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CAMILA M PASQUAL CURCEP DISCIPLINA: LITERATURA ELES NÃO USAM BLACK-TIE, DE GIANFRANCESCO GUARNIERI.

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CAMILA M PASQUAL CURCEP

DISCIPLINA: LITERATURA

ELES NÃO USAM BLACK-TIE, DE GIANFRANCESCO GUARNIERI. O AUTOR

Guarnieri nasceu em Milão, Itália(1934). Seus pais, o maestro Edoardo Guarnieri e harpista Elsa Martinenghi, decidiram vir para o Brasil em 1936 e se estabeleceram no Rio de Janeiro; no início dos anos 1950 a família se mudou para São Paulo. Líder estudantil desde a adolescência, Guarnieri começou a fazer teatro amador com Oduvaldo Vianna Filho e um grupo de estudantes de São Paulo, que em 1955 criaram o Teatro Paulista do Estudante, com orientação de Ruggero Jacobbi. No ano seguinte, o TPE uniu-se ao teatro de Arena, fundado e dirigido por José Renato.

Guarnieri casou-se pela primeira vez em 1956 com a jornalista Cecília Thompson, com quem teve dois filhos, Paulo e Flávio Guarnieri, ambos também atores. Com sua companheira dos últimos 40 anos, Vanya Sant’Anna teve mais três filhos, Claúdio, Mariana e Fernando Henrique.

Sua peça de estreia, como dramaturgo, foi Eles Não Usam Black-Tie; encenada em 1958 pelo Teatro de Arena.

Sobre a peça ele afirma: “De início, era apenas a necessidade de descrever uma festa de noivado num barraco de favela entre operários”. Impressões de adolescência. A coisa tomou impulso e impeliu-me a escrever, dando-me uma sensação gostosa de travessura. Tinha 21 anos. Recém começara a fazer teatro, como ator, no Teatro Paulista de Estudante. Minha experiência, a primeira série, como dramaturgo, só foi possível ─ tenho certeza ─ por não ter consciência de estar fazendo a primeira experiência séria como dramaturgo... Escrever peças de teatro foi assim à toa, sem querer. Escrevi Black-tie rapidamente. Levantava-me à noite para escrever. E divertia-me muito com os personagens que surgiam, principalmente com o Chiquinho. Fui o primeiro a chorar com o final do terceiro ato. E minha admiração por Romana foi sempre imensa. Eles estavam lá ─ os personagens ─ e eu aqui. Intuitivamente ia colocando no papel uma série de vivências, as preocupações que me afligiam estruturavam-se no ato de escrever.

Programada para encerrar o trabalho do grupo, que vivia uma crise financeira, alcançou sucesso imenso, tornando-se um dos marcos da renovação do teatro brasileiro da época. A peça, o autor e o elenco foram premiados pelo então governador de São Paulo Jânio Quadros.

Guarnieri saiu do Arena por um tempo para poder realizar um trabalho com Maria Della Costa e em 1959 veio à luz Gimba, Presidente dos valentes. Levava à cena de maneira pioneira a realidade dos morros cariocas, em forma de musical, inspirando-se, em parte, na sua própria experiência de vida.

A semente, embora contasse com atores consagrados e fosse uma montagem grandiosa, teve problemas homéricos com a censura, e saiu rapidamente de cartaz.

A partir do final dos anos 1950, passou a conciliar sua bem-sucedida atividade no teatro com uma presença cada vez maior na televisão e no cinema, tornando-se um dos nossos melhores e mais populares atores.

O filho do Cão, de 1964, tratava da questão do misticismo religioso e da reforma agrária já em um turbulento contexto político (ano do golpe militar). A partir daí, sua carreira, como a de todos os intelectuais ideologicamente filiados à esquerda, passou por momentos difíceis. Opta então por utilizar uma linguagem metafórica e alegórica que tomaria corpo em montagens como os musicais Arena conta Zumbi, tendo como destaque a música “Upa Neguinho”, que compôs em parceria com Edu Lobo, e Arena conta Tiradentes, feitos em parceria com Augusto Boal.

Na década de 1980, sua carreira como autor de teatro tornou-se menos produtiva, lançando poucos textos. Subiu ao palco pela última vez no dia 15 de agosto de 2005.

Foi parceiro musical de compositores como Adoniram Barbosa, Carlos Lyra, Edu Lobo, Toquinho e Sérgio Ricardo.

No cinema, além de protagonizar O grande momento, também participou de filmes como O jogo da vida; Gaijin− Os caminhos da liberdade (1980), de Tizuka Yamasaki e

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Eles não usam black-tie.(1981), filme que ganhou o Prêmio Especial do júri no Festival de Veneza.

No final dos anos 1990, Guarnieri esteve em Curitiba, onde participou do evento.

LITERATURA VIVA.

No dia 02 de junho de 2006, Gianfrancesco Guarnieri gravava no Teatro Oficina a telenovela Belíssima, da Rede Globo, em que interpretava o personagem Pepe, quando se sentiu mal. Internado no Hospital Sírio-Libanês, faleceu devido a uma insuficiência renal crônica, 50 dias depois, no dia 22 de julho. Foi enterrado no cemitério Jardim da Serra na cidade de Mairiporã, onde morava.

