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PROJECTO DE RECOMENDAÇÃO DE NOVEMBRO DE 2009

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P

ROJECTO DE

R

ECOMENDAÇÃO

19

19

DE

N

OVEMBRO DE

2009

CONTRIBUIÇÃO DO CONSELHO

CONSULTIVO REGIONAL

PARA AS AGUAS OCIDENTAIS

AUSTRAIS

AO LIVRO VERDE

DA REFORMA DA POLÍTICA

COMUM DE PESCA

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2

Sumário

Contribuição do CCR Sul para o Livro Verde sobre a reforma da Política Comum da Pesca ... 3

1. Uma nova governança: do local ao comunitário ... 3

2. Um mercado europeu mal conhecido e não regulado ... 8

3. Ordenamento das pescas: em direcção a uma abordagem diferenciada por pescaria e um reconhecimento da função e do peso da pesca artesanal ... 9

4. A pesca: um actor considerável e imprescindível da política marítima integrada ... 12

Lista das propostas do CCR Sul para a reforma da politica comum da pesca ...13

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Contribuição do CCR Sul para o Livro Verde sobre a reforma da Política Comum

da Pesca

Problemática:

A actividade piscatória deve ser apreendida em termos de fileira que disponibiliza, num mercado mundializado e altamente especulativo, produtos selvagens provenientes de uma actividade de «captura» praticada num território específico. Toda a problemática consiste em encontrar um equilíbrio entre a produção biológica dos ecossistemas marinhos, limitada por natureza e um mercado de produtos do mar não regulado e cuja procura está em constante crescimento.

É imperativo encontrar o equilíbrio que permitirá o desenvolvimento sustentável da pesca, ou seja uma pesca criadora de riquezas, empregos e que contribua para a animação dos territórios litorais. Uma pesca cujas práticas preservem a produtividade biológica e o equilíbrio dos ecossistemas.

O CCR Sul pretende, com esta contribuição, salientar alguns aspectos organizacionais que lhe parecem fundamentais, mas gostaria de poder prosseguir com a sua contribuição até à reforma da Política Comum da Pesca. Por isso é que o projecto GEPETO proposto deverá evidenciar elementos metodológicos com vista à implementação de uma abordagem por pescaria da gestão das pescas.

1. Uma nova governança: do local ao comunitário

O CCR Sul questiona o funcionamento centralizado da gestão das pescas e gostaria que fosse implementado um sistema descentralizado, elaborado à escala das unidades de gestão, no respeito da subsidiariedade: a decisão é tomada na escala mais pertinente.

Establecer uma abordagem a largo prazo em cogestão entre as administrações, os cientistas e o setor

• Primeira etapa: definir a escala de gestão ou unidade de gestão

O CCR Sul não se identifica com a abordagem generalizadora e simplificadora da Comissão Europeia no Livro Verde. Para além disso, as soluções devem ser pensadas pescaria por pescaria, o balanço deve ser considerado nessa escala.

Sabemos que maior parte dos navios têm uma relação de dependência forte com determinadas zonas marinhas (zona costeira no caso das embarcações pequenas, zona de alto mar no caso dos barcos com destino a marés de vários dias, etc.). Para além disso, a manutenção do funcionamento e a produtividade dos ecossistemas marinhos requer uma abordagem por ecossistemas, imposta, aliás, pela directiva quadro «estratégia marinha».

 O CCR Sul pede para a Comissão Europeia proceder, nas suas águas, a uma definição das unidades de gestão, tendo em conta a escala das pescarias (zonas de actividade dos profissionais) e a dos ecossistemas.

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• Segunda etapa: repensar a governança das pescas pondo em lugar uma regulação da atividade elaborada través um processo cogestion (participação simultânea das administrações, dos cientistas e as partes interessadas) flexível

Segundo as linhas directrizes estabelecidas pela FAO, a abordagem ecossistémica das pescas baseia-se, entre outras coisas, numa reorganização da governança, associando à escala das unidades de gestão o conjunto dos actores e, em primeiro lugar, os pescadores.

O CCR Sul propõe a implementação de comités de pilotagem à escala das unidades de gestão, compostos por representantes das administrações (nacionais e regionais), do sector e da sociedade civil. Estes comités são assistidos por cientistas e animados pela Comissão Europeia.

