• Nenhum resultado encontrado

António Pinho Vargas

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "António Pinho Vargas"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

CCB, SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO

29 Junho 2017 | 19h

M/6

Duração aproximada 90 minutos s/ intervalo

Lançamento do CD Concerto para Violino

António Pinho Vargas

Tamila Kharambura violino

Inês Andrade piano

Programa:

António Pinho Vargas

NO ART – quatro estudos para violino solo

I. Espressivo

II. Deciso ma un poco leggiero

III. Flessibile

IV. Rápido

Quasi una Sonata

para violino e piano

I. Espressivo e flessibile

II. Corrente

(2)

Este disco incluiu três obras ligadas entre si por razões cronológicas e afectivas. A primeira (2010), Quasi una Sonata, foi estreada no Centro Cultural de Belém por Gareguin Aroutiounian e Miguel Henriques em 2010. Pouco tempo depois, Tamila Kharambura e Inês Andrade tocaram-na admiravelmente, uma segunda vez, numa das provas do Prémio Jovens Músicos que Tamila viria a ganhar nesse ano. De seguida, comecei a peça NO ART — quatro estudos para violino solo (2014), que foi estreada em 2016 por Tamila Kharambura. A meio deste processo veio a notícia inesperada e dolorosa da morte de Gareguin Aroutiounian, que nos afectou a todos, e a todos os seus colegas da Escola Superior de Música de Lisboa. A composição do Concerto para violino, in memorian Gareguin Aroutiounian, a obra principal deste disco, com vinte e seis minutos, durou cerca de dois anos durante os quais pedi à Tamila que me fizesse a revisão da parte solista, de acordo com as antigas práticas habituais nos concertos. Foi inestimável e insubstituível o seu contributo. Neste sentido a obra ficou marcada pelas relações de afecto inter pares e pelo desejo de usar no concerto material musical proveniente do Leste europeu, modos, escalas e simetrias, como base que sustentasse musicalmente a dedicatória de forma clara e ampla. Dito isto, tinha de compor. Nada a comporia por mim.

A recepção do concerto de estreia foi um daqueles momentos nos quais se estabelece uma magia misteriosa entre a música, os intérpretes e o público. Não posso dizer que aconteça muitas vezes. Apenas umas tantas que, no entanto, podem justificar uma vida ou um destino. Tal facto foi notado por Pedro Boléo que escreveu no Público (09/02/2016), na sua crítica ao concerto: “Uma estreia tem sempre aquele sabor de 'pela primeira vez'? Nem sempre. O novo Concerto para Violino de António Pinho Vargas parecia uma obra estreada há muitos anos e já plenamente integrada no reportório de violinistas e orquestras. Talvez esta sensação venha da forma como a violinista Tamila Kharambura pegou na obra, numa ligação profunda com ela, como se a conhecesse desde sempre. Talvez venha também de um diálogo consciente com a história da música que esta obra suscita, não por citação ou referência directa, mas como se citasse gestos que o violino e a orquestra incorporaram. O que é especial no concerto de Pinho Vargas é que esse diálogo não estabelece uma relação objectivista (nem “burocrática”) com a história, mas ganha uma dimensão íntima”. Efectivamente, o que aqui foi descrito com agudeza corresponde, do meu ponto de vista, à apropriação profunda da obra que Tamila Kharambura levou a cabo, à sua excepcional interpretação e execução e à inteligência e extrema competência com que o maestro Gary Walker e a Orquestra Metropolitana no seu todo o fizeram do mesmo modo. Se o público presente o terá sentido de uma forma clara tal só poderia ter acontecido perante uma execução de enorme qualidade e intensidade expressiva. Esse momento único está aqui registado na gravação ao vivo que teve lugar. Completam o disco as obras que cronologicamente o antecederam, que lhe foram dando os recursos necessários e acentuaram a ligação que perfaz o todo.

Pelo que referi enquanto misteriosa magia compreende-se que aquele dia particular ocupa um lugar especial na minha memória. Ter acontecido é um facto impossível de apagar, um evento. Este disco torna-o perene. Gostaria de finalizar este pequeno texto com três aspectos aos quais atribuo grande importância: primeiro, a primazia que atribuo ao vivido e ao afectivo; em segundo lugar, a vaga sensação de que os discursos sobre música, muitas vezes fechados sobre si mesmos ou demasiado técnicos — o que será certamente importante no ensino, sem nenhuma dúvida —, talvez não consigam por vezes captar o núcleo primordial das obras de arte, o essencial do seu ser obra; final e inversamente, devo uma forma de agradecimento tão profundo como difuso a todos os que lá estiveram, tanto a tocar como a ouvir. O evento resultou da junção tripartida da obra, dos músicos a darem-lhe realidade e dos ouvintes a darem-lhe uma parte do seu tempo e a sua audição, a sua percepção sensível, sem a qual a música ficará sempre incompleta do meu ponto de vista.