Esta obra de Guarnieri marca o início de uma essencial renovação da dramaturgia brasileira, voltando-se para a análise realista e crítica das contradições da sociedade, assumindo uma perspectiva nacional e popular. Toda a dramaturgia deste autor evidencia enérgica postura de esperança na transformação, confiança nos valores e nos poderes do povo. Recusando o refúgio na mentira ou na mistificação, seu teatro responde sempre ao instante histórico em que nasce, e ao qual se destina, mas preserva vigorosa força universal de humanismo e de verdade.

Quando Eles não usam black-tie foi encenada pela primeira vez, o movimento Cinema Novo começava a surgir e a orientar a arte para o neorrealismo1. No lugar de cenários pomposos e figurinos luxuosos, ficaram apenas os elementos de cena indispensáveis. Ao invés de personagens ricos e nobres, operários e moradores do morro tomaram o palco. Ali, em plenos anos 1950, negros eram cidadãos comuns. Pela primeira vez, os conflitos da realidade brasileira ganhavam espaço na caixa cênica.

“Black-Tie” trouxe para o palco a gente simples que já havia sido objeto de representação no teatro brasileiro em Arthur Azevedo e Nelson Rodrigues.

Eles não usam black-tie, peça de cunho social e político, escrita em 1958, foi encenada no Teatro de Arena, um pequeno espaço, com noventa lugares, adaptado de uma garagem. A direção do espetáculo foi de José Renato com músicas de Adoniram Barbosa. Grande sucesso de bilheteria, a peça ficou mais de um ano em cartaz em São Paulo, fato inédito no teatro brasileiro, tirando o Teatro de Arena da falência iminente.

A obra tem como tema central a greve e a vida operária com preocupações e reflexões universais do ser humano, apresenta como cenário uma favela carioca e aborda o conflito entre pai e filho, causado por posições ideológicas diferentes. Tião, o filho, sonha com a ascensão social e as regalias da vida burguesa, renegando a vida proletária. Otávio, o pai, acredita que sua classe social é forte e que a luta por melhores salários é o caminho a ser seguido. Liderando o movimento grevista, Otávio vê seu próprio filho trair sua gente, furando a greve e colaborando com os patrões, na esperança de alcançar um novo status social. Otávio é preso e ao ser liberado, tem que enfrentar nova prova: o filho abandona o barraco e o meio em que vive. Apesar disso, Otávio continua acreditando que Tião voltará algum dia, compreenderá a posição dos operários e se integrará a esse universo.

A temática não é política, muito menos panfletária. O que se discute são as relações de amor, solidariedade e esperança diante dos percalços de uma vida miserável. Assim, a peça alia temas como greve e vida operária com preocupações e reflexões universais do ser humano. Sob o olhar de Karl Marx, em um retrato iluminado por um feixe de luz na parede do cenário, o debate entre a coletividade e o individualismo, simultaneamente cru e sensível, vai crescendo.

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Movimento artístico e doutrina estética que, de maneira geral, se apoiam nos princípios filosóficos do materialismo dialético. O neorrealismo foi uma corrente artística de meados do século XX, com um carácter ideológico marcadamente de esquerda / marxista, que teve ramificações em várias formas de arte (literatura, pintura, música) mas atingiu o seu expoente máximo no Cinema neorrealista, sobretudo no realismo poético francês e no neorrealismo italiano.Com o mesmo nome, mas com distinção, pode ser observada uma Teoria das relações internacionais. A literatura neorrealista teve no Brasil e em Portugal motivações semelhantes, resgatando valores do realismo e naturalismo do fim do século XIX com forte influência do modernismo, marxismo e da psicanálise freudiana. O determinismo social e psicológico do naturalismo é mantido, assim como a analogia entre o homem e o bicho (vide Angústia - Filme, de 1936), a busca pela objetividade e neutralidade como formas de dar credibilidade à narração.

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LINGUAGEM

Tendo a esperança como tônica, Eles não usam black-tie chamou a atenção não só pela presença do proletariado como também pela coerência de suas personagens na expressão da linguagem. Tendo aprendido o registro popular com uma cozinheira de sua casa, Guarnieri retrata a fala típica das camadas sociais mais pobres da região urbana, sem nenhum artificialismo. O emprego de “tu tá correndo”, “muié”, “os home”, “pruquê” revela um dado significativo para a compreensão do país: a presença do caipira nessas camadas. Palavras e expressões pertencentes a outras regiões do Brasil, tais como “bacuri”, “me adiscurpe”, “apurrinha” indicam outros integrantes dessa camada social e o problema migratório na luta pela sobrevivência.

Romana – Tião? Deixa disso... Tião é filho de Otávio, o maior greveiro carioca... Mas por quê? Maria – Fala em greve, Tião emburra... Ontem ele tava meio tonto, disse uma porção de coisa, que isso não é vida... Que fazê greve todo o ano não dá futuro pra ninguém... Que a gente nunca ia tê sossego!... Ele tá com medo que a greve não dê certo e que seu Otávio ele e o resto da turma perca o emprego...

Romana – Bobagem!... E depois, as greve que Otávio se meteu sempre deu certo... Tião tá é bêbado... Mas fala com ele... melhó é franqueza... Se ele tivé com vontade de fazê bobagem tu pode até aconselhá....