 Construir uma equipa de projecto para cada unidade de gestão (exemplo da pescaria de anchovas) para passar da consulta à concertação

O CCR Sul permitiria preparar a montante a participação de um ou dois dos seus membros num comité da unidade de gestão, animado por um secretariado técnico.

A única instância que poderia dirigir o secretariado é a Comissão Europeia: Pois esta é que pode tomar a iniciativa de criar este tipo de estrutura que deve ser neutra e capaz de mobilizar meios humanos e financeiros necessários.

O objectivo consiste em passar de uma situação actual de diálogo vertical para uma situação de diálogo horizontal.

O CCR Sul pretende passar de uma fase em que é consultado para uma fase em que participaria numa concertação que reunisse administrações e cientistas. «A consulta permite ao gestor público recolher as opiniões dos intervenientes consultados. Trata-se de criar um debate para obter sugestões , reacções e ensinamentos, não havendo partilha do poder de decisão. Nenhuma garantia é dada relativamente à tomada em consideração das opiniões expressas. Ao limitar as trocas horizontais entre os participantes, o gestor premune-se contra uma eventual tomada de poder dos participantes».

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5 Pelo contrário, a concertação é «um processo induzido ou autónomo de construção colectiva de perguntas,

visões, objectivos e ou acções comuns, através de um diálogo horizontal entre participantes que se comprometem voluntariamente e se reconhecem mutuamente legitimidade em participar» (BEURET J.E., 2006, La conduite de la concertation, L’Harmattan).

 Tal sistema poderia ser concretizado, dando um lugar aos representantes dos CCR e do Parlamento Europeu nos comités de perito que assistem o Conselho.Em falta desta abertura e desta transparência, podemos temer que “uma comitologia paralela” estabeleça-se ao nível do Parlamento Europeu.

 A coerência e a legibilidade do processo de preparação regulamentar são facilitadas pelo estabelecimento de um calendário comum às administrações (comunitária, nacionais e regionais), aos cientistas e às partes interessadas representadas pelo CCR

• Terceira etapa Responsabilização e participação dos pescadores

O termo de responsabilização não é adequado, porque sustenta a ideia já existente de que os pescadores não se preocupam minimamente com os recursos, e que, na verdade, não são responsáveis. Como, com um postulado tão indelicado solicitar a sua adesão? Seria mais conveniente falar em participação.

Essa participação baseia-se na relação entre os pescadores e o território ou o recurso (no caso das pescas pelágicas) explorados. Os pescadores vão lutar para gerir um recurso directamente ligado ao seu futuro. Este aspecto deve ser relacionado com a importância primordial para o ordenamento das pescas em definir unidades de gestão.

Para os pescadores participarem, convém estabelecer a ideia de que o esforço principal deve residir nos trabalhadores da pesca; os «homens» constituem o recurso principal, pois trata-se de uma acção que envolve homens. Este processo baseia-se numa evolução das mentalidades, pelo que levará, obviamente, algum tempo.

A Comissão deverá, não só, levar em consideração a função das OP, que constituem um mecanismo organizacional, mas também o conjunto dos agentes da pesca artesanal e da colheita de marisco (as Cofradías em Espanha, os Comités Locais em França e as Associações de armadores em Portugal, representativos de uma população mais vasta da Comunidade piscatória, os pequenos pescadores autónomos, as empresas familiares, as mulheres assalariadas, etc.).

Regra geral, deve-se rejeitar qualquer responsabilidade financeira. No entanto, parece que nalgumas zonas de colheita de marisco da Galiza e França, os profissionais pagam fiscais para organizarem um auto-controlo no âmbito da sua luta contra a pesca furtiva. Este tipo de envolvimento incentiva mais os profissionais para o êxito da gestão dos seus territórios.

O CCR Sul quer igualmente insistir sobre o papel das mulheres da pesca que são associadas a todos os ofícios da fileira e sofrem hoje ainda duma cruel falta de reconhecimento por parte das instituições. A situação não evoluiu ainda e o Livro Verde não cita em nenhum momento o papel das mulheres.

