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Educon, Aracaju, Volume 09, n. 01, p.1-6, set/2015

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Academic year: 2021

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PERFORMATIVIDADE NAS RESERVAS: A CONSTITUIÇÃO LINGUÍSTICA DE SEXUALIDADES DISSIDENTES NA FALA DE ADEPTOS DE CULTOS AFRO-BRASILEIROS

JOSE ANTONIO CORREIA DE SOUZA PEDRO EDUARDO DE LIMA

EIXO: 15. ESTUDOS DA LINGUAGEM RESUMO

 

Esta pesquisa etnográfica em andamento estuda fenômenos linguístico-performativos empregados na constituição da homossexualidade masculina por integrantes de cultos afro-brasileiros, bem como suas percepções linguísticas quanto ao uso que fazem. A análise preliminar sugere haver não uma essência identitária que resulta em usos linguísticos distintos, mas sim identidades constituídas nesses usos. Nota-se que a presença mais livre de homossexuais nos terreiros está ligada mais à natureza também dissidente dos cultos do que ao fato de haver, como muitos podem pensar, entidades com sexualidades múltiplas ali cultuadas. Entender a performatividade linguística na fala de frequentadores homossexuais nos cultos pode contribuir para a desmistificação de identidades naturalizadas e para o combate ao preconceito sexual e religioso.

 

Palavras-chave: língua, (homo)sexualidade, identidades.         ABSTRACT  

This ongoing enthnographic research studies linguistic-performative phenomena utilized in the constitution of male homosexuality by members of afro-brazilian cults, as well as their linguistic perceptions on the use they make. Preliminary analysis suggests that there is not an identitarian essence which results in distinct linguistic use, but rather identities which are constituted in such use. The fact that male homosexuals are more freely present in the cults is more related to the also dissenting nature of the cults than to the fact that there are entities with multiple sexualities which are worshiped there, as many people could assume. Understanding the linguistic performativity in the speech of the male homosexual frequenters in the cults may contribute to the demystification of naturalized identities and to the fight against sexual and religious discrimination.

 

Keywords: language, (homo)sexuality, identities  

Introdução  

        O presente estudo, que é parte de uma pesquisa maior em andamento, tem por objetivo geral investigar aspectos linguísticos empregados na performance de sexualidades dissidentes, em especial da &39;homossexualidade masculina&39;, de usuários integrantes de cultos afro-brasileiros, notadamente o candomblé. São duas as nossas

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perguntas: i) Que fenômenos linguísticos constituem estratégias empregadas pelos participantes para constituir sua sexualidade em sua interface com o candomblé? ii) Quais as atitudes dos participantes acerca dos usos linguísticos que fazem na performance de sua sexualidade no contexto religioso dado?

        Acreditamos ser o estudo importante por contribuir para os campos da Linguística e dos Estudos de Identidades. Além disso, dado que o empreendimento é de base etnográfica, a pesquisa tem o potencial de possibilitar visões menos deturpadas e estereotipantes tanto dos cultos afro-brasileiros quanto de como sexualidades são ali vividas, sabidamente de forma mais livre do que na maioria das outras religiões. Esperamos, ao final do trabalho, que os resultados constituam também uma forma de empoderamento dos participantes, por contarem com uma visão sistematizada de suas práticas e sua interpretação dessas mesmas práticas.

        Após esta introdução, este texto divide-se em quatro outras partes. Na primeira, explicitamos brevemente a orientação metodológica seguida no estudo, incluindo os instrumentos para a coleta de dados. Em seguida, apresentamos o referencial teórico inicial que dará suporte à análise dos dados. Esta parte divide-se em duas subseções, sendo que na primeira tratamos da teoria dos atos de fala, postulada por Austin (1975), e os desdobramentos desta teoria para os estudos de identidades; na segunda abordamos, na visão de alguns autores e autoras, a presença de homossexuais em cultos afro-brasileiros, com ênfase no candomblé. Na terceira parte, tecemos alguns comentários relativos ao referencial teórico até então revisitado e à observação em campo, considerando os objetivos do trabalho. Por fim, apresentamos algumas considerações de fechamento deste relatório parcial de pesquisa.         Comecemos, assim, com a orientação metodológica do estudo, incluindo os instrumentos de coleta.