TESTES

Questão da UFPR 2014.

Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, texto encenado pela primeira vez em 1958 e posteriormente adaptado para o cinema, trata da luta de classes no cenário urbano do Rio de Janeiro. Sobre essa obra, é correto afirmar:

a) O emprego da língua portuguesa em seu padrão culto nas falas dos operários atende a uma exigência própria da literatura e do teatro produzidos em meados do século XX.

b) Prevalece na peça uma visão conciliatória já que, influenciados por Tião, no terceiro ato os moradores do morro abandonam suas principais reivindicações.

c) O conflito que está no centro da ação dramática é motivado pelas diferentes opções que as personagens assumem perante uma greve.

d) As personagens femininas não participam das decisões familiares nem têm opinião política, comportamento típico do patriarcalismo vigente naquele período histórico.

e) O sucesso do samba “Nós não usa black-tie” resultou em uma surpreendente ascensão socioeconômica para seu compositor, Juvêncio.

PERSONAGENS

Guarnieri, por um lado, criou personagens marcantes e populares como Terezinha. Chiquinho, Dalvinha e Jesuíno que nos revelam um mundo alegre, descontraído e aparentemente feliz. Já por outro, a peça se apresenta forte e densa revelando de maneira real os conflitos que atormentam personagens como Otávio, Romana, Tião, Maria e Braúlio. São tais encontros e são esses momentos alegres e comoventes que nos provocam riso e dor, alegria e tristeza. Assim, se por um lado, mostra um olhar profundo dentro da sociedade brasileira, por outro, esse olhar vem embalado por um valor poético materializado na visão romântica de mundo de seus personagens.

OTÁVIO, o pai, é operário de carreira, sonhador, idealista, leitor de autores socialistas e, ao mesmo tempo, revolucionário por convicção e consciente de suas lutas. Forte e corajoso entre os seus companheiros, exerceu várias vezes a liderança nas reivindicações da classe operária, experimentou algumas prisões, com isso ganhou destaque entre os seus companheiros, tornando-se um dos cabeças do movimento grevista.

TIÃO, o filho, em razão das prisões do pai grevista, foi criado praticamente, na cidade, longe do morro, com os padrinhos, sem conviver com esse mundo de luta e reivindicação da classe operária. Hoje adulto e morando no morro com os pais, vive um dos maiores conflitos de sua

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vida. Em primeiro lugar, não quer aderir à greve, pois acha que a greve é algo utópico, que essa é uma luta inglória, sem maiores resultados para a classe. Em segundo lugar, pretendendo casar-se com Maria, moça simples, porém determinada e leal ao seu povo, e que está esperando um filho seu, não quer arriscar sua segurança e seu emprego. Daí estar mais preocupado com o seu futuro do que com a luta de seus companheiros, que sonham com melhores salários. Ele não tem tempo para esperar, precisa resolver seus problemas de imediato, ou seja, casar. Corajoso quando se trata de enfrentar outros homens – e o fato mesmo de furar deliberadamente a greve põe isso em evidência – o seu medo é de outra natureza: o grande medo da sociedade moderna, o medo de ser pobre.

ROMANA, a mãe, uma realista sem ilusões, é a figura dramaticamente mais bem desenhada da peça – ela desafia diariamente a miséria. Suas observações são cruas, sem cinismo nem amargura ou desespero, francas e desabusadas, sem circunlóquios mordazes, que chamam os homens para a realidade, e neutralizam, com uma nota levemente ácida, o falso sentimentalismo em que os outros personagens ameaçam cair em determinadas cenas. Suas atitudes revelam o choque entre o que é, e o que deveria ser, indo do otimismo algo sonhador e ingênuo do pai, sempre pronto a acreditar na perfeição moral da humanidade, até os sonhos de grandeza do filho que quer subir na vida e deixar para trás a condição difícil e miserável do morro, desafiada cotidianamente pela coragem e bravura de Romana, sua mãe, mulher determinada e responsável pelo equilíbrio da casa e da família.

JESUÍNO Amigo de Tião, ao contrário deste é malando, fraco e oportunista.

MARIA – namorada de Tião, vive feliz no morro, no meio de sua gente. Grávida, fica noiva e quer se casar logo para ninguém notar que está de barriga. Não apoia a atitude do noivo de furar a greve, nem aceita ir com ele embora do morro. Vai ficar com o filho esperando a volta de Tião para junto dela.

JOÃO – irmão de Maria, um homem ponderado e maduro capaz de compreender a situação conflitante vivida pelo amigo Tião e, ainda, apoiar sua irmã neste momento difícil. É um dos poucos moradores que continua amigo de Tião depois que a greve foi vitoriosa, contra as previsões de Tião.

BRAÚLIO, negro amigo e companheiro de Otávio, é outro líder dos operários na greve.

CHIQUINHO E TEREZINHA – ele irmão de Tião. Formam um casal de adolescentes com suas mentirinhas, malandragens e expedientes para conseguirem um dinheirinho extra ou coisas que desejam. Apaixonados e erotizados, vivem pelos cantos escuros fazendo “safadezas” que ninguém pode saber, e que todos sabem o que acontece porque já fizeram também.