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 Reconhecer e respeitar o papel das mulheres nas pescarias. Valorizar as suas contribuições para o setor da pesca e a comunidade geralmente, atribuir-lhes um estatuto específico como esposas colaboradoas e actrices económicas e reconhecer a importância das atividades sociais, culturais e económicas nas quais são comprometidas

• Quarta etapa: estabelecer objectivos a longo prazo e elaborar uma planificação estratégica

De modo a garantir uma maior visibilidade ao sector, o CCR Sul apoia a generalização dos planos de gestão (ver comunicação do CCR Sul). Contudo, esses planos de gestão devem ser elaborados de maneira concertada entre as partes interessadas, a administração e os cientistas, sendo suficientemente flexíveis para serem adaptados aos poucos, consoante o seu desenvolvimento, a evolução dos conhecimentos e as flutuações da actividade.

Estes planos não devem aplicar-se àos stocks dado que esta escala não corresponde nem aos ecossistemas nem à realidade das pescarias multi-específicas mas às unidades de gestão de antemão definidos.

 Passar de plano de gestão a longo prazo de stockss a planos de gestão a longo prazo para as unidades de gestão

À semelhança da implementação dos planos de gestão a longo prazo, a abordagem ecossistémica pressupõe a elaboração colectiva de uma visão a longo prazo, à escala dos ciclos biológicos (5-10 anos).

 Para estabelecer objectivos a longo prazo, o CCR Sul propõe as seguintes etapas:  Estabelecer um diagnóstico inicial

 Estabelecer objectivos a longo prazo  Munir-se de um roteiro

 Definir indicadores de progresso flexíveis e adaptativos e proceder a um acompanhamento da eficácia das medidas de gestão implementadas para as modificar, se necessário

Uma das mais importantes ideias consistiria em elaborar uma carta ou um contrato formais de meios, entre os três pólos da administração, do sector e dos cientistas.

Tratar-se-ia tanto de um elemento de fundo como de forma. Relativamente ao fundo, seria uma maneira de colaborar, trocar pontos de vista, decidir, estabelecer objectivos e regular, que convinha instaurar duradouramente, com a perspectiva da adopção de normas regulamentares por parte da União Europeia, nessa base.

Relativamente à forma, o conjunto dos três pólos deveria poder identificar um interesse em, incluindo no aspecto simbólico e político, se celebrar um acordo de gestão a longo prazo, garantia de uma maior visibilidade para os operadores e de relações de confiança entre parceiros.

Do ponto de vista do profissional, este tipo de compromisso é suposto sossegá-lo relativamente à ideia de que os esforços individuais e colectivos consentidos a curto prazo se inscrevem num esquema mais vasto que prevê contrapartidas claras e/ou perspectivas de futuro positivas.

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7 O CCR Sul: uma grande diversidade, fonte de riqueza

Se alguns CCR na Europa cobrem zonas ou perímetros homogéneos e coerentes (Mar Báltico, espécies pelágicas por exemplo), este não é o caso do CCR Sul. Devido à imensidade, à diversidade e à importância que representa a pesca na zona coberta, parece pertinente voltar a dividir a zona do CCR em zonas mais pequenas e mais coerentes.

 O CCR Sul abrange uma zona muito vasta e é marcado por uma forte diversidade e sob regiões com identidades e particularismes fortes (Golfo de Biscaia, Mares Ibéricos e Regiões Insulares). Tira finalmente uma grande riqueza e deseja ser mantido nas suas dimensões atuais à condição de ver o seu orçamento notavelmente reforçado.

Objectivos estratégicos: clarificação dos termos e responsabilidades

A Comissão Europeia acha que se deve dar uma prioridade entre os diferentes objectivos: ecológico, social, económico.

O CCR Sul acha que a questão não reside em dar prioridades mas sim em definir precisamente os objectivos e decidir quem faz o quê. Com efeito, mesmo se o regulamento actual da PCP fixa uma «exploração dos recursos vivos que cria as condições de sustentabilidade necessárias, tanto em termos económicos, ambientais e sociais», nenhuma linha directriz vem esclarecer o que se entende com objectivos económicos e sociais. As condições sociais incluem a repartição da actividade em todo o território, a idade média, a saúde, a educação, a cultura, o nível de vida, as preferências e os valores bem como muitas outras coisas. Terá alguma vez o objectivo social sido especificado em relação a estes critérios?

Por exemplo, no caso da preparação dos planos de gestão, o facto é que, com o funcionamento actual, a Comissão Europeia propõe uma regra de exploração biológica votada pelo Conselho. Mas, sendo da competência dos Estados Membros, nenhum objectivo social ou económico é estabelecido.