 

1. Esclarecimentos metodológicos  

        Para a realização da pesquisa, que é de natureza etnográfica (AGAR, 1980), propusemo-nos utilizar os seguintes instrumentos de coleta de dados: i) diário de campo escrito pelos pesquisadores; ii) questionário respondido pelos participantes; iii) entrevistas feitas com os participantes, gravadas em áudio e posteriormente transcritas. O mapeamento dos locais de estudo tem sido feito desde julho do presente ano. Neste primeiro contato, participantes em potencial têm sido convidados a integrar o estudo após esclarecimentos sobre os objetivos e todos os procedimentos envolvidos.

        Optamos pela pesquisa de base etnográfica por esta possibilitar, dada a permanência prolongada em campo, a observação sistemática de fenômenos recorrentes. Este fato é importante metodologicamente e também considerando a orientação teórica do trabalho já que, como ver-se-á na seção a seguir, a performatividade ocorre na reiteração de práticas. Por isso, entendemos que as gravações das entrevistas nos possibilitam observar a língua em uso pelos participantes, o que pode ser posteriormente confrontado no cruzamento de dados resultantes da observação (diário de campo) e das respostas dadas aos questionários.

        Passemos, agora, à explanação de referencial teórico que será empregado na análise dos dados.  

2. Referencial teórico

        Esta seção traz, primeiramente, a abordagem do uso linguístico como performativo e suas implicações para os estudos de identidades. Na sequência, tratamos da relação entre a homossexualidade masculina e o candomblé.  

2.1 A linguagem como um fazer  

        Foi o filósofo inglês J. L. Austin quem primeiramente propôs uma visão da linguagem como sendo performativa. Em How to do things with words, publicado postumamente, o autor apresenta sua crítica à visão clássica da linguagem na qual “a função de uma ‘sentença&39; poderia ser somente ‘descrever’ um estado de coisas ou declarar algum fato” (AUSTIN, 1975, p. 01, ênfase no original)[i]. Na visão criticada pelo autor, somente como verdadeiro ou falso poderia ser visto um enunciado. Nesse sentido, dizer ‘O livro está sobre a mesa’ seria uma descrição/constatação do mundo real, que seria verdadeira ou falsa. Para Austin (1975), esta era uma visão muito limitada da linguagem e, assim, o autor sugere que esta seja entendida como performativa no sentido de que nem sempre tão somente se constataria a realidade via língua. Para ele a realidade, por vezes, seria criada linguisticamente. Dessa forma,  Austin sugere uma divisão de enunciados na linguagem em constativos, que fariam uma constatação de algo no mundo, sendo verdadeiros ou falsos de acordo com a realidade, e os performativos, que constituiriam uma ação, um fazer ao se dizer algo.

     A priori, os enunciados escolhidos por Austin para exemplificar a performatividade da linguagem eram pertencentes aos contextos jurídico e religioso. Dizer ‘Sim, aceito’, no altar, diante da autoridade para realizar o casamento é, nesse sentido, a realização de um casamento em si, e não sua constatação. Aquele que diz ‘Sim’, nesse caso, como mostra

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Austin, casa-se. O autor afirma que os performativos podem ser considerados &39;felizes&39; ou &39;infelizes&39;, mas não verdadeiros ou falsos como os constativos. Se o casamento aqui referido é parte de uma peça teatral, por exemplo, ou se a autoridade necessária não se faz presente, o enunciado será infeliz, na terminologia de Austin, pois não realizará a ação à qual se refere. Estudos que buscam considerar a linguagem na perspectiva austiniana abrangem a fala ordinária, considerando os usuários e as usuárias da língua, e não tomando esta somente em sua estrutura, isolada do uso, como sugerem correntes estruturalistas.

