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Comunicação UM FLASH NA NATUREZA: PROJETO PEDAGÓGICO EM ARTES VISUAIS

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Comunicação

UM FLASH NA NATUREZA: PROJETO PEDAGÓGICO EM ARTES VISUAIS

NUNES, Luciana Borre1

Palavras-chave: fotografia, séries iniciais, projeto pedagógico.

INTRODUÇÃO

Neste artigo procuro refletir sobre o ensino e a aprendizagem das artes visuais nas Séries Iniciais como uma área importante para o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo dos alunos. Junto às reflexões relato as atividades desenvolvidas durante o projeto Um flash na natureza, desenvolvido no 1º trimestre do ano de 2007, com alunos da 3ª série do Ensino Fundamental. Este se insere na área das Artes Visuais – fotografia – e apresenta importantes articulações com outras áreas do conhecimento, como História, Geografia, Matemática e Português.

Desta maneira, apresentarei o projeto e suas justificativas, depois destacarei os objetivos específicos para a área das Artes Visuais. Relatarei as principais atividades realizadas durante o projeto com seus princípios teóricos e, por fim, as considerações sobre o processo de avaliação no ensino das Artes.

Temática proposta para a realização do projeto

Este projeto pressupôs o desenvolvimento de atividades ligadas à área das artes visuais - fotografia - e a concomitante articulação com outras áreas do conhecimento (Português, Matemática, Ciências, História e Geografia), caracterizando uma perspectiva interdisciplinar.

Para tal, foram desenvolvidas atividades relacionadas ao estudo de uma temática com grande enfoque nos meios de comunicação: a situação de

destruição da natureza e a Amazônia. Isto proporcionou o desenvolvimento de

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diversas atividades, sendo que a principal foi uma exposição de fotos sobre a natureza organizada pelas crianças. As demais propostas foram: pesquisas, produções textuais, leitura de imagens, produção de pintura, desenho, hora do conto, apresentação teatral, confecção de papel reciclado e a organização de uma panfletagem na comunidade com dicas para a preservação da natureza.

Justifico este projeto pedagógico a partir de três perspectivas: a primeira se refere a relevância de discussões sobre a prática educativa desenvolvida nas escolas na área das expressões artísticas, considerando que esta pode contribuir significativamente para a formação de sujeitos criativos.

A segunda se refere a constatação que a vida social está se transformando radicalmente, através das novas tecnologias e das novas maneiras de se ver e de se perceber o mundo. As imagens dominam o cenário social. Na atualidade as imagens apresentam tanto valor quanto a leitura das palavras. Uma imagem tem muito a relatar e a ser interpretada, pois carrega consigo inúmeras mensagens. Desta forma, a instituição escolar também deve ser reconfigurada para atender às novas necessidades apresentadas pelo contexto social.

O terceiro ponto que justifica o desenvolvimento deste projeto está na necessidade de se conhecer melhor o ambiente no qual vivemos: sua história, com fatos que já aconteceram, que estão acontecendo, sua paisagem e o resultado da ação do trabalho das pessoas. Por isso o tema da preservação da natureza surge com muita força neste projeto. As transformações climáticas que estão acontecendo viraram notícias constantes entre a sociedade e já não devem ficar fora das discussões em sala de aula. Esse conjunto de conhecimentos irão nos ajudar a compreender uma realidade maior e a entender que todos nós fazemos parte da construção do amanhã e que hoje necessitamos praticar mudanças comportamentais urgentes para que a situação da destruição da natureza seja amenizada.

Objetivos específicos para a área de artes visuais

Os seguintes objetivos basearam o desenvolvimento deste projeto:

1- Apreensão de que existem inúmeras formas de expressão que também estão repletas de significados, pensamentos e sentimentos;

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2- Desenvolvimento da sensibilidade na busca de novos olhares sociais, tornando-se capaz de assimilar o meio visual e plástico em que vive com uma atitude reflexiva e critica;

3- Compreensão e análise de imagens;

4- Promoção da liberdade de imaginação, incentivando o poder de criação e de recriação;

5- Ampliação da percepção de representações plásticas e da expressão de sentimentos e de idéias;

6- Desmistificação de que a arte representa somente um dom e que pode ser praticada apenas por uma minoria de nossa sociedade;

7- Ampliação de conhecimentos na área visual e da bagagem cultural; 8- Promover a busca de informações em diferentes fontes para obtenção de respostas;

9- Desenvolver a verbalização de suas aprendizagens, reflexões, dúvidas e questionamentos e a registrar de maneira clara suas aprendizagens;

10- Promoção de interpretações criativas, críticas e reflexivas perante a compreensão de obras artísticas.

Principais atividades desenvolvidas e suas reflexões

Algumas obras de autores ligados à área da arte-educação foram lidas e discutidas pelas professoras que desenvolveram este projeto, a fim de qualificar a argumentação da relevância de trabalhos que evidenciem o desenvolvimento da criatividade e da imaginação. As principais autoras escolhidas para nortear o projeto foram: Analice Dutra Pillar, Regina Leite Garcia e Fernando Hernandez.