 De modo a torná-la mais operacional, a futura Politica Comum da Pesca deve prever linhas directrizes e protocolos para a interpretação dos diferentes objectivos: ecológico, económico e social.

OU

 O objectivo global da Política Comum da Pesca (incluindo os dimensões externas) é garantir a exploração sostenivél dos recursos marinhos em ecossistemas sosteniveis e é necessário a manutenção de um setor rentável que pode entregar ao mercado

 O objectivo ecológico debe ser definido à escala europeia, de acordo com a cimeira mundial de Joanesburgo (alcançar o rendimento máximo sustentável para 2015) e a directiva «estratégia marinha» enquanto os objectivos sociais e económicos debem ser definidos a nível dos Estados Membros e dos territórios, para cada unidade de gestão. Notará-se que hoje estes objectivos económicos e sociais não são definidos e menos ainda declinados em indicadores mensuráveis.

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8 2. Um mercado europeu mal conhecido e não regulado

A reforma da PCP deveria integrar a discussão acerca da reforma da organização comum do mercado. De facto, não é possível garantir a sustentabilidade do recurso e das comunidades sem garantir um sistema de comercialização justo que remunere os produtores e traga uma garantia de qualidade aos consumidores. O CCR Sul deseja em primeiro lugar insistir sobre a necessidade em que a União Europeia cria um mercado comunitário justo e igualmente exigente, sem o qual as pescas européias continuarão a sofrer de uma competicão desleal respeito às normas sanitárias sociais e fiscais que lhe são impostas.

 Estabelecer normas sanitárias, ambientais, sociais e fiscais de competição aplicáveis a todos dentro e fora da Europa;

 Estabelecer métodos e processos completos de rastreabilidade aplicáveis a todos os elos da fileira, de modo a diferenciar os produtos europeus dos produtos de importação;

 Garantir um quadro jurídico mais estável e coerente aos importadores, de modo a permitir uma melhor planificação da actividade e facilitar os investimentos.

A queda dos preços e cotações em 2009 permitiu, pelo menos, patentear diferentes deficiências: falta de conhecimento do mercado, ausência de interprofissão, falta de diferenciação dos produtos das pescas europeias, …

Em termos de conhecimento do mercado europeu dos produtos do mar, o CCR Sul propõe:

 Criar um observatório europeu dos mercados dos produtos do mar, para acompanhar, em tempo real o conjunto dos parâmetros do mercado;

E termo de organização e de estruturação da fileira, o CCR Sul propõe:

 Facilitar e incentivar a criação de uma interprofissão, de modo a ligar todos os elos e fortalecer a fileira frente às crises;

 Reforçar e estabelecer normas comuns para as OP, de modo a garantirem um apoio efectivo do mercado no respeitante aos produtos das pescas europeias (as OP devem poder fixar preços em conformidade com os mercados locais e não serem dependentes dos preços de orientação comunitária);

 Adaptar a representação do sector da pesca artesanal e dos «mariscadores» de modo a poderem aceder aos mecanismos organizacionais comuns do mercado.

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9 Por fim, em termos de desenvolvimento e de promoção, o CCR Sul propõe:

 Financiar acções de pesquisa-desenvolvimento para aumentar a competitividade das empresas europeias e voltar a ganhar quotas de mercado (o mercado dos produtos do mar é um mercado de penúria, existindo, por isso, margens de desenvolvimento);

 Financiar campanhas de marketing para comunicar sobre os produtos das pescas européias e criar novos mercado

3. Ordenamento das pescas: em direcção a uma abordagem diferenciada por pescaria e um reconhecimento da função e do peso da pesca artesanal

A abordagem ecossistémica

A pesca tem um impacto nas espécies alvo e acessórias e, nalguns casos, nos habitats marinhos. Mas a aplicação da abordagem ecossistémica também significa a medição do impacto de outras actividades humanas como a dragagem, as alterações climáticas ou a poluição marinha ou de origem terrestre. O regulamento actual da Política Comum da pesca prevê uma «implementação progressiva da abordagem ecossistémica das pescas». Apesar de várias comunicações ou acções isoladas (áreas marinhas protegidas, rejeições, ecossistemas marinhos vulneráveis, rendimento máximo sustentável…), a implementação da abordagem ecossistémica não é defendida por qualquer visão ou planificação estratégica.