     Segundo Culler (1999, p. 8) “[a] distinção entre performativo e constativo capta uma diferença importante entre tipos de enunciados e tem o grande valor de nos alertar acerca da extensão na qual a linguagem performa ações ao invés de meramente mostrá-las”. Este autor nos mostra como discussões em torno dos atos de fala ainda persistem no meio linguístico acadêmico no que concerne à sua definição. Aborda também a tentativa de Austin de criar uma lista de verbos performativos como &39;declaro, ordeno, prometo, afirmo&39; mas, como se pode ver mesmo em How to do things with words, Austin (1975) sentia um certo desconforto com essa divisão de verbos e mesmo com a divisão constativo-performativo. Enunciados que a priori eram vistos como puramente constativos, como o tão usado “O gato está sobre o carpete” (AUSTIN, 1975, p. 90), foram então questionados quanto a uma constatação pura. Proferi-lo não somente constata que o gato está sobre o carpete mas, dentre outros possíveis efeitos, leva o interlocutor a sabê-lo e, portanto, cria uma realidade no mundo. Portanto, Austin chega a um ponto em que considera o constativo um tipo particular de performativo. A linguagem, a partir de então, é entendida pelo autor como permeada de performatividade.         A partir desta fase, em suas conferências Austin passa a considerar todos os enunciados como performativos. Nestes haveria sempre três níveis que ocorreriam simultaneamente: o locucionário (ato de dizer algo), o ilocucionário (a força que o ato de dizer algo tem – aviso, ameaça, instrução, exemplificação) e o perlocucionário (o efeito que o ato de dizer algo tem sobre o ouvinte e até mesmo sobre quem profere o enunciado). Os postulados de Austin acerca da performatividade linguística são conhecidos como ‘teoria dos atos de fala’.

         Além da Linguística e suas subáreas, os postulados de Austin têm, desde o final da década de 1960, influenciado vários campos de inquirição. Importa-nos, neste estudo, suas implicações para os estudos de identidades. Os trabalhos da filósofa americana Judith Butler, por exemplo, principalmente a partir da década de 1990, têm influenciado enormemente o feminismo e estudos gays e lésbicos. Partindo dos atos de fala, em Gender Trouble: feminism and the subversion of identity (BUTLER, 1999), a autora afirma serem produções culturais e sociais as categorias fundamentais da identidade, ao contrário do que se via anteriormente (baseadas em uma identidade biológica de sexo). Da mesma forma que um enunciado na visão austiniana age sobre a realidade a partir de convenções sociais, o gênero, para Butler, é algo que se performa, é um fazer, resultante de práticas semióticas reiteradas historicamente. Há, assim, uma mudança na abordagem do gênero, que passa a ser visto como sócio-culturalmente construído, e não dado de acordo com o sexo do indivíduo. A partir dos postulados de Butler (1999), passa-se a ver “identidades de gênero e comportamentos de gênero produzidos ao mesmo tempo” (CAMERON, 2005, p. 484).

      Nos estudos identitários esta performance é também estendida à sexualidade. Gênero e sexualidade são, assim, entendidos como categorias que não são essência, constituindo esta visão um dos desdobramentos dos atos de fala nos estudos de identidades. Autores e autoras como Cameron (1995; 1998; 2005), Jagose (2001), Cameron e Kulick (2003), Moita Lopes (2002), Louro (2004), Sullivan (2006), dentre outros/as, tratam de temas relacionados a questões identitárias como raça, sexualidade e gênero, dentre outras, numa perspectiva performativa que também são influenciados por este desdobramento. Neste estudo, buscamos investigar as implicações da visão dos atos de fala nos estudos de sexualidades no sentido de buscar compreender como os participantes constituem linguísticamente suas sexualidades (homossexuais masculinos), como afirmam e reafirmam, linguísticamente, este aspecto de suas identidades no contexto dos cultos afro-brasileiros, notadamente o candomblé. Acreditamos que este estudo, que toma o uso e as atitudes linguísticas dos participantes como corpus de análise, mostrar-se relevante para a compreensão de identidades como não sendo essência e, portanto, possivelmente contribuirá para o combate de interpretações estereotipadas de sexualidades.

        Vejamos, na subseção a seguir, algumas considerações acerca da vivência homossexual no candomblé.  

