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RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS POR MINERAÇÃO DE MANGANÊS NO MORRO DO URUCUM MS

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Academic year: 2021

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RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

POR MINERAÇÃO DE MANGANÊS

NO MORRO DO URUCUM – MS

Verissimo,E. W.*

Valcarcel, R.**

Summary

Studies on the recuperation of waeste land have been developed at Urucum Mount at Corumbá - MS.

The original vegetation comprises Semidecidual Forest and savana. Surveys of vegetation and phytosociological studies have been developed in the last 18 months. A hundred and fifty-three species have been catalogued and identifed. Forty-two were chosen as seeds sources. In open areas without vegetation we are using fast growin herbaceous legumes species. Where as on those areas with some vegetation we are introducing fast growing reative legume trees.

All species used were inoculated with nitrogen fixing bacteria.

The results so far achieved appear to be satisfactory in assisting the recovery of soil fertility.

Resumo

A recuperação de áreas degradadas (RAD) está sendo desenvolvida no Morro do Urucum, localizado em Corumbá - MS. A vegetação original é composta por floresta estacional semidecidual e cerrado. Foram realizados levantamentos florístico e fitossociológico durante 18 meses de trabalho. Foram preenchidas 153 fichas dendrológicas de diferentes espécies nativas da região, selecionando-se 42 para porta sementes, provedoras do Horto Florestal próprio para as atividades de recuperação da empresa. Nas áreas onde não são viáveis o enriquecimento da vegetação com espécies nativas, utiliza-se leguminosas herbáceas, rústicas e de rápido crescimento. Todas elas devidamente inoculadas com estirpes de rizóbio e com fungos micorrízicos seguindo especificações da EMBRAP/CNPBS. Complementariamente as medidas biológicas desenvolve-se projetos de disciplinamento dos recursos hídricos assim como estratégias de controle de erosão.

Palavras-chave: Recuperação; mineração; leguminosas; inoculação com rizóbio

1 -Introdução

As morrarias localizadas próximas a Corumbá, MS, apresentam grandes jazidas de minério de ferro e manganês, localizados nos planaltos e trechos da catena com relevo acentuado respectivamente.

As preocupações pela restauração ambiental, objetivando a minimização dos impactos ambientais, causados pela mineração neste frágil ecossistema pantaneiro, sempre foram escassas no passado. Assim como as experiências executivas com os mesmos objetivos, acarretando a inexistência de técnicas e estratégias cientificamente comprovadas e devidamente corroboradas no tempo para a recuperação de áreas degradadas.

O presente estudo desenvolve-se no Morro do Urucum, MS, distante 30 km da cidade de Corumbá, em propriedade da Urucum Mineração S.A. que explora atualmente manganês em minas subterrâneas.

Os trabalhos desenvolvidos durante um ano e meio incluem entre outras atividades básicas: levantamentos florísticos e fitossociológicos, coleta de sementes e produção de mudas e implantação de medidas para disciplinamento de águas pluviais além do controle da erosão.

A área total a ser recuperada é de aproximadamente 10 ha, subdividida em 8 (oito) sub-áreas tipos, que apresentam problemáticas ambientais específicas.

Estão sendo testadas várias espécies de leguminosas herbáceas de rápido crescimento, além do plantio de mudas de espécies arbóreas de diversas famílias.

O objetivo deste trabalho é expor e discutir as experiências adquiridas pela SYTEC 3 nas propriedades da Urucum Mineração S.A., que atualmente explora minério de manganês em galerias subterrâneas, localizadas nas partes das vertentes com maior declividade (ver Figura 1).

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* Depto. de Meio Ambiente - SYTEC 3 ** Depto. de Ciências Ambientais -UFRRJ

2 -Material e Método

Os principais impactos ambientais decorrentes da atividade de mineração são causados no sistema ecológicos floresta estacional semidecidual, motivo pelo qual procurou-se aprofundar os conhecimentos sobre seu funcionamento, estruturação, caracterização do meio físico e biótico.

A partir do entendimento do funcionamento dos ecossistemas, associou-se a atividade de mineração passada, atual e futura. Elaborou-se o cronograma de recuperação ambiental integrado ao de exploração mineral, o que possibilitou definir estratégias para tratar situações tidas como:

emergenciais, preventivas e mitigadoras.

O acompanhamento e desenvolvimento da integração destes dois cronogramas definiram uma estratégia a curto, médio e longo prazo, que minimiza os efeitos degradantes das regiões em atual fase de exploração, e trata de recuperar as áreas sem previsão de uso futuro.

A região mais afetada e com prioridade de recuperação ambiental foi dividida em 8 áreas-tipo, baseado em critério de afinidade da problemática ambiental (Quadro 1).