Uma pesca artesanal reconhecida e diferenciada através do estabelecimento de planos de gestão O Livro Verde resultou num trabalho específico e aprofundado do Grupo de Trabalho «Pescas Tradicionais», sendo um documento separado proposto por esse grupo.

Até à presente data, o sector da pesca artesanal foi amplamente subestimado e ignorado pela Política Comum da Pesca, apesar de ser largamente maioritário e representar um peso socioeconómico considerável para várias regiões e comunidades costeiras do CCR Sul.

Mesmo se o CCR Sul está satisfeito com o facto de a Comissão Europeia dar atenção à pesca artesanal, lamenta que a lógica artesanal seja reduzida à pesca costeira e, segundo o projecto de regulamento do controlo, às embarcações com menos de 12m. Parece que o único objectivo dessa distinção é, na verdade, legitimar de forma geral a implementação de instrumentos de mercado (ou, sendo-se menos pudico que a Comissão Europeia) de quotas individuais transferíveis: assunto polémico no CCR Sul.

No sentido de uma abordagem apurada e adaptada, pescaria por pescaria, o CCR Sul não pode aceitar critérios únicos de definição da pesca artesanal a nível da União Europeia. No entanto, seria possível determinar alguns critérios para cada região geográfica, respeitando o princípio de subsidiariedade que deverá constar da futura Política Comum da Pesca.

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10 Essas frotas podem ser apreendidas como sendo as que trabalham de modo tradicional na zona de

influência da comunidade costeira e que promovem o desenvolvimento socioeconómico e a cultura local, com forte tradição familiar capaz de garantir o revezamento geracional. A primeira venda está relacionada com a actividade económica local e um associacionismo local que garante e reúne toda a colectividade, podendo servir de característica própria afecta à zona dependente da pesca.

Para além disso, podem ser propostos vários critérios comuns às frotas de pesca artesanal:

- Dependência forte a um território marinho;

- Propriedade do navio (numa lógica empresarial): um proprietário não pode possuir mais de 3 embarcações;

- Sistema de remuneração à parte

- Integração lento do progresso tecnológico - Baixo consumo de energia;

- Criação de empregos e condições laborais; - Qualidade do produto.

Em nome do sector da pesca artesanal, o CCR Sul solicita as seguintes acções:

 Estabelecer um regime de gestão diferenciado para a pesca artesanal definida por meio de planos de gestão estabelecidos região por região, através de um processo de co-gestão, mas sem estar a reservar um exlucivité de acessos.

 Reservar a ZEE à pesca artesanal regional para as regiões ultra-periféricasnas águas e zonas de pesca onde a exploração raciocinada e sostenivél dos recursos capturados pela pesca artesanal está em perigo

 Estabelecer um regime de repartição dos direitos de pesca específicos para a pesca artesanal e os «mariscadores», os quais não deveriam, em caso algum, serem Quotas Individuais Transferíveis.

 Garantir um apoio financeiro público diferenciado à pesca artesanal e aos «mariscadores» (inclusive a nível nacional, nos Planos Estratégicos Nacionais e os Programas Operacionais).

 Reconhecer os direitos fundamentais da pesca costeira artesanal na Política Marítima Integrada (PMI) de modo a contemplar o reconhecimento das Comunidades Piscatórias como actor imprescindível do ordenamento do espaço marinho

Direitos de pesca e mecanismos de transferibilidade

Não existe consenso no CCR Sul acerca da natureza dos direitos de pesca e respectiva ferramenta de regulação: gestão pelo esforço (dias de pesca) ou pela quantidade (quotas de pesca).

A fim de parar “a corrida aos peixes” e permitir uma exploração raciocinada e sostenivéla, é necessário que cada proprietário de pesca possa, quando sai no mar, conhecer o direito de pesca do qual dispõe. A pergunta que faz controvérsia é a do mecanismo de subsídio destes direitos.

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11 Para a maioria dos membros, a gestão de este subsídio deve permanecer coletiva (ao nível das organizações

profissionais), sob o controlo do Estado, e não se deve criar direitos individuais.

Para outros em contrapartida, deve-se criar direitos individuais transferíveis sobre um mercado.