JUVÊNCIO, apenas citado por outros personagens, é um mulato sambista do morro. Manco de uma perna, arredio e ensimesmado, é autor do samba “Nóis não usa as bleque tais”, cantado no decorrer de toda a peça. No final, fica deprimido ao saber que seu samba estava fazendo enorme sucesso, tocando nas rádios, mas com o nome de outro compositor.

ENREDO

Eles não usam black-tie compõe-se de três atos, cada qual dividido em dois quadros. ATO I

(Barraco de Romana, mesa ao centro. Um pequeno fogareiro, cômoda, caixotes servem de bancos. Há apenas uma cadeira. Dois colchões onde dormem Chiquinho e Tião).

QUADRO I

Tião e Maria, depois de irem ao cinema estão no barraco dele. Conversam enquanto ele espera a chuva passar para levá-la para casa. Juvêncio, ali perto e desligado de tudo, olha para o céu e parecendo não sentir nada, toca violão na chuva.

Os pés da moça se atolam na lama, a roupa do rapaz fica respingada de barro. Conversam em voz baixa para não acordar D. Romana e Chiquinho. Os jovens trocam juras de

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amor. Maria, fazendo ceninha de ciúmes, quer saber das namoradas que Tião tinha quando morava na cidade. Até que Maria revela que está grávida.

Tião fica alegre, mas preocupado com o futuro. Maria quer casar-se antes que a barriga apareça e planejam ficar noivos logo. Tião revela que não gostaria de viver com Maria no morro: seu sonho é tirar Maria daquele ambiente de miséria e sem futuro ao qual ele não consegue se adaptar depois de ter vivido na cidade.

Contam a decisão a Otávio que acaba de chegar. Romana acorda, repreende o marido que está se molhando, reclama, pois quem vai ter que levantar cedo é ela.

A notícia do noivado de Tião com Maria e as conversas de Otávio sobre a greve preocupam e irritam Romana.

QUADRO II

Sábado à tarde. Preparativos para a festa do noivado de Tião e Maria. Romana, naquela correria, reclama da falta de tempo e de ajuda. Otávio conserta a vitrola emprestada. Como o dinheiro era pouco, Romana teve de emprestar de Braúlio. Chiquinho não comprou o champanhe porque comprou figurinhas e diz que perdeu o dinheiro. Otávio tenta pegar o filho para dar-lhe uns cascudos. Terezinha defende o namoradinho.

Otávio e Romana relembram uma filha já morta. Ele reconhece a valentia, o espírito de luta e a energia da mulher. Trocam carinhos, elogiam a futura nora. Mas é Tião quem mais lhes causa preocupação.

Vão chegando outros personagens para a festa. Maria está lindona. Tião todo alinhado inventa uma história de que foi convidado para fazer um teste para o cinema. Pai e filho discutem a respeito da greve e discordam quanto à eficiência, adesão dos operários e a dignidade de quem fura a greve.

Os convidados vão entrando com estardalhaço, a cachacinha e o chope vão sendo servidos. As conversas giram em torno de arruaceiros do morro, da mulher que vai ter nenê (mais uma boca para comer), Romana é clara e objetiva sobre os problemas para se criarem filhos na pobreza.

Rola a bebida, a música da vitrola anima a festa, os convidados saem dançando, trocam de par, surgem comentários e brincadeiras maliciosas e a dança continua no terreiro. A certa altura, Tião faz o pedido oficial a João, irmão de Maria, e o noivado é oficializado com aplausos.

Tião e Jesuíno falam à parte sobre a mentira que inventaram de terem sido convidados para filmar. Comentam também sobre a greve que está sendo preparada e lamentam as dificuldades da vida na favela. Nenhum dos dois acredita muito no movimento.

A chegada de Braúlio vindo da assembleia do sindicato agita o ambiente. Pelo jeito a greve não vai ser fácil, mas estão dispostos a lutar.

ATO II QUADRO I

Domingo de manhã. Romana reclama dos homens que ficaram todos bêbados na festa da noite anterior. O filho mais novo, Chiquinho, faz gracejos lembrando alguns lances da festa. Tião está pensativo, distraído, imaginando sair pelo mundo com Maria. A mãe lembra a discussão dele com o pai, ambos bêbados durante a festa. Tião, excitado pela bebida culpava o pai pela vida que ele levava. Romana comenta que os padrinhos pouco tinham feito pela formação de Tião, queriam apenas um pajem para os filhos. Tião sai para ver o pai que estava batendo boca com o português dono do botequim, por causa da greve.

Chiquinho e Terezinha discutem porque o rapaz deu prejuízo no armazém onde trabalha, deixando um bando de moleques roubarem mercadorias e aproveitando-se também. O patrão descontou o prejuízo no salário de Chiquinho. Terezinha gosta dele apesar de achá-lo encrenqueiro, briguento e de vida torta, mas quer se casar com ele na igreja. Chiquinho preferiria casar-se num terreiro de umbanda. Estão se agarrando e se beijando, quando entram Romana e Maria e veem os dois se agarrando.

Romana e Maria comentam a esquisitice de Tiaõ e a moça desconfia que o noivo é capaz de furar a greve por causa das preocupações com o casamento e o filho que está chegando. A chegada de Jesuíno descontrai o ambiente.