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ÁREA - TIPO FONTE GERADORA DO PROBLEMA SUPERFÍCIE (M2) 01 Talude constituído por antigo depósito estéril 6.500

02 Idem área 01, com agravante de incêndios 13.300

03 Idem área 01, com deposição esporádico de minério 6.500 04 Deposição de estéril em talude instável, decorrente da abertura de placa para

ingresso em galeria (túnel) 27.900

05 Taludes de barragens de rejeito 5.000

06 Idem área 05. Agravado pela saturação do freático a jusante 10.000

07 Área desmatada 8.000

08 Idem área 07 6.000

Quadro 1- Áreas – tipo.

Plantou-se em áreas com solo estruturado (orgânico, com escassa cobertura vegetal) e não estruturado (zona de deposição de estéril e solo das bancadas removidas).

Nas áreas com solo não estruturado foram utilizadas e testadas espécies leguminosas (porte herbáceo/arbustivo) de rápido crescimento devidamente inoculadas com estirpe específicas de rizóbio (FRANCO et al., 1991).

O espaçamento utilizado foi de 10 cm entre sementes e 50 cm entre linhas, obedecendo a critérios preconizados em literatura (ALMEIDA, et al., 1988) e aos efetivamente exeqüíveis em condições de campo, onde as características do terreno foram as condicionantes: pedregosidade, afloramento rochoso, umidade do terreno, intensidade do processo erosivo, etc.

Em associação às medidas biológicas, tratamentos biológico-mecânico foram projetados, com o objetivo de combater os problemas erosivos e criar condições para a implantação das mudas, acelerando o processo de recuperação das áreas degradadas (Anexo 1) e medidas de disciplinamento das águas pluviais (Anexo 2).

Nas áreas que demandam tratamento preventivo, promoveu-se o enriquecimento da vegetação com o plantio de espécies de fase sucessional mais evoluída, utilizando-se espaçamento de 3 x 3 metros, além da manutenção dos aceiros, tratos culturais e aperfeiçoamento das fichas dendrológicas.

A identificação e armazenamento do material botânico são realizada nos Herbários da Universidade Federal e Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

As medidas mitigadoras foram propostas, principalmente, para as etapas que envolvem fases futuras de mineração: seleção das áreas bota-fora seguindo critérios conservacionistas, dimensionamento e ajuste da rede de drenagens (novas e naturais), seleção das espécies florestais para serem plantadas nas bordaduras dos tanques de decantação (a montante e jusante).

Como estamos operando há 18 meses ainda não nos foi possível implantar as obras em sua totalidade, assim como proceder uma estrita avaliação de seu desempenho conservacionista.

Nas áreas cujos tratamentos são emergenciais foram realizadas amostragens e análise físico-químico dos solos em diferentes profundidades, com objetivo de avaliar futuramente os efeitos advindos dos plantios realizados.

3 - Resultados e Discussão

O levantamento físico - conservacionista previamente realizado evidenciou, entre outras observações, macro-ambientes com propriedades ecológicas peculiares na região: pantanal, floresta estacional semidecídua e campo limpo (Figura 1).

Na zona de influência mineradora predomina os dois últimos macro-ambientes. Após levantamento florístico e fisionômico da vegetação remanescente, menos modificada pela ação antrópica encontrou-se gradual variação relacionada com a altitude, tipificada segundo RIZZINI (1979) em: floresta estacional semidecídua, cerradão, cerrado típico, campo cerrado e campo limpo (AGAREZ et al., 1992).

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O enquadramento das áreas-tipos ao esquema apresentado na Figura 1, permitiu adquirir melhor nível de conhecimento sobre a dinâmica ambiental de cada sítio tratado, contribuindo para aumentar o nível de acerto das medidas recuperadoras. Verificou-se que os sítios próximos podem possuir características edafo-climáticas díspares.

Quadro 2 – Lista das espécies utilizadas e resultados preliminares após o primeiro ano. Obs.: M = mau; R= regular; B= bom

(1) exótica; (2) nativas

O principal problema reside em enquadrar corretamente as áreas-tipo aos sistemas ecológicos locais, separando os efeitos ambientais (exposição solar, umidade da vertente, etc.) que geram mudanças comportamentais na biota, dos causados pela interferência antrópica em um passado próximo (desmatamento, pastagens abandonadas, etc.).

Apesar da dificuldade inerente a este tipo de ajuste, acreditamos estar cometendo menos erros, que simplesmente ignorar estes efeitos e proceder o plantio das e espécies de forma sistemática em toda a região.

Das 153 espécies secundárias e/ou clímax identificadas no campo, selecionamos 42 como árvores matrizes de sementes e testamos 15 no campo (plantio de 1.500 mudas). Os resultados preliminares são apresentados no Quadro 2.

ESPÉCIES SOLO ESTRUTURADO SOLO NÃO ESTRUT.