(3)

Tudo o que referi é a forma como vejo as coisas, como é evidente. Mas é-o de tal modo que não gostaria de o descentrar com considerações de outra ordem. Isso caberá a outras pessoas com toda a legitimidade para tal, mas não a mim.

António Pinho Vargas, Novembro de 2016 (o autor escreve segundo o antigo acordo ortográfico)

BIOGRAFIAS

António Pinho Vargas

Compositor. Licenciado em História, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Completou o Curso de Piano do Conservatório do Porto em 1987 e o Curso de Composição no Conservatório de Roterdão em 1990. Professor de composição na Escola Superior de Música de Lisboa desde 1991 e Investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, desde 2006. Foi condecorado pelo Presidente da República Portuguesa com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, em 1995. Em 2012, recebeu o Prémio Universidade de Coimbra e o Prémio José Afonso. Em 2014, recebeu o Prémio Autores pela sua obra Magnificat para Coro e Orquestra.

Publicou os livros Sobre Música: ensaios, textos e entrevistas (Afrontamento, 2002) Cinco Conferências sobre a História da Música do Século XX (Culturgest, 2008) e a sua tese de doutoramento concluída em 2010: Música e Poder: para uma sociologia da ausência da música portuguesa no contexto europeu (Almedina, 2011). Gravou dez discos de jazz como pianista/compositor entre os quais os CD duplos, Solo (2008) Solo II (2009) e Improvisações (2011). A Naxos editou Requiem & Judas (2014) e reeditou em digital Os Dias Levantados e Verses and Nocturnes (2015) tal como Monodia, reeditado pela Warner.

Compôs quatro óperas, três oratórias, doze peças para orquestra, oito obras para ensemble, vinte obras de câmara, nove obras para solistas e música para cinco filmes. Entre as obras mais recentes incluem-se Requiem (2012), Magnificat (2013), De Profundis (2014), Concerto para Violino (2015) e Concerto para Viola (2016).

Tamila Kharambura

Nascida em 1990 em Lviv, na Ucrânia, numa família de músicos, iniciou a aprendizagem do violino com a mãe, Elena Kharambura. Continuou os estudos com Gareguin Aroutiounian na Escola Superior de Música de Lisboa, com Pavel Vernikov na Scuola di Musica di Fiesole, Itália, e com Vesna Stankovic-Moffatt na Kunstuniversität de Graz, Áustria. Foi bolseira da Fundação Medeiros e Almeida e da Fundação Calouste Gulbenkian. Atualmente é professora convidada de violino na Escola Superior de Música de Lisboa e colabora frequentemente com várias orquestras em Viena, na Áustria, como a Synchron Stage Orchestra e a Wiener

KammerOrchester.

Tamila foi distinguida em 2011 com o Prémio Maestro Silva Pereira / Jovem Músico do Ano na 25.ª edição do Concurso Prémio Jovens Músicos da RDP, no qual recebeu o 1.º Prémio em Violino – Nível Superior, e o 3.º Prémio em Música de Câmara com o seu duo de violino e piano com a pianista Inês Andrade.

Tem-se apresentado a solo com diversas orquestras em Portugal e no seu país natal, entre as quais são de destacar a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Orquestra Artquest, a Orquestra Clássica do Centro, a Orquestra da Escola Superior de Música de Lisboa e a Orquestra de Câmara “Lviv Virtuosi” da Orquestra Filarmónica de Lviv, tocando sob a direção dos maestros Osvaldo Ferreira, Pedro

(4)

Neves, Miguel Henriques, Martin André, David Wyn Lloyd, Vasco Pearce Azevedo, Luís Carvalho, Serguiy Burko, Cesário Costa e Jean- Sébastien Béreau.

Em concertos de música de câmara colaborou com músicos como Vesna Stankovic-Moffatt, Christian Euler, Julian Arp, Diemut Poppen, Alexander Chausian, Alexander Lonquich, Tanja Becker-Bender, e de forma mais regular, com os pianistas Karina Aksenova, Philippe Marques, Inês Andrade e Anna Ulaieva – com quem foi laureada na Académie de Musique de Lausanne 2014 e com quem já se apresentou em recital em Portugal, na Áustria, na Alemanha e na Suíça. Em 2015, gravou com o pianista Philippe Marques a Sonata para Piano e Violino op.9, n.º 3 de J.D. Bomtempo, obra incluída no CD Bomtempo – Sonatas (II), da coleção melographia portugueza (mpmp). Em fevereiro de 2016, estreou no Centro Cultural de Belém o Concerto para Violino de António Pinho Vargas, com a Orquestra Metropolitana e o maestro Garry Walker – obra escrita em memória ao seu professor de violino Gareguin Aroutiounian.