2.2 Sexualidades dissidentes e cultos afro-brasileiros  

        Nesta pesquisa, entendem-se sexualidades dissidentes como aquelas que fogem ao padrão heterossexual, já que divergem do imperativo que está a serviço da construção da heterossexualidade compulsória. Nesse sentido, os participantes em potencial são homossexuais, travestis, lésbicas e transexuais. Até o momento, o contato foi feito apenas com homens gays, dada sua prevalência (dentro do quadro de participantes) nos cultos e, por isso, focamos mais o estudo na homossexualidade masculina. Quanto à questão religiosa, apesar de usarmos &39;cultos

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afro-brasileiros&39;, o contexto privilegiado para a trabalho é o do candomblé por entendermos que este abrange, no Brasil e nos dias atuais, práticas constituídas historicamente que têm raízes em diversas religiões da África.

        É certo o fato de cultos afro-descendentes serem mais abertos à presença e vivência menos oprimida de homossexuais, bissexuais, lésbicas e transexuais. Tal fato, entretanto, parece estar mais ligado à natureza também dissidente dos cultos do que, como muitos pensam, ao fato de haver entidades com sexualidades múltiplas neles cultuadas (FRY, 1995). O autor, com base em pesquisa de cunho etnográfico, fala-nos do fato de que "um número pequeno de pessoas abastadas frequentam terreiros, mas que tendem a comparecer fora do horário dos rituais" (FRY, 1995, p. 202). Além disso, o autor afirma que a maior parte dos pais-de-santo e das mães-de-santo provêm de áreas urbanas pobres e que os terreiros geralmente estão localizados em bairros afastados. Esta descrição difere, também segundo o autor, do que ocorre com outras religiões, como o espiritismo kardecista, o catolicismo e o protestantismo, que têm centros, igrejas e templos grandes, em edifícios luxuosos e bem equipados também em áreas urbanas mais centrais, com a presença explícita de pessoas de diversas classes sociais.

        A argumentação de Fry (1995) converge com o que é descrito por outros autores no tocante a essa faceta dos cultos afro-brasileiros que os difere de outras religiões (LANDES, 1940; SANTOS, 2008, dentre outros). Nesse sentido, entendem-se os cultos afro-brasileiros também como dissidentes, divergentes dos demais por, devido a questões de ordem histórica e social, não gozarem do mesmo prestígio que outros, e até estarem sujeitos à estigmatização. Um exemplo bastante emblemático disso foi a afirmação, citada por Grellet (2014), do juiz federal Eugenio Rosa de Araújo de que "as manifestações religiosas afro-brasileiras não se constituem em religiões", referindo-se ao candomblé e à umbanda em uma sentença judicial.

        É sabido que diversas entidades afro-brasileiras têm gênero. Algumas são masculinas, outras femininas, e há híbridas. Outro fato é que um homem, por exemplo, na perspectiva dos cultos, pode ter como orixá uma entidade feminina. Talvez a isto muito se tem creditado o fato de haver tantos homens abertamente gays que frequentam o candomblé, no qual a entidade poderia ser vista como um subterfúgio para a performance feminina de um homem, independentemente de haver ou não de fato o estado de transe ou até mesmo a fé. Entretanto, como demonstram autores como Landes (1940) e Fry (1995), o fato de o candomblé ser por muitos socialmente posto às margens constitui o contexto ideal para a vivência de identidades subversivas. O aspecto dissidente das (homo)sexualidades converge com o âmbito também dissidente das religiões afro-brasileiras, e talvez por isto haja maior liberdade para homossexuais, travestis, lésbicas e transexuais nelas professarem sua fé e viver suas sexualidades.

        Na seção a seguir, diante do que obtivemos até o momento concernente a teoria e dados obtidos em visitas a campo, tecemos algumas considerações acerca da relação entre uso linguístico-performativo e homossexualidade masculina em cultos afro-descendentes, em especial o candomblé.

