo dos Elementos Finitos (MEF) convencional e o M´etodo dos Elementos Finitos Generalizados (MEFG). O problema proposto foi modelado utilizando o programa INSANE, atrav´es da nova implementac¸˜ao do MEFG.
O objetivo principal deste exemplo ´e estabelecer um comparativo entre os elementos Q-12 e Q-16 (elementos quadrilaterais de, respectivamente, 12 e 16 n´os), utilizando a teoria cl´assica do MEF (resultados de Lee and Bathe (1993)), e o elemento Q-4 enriquecido utilizando a teoria do MEFG. A simulac¸˜ao foi feita utilizando tanto o enriquecimento nas coordenadas naturais (tendo o INSANE como instrumento de an´alise), quanto nas coordenadas f´ısicas (obtidas de Barros (2002)). Atrav´es deste problema ´e poss´ıvel ter uma ideia do desempenho do MEFG para resoluc¸˜ao de problemas de elementos finitos em que a malha tenha sofrido consider´avel distorc¸˜ao.
5.1 Problema de viga
A Figura 3 corresponde ao problema de uma viga submetida a uma forc¸a fy aplicada em
sua extremidade, como uma carga distribu´ıda do tipo parab´olica. As reac¸˜oes de apoio est˜ao aplicadas na face x = 0 atrav´es de uma forc¸a −fy e um momento M representado aqui por uma
distribuic¸˜ao de forc¸a fx. Isto ´e feito para que o problema simule a condic¸˜ao de viga engastada.
A estrutura encontra-se, portanto, auto-equilibrada e os v´ınculos introduzidos servem apenas para eliminar os movimentos de corpo r´ıgido.
Figura 3: Problema de viga a ser resolvido
Os valores utilizados na resoluc¸˜ao do problema de estado plano de tens˜ao s˜ao os seguintes, em unidades consistentes: M´odulo de Elasticidade E = 1, 0 × 107; Coeficiente de Poison ν = 0, 3; Espessura t = 1, 0; P = 20cL2 distribu´ıdo como fy = 120yL − 120y
2
cL e M = 20c
2
distribu´ıdo como fx = 240yc − 120.
Para as geometrias utilizadas na resoluc¸˜ao do problema, diversos tipos de malha s˜ao pro-postas, como podem ser visto nas Figuras 4.
Para que somente os efeitos da distorc¸˜ao sejam considerados, a aproximac¸˜ao adotada para o MEFG deve ser capaz de representar, para uma malha regular, exatamente as soluc¸˜oes anal´ıticas
Figura 4: Descric¸˜ao das malhas utilizadas na resoluc¸˜ao do problema
do problema. Para isso, a Partic¸˜ao de Unidade (PU) definida pelas func¸˜oes Lagrangianas de ordem 1 ´e enriquecida, de maneira que a func¸˜ao de forma seja capaz de representar exatamente polinˆomios completos do terceiro grau.
Tabela 2: Resultados comparativos (soluc¸˜ao anal´ıtica uy = 8, 046E − 03)
Ser. 12 n´os Lag. 16 n´os MEFG local MEFG global Malha
NGL uy NGL uy NGL uy NGL uy
I 24 8,046E-03 32 8,046E-03 40 8,046E-03 40 8,046E-03 II 40 3,444E-03 56 8,046E-03 60 4,052E-03 60 8,046E-03 III 64 0,585E-03 104 8,046E-03 80 2,011E-03 80 8,046E-03
Os resultados que est˜ao representados na Tabela 2 mostram que a aproximac¸˜ao do problema atrav´es do M´etodo dos Elementos Finitos Generalizados (MEFG), utilizando as aproximac¸˜oes enriquecidas com func¸˜oes em coordendas f´ısicas (MEFG global), consegue descrever de forma adequada o comportamento da viga. Assim como no MEF com interpolac¸˜ao Lagrangiana, a simulac¸˜ao atrav´es do MEFG n˜ao tem seu desempenho comprometido, conseguindo reproduzir exatamente a soluc¸˜ao anal´ıtica.