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Tião volta e fica a sós com Jesuíno. Discutem sobre a forma de furar a greve, depois de combinarem com o gerente da fábrica e acertarem a recompensa que receberiam. Jesuíno fica com medo, pois se a greve der certo o pessoal vai xingá-los e marginalizá-los da comunidade. Tião está resolvido, inclusive a enfrentar todas as broncas.

Otávio entra anunciando que alguns líderes do sindicato haviam sido presos numa tentativa dos patrões de atemorizar os outros, mas a reação foi de mais revolta e disposição de enfrentar os patrões. Chega um aviso de que a polícia está procurando pelo Braúlio que não se intimida. Tião se desespera com a proposta dos trabalhadores de fazerem greve mesmo assim.

QUADRO II

Domingo à noite, o casal de noivos, Tião e Maria, de volta ao parque, conversam diante da casa da moça. Trocam declarações e juras de amor. Falando do filho que esperam, escolhem o nome do filho (Durval). Apontando a cidade lá em baixo, o rapaz pergunta à noiva se gostaria de morar lá e recebe uma resposta negativa.

ATO III QUADRO I

Manhã de segunda-feira, Tião acorda mais cedo. Romana percebe sua agitação. Recomenda-lhe que não se meta em confusão. Tião sai sem esperar pelo pai e Romana começa a por as cartas na mesa, mas logo as esconde porque Otávio está levantando da cama.

O diálogo de Otávio com Romana é muito parecido com o que ela teve com o filho. Não vai se meter em confusão. Otávio sai para o trabalho e Romana volta a botar as cartas na mesa.

Então chega a Maria. Com muitos rodeios, idas e vindas, a moça diz gostar muito de D. Romana que é compreensiva, não quer esconder nada da sogra, que começa a ficar desconfiada: Tu tá querendo me contar o quê? Maria afirma repetidas vezes que gosta muito do Tião, acaba, por fim, revelando que está grávida. Romana é realmente uma mãezona, fica feliz com a notícia e imagina a felicidade de Otávio quando souber. E as mulheres decidem que se for menino chamar-se-á, como o avô, Otávio.

Tião chega trazendo notícias da greve que acabou sendo deflagrada, conta que dezoito furaram a greve, mas não contou que era um deles. Entretanto, daí a pouco chega o Braúlio e o desmascara diante da mãe, chama-o de covarde e traidor. Tião explica à Maria e à mãe por que tomara aquela atitude: queria garantir o futuro.

Maria e principalmente Romana discordam dos argumentos de Tião que continua furioso e ameaçando Braúlio. Este enaltece a coragem e a liderança de Otávio, afirmando que se não fosse ele a greve teria gorado.

Sabendo que Otávio fora preso e levado para o DOPS2, Romana resolve depressa ir até lá soltar o marido antes que ele comece a apanhar.

QUADRO II

Segunda-feira à noite. João e Tião comentam os acontecimentos. João, irmão de Maria, entende a atitude de Tião, continua seu amigo, mas avisa-lhe que todo o pessoal da comunidade está contra ele, desprezando-o, chamando-o de covarde para baixo, alguns até planejavam agarrá-lo para dar-lhe uma surra. Tião será isolado, não tem mais ambiente na favela, é um peixe fora d’água. João aconselha-o a ir embora porque as coisas vão ficar muito difíceis, principalmente entre ele e o pai.

Maria entra, avisa que Otávio fora liberado, já vinha subindo o morro festejando por todos e aconselha Tião a não encontrar-se com o pai. Otávio, mais que os outros, levara um golpe duríssimo com o que Tião fizera e estava furioso e decepcionado com o filho.

2

Departamento de Ordem Política e Social – DOPS .Órgão histórico de repressão aos movimentos sociais e populares, o DOPS foi também centro de tortura durante a ditadura do Estado Novo, retomando essa prática no regime militar. Nos dois períodos ditatoriais, as vítimas preferenciais eram os militantes de partidos de esquerda. Com a centralização da repressão política pelos DOI-CODIs, a partir de 1969, passou a ter um papel secundário, mas não deixou de ser um porão da repressão, onde servicias hediondas eram praticadas. O DOPS ficava na rua João Negrão,773- Centro. Depois foi transferido para a Rua Ermelino de Leao.

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Maria, em conversa com o irmão, percebe que terá que decidir se vai ou não embora da favela com o noivo. No meio da algazarra e da festa para Otávio, entra Tião. Faz-se um silêncio de morte. Tião quer conversar com o pai. Otávio manda todos se retirem.

Otávio se declara culpado por não ter educado o filho com mais firmeza, mas Tião não concorda e afirma que fizera tudo aquilo por amor à mulher e ao filho que está para nascer.

Em seguida, Tião despede-se carinhosamente da mãe, que o repreende indiretamente pelo que fez, preocupada com o futuro dele: Tu vai vê que é melhó passa fome no meio de amigo, do que passa fome no meio de estranho!... Dá um abraço! Vai com Deus! E deixa o endereço daqui no bolso, qualquer coisa a gente sabe logo!

A conversa com Maria é tensa e triste, mesmo com a promessa de voltar logo para buscá-la.