   

3. A fala e a sexualidade de adeptos de cultos afro-descendentes: visando uma abordagem performativa do uso linguístico-identitário

 

        Estudos e publicações que tratam do uso linguístico atrelado a sexualidade em sua interface com origens no contexto de cultos afro-descendentes abundam. Vão desde à compilação de dicionários, como o irreverente de Vip e Libi (2006), a trabalhos mais sérios como de Filho e Palheta (2008). Comum à maioria dos estudos nesse campo é a visão do uso linguístico como preconizado por antecessores de Austin (1975). Nesse sentido, muitas vezes é até mesmo defendida a existência de uma gíria gay, um uso "secreto" ou dialeto compreendido apenas intra-comunidade.         Considerando a proposta teórica deste estudo, a abordagem que se busca difere no sentido de ver identidades, nesse momento mais especificamente a "homossexualidade masculina", não como algo pré-existente e causa natural de usos linguísticos específicos. Entender a linguagem como apenas constativa no âmbito das identidades seria entender estas como fixas e pré-definidas, o que resultaria em usos da línguagem característicos dos gays. Neste estudo, a abordagem teórica, bem como os primeiros contatos com os participantes, tem sugerido uma interpretação mais ampla de (homo)sexualidade, em nível social, em como se afirmam e reafirmam identidades. Afinal, se assim não fosse, se identidades fossem prontas e acabadas, por que precisariam, como questiona Cameron (1995), ser reiteradas recorrentemente?

        O estudo, em andamento, busca abordar fenômenos linguísticos (léxico, entonação, dente outros) que se dão como estratégias empregadas pelos participantes para constituir, constantemente, sua sexualidade considerando a situação de pertença a cultos afro-brasileiros. Além disso, busca-se entender como os participantes percebem seus usos linguísticos dentro do contexto religioso dado atrelado a suas identidades.         Assim, por exemplo, palavras tão recorrentemente mencionadas em estudos outros como pertencentes a um uso exclusivo de homossexuais como

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&39;aqué&39;, &39;elza&39;, &39;odara&39;, &39;ocó&39;, &39;mona&39; (Notas de campo), são inquiridas quanto a seu potencial em termos de performatividade. Isto significa que seu uso é aqui estudado no que concerne à sua possibilidade de tornar legítima, presente, constituída (de forma constante), a sexualidade dos participantes, vista como efeito (perlocucionário) das práticas semióticas reiteradas, com foco na linguagem.

        Passemos, na próxima seção, a algumas considerações que, embora chamemos de "finais", o são apenas se considerarmos as etapas até este momento descritas neste relatório.

 

4. Considerações finais  

        Não podemos, neste ponto, responder às perguntas de pesquisa. Os dados ainda são preliminares, em um banco ainda limitado. Nosso estudo segue, inclusive intensificando a busca por um arcabouço teórico que dê conta da análise a que nos propomos. Também é preciso ainda definir quais exatamente serão os terreiros de candomblé que constituirão nosso campo de pesquisa. Precisamos também que os participantes aceitem formalmente a participação livre e esclarecida no estudo.

        Para além dos objetivos traçados e de responder a nossas questões, ansiamos que o trabalho possa ser de empoderamento nos termos de Cameron et al (1993), isto é, uma pesquisa sobre, com e para os participantes. Entendemos que, como afirmado pelas autoras, estudos dessa natureza, por empoderar uns, desempoderam outros, mas entendemos esta responsabilidade com a inquirição que envolve pessoas. É verdade que desejamos entender como os participantes constituem discursivamente sua sexualidade no contexto estudado e suas atitudes linguísticas quanto a esta constituição. Não obstante, desejamos que ao final do empreendimento eles tenham acréscimos a suas vidas, que o trabalho possibilite mudanças, que desmistifique visões estereotipantes e contribua para o combate ao preconceito.

 

Referências  

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[1] Com o fim de torna este texto mais fluente e acessível, traduzimos para o português todas as citações extraídas de originais em outra língua. 

 

 Professor de Geografia na Educação básica na Rede Estadual do Estado da Bahia. Graduado em Geografia e em Artes Visuais e mestrando em Educação na Universidade Tuiuti do Paraná. E-mail: toncorreia@hotmail.com

 

Professor Assistente II na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Graduado em Letras (Inglês/Português) e mestre em Letras/Linguística pela UFG. E-mail: limude9@gmail.com

 

Recebido em: 05/07/2015 Aprovado em: 06/07/2015

Editor Responsável: Veleida Anahi / Bernard Charlort Metodo de Avaliação: Double Blind Review

E-ISSN:1982-3657 Doi:

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