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RESISTÊNCIA DE MICRORGANISMOS A PENICILINA E CLOXACILINA, PRINCIPAIS FÁRMACOS UTILIZADOS NA TERAPÊUTICA DA MASTITE BOVINA 1 INTRODUÇÃO

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RESISTÊNCIA DE MICRORGANISMOS A PENICILINA E CLOXACILINA, PRINCIPAIS FÁRMACOS UTILIZADOS NA TERAPÊUTICA DA MASTITE BOVINA

Giovani Gabriel Mateus1, Geraldo de Nardi Junior2

1 Discente do curso de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade de Tecnologia de Botucatu, SP. e-mail:giovanigm10@gmail.com

2 Professor Doutor do curso de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade de Tecnologia de Botucatu,SP e-mail: gjunior@fatecbt.edu.br

1 INTRODUÇÃO

Os produtos veterinários assim como os farmacêuticos dedicados a saúde humana, são subdivididos em classes terapêuticas: parasiticidas, biológicos (vacinas), tratamento de infecções, aditivos alimentares e outros farmacêuticos. A indústria de saúde animal é responsável, portanto, por manter a saúde e a produtividade dos diversos rebanhos em todo o mundo, bem como por assegurar a sanidade e a abundância do alimento que produzem (Capanema et al., 2007). O mercado farmacêutico veterinário mundial atingiu US$ 22,5 bilhões em 2012, com crescimento médio de 8% a.a. desde 2002. O crescimento da demanda mundial tem sido liderado pelo segmento de animais de companhia (pets), que atualmente representa 40% do mercado, sendo o restante destinado a animais de produção (IFAH,2013).

No ano de 2012, o Brasil produziu cerca de 32 bilhões de litros de leite, com efetivo rebanho leiteiro ao redor de 25 milhões de vacas ordenhadas. Apesar do grande volume de produção de leite no país, os índices de produção por animal/dia (3 a 5 litros/vaca) e por animal em lactação (ao longo de 300 dias) são considerados baixos, ao redor de 1270 litros/vaca/ano. Esta produção representa 30 a 50% da média obtida nos principais países produtores de leite. Em contraste, várias regiões do país possuem ótimas condições de produção, com médias superiores a 20 litros/vaca/dia. Fatores de manejo (qualidade e manejo das instalações e práticas de ordenha), nutricionais, de produção (estágio e lactação) e dos animais (raça, idade, condição física do teto, resistência genética à mastite), além de baixo investimento em infraestrutura e mão de obra desqualificada podem influenciar na ocorrência de mastite (FONSECA e SANTOS, 2000; RADOSTITS et al., 2007; RIBEIRO, 2008).

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onera a criação de animais destinados à produção de leite (PHILPOT e NICKERSON, 2002; SANTOS e FONSECA, 2007). Os processos infecciosos da glândula são determinados, predominantemente, por micro-organismos de origem bacteriana e secundariamente, por fungos, algas e vírus, muitos dos quais com potencial zoonótico (RIBEIRO,2008). Particularmente no Brasil, foi estimado, prejuízo de 1,2 bilhões de litros de leite com a mastite (SANTOS e FONSECA, 2007). No entanto, no Brasil poucos estudos tem se preocupado em avaliar os custos da mastite, no que tange a redução na produção de leite, depreciação dos animais e gastos com medicamentos, incluindo o tratamento (COSTA et al., 2003; NADER FILHO et al., 2002).

O objetivo desde artigo é descrever a resistência de microrganismos a penicilina e cloxaxilina, principais fármacos utilizados na terapêutica da mastite bovina, importante enfermidade na produção de leite e sua importância ao agronegócio.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados para o estudo de caso, pesquisa em base de dados de literatura específica e sites oficiais do Brasil, assim como pesquisa a campo em casas agropecuárias da região de Botucatu.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A mastite bovina é causada por vários agentes infecciosos convencionalmente classificados em dois grandes grupos, denominados contagiosos e ambientais. Os contagiosos se disseminam de um um quarto infectado para outro quarto ou entre vacas, enquanto os ambientais geralmente estão presentes no meio ambiente de criação dos animais (RADOSTITS et al., 2007).

A mastite ambiental é causada por agentes que habitam preferencialmente o ambiente da vaca, em locais como esterco, urina, barro e camas orgânicas. Este tipo de mastite caracteriza-se por alta ocorrência de casos clínicos, geralmente de curta duração, frequentemente com manifestação aguda e com maior concentração nos momentos pré e pós parto imediato (RADOSTITS et al., 2007).

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Aproximdamente 140 micro-organismos, entre espécies, subespécies e sorovares já foram registrados na gênese das mastites (SANTOS e FONSECA, 2007). Dentre os contagiosos, merecem destaque os generos Staphylococcos, Streptococcus, além de Corynebacterium bovis e Mycoplasma bovis (COSTA et al., 1995; RADOSTITS et al., 2007; RIBEIRO, 2008).