Por último, a pergunta da estabilidade relativa, também não faz o objecto de um consenso. Se os membros franceses desejarem a sua manutenção, outros pelo contrário desejam ver-o alterar ou até mesmo suprimir.

A favor de projectos de pesquisa-acção à volta da colaboração entre cientistas e profissionais O CCR Sul apoia plena e totalmente a colaboração com os cientistas, à semelhança do trabalho desempenhado no âmbito da pescaria da anchova do Golfo da Biscaia. O parecer científico é indispensável para alcançar um equilíbrio entre recursos e capacidade de pesca, sendo, decerto, uma condição sine qua non para a implementação de uma pesca sustentável. Contudo, a pesca sustentável não se limita ao equilíbrio biológico, pelo que o CCR Sul apoia uma abordagem pluridisciplinar da ciência, integrando as contribuições da biologia e da ecologia mas também, da economia e das ciências sociais.

Hoje em dia, a apreensão da pesca só parece ser abordada pelos prismas da biologia e da ecologia. O CCR Sul gostaria de salientar que existem outros prismas para se apreender um mesmo problema. De um porto e de um barco de pesca, são os aspectos económicos e as contas de exploração que dominarão. Todos aqueles que estiverem envolvidos na gestão das pescas sabem perfeitamente que a questão é antes de mais humana: trata-se da relação entre os homens e da construção de uma visão colectiva.

 O CCR Sul incentiva a implementação de uma pesquisa pluridisciplinar que inclua a ecologia, a economia e as ciências sociais.

A longo prazo, o CCR Sul acha, como a Comissão Europeia, (resposta ao parecer do CCR Sul sobre os planos de gestão a longo prazo) que essas múltiplas dimensões convergem, mas que o problema consiste em saber, à partida, apreendê-las e integrá-las.

Ao fim de dois anos de funcionamento, o CCR Sul foi abordado ou consultado várias vezes acerca de projectos de pesquisa financiados por fundos europeus: UNCOVER, EFIMAS, MEFEPO, IMAGE, …

O CCR Sul sublinha:

- a multiplicidade de projectos que acaba por afastar mais do que reunir, impedindo qualquer

trabalho contínuo e aprofundado com os profissionais (maior parte desses projectos foram apresentados em 30' em reuniões CCR sem qualquer troca de pontos de vista, e, é claro, sem qualquer seguimento na colaboração). No entanto, uma ferramenta bioeconómica de ajuda à decisão, por exemplo e uma planificação estratégica parecem constituir ferramentas estratégicas

- a eficácia e a utilização efectiva das ferramentas desenvolvidas aquando desses projectos são

praticamente nulas. Qual simulador é actualmente utilizado nas reuniões dos CCR ou pelas administrações para facilitar o diálogo?

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- a proposta de colaboração aos profissionais deve ser feita durante a preparação do dossier de candidatura. Este ponto deveria ser uma condição para os concursos públicos lançados pela União Europeia para projectos de pesquisa-acção

- as organizações profissionais devem ser remuneradas, de outro modo, não terão tempo suficiente

para se dedicarem e não se sentirão envolvidas.

O CCR Sul está convicto de que o projecto GEPETO que propôs para financiamento pelo FEDER representa precisamente um exemplo a seguir em termos de colaboração cientistas-profissionais.

 O CCR Sul quer ver o seu financiamento aumentar a fim de poder encomendar estudos científicos.

4. A pesca: um actor considerável e imprescindível da política marítima integrada

Devido à sua juventude, o CCR Sul foi marginalizado nos debates acerca do Livro Verde sobre a Política Marítima Integrada. Apesar de a pesca ser a actividade mais antiga (provavelmente quase a única há 50 anos) no meio marinho, foi marginalizada nesse livro.

Há já uns anos que a concorrência pela ocupação do meio marinho é crescente e exponencial. E o mar é apresentado como o novo El Dorado em termos de prosseguimento do crescimento.

O CCR Sul pensa, de facto, que a Política Comum da Pesca deve inscrever-se na Política Marítima Integrada, garantindo, simultaneamente os direitos históricos das comunidades de pescadores.

 À semelhança dos processos de consulta para a implementação das áreas marinhas protegidas, o CCR Sul gostaria de ser sistematicamente associado a qualquer processo de planificação do espaço marinho, de modo a poder garantir a defesa dos interesses específicos dos seus membros.