Conforme foi visto na Tabela 1, os elementos Serend´ıpetos com 12 n´os, ao apresentarem distorc¸˜ao angular, deixam de representar exatamente os polinˆomios completos de grau 3, res-trigindo-se apenas aos polinˆomios lineares. A dimens˜ao do espac¸o definido atrav´es das inter-polac¸˜oes Lagrangianas acaba sendo bem superior ao espac¸o Serend´ıpeto. Assim, a penalizac¸˜ao devido `a distorc¸˜ao angular n˜ao chega a impedir que as aproximac¸˜oes sejam capazes de repre-sentar exatamente polinˆomios completos at´e terceiro grau. Dessa maneira, pode-se explicar a diferenc¸a de resultados obtidos para as duas formas de aproximac¸˜ao do MEF.
Na an´alise via MEFG, foram encontrados dois resultados distintos. Os resultados obti-dos com enriquecimento nas coordenadas f´ısicas, para as malhas I, II e III foram exatos. J´a a an´alise com enriquecimento nas coordenadas naturais apresentou resultados satisfat´orios ape-nas para o elemento n˜ao distorcido. Isto se deve `a penalizac¸˜ao da capacidade de representac¸˜ao de polinˆomios completos de ordem 3, que ´e induzida pelo mapeamento entre as coordenadas naturais, na qual o enriquecimento ´e definido, e as coordendas f´ısicas, no qual o problema ´e resolvido. Ilustra-se, assim, por meio deste exemplo, a importˆancia de se construir o enriqueci-mento nas coordenadas f´ısicas do problema, caso se pretenda utilizar uma formulac¸˜ao com certa independˆencia da malha.
6. CONSIDERAC¸ ˜OES FINAIS
Neste trabalho foi feito um estudo da utilizac¸˜ao do M´etodo dos Elementos Finitos (MEF) e do M´etodo dos Elementos Finitos Generalizados (MEFG) em an´alise de problemas que apresen-tam distorc¸˜ao nos elementos. Atrav´es da an´alise num´erica do problema proposto, foi poss´ıvel identificar que o MEFG de enriquecimento global n˜ao ´e penalizado pela distorc¸˜ao dos ele-mentos, assim como o que ocorre no MEF com interpolac¸˜ao Lagrangiana. Por outro lado, do ponto de vista da flexibilidade/implementac¸˜ao do enriquecimento polinomial da soluc¸˜ao aproximada, o MEFG apresenta-se vantajoso com relac¸˜ao ao MEF. Isso deve-se ao fato de que o enriquecimento ´e associado aos n´os e n˜ao mais aos elementos, contornando problemas de conformidade da aproximac¸˜ao vari´avel ao longo da malha. Ao final, validou-se, atrav´es de exemplos num´ericos, a implementac¸˜ao do MEFG na plataforma INSANE, al´em de se realizar comparac¸˜oes entre os dois m´etodos envolvidos nesse trabalho.
Conclui-se, por fim, que atrav´es do estudo, implementac¸˜ao e testes num´ericos, ´e poss´ıvel demonstrar alguns detalhes importantes da formulac¸˜ao do MEFG na an´alise de problemas que apresentam elementos distorcidos. Assim, elucida-se melhor o problema da distorc¸˜ao da malha e como ele pode interferir na qualidade da aproximac¸˜ao num´erica do MEFG. A implementac¸˜ao do MEFG na plataforma INSANE, por sua vez, teve o sucesso planejado, comprovando-se a flexibilidade deste ambiente computacional. Os experimentos num´ericos permitiram identificar a influˆencia da distorc¸˜ao da malha e mostrou-se a importˆancia de se fazer o enriquecimento nas coordendas f´ısicas.
Agradecimentos
Os autores agradecem o apoio da Fundac¸˜ao de Amparo `a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e o Conselho Nacional de Desenvolv. Cient´ıfico e Tecnol´ogico (CNPq).
7. BIBLIOGRAFIA
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Lee, N. S. & Bathe, K. J., 1993. Effects of element distortions on the performance of isopara-metric elements. International Journal for Numerical Methods in Engineering, vol. 36, pp. 3553–3576.
Silva, F. F. A., Santos, A. L., Barros, F. B., & Pitangueira, R. L., 2009. Detalhes da implementac¸˜ao do m´etodo dos elementos finitos generalizados em ambiente de programac¸˜ao orientada a objetos - matriz de rigidez semi-definida positiva. CILAMCE 2009.
8. DIREITOS AUTORAIS