Entre as infecções mamárias em vacas, a mastite subclínica crônica por estifilococos é uma das afecções mais preocupantes e frequentes que acomentem animais de produção leiteira em todo o mundo (RIBEIRO, 2008; ROY et al., 2009).

Nos programas de prevenção a mastite, recomenda-se o uso adequado do método de manejo na ordenha; instalação correta, manutenção e funcionamento periodicamente dos equipamentos e do úbere do animal; manejo do animal seco; boa nutrição para manter a habilidade da vaca de debelar as infecções e alimentar as vacas imediatamente após a ordenha, mantendo os animais em pé por pelo menos uma hora (RADOSTITS et al., 2007).

Após o estabelecimento da infecção no úbere, são conhecidas quatro formas para eliminação da doença, recuperação espontânea, descarte de vacas cronicamente afetadas, tratamento durante a lactação e terapia da vaca seca (PHILPOT e NICKERSON, 2002). A antibioticoterapia é o procedimento mais utilizado no tratamento da mastite bovina (PINTO et al., 2001). Os maiores índices de cura no tratamento por via intramamária da mastite bacteriana em vacas são obtidas com 3 a 5 aplicações, em intervalos de 8, 12 a 24 h (dependendo das características de vida média de cada antimicrobiano). Nos casos de mastite subclínica, não existe consenso sobre o tratamento no decorrer da lactação (RIBEIRO, 2008; SWINKELS et al., 2012).

Diferentes antimicrobianos estão disponíveis comercialmente para o tratamento intramamário da mastite em vacas no Brasil (COSTA, 1999; SANTOS e FONSECA, 2007; MAIOLINO et al., 2014). Segundo Ribeiro (2008), os princípios ativos de antimicrobianos mais utilizados pertencem ao grupo das penicilinas e análogos, cefalosporinas, aminoglicosídeos, fluorquinolonas, tetracinas e sulfas potencializadas pelo trimetoprim.

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Erskine et al. (2002) identificam entre 38,4 e 60,9% de resistência de Staphylococcus spp. para penicilina em vacas e novilhas com mastite em rebanhos americanos. Myllys et al. (1995), na Finlândia, caracterizaram resistência de 50% para penicilina em estafilococos obtidas de amostras de leite de vacas com mastite.

No Brasil, estudo envolvendo a etiologia das mastites bovinas nas sete principais bacias leiteiras do Estado de São Paulo, utilizando bactérias isoladas de parênquimas mamárias de vacas leiteiras abatidas, revelou resistência de 75% dos isolados para penicilina e 55% para cloxacilina (COSTA et al., 2000). Segundo Motta (2015), a cloxacilina e a penicilina foram os antimicrobianos que apresentaram menor efeito frente aos isolados de mastite em vacas (resistência de 75,56% para a cloxacilina e 64,44% para a penicilina).

Em pesquisa feita nas casas agropecuárias de Botucatu, mostrou que os antimicrobianos compostos por cloxacilina custam em média R$ 7,10, e os compostos por penicilina R$ 7,96, tabela 1.

Tabela1. Preço dos fármacos na cidade de Botucatu

Utilizando o tratamento preconizado por Ribeiro (2008) e Swinkels et al. (2012), temos 5 aplicações com intervalo de 12 horas, portanto três dias de tratamento com custos de R$ 35,50 para a cloxacilina e R$ 39,80 para a penicilina, além do descarte do leite nos três dias de tratamento e nos próximos 3 dias pós tratamento, portanto 6 dias de descarte, conforme Maiolino (2014). Porém o êxito no tratamento é baixo (COSTA et al., 2000; Motta, 2015).

Cloxacilina preço por dose R$

Penicilina preço por dose R$

Loja 1 6,90 7,90

Loja 2 7,50 8,50

Loja 3 6,90 7,50

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4 CONCLUSÕES

Muitos fármacos vendidos na região de Botucatu, não possuem eficiência na cura da mastite, como a penicilina e cloxacilina, que evidenciadas no estudo, aparecem resistentes aos microrganismos causadores da mastite, acarretando prejuízos ao produtor. Prejuízos no tocante a produção e qualidade do leite, perda do teto, glândula mamária e em casos extremos morte do animal, pois tais fármacos não surtirão efeito no tratamento.

Cabe ao profissional do agronegócio a orientação aos produtores de leite, sobre os riscos de aquisição de fármacos, que são ineficientes a microrganismos da mastite.

5 REFERÊNCIAS

CAPANEMA, l. et al. Panorama da Indústria Farmacêutica Veterinária. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 25 ,p.

157-174 ,março. 2007. Disponível em:

http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/bnset/set2 506.pdf acesso em 26/04/2016.

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