Estes autores em conjunto com as discussões traçadas no decorrer do projeto possibilitaram um novo olhar sobre o ensino das artes na escola. Um destes aspectos se refere à reflexão de que arte não é simplesmente um espaço, entre as demais áreas do conhecimento, para se “relaxar” ou para “distrair” os alunos quando estes concluem as tarefas. O momento de se fazer arte na escola é único para a formação dos alunos e acaba por envolver o desenvolvimento de diversas habilidades cognitivas, afetivas e sociais.

Foi necessário pensar a área das artes como expressão da competência humana em fazer-se criativo, em aprimorar sistemas de linguagens como a

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comunicação. Um dos objetivos do projeto era que os alunos desenvolvessem habilidades de oralização de suas idéias a partir de suas vivências com a fotografia. Uma imagem (foto) produzida por eles tornou-se um material rico para a ampliação da comunicação oral e escrita, já que eles deveriam relatar e registrar suas intenções. Mason (1999, p. 9) traz importante contribuição dizendo que “arte envolve todas as coisas feitas pelo ser humano, motivados pela tentativa de enriquecer a mensagem”.

O trabalho com a criatividade e com a imaginação dos alunos (e também das professoras) tornou-se essencial para a busca de diferentes linguagens na sala de aula. Os envolvidos no processo acabaram por perceber que podemos nos expressar de várias formas, e uma delas foi a fotografia. Garcia (2000, p.12) cita Einstein para argumentar sobre a relevância no trabalho com a criatividade pela escola: “...a imaginação é mais importante que o conhecimento, pois o conhecimento é limitado, enquanto a imaginação pode abranger tudo o que existe no mundo, incentiva o progresso, é fonte de evolução e, no sentido estrito, é fator real de investigação científica.”

Richter (2002, p. 40) defende que as diversas linguagens artísticas (teatro, música, dança e artes visuais) devem estar presentes no trabalho pedagógico para o desenvolvimento da imaginação desde os primeiros anos de escolarização: “A imaginação é a poderosa ferramenta que ao sustentar o sentir, sustenta o raciocínio e, por ambos, cria o sonho. Além de permitir a construção de um imaginário social, constituído em sua cultura e tempo histórico”.

Acredito que os projetos propostos em sala de aula devem despertar nos alunos e nos professores a curiosidade, a constante inquietação em aprender mais sobre o assunto e o entusiasmo em seu relato. O entusiasmo pelo assunto possibilita sustentabilidade de argumentação, intensidade no trabalho e acuidade para transpor possíveis barreiras ou dificuldades no percurso. Oliveira (2000, p. 127) faz-se presente nesta discussão dizendo:

“Sentir-se envolvido, provocado e apaixonado pela temática cultural é fundamental, não somente para aqueles aos quais o planejamento é destinado, como é vital para o professor. Nesse caso o professor aprendiz, estando envolvido com seu tema cultural, não se sentirá tentado a abandoná-lo na primeira dificuldade.” OLIVEIRA (2000, p. 127)

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A escolha pelo trabalho específico nas artes visuais - fotografia - diz respeito a necessidade de apresentar uma nova forma de expressão para os alunos vinculadas a uma temática social (meio ambiente). Uma forma de expressão que possa ser facilmente percebida tanto pelos alunos quanto por todos os demais que estão envolvidos, como familiares e professores. Yolanda (2000, p. 77) diz que “o trabalho de artes visuais está presente como necessidade natural de expressão, resultado sempre de uma percepção do ambiente”.

A leitura de imagem foi uma das fontes de atividades neste projeto. Os alunos começaram a perceber possíveis textos e mensagens nas fotografias a partir de um olhar mais atento, das discussões com os colegas e do conhecimento do contexto da imagem. Eles também foram motivados a também serem fotógrafos capazes de produzir e/ou registrar uma imagem repleta de significados. Desta maneira, ler uma imagem para que a partir dela possam ser elaboradas novas criações tornou-se importante neste projeto. Pillar (2001, p. 15) contribui ao dizer que:

“Ler uma obra seria, então, perceber, compreender, interpretar a trama de cores, texturas, volumes, formas, linhas que constituem uma imagem. Perceber objetivamente os elementos presentes na imagem, sua temática, sua estrutura. No entanto, tal imagem foi

produzida por um sujeito nem determinado contexto, numa

determinada época, segundo sua visão de mundo. E esta leitura, esta percepção, esta compreensão, esta atribuição de significados vai ser feita por um sujeito que tem uma história de vida, em que objetividade e subjetividade organizam sua forma de apreensão e apropriação do mundo.” (PILLAR, 2001, P. 15)

E ainda, a diversidade de interpretações proporciona o respeito a diferentes olhares sobre uma mesma imagem e a oportunidade de criações baseadas ou inspiradas nos demais. As discussões traçadas proporcionaram a compreensão de que, na atualidade, a arte é expressão das diferentes linguagens existentes em nosso contexto.