Inês Andrade

A pianista Inês Andrade apresenta-se regularmente em recital nos Estados Unidos da América e em Portugal, contando também com atuações em Espanha, França, Suíça, Itália e Cabo Verde. Descrita como uma pianista com “excelente técnica e capacidade de elaboração no toucher” (Diário de Notícias), já foi ouvida em espaços como o Weill Hall do Carnegie Hall, Boston Conservatory Theater, Cabot Theater, Centro Cultural de Belém e Alexander Girardi Hall.

Como vencedora da Steinhardt Piano Concerto Competition, em 2013, foi convidada a apresentar-se como solista com a NYU Symphony Orchestra, com a qual interpretou o Concerto para Piano e Orquestra de R. Schumann, no Frederick Loewe Theater (Nova Iorque). Em Portugal, foi solista com a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, a Orquestra Sinfónica da ESML, a Orquestra Artquest e a Orquestra do Conservatório Nacional.

Colabora regularmente com outros instrumentistas, cantores e compositores com quem tem vindo a desenvolver vários projetos nas áreas da música de câmara e ensino, dando primazia à divulgação da música portuguesa. Apresenta-se regularmente com a violinista Tamila Kharambura, com quem foi premiada na categoria de música de câmara, no Prémio Jovens Músicos 2011 e com o Duo Pianíssimo, que fundou com a pianista Marta Menezes. É também membro do ensemble Virtuoso Soloists, desde 2014, com o qual gravou um CD com música de Mario Pagotto, que será lançado este ano pela editora MEP Itália.

Estudou na Escola de Música do Conservatório Nacional e na Escola Superior de Música de Lisboa, onde terminou a Licenciatura em Música e o Mestrado em Performance e Ensino na classe do professor Miguel Henriques, com as mais elevadas classificações, tendo sido distinguida, por duas vezes, com o Prémio de Mérito do Instituto Politécnico de Lisboa. Estudou com os professores Marilyn Nonken e José Ramon Mendez na New York University, onde realizou um Mestrado em Piano Performance. Frequenta, atualmente, o programa de Doutoramento em Artes Musicais na Boston University, orientado por Pavel Nersessian, onde se encontra a terminar uma dissertação sobre o compositor português António Fragoso. Foi premiada pela Boston University Women’s Council e pela National Music Honor Society Pi Kappa Lambda. É professora assistente de piano e harmonia na Boston University e diretora artística do Festival de Música da Bendada.

Sobre a editora

O mpmp, movimento patrimonial pela música portuguesa, é uma plataforma constituída por centenas de músicos lusófonos e reúne diferentes projectos em prol da divulgação de música de tradição erudita ocidental. Publica, desde 2010, a revista glosas, a única publicação do mundo exclusivamente dedicada à divulgação da música clássica de países de língua portuguesa. A nível editorial, destaca-se ainda publicação de diversas partituras e livros. O mpmp tem também desenvolvido a sua actividade em vários outros domínios e

(5)

estabelecido parcerias históricas com algumas das instituições de maior relevo no panorama cultural português, tais como a Biblioteca Nacional de Portugal, a Universidade de Aveiro, o Museu da Música Portuguesa e o Museu Nacional da Música, este último imprescindível para o projecto de gravação da obra integral para tecla do barroco Carlos Seixas (1704-1742), sob a chancela discográfica melographia portugueza, em que se inclui também o CD que é hoje lançado. Desde a sua fundação, o mpmp já promoveu mais de uma centena de espectáculos, divulgando música de compositores portugueses de toda as épocas com a colaboração de alguns dos mais promissores nomes da nova geração de instrumentistas portugueses. Realizou já duas digressões pelo Brasil, em 2014 e 2016, percorrendo Brasília, Goiânia, Belo Horizonte, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, gravando em exclusivo para a TV Brasil um programa inédito com 50 minutos de música de compositores portugueses.

Referências

Documentos relacionados

Quero ir com o avô Markus buscar a Boneca-Mais-Linda-do-Mundo, quero andar de trenó, comer maçãs assadas e pão escuro com geleia (17) de framboesa (18).... – Porque é tão

Instrução: As questões de números 01 a 04 referem-se ao Texto 1 abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões. A história envolvendo a jovem começou a se

Promovido pelo Sindifisco Nacio- nal em parceria com o Mosap (Mo- vimento Nacional de Aposentados e Pensionistas), o Encontro ocorreu no dia 20 de março, data em que também

Quando as carnes in natura (bovina, suína, frango, peixe e outros) e seus produtos cárneos, que são utilizados na alimentação humana, iniciam o processo

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Se você vai para o mundo da fantasia e não está consciente de que está lá, você está se alienando da realidade (fugindo da realidade), você não está no aqui e

Os objetivos desse projeto são: informar, levando orienta- ções às trabalhadoras rurais sobre seus direitos de cidadãs, principalmente em relação ao acesso aos documentos e às

A simple experimental arrangement consisting of a mechanical system of colliding balls and an electrical circuit containing a crystal oscillator and an electronic counter is used