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Lista das propostas do CCR Sul para a reforma da politica comum da pesca

1. Uma nova governança: do local ao comunitário

Establecer uma abordagem a largo prazo em cogestão entre as administrações, os cientistas e o setor

• Primeira etapa: definir a escala de gestão ou unidade de gestão

O CCR Sul pede para a Comissão Europeia proceder, nas suas águas, a uma definição das unidades de gestão, tendo em conta a escala das pescarias (zonas de actividade dos profissionais) e a dos ecossistemas.

• Segunda etapa: repensar a governança das pescas pondo em lugar uma regulação da atividade elaborada través um processo cogestion (participação simultânea das administrações, dos cientistas e as partes interessadas) flexível

Construir uma equipa de projecto para cada unidade de gestão (exemplo da pescaria de anchovas) para passar da consulta à concertação

Tal sistema poderia ser concretizado, dando um lugar aos representantes dos CCR e do Parlamento Europeu nos comités de perito que assistem o Conselho.Em falta desta abertura e desta transparência, podemos temer que “uma comitologia paralela” estabeleça-se ao nível do Parlamento Europeu.

A coerência e a legibilidade do processo de preparação regulamentar são facilitadas pelo estabelecimento de um calendário comum às administrações (comunitária, nacionais e regionais), aos cientistas e às partes interessadas representadas pelo CCR

• Terceira etapa Responsabilização e participação dos pescadores

Reconhecer e respeitar o papel das mulheres nas pescarias. Valorizar as suas contribuições para o setor da pesca e a comunidade geralmente, atribuir-lhes um estatuto específico como esposas colaboradoas e actrices económicas e reconhecer a importância das atividades sociais, culturais e económicas nas quais são comprometidas

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• Quarta etapa: estabelecer objectivos a longo prazo e elaborar uma planificação estratégica

Passar de plano de gestão a longo prazo de stockss a planos de gestão a longo prazo para as unidades de gestão

Para estabelecer objectivos a longo prazo, o CCR Sul propõe as seguintes etapas:  Estabelecer um diagnóstico inicial

 Estabelecer objectivos a longo prazo  Munir-se de um roteiro

 Definir indicadores de progresso flexíveis e adaptativos e proceder a um acompanhamento da eficácia das medidas de gestão implementadas para as modificar, se necessário

O CCR Sul: uma grande diversidade, fonte de riqueza

O CCR Sul abrange uma zona muito vasta e é marcado por uma forte diversidade e sob regiões com identidades e particularismes fortes (Golfo de Biscaia, Mares Ibéricos e Regiões Insulares). Tira finalmente uma grande riqueza e deseja ser mantido nas suas dimensões atuais à condição de ver o seu orçamento notavelmente reforçado.

Objectivos estratégicos: clarificação dos termos e responsabilidades

De modo a torná-la mais operacional, a futura Politica Comum da Pesca deve prever linhas directrizes e protocolos para a interpretação dos diferentes objectivos: ecológico, económico e social.

OU

O objectivo global da Política Comum da Pesca (incluindo os dimensões externas) é garantir a exploração sostenivél dos recursos marinhos em ecossistemas sosteniveis e é necessário a manutenção de um setor rentável que pode entregar ao mercado

O objectivo ecológico debe ser definido à escala europeia, de acordo com a cimeira mundial de Joanesburgo (alcançar o rendimento máximo sustentável para 2015) e a directiva «estratégia marinha» enquanto os objectivos sociais e económicos debem ser definidos a nível dos Estados Membros e dos territórios, para cada unidade de gestão.Notará-se que hoje estes objectivos económicos e sociais não são definidos e menos ainda declinados em indicadores mensuráveis.

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15 2. Um mercado europeu mal conhecido e não regulado

Estabelecer normas sanitárias, ambientais, sociais e fiscais de competição aplicáveis a todos dentro e fora da Europa;

Estabelecer métodos e processos completos de rastreabilidade aplicáveis a todos os elos da fileira, de modo a diferenciar os produtos europeus dos produtos de importação;

Garantir um quadro jurídico mais estável e coerente aos importadores, de modo a permitir uma melhor planificação da actividade e facilitar os investimentos.