O contexto de nossa sociedade, na qual a destruição da natureza torna-se tema cada vez mais latente, proporcionou nas educadoras envolvidas com o projeto a discussão sobre a necessidade de discutir sobre este assunto com as crianças. Refletimos que a instituição escolar não pode ficar fora daquilo que outros âmbitos sociais apresentam, pois a todo momento a natureza é debatida nos jornais, programas televisivos e conversas informais. Por isso a utilização desta temática

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enriqueceu o trabalho com a fotografia por ser um assunto atraente e atual aos alunos. Hernandez (2000, p. 34) é um autor que defende esta proposta ao dizer que:

“Daí a necessidade de não perdermos de vista que as práticas educativas respondem a movimentos sociais e culturais que vão além dos muros da escola, que as práticas do ensino da arte (também das que consideramos próximas e favorecedoras de uma compreensão da cultura visual) constituem reflexos de problemáticas na sociedade, na arte, na educação.” (HERNANDEZ, 2000, p. 34)

As atividades propostas durante o projeto estavam vinculadas ao tema da preservação da natureza e especificamente sobre estudos relacionados a Amazônia. Cito algumas destas atividades:

(1) Pesquisa sobre a Amazônia: Realizada com a família e compartilhada com os colegas e com a professora;

(2) Estudo e pintura sobre os vegetais para a compreensão de sua importância para o equilíbrio do meio ambiente;

(3) Organização da peça teatral “A vida em nossas mãos” apresentada para a comunidade escolar. Esta mostra a história de uma menina que resolve ajudar a natureza contra a destruição do homem;

(4) Produção de papel reciclado em sala de aula para fazermos cartões com dicas de preservação da natureza;

(5) Panfletagem ecológica: Todas as crianças foram até um supermercado local para realizarmos uma panfletagem dando dicas de preservação da natureza para a comunidade;

(6) Exposição de fotos. Cada criança tirou uma foto sobre a situação de destruição da natureza e uma foto sobre as belezas da natureza. Estas foram ampliadas e expostas em uma exposição para a comunidade escolar.

O processo de avaliação

O processo de avaliação é ponto importante neste projeto, pois buscou constatar as aprendizagens e as necessidades apresentadas pelos alunos. Registros escritos, observações diárias, trabalhos individuais e em grupos representam os instrumentos avaliativos utilizados pelas professoras no decorrer do projeto.

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Também foram produzidos portfólios, nos quais os alunos puderam organizar e deixar registradas suas aprendizagens no decorrer das atividades propostas. O portfólio foi composto por suas produções escritas, fotos, imagens buscadas em diferentes meios, pinturas e outras contribuições. Hernandez (2000, 165) apresenta importante contribuição ao dizer que este instrumento se consolida como importante ferramenta de aprendizagem: “A função do portfólio se apresenta assim como facilitadora da reconstrução e reelaboração, por parte de cada estudante, de seu processo ao longo de um curso ou de um período de ensino.”

Palavras finais

Durante o desenvolvimento deste projeto constatei aprendizagens significativas nos alunos através de suas falas, escritas e gestos. Seus olhares e suas percepções sobre as artes visuais puderam ser ressignificadas através da compreensão que existem diversas formas de expressão. Trabalhar com a imaginação proporcionou escritas diferenciadas e o prazer pela busca de novas aprendizagens. Os alunos perceberam-se criativos e suas potencialidades artísticas se ampliaram através do trabalho com fotos. Eles também vivenciaram experiências importantes ao descobrirem-se responsáveis pela preservação da natureza. As professoras puderam questionar seus trabalhos com as artes visuais na escola e suas reflexões ampliaram-se para melhor atender ao que as crianças da contemporaneidade necessitam.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de

trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000.

GARCIA, Regina Leite. Múltiplas linguagens na vida - porque não múltiplas linguagens na escola? In: Garcia, Regina Leite (org). Múltiplas linguagens na

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MASON. Rachel. Arte educação multicultural e reforma global. In: Pro-posições: Revista Quadrimestral. Faculdade de Educação Unicamp. Vol.10, nº3, novembro/1999.

OLIVEIRA, Helenara. de. Planejamento: uma prática articulada com o tema cultural. In: Estudos sociais: outros saberes e outros sabores. Porto Alegre: Mediação, 2000.

PILLAR, Analice Dutra. A Educação do Olhar no Ensino das Artes. Porto Alegre: Mediação, 2001.

RICHTER, Sandra. Manchando e narrando: o prazer visual de jogar com as cores. In: Cunha, Susana Rangel Vieira (Org.). Cor, som e movimento: a expressão plástica, musical e dramática no cotidiano da criança. Porto Alegre: Mediação, 2002.

YOLANDA, Regina. Artes Visuais na escola . In: Garcia, Regina Leite (org).

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