O samba de Juvêncio está tocando na rádio com o nome de outro cara. Romana chora mansamente. Depois de alguns instantes, vai até a mesa e começa a separar o feijão. Funga e enxuga os olhos...

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CAMILA M PASQUAL CURCEP

DISCIPLINA: LITERATURA

ELES NÃO USAM BLACK-TIE, DE GIANFRANCESCO GUARNIERI.

TESTES

1) A respeito de Gianfrancesco Guarnieri, podemos afirmar que:

a) ele se envolveu com o teatro após ter se decepcionado com a participação em movimentos estudantis e políticos;

b) sendo de família de artistas, estava habituado ao teatro desde criança e tratava o espetáculo dos palcos como coisa doméstica, natural, sem cerimônia;

c) a preocupação social nunca havia despertado seu interesse até que, por brincadeira, começou a escrever Eles não usam black-tie;

d) apesar de escrever sobre temas populares, sempre utilizou uma linguagem de padrão culto em seus escritos;

e) a convivência com outros presos políticos influiu para que ele utilizasse nas peças muitas gírias da malandragem e da bandidagem.

2) Assinale a alternativa correta:

a) Eles não usam black-tie situa-se numa favela, nos anos 1950, e tem como tema a greve. b) a peça limita-se a discutir os problemas cotidianos de pessoas que vivem miseravelmente. c) Eles não usam black-tie revelou-se uma obra teatral destoante da realidade urbana que se discutia na literatura da época.

d) Na primeira obra de Guarnieri destaca-se o tom panfletário e político do tema, e a visão racional dos personagens.

e) “Black-tie” trata da história de uma família desmantelada pela influência deletéria3

de um “filho pródigo” que retorna da Europa.

3) A respeito da temática de Eles não usam black-tie, assinale a alternativa correta.

a) A peça tem como pano de fundo um debate sobre o papel da industrialização como agente de inclusão social.

b) Ganha destaque na obra a representação da classe patronal que, interessada em valorizar o trabalho operário, provoca a divisão de opiniões dentro da comunidade.

c) O enredo salienta a submissão generalizada ao poder econômico, de pessoas que, sem alternativa, temem a miséria e a fome do desemprego.

d) O tema central é a construção de uma identidade nacional baseada na ideologia marxista simpatizante da luta armada para a conquista de direitos.

e) Além da temática social da greve, a peça estabelece um debate sobre algumas verdades eternas, reflexões universais sobre a frágil condição dos homens e seus conflitos.

4) Assinale a alternativa correta no que diz respeito a Gianfrancesco Guarnieri e a sua obra Eles não usam black-tie.

a) O cenário da favela é todo um mundo primitivo onde o amor tem gosto de sangue, onde o sobrenatural se confunde com a fatalidade.

b) A gente do morro é que compõe a malandragem carioca, é o ambiente da bandidagem, uma fábrica de prostitutas e traficantes.

c) Discutem-se relações de amor, solidariedade e esperança diante dos percalços de uma vida miserável.

d) Foi com a encenação de Eles não usam black-tie, que se iniciou uma produção sistemática e crítica de textos dispostos a representar as classes dominantes.

e) Com o seu raro temperamento de dramaturgo, Guarnieri não é um absoluto escravo do fato, do acontecido. Seus textos não têm nada de fotográficos..

3 Insalubre; que é capaz de prejudicar a saúde. Figurado. Degradante; que leva ao que é imoral ou corrupto; que

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5) Avalie as seguintes afirmativas sobre a peça Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri.

01) Sob o olhar de Karl Marx, mas sem panfletarismo político-ideológico, vai-se desenvolvendo durante a apresentação o debate entre a coletividade e o individualismo, simultaneamente cru e sensível.

02) A peça de Guarnieri insere-se num quadro que se ampliou a partir da década de 1950,quando surgiu uma dramaturgia com preocupações ligadas à representação de uma camada específica da sociedade brasileira e, para além disso, em busca da construção de uma identidade nacional pautada em variedades culturais internas.

03) O morro, com a sua promiscuidade, com a sua imundície, domina a todos e limita seus horizontes, e Guarnieri não viu suas personagens por fora, não imaginou as suas sensações segundo as suas próprias necessidades de intelectual e homem habituado a um alto nível de conforto.

04) Eles não usam black-tie põe em foco um problema que a todos angustia embora sob disfarces que o tornam às vezes irreconhecível: o conflito entre a verdade e a aparência, entre o espírito e a letra, entre o amor e as normas, entre a caridade e o formalismo.

Estão corretas somente as afirmações:

a) 01,02 e 03; b) 02, 03 e 04; c) 01 e 03; d) 01 e 02; e) 02 e 04.

6) Avalie as seguintes afirmações a respeito de Eles não usam black-tie e seu autor, Gianfrancesco Guarnieri.

01) Guarnieri utilizou o teatro como meio de expressão para externar toda a sua problemática humana e social.

02) Em Black-tie, a tragédia dos homens se confunde com a da cidade grande. A atmosfera do morro banha as personagens de uma luz tão crua, se impregna nelas de tal forma que, não se podendo fixá-la, a narrativa perde muito de sua significação.

03) Guarnieri era habituado ao teatro, desde criança, quando acompanhava os pais, não perdendo uma ópera nas temporadas líricas, acostumou-se a tratá-lo como coisa doméstica, sem muita cerimônia.