PORTE HERBÁCEO (1) Canavalia ensiformis - B Desmodium ovalifolium - M Crota/aria anagiroides - B Lablab purpurus - B Calopogonium sp - B Indigofera hirsuta - M PORTE ARBÓREO(2) Astronium fraxinifolium R - Tabebuia caraiba B - Tabebuia sp. B - Cedrela sp. B - Acrocomia sp. B - Dimophandra sp. B - Inga sp. R - Enterolobium sp. B - Apeíba sp. M - Anadenanthera peregrina B - Annona braiflora B - Parinari sp B - Guarea quidomia - - Comaurouma sp B - Acacia spp. B - FRUTÍFERAS Morus alba B - Psidium guajava B - Mangifera indica B -

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As espécies utilizadas nas áreas com solo não estruturado apresentam nos primeiros 30 dias aproximadamente 30 cm de altura. Com 120 dias após o plantio encontram-se cobertas mais de 60% da área e com as mudas apresentando altura máxima de 100 cm (Canavalia ensiformis e Lablab

purpureus).

O índice de germinação foi semelhante para C. ensiformis, L. purpureus e C. anagiroides.

O desempenho de Desmodium ovalifolium e Indigofera hirsuta foi inferior aos das outras espécies utilizadas.

O índice de germinação das espécies de leguminosas arbóreas de rápido crescimento no viveiro tem sido acima de 80% (Quadro 3). As sementes de leguminosas, nativas ou não, após tratamento foram as que apresentaram melhor índice de germinação, com aproveitamento quase total.

As espécies frutíferas foram plantadas nas regiões vizinhas às vilas residenciais e locais públicos (aprox. 500 mudas). ESPÉCIES DESEMPENHO Acacia auriculiformis... B A. mangium... B A. augustissima... B Albizia samam... B Enterolobium timbouva... B Mimosa caesalpiniaefolia... B M. tenuiflora... B

Quadro 3 -Lista das espécies de leguminosas arbóreas produzidas no viveiro para plantio em campo. Obs.: M = mau; R = regular; B = bom.

4 –Conclusão

1) A tentativa de enquadramento ambiental do sítio a ser recuperado com medidas biológicas e biológico-mecânico, ao de uma área de domínio ecológico (exemplo: cerradão), apresenta-se, até a presente data, como uma boa alternativa de trabalho para recuperação de áreas degradadas.

2) A aplicação das técnicas de recuperação das áreas degradadas estão apresentando bons resultados que iniciam-se na produção de mudas das espécies nativas, como Acácia spp., Enterolobium

sp.,Pintadenia peregrina, Tabebuia sp, Annonaceae braniflora e cedrela sp. Estes resultados

têm-se repetido, no campo, com sucesso nas áreas em processo de recuperação das áreas degradadas.

No decorrer desse trabalho serão experimentadas novas espécies e eliminadas aquelas que não se adaptaram às necessidades local.

3) A mineração de manganês em galerias, atualmente contribui menos para a degradação ambiental, que outros tipos de atividades a céu aberto. Entretanto, ela pode contribuir ainda menos, caso forem adotadas as medidas mitigadoras recomendadas.

Referências Bibliográficas

AGARFZ, F. V.; VERISSIMO, E. W.; V ALCARCEL, R. & RIZZINI, C.M. Fitofisionomia das morrarias de

São Domingos e Santa CruZ, MS, sob interferência de atividades de mineração. In: Anais do

Simpósio sobre Estrutura, Funcionamento e Manejo de Ecossistemas. UFRJ/IB, Resumos... 213 p., p. 146, 1992.

ALMEIDA, O.L et al. Manual de Adubação para o Estado do Rio de Janeiro. Coleção Univ. Rural Ciências Agrárias, N"2,Itaguaí, RJ,179p.,1988. "

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FRANCO, A.A.; CAMPOS NETO, D.;CUNHA. C.O.; CAMPELLO, E.F.; MONTEIRO, E.M.S.; SANTOS,

C.J.F.; FONTES, A.M. & FARIAS, S.M. Revegetação de solos degradados. In: Anais do

Workshop sobre Recuperação de Áreas Degradadas. UFRJ, Itaguaí, RI, 202 pp., 133-139, 1991. RIZZINI, C.T. Tratado de Fitogeografia do Brasil. HUCITEC-EDUSP, SP, Vol. 1-2,373 p., 1979.

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Anexo 2 – Caixa Tranqüilizadora.

VERISSIMO,E.W. e VALCARCEL,R.(1992) Recuperação de áreas degradadas pôr mineração de manganês no morro do Urucum, MS. In: Simp. Nac. de Recuperação de Áreas Degradadas,I. Anais... 520p. p264-272. 26-29/10/92. Curitiba,Pr. UFPr. (L421)

Referências

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