Criar um observatório europeu dos mercados dos produtos do mar, para acompanhar, em tempo real o conjunto dos parâmetros do mercado;

Facilitar e incentivar a criação de uma interprofissão, de modo a ligar todos os elos e fortalecer a fileira frente às crises;

Reforçar e estabelecer normas comuns para as OP, de modo a garantirem um apoio efectivo do mercado no respeitante aos produtos das pescas europeias (as OP devem poder fixar preços em conformidade com os mercados locais e não serem dependentes dos preços de orientação comunitária);

Adaptar a representação do sector da pesca artesanal e dos «mariscadores» de modo a poderem aceder aos mecanismos organizacionais comuns do mercado.

Financiar acções de pesquisa-desenvolvimento para aumentar a competitividade das empresas europeias e voltar a ganhar quotas de mercado (o mercado dos produtos do mar é um mercado de penúria, existindo, por isso, margens de desenvolvimento);

Financiar campanhas de marketing para comunicar sobre os produtos das pescas européias e criar novos mercado

3. Ordenamento das pescas: em direcção a uma abordagem diferenciada por pescaria e um reconhecimento da função e do peso da pesca artesanal

Uma pesca artesanal reconhecida e diferenciada através do estabelecimento de planos de gestão

- Dependência forte a um território marinho;

- Propriedade do navio (numa lógica empresarial): um proprietário não pode possuir mais de 3 embarcações;

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- Integração lento do progresso tecnológico - Baixo consumo de energia;

- Criação de empregos e condições laborais; - Qualidade do produto.

Estabelecer um regime de gestão diferenciado para a pesca artesanal definida por meio de planos de gestão estabelecidos região por região, através de um processo de co-gestão, mas sem estar a reservar um exlucivité de acessos.

Reservar a ZEE à pesca artesanal regional para as regiões ultra-periféricasnas águas e zonas de pesca onde a exploração raciocinada e sostenivél dos recursos capturados pela pesca artesanal está em perigo

Estabelecer um regime de repartição dos direitos de pesca específicos para a pesca artesanal e os «mariscadores», os quais não deveriam, em caso algum, serem Quotas Individuais Transferíveis.

Garantir um apoio financeiro público diferenciado à pesca artesanal e aos «mariscadores» (inclusive a nível nacional, nos Planos Estratégicos Nacionais e os Programas Operacionais).

Reconhecer os direitos fundamentais da pesca costeira artesanal na Política Marítima Integrada (PMI) de modo a contemplar o reconhecimento das Comunidades Piscatórias como actor imprescindível do ordenamento do espaço marinho

A favor de projectos de pesquisa-acção à volta da colaboração entre cientistas e profissionais

O CCR Sul incentiva a implementação de uma pesquisa pluridisciplinar que inclua a ecologia, a economia e as ciências sociais.

O CCR Sul quer ver o seu financiamento aumentar a fim de poder encomendar estudos científicos.

4. A pesca: um actor considerável e imprescindível da política marítima integrada

À semelhança dos processos de consulta para a implementação das áreas marinhas protegidas, o CCR Sul gostaria de ser sistematicamente associado a qualquer processo de planificação do espaço marinho, de modo a poder garantir a defesa dos interesses específicos dos seus membros.

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Anexos: As contribuições à proposta do CCR sul

Contribuição à proposta do CCR Sul: Governança ... 18

Contribuição à proposta do CCR Sul: Pescas Tradicionais ... 23

Contribuição à proposta do CCR Sul: Gestão ecosistemática ... 32

Contribuição à proposta do CCR Sul: Responsabilização do Setor ... 34

Contribuição à proposta do CCR Sul: Mercado visto pelo ANFACO ... 36

Contribuição à proposta do CCR Sul: Mercado visto pelo PROMA ... 38

Contribuição à proposta do CCR Sul: Política Marítima Integrada... 40

Contribuição à proposta do CCR Sul: Ponto de vista da Vianapesca... 41

Contribuição à proposta do CCR Sul: Ponto de vista da Subdivisão Insular ... 43

Contribuição à proposta do CCR Sul: Ponto de vista de ARVI ... 52

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Contribuição à proposta do CCR Sul: Governança

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Analisa das respostas ao questionário recebidas.

O questionário fico um mês on-line e temo-lo presentar a tudo nostro contatos (o seja aproximadamente 350 pessoas). Recebimos 23 respostas

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Referências

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