04) Guarnieri escrevia intuitivamente, ia colocando no papel uma série de vivências, as preocupações que o afligiam estruturavam-se na hora de escrever: era a mais sincera ingênua, integrada e desimpedida maneira de falar de seu mundo.

05) Black-tie parte de uma visão romântica do mundo; no fundo, é uma peça idealista. No final, tudo chega a bom termo, graças a uma providencial ordem natural das coisas, atingindo no tempo certo a harmonia geral esperada, em virtude de uma tomada de “consciência”.

Estão corretas apenas as afirmações:

a) 01, 02, 03 e 04; b) 02, 03, 04 e 05; c) 01, 03, 04 e 05; d) 01, 03 e 05; e) 03, 04 e 05.

7) Avalie as seguintes análises sobre os personagens de Eles não usam Black-tie.

01) Tião fugiu da favela ainda pequeno e trabalhou como pajem numa casa de família rica. Adquiriu hábitos refinados e mentalidade individualista, sentindo desprezo por suas raízes. 02) Otávio, operário de carreira, é um sonhador, um idealista, leitor de autores socialistas e, ao mesmo tempo um revolucionário por convicção e consciente de suas lutas.

03) Jesuíno, forte e corajoso, exerce liderança entre companheiros, já sofreu algumas prisões e ganhou destaque entre os seus companheiros transformando-se num dos cabeças do movimento grevista.

04) Romana tem os pés firmemente presos à terra e sabe amar como ninguém, a sua maneira brusca e contida, os que formam o seu mundo cotidiano.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) 01, 02 e 03; b) 02 e 04; c) 02, 03 e 04; d) 01 e 04; e) 01 e 03.

8) A respeito de Eles não usam Black-tie, assinale a alternativa correta.

a) A peça reflete muitos aspectos da realidade brasileira, fornecendo considerável material para debates.

b) As personagens, principalmente Romana e Tião, nascem da criatividade imaginativa do autor sem, portanto, um contato direto com o ambiente em que elas se desenvolvem.

(10)

c) Há uma boa dose de cinismo, desespero, amargura e desengano, na valentia com que Romana desafia diariamente a miséria e as doidices do marido.

d) A peça não parece servir à juventude de hoje que vive uma realidade totalmente diversa ao se conscientizar, participar intelectualmente de seu destino e procurar saber aonde vai.

e) Como a tese implícita do texto é marxista, o autor acabou deformando os caracteres em função de um objetivo político, desenvolvendo as situações de forma a que a plateia concluísse de acordo com a ideologia do autor.

9) Avalie as seguintes alternativas, a respeito da peça Eles não usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri.

01) No primeiro ato temos a apresentação dos personagens de forma dinâmica, terminando com a festa de noivado.

02) Em todas as personagens as atitudes e reações são verídicas, nada elaboradas, marcadas pela simplicidade.

03) Não é uma favela para turistas que o autor nos mostra, mas um conglomerado humano que luta, que sofre, que vive e que tem consciência clara de sua função social.

04) A temática regional, o conflito ideológico, a atuação política da personagem Romana, o problema fundamental de Braúlio são aspectos que contribuíram para o desenvolvimento da nova dramaturgia brasileira.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) 01e 02; b) 02 e 03; c) 03 e 04; d) 01, 02 e 04; e) 01, 02 e 03.

10) Assinale a alternativa que analisa incorretamente os diversos aspectos de Eles não usam Black-tie.

a) Aspereza do trabalho não tira de Romana o encanto essencial de viver, que se estende à função de companheira do marido e a de protetora da prole.

b) Guarnieri ao invés de trazer personagens “superiores” como protagonistas, ele se utilizou de gente humilde, trabalhadores comuns, para conduzir sua história.

c) Ação de Eles não usam Black-tie, pelo seu lado moral, prolonga-se além dos dados iniciais do problema, transcendendo de muito o caso local da greve.

d) Numa sociedade bem organizada que, é a antítese do doloroso e lento progresso da humanidade, também haveria os mesmos conflitos marcantes entre o interesse coletivo e o interesse individual.

e) Uma das virtudes de Eles não usam Black-tie é a de não proceder do abstrato para o concreto. O seu ponto de partida são os homens, através deles é que entrevemos outros protagonismos, que são apresentados sempre como conflitos vitais, de ação, não como crítica de diretrizes teóricas.

11) A respeito de Eles não usam Black-tie, é correto afirmar que:

a) Na peça, a ocupação da propriedade privada não decorre de intenção política: vem de um imperativo de sobrevivência, depois que os favelados foram coagidos a retirar-se dos barracos. b) O título da peça indica o propósito de fixar uma coletividade desenvolvendo paralelamente as histórias de várias famílias de origens distintas, reunidas pelo denominador comum da falta de um teto.

c) A peça é uma exigência de esclarecimento, revela uma ânsia de libertação do caos e das frustrações que constituem a essência da vida social de hoje no Brasil.

d) O itinerário de Dalvinha, filha de retirantes nordestinos, encerra uma necessidade mais apreciável: a passagem, quase fatal das belezas pobres a prostitutas de luxo.

e) As prevenções doutrinárias impedem o autor e o espectador ou leitor de simpatizarem simultaneamente com todas as personagens. Se todas têm suas razões, nem todas merecem ser compreendidas.

12) Avalie as afirmações a seguir, a respeito da peça Eles não usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri.

01) O sincretismo religioso, de que é exemplo a consulta de Romana às cartas, estabelece o conflito básico entre o materialismo marxista e as crenças populares, ponto chave para o entendimento da trama.

(11)

02) A personagem Tião evolui de uma singeleza autêntica para a consciência de sua intangibilidade pessoal, resolvendo permanecer romanticamente em sua classe, fiel à doutrinação de Braúlio, o líder político, responsável pela firmeza das atitudes dos moradores da favela em face da polícia e da justiça.

03) A própria gradação psicológica das personagens revela o choque entre o que é e o que deveria ser, indo do otimismo algo sonhador e ingênuo de Otávio, sempre pronto a acreditar na perfeição moral da humanidade, até o realismo sem ilusões de Romana.

04) As observações cruas, francas, desabusadas, sem circunlóquios e mordazes de Romana chamam os homens para a realidade, neutralizam com uma nota, levemente ácida, o falso sentimentalismo em que ameaçam cair tantas cenas.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) 03 e 04; b) 01 e 03; c) 02 e 04; d) 01 e 02; e) 01 e 04.

13) Avalie as seguintes afirmações sobre a peça Eles não usam Black-tie.

01) Tião, ao contrário de seu amigo Jesuíno, malandro, fraco e oportunista, é um jovem corajoso, mesmo porque fura a greve sem medo dos companheiros, achando que está agindo corretamente.

02) Uma característica das relações humanas que se destaca no texto é a compreensão do drama dos filhos, manifesta pelos pais. Seus intentos são afáveis, carinhosos, embora se manifeste aí a revolta da juventude contra a intolerância dos adultos.

03) Otávio, o pai, indiretamente acaba por incentivar Tião no propósito de mudar-se para um quarto de cômodos, dispondo-se a ir com Romana para longe dali.

04) Por sua atitude, Tião perdendo a amizade de todos de seu grupo, restando apenas um colega da fábrica, o João, irmão de Maria, homem ponderado e maduro capaz de compreender a situação conflitante vivida pelo amigo Tião e ainda apoiar sua irmã neste momento difícil.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) 01 e 03; b) 01, 02 e 04; c) 01 e 04; d) 02, 03 e 04; e) 02 e 04.

14) A respeito da peça Eles não usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, podemos afirmar que:

a) Tião não tem medo do confronto com o inimigo. O seu medo é outro, é o grande medo de toda a sociedade, o medo de ser pobre.

b) O texto fixa Tião como um herói negativo que, levado pela ambição de subir na vida a qualquer custo, renega a família, a mulher que o ama e ao próprio filho que está para nascer. c) O sentimento predominante em boa parte das cenas é o desencanto, a desesperança com relação ao futuro.

d) Tião, ao ser acusado de medroso pelo pai, por Braúlio e principalmente por Maria, sente-se humilhado, acovarda-se e renuncia a todos a quem queria bem.

e) O tema recorrente na peça é a ilusória solidariedade de todos os explorados que vivem nas periferias das grandes cidades.

15) Leia com atenção e avalie as afirmações a seguir sobre a peça Eles não usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri.

01) Maria, como todos ao seu redor também quer subir na vida e deixar para trás a condição difícil e miserável do morro e sonha em poder viver na cidade.

02) As condições precárias da vida no morro são desafiadas cotidianamente pela coragem e bravura de Romana, mulher de pulso e determinação e responsável pelo equilíbrio da casa e da família.

03) Até as mais simples metáforas encontradas no texto, foram pinçadas nos valores de nossa cultura popular como, na metáfora do amor, o feijão, prato massivo na América do Sul, teria um “coração de mãe”.

04) O público popular sente imediata empatia com a peça, identifica-se com ela e a adota como sua, principalmente pela sinceridade com que foi escrita e pelo grande amor que encerra. Estão corretas apenas as afirmativas:

(12)

d) 03 e 04; e) 01 e 04.

16) Assinale a alternativa que não contém uma reflexão coerente com o espírito da peça Eles não usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri.

a) Tião enfrenta um conflito de interesses coletivos e individuais. Para ele, greve, revolução, são palavras longínquas e problemáticas promessas de um futuro melhor.

b) Para o protagonista, a realidade imediata é a mulher, o filho, a fome, à qual é preciso fugir a todo custo.

c) Ninguém tem o direito de condenar Tião. Uma sociedade que se fundamenta sobre o individualismo, como a nossa, não está em condições de exigir sacrifício de quem quer que seja.

d) O pai é idealista e revolucionário, e é sua a perspectiva da peça: o drama é seu, ele é quem deverá pronunciar-se perante a existência concreta da greve.

e) A posição de Tião, no fundo, não diverge muito da de qualquer rapaz de 20 anos chamado a decidir pela primeira vez entre as suas conveniências pessoais e certos apelos de outra natureza, menos egoístas e mais generosos.

GABARITO 01-B 02-A 03-E 04-C 05-D 06-C 07-B 08-A 09-E 10-D 11-C 12-A 13-C 14-A 15-B 16-D

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